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ISSN 1806-423-X

ISSN 1806-4272 – online

Boletim Epidemiológico Paulista

BEPA
Volume 7 Número 73 janeiro/2010
73
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA ISSN 1806-423-X
Volume 7 Nº 73 janeiro de 2010

Nesta edição

Evolução dos casos de coinfecção tuberculose/HIV com cultura positiva após alta do tratamento
de tuberculose
Evolution of co-infection tuberculosis/HIV cases with positive culture after treatment outcome of
tuberculosis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Mortalidade por diabetes mellitus no estado de São Paulo com ênfase nos anos de 2005-2007
Mortality due to diabetes mellitus in the state of São Paulo with emphasis in
the years 2005-2007 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Descrição e utilização de alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR.


New molecular targets for PCR identification of Leishmania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose


Changes in tuberculosis treatment scheme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Instruções aos Autores


Autor´s Instructions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

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Bepa 2010;7(73):4-10
Artigo original

Evolução dos casos de coinfecção tuberculose/HIV com cultura positiva


após alta do tratamento de tuberculose
Evolution of co-infection tuberculosis/HIV cases with positive culture after
treatment outcome of tuberculosis
Camila de Fátima CostaI; Nilton José Fernandes CavalcanteI,II
I
Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo, SP, Brasil
II
Área de Infectologia do Programa de Pós-Graduação em Ciências. Coordenadoria de Controle de Doenças.
Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo, SP, Brasil

RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi verificar a evolução de pacientes que tiveram
alta por cura do tratamento contra a tuberculose (TB) quanto à ocorrência de
recidiva, no período entre 2002 e 2003. O método envolveu estudo transversal
retrospectivo, com os seguintes critérios de inclusão: casos de TB com cultura
positiva, HIV positivo, >18 anos, curados do tratamento da TB e com seguimento
ambulatorial em um serviço de referência para HIV/Aids, em São Paulo (SP),
Brasil. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade, sexo, forma clínica,
internação, tipo de caso, esquema de tratamento TB e mudança de esquema,
hepatoxicidade, resistência, alcoolismo, tabagismo, usuário de drogas, HAART,
CD4, carga viral e classificação da imunodeficiência. Para detecção das recidivas,
os pacientes foram seguidos por 6,5 anos após a cura pelo sistema de informação
TB-Web do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Instituto de Infectologia
Emilio Ribas. Para avaliar a significância estatística dos resultados foram
utilizados os testes qui-quadrado ou exato de Fisher. Foram estudados 39
pacientes. Ocorreram sete recidivas (17,9%). Na analise univariada a não
utilização de HAART [RR=0,11 (IC95%:0,011-0,88); p = 0,05] mostrou-se
associada à recidiva. Os resultados sugerem que deva ser incentivado para
pacientes coinfectados com M. tuberculosis e HIV o uso de HAART para redução
da ocorrência de recidiva.

Evolução dos casos de coinfecção tuberculose/HIV com cultura positiva após alta do tratamento de tuberculose/Costal CF et al.

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PALAVRAS-CHAVE: Tuberculose. Recidiva. Infecção por HIV.


ABSTRACT
The objective of this paper was verifying the evolution of patients who obtained
treatment discharge due to cure from Tuberculosis (TB), regarding the occurrence
of recidivation, during the period comprised between 2002 and 2003. The method
involved a transversal retrospective study, with the following inclusion criteria: TB
cases with positive cultures, HIV positives, >18 years old, discharged from TB
treatment and with outpatient clinic follow up, in a reference service for HIV/Aids
attention in São Paulo (SP), Brazil. The following variables were evaluated: age, sex,
clinical presentation, hospitalization, case type, TB treatment program and
eventual changes in the program, hepatotoxicity, drug resistance, alcoholism,
smoking, use of drugs, HAART, CD4, viral load, and immunodeficiency classification.
In order to detect recurrence patients were subjected to 6,5 years follow up, after
cure, by the information system TB-Web, from the Epidemiologic Surveillance
Department of the Instituto de Infectologia Emilio Ribas. In order to evaluate
statistic significance of the results, chi-square tests or Fischer´s exact test were both
employed. A total of 39 patients were studied. There were 7 (17,9%) cases of
recurrence. In the univariate analysis, not using the HAART [RR= 0,11
(IC95%:0,011-0,88); p = 0,05] proved to be associated to recurrence of
tuberculosis. Results suggest that the use of HAART must be encouraged for
patients registering coinfected with M. tuberculosis and HIV, in order to reduce TB
recurrence.

KEY WORDS: Tuberculosis, recurrence, HIV infection

INTRODUÇÃO
A persistência de bacilos da tuberculose recidiva mais elevadas em pacientes infec-
(TB) em pacientes considerados curados, tados com HIV, enquanto outros mostram
determinando a recidiva da doença, é uma valores semelhantes aos obtidos em estudos
questão importante nos dias de hoje.
1
anteriores.3
Segundo a Organização Mundial da Saúde Além disso, pessoas com HIV/Aids
(OMS), pessoas coinfectadas pelo Mycobac- expostas à intensa transmissão do M. tuber-
terium tuberculosis e vírus da imunodefi- culosis em locais com elevada prevalência de
ciência humana (HIV) estão em risco de TB são fortemente susceptíveis ao desenvol-
desenvolver tuberculose por reativação da vimento de tuberculose primária aguda ou
1,2
infecção latente. 2
reinfecção exógena. Em locais com baixa
Com o surgimento da epidemia pelo HIV, incidência de TB, a recidiva geralmente se
3,5
alguns estudos têm mostrado taxas de deve à reativação endógena.

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Quando originada de reativação endógena, Os critérios de exclusão foram: casos com


a recidiva tende a ser mais frequente nos dois transferência confirmada com seguimento
primeiros anos após o término da quimiotera- do tratamento em outro serviço, duplicidade
pia, e seu risco diminui com o tempo.4,5 No de notificações e interrupção de esquema
tratamento da TB um dos principais problemas por mudança de diagnóstico de caso suspei-
é o uso prolongado da medicação, o que to de recidiva.
dificulta a adesão do doente e, por consequên- Considerou-se como caso novo de tuber-
cia, favorece a seleção de micobactérias culose todo paciente de ambos os sexos
resistentes, colaborando para a incidência de apresentando quadro compatível com TB
2,3
casos de recidiva. confirmado por cultura e isolamento de
Considerando que, anualmente, cerca de Mycobacterium tuberculosis a partir da
10% dos pacientes com HIV têm a probabilida- amostra do material coletado de suspeita de
de de desenvolver tuberculose, o conhecimen- tuberculose. Definiu-se recidiva como todo
to dos fatores de risco para a recidiva da TB paciente com tuberculose que já se tratou
permitirá o desenvolvimento de ações para anteriormente e recebeu alta por cura, desde
assegurar o sucesso do tratamento.6 que o intervalo entre a data da cura e a do
Para tanto, verificou-se a evolução de diagnóstico da recidiva não ultrapassassem
pacientes que tiveram alta por cura do trata- cinco anos, de acordo com as definições do
13
mento de tuberculose quanto à ocorrência de Ministério da Saúde.
recidiva no período entre 2002 e 2003. Cada paciente teve suas informações
coletadas utilizando-se uma ficha elaborada
MÉTODO especificamente para este estudo, a qual foi
preenchida a partir de informações de pron-
Foi realizado um estudo transversal,
tuários.
retrospectivo, mediante revisão de prontuári-
os dos casos notificados no Núcleo de Para efeito de análise, as variáveis foram
Vigilância Epidemiológica do Instituto de agrupadas em:
Infectologia Emílio Ribas – instituição da ! variáveis sociodemográficas (idade,
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo –, sexo);
no período de 2002 a 2003. Os dados foram ! variáveis relacionadas ao diagnóstico
obtidos pelo banco de dados TB-Web normali- (forma clínica, confirmação etiológica,
zado pelo Ministério da Saúde e, posteriormen- internação);
te, dos prontuários médicos de cada paciente
! variáveis relacionadas ao tratamento
atendido no hospital para o tratamento da
(tipo de caso, esquema, tempo,
tuberculose. O período de acompanhamento
hepatoxicidade, mudança de esquema,
dos casos ocorreu de 2002 a 2008.
resistência);
Foram incluídos no estudo casos novos de
! doenças associadas (alcoolismo,
TB com cultura positiva, HIV positivo,
tabagismo, UDIV); e
pacientes >18 anos, encerramento do caso
como cura e seguimento ambulatorial no ! variáveis relacionadas ao HIV/Aids
Instituto durante todo o período do trata- (utilização de HAART, CD4, carga viral,
mento da TB. classificação da imunodeficiência).

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Para avaliar a significância estatística, foi Em relação à Aids, 21 pacientes (53,8%)


utilizado o intervalo de confiança das odds tiveram contagem de CD4 <200, 21 (53,8%)
ratios e o valor de p obtido (teste do qui- apresentaram a classificação C3, 30 (76,9%)
quadrado), sendo considerado significante o dosaram a carga viral e 31 (79,5%) utilizaram
valor de p <0,05. HAART na vigência do tratamento da TB
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de (Tabela 3). Todos os 39 casos (100,0%)
Ética e Pesquisa do Instituto de Infectologia tiveram cura do tratamento, entretanto 4
Emilio Ribas, protocolo nº 65/2008. (10,2%) evoluíram para óbito após um
período médio de 28,8 meses do término do
tratamento da TB.
RESULTADOS
Tabela 3. Variáveis avaliadas dos casos de tuberculose/HIV dos
Foram selecionados 39 pacientes, no pacientes novos e recidiva de tuberculose. São Paulo (SP), Emilio
período de janeiro de 2002 a dezembro de Ribas, 2002-2003.
2003 com média de idade de 41,6 anos, 27 Variáveis relacionadas novos recidiva
ao tratamento da TB n=39 100,0% n=7 100,0%
(69,2%) eram do sexo masculino e 16 (41,0%)
Mudança de esquema
eram alcoolistas (Tabela 1). Quanto à forma
Não 34 87,2% 6 85,7%
clínica, 18 (46,2%) apresentaram a forma Sim 5 12,8% 1 14,3%
pulmonar (Tabela 2) e 29 (74,0%) utilizaram o Alteração hepática
esquema I. (TGO/TGP)
Não 32 82,1% 5 71,4%
Tabela 1. Variáveis avaliadas dos casos de tuberculose/HIV com Sim 7 17,9% 2 28,6%
confirmação por cultura dos casos novos e com recidiva. São
Paulo (SP), Emilio Ribas, 2002-2003. Resistência
Não 38 97,5% 5 71,4%
novos recidiva
Doenças associadas Sim 1 2,5% 2 28,6%
n = 39 100,0% n = 7 100,0%
Etilismo Contagem de CD4
(células/mm3
Não 23 59,0% 4 57,1%
Sem informação 7 17,9% 0 0,0%
Sim 16 41,0% 3 42,9%
<200 21 53,8% 4 57,2%
UDIV >200 11 28,3% 3 42,8%
Não 32 82,1% 6 85,7%
Carga viral plasmática
Sim 7 17,9% 1 14,3% (cópias/ml)
Tabagismo Não 9 23,1% 2 28,6%
Não 28 71,8% 4 57,1% Sim 30 76,9% 5 71,4%
Sim 11 28,2% 3 42,9% Utilização de HAART na
Classificação Aids vigência do tratamento TB*
C1 0 0,0% 0 0,0% Não 8 20,5% 4 57,2%
C2 11 28,3% 3 42,9% Sim 31 79,5% 3 42,8%
C3 21 53,8% 4 57,1% *(OR = 0,11; IC95%: 0,011-0,88; p = 0,05)
Fonte: Banco de dados – TB Web, 2008 Fonte: Banco de dados – TB Web, 2008

Tabela 2. Formas de apresentação clínica dos pacientes com


tuberculose/HIV com confirmação por cultura dos casos novos e Após 6,5 anos de seguimento foram
com recidiva. São Paulo (SP), Emilio Ribas, 2002-2003.
identificados sete (17,9%) casos de recidiva
novos recidivas
Forma de apresentação de TB. As recidivas ocorreram entre 6 e 50
da tuberculose n % n %
Pulmonar 18 46,2% 2 28,6%
meses, sendo que 57,2% ocorreram nos
Extrapulmonar 13 33,3% 3 42,8% primeiros 24 meses, com média de 27,1
Disseminada 8 20,5% 2 28,6%
meses. A idade variou de 31 a 54 anos; 4
Total 39 100,0% 7 100,0%
Fonte: Banco de dados – TB Web, 2008 (57,1%) eram do sexo feminino, 3 (42,9%)

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eram alcoolistas e tabagistas e 4 (57,1%) pacientes que tiveram seu diagnóstico confir-
apresentaram a classificação C3 (Tabela 1). Em mado tanto de TB como de HIV, o que difere dos
relação à forma clínica, a apresentação extra- achados em outros estudos que demonstram
pulmonar ocorreu em 3 (42,8%) e 4 (57,0%) associação entre infecção pelo HIV e taxas
3
utilizaram esquema IR. maiores de recidiva com desfecho desfavorá-
6
A contagem de CD4 <200 ocorreu em 4 vel como falência e óbito.
(57,1%) pacientes, 5 (71,4%) a dosaram a Não houve significância estatística quanto
carga viral, 3 (42,8%) utilizaram HAART às variáveis de alcoolismo, tabagismo, UDIV e
durante o tratamento da recidiva de TB (Tabela classificação da imunossupressão pelo HIV no
3) e 1 (14,3%) evolui para óbito após 11 meses presente estudo, à semelhança do descrito por
3,9
da cura do segundo episódio de tuberculose outros autores.
(Tabela 4). Em relação à apresentação clínica, nas
Tabela 4. Evolução dos casos de tuberculose/HIV novos e com recidivas de TB ocorreram mais formas
recidiva. São Paulo (SP), Emilio Ribas, 2002-2003.
extrapulmonares.6 Foi observada a associação
novos recidiva
Encerramento de baixos níveis de CD4 e apresentações
n % n %
Abandono 0 0,0% 0 0,0%
atípicas de TB como formas extrapulmonares e
Cura 39 100,0% 7 100, 0%
disseminadas.
Óbito 0 0,0% 1 14,3 % O esquema terapêutico utilizado nesse
Total 96 100,0% 7 100,0% estudo foi adequado em termos de compo-
Fonte: Banco de dados – TB Web, 2008 sição, tempo de uso, indicação e doses
prescritas. De acordo com o Ministério da
DISCUSSÃO Saúde, em pacientes com coinfecção
Segundo JASMER et AL. e MARUZA et
5 TB/HIV recomenda-se o uso de esquema I
AL. 7, em locais de alta incidência de tuber- que, segundo dados do inquérito epidemio-
culose a recidiva geralmente está associada lógico, tem eficácia de 85%.
à reativação endógena. Nesta série cerca de A deficiência imunológica e as conse-
60% dos casos de recidiva ocorreram nos quentes reinfecções ocorrem basicamente
primeiros 24 meses (chamada recidiva nos pacientes que não aderiram ou não
precoce), com probabilidade de tratar-se de responderam ao highly active antiretrovi-
3
reativação endógena, o que é semelhante ao ral therapy (HAART). Isso é corroborado
citado por outros autores, 3,5,8 porém não em nossos resultados, nos quais a recidiva
foram realizadas técnicas moleculares para ocorreu em cerca de 10% dos pacientes
individualizar a ocorrência nesse estudo, se que utilizaram HAART e em 50% dos
por reativação endógena ou por reinfecção pacientes que não receberam antivirais.
exógena. Essa pode ser uma hipótese que explique a
O estudo revelou que as recidivas foram maior ocorrência de recidivas em nosso
mais frequentes em pacientes do sexo masculi- estudo. Além disso, estudos indicam que
no.
3,5,9,10
Entretanto, foram trabalhos que não pacientes com coinfecção TB/HIV que não
estudaram especificamente pacientes HIV utilizaram HAART tiveram maiores taxas
positivos, sendo a coinfecção apenas uma das de mortalidade.
variáveis relatadas como fator de risco. Em O Ministério da Saúde recomenda iniciar
nosso estudo a casuística foi composta de a terapia antiretroviral aproximadamente

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30 dias após o início do tratamento para HAART deve ser incentivado para pacientes
14
tuberculose. Entretanto, em um estudo no coinfectados com M.tuberculosis.
Rio de Janeiro (Capital) verificou-se que a A estreita e forte interação dessas duas
taxa de mortalidade em pacientes com a doenças demanda interação das ações de
coinfecção TB/HIV que faziam uso de HAART controle desenvolvidas pelos programas de TB
foi de 8%, enquanto que naqueles sem HAART e de HIV/Aids.
12
foi de 55%. Deste modo, considera-se oportuno que
15
NAKATAMI et AL. , após a introdução de sejam traçadas estratégias especiais de
HAART em uma coorte de pacientes coinfecta- acompanhamento desses indivíduos, que
dos TB/HIV, observaram um declínio em torno poderão se beneficiar com a implantação
de 50% da tuberculose e de outras doenças de um sistema de vigilância pós-
oportunistas em locais de alta prevalência de tratamento para que eventuais recidivas
M. tuberculosis. possam ser detectadas precoce mente.
Como limitações do estudo encontram-se Planeja-se ampliação da casuística para
obter melhor evidência científica.
o reduzido número de pacientes incluídos e
o desenho transversal e retrospectivo, pois
não foi possível dispor de informações para AGRADECIMENTOS
todas as variáveis, o que pode ter gerado um À Dra. Sandra Musa, do Setor de Vigilância
efeito semelhante ao da não resposta. Epidemiológica do Instituto de Infectologia
Acredita-se que, apesar dessas limitações, é Emílio Ribas, pelo fornecimento dos dados,
possível concluir neste estudo que o uso de observações técnicas e sugestões.

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Correspondência/Correspondence to
Nilton Cavalcante
Av. Dr. Arnaldo, nº 165
CEP: 01246-900 – São Paulo/SP – Brasil
Tel.: 55 11 3896-1422
E-mail: ncavalcante2009@hotmail.com

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Artigo original

Mortalidade por diabetes mellitus no estado de São Paulo com ênfase nos
anos de 2005-2007
Mortality due to diabetes mellitus in the state of São Paulo with emphasis in
the years 2005-2007
Ricardo Sesso,Vilma Pinheiro Gawryszewski, Luiz Francisco Marcopito
Divisão de Doenças Crônicas não Transmissíveis, Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre
Vranjac”, Coordenadoria de Controle de Doenças, Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo, SP, Brasil

RESUMO
A importância do diabetes tem aumentado em todo o mundo devido a sua crescente
prevalência e taxa de mortalidade. Nosso objetivo foi avaliar as taxas de
mortalidade por diabetes mellitus no Estado de São Paulo desde 1980, com ênfase
nos anos de 2005 a 2007. A fonte de dados utilizada foi o Sistema de Informações de
Mortalidade(SIM), composto pelas informações provenientes das declarações de
óbito e disponibilizado pelo Ministério da Saúde. A seleção dos óbitos na população
residente no estado de São Paulo foi realizada utilizando códigos da Classificação
Internacional de Doenças. Houve um aumento da taxa anual de mortalidade bruta
por diabetes mellitus de 1980 até 2000, alcançando 21 óbitos por 100.000
habitantes no sexo masculino. Após o ano 2000 observamos uma tendência à
estabilização dessa taxa. No sexo feminino, houve também um aumento da taxa de
mortalidade bruta até 2000, atingindo 27 óbitos por 100.000 habitantes, ocorrendo
a seguir uma tendência à redução para 23 por 100.000 habitantes em 2007.
Considerando apenas os anos de 2005-2007, a taxa de mortalidade, ajustada por
idade, foi de 21 por 100.000 entre homens e 20 por 100.000 entre mulheres. As
taxas de mortalidade cresceram conforme aumenta a idade. Esses dados indicam a
importância do diabetes como causa de óbito, particularmente entre idosos e
reforçam a necessidade do aperfeiçoamento de medidas que visem tanto a
prevenção como o controle do diabetes.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes mellitus. São Paulo. Mortalidade.

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ABSTRACT
The importance of diabetes mellitus has grown worldwide due to its increasing
prevalence and mortality rates. Our objective was to evaluate the mortality rates of
diabetes mellitus in the State of São Paulo since 1980, with emphasis in the years
2005 to 2007. The source of data was the System of Information on Mortality
composed of data from death certificates and made available by the Ministry of
Health. Death selection in the population resident in the state of São Paulo was
made using codes of the International Classification of Diseases. There was an
increase in the annual crude death rate of diabetes mellitus from 1980 through
2000, reaching 21 deaths per 100.000 inhabitants among males. After the year
2000 these rates leveled off. Among females, there was also an increase in the crude
mortality rate until 2000, reaching 27 deaths per 100.000 inhabitants, and
thereafter there was a trend towards reduction to 23 per 100.000 in 2007. Taking
into account only the years 2005-2007, the mortality rate adjusted for age was 21
per 100.000 among men and 20 per 100.000 among women. Mortality rates were
greater as age increased. Our data show the importance of the diabetes mellitus as
cause of death, particularly among the elderly, and reinforce the need to improve the
measures to prevent and control this disease.

KEY WORDS: Diabetes mellitus. São Paulo. Mortality.

INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus é uma das principais afetadas, pela considerável morbidade associ-
doenças crônicas que afetam o homem, ada à sua presença, pelos custos envolvidos em
acometendo todas as classes econômicas em seu controle e no tratamento de suas complica-
países em todos os estágios de desenvolvimen- ções, pelas incapacitações que produz e pelo
to. Sua importância vem crescendo devido a número de anos de vida perdidos, em decor-
diversos fatores como, maiores taxas de rência da mortalidade prematura.
urbanização, industrialização, sedentarismo, Apresenta elevada prevalência na popula-
obesidade, aumento da esperança de vida e à ção brasileira acometendo 7,6% das pessoas
maior sobrevida dos diabéticos. Juntamente adultas entre 30 e 69 anos de idade1. Dados
com as doenças cardiovasculares, neoplasias para o ano de 2008, provenientes de inquérito
malignas e causas externas, o diabetes está telefônico conduzido pelo Ministério da Saúde
entre os quatro mais importantes problemas (VIGITEL) mostraram que no conjunto da
de saúde, em termos de número de pessoas população adulta das 27 capitais brasileiras

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estudadas, a frequência do diagnóstico médico nos últimos anos, seria esperado um


prévio de diabetes foi de 5,2%, sendo maior em aumento da participação do diabetes como
mulheres (5,6%) do que em homens (4,6%). causa de óbito. Entretanto, a melhoria da
Além disso, em ambos os sexos, o diagnóstico assistência à saúde e o aumento da esperan-
da doença é mais comum com o aumento da ça de vida dos diabéticos têm resultado em
idade, alcançando menos de 1% dos indivíduos que esses indivíduos faleçam, não do diabe-
entre 18 e 24 anos de idade e mais de 20% após tes propriamente dito, mas sim de suas
2
os 64 anos . complicações crônicas, e desta forma, nem
Adicionalmente, esta prevalência parece ter sempre o diabetes figura, como causa básica
5-8
aumentado nos últimos anos, como relata o de óbito.
estudo realizado em Ribeirão Preto, São Pelas razões apontadas anteriormen-
3
Paulo , que encontrou em 1998, 12,1% das te, a Divisão de Doenças Crônicas não
pessoas na mesma faixa etária. Da mesma Transmissíveis do Centro de Vigilância
forma apontam os dados para a população Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac
brasileira publicados recentemente pelo “(CVE) vem monitorando o impacto deste
Ministério da Saúde4. Por outro lado, pelo agravo na população residente no Estado.
menos a metade dos diabéticos do tipo 2 não Desse modo, este estudo tem como objeti-
1
tem conhecimento da doença . Somando os vo avaliar os óbitos por diabetes mellitus
indivíduos que desconhecem o diagnóstico no estado de São Paulo desde 1980, com
com aqueles conhecedores da enfermidade,
ênfase nos anos de 2005 a 2007, de acordo
mas que mesmo assim não fazem qualquer
com o sexo.
tratamento ou, ainda, o fazem, mas sem
conseguirem nível adequado de controle
glicêmico, teremos uma parcela considerável MÉTODOS
da população brasileira com diabetes em risco Critérios de seleção de casos
de desenvolvimento das complicações vascula- A fonte de dados utilizada foi o Sistema de
res, renais, cardíacas, oftalmológicas, neuroló- Informações de Mortalidade (SIM) compos-
gicas e infecciosas. Os dados de mortalidade to pelas informações provenientes das
fornecem informações importantes do impac- declarações de óbito, disponibilizado na
to de uma doença na população. internet no sítio do DATASUS/Ministério da
A avaliação destes dados nos registros Saúde.9 A seleção dos óbitos na população
das declarações de óbito constitui uma residente no estado de São Paulo, ocorridos
forma simples e de baixo custo na obtenção entre 1997 e 2007 foi realizada utilizando
de informações sobre morbidade e mortali- códigos da Classificação Internacional de
dade. Entretanto, é preciso sempre levar em Doenças Décima Revisão (CID 10) (códigos
conta as limitações desta fonte de informa- E10 a E14), no grupo “Doenças endócrinas,
ção e, neste caminho, podemos citar como nutricionais e metabólicas” classificados no
exemplo o sub-registro nos dados oficiais de Capítulo IV. A seleção das mortes ocorridas
mortalidade. nos anos de 1980 a 1996 foi realizada
Levando-se em conta o envelhecimento utilizando a Classificação Internacional de
da população brasileira e o aumento da Doenças Nona Revisão (CID 9), no mesmo
prevalência do diabetes que vêm ocorrendo grupo acima mencionado.

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Análise de tendência e distribuição utilizados os dados do último triênio dispo-


geográfica. nível, 2005 a 2007. Todas as taxas apresenta-
Como a taxa de mortalidade é fortemen- das foram calculadas para 100.000 habitan-
te influenciada pela estrutura etária da tes, sendo mostradas as taxas brutas e
população, a análise comparada entre padronizadas por idade e estratificadas por
populações de composição distinta exige sexo. Os dados populacionais usados nestes
padronização das estruturas etárias. 10 Por cálculos encontram-se disponíveis no site
9
isso, optou-se por mostrar as taxas brutas e do DATASUS. A população referência
usar as taxas de mortalidade padronizadas utilizada para o cálculo das taxas padroni-
a fim de se apresentar uma análise tempo- zadas nos gráficos de tendência foi a do
ral e de distribuição geográfica. É importan- Censo de 1980. A população referência
te ressaltar que as taxas padronizadas são utilizada para o cálculo das taxas padroni-
estimativas e devem ser utilizadas apenas zadas do triênio 2005-2007 foi a população
para análises comparativas, as taxas brutas total do triênio no estado de São Paulo.
é que são as taxas reais. A distribuição
geográfica foi realizada segundo os depar- RESULTADOS
tamentos regionais de Saúde (DRS) do Houve um aumento da taxa anual de
estado de São Paulo. mortalidade bruta por diabetes mellitus de
Outro aspecto a ser considerado são as 1980 até 2000, alcançando 21 óbitos por
possíveis flutuações na enumeração de 100.000 habitantes no sexo masculino. Após o
óbitos, sobretudo em áreas com número ano 2000 observamos uma tendência à
reduzido de eventos, por isso recomenda-se estabilização dessa taxa. O mesmo comporta-
o uso de médias trienais.10 Para melhor mento foi observado em relação às taxas
comparar as taxas nas diferentes DRSs foram ajustadas por idade (Figura 1).

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Figura 1. Taxas anuais de mortalidade (por 100 mil), brutas e ajustadas para idade, sexo
masculino, Estado de São Paulo, 1980-2007.

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No sexo feminino, houve também um por 100.000l (em Ribeirão Preto e Sorocaba,
aumento da taxa de mortalidade bruta até respectivamente), sendo a média para o
2000, atingindo 27 óbitos por 100.000 estado de 20 óbitos por 100.000 habitantes.
habitantes, ocorrendo a seguir uma tendên- As diferenças observadas entre as taxas
cia à redução para 23 por 100.000 habitan- ajustadas nas estimativas das Figuras 1 e 3, e
tes em 2007 (Figura 2). A taxa de mortalida- 2 e 4, devem-se a população de referência
de ajustada por idade entre as mulheres utilizada no ajuste estatístico, pois para o
apresentou um comportamento estável de período desde 1980 utilizou-se para o ajuste
15 a 18 casos por 100.000 habitantes, entre a população do Estado no censo daquele ano
1980 a 1999, observando-se a seguir uma e nas estimativas do triênio 2005-2007
tendência à redução (12 óbitos por 100.000 (Figuras 3 e 4) usou-se a população do
habitantes),em 2007. Estado nesse período.
Nas Figuras 3 e 4 são mostradas as taxas A Figura 5 mostra que as taxas de
de mortalidade entre 2005-2007, por sexo, mortalidade por diabetes crescem con-
ajustadas por idade, nas diversas regionais forme aumenta a idade, particularmente
de saúde de São Paulo. No sexo masculino após os 60 anos, em ambos os sexos. Alem
essa taxa variou de 16 (Ribeirão Preto) a 31 disso desde 1990, as taxas de mortalida-
óbitos por 100.000 habitantes (Sorocaba), de por diabetes têm aumentado de forma
sendo de 21 para todo o estado de São Paulo mais expressiva entre homens com mais
(Figura 3). Para o sexo feminino, no mesmo de 70 anos e mulheres com mais de 80 anos
período, houve variação de 18 a 29 óbitos de idade.

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*População de referência: a total do Estado de São Paulo em 1980.


Figura. 2. Taxas anuais de mortalidade (por 100 mil), brutas e ajustadas para idade,
sexo feminino, Estado de São Paulo, 1980-2007.

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* População-referência: a total do Estado de São Paulo, triênio 2005-2007.


Figura. 3. Taxas de mortalidade (por 100 mil) ajustadas para idade, sexo masculino, Estado de São Paulo
e regionais de saúde, triênio 2005-2007.

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* População-referência: a total do Estado de São Paulo, triênio 2005-2007.


Figura. 4. Taxas de mortalidade (por 100 mil) ajustadas para idade, sexo feminino, Estado de São Paulo e
regionais de saúde, triênio 2005-2007.

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Feminino

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80e+ 400

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200

60 - 69 100

50 - 59
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Figura. 5. Taxas de mortalidade (por 100 mil), específicas por faixas etárias, por sexo, Estado de São Paulo,
1980-2007.

DISCUSSÃO
Nossas análises no estado de São Paulo ajustados por idade mostram inclusive uma
mostram que a taxa de mortalidade bruta por tendência a queda no sexo feminino. No triênio
diabetes mellitus apresentou um aumento 2005-2007 a taxa de mortalidade anual
crescente até o ano de 2000, quando, então, ajustada por idade para o sexo masculino e
parece ter ficado estável até 2007 tanto no sexo feminino foi de 21 e 20 por 100.000 habitantes,
masculino como no feminino. Os valores respectivamente. As taxas de mortalidade

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foram maiores conforme aumenta a faixa de causa básica). Entre os óbitos com menção de
idade da população. Dados recentemente diabetes no atestado, as principais causas
divulgados pelo Ministério da Saúde, que básicas foram: diabetes (38,5%), doenças
fazem parte do “Saúde Brasil 2008”, Secretaria cardiovasculares (37,2%), doenças respirató-
da Vigilância em Saúde, e que abrangem os 20 rias (8,5%) e neoplasias (4,8%). Quando o
anos do Sistema Único da Saúde, mostram que diabetes foi a causa básica, as principais
a taxa ajustada de mortalidade por diabetes causas associadas foram: doenças cardiovas-
entre adultos de 20 a 74 anos evoluiu de culares (42,2%), respiratórias (10,7%) e
16,3/100.000 habitantes em 1990 para geniturinárias (10,1%). Nos casos onde o
24,6/100.000 em 2006; além disso, houve uma diabetes figura como causa associada, as
queda de 20,5% nas mortes por doenças principais causas básicas foram as doenças
4
cardiovasculares. cardiovasculares (60,5%), respiratórias
Os resultados aqui apresentados para o (13,8%) e neoplásicas (7,9%). Esses dados
estado de São Paulo confirmam que houve um reiteram a importância do diabetes como
aumento acentuado nas taxas de mortalidade causa de óbito e sua relação com doenças
por diabetes entre 1990 e 2000, entretanto a cardiovasculares. Os autores ressaltaram
partir daquele ano houve uma tendência à ainda a importância de se empregar nos
estabilização até 2007. Alem disso, essas taxas estudos de mortalidade a análise por causas
de mortalidade por diabetes parecem ser múltiplas de óbito quando se desejar conhe-
inferiores à referida para todo o país, o que cer a real importância do diabetes como causa
pode refletir um maior diagnostico e tratamen- de óbito.
to da enfermidade em São Paulo. Para melhor Em um estudo no município de São Paulo
comparação essas taxas devem ser ajustadas entre 1900 e 1978, Laurenti e cols.6 destaca-
para a mesma população padrão. ram que a mortalidade por diabetes mellitus
Independente do estágio de desenvolvi- foi maior no sexo masculino até 1938 e a partir
mento dos países e da confiabilidade de suas de 1939 a 1978 tornou-se consistentemente
estatísticas de saúde, o diabetes mellitus é maior no sexo feminino. Alem disso os autores
habitualmente subestimado como causa de indicaram que em 1978 o coeficiente de
3,11
morte devido ao sub-registro. A importância mortalidade era 14 e 20 por 100.000 habitan-
do diabetes mellitus como causa básica de tes, nos sexo masculino e feminino, respectiva-
morte aumenta com a idade, sendo sempre mente. A maior taxa de mortalidade por
mais expressiva após os 50 anos. Em indivídu- diabetes entre as mulheres tem sido habitual-
os idosos encontram-se também as maiores mente relatada em diversos estudos. Muitos
1,11
taxas de prevalência da doença. estudos mostram que o diabetes é diagnostica-
1,11
No estado de São Paulo, um estudo de do com mais frequência em mulheres, e esta
atestados de óbito feito por Franco e cols.5 afecção é mais mencionada nas declarações de
6,11
observou que de um total de 202.141 óbitos óbito do sexo feminino que no Masculino.
ocorridos em 1992, o diabetes foi menciona- Nas mulheres com diabetes ocorre uma
do em 13.786 (6,8%), sendo a causa básica em diminuição da fração HDL colesterol e um
5.305 (2,6%). A proporção foi maior para aumento na fração VLDL, o que contribui para
mulheres do que para homens (10,1 vs. 4,6% um excesso de mortalidade por doença
como causa mencionada e 6,1 vs. 2,9% como cardíaca isquêmica nesse grupo.12

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A prevalência do diabetes aumenta com a devem ser enfatizados para toda a população
idade, atingindo 21% das pessoas entre 60 a já a partir dos 30 anos, de modo a detectar e
69 anos.1 Além disso, nossos achados, em controlar precocemente a doença e, conse-
concordância com o que foi anteriormente qüentemente, permitir uma maior sobrevida
relatado em São Paulo6 mostram que há um e qualidade de vida para os diabéticos.
aumento do coeficiente de mortalidade no Nesse sentido pode ser destacada a implan-
grupo etário mais idoso. Nossos dados tação da Estratégia Nacional para a Educação
confirmam a necessidade de adoção de em Saúde para o Auto-Cuidado em Diabetes
medidas que visem tanto a prevenção como o Mellitus que visam a ajudar ao portador da
controle do diabetes, que nas últimas décadas doença na manutenção do seu potencial
vem se destacando como uma das doenças produtivo e de trabalho, de suas relações
crônicas mais importantes no perfil de familiares e sociais, da convivência harmônica
morbimortalidade das populações de todo o com as limitações da própria doença, enfim
mundo. Programas de atenção ao diabético visam a permitir um viver mais saudável.13

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Recebido em: 14/12/2009
1993. Diabetes Care 1998;21:1138-45. Aprovado em: 27/01/2010

Correspondência/Correspondence to:
Ricardo Sesso
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6 andar
CEP: 01246-000 –Pacaembu, São Paulo,Brasil
Tel: 30668479
E-mail: rsesso@nefro.epm.br

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infecciosas. O enfoque molecular levou à verificou-se que a complementariedade é


identificação de patógenos e consequentemen- responsável pela tradução, pela estrutura do
te levou ao desenvolvimento de novos métodos ribossomo conduzida pelo rRNA, pelo proces-
de diagnóstico. Esses, por sua vez, levam as samento do RNA mensageiro entre outros.
novas formas de tratamento e abrem perspec- Ao se estudar a estrutura do DNA logo se
tivas nos estudos de epidemiologia e ecologia. percebeu que suas características poderiam
No contexto das leishmanioses, a introdução ser utilizadas não só para entender como a
de ferramentas de identificação e diagnóstico informação estava armazenada e o que queria
de Leishmania vem sendo utilizadas com dizer, mas também para comparar organismos
sucesso já há algum tempo. e encontrar peculiaridades que distinguissem
A leitura dos parágrafos anteriores deixa os organismos ao mesmo tempo em que os
claro que a busca de novos alvos para identifi- relacionassem.
cação de organismo deve se basear em Ao se desnaturar uma molécula de DNA é
descrever sequências de DNA que sejam possível fazer com que as fitas se renaturem
exclusivas do parasito, uma vez que o DNA do novamente, refazendo as pontes de hidrogênio
hospedeiro vai estar presente na amostra. entre as bases complementares. Se, de alguma
Essa exclusividade será responsável pela forma, uma das fitas puder ser marcada, ao
especificidade do alvo. Por outro lado, estas reassociar esta servirá de sonda para indicar a
sequências não devem ser raras ou pouco fita correspondente.
abundantes, uma vez que isso pode prejudicar Como já mencionado, a escolha do alvo
a sensibilidade de detecção. depende de alguns parâmetros, tanto biológi-
A identificação de sequências de DNA está cos, como físico-químicos. Para que uma
baseada primeiramente na estrutura da sequência de DNA possa ser considerada um
molécula. O DNA é constituído por desoxiri- marcador molecular, ela deve estar sujeita a tal
bonucleotídeos monofosfatos ligados entre si pressão de seleção na evolução de organismos
por ligação fosfodiester entre o carbono 3 “da de modo que as diferenças apresentadas sejam
desoxiribose e o fosfato ligado ao carbono 5” encontradas em famílias, gêneros, espécies ou
do nucleotídeo adjacente. Essa cadeia cova- indivíduos, de acordo com o tempo evolutivo da
lentemente ligada constituiu uma fita do DNA. divergência e com o papel fisiológico do produto
A molécula é formada por duas fitas que da informação da sequência em questão.
interagem entre si pela formação de pontes de Os primeiros testes que se utilizaram de DNA
hidrogênio entre bases nitrogenadas dos na identificação de Leishmania se baseavam na
nucleotídeos que, por serem hidrofóbicas, se descrição de sondas para hibridação em dot-
voltam para dentro da molécula. Na manuten- blot, com DNA total da amostra. A associação
ção dessa estrutura é que reside o “segredo da com a aplicação de digestão do DNA com
vida”. Ao descreverem esse modelo de DNA, enzimas de restrição levou à utilização em
4
Watson e Crick mostraram que a complemen- Southern blot.5-8 No entanto, pela característica
tariedade dos pares de bases, uma de cada dessas técnicas, essas sondas limitavam os
fita, ao fazer o pareamento da molécula alvos a sequências de DNA presentes em cópias
explicava como se dá a replicação e a transcri- múltiplas no genoma do parasito. O apareci-
ção. Posteriormente, ao se analisar os meca- mento da técnica de reação em cadeia de
nismos biológicos do fluxo de informação, amplificação do DNA (PCR) resolveu o proble-

Alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR/Floeter-Winter LM

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ma e essa passou a ser a técnica de escolha em e regiões variáveis, combinação bastante


identificação utilizando alvos moleculares.9 atrativa para PCR. Além disso, esses genes são
Em nosso ataque experimental escolhe- multicópias e apresentam alta conservação
mos inicialmente sequências que codificam o entre as cópias. Dessa forma é possível
RNA ribossômico (rRNA) que são muito amplificar uma região variável, que é flanque-
conservadas. Essas sequências demonstra- ada por regiões conservadas, partindo-se
ram que podem ser ferramentas poderosas na dessas para o desenho dos “primers”. A
determinação de relações filogenéticas entre informação discriminatória contida no
10,11
organismos de diferentes taxa. No entanto, segmento variável pode ser acessada por
as diferenças de nucleotídeos encontradas na sequenciamento ou por hibridação, sem que
sequência que codifica o RNA da subunidade haja o problema de heterogeneidade.23,24,12
menor do ribossomo (SSU rRNA) permitiu a Como a função de cada uma das regiões está
distinção limitada entre espécies de muito bem estabelecida na formação do
Leishmania, 10,11 apesar de permitir o estabele- ribossomo, as diferenças de sequência são
cimento de grupos distintos.12 muito informativas tanto para a identificação
Até então, essa escolha era contraponto à como para o estabelecimento de relações
utilização de sequências que apresentam filogenéticas. De fato, a história evolutiva
evolução muito rápida, como aquelas que desse segmento gênico é tal que permite
constituem o DNA de cinetoplasto (kDNA) ou traçar paralelos desde bactérias até metazoas
sequências com espaçadores de mini-exon. mais complexos.10
Essas sequências são capazes de distingui- Como as sequências conservadas estão
rem isolados, mas não produzem grupos de presentes em todas as espécies do gênero,
espécies. Assim, o grau de discriminação esse tipo de enfoque leva vantagens sobre
entre famílias, gêneros, grupos, espécies, os alvos anteriores, uma vez que o resulta-
populações e isolados depende da pressão do de uma PCR é positivo na presença de
de seleção a que a sequência alvo está organismo, independente da linhagem,
submetida, que por sua vez depende do grupo ou mesmo espécie, diminuindo a
papel fisiológico desempenhado pelo possibilidade de falsos negativos, fato mais
produto codificado, na sobrevivência do comum quando há heterogeneidade de
5,6,13-22
organismo. A alta heterogeneidade das sequência, como o que ocorre em alvos de
sequências de minicírculo de kDNA entre as kDNA ou mini-exon. Em nossa experiência,
diferentes espécies restringe a utilização de o método atingiu 100% de correspondência
determinados pares de “primers” entre em um estudo pareado com perfil de
25
isolados próximos ou apenas permite a anticorpos monoclonais. Por outro lado,
identificação de grupos ou isolados de como as sequências do SSU são muito
mesma área ou, por outro lado, apenas de um conservadas, relações filogenéticas não
26
grande grupo mesmo só de Leishmania em puderam ser resolvidas com esse alvo.
determinadas situações. Como as espécies pertencentes ao subgêne-
As sequências que codificam o RNA ro L. (Viannia) não puderam ser discrimina-
presente na subunidade menor do ribossomo das pelo alvo SSU, iniciamos um estudo
(SSU-rRNA), por outro lado, também apresen- abordando o gene que codifica a enzima
tam em sua organização regiões conservadas glicose-6-fosfato desidrogenase, uma das

Alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR/Floeter-Winter LM

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Bepa 2010;7(73):21-27

27 30
enzimas utilizadas no painel de isoenzimas. tra. A composição de bases do amplicon
Embora sendo um gene de cópia única, os pode ser verificada por uma ferramenta do
avanços na produção de enzimas para PCR aparelho que determina a temperatura de
permitiam aumentar a sensibilidade do fusão do fragmento e assim calcula seu
método. A grande vantagem em se utilizar um conteúdo de G+C. Desse modo amplicons
gene cópia única é a produção de um único diferentes (por exemplo, o mesmo produto
produto de PCR, que facilita a visualização e de PCR em espécies que apresentam
interpretação da eletroforese. A utilização de diferenças de sequência interna e que,
conjunto de “primers” por amostra evita o portanto, altera a T'm, podem ser identifi-
problema de falso-negativo. Dessa forma cados por esse parâmetro). É interessante
conseguimos ter em uma primeira PCR a ressaltar que todo o processo é automatiza-
resposta de positividade a amostra, seguida do, eliminando a necessidade de técnico
por uma segunda reação que indica se o treinado na leitura de padrões de eletrofo-
organismo é do subgênero L.(Leishmania) ou rese de DNA em géis de agarose. Pela
L. (Viannia). Nesse caso, uma reação subse- eliminação desse tipo de análise temos
quente indica se o organismo é da espécie L. também uma vantagem muito interessante
(V.) braziliensis ou não. em laboratórios que trabalham com DNA e
É importante ressaltar que a ocorrência de PCR, que consiste na redução de manipula-
diferentes espécies de Leishmania na mesma ção de produtos de PCR e, portanto, diminu-
área endêmica pode ser distinguida ou em drasticamente a chance de contamina-
mesmo um caso de coinfecção de um cão com ção de amostras.
28
L. (L.) chagasi e T. evansi. Em estudos com Evidentemente, todos os avanços metodo-
diferentes fármacos torna-se interessante lógicos que levam à identificação mais
saber a qual espécie pertence o agente específica e sensível promovem progresso em
infeccioso em relação à resposta apresentada áreas correlatas no estudo daleishmaniose,
ao fármaco.29 como a epidemiologia e a ecologia. Assim,
Como afirmado acima, o aparecimento pela aplicação das técnicas de maneira
de novas metodologias de detecção de isolada, ou em conjunto, foi possível implicar
moléculas de DNA auxiliam no avanço das como hospedeiros silvestres de Leishmania
técnicas de identificação. Uma dessas novas (V.) braziliensis roedores como Bolomys e
metodologias consiste no PCR em tempo Rattus.31
real. Essa técnica permite a quantificação Um último comentário se faz necessário
do número de moléculas formadas ao longo neste momento. A identificação por técni-
da reação de amplificação, o que, ao se ter cas que envolvem moléculas de DNA ou
uma reação calibrada, permite estimar o RNA apresenta uma limitação quanto à
número de moléculas iniciais do alvo. qualidade da amostra inicial. Claro que a
Assim, ao lado da identificação, pela forma- riqueza de parasitos auxilia na sensibilida-
ção do produto específico, obtida pelo par de de qualquer método, uma vez que os
de “primers” utilizado, consegue-se tam- testes devem ser considerados como
bém a quantificação do número de parasi- diretos, já que detectam a presença do
tos presentes em uma determinada amos- parasito na amostra.

Alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR/Floeter-Winter LM

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Atualização

Descrição e utilização de alvos moleculares para identificação de


Leishmania por PCR.
New molecular targets for PCR identification of Leishmania
Lucile Maria Floeter-Winter
Departamento de Fisiologia. Instituto de Biociências. Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil

As primeiras detecções de parasitas em to das técnicas de anticorpos monoclonais


amostras de pacientes foram feitas por William revolucionou a identificação de organismos do
Leishman, seguido por Charles Donovan, que gênero Leishmania.2 Com essa técnica é
se valeram da microscopia ótica para evidenci- possível identificar formas em cultura sem que
ar formas amastigotas dentro de macrófagos um grande número de parasitas seja necessá-
de pacientes acometidos de febre Dum-dum, rio. É possível, por exemplo, identificar parasi-
na Índia, em 1900. O exame microscópico de tas presentes no intestino de flebótomos
3
esfregaços de pele, aspirados de tecido linfoide infectados sem a necessidade de isolá-los.
ou de punção de medula ou fígado é utilizado Entretanto, existem limitações no preparo de
até hoje como método seguro de busca do anticorpos, e a identificação necessita de um
patógeno. No entanto, a sensibilidade desse painel de reações com diferentes anticorpos
método é muito baixa e ocasiona um grande para resultar confiável. Além disso, existe a
número de falsos negativos. necessidade de se estabelecer a cultura, uma
A cultura in vitro pode ser obtida pelo uso vez que a maioria dos anticorpos reconhece
de meios de cultura adequados e condições apenas antígenos presentes em formas
especiais de laboratório; no entanto, a chance promastigotas que não são expressos em
de contaminação é muito alta e nem sempre a amastigotas.
multiplicação do número de parasitas é Na maioria dos organismos a informação
conseguida. De qualquer forma a observação genética está codificada em uma molécula de
microscópica leva apenas à identificação da DNA. Todos os organismos estão relacionados
presença do parasito, mas devido a poucas entre si. Desse modo, existe uma parte da
diferenças morfológicas é quase impossível a informação que é comum, enquanto outra
distinção entre as espécies. Claro, que este parte é única, exclusiva de cada indivíduo.
procedimento depende de técnico experiente Assim, uma parte do DNA de cada organismo
e leva muito tempo. Além disso, os resultados é sua marca registrada e não necessariamente
negativos não são conclusivos. A cultura bem- está expressa fenotipicamente. Essas particu-
sucedida pode, no entanto, produzir material laridades do DNA vêm sendo exploradas nos
suficiente para testes bioquímicos, imunoló- últimos anos na identificação de indivíduos,
gicos e moleculares. os já famosos testes de DNA. Ainda por serem
Os métodos clássicos de identificação de relacionadas, algumas regiões do genoma
espécies do gênero Leishmania são os perfis de podem ser utilizadas no estabelecimento de
isoenzimas e as reações por anticorpo mono- relações filogenéticas entre os organismos.
clonal.1,2 Ambos dependem de organismos em Além da aplicação óbvia em medicina
cultura e se baseiam na expressão fenotípica de forense, a utilização das novas ferramentas
características das espécies. O desenvolvimen- moleculares pode ser considerada nas doenças

Alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR/Floeter-Winter LM

página 21
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Ambos, DNA e RNA, este último em maior resíduos nos processos de extração e aumen-
intensidade, sofrem lise quando a amostra tam a força iônica da solução na qual ocorre a
não é bem conservada. Desse modo, é funda- reação, alterando indiretamente, o ótimo de
mental que a amostra seja preservada desde temperaturas de associação, além de inibir a
da sua coleta até a chegada ao laboratório Taq polimerase.
onde será processada. Para obtenção de DNA,
o recomendado é EDTA (quelante de metal
AGRADECIMENTOS
que inibe DNase) e para RNA recomenda-se
Deixo expressa a minha gratidão a todos
coletar a amostra já em tampão de extração
os colaboradores que, em algum momento,
(normalmente kit de Trizol, que contém alta
participaram ativamente da busca por alvos
concentração de inibidores de RNses). Em
para identificação de Leishmania e aos
reações de amplificação, quanto maior for o
órgãos financiadores Fundação de Amparo
tamanho do amplicon mais sensível será a
à Pesquisa do Estado de São Paulo
reação à um DNA de baixa qualidade. A
( FA P E S P ) e C o n s e l h o N a c i o n a l d e
presença de inibidores teciduais, tal como
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
hemina, também deve ser levada em conside-
(CNPq), pelas bolsas e auxílios.
ração, assim como sais que ficam como

REFERÊNCIAS
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Nota: Artigo referente à palestra apresentada no II Fórum de Discussão da Sociedade Paulista de Parasitologia: leishmaniose visceral americana, situação
atual e perspectivas futuras. Organizado por Regina M. B. Franco, da Sociedade Paulista de Parasitologia, Vera L. F. de Camargo-Neves e Cecília S. S. Abdalla, da
Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o evento foi realizado em 3 de julho de 2007, no auditório Luiz
Mussolino (SES-SP).

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página 25
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Alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR/Floeter-Winter LM

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Bepa 2010;7(73):21-27

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dehydrogenase for identification of hosts of Leishmania (Viannia) braziliensis
Leishmania species. J Clin Microbiol. in the endemic cutaneous leishmaniasis
2003;41:540-6. locality of Amaraji, Pernambuco State,
28. Savani ES, Nunes VL, Galati EA, Castilho Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg.
TM, Araujo FS, Ilha IM, Camargo MC, 2004;97:291-6.

Correspondência/Correspondence to:
Profa. Dra. Lucile Maria Floeter-Winter
Profa. Titular do Departamento de Fisiologia
Instituto de Biociencias - USP
Rua do Matão, travessa 14,101
CEP: 05508-900 São Paulo, SP,Brasil
Tel/fax 55 11 3091 7503
E-mail: lucile@ib.usp.br

Alvos moleculares para identificação de Leishmania por PCR/Floeter-Winter LM

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Informe Técnico

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose


Changes in tuberculosis treatment scheme
Laedi Alves Rodrigues dos SantosI. Vera Maria Neder GalesiII
I,II
Divisão de Controle da Tuberculose , Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre
Vranjac”, Coordenadoria de Controle de Doenças, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo,
SP,Brasil

Depois de quase 30 anos de esquema formulação de comprimidos com esses dois


tríplice (Rifampicina, Isoniazida e Pirazina- medicamentos foi postergada.
mida), a tuberculose passa, agora, a ser O Brasil foi o primeiro país a adotar o
tratada com quatro drogas, acrescentando-se chamado “esquema curto”, para o tratamen-
o Etambutol. Esse esquema, utilizado por to da tuberculose, no início da década de
quase todos os países do mundo, foi adotado 1980. O tratamento foi padronizado e
1
no Brasil a partir de dezembro de 2009 . O centralizado nos serviços públicos de
tratamento, agora indicado para todos os saúde. A duração, que antes era de 1 ano ou
casos novos e retratamentos de pacientes mais, passou a ser de 6 meses, graças à
com mais de 10 anos de idade, passa a ser feito introdução da rifampicina, droga potente e
com esquema básico: Rifampicina+ Isoniazi- de ação mais rápida.
da + Pirazinamida + Etambutol (RHZE), nos A centralização do atendimento, com
dois primeiros meses. A formulação das impedimento da venda dos fármacos em
quatro drogas num único comprimido, em farmácias, e a junção da rifampicina e
dose fixa combinada (DFC), visa simplificar o isoniazida em uma única cápsula, evitando
tratamento para os pacientes e facilitar o que os pacientes ingerissem uma delas
2,3
planejamento e o abastecimento. O paciente isoladamente, podem ter contribuído
passa a ingerir dois a quatro comprimidos, decisivamente para que as taxas de resis-
conforme seu peso. As dosagens da isoniazida tência em nosso país tenham se mantido em
e da pirazinamida foram diminuídas, confor- níveis considerados aceitáveis. Mas a
me recomendações internacionais. A segunda proporção de casos resistentes, embora
fase do tratamento permanece como anteri- menor que muitas regiões do mundo com
ormente, com cápsulas de rifampici- situação epidemiológica e social semelhan-
na+isoniazida nas doses preconizadas. Dada a te, vem aumentando nos últimos anos 4,5,
existência de estoque dessas cápsulas, a como mostra a tabela abaixo.

Tabela 1. Resultados dos Inquéritos Nacionais de Resistência aos medicamentos anti-Tuberculose


Segundo Inquérito Nacional de
Primeiro Inquérito Nacional de Resistência Resistência aos Fármacos
aos Fármacos Anti-tuberculose* Anti-tuberculose**
1995-1997 2007-2008
Resistência primária a isoniazida 4,4 6,0%

Resistência primária a rifampicina 1,3 1,5%

Multirresistência primária 1,1 1,4%


Fontes: *Bol Pneumol Sanit 2003; 11 (1) : 76-81
**Comunicação de autor, III Encontro Nac. TB 20

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose/Santos LAR et al.

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Bepa 2010;7(73):28-32

Os antigos esquemas I-R e III não serão a curto prazo de novos medicamentos
mais utilizados. O tratamento da meningite eficazes e disponíveis. Portanto, era essen-
tuberculosa também incorpora os comprimi- cial que fossem tomadas providências para
dos em DFC na primeira fase, mantendo-se proteger os dois principais medicamentos
como anteriormente nos 7 meses seguintes. do tratamento da tuberculose, a isoniazida e
Para o tratamento dos menores de 10 anos de a rifampicina.
idade, permanece o Esquema 1, ou seja, Nota-se que a mortalidade pela tuberculo-
rifampicina, isoniazida + pirazinamida nos se no estado de SP apresentou um expressivo
dois primeiros meses e rifampicina + isoniazi- decréscimo nos últimos anos, passando de
da na segunda fase, adequando-se os medica- 1.649 óbitos em 1999 para 724 em 2008
mentos ao peso da criança. (queda de 4,3 para 1,8 óbitos por 1000 mil
O principal motivo da mudança de esque- habitantes em 10 anos). A incidência também
ma de tratamento foi o aumento das taxas de vem caindo, embora não tão rapidamente,
resistência primária. O arsenal terapêutico passando de 50 casos por 100 mil habitantes
contra a tuberculose é escasso, todos os em 1999 para 38 por 100 mil em 1998. Mas a
fármacos considerados de primeira linha recomendação internacional é de que,
foram descobertos antes de 1970. A indús- sempre que a taxa de resistência primária à
tria farmacêutica voltou a investir na pesqui- isoniazida ultrapasse 4%, o tratamento seja
sa de novas drogas, mas não há perspectivas feito com pelo menos quatro medicamentos.

1800 5

1600 5

1400 Óbitos 4
Coef. Mortalidade
4
1200
3
1000
3
800
2
600
2
400 1
200 1

0 0
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
1.365 1.297 1.397 1.373 1.343 1.507 1.552 1.503 1.591 1.521 1.659 1.602 1.319 1.158 1.120 1.053 928 942 893 724
4,50 4,20 4,50 4,30 4,10 4,50 4,60 4,40 4,60 4,30 4,60 4,30 3,50 3,03 2,89 2,68 2,29 2,29 2,14 1,77
Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) *2008 – dados provisórios
Gráfico 1. Óbitos e coeficientes de mortalidade por TB - Estado de SP, 1998 a 2008

20000 60,0
Casos
18000 Coef.incid.
50,0
16000
14000
40,0
12000
10000 30,0
8000
20,0
6000
4000
10,0
2000
0 0,0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
17.399 17.845 18.186 17.723 17.751 17.335 17.216 16.828 15.949 15.710 15.759
49,3 49,8 49,1 47,1 46,5 44,8 43,9 41,6 38,8 37,7 38,4

Fontes: EPITB (1998 a 2005) e TBweb (2006 a 2008)


Gráfico 2. Casos novos e coeficientes de incidência de TB , Estado de SP, 1998 a 2008

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose/Santos LAR et al.

página 29
Bepa 2010;7(73):28-32

A mudança do esquema de tratamento, doentes bacilíferos que tiverem


porém, não terá nenhum resultado se não baciloscopia de controle negativa após
houver adesão dos doentes. Para controlar completarem o segundo mês de
efetivamente a tuberculose, é preciso curar tratamento.
pelo menos 85% dos pacientes, segundo a Além destas situações, a cultura também
Organização Mundial da Saúde (OMS), que está indicada para confirmação diagnóstica
recomenda o tratamento diretamente nos casos suspeitos de tuberculose pulmo-
observado (TDO - em inglês, DOT) para todos nar com baciloscopias negativas ou nas
os casos, independente de avaliação de formas extrapulmonares. Nesses casos, a
6
risco . Em 2008, 47% dos casos novos de cultura não é necessariamente acompanha-
tuberculose bacilífera (7.413 entre 15.767) da de identificação da micobactéria e teste
iniciaram tratamento sob a modalidade de sensibilidade.
supervisionada, ou seja, com observação da
O sistema de referências para tuberculose
ingestão dos medicamentos por um profissio-
também está sendo reorganizado. Os casos em
nal de saúde; 85% desses casos foram cura-
esquema básico poderão ser tratados nas
dos, enquanto os restantes, tratados de forma
Unidades Básicas, Estratégia de Saúde da
auto-administrada, só atingiram73% de cura.
Família e os Estabelecimentos Prisionais. Ali
O TDO é considerado o único meio de assegu-
serão manejados os eventos adversos meno-
rar a cura e prevenir a resistência7.
res, ou seja, aqueles que não necessitam de
Face ao problema representado pelos casos alteração de esquema medicamentoso. A
resistentes, outra questão que se coloca é a supervisão da ingestão dos medicamentos
necessidade de se ampliar a realização de será realizada na própria Unidade ou na
8
cultura e teste de sensibilidade . Uma reco- residência do paciente.
9
mendação vigente no estado de São Paulo
Uma rede de referência ambulatorial
preconiza que seja realizada cultura, identifi-
secundária, que conta atualmente com 60
cação e teste de sensibilidade nas seguintes
Serviços de Saúde no estado de SP, deverá ser
situações:
responsável pelos casos encaminhados por
! Todos os casos com tratamento efeitos adversos maiores, para os quais podem
anterior de tuberculose, quer sejam ser necessários esquemas especiais, além de
recidivas, retratamentos após fazer elucidação diagnóstica de casos mais
abandono ou após falência. complicados. Esses pacientes deverão realizar
! Casos com risco especial de tratamento supervisionado ali, ou na modali-
apresentarem resistência, a saber: dade compartilhada com o serviço mais
população prisional, pessoas sem próximo de sua residência.
residência fixa, portadores do HIV, Sete ambulatórios no estado, que contam
contatos de casos sabidamente com profissionais mais experientes e equipes
resistentes, profissionais de saúde ou multiprofissionais, ficarão encarregados de
que trabalham no sistema tratar os casos resistentes. Esses serviços,
penitenciário. que já concentravam os casos com multirre-
! Casos com evolução bacteriológica sistência, ficarão responsáveis por todos os
desfavorável; nesta categoria se casos resistentes, sendo o tratamento super-
enquadram, a partir deste ano, os visionado feito no serviço de saúde mais

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose/Santos LAR et al.

página 30
Bepa 2010;7(73):28-32

adequado ao paciente (compartilhado). em Américo Brasiliense (Hospital Nestor


Também nesses casos, a supervisão do trata- Goulart Reis).
mento poderá ser compartilhada com as Em resumo, o esquema de tratamento da
unidades básicas de saúde e estratégia de tuberculose incorporou as recomendações
saúde da família. internacionais de realização de tratamento
Os casos que necessitem de internação com quatro medicamentos em dose fixa
de curta permanência deverão ser atendi- combinada (DFC), mesmo para casos sem
dos pelos hospitais gerais; internações de tratamento anterior. Acompanhando essa
longa permanência por motivos clínicos mudança, é preciso aumentar a cobertura
e/ou sociais, bem como a referência para de tratamento supervisionado, que atual-
internação de casos multirresistentes, mente está em cerca de 40%, estendendo-a
serão direcionadas para os três hospitais de a todos os pacientes. O funcionamento da
retaguarda em tuberculose; dois situados rede de referências está sendo aprimorado,
em Campos do Jordão (Sanatorinhos e para que seja proporcionado aos pacientes
Hospital Leonor Mendes de Barros), e um um cuidado integrado.

Figura 1a. Esquema de tratamento –fase de ataque Figura 1b. Esquema de tratamento – fase de manutenção

Figura 2. Rede de Referências em Tuberculose

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose/Santos LAR et al.

página 31
Bepa 2010;7(73):28-38

REFERÊNCIAS
1. Ministério da Saúde – Programa Nacional de Resistência Comunicação
Nacional de Controle da Tuberculose. Nota de autor, III Encontro Nacional
técnica sobre as mudanças no tratamento de Tuberculose, Simpósio:
da tuberculose no Brasil para adultos e Tratamento da Tuberculose. Salvador,
adolescentes disponível em: http:// 18-21/06/2008.
portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ 6. Treatment of tuberculosis: guidelines for
nota_tecnica_versao_28_de_agosto_v_5.pdf, national programs, 3rd edition – World
acesso em 15/01/2009. Health Organization 2003.
2. Blomberg B, Fourie B. Fixed-dose 7. Treatment of Tuberculosis. merican
combination drugs for tuberculosis: Thoracic Society, CDC, and Infectious
application in standardized treatment Diseases Society of America. MMWR June
regimens. Drugs. 2003;63(6):535-53. 2003/52 (RR11); 1-77.
3. Blomberg B, Spinaci S, Fourie B, 8. Friden TR , Sbarbaro JA . Promoting
Laing R. The rationale for adherence to treatment for tuberculosis:
recommending fixed-dose combination the importance of direct observation.
tablets for treatment of tuberculosis. Bulletin of the WHO,2007, 85(5).
Bulletin of the World Health Organization, 9. Guidelines for the programatic
2001, 79 (1). management of drug-resistant
4. Braga, José Ueleres; Barreto, tuberculosis – emergency update – World
Angela M. W; Hiijar, Miguel Aiub. Health Organization 2008.
Inquérito epidemiológico da 10. Secretaria de Estado da Saúde de
resistência às drogas usadas no São Paulo – Coordenadoria de
tratamento da tuberculose no Brasil Controle de Doenças. Portaria
1995-97, IERDTB. Parte III: GC-2 de 3-3-2006. Disponível em http://
principais resultados. Bol. Pneumol. www.cve.saude.sp.gov.br/tuberculose.
Sanit;11(1):76-81;2003. 11. Tuberculose Guia de Vigilância
5. José Ueleres Braga. Resultados Epidemiológica – FUNASA, Ministério da
Preliminares do II Inquérito Saúde, 2002.

Correspondência/Correspondence to:
Laedi Alves Rodrigues dos Santos
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6 andar
CEP; 01246-000 – Pacaembu, São Paulo/SP,Brasil
Tel. 55 11 30668764/8291
E-mail: lasantos@cve.saude.sp.gov.br

Mudança no esquema de tratamento da tuberculose/Santos LAR et al.

página 32
Bepa 2010;7(73):33-34

Instruções aos Autores

Missão recusa ou devolução ao autor com as sugestões


O Boletim Epidemiológico Paulista apontadas pelo revisor.
(Bepa) é uma publicação mensal da Coorde-
nadoria de Controle de Doenças (CCD), órgão Tipos de artigo
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Artigos de pesquisa – Apresentam resulta-
(SES-SP) responsável pelo planejamento e
dos originais provenientes de estudos sobre
execução das ações de promoção à saúde e
quaisquer aspectos da prevenção e controle de
prevenção de quaisquer riscos, agravos e
agravos e de promoção à saúde, desde que no
doenças, nas diversas áreas de abrangência
escopo da epidemiologia, incluindo relatos de
do Sistema Único de Saúde de São Paulo
casos, de surtos e/ou vigilância. Esses artigos
(SUS-SP). Editado nos formatos impresso e
devem ser baseados em novos dados ou
eletrônico, documenta e divulga trabalhos
perspectivas relevantes para a saúde pública.
relacionados a essas ações, de maneira
Devem relatar os resultados a partir de uma
rápida e precisa, estabelecendo canal de
perspectiva de saúde pública, e podem, ainda,
comunicação entre as diversas áreas do SUS-
ser replicados e/ou generalizados por todo o
SP. Além de disseminar informações entre os
sistema (o que foi encontrado e o que a sua
profissionais de saúde de maneira rápida e descoberta significa).
precisa, tem como objetivo incentivar a
produção de trabalhos técnico-científicos Revisão – Avaliação crítica sistematizada da
desenvolvidos no âmbito da rede pública de literatura sobre assunto relevante à saúde
saúde, proporcionando a atualização e, pública. Devem ser descritos os procedimentos
conseqüentemente, o aprimoramento dos adotados, esclarecendo os limites do tema. Os
profissionais e das instituiçõesresponsáveis artigos desta seção incluem relatos de políticas
pelos processos de prevenção e controle de de saúde pública ou relatos históricos baseados
doenças, nas esferas pública e privada. em pesquisa e análise de questões relativas a
doenças emergentes ou reemergentes.
Comunicações rápidas – São relatos curtos
Política editorial destinados à rápida divulgação de eventos
Os manuscritos submetidos ao Bepa devem significativos no campo da vigilância à saúde. A
atender às instruções aos autores, que seguem sua publicação em versão impressa pode ser
as diretrizes dos Requisitos Uniformes para antecedida de divulgação em meio eletrônico.
Manuscritos Apresentados a Periódicos Biomédi- Informe epidemiológico – Tem por
cos, editados pela Comissão Internacional de objetivo apresentar ocorrências relevantes
Editores de Revistas Médicas (Committee of para a saúde coletiva, bem como divulgar
Medical Journals Editors – Grupo de Vancouver), dados dos sistemas públicos de informação
disponíveis em: http://www.icmje.org/. sobre doenças e agravos e programas de
Após uma revisão inicial para avaliar se os prevenção ou eliminação de doenças infecto-
autores atenderam aos padrões do Bepa, os contagiosas.
trabalhos passam por processo de revisão por Informe técnico – Texto institucional que
dois especialistas da área pertinente, sempre tem por objetivo definir procedimentos,
de instituições distintas daquela de origem do condutas e normas técnicas das ações e
artigo, e cegos quanto à identidade e vínculo atividades desenvolvidas no âmbito da
institucional dos autores. Após os pareceres, o Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Conselho Editorial, que detém a decisão final (SES-SP). Inclui, ainda, a divulgação de práti-
sobre a publicação ou não do trabalho, avalia a cas, políticas e orientações sobre promoção à
aceitação do artigo sem modificações, a sua saúde e prevenção e controle de agravos.

Instruções aos Autores


página 33
Bepa 2010;7(73):33-34

Resumo – Serão aceitos resumos de teses e Os critérios éticos da pesquisa devem ser
dissertações até um ano dois anos após a defesa. respeitados. Nesse sentido, os autores devem
Pelo Brasil – Deve apresentar a análise de explicitar em MÉTODOS que a pesquisa foi
concluída de acordo com os padrões exigidos
um aspecto ou função específica da promoção à
pela Declaração de Helsink e aprovada por
saúde, vigilância, prevenção e controle de
comissão de ética reconhecida pela Comissão
agravos nos demais Estados brasileiros.
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vincula-
Atualizações – Textos que apresentam, da ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem
sistematicamente, atualizações de dados como registro dos estudos de ensaios clínicos
estatísticos gerados pelos órgãos e programas em base de dados, conforme recomendação aos
de prevenção e controle de riscos, agravos e editores da Lilacs e Scielo, disponível em:
doenças do Estado de São Paulo. http://bvsmodelo.bvsalud.org/site/lilacs/
Editoriais – São escritos por especialistas homepage.htm. O nome da base de dados, sigla
convidados a comentar artigos e tópicos e/ou número do ensaio clínico deverão ser
colocados ao final do RESUMO.
especiais cobertos pelo Bepa.
O trabalho deverá ser redigido em Português
Relatos de encontros – Devem enfocar o
do Brasil, com entrelinhamento duplo. O
conteúdo do evento e não sua estrutura.
manuscrito deve ser encaminhando em formato
Cartas – As cartas permitem comentários eletrônico (e-mail, disquete ou CD-ROM) e
sobre artigos veiculados no Bepa, e podem ser impresso (folha A4), aos cuidados do Editor
apresentadas a qualquer momento após a sua Científico do Bepa no seguinte endereço:
publicação.
OBS – Os informes técnicos, epidemiológi- Boletim Epidemiológico Paulista
co, Pelo Brasil, atualizações e relatos de
Av. Dr. Arnaldo, 351, 1º andar, sala 135
encontros devem ser acompanhados de carta
Cerqueira César – São Paulo/SP, Brasil
do diretor da instituição à qual o autor e
CEP: 01246-000
oobjeto do artigo estão vinculados. Clique aqui
bepa@saude.sp.gov.br
para ter acesso ao modelo.

Estrutura dos textos


Apresentação dos trabalhos
O manuscrito deverá ser apresentado
Ao trabalho deverá ser anexada uma carta segundo a estrutura das normas de Vancouver:
de apresentação, assinada por todos os TÍTULO; AUTORES e INSTITUIÇÕES; RESUMO
autores, dirigida ao Conselho Editorial do e ABSTRACT; INTRODUÇÃO; METODOLOGIA;
Boletim Epidemiológico Paulista. Nela deve- RESULTADOS; DISCUSSÃO e CONCLUSÃO (se
rão constar as seguintes informações: o houver); AGRADECIMENTOS; REFERÊNCIAS
trabalho não foi publicado, parcial ou inte- BIBLIOGRÁFICAS; e TABELAS, FIGURAS e FO-
gralmente, em outro periódico; nenhum autor TOGRAFIAS anexas, conforme ordem a seguir.
tem vínculos comerciais que possam repre- A íntegra das instruções aos autores quanto
sentar conflito de interesses com o trabalho à categoria de artigos, processo de arbitragem,
desenvolvido; todos os autores participaram preparo de manuscritos e estrutura dos textos,
da elaboração do seu conteúdo (elaboração e entre outras informações, estão disponíveis no
execução, redação ou revisão crítica, aprova- site: http://www.cve.sade.sp.gov.br/agencia/
ção da versão final). bepa37_autor.htm.

Instruções aos Autores


página 34
SECRETARIA
GOVERNO DE
Coordenadoria de
Controle de Doenças DA SAÚDE SÃO PAULO

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