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ISSN 1806-423-X

ISSN 1806-4272 – online


Boletim Epidemiológico Paulista

BEPA 51
PUBLICAÇÃO MENSAL SOBRE AGRAVOS À SAÚDE PÚBLICA
Volume 5 Número 51 março/2008
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA
PUBLICAÇÃO MENSAL SOBRE AGRAVOS À SAÚDE PÚBLICA ISSN 1806-423-X
Volume 5 Nº 51 março de 2008

Nesta Edição

Intoxicação alimentar em refeitório de supermercado no município de


São Paulo, SP, setembro de 2007 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Foodborne intoxication at supermarket restaurant in the city of São Paulo, SP,
September 2007

Paracoccidioidomicose: histórico, etiologia, epidemiologia, patogênese,


formas clínicas, diagnóstico laboratorial e antígenos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Paracoccidioidomycosis: historical, etiologic agent, epidemiology,
pathogenesis, clinical forms, laboratory diagnosis and antigens

Instruções aos Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25


Author´s Instructions

Coordenadora Consultores Científicos


Clelia Maria Sarmento de Souza Aranda Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza
FM/Unesp/Botucatu/SP
Coordenadoria de Editora Geral Cristiano Corrêa de Azevedo Marques – CCD/SES-SP
Controle de Doenças Eliseu Alves Waldman – FSP/USP/SP
Clelia Maria Sarmento de Souza Aranda
José Cássio de Moraes – FCM-SC/SP
Luiz Eduardo Batista – CCD/SES-SP
Editores Associados Luiz Jacintho da Silva – FM/Unicamp
Expediente Affonso Viviane Junior – Sucen/SP Maria Bernadete de Paula Eduardo – CCD/SES-SP
O Boletim Epidemiológico Paulista é Ana Freitas Ribeiro – CVE/CCD/SES-SP Vilma Pinheiro Gawyszewsk – CCD/SES-SP
uma publicação mensal da Fernando Fiuza – Instituto Clemente Ferreira/CCD/SES-SP
Coordenadoria de Controle de José Carlos do Carmo – Cerest/CCD/SES-SP Coordenação Editorial
Doenças (CCD) da Secretaria de Estado Marcos da Cunha Lopes Virmond – ILSL/CCD/SES-SP Cecília Abdalla
da Saúde de São Paulo. Cláudia Malinverni
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 1º andar, sala 135
Maria Clara Gianna – CRT/DST/Aids/CCD/SES-SP
CEP: 01246-000 – São Paulo – Brasil Maria Cristina Megid – CVS/CCD/SES-SP Letícia Maria de Campos
Tel.: (55) 11 3066-8823 e 3066-8825 Marta Lopes Salomão – IAL/CCD/SES-SP Sylia Rehder
bepa@saude.sp.gov.br Neide Yume Takaoka – Instituto Pasteur/CCD/SES-SP Núcleo de Comunicação – CCD

Endereço eletrônico: http://www.ccd.saude.sp.gov.br Projeto gráfico/editoração eletrônica


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total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Para republicação de qualquer material, solicitar autorização dos editores. Zilda M Souza – Nive/CVE

Coordenadoria de Controle de Doenças


Volume 5 Nº 51 BEPA Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-423-X
Artigo Original

Intoxicação alimentar em refeitório de supermercado no município de São Paulo,


SP, setembro de 2007
Foodborne intoxication at supermarket restaurant in the city of São Paulo, SP,
September 2007
Geraldine Madalosso1, Sheila do Nascimento Brito1, Eliana Izabel Pavanello1, Maria Izabel de Abreu Aleixo Lopes2, Ana Maria
Bara Bresolin3, Luiz Cláudio Ferreira Espíndola3, Sônia Regina T. S. Ramos3, Evanise Segala Araújo4, Mioko Jakabi5, Dulce
M. de A. Gomes Junqueira6, Inês Suarez Romano7, Maria Bernadete de Paula Eduardo8
1.
Vigilância Epidemiológica das Doenças de Transmissão Alimentar, do Centro de Controle de Doenças, da
Coordenação de Vigilância em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (CCD/COVISA/SMS-SP)
2.
Supervisão de Vigilância à Saúde da Mooca e Aricanduva (SUVIS/SMS-SP)
3.
Gerência do Centro de Controle de Doenças (CCD/COVISA/SMS-SP)
4.
Sub-Gerência de Alimentos (COVISA/SMS-SP)
5.
Instituto Adolfo Lutz Central, da Coordenadoria de Controle de Doenças, da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (IAL/CCD/SES-SP)
6.
Central de Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância Epidemiológica
“Prof. Alexandre Vranjac” (CVE/CCD/SES/SP)
7.
Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA/SMS-SP)

Resumo
Em 7 de setembro de 2007, o Hospital Benedito Montenegro do município de São
Paulo (MSP) notificou dez casos de intoxicação alimentar, com um óbito, entre
funcionários de um supermercado na Zona Leste, que se alimentaram em refeitório do
estabelecimento no período de 3 a 7 de setembro. Este trabalho resume a investigação
que possibilitou a identificação de 39 casos entre 170 comensais (taxa de ataque = 23%) e
de vários alimentos como fonte de contaminação, servidos em diferentes dias, deixados
em temperatura ambiente, inclusive sobras dos dias anteriores. Toxinas de Bacillus
cereus (enterotoxina) e Clostridium perfringens tipo A foram identificadas em amostras de
fezes de seis pacientes. O óbito notificado teve como diagnóstico a doença
meningocócica (DM), confirmado por exames laboratoriais (N. meningitidis sorogrupo C).
As ações sanitárias desencadeadas para o controle do surto compreenderam a interdição
sanitária do estabelecimento e orientações técnicas para correção dos itens não-
conformes com as boas práticas de preparação de alimentos.

Palavras-chave: doenças transmitidas por alimentos; intoxicação alimentar; vigilância


epidemiológica.

Abstract
On September 7, 2007, the Hospital Benedito Montenegro at the city of São Paulo
(MSP) notified 10 foodborne intoxication cases with one death among workers of a
supermarket in the east zone, who had their meals at the restaurant of this establishment,
from 3 to 7 September. This report summarizes the investigation which permitted the
identification of 39 cases among 170 persons (incidence rate = 23%) and various prepared
foods as source of contamination, offered during distinct days, stored at room
temperature, including leftovers of the days before. Toxins of Bacillus cereus (enterotoxin)
and Clostridium perfringens type A were identified in stool samples of six patients. The
death was diagnosed as meningococcal disease, confirmed by laboratorial tests (N.
meningitidis serogroup C). Sanitary measures were taken for outbreak control, such as
interdiction of the establishment restaurant and technique orientation in order to correct
the items that were in no compliance to the good practices for food handling.

Key-words: Foodborne diseases; foodborne intoxication; epidemiologic surveillance.

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Introdução geralmente apresenta início abrupto e violento, com


As intoxicações alimentares são causadas, em predominância de sintomas gastrointestinais do trato
geral, por toxinas pré-formadas ou por multiplicação superior, como náusea, vômitos e cólicas, e com
de microrganismos em alimentos cozidos, deixados à intervalo curto entre o início dos sintomas e a ingestão
temperatura ambiente por tempo prolongado e do alimento contaminado, de 30 minutos a 8 horas,
consumidos sem reaquecimento ou reaquecimento em média de 2 a 4 horas. A doença se assemelha ao
inadequado. Bacillus cereus, Clostridium perfringens quadro produzido pela toxina emética do B. cereus. A
e Staphylococcus aureus são as bactérias formado- recuperação ocorre em cerca de dois dias, porém em
ras de toxinas mais comumente envolvidas em surtos alguns casos pode levar mais tempo ou exigir hospi-
por intoxicação alimentar. talização. A morte é rara; contudo, pode ocorrer em
5
O B. cereus é uma bactéria Gram-positiva, aeróbia crianças, idosos e indivíduos debilitados .
facultativa, formadora de esporos, produtora de dois Em publicação do Centro de Prevenção e Controle
tipos de toxina – diarréica (termolábil) e emética de Doenças (CDC, Atlanta, EUA) sobre os dados do
(termoestável). Causa diarréia, vômito e dores Sistema de Vigilância das Doenças Transmitidas por
abdominais, em geral sem complicações. O período Alimentos, no período de 1998 a 2002, foram detecta-
de incubação varia de 1 a 6 horas nos casos em que o dos 268 surtos causados por esses agentes, que
vômito é predominante; de 6 a 24 horas em que a corresponde a 22,6% dos surtos com etiologia bacte-
diarréia é predominante. A síndrome emética está riana confirmada6. No Estado de São Paulo, entre os
associada mais comumente ao consumo de arroz 1.047 surtos de doenças de origem alimentar notifica-
cozido contaminado, mantido em temperatura dos no mesmo período, 71 (6,8%) foram devido a
7
ambiente. A síndrome diarréica, geralmente acompa- esses agentes . O baixo percentual aqui observado
nhada de cólicas abdominais, é produzida pela pode ser explicado pela dificuldade de realização dos
ingestão de alimentos contaminados com esporos da testes em amostras de fezes de pacientes pelos
bactéria, que produz a enterotoxina no trato gastroin- laboratórios de saúde pública de referência, com
testinal. São vários os erros cometidos na manipula- identificação dos agentes somente nas situações em
ção de alimentos como carnes e vegetais apontados que houve sobras de alimentos para análise.
como causa de surtos de diarréia pelo agente. Há Em 7/9/2007, o Hospital Benedito Montenegro
relatos de doença invasiva ou contaminação que notificou à Coordenação da Vigilância em Saúde
incluem infecções sistêmicas e piogênicas graves, (COVISA), da Secretaria Municipal de Saúde de São
gangrena, meningite séptica, celulite, abscessos Paulo, e esta à Central de Vigilância do Centro de
pulmonares, endocardite e morte, principalmente em Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”
recém-nascidos prematuros, imunossuprimidos, (CVE) – órgão da Coordenadoria de Controle de
neutropênicos e pacientes em uso de cateteres Doenças, da Secrtaria de Estado da Saúde de São
1,2
vasculares em unidades de terapia intensiva . Paulo (CCD/SES/SP) –, a ocorrência de um óbito e
O C. perfringens é um Gram-positivo, anaeróbio, nove casos de gastroenterite com história comum de
produtor de esporos. A doença é caracterizada por ingestão de alimentos no refeitório de um supermer-
início súbito de cólica abdominal acompanhada de cado na Zona Leste de São Paulo, de 3 a 7 de setem-
diarréia líquida, com duração em torno de 24 horas; bro de 2007. O presente trabalho resume os achados
vômitos e febre são pouco freqüentes. O período de da investigação do surto de intoxicação alimentar por
incubação varia de 6 a 24 horas, em geral de 8 a 12 C. perfringens do tipo A e por B. cereus (toxina diarréi-
horas. O quadro é indistinguível da síndrome produzi- ca), relacionados à ingestão de alimentos oferecidos
da pela toxina diarréica de B. cereus. Um quadro no período citado.
grave pode ser causado pela ingestão de cepas tipo
C, que provocam a enterite necrosante ou doença de Métodos
Pigbel (dor abdominal aguda, diarréia sanguinolenta,
vômitos, choque e peritonite), com 40% de letalidade.
A maioria dos surtos está associada a produtos Investigação epidemiológica
cárneos aquecidos ou reaquecidos inadequadamen- Os estudos analíticos de coorte foram conduzi-
te, como carnes cozidas, tortas de carne, molhos com dos entrevistando-se doentes e não-doentes que
3,4
carne, peru ou frango . almoçaram no refeitório, no período de 3 a 7 de
O Staphylococcus aureus é uma bactéria Gram- setembro, utilizando-se o formulário de investiga-
positiva, sendo que algumas cepas produzem uma ção de surtos de doenças transmitidas por ali-
toxina protéica termoestável que causa doença em mentos (DTA) do CVE.
humanos. A toxina é produto da multiplicação da Definiu-se como caso todo o indivíduo com diar-
bactéria nos alimentos deixados em temperaturas réia ou outro sintoma gastrintestinal que almoçou pelo
inadequadas. A intoxicação alimentar estafilocócica menos um dia no refeitório, no período. Considerou-se

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como caso confirmado por critério laboratorial o doente com uma taxa de ataque (TA) de 23%. Nas amostras
com presença do agente etiológico/toxina nas fezes, e de fezes analisadas foram identificadas toxinas de
por critério clínico-epidemiológico o que consumiu os Clostridium perfringens tipo A e de Bacillus cereus
alimentos servidos no período e não realizou exames (enterotoxina). Entretanto, não foi possível realizar
laboratoriais. Definiu-se como controle todo o indivíduo testes para a toxina estafilocócica.
sadio que fez a refeição pelo menos um dia no refeitó- O óbito notificado teve como diagnóstico a doença
rio, no período já citado. Considerou-se surto a ocor- meningocócica (DM), confirmado por CIE sérica, PCR
rência de dois casos ou mais da doença devido à em tempo real e genogrupagem (N. meningitidis
ingestão de um alimento comum. sorogrupo C). O exame anatomopatológico de vísce-
Para os estudos analíticos foram testadas as ras evidenciou congestão generalizada e necrose
hipóteses para três diferentes coortes de comensais: isquêmica da cortical interna de supra-renal, possivel-
1) coortes de comensais que se alimentaram das mente secundárias ao choque terminal. O caso/óbito
refeições servidas em cada dia, de 3 a 7 de setembro; 2) a de DM não relacionada à transmissão alimentar foi
coorte restrita ao grupo de pessoas que freqüentou o excluído das análises a seguir apresentadas.
refeitório todos os dias, de 3 a 7 de setembro e 3) a coorte Na Tabela 1 observa-se a distribuição dos sinais e
do grupo de comensais que se alimentou somente nos sintomas dos casos de gastroenterite identificados no
dias 3 e 4 de setembro, já que o início dos sintomas se inquérito epidemiológico (N= 39).
deu a partir do dia 5.
Tabela 1. Distribuição dos sinais e sintomas dos pacientes com
A análise estatística foi realizada utilizando-se o gastroenterite aguda (N = 39). Refeitório de supermercado,
aplicativo Epi Info Windows, versão 3.3.2. município de São Paulo, setembro de 2007.
Sinais e sintomas N %
Investigação laboratorial Diarréia 28 71,8%
As amostras de fezes coletadas de seis pacientes Cólica abdominal 27 69,2%
internados com sintomas gastrintestinais foram Náusea 14 35,9%
testadas para vírus, parasitas, bactérias e presença Cefaléia 7 17,9%
de toxinas. Oito amostras de sangue e de urina foram Vômito 5 12,8%
inoculadas para pesquisa de bactérias (culturas). Mal-estar 3 7,7%
Para o caso que evoluiu para o óbito foram recupera- Febre 2 5,1%
dos soro e vísceras, não havendo material para Epigastralgia 1 2,6%
realização de hemocultura ou coprocultura.
Dor lombar 1 2,6%
No soro, foram realizados contraimunoeletrofo- Fonte: DDTHA/CVE e DTA/CCD/SMS-SP
rese (CIE), PCR (reação da cadeia em polimerase)
em tempo real e genogrupagem para Neisseria O início dos sintomas dos 39 casos variou entre os
meningitis. Nas vísceras, foi realizado exame dias 5 e 9 de setembro, com a seguinte distribuição
anátomopatológico. Os testes confirmatórios tanto percentual: quatro casos (10,2%) no dia 5, 12 casos
para o caso de doença meningocócica quanto para (30,8%) no dia 6, 17 casos (43,6%) no dia 7, cinco
os de gastrenterite foram realizados pelo Instituto casos (12,8%) no dia 8 e um caso (2,6%) no dia 9. A
Adolfo Lutz Central (IAL/CCD/SES-SP). duração da doença variou de 1 a 4 dias, com mediana
de 1 dia, e todos evoluíram para a cura. O início dos
Investigação sanitária sintomas dos nove casos internados por diarréia
(excluída a paciente com DM) variou entre 5 e 7 de
Na inspeção sanitária foram observadas as
setembro. Todos os casos receberam hidratação
condições estruturais e de funcionamento do refeitó-
rio, rastreando-se os alimentos utilizados e identifi- venosa e medicação sintomática (sem uso de antibió-
cando-se os fatores de risco que contribuíram para a ticos) e evoluíram com sintomatologia leve, sem
ocorrência do surto. complicações. A curva epidêmica segundo o dia do
início dos sintomas dos 39 casos está demonstrada
na Figura 1.
Resultados e discussão Considerando-se os dois agentes etiológicos
e seus períodos de incubação de aproximadamente
Investigação epidemiológica 6 a 24 horas e o padrão da curva epidêmica, deduz-se
Entre as 170 pessoas entrevistadas, que almoça- que o grupo de doentes de cada dia pode ter-se
ram pelo menos em um dos dias no refeitório no exposto a alimentos contaminados no dia imediata-
período de 3 a 7 de setembro, foram identificados 39 mente anterior e/ou no próprio dia do início dos
doentes, excluindo-se o óbito, e 131 não-doentes, sintomas.

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18 Tabela 2. Distribuição dos pacientes segundo o atendimento médico


recebido. Refeitório de supermercado, município de São Paulo,
16 setembro de 2007.
14
Atendimento médico n %
Número de casos

12
Hospitalização 9 23,1
10
8 PS/PA/UBS 16 41,0
6 não procuraram
serviço médico 14 35,9
4
Total 39 100,0
2
Fonte: DDTHA/CVE e DTA/CCD/SMS-SP
0 PS = pronto-socorro; PA = pronto-atendimento; UBS = Unidade Básica de Saúde
4/9/2008 5/9/2008 6/9/2008 7/9/2008 8/9/2008 9/9/2008
Dia do Início dos Sintomas A distribuição dos doentes e comensais segundo o
Figura 1. Distribuição dos casos do surto de gastroenterite segundo sexo é apresentada na Tabela 3.
o dia de início dos sintomas (N = 39). Refeitório de supermercado,
município de São Paulo, setembro de 2007. Tabela 3. Distribuição dos doentes e comensais segundo sexo.
Refeitório de supermercado, município de São Paulo, setembro
A curva epidêmica abaixo (Figura 2) apresenta os de 2007.
39 casos com sintomas gastrintestinais, segundo o Total de
intervalo de horas (6 em 6 horas) e sugere fortemente Taxa de
SEXO Doentes comensais
uma fonte contínua de infecção, ou seja, os alimentos ataque (%)
de risco servidos a cada dia favoreciam a intoxicação e n % n %
o aparecimento de novos casos, devido à ingestão no Feminino 18 46,1 49 28,8 36,7
próprio dia ou no dia imediatamente anterior.
Masculino 21 53,9 121 71,2 17,4
Este fato também foi corroborado pelos achados da
inspeção sanitária, que constatou que os alimentos não Total 39 100,0 170 100,0 22,9
eram armazenados em freezer ou geladeiras; permane- Fonte: DDTHA/CVE e DTA/CCD/SMS SP
ciam expostos à temperatura ambiente durante as refei-
ções por um longo período de tempo, desde o seu preparo A freqüência de casos entre o sexo masculino foi
na parte da manhã até serem servidos entre 11 e 15 horas. maior, porém o risco de adoecimento foi maior na popula-
Além disso, as sobras desses alimentos, não-refrigeradas, ção do sexo feminino, com taxa de ataque de 36,7%. A
eram servidas no dia seguinte. população masculina era maior que a feminina, pois,
Cabe destacar que os doentes com diarréia perma- além dos funcionários do supermercado, fornecedores e
neceram almoçando nos demais dias, isto é, não prestadores de serviço também freqüentaram o refeitório
deixaram de comparecer ao trabalho e se expuseram naquela semana, já que o supermercado ainda estava
novamente aos alimentos servidos no refeitório. em obras e tinha sido recentemente inaugurado.
8 A distribuição dos doentes e comensais segundo a
7
faixa etária é apresentada na Tabela 4. A idade media-
na foi de 22 anos e a variação, de 18 a 37 anos.
6

5 Tabela 4. Distribuição de doentes e comensais segundo a faixa


Núm er o de Ca so s

etária. Refeitório de supermercado, município de São Paulo,


4 setembro de 2007.

3 Total de
Doentes comensais
2 Taxa de
Faixa etária n % n % ataque (%)
1

0
0-4 anos 0 0 0 0 0
1 2 :0 0

1 2 :0 0

0 6 :0 0

0 0 :0 0

0 0 :0 0
0 0: 00

06 :0 0

1 8:0 0

00 :0 0

0 6: 00

1 2: 00

18 :0 0

0 0: 00

06 :0 0

1 8: 00

00 :0 0

1 2: 00

18 :0 0

0 6: 00

12 :0 0

1 8 :00

00 :0 0

06 :0 0

1 2: 00

18 :0 0

4/set 5/set 6/set 7/set 8/set 9/set 10/set 5-19 anos 6 15,4 23 13,5 26,1
Data e Hora do Início dos Sintomas

Figura 2. Distribuição dos casos do surto de gastroenterite segundo 20-49 anos 33 84,6 145 85,3 22,8
dia e hora de início dos sintomas (N = 39). Refeitório de
supermercado, município de São Paulo, setembro de 2007. 50 anos e mais 0 0 2 1,2 0
A seguir, observa-se a distribuição dos pacientes Total 39 100,0 170 100,0 22,9
segundo o atendimento médico recebido (Tabela 2). Fonte: DDTHA/CVE e DTA/CCD/SMS SP

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Entre os 39 doentes, 32 freqüentaram o refeitório início de sintomas nos dias anteriores à refeição
nos dias 3 ou 4 ou em ambos os dias; a maioria dos 32 estudada. Permaneceram os controles presentes no
fez refeições também nos dias 5, 6 e 7. Dos 39 dia estudado, lembrando, porém, que os mesmos não
doentes, somente 17 (43,6%) freqüentaram o refeitó- necessariamente estiveram presentes nos dias
rio todos os dias. Dos 131 comensais não-doentes, anteriores, com possibilidade de viés e possível
somente 60 (45,8%) freqüentaram o refeitório todos explicação para a perda da força estatística observada,
os dias. Isto significa que entre os 170 comensais por exemplo, no caso do strogonoff, do pernil frito e da
entrevistados somente 77 (17 doentes e 60 não- salsicha (exposições anteriores não similares pelos
doentes) se expuseram de forma similar aos fatores dois grupos em estudo, no dia anterior).
de risco, expondo-se aos cardápios oferecidos entre Considerando os vieses devido a exposições
os dias 3 e 7 de setembro. Destes 17 doentes, três não necessariamente similares entre os doentes
casos (17,6%) relataram início dos sintomas em 5 de (casos) e não-doentes (controles) nos vários dias,
setembro; seis (35,3%) no dia 6; sete (41,2%) no dia 7 buscou-se um grupo de pessoas que tivesse em
e um caso (5,9%) no dia 8. Dos 23 doentes e 80 não- comum exposições contínuas, isto é, que tenha
doentes que comeram em ambos os dias 3 e 4 de freqüentado todos os dias o refeitório do supermer-
setembro, quatro casos (17,4%) relataram início dos cado, no período estudado. Definiu-se, assim, para
sintomas no dia 5; sete (30,4%) no dia 6; 11 (48%) no o estudo analítico de coorte como doente (caso) e
dia 7 e um (4,3%) no dia 8. Há que se destacar tam- não-doente (controle) aqueles que freqüentaram o
bém que entre os usuários do refeitório incluíam-se, refeitório todos os dias de 3 a 7 de setembro, isto é,
além de funcionários do supermercado, fornecedores expuseram-se às mesmas condições de risco. Para
e prestadores de serviços. este período foram identificados 17 doentes (casos)
A análise das refeições suspeitas segundo o dia de e 60 não-doentes (sadios) que almoçaram todos os
consumo pelos comensais mostrou resultados signifi- dias no refeitório.
cativos (Tabela 5). Os resultados com RR >1 são apresentados na
No estudo em questão, considerou-se o número de Tabela 6, sendo que somente o chuchu refogado (5
doentes (casos) e de não-doentes (controles) expostos de setembro) e o pão com salsicha (6 de setembro)
a cada cardápio, retirando-se, contudo, os casos com apresentaram significância estatística.
Tabela 5. Análise univariada do risco associado aos alimentos servidos nas refeições de 3 a 7 de setembro, referente às coortes de comensais em
cada dia de exposição. Refeitório de supermercado, município de São Paulo.
Refeição suspeita Consumiram o alimento Não consumiram o alimento

Data TA (%) Alimento Doentes (a) Não-doentes Total % Doentes Doentes (c) Não-doentes Total % Doentes RA (%) RR IC p-value
(b) (a +b) (d) (c +d)

3/set 30 Strogonoff 20 52 72 27,8 5 31 36 13,9 13,9 2,00 0,82-4,89 0,170


4/set 23,3 Strogonoff 7 11 18 38,9 23 88 111 20,7 18,2 1,88 0,95-3,72 0,090
3 e/ou 23,9 Strogonoff 25 63 88 28,4 7 39 46 15,2 13,2 1,87 0,87-3,99 0,090
4/set
5/set 29,4 Chuchu 3 1 4 75 27 101 128 21,1 53,9 3,56 1,84-6,86 0,036
refogado
Pernil Frito 2 1 3 66,7 28 101 129 21,7 45,0 3,07 1,29-7,29 0,130
6/set 28,4 Salsicha 30 97 127 23,6 1 12 13 7,7 15,9 3,07 0,46-20,72 0,300
Pão c/ 14 18 32 43,8 17 91 108 15,7 28,0 2,78 1,55-5,0 0,001
salsicha
7/set 12,7 Lingüiça 14 93 107 13,1 1 10 11 9,1 2,1 1,44 0,21-9,93 1,000
Suco 14 89 103 13,6 1 14 15 6,7 6,9 2,04 0,29-14,40 0,690

Fonte: DDTHA/CVE e SMS/SP

Tabela 6. Análise univariada do risco associado aos alimentos servidos nas refeições de 3 a 7 de setembro, referente à coorte de comensais que
almoçaram todos os dias no refeitório. Refeitório de supermercado, município de São Paulo.
Consumiram o alimento Não consumiram o alimento
Alimento Doentes Não-doentes Total % de Doentes Não-doentes Total % de RA (%) RR IC 95% p-value
(a) (b) (a +b) Doentes (c) (d) (c +d) Doentes
Strogonoff 03 15 40 55 27,3 2 20 22 9,1 18,2 3,00 0,75-12,05 0,13
Carne frita 03 1 1 2 50 16 59 75 21,3 28,7 2,34 0,55-10,02 0,39
Strogonoff sobras 04 3 3 6 50 14 57 71 19,7 30,3 2,54 1,00-6,41 0,12
Chuchu 05 2 0 2 100 15 60 75 20 80 5,00 3,18-7,83 0,046
Salsicha 06 16 52 68 23,5 1 8 9 11,1 12,4 2,12 0,32-14,12 0,67
Pernil sobras 06 1 1 2 50 16 59 75 21,3 28,7 2,34 0,55-10,02 0,39
Pão c/ salsicha 06 9 9 18 50 8 51 59 13,6 36,4 3,69 1,67-8,15 0,001
Lingüiça 07 16 53 69 23,2 1 7 8 12,5 10,7 1,86 0,28-12,19 0,67
Purê sobras 07 1 1 2 50 16 59 75 21,3 28,7 2,34 0,55-10,02 0,39
Hamburguer 07 1 0 1 100 16 60 76 21,1 78,9 4,75 3,07-7,34 0,22
Pão doce 07 2 4 6 33,3 15 56 71 21,1 12,2 1,58 0,47-5,33 0,61
Fonte: DDTHA/CVE e SMS/SP

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Considerando-se, ainda, o tempo de incubação cação de fatores de risco que contribuíram para a
do C. perfringens e B. cereus e o aparecimento de ocorrência do surto, entre eles:
casos a partir do dia 5 de setembro, foi testada a ! armazenamento de alimentos em condições
hipótese referente à freqüência de pessoas em inadequadas de higiene e organização;
ambos os dias 3 e 4 de setembro, obtendo-se 23 ! estocagem de alimentos em locais com
doentes e 80 não-doentes (103 comensais). Os obras inacabadas ou em andamento;
alimentos que apresentaram RR>1 são apresenta-
! ausência de cardápios previamente planeja-
dos na Tabela 7, porém nenhum resultado foi
estatisticamente significante. dos, sendo incluídas preparações de última ho-
ra e sobras que eram servidas no dia seguinte;
A constatação de que em cada dia era servido
! falhas nos procedimentos de manutenção e
um determinado cardápio, sem prévio planejamen-
to, explica a dificuldade de realizar o inquérito controle dos alimentos em temperatura de
alimentar com os doentes e não-doentes, fato ainda segurança, pela ausência de equipamentos
agravado pelo oferecimento de complementações adequados;
improvisadas de alimentos e sobras do cardápio do ! ausência de guarda de amostras de
dia anterior. Apesar de toda a mobilização feita para alimentos preparados, o que impossibilitou a
se entrevistar o universo dos comensais envolvidos coleta de amostras de alimentos para
no surto, é provável que tenham ocorrido perdas, análise laboratorial;
especialmente, de não-doentes prestadores de ! ausência de desinfecção de verduras,
serviços; e, ainda, houve a dificuldade dos comen- legumes e frutas;
sais em lembrar-se do que comeram a cada dia. ! presença de funcionários sem treinamento
Essas limitações podem ter dificultado a obtenção adequado e sem realização de exames
de dados mais precisos e, por conseguinte, a perda médicos obrigatórios;
da significância estatística nos estudos analíticos ! implantação de serviço de alimentação para
realizados para cada coorte de comensais. coletividades sem orientação e supervisão
A ocorrência simultânea do óbito por DM entre os de profissional técnico habilitado e
funcionários envolvidos no surto de gastroenterite ! falta de estrutura/equipamentos para
dificultou o raciocínio epidemiológico no início da produzir 200 refeições/dia para funcionários
investigação, pela sintomatologia inicial do caso e fornecedores.
com diarréia e vômitos semelhante ao quadro
apresentado pelos outros doentes do surto. Apesar Pela falta de equipamentos como geladeiras e
da confirmação laboratorial do diagnóstico de DM, freezer na cozinha e utilização inadequada de
não foi possível estabelecer vínculo epidemiológico balcão térmico no refeitório, os alimentos prepara-
do caso com surto, uma vez que no quadro clínico dos ficavam expostos à temperatura inadequada
da DM a diarréia pode ocorrer como sintoma de durante as refeições e as sobras desses alimentos,
gravidade. Além disso, o quadro fulminante impos- não-refrigeradas, eram servidas no dia seguinte,
sibilitou a coleta de amostra de fezes para a pesqui- corroborando para a sobrevivência e multiplicação
sa de toxinas dos agentes etiológicos do surto. de agentes e conseqüente produção de toxinas.
Essas irregularidades comprometiam a qualidade e
inocuidade dos alimentos manipulados no local,
Investigação sanitária sendo tomado como medida administrativa para
Durante a inspeção sanitária foi possível a identifi- controle de surtos a interdição do refeitório de

Tabela 7. Análise univariada do risco associado aos alimentos servidos para o grupo de pessoas que freqüentou o refeitório nos dias 3 e 4 de
setembro com RR >1. Refeitório de supermercado, município de São Paulo.

Refeições dias 3 e 4/set Consumiram o alimento Não consumiram o alimento


Doentes Não-doentes Total %de Doentes Não-doentes Total %de RA (%) RR IC 95% p-value
(a) (b) (a + b) Doentes (c) (d) (c + d) Doentes

Strogonoff 03 18 52 70 25,7 5 28 33 15,2 10,6 1,70 0,69-4,18 0,23


Farofa 03 2 4 6 33,3 21 76 97 21,6 11,7 1,54 0,47-5,08 0,61
Strogonoff sobras 04 4 5 9 44,4 19 75 94 20,2 24,2 2,20 0,96-5,06 0,11
Fonte: DDTHA/CVE e SMS/SP

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funcionários e do estabelecimento, devido às obras Agradecimentos


inacabadas no setor de armazenamento, além de À Equipe da Sub-gerência de Vigilância Sanitária
orientações técnicas. em Alimentos/COVISA/SMS/SP pelas ações
sanitárias imediatas desencadeadas no momento
Conclusão da notificação.
O surto acometeu 39 pessoas e foi causado por C. À SUVIS Mooca/Aricanduva/SMS/SP - Vigilâncias
perfringens do tipo A e por B. cereus (enterotoxina), Epidemiológica e Sanitária pela dedicação no traba-
associados a vários alimentos servidos no período de lho do inquérito epidemiológico do surto em conjunto
3 a 7 de setembro de 2007. com o CCD/COVISA/SMS.
Cabe destacar que foram inúmeras as dificulda- Às equipes das SUVIS Vila Prudente/Sapopemba e
des e limitações encontradas durante o inquérito SUVIS Itaquera/SMS/SP que colaboraram na busca
realizado, como a ausência de cardápio previamen- ativa de casos e dados de internação hospitalar.
te planejado, complementações improvisadas e as Às alunas do EpiSUS/SP: Renata D'Avila Couto
sobras que foram servidas no dia seguinte. e Thais Cláudia Roma de Oliveira que colabora-
O paciente notificado que evoluiu para o óbito teve ram com a investigação realizando visita hospitalar
o diagnóstico de doença meningocócica (DM) aos pacientes internados e coleta de informações
confirmado por exames laboratoriais (N. meningitidis em prontuários.
sorogrupo C), não sendo possível estabelecer se A Ricardo Albernaz e Telma Carvalhanas, da Divisão
estava associado também ao surto de gastroenterite de Doenças de Transmissão Respiratória (DDTR/CVE/
pelo quadro de meningococcemia, que poderia incluir CCD/SES-SP), que participaram da discussão dos
a diarréia como sintoma de gravidade, e pela ausên- casos e sugestões para o processamento e análise
cia de amostra de fezes para pesquisa de toxinas dos dos dados.
agentes etiológicos do surto. Às equipes do Instituto Adolfo Lutz, dos Setores de
A interdição do refeitório e as orientações para Enterobactérias,Virologia, Enteroparasitoses e Micro-
adequações foram medidas importantes para inter- biologia de Alimentos, pelo rastreamento das amostras
rupção de casos de intoxicação alimentar e preven- dos pacientes, o que possibilitou a identificação dos
ção de surtos semelhantes. agentes causadores do surto alimentar e do óbito de DM.

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th
1. Secretaria de Estado da Sáude. Centro on Infectious Diseases. 27 ed. Elk Grove
de Vigilância Epidemiológica “Prof. Village, IL: American Academy of Pediatrics;
Alexandre Vranjac”. InformeNet 2006.
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www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/ de Vigilância Epidemiológica “Prof.
bacillus_cereus.htm. Alexandre Vranjac”. InformeNet
2. American Academy of Pediatrics. Bacillus DTA – Staphylococcus aureus. Disponível
cereus Infections. In: Pickering LK, ed. 2006 em: www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/
Red Book: Report of the Committee on staphylo.htm.
th
Infectious Diseases. 27 ed. Elk Grove Village, 6. Center for Disease Control and Prevention.
IL: American Academy of Pediatrics; 2006. Surveillance for Foodborne Disease
3. Secretaria de Estado da Sáude. Centro Outbreaks – United States, 1998-2002.
d e Vi g i l â n c i a E p i d e m i o l ó g i c a P r o f . MMWR. 2006;55 (SS-10).
Alexandre Vranjac. InformeNet 7. Secretaria de Estado da Sáude. Centro
DTA – Clostridium perfringens. Disponível em: de Vigilância Epidemiológica “Prof.
www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/ Alexandre Vranjac”. Tabelas/Planilhas
clostridium.htm. de Surtos (1998 a 2002). Disponível em:
4. American Academy of Pediatrics. Clostridium www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/
pefringens - Food Poisoning. In: Pickering LK, hidri_estat.html.

Correspondência/Correspondence to:
Geraldine Madalosso
Rua Santa Isabel, 181 – 7 º andar – Vila Buarque – CEP 01221-010
E-mail: gmadalosso@prefeitura.sp.gov.br

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Artigo de Revisão

Paracoccidioidomicose: histórico, etiologia, epidemiologia, patogênese, formas


clínicas, diagnóstico laboratorial e antígenos
Paracoccidioidomycosis: historical, etiologic agent, epidemiology, pathogenesis,
clinical forms, laboratory diagnosis and antigens
Adriana Pardini Vicentini Moreira

Laboratório de Imunodiagnóstico das Micoses


Seção de Imunologia do Serviço de Microbiologia e Imunologia
Divisão de Biologia Médica
Instituto Adolfo Lutz (IAL)
Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD)
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP)

Resumo
No centésimo aniversário da publicação do primeiro caso de paracoccidioidomicose,
são apresentadas informações relacionadas ao histórico, agente etiológico,
epidemiologia, patogênese, formas clínicas, diagnóstico laboratorial e antígenos. Apesar
do expressivo avanço em diversas áreas do conhecimento, a micose descrita por Adolpho
Lutz em 1908 ainda demonstra altas taxas de mortalidade e letalidade e baixa
visibilidade, configurando-se como oitava causa de mortalidade por doença
predominantemente crônica ou repetitiva entre as infecciosas e parasitárias, e a maior
taxa de mortalidade entre as micoses sistêmicas.

Palavras-chave: Paracoccidioides brasiliensis; epidemiologia; patogênese; formas


clínicas; diagnóstico; antígenos.

Abstract
In the 100th birthday of the first published case of paracoccidioidomycosis this review
summarizes some knowledge about historical, etiologic agent, epidemiology,
pathogenesis, clinical forms, laboratory diagnosis and antigens. Despite the significant
advances in many areas of knowledge, the mycosis described by Adolpho Lutz in 1908,
showed high mortalily and lethality rates and low visibility representing the eighth most
common cause of death from predominantly chronic or recurrent types of infectious and
parasitic diseases.

Key words: Paracoccidioides brasiliensis; epidemiology; pathogenesis;


paracoccidioidomycosis diagnosis; P. brasiliensis antigens.

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Histórico autor do primeiro estudo abrangente sobre a doen-


6
Há 100 anos, Adolpho Lutz1,2, no Instituto ça . Porém, a oficialização do termo paracoccidioi-
Bacteriolígico de São Paulo, descreveu pela primei- domicose foi estabelecida em 1971, em Medellín,
ra vez a paracoccidioidomicose (PCM), ao verificar Colômbia, durante reunião de micologistas do con-
em lesões bucais de dois pacientes a existência tinente americano, sendo mundialmente aceita
4
de fungos de natureza dimórfica distintas do desde então .
Coccidioiddes immitis3,4.
1
Em 1º de abril de 1908, o periódico Brazil-Médico Agente etiológico
publicava a primeira parte dos resultados, fruto de Paracoccidioides brasiliensis é o agente etiológico
minuciosos estudos iniciados em 19055 por Adolpho da PCM, micose de alta endemicidade na Améri-
Lutz. No artigo “Uma mycose pseudococcidica 7
ca Latina .
localisada na bocca e observada no Brazil. Taxonomicamente encontra-se no Reino Fungi,
Contribuição ao conhecimento das hyphoblastomico- Filo Ascomycota, Classe Pleomycetes, Ordem
ses americanas”, Lutz descreveu a paracoccidioido- Onigenales, Família Onygenaceae, Gênero
micose como uma doença que se caracterizava por
Paracoccidioides e Espécie brasiliensis8,9.
apresentar lesões muito graves, com presença de
úlceras que tomavam conta da boca e destruíam a P. brasiliensis apresenta dimorfismo termo-
mucosa da gengiva e o véu palatino e dolorosa dependente, crescendo à temperatura ambiente sob
repercussão ganglionar, qualificando-a como micose a forma de colônias brancas, aderentes ao meio.
pseudococcídica após identificar seu agente causal, Microscopicamente, observa-se hifas delgadas,
bem como seu modo característico de reprodução. hialinas, septadas, multinucleadas e ramificadas com
Ao verificar semelhanças morfológicas com micoses produção de clamidósporos terminais ou intercalares,
anteriormente descritas na Argentina e nos Estados conídios e ausência de corpo de frutificação, sendo
7 10
Unidos, incluiu-a em um grupo por ele denominado denominada de saprofítica ou micélio . Quando
de hifoblastomicoses americanas .
3 cultivado a 35ºC-37ºC, em meios enriquecidos
desenvolve colônias de coloração creme, chamadas
Após a descrição da doença, fatal na ocasião pela
cerebriformes ou leveduriformes. Ao microscópico
inexistência de terapia específica, seguiu-se longo
verifica-se a presença de células arredondadas ou
período de análise e estudo das lesões cutâneas e
ovais, multinucleadas, com paredes celulares espes-
mucosas, freqüentemente relatadas pelos pacientes
sas, birrefringentes, rodeadas por multibrotamentos,
acometidos pela enfermidade, na tentativa de isola-
constituindo a variante L (levedura). Esta fase é
mento do agente causal. Em 1912, Alfonso Splendore
conhecida também como parasitária, pois é encontra-
classificou o agente etiológico da paracoccidioidomi-
da causando lesões nos tecidos do hospedeiro
cose dentro do gênero Zymonema, propondo a
3,4 humano ou animal10.
denominação de Zymonema brasiliensis .
A classificação definitiva e consensualmente
aceita foi feita por Floriano Paulo de Almeida, Epidemiologia
graças a estudo comparativo realizado entre o A PCM é micose sistêmica, de natureza granulo-
granuloma coccidióico nos Estados Unidos e no matosa crônica, que acomete freqüentemente os
Brasil, demonstrando que eram indiscutíveis e pulmões, o sistema fagocítico macrofágico e tecidos
notáveis as diferenças entre ambas as patolo- mucocutâneos, podendo disseminar-se por via linfo-
gias6,3,4. Nesse estudo, confirmou os achados hematogênica para tecidos e órgãos adjacentes11.
anteriormente descritos por Lutz1,2, estabelecendo, Indivíduos do sexo masculino com idade entre
assim, as diferenças entre o agente etiológico da 30 a 50 anos, ou seja, em fase produtiva, são os
paracoccidioidomicose e o C. immitis, com o qual mais acometidos pela doença, principalmen-
6
era freqüentemente confundido . Em 1930, após te aqueles que exercem atividades relacionadas
diversos estudos, criou o gênero Paracoccidiodes à agropecuária .
12

dentro do reino Fungi, revalidando também a Até o momento, não foram totalmente esclareci-
espécie brasiliensis, criada por Splendore3,4,5,6. dos o hábitat natural e as condições de vida soprofí-
4
Segundo Lacaz , com a observação e o relato de tica de P. brasiliensis13. Em função das característi-
casos isolados da doença em outros países da cas ecológicas das regiões endêmicas acredita-se
América do Sul, a mesma passou a ser chamada de que o patógeno habite preferencialmente ambiente
blastomicose sul-americana, doença de Lutz, úmido, com temperaturas médias anuais entre 18ºC
doença de Lutz-Splendore-Almeida, pois Splendore o
a 24 C e índices pluviométricos elevados (900 mm a
foi o primeiro a cultivar o patógeno e Almeida, o 1.800 mm) .
7

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A micose apresenta distribuição geográfica restrita Segundo Franco e cols.20, a combinação dos
a países da América Latina, apresentando maior métodos micológicos e moleculares na análise de 81
14,9,13
incidência no Brasil, Venezuela e Colômbia . tatus investigados permitiu aos autores, em seu
A PCM não é doença de notificação compulsória, conjunto, êxito na obtenção de 29 amostras com
portanto, sua real prevalência não pode ser calcula- características macro e micromorfológicas compatí-
da. No entanto, estima-se que a taxa anual de inci- veis com P. brasiliensis. Segundo os autores, a
31
dência entre a população brasileira seja de 1-3 por demonstração da patogenicidade/virulência inocu-
100.000 habitantes e a de mortalidade, de 0,14 por lando-se células fúngicas isoladas das vísceras de
100.000 habitantes .
15
tatus em animais susceptíveis; a produção de antíge-
Coutinho e cols15 estudaram 3.181 óbitos por PCM nos e avaliação de seu potencial antigênico, pela
no Brasil, por um período de 15 anos, demonstrando reação de imunodifusão dupla frente a soros de
a grande magnitude e baixa visibilidade da doença, pacientes com PCM confirmada; a demonstração da
destacando-a como oitava causa de mortalidade por imunoreatividade de frações antigênicas, como a
doença predominantemente crônica ou repetitiva glicoproteína de 43.000 daltons ou gp43, pela técnica
entre as infecciosas e parasitárias, superior à leish- de immunoblotting; a extração e amplificação de DNA
maniose, e a mais elevada taxa de mortalidade entre fúngico e a detecção pela técnica de PCR do gene
as micoses sistêmicas. que codifica a gp4332 conferiram grau de certeza
inques-tionável aos resultados obtidos, demonstran-
Estima-se que nas regiões endêmicas existam,
do-se capazes de atender aos requisitos de confiabili-
aproximadamente, 10 milhões de pessoas infectadas
por P. brasiliensis. No entanto, a maioria não apresen- dade para o isolamento de P. brasiliensis a partir de
vísceras de tatus.
ta sintomas clínicos13.
Esses resultados comprovam a presença de P.
No Brasil é encontrada em quase todas as regiões
brasiliensis no solo em razão da constatação da
do território nacional: Sul, Sudeste, Centro-Oeste e
ocorrência do mesmo, em alta freqüência, em tatus
Norte, sendo que casos esporádicos da doença têm 26-32
sido relatados no Nordeste. No Estado de São Paulo da espécie D. novemcinctus , animais de hábito
tem sido relatada principalmente na região central .
16 escavatório, cuja distribuição geográfica coincide
com a observada na PCM13. O fato de tatus de nove
A enfermidade é considerada um grave problema bandas não apresentarem hábito migratório, visto
de saúde pública devido à existência de extensas que não costumam distanciar-se de sua toca, abre
áreas endêmicas associadas às importantes perspectivas para que se delimite com maior precisão
repercussões econômico-produtivas dos indiví- a reservárea do patógeno, possibilitando, conse-
12,16
duos acometidos . qüentemente, determinar a região ou área na qual o
Apesar de existirem áreas endêmicas bem defini- homem é infectado. Pode-se dizer, portanto, que o
das, o caráter casual e não repetitivo das observa- contato com tatus está intimamente relacionado com
ções, aliado às dificuldades de isolamento do agente maior risco de infecção, principalmente nos indiví-
etiológico, dificulta a exata localização do patógeno duos que residem nas áreas endêmicas33.
no ambiente. Além disso, a falta de surtos epidêmi-
Recentemente foram relatados casos da doença
cos, o prolongado período de latência da doença e as 34-37
em cães , sendo obtida cultura fúngica apenas
freqüentes migrações das populações de áreas 36
endêmicas tornam praticamente impossível a identifi- para um caso. Ono e cols avaliaram a presença de
anticorpos anti-gp43 de P. brasiliensis em amostras
cação do local onde a infecção foi adquirida7.
de soro de 305 cães das regiões urbana, periurbana
O isolamento desta espécie fúngica tem sido e rural de Londrina, Paraná, usando o ELISA,
17
descrito a partir de fezes de pingüins da Antártida , observando índices de positividade de 14%, 48,8%
18-23
em amostras de solo , ração de cachorro e 89,5%, respectivamente. Quando submetidos à
contaminada com solo24, trato intestinal de morcegos avaliação da resposta imunológica do tipo tardio
frugívoros25 e também de tatus26-32. (HTT), empregando gp43 como antígeno, verificou-
A literatura tem relatado o sucesso obtido no se que os cães da área periurbana apresentaram
isolamento de P. brasiliensis a partir de vísceras 13,1% de positividade e os da rural, 38,1%. A
(fígado, baço, linfonodos e pulmões) do tatu de nove detecção de altos títulos de anticorpos anti-gp43,
26-32
bandas (Dasypus novemcinctus) . Para tanto, tem- associada à forte positividade na intradermoreação,
se utilizado, além das técnicas micológicas tradicio- levou ao sacrifício de seis cães, na tentativa de
nais (cultivo e isolamento de células leveduriformes), isolamento do agente etiológico. Apesar da utiliza-
métodos moleculares, como a técnica de reação de ção de metodologia semelhante àquela descrita
polimerase em cadeia (PCR), visando à amplificação para o isolamento em tatus, nesses cães a investi-
do DNA empregando-se primers específicos. gação foi negativa.

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Fagundes37 avaliou a presença de anticorpos anti-P. em exames de autopsias41; e o isolamento de P.


brasiliensis, empregando as técnicas de ELISA e brasiliensis em amostras de escarro e lavado
imunodifusão dupla, frente a soros de 282 cães da zona brônquico de pacientes portadores de lesões pul-
rural de Botucatu (SP). A reatividade por ELISA foi de monares inaparentes41,42,11.
35% e as amostras com altos títulos de anticorpos Uma vez inalado, o fungo pode ser destruído no
avaliadas por immunoblotting revelaram a presença de parênquima pulmonar por células fagocíticas inespe-
frações antigênicas bem definidas e específicas, cíficas ou multiplicar-se e produzir foco de infecção, o
embora com padrões de intensidade variável. Não se qual é drenado para o linfonodo regional localizado
observou reatividade ao P. brasiliensis pela imunodifu- no hilo pulmonar, caracterizando, assim, o complexo
são dupla. Os animais que apresentaram reatividade primário na PCM. No entanto, essas lesões podem
de forte intensidade frente ao antígeno fúngico foram regredir espontaneamente em indivíduos imunocom-
avaliados clínica e radiologicamente, não evidencian- petentes, com destruição total ou parcial do fungo43,
do, contudo, sinais de PCM-doença. caracterizando a forma subclínica da doença .
44

A implantação, a implementação e o avanço das Eventualmente, os fungos contidos no complexo


técnicas moleculares têm auxiliado de forma expressi- primário podem disseminar-se por via hematogênica
va no isolamento de P. brasiliensis a partir de amostras e/ou linfática, atingindo outros órgãos, causando a for-
de solo, principalmente daquelas coletadas de áreas ma juvenil ou aguda45. No entanto, muitos indivíduos
sabidamente endêmicas para a doença13,20,22,23. permanecem com o complexo primário cicatricial
21
Neste sentido, Ono e cols. avaliaram a interferên- contendo fungos viáveis, denominados de lesões
cia de produtos químicos utilizados na agricultura no quiescentes, que podem evoluir para PCM crônica
desenvolvimento de P. brasiliensis. Os autores avalia- muitos anos após a infecção11. Nos tecidos a reativi-
ram seis fungicidas, dois herbicidas e dois inseticidas dade do hospedeiro induz reação inflamatória, que
frente a cinco amostras de P. brasiliensis isoladas do culmina na formação de granuloma, o qual foi inicial-
meio ambiente e cinco isoladas de pacientes, demons- mente descrito por Motta46. O granuloma representa
trando que o cultivo destes isolados a 35ºC em ágar uma resposta do hospedeiro ao agente agressor, ou
Sabouraud-dextrose, acrescido de concentrações seja, o P. brasiliensis, na tentativa de bloquear e
distintas de cada um dos compostos químicos, impediu restringir seu desenvolvimento, impedindo sua
o desenvolvimento in vitro de P. brasiliensis. Estes multiplicação e disseminação para órgãos e tecidos
11
resultados podem explicar parcialmente a dificuldade adjacentes . A evolução do granuloma parece estar
muitas vezes observada no isolamento de P. brasilien- intimamente relacionada ao tipo de resposta imune
sis a partir de amostras de solo20. desencadeada pelo hospedeiro, bem como aos
componentes de parede liberados pelo patógeno47.
Patogênese Fatores relacionados ao P. brasiliensis, como virulên-
cia, patogenicidade e composição antigênica, e ao
Durante muito tempo acreditou-se que o mecanis- hospedeiro, como suscetibilidade genética, faixa
mo de infecção humana ocorria pela via oral, visto etária, sexo, tabagismo, etilismo, desnutrição e
que grande número de pacientes que relatavam deficiência do sistema imunológico, estão associados
hábito de mascar capins apresentava lesões em às manifestações clínicas da doença .
48

mucosa da cavidade oral. 49


San-Blas e San-Blas , verificaram que polissaca-
Gonzáles-Ochoa38 consolidou a hipótese de que o
rídeos como α -(1,3) glucana e β-(1,3) lucana estão
mecanismo de infecção da PCM ocorria pela via área
superior, por meio da inalação de formas fúngicas relacionados ao dimorfismo fúngico e à virulência
diminutas denominadas de conídeos. Uma vez deste patógeno. Os autores, ao estudarem diferentes
inalados, sob os efeitos da temperatura corpórea do isolados de P. brasiliensis, sugeriram que a α -1,3
hospedeiro, alguns sistemas enzimáticos do patóge- glucana proteje o fungo contra enzimas digestigas
no são ativados, permitindo a transformação da produzidas pelos leucócitos e macrófagos do hos-
50
forma infectante em parasitária39,11. Segundo o autor, pedeiro. Segundo San-Blas , o parasitismo por
as manifestações em mucosa oral e cutânea seriam P. brasiliensis ocorre quando este se transforma em
secundárias e resultantes da disseminação linfo- levedura no início do processo infeccioso, evadindo-
hematogênica do fungo, a partir do tecido pulmonar. se, assim, da ação de enzimas fagocíticas, uma vez
que os fagócitos humanos são capazes de produzir
Desde então esta via de infecção é a mais aceita,
sendo evidenciada por vários aspectos, destacan- apenas β -glucanases, as quais digerem somente a
do-se: as tentativas infrutíferas de isolamento de α -(1,3) glucana.
P. brasiliensis a partir de gramíneas e outros vege- Dentre os fatores próprios do fungo capazes de
40
tais ; o freqüente achado de lesões pulmonares aumentar sua patogenicidade, os mais freqüentes
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são os lípides e os polissacarídeos50 e, mais recente- a forma de micélio, apresentando colônias brancas
57,58
mente, a glicoproteína de 43 kDa, antígeno imunodo- ou amarronzadas, cotonosas ou glabrosas .
minante de P. brasiliensis 51-52. Na maioria das vezes, as leveduras de P. brasilien-
sis podem ser facilmente visualizadas ao microscópio
Formas clínicas óptico. Normalmente, empregam-se secreções do
trato respiratório, raspado e crostas de lesões ulcera-
A classificação adotada leva em consideração as
das, tecidos de biópsia, pus de gânglios, urina e LCR,
manifestações clínicas e os parâmetros imunológicos
entre outros. Em material de punção ganglionar, por
da patologia, apresentando três diferentes formas:
exemplo, visualizam-se células globosas, ovais ou
PCM-infecção, PCM-doença e PCM-residual53-56. elípiticas com 5µm a 25µm de diâmetro, inclusões
A PCM-infecção é observada em indivíduos que citoplasmáticas e multibrotamentos com parede de
apresentam positividade em testes cutâneos frente à duplo contorno refringente.
paracoccidioidina, sendo considerada a forma Nos casos em que a biópsia é possível e menos
assintomática da doença. Nestes indivíduos a lesiva para o paciente, colorações especiais como o
imunidade celular encontra-se preservada, obser- Gomori-Groccott ou ácido periódico de Schiff po-
vando-se intensas reações intradérmicas11. dem auxiliar no diagnóstico, por meio da observação
A PCM-doença pode manifestar-se sob duas nos granulomas de células típicas multibrotantes.
formas: a aguda (tipo juvenil) e a crônica (tipo adulta). As células em múltiplo brotamento são esféricas
A forma aguda representa menos de 10% da casuísti- (10µm a 20µm de diâmetro) e os brotos esféricos ou
ca geral desta patologia, sendo a mais grave e a que em forma de limão encontram-se dispostos ao redor
afeta jovens de ambos os sexos, os quais apresen- da célula-mãe .
57

tam acentuada depressão da resposta imunocelular Importante salientar que a PCM, principalmente
e elevados títulos de anticorpos11. Normalmente, é em sua forma pulmonar, deve ser diferenciada de
originada de uma infecção primária, disseminando-se outras micoses e da tuberculose. Os achados clínicos
rapidamente por meio das vias linfáticas para o sistema e radiológicos são inespecíficos; no entanto, calcifica-
monocítico-macrofágico, causando hepatoesple- ção extensa, efusão pleural e localização apical são
nomegalia e possível disfunção medular. As lesões em indicativas de histoplasmose e tuberculose. O
mucosas são pouco freqüentes, ocorrendo em 15% a diagnóstico diferencial com leishmaniose também
20% dos casos; o acometimento pulmonar é raro, assume grande importância, uma vez que as regiões
estando presente em apenas 5% a 11 % dos pacien- endêmicas para esta patologia coincidem muitas
tes11,54,55. A crônica representa 90% dos casos e acome- vezes com as da PCM, sendo que as lesões orais,
te, freqüentemente, adultos do sexo masculino em cutâneas e de fossas nasais são bastante semelhan-
idade produtiva, ou seja, entre 30 a 50 anos. A doença tes. O comprometimento do sistema linfático simula
55
surge a partir de um foco quiescente , caracterizando- doença de Hodgkin e outras doenças malignas .
57

se por apresentar curso de evolução lento, podendo


comprometer um único órgão (unifocal) ou disseminar-
se para outros órgãos (multifocal)11. Sorológico
A residual constitui forma clínica importante pela É evidente o fato de que o diagnóstico de certeza
freqüência com que se manifesta, mesmo após de processos infecciosos derive da demonstração do
tratamento eficaz. As principais seqüelas relacionam- agente etiológico em preparados histológicos, exame
se ao comprometimento pulmonar, adrenal, laríngeo, a fresco ou cultivo3,57,58. No entanto, em algumas
digestivo, encefálico e tegumentar. situações o estado físico ou clínico dos pacientes
impossibilita o acesso ao local da lesão, impedindo
59
assim a coleta do material biológico .
Diagnóstico laboratorial
Historicamente, na PCM a pesquisa de anticor-
59-64 66-67
pos e antígenos específicos no soro de pacien-
Micológico tes empregando-se técnicas sorológicas, além de
Na PCM, como em outras micoses, o diagnóstico importante auxílio diagnóstico, tem a função de
considerado como padrão-ouro é o isolamento do monitorar o curso da doença durante e pós-
61,65-68
agente etiológico em cultura. Para o isolamento de P. tratamento , permitindo a obtenção de resultados
brasiliensis recomenda-se o emprego de meios de mais rápidos, quando comparados aos exames de
3,57
cultura enriquecidos com extrato de levedura, con- cultura e histopatológico , sendo que em alguns
tendo antibióticos ou, ainda, ágar infusão de cérebro casos se traduz na primeira indicação da natureza
e coração (BHI). O material semeado é incubado a micótica da doença, principalmente naqueles indiví-
25ºC-30oC, crescendo lentamente (15 a 30 dias), sob duos com sinais clínicos inaparentes3. A técnica
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utilizada, portanto, há que aliar sensibilidade à Segundo Siqueira69, os resultados da ID podem


69,70 71
especificidade , para que o valor preditivo seja variar devido a diferentes parâmetros, entre os quais
máximo e reprodutível. a preparação antigênica utilizada, a forma da doença
Apesar de técnicas sorológicas como imunodifu- e o início do tratamento.
59,60,62,68 72
são dupla (ID) , imunofluorescência indireta , O teste de ELISA tem sido utilizado para a detec-
61,64,69 73-78,60-62,65-68
contraimunoeletroforese , ELISA e ção de anticorpos em quase todas as micoses
immunoblotting79-83,60,62,73 serem empregadas para o sistêmicas, senão em todas. Apesar disso, em rela-
diagnóstico confirmatório da PCM, visando à pesqui- ção ao imunodiagnóstico da paracoccidioidomicose a
sa de anticorpos e/ou antígenos, os índices de técnica ainda oferece grandes porcentagens de
resultado falso-positivos e falso-negativos ainda são reatividade cruzada, principalmente frente a soros de
muito elevados, estando a especificidade e sensibili- pacientes com histoplasmose, candidíase, doença
dade da técnica diretamente relacionadas ao antíge- de Jorge Lobo e, recentemente, frente a soros de
no empregado62. pessoas aparentemente sadias, residentes em áreas
60,62,78
84
Segundo Fava-Netto , o primeiro teste amplamente endêmicas para PCM .
utilizado no diagnóstico e acompanhamento de O teste de ELISA para o sorodiagnóstico da PCM
89
pacientes com PCM foi a fixação de complemento, foi utilizado primeiramente por Arango e depois,
desenvolvido por Moses85, empregando como antí- 74
simultaneamente, por Camargo e cols. e Mendes-
geno extrato de P. brasiliensis em salina, obtendo Giannini e cols.90, que comprovaram a existência de
sensibilidade de 80%. Posteriormente, o emprego de reatividade cruzada frente a soros heterólogos.
antígeno polissacarídico de P. brasiliensis elevou a Entretanto, os autores demonstraram que a absorção
sensibilidade da técnica para 90%86. Contudo, devido dos soros de pacientes com PCM com células de
a sua baixa especificidade e às dificuldades Candida albicans ou Histoplasma capsulatum
metodológicas envolvidas, como a instabilidade das tornava a reação mais específica62.
hemáceas e do complemento, esta técnica agora é 68
Del Negro e cols. avaliaram pelo método clássico
raramente utilizada60. de ELISA o perfil de reatividade de 43 amostras de
A ID foi primeiramente utilizada no diagnóstico da soro de pacientes com doença ativa, verificando que
PCM por Ferri87 e permanece há 47 anos como soros de pacientes com a forma crônica unifocal
método de escolha, empregado rotineiramente pelos apresentaram baixa densidade óptica, com três
laboratórios clínicos devido ao seu fácil pacientes apresentando valores próximos ao cut off,
procedimento, baixo custo operacional, sensibilidade observando ainda a existência de reatividade cruza-
entre 65% a 100%, especificidade e valor preditivo de da frente a soros de pacientes com doença de Jorge
100%. Além disso, esta técnica consente que os Lobo e histoplasmose.
clínicos realizem o acompanhamento sorológico dos
Visando minimizar os altos índices de reatividade
pacientes, verificando a diminuição dos títulos de
cruzada e, conseqüentemente, otimizar a especifici-
anticorpos anti-P. brasiliensis, permitindo também
dade da técnica de ELISA para o diagnóstico da PCM,
avaliar a eficácia da terapia antifúngica62.
Albuquerque e cols.78 empregaram como antígeno a
Na ID, quando se utiliza como antígeno filtrado fração de 43 kDa de P. brasiliensis tratada com
de cultura obtido a partir de leveduras de P. diferentes concentrações de metaperiodato de sódio,
brasiliensis frente a soros de pacientes com avaliando-se parâmetros como: a pré-absorção dos
suspeita clínica de PCM, é possível detectar até três sorotestes com antígenos de C. albicans e/ou
linhas de precipitação: linha 1 (perto do orifício do H. capsulatum e a diluição dos soros de pacientes
antígeno), linha 2 (posição intermediária) e linha 3 com PCM com galactose. Entretanto, os autores
(perto do orifício do soro). A linha 1 é detectada em obtiveram especificidade máxima de 84%, sugerindo
aproximadamente 95% a 98% dos soros de que nenhum dos procedimentos adotados foi sufi-
pacientes portadores de doença ativa, sendo a
ciente na eliminação da reatividade cruzada.
última a desaparecer após a instauração da
88
terapia antifúngica . A linha 2 tem sido identificada Técnicas imunoenzimáticas do tipo Western-Blot
em 60% a 65% dos casos, sendo a segunda a de- ou immunoblotting (IB) possuem alta sensibilidade
saparecer após o início do tratamento específico, e foram empregadas originalmente para caracte-
enquanto a terceira linha tem sido observada em rizar a resposta imune humoral aos antígenos de
apenas 30% a 35% dos casos, sendo a primeira a P. brasiliensis62.
79
desaparecer. O número de bandas observadas no Camargo e cols. avaliaram por IB a capacidade
ensaio de ID está intimamente relacionado à discriminatória de exoantígeno obtido a partir de
severidade da doença60,69. filtrado de cultura da amostra B-339 de P. brasiliensis

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frente a 97 soros de pacientes com PCM (25 soros de reatividade pelas provas de ID e contraimunoele-
pacientes antes do tratamento antifúngico e 72 soros troforese. Entretanto, quando isto ocorre e os soros
de pacientes na vigência de terapia específica) e a são avaliados por immunoblotting os mesmos
frente a soros heterólogos, bem como de indivíduos reagem frente à gp43.
saudáveis residentes em zona endêmica para esta Da Silva e cols.83 avaliaram por immunoblotting 23
patologia. A análise dos resultados demonstrou que soros de pacientes com confirmação clínica e micoló-
anticorpos anti-P. brasiliensis da classe IgG reagiram gica de PCM e com ausência de anticorpos anti-P.
preferencialmente frente a quatro frações antigêni- brasiliensis, pela ID, frente a duas preparações
cas: 70, 52, 43 e 20-21 kDa, sendo observado que a antigênicas distintas, observando que 95,4% dos
fração de 43 kDa (gp43) foi reconhecida por 100% soros reconheceram de forma específica a gp43 e
dos soros de pacientes com PCM e a de 70 kDa 100%, gp70, descritas como marcadores sorológicos
(gp70), por 96%. da doença.
64
Mendes-Giannini e cols. detectaram por Vidal e cols.92 relatam o caso de um paciente com
immunoblotting a presença da gp43 em 28 soros resposta sorológica atípica, ou seja, o não reconheci-
de pacientes com PCM, divididos em três grupos. mento por immunoblotting da gp43; reagindo, contu-
Grupo 1, constituído de 12 soros de pacientes do, frente à fração antigênica de 70 kDa, descrita na
portadores da forma juvenil, avaliados em três literatura como sendo reconhecida por aproximada-
diferentes períodos: antes, 10 e 24 meses pós- mente 96% dos soros de pacientes com PCM79.
tratamento. Grupo 2: cinco soros de pacientes 92 83
Os resultados de Vidal e cols. e Da Silva e cols.
com a forma crônica, que não se encontravam na
podem ser explicados, talvez, pelos achados de
vigência de tratamento. Grupo 3: seis soros de
Berzaghi e cols.93, sendo que a ausência de reativida-
pacientes considerados clinicamente curados há
de à gp43 pelas provas de ID e IB se deva a não
mais de um ano. Soros de indivíduos saudáveis
secreção/expressão desta molécula pela amostra
foram utilizados como controle da reação. Em
fúngica responsável pela infecção dos pacientes; ou
relação aos pacientes com PCM juvenil, verificou-
ainda pelos achados de Campos e cols.94, relaciona-
se que 100% das amostras obtidas antes do início
dos à existência de diferentes isoformas da molécula
do tratamento reconheceram de forma específica
de 43 kDa.
a gp43 e que a partir do décimo mês de quimiote- 95
rapia a detecção da mesma acontecia com menor Chamou a atenção de Neves e cols. o fato de
freqüência, tornando-se indetectável após 24 pacientes com PCM ativa apresentarem ausência de
meses de tratamento. Observou-se que 100% dos reatividade frente a antígenos de P. brasiliensis pela
soros de pacientes com PCM crônica reagiram ID. Os autores observaram que estes pacientes
frente à fração de 43 kDa e que a mesma não foi continham baixos níveis de IgG e IgG1 específicas,
detectada por soros de pacientes considerados quando comparados aos elevados níveis de IgG2 de
clinicamente curados. pacientes com ID positivas. Os mesmos sugerem que
a ausência de reatividade na ID pode estar relaciona-
Blotta e Camargo80 avaliaram por IB 60 soros de
da à produção de IgG2 de baixa afinidade direciona-
pacientes com PCM, observando que 100% dos
da a epítopos glicídicos.
soros reconheciam de forma específica a gp43. Ortiz
81
e cols. demonstraram que o antígeno recombinante
de 27 kDa era reconhecido por IB por 91% dos soros Molecular
com PCM avaliados, não sendo observada reativida- 8
Bialek e cols. utilizaram a técnica de Nested PCR
de cruzada frente a soros heterólogos. Este achado é para detectar fragmentos de DNA de P. brasiliensis,
de considerável interesse, visto que proteínas empregando uma seqüência do gene da gp43 como
recombinantes fornecem uma fonte altamente alvo. A PCR foi realizada com DNA obtido de homoge-
reprodutível de antígenos definidos. nato de pulmão de 23 camundongos infectados com
82
Takahachi e cols. avaliaram por immunoblotting conídios de P. brasiliensis, DNA de camundongos não
78 soros de pacientes com suspeita clínica de PCM, infectados e de camundongos infectados com H.
que apresentaram ausência de reatividade pela ID. capsulatum. Os autores observaram que os 23
Os autores empregaram como antígeno filtrado de homogenatos foram positivos pela técnica de Nested
cultura da amostra B-339 de P. brasiliensis, obser- PCR, sugerindo que, pelo fato de ser uma metodolo-
vando que das 78 amostras, 51 (65,4%) reagiram de gia sensível e específica, poderá ser utilizada no
forma específica frente à gp43. diagnóstico da PCM em amostras de tecido.
96
Segundo Del Negro e cols.91, são raros os casos Gomes e cols. relataram o emprego da PCR para
de pacientes que apresentam ausência de a detecção de DNA de P. brasiliensis na saliva de 11

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pacientes com a forma crônica da PCM. Segundo os os quais podem ser citados: a natureza química,
autores, 100% das amostras analisadas foram posi- bem como diferentes concentrações dos nutrientes
tivas, apresentando uma banda de 0,6 kb. utilizados no preparo de meios sintéticos, pH,
Devido a sua alta sensibilidade e especificidade, é temperatura, período de incubação, amostras
inevitável que a identificação molecular de fragmen- fúngicas utilizadas, condições de aeração e proces-
104-108
tos de DNA de P. brasiliensis pela PCR, com aplicabi- samento do antígeno obtido .
lidade diagnóstica, seja brevemente implantada para Um dos mais importantes avanços e contribuições
o diagnóstico da paracoccidioidomicose. ao estudo e caracterização de antígenos de P.
brasiliensis foi a identificação e purificação da glico-
Antígenos de P. brasiliensis proteína de 43 kDa, descrita como antígeno exocelu-
lar e imunodominante88. A gp43, porém, não é total-
P. brasiliensis apresenta em sua constituição
97 mente específica, visto que sua fração glicídica
uma multiplicidade de componentes antigênicos ,
contém epítopos capazes de serem reconhecidos por
alguns próprios da espécie e outros comuns aos
98 soro heterólogo, principalmente os que contêm
demais fungos. Segundo Restrepo e cols. , estes
anticorpos anti-H. capsulaum100,101.
antígenos podem ser extraídos da parede celular
do fungo, do conteúdo citoplasmático ou, ainda, Dados da literatura indicam que a preparação
do filtrado de cultura. Contudo, dados da literatura antigênica adequada e com aplicabilidade no soro-
demonstram variabilidade na metodologia diagnóstico deve conter, em sua composição, a
utilizada pelos diferentes laboratórios com o molécula de 43.000 daltons80. Neste sentido, há ne-
objetivo de produzir antígenos de P. brasiliensis58. cessidade de escolher adequadamente a amostra a
Entre estas, pode-se citar: a escolha da amostra ser utilizada para este propósito, pois, conforme
94
fúngica, tamanho do inóculo, meio de cultura, demonstrado por Campos e cols. , existem amostras
período, forma e temperatura de incubação. A de P. brasiliensis que não expressam gp43.
grande heterogeneidade destes parâmetros Berzaghi e cols.93 relataram que as culturas de
muitas vezes interfere no produto final e P. brasiliensis seriam compostas por diferentes
compromete a especificidade, estabilidade e clones, e por alguma razão apenas alguns destes
reprodutibilidade dos antígenos, características expressariam a molécula de 43 kDa. Para avaliar esta
de vital importância no imunodiagnóstico da PCM hipótese, obtiveram clones de três diferentes amos-
e de outras micoses99,58,70. A reatividade cruzada, tras de P. brasiliensis (113, B-339 e 18), avaliando-os
comumente observada nestes casos, pode ser quanto à capacidade de expressar gp43. Os autores
explicada pela grande similaridade antigênica verificaram por immunoblotting que os exoantígenos
entre os fungos dimórificos, particularmente produzidos a partir de clones das amostras 113 e 339
H. capsulatum e Lacazia loboi100,101. apresentavam gp43 e que dos 26 clones obtidos da
Pesquisas visando à obtenção de antígenos de P. amostra 18, quatro não secretavam esta molécula.
brasiliensis vêm sendo realizadas desde o início do Avaliando os clones não secretores de gp43 verifica-
século passado. Na década de 1920, Arêa Leão
102 ram que após dez subcultivos, estes clones voltaram
obteve antígenos com o objetivo de utilizá-los na a expressar, de maneira extremamente variável, a
avaliação da imunidade humoral de pacientes com glicoproteína de 43 kDa. Segundo os autores, este
PCM. Lacaz103 os obteve com a mesma finalidade; fenômeno pode ser possivelmente explicado por
contudo, os antígenos não se conservaram. Fava algum problema molecular no mecanismo de expres-
Netto86 relatou a obtenção de antígeno polissacarídi- são da molécula de 43 kDa.
co, empregando-o em ensaios de fixação de comple-
mento e precipitação em tubos. Este mesmo antíge- Considerações finais
no foi utilizado para ensaios de intradermorreação, Mesmo após ter sido descrita há 100 anos, e
objetivando analisar a hipersensibilidade do tipo apesar dos expressivos avanços que permitiram a
tardio (HTT). melhor compreensão da epidemiologia, patogênese,
A partir de 1960, as pesquisas relacionadas à diagnóstico clínico e laboratorial, a paracoccidioido-
caracterização de antígenos de P. brasiliensis micose ainda apresenta no Brasil alta prevalência,
apresentaram aumento significativo. Estudos foram altas taxas de mortalidade e letalidade, podendo ser
realizados testando-se diferentes parâmetros, entre considerada uma doença negligenciada.

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diagnóstico da blastomicose sul-americana. of the 27-kilodalton recombinant protein from
Padronização da reação para comparação Paracoccidioides brasiliensis in serodiagno-
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assay (ELISA) in the paracoccidioidomycosis. immunoblotting assay improves the sensiti-
Comparison with counterimmunoelectropho- vity of paracoccidioidomycosis diagnosis.
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Paracoccidioidomycosis sera in the double or Jorge Lobo's disease. J Clin Microbiol.
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report of two cases. J Med Vet Mycol. 101. Puccia R, Travassos LR. 43-kilodalton
1995;33:113-116. glycoprotein from Paracoccidioides brasili-
92. Vidal MS, Benard G, de Brito T, Dantas KC, ensis: immunochemical reactions with sera
Pereira CN, França FO, da Silva AM, Martins JE. from patients with paracoccidioidomycosis,
Atypical serological response marked by a lack of histoplasmosis, or Jorge Lobo's disease. J
detectable anti-gp43 antibodies in a patient with Clin Microbiol. 1991;29(8):1610-5.
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brasiliensis clones obtained by two different blastomicose sul-americana e seu agente
culture methods. J Clin Microbiol. etiológico. Rev Med Cir São Paulo.
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test results obtained with sera of brasiliensis solúveis em NaCl 0,85%.
paracoccidioidomycosis patients may be [Dissertação de Mestrado]. São Paulo:
related to low-affinity immunoglobulin G2 Universidade de São Paulo; 1990, p.96.

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Travassos LR Production of 1990;28(6):1188-93.
Paracoccidioides brasiliensis exoantigens 108. Camargo ZP, Berzaghi R, Amaral CC, Silva
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1988;26(10):2147-51. Paracoccidioides brasiliensis exoantigens for
107. Casotto M. Characterization of the cellular use in immunodiffusion tests. Med Mycol.
antigens of Paracoccidioides brasiliensis 2003;41(6):539-42.

Correspondência/Correspondence to:
Adriana Pardini Vicentini Moreira
Instituto Adolfo Lutz – Laboratório de Imunodiagnóstico das Micoses – Seção de Imunologia
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 11º andar – Sala 1.109
Te.: (+55) 11 3068-2899/2900
Fax: (+55) 11 3068-2898
E-mail: apardini@ial.sp.gov.br

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Instruções aos Autores

O Boletim Epidemiológico Paulista (Bepa) ! Informes técnicos, deverão ter resumo em


publicação mensal da Coordenadoria de Controle de Português e em Inglês (Abstract), dimensionado
Doenças, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de entre 150 palavras (comunicações breves) e no
São Paulo (CCD/SES-SP) veicula artigos relacionados máximo 250 palavras (artigos originais, revisões,
aos agravos à saúde pública ocorridos nas diversas atualizações e informes epidemiológicos). Para
áreas de controle, assistência e diagnóstico laboratorial os artigos originais, o resumo deve destacar os
do Sistema Único de Saúde de São Paulo (SUS-SP). propósitos do estudo, procedimentos básicos
Além de disseminar informações entre os profissionais adotados (seleção de sujeitos de estudo ou animais
de saúde de maneira rápida e precisa, o Bepa tem como de laboratório, métodos analíticos e observacionais),
objetivo incentivar a produção de trabalhos que principais descobertas e conclusões. Devem ser
subsidiem as ações de prevenção e controle de enfatizados novos e importantes aspectos do estudo
doenças na rede pública, apoiando, ainda, a atuação ou das observações. Uma vez que os resumos são a
dos profissionais do sistema de saúde privado, principal parte indexada do artigo em muitos bancos
promovendo a atualização e o aprimoramento de de dados eletrônicos, e a única parte que alguns
ambos. leitores lêem, os autores precisam lembrar que eles
Os documentos que podem ser publicados neste devem refletir, cuidadosamente, o conteúdo do
boletim estão divididos nas seguintes categorias: artigo. Para os demais textos, o resumo deve ser
narrativo, mas com as mesmas informações.
1. Artigos originais – destinados à divulgação de ! Descritores (unitermos ou palavras-chave) –
resultados de pesquisa original inédita, que possam ser Seguindo-se ao resumo, devem ser indicados no
replicados e/ou generalizados. Devem ter de 2.000 a mínimo três e no máximo dez descritores do
4.000 palavras, excluindo tabelas, figuras e referências. conteúdo, que têm por objetivo facilitar indexações
2. Revisão – Avaliação crítica sistematizada da cruzadas dos textos e podem ser publicados
literatura sobre assunto relevante à saúde pública. juntamente com o resumo. Em Português, os
Devem ser descritos os procedimentos adotados, descritores deverão ser extraídos do vocabulário
esclarecendo a delimitação e limites do tema. Extensão “Descritores em Ciências em Saúde” (DeCS), da
máxima: 5.000 palavras. Bireme. Em Inglês, do “Medical Subject Headings”
(Mesh). Caso não sejam encontrados descritores
3. Comunicações breves – São artigos curtos adequados à temática abordada, termos ou
destinados à divulgação de resultados de pesquisa. No expressões de uso corrente poderão ser
máximo 1.500 palavras, uma tabela/figura e cinco empregados.
referências.
! Introdução – Contextualiza o estudo, a natureza dos
4. Informe epidemiológico – Textos que têm por
problemas tratados e sua significância. A introdução
objetivo apresentar ocorrências relevantes para a
deve ser curta, definir o problema estudado,
saúde coletiva, bem como divulgar dados dos sistemas
sintetizar sua importância e destacar as lacunas do
de informação sobre doenças e agravos. Máximo de
conhecimento abordadas.
3.000 palavras.
5. Informe técnico – Trabalhos que têm por ! Metodologia (Métodos) – A metodologia deve incluir
objetivo definir procedimentos, condutas e normas apenas informação disponível no momento em que foi
técnicas das ações e atividades desenvolvidas no escrito o plano ou protocolo do estudo; toda a
âmbito da saúde coletiva. No máximo 5.000 palavras. informação obtida durante a conduta do estudo
pertence à seção de resultados. Deve conter
A estrutura dos textos produzidos para a publicação descrição, clara e sucinta, acompanhada da
deverá adequar-se ao estilo Vancouver, cujas linhas respectiva citação bibliográfica, dos procedimentos
gerais seguem abaixo. adotados, a população estudada (universo e amostra),
! Página de identificação – Ttulo do artigo, conciso e instrumentos de medida e, se aplicável, método de
completo, em Português e Inglês; nome completo de validação e método estatístico.
todos os autores; indicação da instituição à qual cada ! Resultados – Devem ser apresentados em seqüência
autor está afiliado; indicação do autor responsável pela lógica no texto, tabelas e figuras, colocando as
troca de correspondência; se subvencionado, indicar descobertas principais ou mais importantes primeiro.
nome da agência de fomento que concedeu o auxílio e Os resultados encontrados devem ser descritos sem
respectivo nome do processo; se foi extraído de incluir interpretações e/ou comparações. Sempre que
dissertação ou tese, indicar título, ano e instituição em possível, devem ser apresentados em tabelas e
que foi apresentada. figuras auto-explicativas e com análise estatística,
! Resumo – Todos os textos, à exceção dos evitando-se sua repetição no texto.

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! Discussão – Deve enfatizar os novos e importantes S. Epidemiologia do medicamento: princípios gerais.


aspectos do estudo e as conclusões que dele São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco; 1989.
derivam, sem repetir material colocado nas seções D) Dissertações e teses:
de introdução e resultados. Deve começar com a 5. Moreira MMS. Trabalho, qualidade de vida e
apreciação das limitações do estudo, seguida da envelhecimento [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola
comparação com a literatura e da interpretação dos Nacional de Saúde Pública; 2000. p. 100.
autores, apresentando, quando for o caso, novas
E) Trabalhos de congressos, simpósios,
hipóteses.
encontros, seminários e outros:
! Conclusão – Traz as conclusões relevantes,
6. Barboza et al. Descentralização das políticas
considerando os objetivos do trabalho e formas de
públicas em DST/Aids no Estado de São Paulo. In: III
continuidade. Se tais aspectos já estiverem incluídos
Encontro do Programa de Pós-Graduação em Infecções
na discussão, a conclusão não deve ser escrita.
e Saúde Pública; 2004 ago; São Paulo: Rev IAL. P. 34
! Referências bibliográficas – A exatidão das [resumo 32-SC].
referências bibliográficas é de responsabilidade dos F) Periódicos e artigos eletrônicos:
autores.
7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- Citações bibliográficas no texto, tabelas e (IBGE). Síntese de indicadores sociais 2000. [Boletim
figuras: deverão ser colocadas em ordem numérica, on-line]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br [2004
em algarismo arábico, sobrescrito, após a citação, mar 5]
constando da lista de referências bibliográficas.
G) Publicações e documentos de organizações
Exemplo:
governamentais:
“Os fatores de risco para a infecção cardiovascular
8. Brasil. Decreto 793, de 5 de abril de 1993. Altera os
estão relacionados à imunocompetência do
Decretos 74.170, de 10 de junho de 1974, e 79.094, de 5
hospedeiro1.”
de janeiro de 1977, que regulamentam,
- Referências bibliográficas: devem ser respectivamente, as Leis 5991, de 17 de janeiro de
numeradas consecutivamente, obedecendo à ordem 1973, e 6360, de 23 de setembro de 1976, e dá outras
em que aparecem pela primeira vez no texto, de providências. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 6
acordo com o estilo Vancouver. A ordem de citação abr 1993. Seção 1. p. 4397.
no texto obedecerá esta numeração. Até seis
9. Organización Mundial de la Salud (OMS). Como
autores, citam-se todos os nomes; acima disso,
investigar el uso de medicamentos em los servicios de
apenas os seis primeiros, seguidos da expressão em
salud. Indicadores seleccionados del uso de
Latim “et al”. É recomendável não ultrapassar o
medicamentos. Ginebra; 1993. (DAP. 93.1).
número de 30 referências bibliográficas por texto.
Casos não contemplados nesta instrução devem
A) Artigos de periódicos – As abreviaturas dos
ser citados conforme indicação do Committee of
títulos dos periódicos citados devem estar de acordo
Medical Journals Editors (Grupo Vancouver)
com o Index Medicus, e marcadas em negrito.
(http://www.cmje.org).
Exemplo:
Tabelas – Devem ser apresentadas em folhas
1. Ponce de Leon P; Valverde J e Zdero M. separadas, numeradas consecutivamente com
Preliminary studies on antigenic mimicry of Ascaris algarismos arábicos, na ordem em que forem citadas no
Lumbricoides. Rev Lat-amer Microbiol 1992; 34:33-38. texto. A cada uma deve ser atribuído um título breve,
2. Cunha MCN, Zorzatto JR, Castro LLC. Avaliação NÃO SE UTILIZANDO TRAÇOS INTERNOS
do uso de Medicamentos na rede pública municipal de HORIZONTAIS OU VERTICAIS. Notas explicativas
Campo Grande, MS. Rev Bras Cien Farmacêuticas devem ser colocadas no rodapé das tabelas e não no
2002; 38:217-27. cabeçalho ou título.
B) Livros A citação de livros deve seguir o exemplo Quadros – São identificados como tabelas,
abaixo: seguindo uma única numeração em todo o texto.
3. Medronho RA. Geoprocessamento e saúde: uma Figuras – Fotografias, desenhos, gráficos etc.,
nova abordagem do espaço no processo saúde- citados como figuras, devem ser numerados
doença. Primeira edição. Rio de Janeiro: consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem
Fiocruz/CICT/NECT. em que foram mencionados no texto, por número e título
C) Capítulos de livro – Já ao referenciar capítulos abreviado no trabalho. As legendas devem ser
de livros, os autores deverão adotar o modelo a seguir: apresentadas em folha à parte; as ilustrações devem ser
4. Arnau JM, Laporte JR. Promoção do uso racional suficientemente claras para permitir sua reprodução.
de medicamentos e preparação de guias Não são permitidas figuras que representem os
farmacológicos. In: Laporte JR, Tognoni G, Rozenfeld mesmos dados.

março/2008 Coordenadoria de Controle de Doenças página 26


Coordenadoria de
SECRETARIA
Controle de Doenças DA SAÚDE

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