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BEPA
Volume 8 Número 85 janeiro/2011
85
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA ISSN 1806-423-X
Volume 8 Nº 85 janeiro de 2011
Nesta edição
Investigação de óbito relacionado à influenza pandêmica H1N1 2009 no munícipio
de Osasco, SP, junho e julho de 2009
Investigation of a death related to pandemic influenza H1N1 in the city of Osasco,
São Paulo, June, July, 2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
CCD
Expedito José de Albuquerque Luna – USP
Gerusa Figueiredo Carlos M. C. Branco Fortaleza – FM/Unesp/Botucatu- SP
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Editores Associados José Cássio de Moraes – FCM-SC/SP
COORDENADORIA DE Alice Tiago de Souza – CCD/SES-SP José da Silva Guedes – IB/SES-SP
CONTROLE DE DOENÇAS Affonso Viviane Junior – Sucen/SP Gustavo Romero – UnB/CNPQ
Ana Freitas Ribeiro – CVE/CCD/SES-SP Hiro Goto – IMT/SP
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1º andar – sala 131 Luiz Jacintho da Silva – FM/Unicamp
Lilian Nunes Schiavon – CTD/CCD/SES-SP Maria Mercia Barradas – Abec
CEP: 01246-000
Marcos da Cunha Lopes Virmond – ILSL/CCD/SES-SP Myrna Sabino – IAL/CCD/SES-SP
Cerqueira César
São Paulo/SP – Brasil Maria Clara Gianna – CRT/DST/Aids/CCD/SES-SP Paulo Roberto Teixeira – OMS
Tel.: 55 11 3066- Maria Cristina Megid – CVS/CCD/SES-SP Ricardo Ishak – CNPQ/UF Pará
8823/8824/8825 Neide Yume Takaoka – IP/CCD/SES-SP Roberto Focaccia – IER/SES-SP
E-mail: bepa@saude.sp.gov.br Vilma Pinheiro Gawyszewsk – CVE/CCD/SES-SP
http://ccd.saude.sp.gov.br Comitê Editorial
Coordenação Editorial
Adriana Bugno – IAL/CCD/SES-SP
Os artigos publicados são de Cecília S. S. Abdalla
Artur Kalichmam – CRT/AIDS/CCD/SES-SP Cláudia Malinverni
responsabilidade dos autores.
É permitida a reprodução Cristiano Corrêa de Azevedo Marques – IB/SES-SP Letícia Maria de Campos
parcial ou total desta obra, Dalma da Silveira – CVS/CCD/SES-SP Sylia Rehder
desde que citada a fonte e que Gerusa Figueiredo – CCD/SES-SP
não seja para venda ou Maria Bernadete de Paula Eduardo – CVE/CCD/SES-SP Centro de Produção e Divulgação Científica – CCD/SES-SP
qualquer fim comercial. Para Maria de Fátima Costa Pires – PPG/CCD/SES-SP
republicação de qualquer Projeto gráfico/editoração eletrônica
Telma Regina Carvalhanas – CVE/CCD/SES-SP
material, solicitar autorização Marcos Rosado – Centro de Produção e Divulgação Científica – CCD/SES-SP
Vera Camargo-Neves – Sucen/SES-SP Zilda M Souza – Nive/CVE/CCD/SES-SP
dos editores.
Virgilia Luna – Sucen/SES-SP
Disponível em: CTP, Impressão e Acabamento
Portal de Revistas Saúde SP - http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_home&lng=pt&nrm=iso Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA ISSN 1806-423-X
Volume 8 Nº 86 fevereiro de 2011
Nesta edição
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Expedito José de Albuquerque Luna – USP
Gerusa Figueiredo Carlos M. C. Branco Fortaleza – FM/Unesp/Botucatu- SP
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Editores Associados José Cássio de Moraes – FCM-SC/SP
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EDIÇÃO 85
Bepa 2011;8(85):4-14
Artigo original
RESUMO
O novo subtipo viral influenza pandêmica H1N1 2009, resultante da recombinação
genética dos vírus suíno, aviário e humano, apresenta atualmente disseminação
global. Apresentamos a investigação do primeiro óbito no ESP relacionado à infecção
pelo H1N1 2009, realizada com o apoio do EPISUS-SP. Objetivos do estudo: investigar o
primeiro óbito confirmado no Estado e esclarecer seu diagnóstico; descrever os casos
por tempo, lugar e pessoa; identificar o caso índice na cadeia de transmissão que tenha
vínculo epidemiológico com os familiares; e investigar e caracterizar a possível
ocorrência de transmissão sustentada de influenza pandêmica H1N1 2009 no
município de Osasco, SP. O IAL notificou o resultado positivo para influenza pandêmica
no sangue pós-morte da criança. Essa informação nos levou a considerar a hipótese de
que o caso índice dos irmãos poderia ser a irmã. Foram identificados os contatos que
ocorreram até sete dias antes do início dos sintomas nos irmãos: 1) contatos familiares
e amigos próximos; 2) escola; 3) escola de inglês; e 4) transporte escolar. As atividades
diárias dos irmãos identificaram que não houve deslocamento para fora de Osasco, no
período investigado. MCL foi o primeiro óbito na cidade associado à infecção por
influenza pandêmica autóctone, sem vínculo epidemiológico com caso importado da
doença. Foi confirmada a existência de um surto familiar de infecção por influenza
pandêmica H1N1 2009 com nove casos confirmados; a provável fonte de infecção foi
MCL. Foi confirmada a transmissão sustentada do vírus influenza pandêmica H1N1
2009 no País. Como recomendações deste estudo, foi proposta a alteração na definição
de caso com inclusão dos casos autóctones; mudança nas normas e condutas de
identificação, investigação e manejo de casos de síndrome gripal; treinamentos das
equipes VE dos municípios para o enfrentamento de possíveis novas pandemias.
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ABSTRACT
New viral pandemic influenza subtype H1N1 2009, resulting from genetic
recombination of swine, avian and human virus, is globally widespread. We present
the investigation of the first death related to infection by the H1N1 2009 influenza
virus occurring in the State of São Paulo, performed with the aid of EPISUS-SP.
Objectives of this study: investigating the first confirmed death in the State and to
ascertain the diagnosis; describing the cases according to time, place and person;
identifying the index case in the transmission chain with epidemiologic link to the
family and investigating and characterizing the possible occurrence of sustained
transmission of pandemic influenza H1N1 2009in the city of Osasco, São Paulo.
Adolfo Lutz Institute reported the positive results for pandemic influenza in the
post-mortem blood collected from the child. This information led us to consider the
hypothesis that the index case from the brothers could be the sister. Contacts
occurring up to seven days previous to the onset of symptoms in the brothers were
identified: 1) family and close friends; 2) school; 3) English school; 4) school bus.
Daily activities of the brothers showed they did not go outside the city of Osasco
during the period under investigation. MCL was the first death in the city associated
to autochthonous pandemic influenza, with no epidemiologic link to imported cases
of the disease. Existence of a family outbreak of infection by pandemic influenza
H1N1 2009 was ascertained, with nine confirmed cases; probable source of infection
was MCL. Sustained transmission of the pandemic influenza virus H1N1 2009 was
confirmed in the country. As recommendations deriving from this study, change in
case definition was proposed, including autochthonous cases, changes in norms and
procedures designed to identify, investigate and manage flu syndrome cases;
training of epidemiologic surveillance teams of the cities in order to face possible
new pandemics.
INTRODUÇÃO
O novo subtipo viral influenza pandêmi- Apresentamos a investigação do primei-
ca H1N1 2009, resultante da recombinação ro óbito do Estado de São Paulo relaciona-
genética dos vírus suíno, aviário e humano, do à infecção pelo vírus influenza pandê-
apresenta atualmente disseminação global. mica H1N1 2009, realizada pela equipe
Segundo a atualização nº 77 da Organização do Programa de Treinamento em Epide-
Mundial da Saúde (OMS), até 29 de novem- miologia Aplicada aos Serviços do Siste-
bro de 2009, um total de 207 países e ma Único de Saúde do Estado de São
territórios notificaram casos confirmados Paulo (EPISUS-SP).
laboratorialmente de influenza pandêmica, Diante da ocorrência do óbito a esclare-
incluindo pelo menos 8.768 óbitos até a cer de uma criança de 11 anos, sexo femini-
1-6
semana epidemiológica 47/2009. no, no dia 30/06/2009, em um hospital
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privado na cidade de Osasco, na Grande São importados de outros países com casos
Paulo, seguida da internação do seu irmão de confirmados.
7 anos, sexo masculino, em 02/07/2009, no
Instituto de Infectologia Emílio Ribas, por
Situação brasileira na
sinais e sintomas respiratórios leves, foi SE25 (21 a 27/06/2009)
levantada a hipótese de o óbito estar relacio-
No Brasil, no período de 24/04 a
nado ao vírus influenza pandêmica H1N1
28/06/2009, foram confirmados 627
2009. Foi coletado swab nasofaríngeo do
casos de influenza pandêmica H1N1 2009,
irmão e, no dia 06/07/2009, o resultado do
com um óbito no Rio Grande do Sul. O
exame foi liberado, sendo positivo. Portanto,
Ministério da Saúde considerava que no
ficou diagnosticado clinicamente e com
País não havia ocorrência de transmissão
confirmação laboratorial por RT-PCR,
sustentada do novo subtipo viral; ou seja,
influenza pandêmica H1N1 2009.
todos os casos, até o momento, tinham
Foi realizada a investigação desse caso
vínculo epidemiológico com casos impor-
em relação ao tempo, lugar e pessoa e o
tados. Entre esses, houve discreto predo-
vínculo epidemiológico da criança com os
mínio de mulheres e faixa etária entre 20 e
outros casos confirmados notificados na
39 anos. Os casos confirmados tiveram
cidade de Osasco. Considerada ainda a
quadro clínico variando entre leve e
importância de investigar e tentar identifi-
moderado, com predomínio dos seguin-
car o caso-índice, uma vez que os responsáveis
tes sinais e sintomas: febre, tosse, coriza
pela criança negaram que ela teve contato
e mialgia. 7
com casos suspeitos ou confirmados desse
agravo ou se deslocado de Osasco, sugerin- O Ministério da Saúde, por meio da
do ser esse o primeiro caso autóctone do Secretaria de Vigilância em Saúde, desen-
Estado de São Paulo. Essa hipótese levou a volveu protocolos para o manejo de casos e
equipe de vigilância epidemiológica munici- contatos, notificação e investigação
pal de Osasco considerar que o óbito da (05/06/2009). O objetivo de tais medidas
criança poderia estar relacionado a uma foi reduzir o risco de transmissão da
infecção por influenza pandêmica H1N1 infecção pelo novo vírus H1N1 2009, dar
2009. Portanto, foi solicitada a pesquisa assistência adequada e oportuna aos casos
desse vírus no sangue, mesmo após o óbito, e aprimorar o monitoramento da situação
para confirmação da hipótese. A cidade de epidemiológica da influenza no Brasil,
Osasco já contava com casos notificados do visando à detecção de alterações no padrão
novo agravo, todos eles importados ou que de transmissão e gravidade da doença, para
tiveram contato com pessoas que se deslo- padronizar m e d i d a s d e n o t i f i c a ç ã o ,
caram para outros países. quando da identificação de casos suspei-
Também foi avaliada a possibilidade de tos e confirmados.
transmissão sustentada do novo subtipo Até o momento da investigação, era
viral na cidade, uma vez que o País não considerado caso suspeito apenas aquele
tinha relatos de surtos ou casos autóctones indivíduo com doença aguda apresentando
investigados. Até então, todos os casos da febre (elevação da temperatura corporal
doença eram relacionados a casos positivos acima de 37,5ºC), ainda que referida, acom-
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panhada de tosse ou dor de garganta, na período poderia ser estendido até sete dias
ausência de outros diagnósticos, podendo ou do início dos sintomas. O processamento das
não estar acompanhada de outros sinais e amostras de secreção respiratória de casos
sintomas, como cefaléia, mialgia, artralgia suspeitos para o diagnóstico do agravo em
ou dispnéia, vinculados ao retorno, nos questão era realizado nos laboratórios de
últimos sete dias, de países com casos referência Instituto Adolfo Lutz (IAL), em
confirmados de infecção pelo novo subtipo São Paulo, Instituto Evandro Chagas (IEC),
viral ou história de contato, nos últimos sete no Pará, e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
dias, com caso suspeito ou confirmado de no Rio de Janeiro. A técnica de diagnóstico
infecção por influenza pandêmica H1N1 preconizada pela OMS para confirmação
2009. Caso confirmado era aquele indivíduo laboratorial do novo subtipo viral influenza
com infecção por influenza pandêmica H1N1 pandêmica H1N1 2009 era a RT-PCR.
2009, confirmado por laboratório de refe-
rência, utilizando a técnica RT-PCR (reação Situação epidemiológica no Estado de
da polimerase em cadeia em tempo real). São Paulo na SE25 (21 a 27/06/2009)
Naquele momento, para a vigilância No Estado de São Paulo, a descrição
epidemiológica eram imprescindíveis epidemiológica dos casos confirmados para
informações sobre o histórico de viagens influenza pandêmica H1N1 2009 remete-se
nos sete dias anteriores ao início dos sinto- ao período de 24/04/2009 a 29/06/2009;
mas e/ou história de contato com caso as informações foram obtidas a partir do
suspeito ou confirmado de influenza pandê- banco de dados SinanWeb para pandemia
mica H1N1 2009, para que fosse possível de influenza pandêmica H1N1 2009,
identificar o provável local de transmissão consolidado em 29/06/2009.
do vírus, já que não havia a confirmação de Do total de 764 notificações, 291
transmissão sustentada no País. (38,1%) eram casos descartados, 284
As amostras de secreções respiratórias (37,2%) confirmados, 145 (19%) suspeitos
eram processadas pelos laboratórios de e 44 (5,8%) de influenza sazonal. A Figura
referência e coletadas até o terceiro dia após 1 ilustra a distribuição de casos confirma-
o início dos sintomas, conforme protocolo dos de H1N1 2009, segundo data dos
nacional. Em algumas circunstâncias, o primeiros sintomas.
Fonte: SinanWeb
Figura 1. Distribuição dos casos confirmados de influenza pandêmica
H1N1 2009. Estado de São Paulo, abril a junho de 2009.
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Caso confirmado: “Caso suspeito com com a quinta maior população do Estado de
confirmação laboratorial por meio da técnica São Paulo e o 23º PIB entre os municípios
de RT-PCR.” brasileiros (Figura 2).
Para a busca ativa foi utilizado um
formulário elaborado especificamente para RESULTADOS
esta investigação, com as seguintes catego-
rias: identificação; data de início de sinto-
Investigação laboratorial
mas; principais sintomas; deslocamentos e
contato com caso suspeito ou confirmado. No segundo dia de investigação
(08/07/2009), o Instituto Adolfo Lutz
liberou o resultado positivo para influenza
Investigação laboratorial pandêmica H1N1 2009 no sangue pós-morte
As amostras de secreções respiratórias da criança. Essa informação nos levou a
foram coletadas de acordo com o protoco- considerar a hipótese de que o caso índice
lo de coleta de amostras biológicas suspei- dos irmãos poderia ser a irmã, uma vez que a
tas de influenza pandêmica H1N1 2009 data de início dos sintomas (DIS) gripais da
(versão de 13/05/2009) do Instituto mesma foi dia 28/06/2009, anteriormente
Adolfo Lutz (credenciado pela OMS) e ao DIS do irmão (01/07/2009).
encaminhadas para o mesmo, preferenci-
almente até o terceiro dia após o início dos
Investigação epidemiológica
sintomas. A técnica de diagnóstico preco-
nizada pela OMS para confirmação labora- Após a entrevista com a mãe, foram
torial de influenza pandêmica H1N1 2009 identificados os contatos que ocorreram
até sete dias antes do início dos sintomas
foi o RT-PCR.
dos irmãos: 1) contatos familiares e
amigos próximos; 2) escola; 3) escola de
Local de estudo inglês; e 4) transporte escolar. Foram
Osasco é a quinta maior cidade paulista, avaliadas todas as atividades diárias dos
com um dos maiores índices de desenvolvi- irmãos e identificado que não houve deslo-
mento do Estado e sua população já ultra- camento para fora da cidade de Osasco no
passou a marca de 700 mil habitantes. Conta período investigado.
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Familiares
Os irmãos dividiam a casa com os pais, crônica e apresentar sintomas quando há
que apresentaram sintomas da doença mudança brusca de temperatura. Os três
posteriormente e tiveram diagnóstico filhos e a esposa fizeram o tratamento
confirmado (Figura 3). Os pais também completo com oseltamivir, receitado pelos
não tiveram deslocamento ou contato com médicos do Emílio Ribas, e não apresenta-
outros casos sabidamente suspeitos ou ram mais sintomas.
positivos. Relataram ter contato frequente
com a família da tia do óbito, que é com-
Escola
posta por seis membros (pai, mãe, avó e
Diariamente, os irmãos frequentavam a
três crianças). Desses, as três crianças e a
escola pública na cidade de Osasco, SP. A VE
avó tiveram diagnósticos confirmados
do município realizou busca ativa de casos
posteriormente e não houve deslocamento
suspeitos entre os alunos da mesma sala dos
ou contato com outros casos sabidamente
irmãos, para identificar sintomáticos
suspeitos ou positivos.
respiratórios. Foram feitos 64 contatos
O tio referiu ter apresentado sintomas diários, equivalente ao número de alunos
respiratórios sete dias antes da sobrinha das duas salas e mais 17 contatos com
que faleceu (dia 22/06). Foi coletado funcionários e professores que conviviam
sangue para sorologia tardia do tio, excepcio- com dois irmãos. Desses, apenas duas
nalmente fora do período recomendado crianças apresentaram sintomas gripais,
pelo protocolo e encaminhado para o IAL. ambos após o óbito. Nenhum desses contac-
Investigada a história pregressa de gripe do tantes teve deslocamento ou contato com
tio e o vínculo epidemiológico existente outros casos suspeitos ou confirmados. A
entre eles. O tio referiu não ter se deslocado Tabela a seguir mostra a distribuição dos
de Osasco e não ter tido contato com casos contactantes que estudavam na mesma sala
positivos de influenza pandêmica H1N1 dos irmãos e o Gráfico, a data de início dos
2009. Referiu ter diagnóstico de bronquite sintomas.
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CONCLUSÃO
E s t e e s t u d o a p re s e n t o u a l g u m a s países com relato de transmissão do
limitações, como a impossibilidade de vírus. MCL foi o primeiro óbito na
diagnóstico laboratorial devido à perda cidade de Osasco associado à infecção
da oportunidade de coleta de exame dos por influenza pandêmica H1N1 2009
contatos suspeitos anteriores a 28/06 e autóctone, sem vínculo epidemiológico
a dificuldade de acesso às informações com caso importado da doença. Foi
junto à família do óbito, uma vez que a confirmada a existência de um surto
imprensa local divulgou os nomes dos fa m i l i a r d e i n fe c ç ã o p o r i n f l u e n z a
casos na mídia. pandêmica H1N1 2009, com nove casos
Foram investigados todos os conta- confirmados; a provável fonte de infec-
tos dos dois primeiros casos de influen- ção foi MCL. Com base nesta investiga-
za pandêmica H1N1 2009 e não foram ç ã o , f o i c o n f i r m a d a a t ra n s m i s s ã o
identificados casos suspeitos que sustentada do vírus influenza pandêmi-
t ive s s e m s e d e s l o c a d o p a ra o u t ro s ca H1N1 2009 no País.
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faster than swine flu itself. Science. Aprovado em: 26/01/2011
Correspondência/Correspondence to:
Daniel Marques
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6º andar – Pacaembu
CEP 01246-000 – São Paulo/SP – Brasil
Telefone: 55 11 3066-8743
E-mail: dmarques@saude.sp.gov.br
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Comunicação rápida
RESUMO
A meningite é uma doença que acomete as populações de diferentes partes
do mundo, sendo caracterizada como um importante problema de saúde
pública. O objetivo deste estudo foi avaliar a positividade para Neisseria
meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae
utilizando diferentes métodos convencionais de diagnóstico laboratorial. O
estudo incluiu os casos suspeitos de meningite bacteriana diagnosticados
no Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão Preto, ocorridos no período de janeiro
de 2007 a dezembro de 2009. Foram analisadas 1.722 amostras utilizando,
individualmente ou associados, os métodos de bacterioscopia, cultura de
líquido cefalorraquidiano (LCR), hemocultura e/ou reação de
contraimunoeletroforese. Entre as amostras analisadas, 392 (22,76%)
apresentaram positividade para algum agente bacteriano em pelo menos
um dos métodos utilizados. Dessas, 17,35% foram positivas para N.
meningitidis, 15,82% para S. pneumoniae e 2,04% para H. influenzae. O
fenótipo C: 23: P1.14-6 de N. meningitidis foi o mais prevalente, seguido do
B: 4,7: P1.19,15. Os sorotipos 14, 3, 12F, 23F, 19F e 6B de S. pneumoniae
foram os mais encontrados. O estudo concluiu que todos os métodos de
diagnóstico laboratorial utilizados são complementares e nenhum deles
deve ser negligenciado. A cultura continua sendo considerada o padrão
ouro para o diagnóstico da meningite bacteriana.
Nota: Artigo extraído do trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentado ao Programa de Aprimoramento Profissional (Fundap) – Instituto Adolfo Lutz de
Ribeirão Preto. Título do trabalho: “Meningite por Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae identificada por métodos
laboratoriais clássicos, na região de Ribeirão Preto, no período de 2007 a 2008”. Data da apresentação: fevereiro/2010.
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ABSTRACT
Meningitis is a disease that affects people in different parts of the world,
characterizing an important public health problem. This study is designed
to evaluate the positivity of Neisseria meningitidis, Streptococcus
pneumoniae and Haemophilus influenzae, using different conventional
methods of laboratory diagnosis. The study included all suspected cases of
bacterial meningitis diagnosed at the Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão
Preto, S.P., Brasil, during the period comprised between January, 2007 and
December, 2009. A total of 1.722 samples was performed using either alone
or associated with the conventional methods as Gram stain, Cerebrospinal
Fluid Culture, blood culture and/or counterimmunoelectrophoresis.
Among the analyzed samples, 392 (22.76%) presented positivity for some
bacterial agent, in at least one of the methods used. Of these, 17.35% were
positive for N. Meningitidis, 15.82% for S. pneumoniae and 2.04% for H.
influenzae. Phenotype C: 23: P1.14-6 of N. meningitidis was the most
prevalent, followed by phenotype B: 4, 7: P1.19,15. Serotypes 3, 9V, 12F, 14,
23F, 19F and 6B of S. pneumoniae were the most common . The study
concluded that all diagnostic methods used were complementary, so
neither should be neglected. The Cerebrospinal Fluid Culture or blood
culture continues being considered the gold standard for bacterial
meningitis diagnosis.
INTRODUÇÃO
Meningite é um processo inflamatório Os casos de meningite são de abrangência
que acomete as meninges e pode ser de mundial, o que a caracteriza como um
etiologia infecciosa ou não. O processo não importante problema de saúde pública,
infeccioso pode estar relacionado a vários podendo sua letalidade atingir até 70% nas
fatores, como hemorragia subaracnóidea, formas graves, sendo comum a ocorrência
neoplasias primárias ou secundárias do de sequelas neurológicas. 2
sistema nervoso central (leucemia, tumo- Os casos de meningite bacteriana
res), distúrbios metabólicos etc. O processo apresentam distribuição global, podendo
de origem infecciosa pode ser causado por ocorrer surtos ocasionais e epidêmicos em
grande variedade de microrganismos, tais qualquer país do mundo. Ocorrem de forma
1
como bactérias, vírus, fungos e parasitas. endêmica em todos os continentes, inclusi-
Esses microrganismos são de distribuição e ve em países desenvolvidos. Mas, a frequên-
predominância variadas, dependendo das cia é inversamente proporcional à situação
3
características particulares de cada região. socioeconômica e à idade.
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Do ponto de vista de saúde pública, os casos cer o agente etiológico. Porém, a identifica-
de meningite causados por bactérias e vírus ção laboratorial da etiologia bacteriana da
são considerados os mais importantes, devido meningite aguda é essencial para a implanta-
à sua alta ocorrência e potencial de produzir ção de antibioticoterapia adequada e da
surtos epidêmicos.
1
quimioprofilaxia dos contatos.7,8
Neisseria meningitidis (N.M.), Haemophi- Em relação às meningites bacterianas,
lus influenzae (H.I.) e Streptococcus pneu- este estudo é relevante devido à necessida-
moniae (S.pn) são os principais agentes de de identificar os principais agentes
etiológicos de meningite bacteriana notifi- etiológicos causadores dessa doença,
cáveis em nível nacional. Esses agentes auxiliando na escolha de tratamentos e
etiológicos geralmente estão presentes nas vacinas eficazes que permitam o controle
narinas e no sistema respiratório do ser efetivo do agravo.
humano, podendo ser responsáveis por O objetivo do estudo foi avaliar a preva-
mais de 80% dos casos de meningites lência de N. meningitidis, S. pneumoniae e H.
bacterianas fatais. 4 A transmissão ocorre influenzae, verificando a positividade de
por contato direto, pessoa a pessoa, através cada um dos agentes etiológicos nos dife-
da disseminação de gotículas, contato oral rentes métodos clássicos de diagnóstico
ou por objetos recém-contaminados com laboratorial.
secreções das vias respiratórias do porta-
5
dor assintomático ou do doente.
MATERIAL E MÉTODOS
Essas bactérias são capazes de escapar à
No período de janeiro de 2007 a dezem-
fagocitose, sobretudo pela presença de
bro de 2009, no Instituto Adolfo Lutz de
cápsulas polissacarídicas, que aumentam
Ribeirão Preto (IAL-RP) – órgão da Coor-
sua virulência, tornando-as muito invasi- denadoria de Controle de Doenças da
vas. As cepas de N. meningitidis são classi- Secretaria de Estado da Saúde de São
ficadas em 12 sorogrupos, de acordo com o Paulo (CCD/SES-SP) –, foram investigadas
antígeno polissacarídeo presente na 1.722 amostras, incluindo líquido cefalor-
6
cápsula bacteriana, sendo os sorogrupos raquidiano (LCR), sangue e cepas bacteria-
A, B, C, W135 e Y os mais frequentes. nas recebidas de outros laboratórios
Podem ainda ser classificadas em soroti- locais, para identificação. Todas as amos-
pos e sorosubtipos, de acordo com os tras foram provenientes de casos suspei-
antígenos protéicos presentes na parede tos de meningite bacteriana de pacientes
externa da bactéria. As cepas de S. pneumo- internados em hospitais das regiões de
niae são classificadas em mais de 90 Ribeirão Preto, Franca, Barretos e Arara-
sorotipos capsulares, enquanto as de H. quara. Os métodos utilizados (bacteriosco-
influenzae são classificadas em 6 sorotipos pia e cultura do LCR, hemocultura e/ou
(a, b, c, d, e, f ), a partir da diferença antigê- contraimunoeletroforese) foram realiza-
nica da cápsula polissacarídica. 1 dos de acordo com metodologia descrita
Todos os casos de meningite bacteriana no manual sobre meningite do Ministério
devem ser considerados como emergências da Saúde. 9 A sorotipagem de N. meningiti-
médicas e, por esse motivo, é necessário dis, S. pneumoniae e H. influenzae foi
iniciar o tratamento antes mesmo de conhe- realizada no Instituto Adolfo Lutz Central
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(São Paulo). Ressalte-se que nem todas as (9,68%), 23F (8,06%), 19F (8,06%) e 6B
amostras foram submetidas a todos os (6,45%) foram os mais frequentes e os
métodos de diagnóstico citados. 46,77% restantes apareceram distribuídos
entre vários outros sorotipos.
RESULTADOS Dos 8 isolados de H. influenzae, 4 perten-
Das 1.722 amostras investigadas, 392 ciam ao biotipo II, entre os quais 2 foram
resultaram positivas para algum agente positivos para o sorotipo a, 1 sorotipo b e
bacteriano (Figura 1), entre os quais 68 N. outro negativo para qualquer sorotipo. Os
meningitidis, 62 S. pneumoniae e 8 H. quatro restantes foram determinados como
influenzae. Analisando os métodos de H. influenzae biotipo I sorotipo b, H. influen-
diagnóstico isoladamente, observa-se que zae biotipo V, H. influenzae biotipo III e um
os três agentes etiológicos foram diagnosti- H. influenzae não encapsulado.
cados com melhor eficiência através de Verificou-se que 60% dos casos de
cultura (Figura 2). meningite por N. meningitidis, S. pneumoni-
Os isolados de N. meningitidis foram ae e H. influenzae ocorreram entre pacien-
identificados como pertencentes aos tes do sexo masculino. A distribuição dos
sorogrupos C (80,60%) e B (19,40%), com casos por faixa etária pode ser observada
predominância do fenótipo C: 23 P1.14-6, na Figura 3, enquanto a Tabela 1 mostra a
seguido por B: 4,7 P1.19,15. associação dos diferentes métodos clássi-
Entre os isolados de S. pneumoniae os cos utilizados para o diagnóstico laborato-
sorotipos 14 (11,29%), 3 (9,68%), 12F rial de meningite bacteriana.
0 5 10 15 20 25 30 0 10 20 30 40 50 60
Investigação de meningite por Neisseria meningitidis, Streptococcus Investigação de meningite por Neisseria meningitidis, Streptococcus
pneumoniae e Haemophilus influenzae na região de Ribeirão Preto, pneumoniae e Haemophilus influenzae na região de Ribeirão Preto,
SP, Brasil, utilizando métodos laboratoriais convencionais. SP, Brasil, utilizando métodos laboratoriais convencionais.
Figura 1. Distribuição dos isolados entre as 392 amostras Figura 2. Positividade dos diferentes métodos de
positivas para meningite bacteriana. diagnóstico, considerados isoladamente, em relação à N.
meningitidis, S. pneumoniae e H. influenzae.
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N.M.
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S.Pn.
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.I.
a
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5-
-1
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>
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30
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pneumoniae e Haemophilus influenzae na região de Ribeirão Preto, SP,
Brasil, utilizando métodos laboratoriais convencionais.
DISCUSSÃO
Apesar dos esforços aplicados no desen- Os casos de meningite causados por S.
volvimento de medidas de vigilância para o pneumoniae ocupavam o segundo lugar,
controle de casos epidemiológicos de junto com os causados por H. influenzae,
meningite bacteriana, estes ainda consti- no período pré-vacina. Com a instituição
tuem um sério problema de saúde pública da vacina para H. influenzae sorotipo b no
2
em todo mundo. Observa-se uma grande calendário de vacinação, em 1999, esse
incidência de casos em que a letalidade e as quadro foi modificado. 11 Como demonstra-
sequelas apresentadas pelos sobreviventes do na Figura 1 e na Tabela 1, a incidência
10
não devem ser menosprezadas. de meningite causada por Haemophilus foi
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bem menor do que por S. pneumoniae e N. crianças menores de 9 anos, porém não em
meningitidis, devido à eficácia da vacina- adultos. Esses resultados corroboram com
ção, fato observado também em outras outros, demonstrando também esta ten-
regiões do Brasil 12,13,14 e países da América dência em outras regiões do Brasil.
7
15,16
latina. Entre as quatro Divisões Regionais de
Este estudo demonstra que a soma dos Saúde (DRS) estudadas, 25 municípios
casos diagnosticados como H. influenzae, contribuíram com nossos dados, sendo que
S. pneumoniae e N. meningitidis resultou a DRS de Ribeirão Preto enviou o maior
em 35,21% do total de amostras positivas número de amostras para o diagnóstico
(Figura 1), diferindo de outros estudos 8,10 laboratorial. Isto pode ser explicado devido
que relatam cerca de 60% a 80% dos à proximidade geográfica com o laborató-
casos de meningite por esses agentes rio, o que facilita o envio das amostras.
etiológicos. Ressaltamos que, pelo fato, A cultura foi o método laboratorial que
dessas bactérias serem consideradas mais diagnosticou os casos suspeitos de
fastidiosas, a coleta, o manuseio, o encami-
meningite bacteriana (Tabela 1 e Figura 2),
nhamento da amostra e o uso prévio de
pois, além da sensibilidade deste método,
antimicrobianos podem interferir no
este foi o exame mais utilizado para o
diagnóstico laboratorial.
diagnóstico.
A Figura 1 demonstra que houve uma
No período estudado, 13,04% dos casos
predominância no isolamento de Staphylo-
foram diagnosticados utilizando apenas a
coccus sp e bacilos Gram-negativos.
17 reação de CIE (Tabela 1). Entretanto,
TONDELLA et al. (1989) afirmam que
Fukasawa et al. (2010) 11 discutem as
esses microorganismos são frequentemen-
limitações da reação de contraimunoele-
te apontados como agentes patogênicos
troforese quando comparada com a PCR,
oportunistas, especialmente nos casos de
devido aos resultados falsos positivos que
infecções hospitalares após intervenções
podem ocorrer, além de ser uma reação
cirúrgicas. No entanto, podem também
restrita para os sorogrupos A, B e C de N.
estar relacionados à contaminação durante
meningitidis e o sorotipo b de H. influenzae
a coleta devido à manipulação inadequada,
condições de armazenamento e encami- e não diagnosticar S. pneumoniae.
nhamento das amostras. Segundo CASTIÑEIRAS et al. (2004), 3 os
Quanto à faixa etária (Figura 3), os casos casos de doença meningocócica relatados
de meningite por N. meningitidis foram no mundo são causados pelos sorogrupos
predominantes em crianças com idade A, B e C. De acordo com os dados da Organi-
menor ou igual a 4 anos, coincidindo com zação Pan-Americana da Saúde, 18 no Brasil
relato de Castiñeiras et al. (2004). 3 Dados ocorre prevalência do sorogrupo C. Na
da Funasa (2002) 7 mostram que a meningi- região estudada observamos resultado
te por S. pneumoniae é prevalente em semelhante em relação ao sorogrupo C.
adultos maiores de 50 anos – em nossa Embora o Centro de Referência Nacional
região encontramos resultados semelhan- para Meningites e o Instituto Adolfo Lutz e
tes. Embora de forma bastante diminuída, a o Centro de Vigilância Epidemiológica
meningite por H. influenzae ocorreu em “Prof. Alexandre Vranjac”, ambos órgãos do
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Correspondência/Correspondence to:
Marta Inês Cazentini Medeiros
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CEP: 14085-410 – Ribeirão Preto/SP – Brasil
Tel: 55 16 36255046
E mail: micmedeiros@ial.sp.gov.br
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custo-efetiva para a reabilitação visual motivados pela mídia, foram operadas nos
3
dos idosos. mutirões. Restaram, porém, aqueles
A maioria dos idosos deficientes visuais pacientes que estavam desmotivados, sem
por catarata não sabe que pode ser curada recursos para transporte, com dificuldade
por cirurgia ou não se motiva em procurar de locomoção, em regiões remotas com
tratamento. Os principais fatores estimu- difícil acesso que necessitavam ser encon-
lantes para a procura de tratamento cirúrgi- trados. Esses são os idosos que ainda estão
co são: conhecer alguém que já se submeteu com cataratas e para os quais devem ser
à cirurgia com sucesso, ter acesso fácil a implementados mecanismos para facilitar
serviços oftalmológicos ou quando um seu acesso à cirurgia.
profissional de saúde informa ao idoso o
que é catarata e como pode ser tratada. Glaucoma
A taxa de cirurgias de catarata é uma O glaucoma é definido pela presença de
medida quantificável da oferta dos serviços alterações de campo visual, características
de cirurgia de catarata. Essa taxa é o núme- de lesão das fibras do nervo óptico, acom-
ro de cirurgias de catarata realizadas por panhadas ou não de aumento da pressão
milhão/população/ano. A OMS advoga que 14
intraocular. É a principal causa de ceguei-
para eliminar a cegueira devido à catarata ra irreversível e corresponde a 20% dos
deve-se realizar pelo menos 3.000 cirurgias cegos do mundo. 1
de catarata/milhão de habitantes por ano A prevenção de cegueira por glaucoma é
10
em determinada região ou país. realizada com detecção precoce dos casos e
O Estado de São Paulo é o que mais realiza tratamento oportuno, clínico e/ou cirúrgi-
cirurgias de catarata pelo Sistema Único de co. Não existem, atualmente, técnicas
Saúde (SUS), porém, em 2006, não alcançou efetivas para a triagem de glaucoma que
nem 50%, tendo aumentando, em 2007, para 15
possam detectar todos os casos. Enquanto
pouco mais de 50% da meta preconizada não se descobre o melhor meio de detectar
pela OMS para a eliminação da cegueira por o glaucoma, a medida da pressão intraocu-
catarata. Se a meta não é alcançada em lar e o exame do disco óptico são os méto-
determinado ano, os casos são acumulados dos utilizados de rotina para detectar a
para o período seguinte, somando-se aos alteração na população. Portanto, deve-se
casos novos daquele ano.11-13 considerar sua utilização como rotina em
Existe uma impressão equivocada de que idosos, já que a frequência nessa faixa
após os mutirões de cirurgia, realizados etária é maior, isto é, o risco de apresentar
desde o final da década passada, tenha-se glaucoma aumenta com a idade e todos os
conseguido eliminar a cegueira por catara- indivíduos sob suspeita devem ser encami-
ta e não há necessidade de continuar a nhados para exames mais apurados.
despender esforços para operar grande Os idosos, pessoas da raça negra e os
número de pessoas. O que ocorreu foi que diabéticos são os grupos populacionais
as pessoas com catarata que tinham mais com alto risco de apresentar glaucoma. Por
acesso aos serviços, com facilidade de isso, devem ser identificados por triagens
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transporte e que eram mais facilmente seletivas.
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Correspondência/correspondence to:
Norma Helen Medina
Av. Dr. Arnaldo, 351 – sala 613 – Pacaembu
CEP: 01246-000 – São Paulo/SP – Brasil
Telefax: 55 11 3066-8153 – Email: dvoftal@saude.sp.gov.br
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Informe técnico
INTRODUÇÃO
Em 1968 foi publicada a primeira norma com as propostas de alterações para o
do Programa de Imunização da Secretaria da calendário vacinal do Estado de São Paulo.
Saúde Pública, antiga denominação da Dessa forma, é compromisso da CPAI a
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, divulgação anual do calendário estadual
sob o comando do doutor Walter Leser, então para orientar os serviços de saúde e o
secretário. sistema de vigilância sobre como proceder
Em 1973 o governo federal criou o Progra- junto à população.
ma Nacional de Imunizações (PNI), como Esse informe técnico atualiza a Norma
parte de um conjunto de medidas que visa- Técnica de Imunização do Estado de São
vam redirecionar a atuação governamental, Paulo com as novas vacinas introduzidas
ajustando-se aos objetivos e diretrizes do no calendário nacional e as recentes
Programa Ampliado de Imunizações (PAI) da recomendações das áreas técnicas da
Organização Mundial de Saúde (OMS). Até pasta, conforme a Resolução SS nº 240, de
então, as ações de imunização eram marcadas 10 de dezembro de 2010, publicada no
pela atuação isolada de programas nacionais Diário Oficial do Estado de São Paulo, em
para o controle de doenças específicas, como 11 de dezembro de 2010.
a Campanha de Erradicação da Varíola e o
Plano Nacional de Controle da Poliomielite e Vacina meningocócica C (conjugada)
da Tuberculose. Com o PNI, o Ministério da A doença meningocócica (DM) é um dos
Saúde definiu as vacinas obrigatórias do grandes problemas de saúde pública. Estima-
calendário vacinal, permitindo às unidades se a ocorrência de pelo menos 500 mil casos
federadas propor medidas complementares por ano no mundo, com cerca de 50 mil
no âmbito de seu território. óbitos, e entre 11% e 19% dos casos associa-
Os aspectos técnico-científicos das dos a sequelas. Em geral, é uma doença de
imunizações no Estado de São Paulo têm o evolução rápida e com alta letalidade, que
apoio relevante da Comissão Permanente varia de 7% a 70%. Mesmo em países com
de Assessoramento em Imunizações (CPAI), assistência médica adequada, a meningococ-
criada em 1987 e consolidada no âmbito da cemia pode ter uma letalidade de até 40%.
Secretaria da Saúde pela Resolução SS-56, Acomete pessoas de todas as faixas etárias,
de 23 de maio da 2006. Em virtude dos porém a maior incidência é em crianças
novos conhecimentos e recursos, que menores de 5 anos de idade, sobretudo nos
continuamente surgem para a prevenção de menores de 1 ano. Em situações de surtos
doenças transmissíveis, torna-se imperati- observa-se uma distribuição da DM entre os
va a revisão periódica das normas vigentes, adolescentes e adultos jovens.
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Nota: Vacina pneumocócica 23-valente – Indicada durante as campanhas nacionais de vacinação do idoso para indivíduos que vivem em instituições
fechadas, como casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso.
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