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BEPA
Volume 7 Número 81 setembro/2010
81
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA ISSN 1806-423-X
Volume 7 Nº 81 setembro de 2010
Nesta edição
Dengue em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, Brasil, 1990 a 2005: fatores
entomológicos, ambientais e socioeconômicos
Dengue in São José do Rio Preto, State of São Paulo , Brazil,1990 to 2005: entomological,
environmental and socioeconomic factors. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Dengue em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, Brasil, 1990 a 2005:
fatores entomológicos, ambientais e socioeconômicos
Dengue in São José do Rio Preto, State of São Paulo, Brazil, 1990 to 2005:
entomological, environmental and socioeconomic factors
Sirle Abdo Salluom Scandar I; Pedro Vieira I; Rubens Pinto Cardoso Junior I; Rubens Antonio da
Silva I; Marcelo Papa I; Maria Anice Mureb Sallum II
I
Superintendência de Controle de Endemias. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
São Paulo, SP, Brasil
II
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
RESUMO
Descreveu-se a distribuição espacial dos casos de dengue em São José do Rio
Preto, SP, no período de 1990 a 2005, relacionando-os a variáveis
entomológicas, ambientais e socioeconômicas. Foram georreferenciados os
casos segundo setores censitários de 14 áreas do município. Empregou-se
índice de Moran na análise dos padrões de distribuição espacial. Dados para
caracterização socioeconômica foram obtidos no IBGE. Distribuição do Aedes
aegypti foi analisada através dos levantamentos larvários. Foram
georreferenciados 14.554 casos. Maiores incidências foram observadas nas
regiões Leste e Centro com índice de Moran de 0,2517, demonstrando
similaridade entre ambas. A incidência de dengue foi maior no sexo feminino,
em áreas com padrão de renda e instrução média. Quanto aos recipientes, vaso
mereceu maior destaque. A ocorrência espacial da dengue não apresentou
padrão uniforme. O índice larvário cresceu nos períodos de chuva e mostrou-se
que os hábitos da espécie variam de acordo com a disponibilidade dos
criadouros.
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ABSTRACT
The space distribution of the cases of dengue was described in São José do Rio
Preto in the period from 1990 to 2005 and it was related with variable
entomological, environmental and economic social. They were georeferencing
the cases according to sections of census of 14 areas of the municipal district.
Index of Moran was used in the analysis of the patterns space distribution. Data
for economic social characterization were obtained in the IBGE. Distribution of
Aedes aegypti was analyzed through the risings of the larvae. Larger incidences
were observed in the areas east and center with index of Moran of 0.2517,
demonstrating similarity among the areas. The dengue incidence was larger in
the areas with pattern of income and medium instruction, being lightly larger
in the feminine sex. With relationship to the recipients the vase deserved larger
prominence. The space occurrence of the dengue didn't present uniform
pattern. The index of larvae grew in the rain periods, and it showed that the
habits of the species vary with the readiness of local favorable for its
development.
INTRODUÇÃO
As epidemias de dengue, tanto no Brasil investimentos em serviços de infraestru-
como no Estado de São Paulo, apresentam tura, resultando em presença de rede
comportamento cíclico, intercalando anos irregular ou inexistência de abastecimen-
com incidências mais altas e anos com to de água, coleta irregular e inadequada
1
incidências mais baixas. de lixo, acrescida ao pouco envolvimento
O Aedes aegypti foi assinalado em São José da população nas campanhas de controle
do Rio Preto – na região Noroeste do do mosquito vetor e à presença de
Estado de São Paulo, Brasil – em abril de recipientes artificiais expostos, têm favore-
3
1985, e os primeiros casos de transmissão cido a proliferação do Aedes aegypti.
2
de dengue ocorreram em 1990. Há muito que se conhecer sobre os
O aumento acentuado do número de hábitos das populações humanas e suas
casos de dengue tem sido relacionado com necessidades, o que poderia imprimir
vários fatores, como a utilização de meios maior participação e co-responsabilidade
de transportes cada vez mais rápidos, o dos mesmos na prevenção de epidemias. É
incremento do processo de migração necessário manter vigilância permanente
humana e da urbanização desordenada, o em relação à habilidade do vetor em ocupar
aumento do uso de recipientes descartá- diversos tipos de recipientes. 4 Sabe-se que
veis e a falta de estrutura de saneamento o Aedes aegypti é espécie eclética em
2
ambiental. Nesse sentido, a falta de relação à ocupação dos tipos de criadouros
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Figura 1. (A) Distribuilçao espacial da incidência de dengue por 100.000 habitantes nas áreas de controle de
vetores do município de São José do Rio Preto, no período de 1990 a 2005; (B) Distribuição de dengue por
aglomerados espaciais no município de São José do Rio preto, Estado de São Paulo, nos anos de 1990 a 2005.
As regiões Leste, Centro e Norte da cidade A região Leste, semelhante a 1999, foi a
foram as mais atingidas. Em 1995, ano em que mais afetada, com incidências que variaram
ocorreu a primeira epidemia importante, a entre 2.390 a 3.610 casos por 100.000
área 2 da região Norte destacou-se com habitantes, seguida das áreas 5 (região
incidências que variaram entre 594 e 795 Norte), 8 (região central), 9 (região Oeste)
casos por 100.000 habitantes, seguida das e 11 (região Sul), com incidências de 2.070
áreas 3 e 4 (região Norte), 7 (região Leste) e a 2.390 casos por 100.000 habitantes.
8 (região central), com incidência entre 450 Praticamente, a doença se disseminou na
e 593 casos por 100.000 habitantes. cidade com incidências altas em todas as
Nos anos de 1996 e 1997 ocorreu queda áreas (Figura 2). Nos anos subsequentes
no número de casos, voltando a aumentar observou-se queda na incidência de casos
em 1998. No ano seguinte, 1999, foi regis- de dengue, com discreta elevação em 2005.
trada transmissão de dengue com propor- O índice de Moran para o período que
ções maiores do que a de 1995. As áreas compreende 1990 a 2005 foi de 0,2517
mais afetadas foram às mesmas do ano de (p=0,0010). Observou-se maior número de
1995, acrescida da área 7 na região Leste do aglomerados espaciais na região Norte,
município, observando-se incidências seguida da Leste e Central (Figura 1B). O
variando entre 1.070 e 1.223 casos por índice de Moran para o ano de 1995 foi
100.000 habitantes. Em 2001, ocorreu a 0,2329 (p=0,0010), o que indica a ocorrên-
maior transmissão de dengue registrada, no cia de dependência espacial. Os aglomera-
período, na cidade de São José do Rio Preto. dos espaciais com maior número de casos
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Figura 2. Distribuilçao espacial da incidência de dengue por 100.000 habitantes, nas áreas de controle de vetores do
município de São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, nos anos de 1995, 1999 e 2001.
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Figura 3. Distribuição de dengue por aglomerados espaciais no município de São José do Rio Preto, Estado
de São Paulo, nos anos de 1995, 1999, 2001.
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Figura 4. Mapa de incidência de dengue por 100.000 habitantes e índice de recipientes, por área de
controle de vetores, no município de São do Rio Preto, Estado de São Paulo, no período de de 1995,
1999 a 2001.
Tabela 1. Coeficiente de correlação (r) e valores de (p) para incidência de dengue (IC) e índice de
infestação predial (IP), comparados à chuva e temperatura. São José do Rio Preto, SP, de 1990 a 2005.
Varíaveis
Precipitação Temperatura
ANO IC IP IC IP
r p r p r p r p
1990 0,106 0,743 -0,04 0,901 0,286 0,367 0,385 0,216
1991 0,853** 0 0,059 0,655 0,331 0,294 0,04 0,902
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DISCUSSÃO
Esta avaliação apresenta dificuldades água, que se tornaram importantes
comuns aos estudos que se valem de dados criadouros para os mosquitos.
secundários. Mesmo assim, justificam-se Em 1999, a epidemia de dengue foi de
como uma primeira avaliação da vigilância proporção maior do que aquela de 1995. O
epidemiológica e análise de tendência de sorotipo DEN 2, registrado no município
distribuição dos casos de dengue. em 1996, foi o responsável pelos valores
Conhecer a estrutura e dinâmica espa- altos de incidência observada na região
cial permite caracterização da situação em Norte. Acredita-se que parte da população
que ocorrem eventos da saúde, permitin- apresentava imunidade ao sorotipo DEN 1,
do o planejamento de ações de controle, mas era suscetível ao DEN 2.
alocação de recursos e a preparação de A densidade populacional é fator
ações de emergência. 6,10 A partir de 1998, a fundamental para ajudar a explicar as
transmissão da dengue no município de altas incidências, pois número maior de
São José do Rio Preto ocorre praticamente indivíduos em uma área favorece o contato
durante o ano todo, com maior ou menor com o vetor, e a transmissão pode persistir
intensidade. De maneira geral, observou- por mais tempo, ao encontrar um grupo
se que o maior número de casos ocorreu maior de suscetíveis. 13 Barrera et al. 14
nos primeiros meses do ano, quando as consideram importante estratificar e
condições climáticas eram mais favorá- identificar as áreas mais densamente
veis. Informações do Ministério da Saúde 11 povoadas, nas quais as atividades de
indicam que a incidência da dengue no vigilância e controle deveriam ser mais
Brasil é mais significativa nos meses de intensas. Para esses autores, a densidade
março a maio, mesmo padrão observado populacional apresenta correlação positi-
no município de São José do Rio Preto. va com o risco de se contrair dengue, e a
Analisando-se a distribuição espacial maior incidência de dengue clássico
da incidência da dengue, juntamente apresenta correlação positiva com o risco
com as características do ambiente e a de se adquirir dengue hemorrágico. 15,16
condição social da população, observam- Em São José do Rio Preto, observou-se
se altos valores em todas as áreas do que as regiões Norte, Leste e Central
município, assim como já demonstrado apresentaram várias vezes epidemias de
por Mondini et al. 12 Em 1995 ocorreu a dengue. Nessas regiões o índice de Moran
primeira importante transmissão de foi de 0,2517, mostrando a presença de
dengue no município, pelo sorotipo DEN aglomerado espacial. Nessas áreas, onde
1 . N a q u e l a o c a s i ã o , a l g u n s fa t o re s são encontradas as densidades demográ-
podem ter contribuído para a dissemina- ficas mais elevadas, ocorreram epide-
ção da doença, entre os quais a detecção mias de dengue clássico.
tardia de casos e o abastecimento inter- Com relação à faixa etária, destacou-se
mitente de água na região Norte, que a de 15 aos 49 anos e a de 50 anos e mais
apresentava densidade populacional como aquelas em que foram observados
alta. Na ocasião, a população utilizou-se os maiores registros de casos. Admite-se
de recipientes para o armazenamento de que a distribuição etária da doença se
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expande para grupos etários de menor vez ao ano, refletindo de modo precário a
idade quando da entrada de novos soroti- densidade de mosquitos.
pos e do esgotamento de suscetíveis no O mosquito Aedes aegypti frequenta
grupo de indivíduos adultos. Com o tanto o ambiente intra como o peridomici-
nascimento de novos indivíduos, vai liar. As fases imaturas ocupam mais fre-
sempre existir a reposição de suscetíveis quentemente criadouros artificiais, tanto
14
na população. aqueles abandonados a céu aberto e preen-
Estudos realizados na região encon- chidos pelas águas das chuvas como aque-
traram maior incidência, no período de les utilizados para armazenar água para
1990 a 1996, em indivíduos com idade uso doméstico (latas, barris, caixas d'água e
3,15,16
entre 30 e 59 anos. O sexo feminino outros) ou ornamentais, como vasos e
tem sido o mais acometido, talvez por bromélias. Estudos realizados no Estado de
uma maior exposição das mulheres às São Paulo demonstraram que cerca de 90%
picadas dos mosquitos por permanece- dos focos larvários de Aedes aegypti esta-
rem mais tempo no domicílio e peridomi- vam no peridomicílio, onde há grande
cílio, o que facilitaria a transmissão. 13 oferta de recipientes. 20
Estudos realizados em São Luís, no A valência ecológica do Aedes aegypti
Maranhão, bem como em outras regiões – qual seja, a capacidade de se adaptar a
do Estado de São Paulo, demonstraram d i f e re n t e s a m b i e n t e s – p a re c e s e r
que as incidências de dengue são maio- elevada. Por exemplo, tanto no Brasil
res no sexo feminino. 2,16-18 como em outros países, larvas e pupas de
Na cidade de São José do Rio Preto a Aedes aegypti foram encontradas em
temperatura é elevada durante todo o ano, bromélias utilizadas com fins ornamen-
com média anual ao redor de 25ºC. Esse tais e em ocos de árvores. 21,22,23 Em rela-
fator favorece a transmissão de dengue. A ção aos adultos, investigação realizada
influência da temperatura na transmissão em São José do Rio Preto mostrou que
da doença foi largamente investigada. 87,3% das fêmeas adultas foram captu-
Assim, observou-se que a temperatura radas no intradomicílio. 24
elevada interfere nas atividades de repasto Segundo Service, 25 a quantidade de
sanguíneo das fêmeas dos mosquitos, na criadouros no domicílio e peridomicílio
longevidade das mesmas, no ciclo gonotró- pode estar associada a aspectos culturais e
fico, no período de incubação extrínseco do comportamentais. Talvez isso explique a
vírus e no tamanho do vetor, que indireta- heterogeneidade dos recipientes encon-
mente influência a taxa de picada. 13,19 trados na cidade de São José do Rio Preto,
Neste estudo, no período de 1990 a 1994, no período estudado. Os resultados
o índice predial mostrou a sazonalidade da obtidos para o período de 1990 a 2005
densidade larvária, que aumenta à medida mostram que os hábitos do mosquito são
que se aproxima o período com índices variáveis e que há habilidade em ocupar
pluviométricos e temperaturas mais eleva- diversos tipos de criadouros, em determi-
das, diminuindo nos meses mais secos e nadas áreas. Essa habilidade se alterna no
frios. A partir de 1995, as avaliações de decorrer dos anos, sugerindo que a pre-
infestações larvárias foram realizadas uma sença de imaturos no domicílio ocorre
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Correspondência/correspondence to:
Sirle Abdo Salloum Scandar
Rua dos Lírios 652 – Jardim Seixas
CEP: 15061-090 – São José do Rio Preto/SP – Brasil
Tel.: 55 17 3224-1614 – Fax: 55 17 3224-5522
e-mail: sscandar@hotmail.com
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Artigo original
RESUMO
O vírus influenza A atinge grande variedade de espécies animais e é o único
implicado em pandemias, promovendo na espécie humana doença de
apresentação leve a grave. A influenza acomete indivíduos de todas as
faixas etárias; contudo, a maior incidência de infecção é observada entre
crianças em idade escolar. Durante a epidemia do vírus da influenza H1N1,
em 2009, os óbitos ocorreram com maior frequência entre os adultos
jovens previamente hígidos, quando a letalidade geral foi de 0,85%. Foi
feito um estudo epidemiológico do tipo transversal dos casos de influenza
H1N1, notificados à Vigilância Epidemiológica Municipal e ao Serviço de
Vigilância e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Universitário de
Taubaté, no período de junho a outubro de 2009, em Taubaté, SP. Verificou-
se que o sexo feminino foi predominantemente atingido e entre mulheres
em idade fértil, 39,1% eram gestantes. Aproximadamente metade dos
casos foi hospitalizada e destes, 15,4% evoluíram para óbito por influenza.
Não foi encontrada significância estatística para distribuição geográfica
entre os setores censitários do município.
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ABSTRACT
Influenza A virus reaches a great variety of animals species and it is the only
one that implies in pandemics, promoting in human being an illness
presented from mild to severe. Influenza affects people of all ages, however,
the highest incidence is observed among children of school age. During this
epidemic, deceases occurred most frequently between young adults
previously healthy, when the case fatality rate was 0,85%. It was done a
Cross-sectional study of Influenza H1N1 cases reported to the Vigilância
Epidemiológica Municipal and Serviço de Vigilância e Controle de Infecção
Hospitalar do Hospital Universitário de Taubaté, in the period from June to
October 2009 in Taubaté, SP. It was verified that womankind was
predominantly attained and among women in childbearing age, 39,1%
were pregnant. Approximately half cases were hospitalized and from these
ones, 15,4% died due to Influenza. No statistic significance was found for
geographic distribution among census tracts in the city of Taubaté.
INTRODUÇÃO
O vírus da influenza pertence à família A ocorrência de pandemias é resultante
Orthomyxoviridae. A classificação em tipos de recombinações de segmentos do genoma
A, B e C é possível após identificação do do vírus de influenza A das aves e de huma-
antígeno interno nucleoproteico. O vírus nos, infectando o mesmo hospedeiro. Após a
influenza A atinge grande variedade de recombinação ocorre a transferência para
1,2,3
espécies animais e é o único implicado em uma nova espécie. A recombinação de
pandemias, promovendo na espécie huma- genes que promoveu a influenza A H1N1 não
1
na doença de apresentação leve a grave. tem descrição prévia e apresenta diferencia-
Muitas epidemias foram originadas pelo ção genética das linhagens conhecidas.
vírus da influenza A. Em 1918, estima-se Também não há definição sobre a primeira
que 20 milhões a 50 milhões de pessoas transmissão, se diretamente dos suínos aos
morreram em todo o mundo devido à humanos ou se um hospedeiro intermediá-
popularmente conhecida gripe espanhola. rio esteve implicado.3
Em 1957, uma nova pandemia aconteceu, Segundo a Organização Mundial da Saúde
com implicação da linhagem H2N2, conhe- (OMS), até 1º de abril de 2010, 213 países e
cida como gripe asiática, e, em 1968, houve territórios notificaram casos confirmados
registros de casos de influenza H3N2 na laboratorialmente de influenza pandêmica
4
cidade de Hong Kong. 1,2 H1N1 2009, com pelo menos 17.483 óbitos.
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entre -1 e +1 e o programa fornece este índice vo para influenza A H1N1 e foram incluídos
e a significância estatística do mesmo (p- na pesquisa.
valor). Dessa forma, poderá ser evidenciado Entre os pacientes avaliados a média de
um aglomerado (cluster) da ocorrência de idade foi de 24,9 anos, sendo 64,7% do
influenza A H1N1, segundo os setores sexo feminino e 35,3%, masculino. Foram
censitários. O setor censitário varia de distribuídos de acordo com a raça branca
acordo com a densidade populacional (80%), parda (12,9%), negra (3,5%),
(habitantes por área – m 2 – ou simplesmen- amarela (1,2%) e ignorada (2,4%). Em
te a densidade demográfica). O mapa digital relação ao contato prévio com casos
de Taubaté, com os setores censitários, foi suspeitos de influenza A H1N1, 42,4%
adquirido no portal do IBGE. 9 relataram esse contato e 57,6% desconhe-
Como contrato bioético, foi encaminha- ciam ou não tiveram contato. Outras
da carta de solicitação de autorização para variáveis analisadas foram escolaridade
os responsáveis técnicos dos serviços. O em anos de estudo, estado gestacional,
projeto foi cadastrado ao Comitê de Ética mês de notificação e vacinação prévia,
em Pesquisa da Universidade de Taubaté, observadas na Tabela 1.
sob protocolo número 492/10. As comorbidades avaliadas foram
cardiopatia crônica, doença metabólica,
h e m o g l o b i n o p a t i a , i m u n o d e p re s s ã o ,
RESULTADOS pneumopatia, doença renal crônica e
Dados clínicos e laboratoriais foram tabagismo, sendo que as frequências
coletados de 184 pacientes notificados, dos destas nos pacientes analisados encontra-
quais 85 (46,2%) apresentavam PCR positi- se na Figura 1.
Tabela 1. Perfil epidemiológico dos casos confirmados de influenza
pandêmica (H1N1) atendidos no município de Taubaté, SP, 2009.
Gestante
Sim 18 21,2
Não 37 43,5
Não se aplica 30 35,3
Mês de notificação
Junho 12 14,1
Julho 11 12,9
Agosto 42 49,4
Setembro 18 21,2
Outubro 02 2,4
Vacinação prévia
<1 ano 06 7,1
>1 ano 04 4,7
Não especificado 01 1,1
Não vacinados 74 87,1
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Dentre os sinais e sintomas apresenta- evoluiu para cura (85,9%), 7,1% foram a
dos com maior frequência pelos pacientes, óbito por complicações da influenza A H1N1,
encontramos tosse, febre, mialgia, dispnéia, apenas 1 (1,2%) paciente evoluiu a óbito por
calafrios, odinofagia, coriza, artralgia, outras causas e em 3,5% dos pacientes não
diarréia e conjuntivite (Tabela 2). foi possível caracterizar a evolução.
O padrão radiológico de maior prevalên- A análise espacial não evidenciou clus-
cia foi o infiltrado intersticial (30%), segui- ters de casos, que pode ser visualizado na
do por radiografia normal (10%), misto Figura 2. A taxa de Moran global teve como
(8%) e consolidação em 3% dos casos. resultado p=0,28, não configurando signifi-
A maior parte dos pacientes analisados cância estatística.
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DISCUSSÃO
Os primeiros casos notificados confirma- 84,1% e 60% possuiam 18 anos ou menos.
dos de influenza no município de Taubaté, No Canadá e alguns países da Europa a
SP, ocorreram em junho de 2009, tendo o mediana de idade dos casos confirmados
mês de agosto concentrado a maioria foi de 22 e 23 anos, respectivamente. 17
(49,1%). Se comparado a outubro, mês com O sexo feminino foi predominantemente
os últimos casos notificados, houve uma atingido, com 64,7%, enquanto a ocorrên-
redução de 95,7%, acompanhando os dados cia no sexo masculino foi de 35,3%, con-
obtidos na Secretária de Vigilância em frontando o observado em trabalhos
Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), publicados até o momento, nos quais não
que apresentou uma redução de 92%. 15,16 houve uma diferença significativa entre os
A epidemia de influenza se caracterizou gêneros. 10-17 Do total de 46 mulheres em
por atingir uma população jovem, corrobo- idade fértil, 39,1% eram gestantes, fato
rando os dados nacionais que demonstram também divergente do informe epidemio-
uma maior frequência nos pacientes meno- lógico da Secretaria de Vigilância em Saúde,
res de 2 anos de idade (27,3%) e entre 20-29 de dezembro de 2009, que mostra uma
anos (20%).5 A idade média encontrada na prevalência de 22% de gestantes. Tal
5
análise foi de 24,9 anos (DP de 14,3 anos), ocorrência pode ser explicada pelo fato de
com uma mediana de 21 anos. Em outros que o Hospital Universitário de Taubaté,
estudos, como no México, até 9 de julho de um dos serviços notificadores, é referência
2009 78,7% dos casos confirmados corres- regional para gestantes de alto risco e
pondiam a indivíduos menores de 30 anos; suspeitas de influenza, concentrando os
nos Estados Unidos essa proporção foi de casos de mulheres no município.
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Em Taubaté, 80% dos casos notificados quais 15,4% evoluíram para óbito por
ocorreram em indivíduos da raça branca e influenza. A mortalidade por influenza foi
48,2% apresentaram escolaridade maior de 2,19/100 mil habitantes, de acordo com
que oito anos, o que parece ser resultado de a população estimada para Taubaté segun-
diferenças étnico-socias, possivelmente por 16
do IBGE (2009), dado superior ao apre-
se tratar de indivíduos com maior probabili- sentado no Brasil (0,85/100 mil habitan-
dade de contato, tanto em viagem como com tes) e na região Sudeste (1,02/100 mil
viajantes internacionais, que foram os habitantes), e assemelhando-se às taxas da
vetores do vírus H1N1 no início da pande- região Sul (2,32/100 mil habitantes). 1
mia. Não se observou, entretanto, diferenças
Os casos notificados de influenza A
de distribuição espacial dos casos que
H1N1 foram, em sua maioria, pessoas
pudesse corroborar a estratificação socioe-
jovens. O sexo feminino foi predominante-
conômica, visto que não foi encontrado
mente atingido, sendo que entre mulheres
significância estatística (p = 0,275) pelo
em idade fértil 39,1% eram gestantes.
programa de geoprocessamento Terraview,
devido a sua distribuição homogênea nos A raça branca e indivíduos com mais de
setores censitários do município. Obser- oito anos de escolaridade foram os grupos
vou–se que 42,4% dos casos referiram mais notificados. Não foi encontrada
contato com casos suspeitos. significância estatística para distribuição
geográfica entre os setores censitários do
Os sintomas apresentados pelos casos
município de Taubaté.
confirmados com infecção por H1N1 se
assemelham aos encontrados em outros
estudos, 1-5,10 com uma ocorrência de tosse CONCLUSÕES
(97%) e febre (94,1%), assim como uma ! As comorbidades apresentadas se
significativa presença de calafrios (57,6%), relacionaram principalmente com
coriza (52,9%) e dor de garganta (55,3%). doenças respiratórias crônicas,
Essa observação demonstra a dificuldade seguidas de doenças
em se diferenciar uma síndrome gripal cardiovasculares.
sazonal da infecção por influenza apenas
! Aproximadamente metade dos casos
pelo quadro clínico e confirma a importân-
notificados foi hospitalizado, tendo
cia do diagnóstico laboratorial nas análises
15,4% evoluído para óbito por
epidemiológicas.
influenza.
Em relação às comorbidades analisadas,
! A proporção de óbitos entre os
as doenças respiratórias crônicas apresen-
internados por influenza
taram maior prevalência (12,9%), seguidas
no presente estudo foi elevada.
de doenças cardiovasculares, com 4,7%,
demonstrando uma menor proporção do
que foi observado em análise do Ministério AGRADECIMENTOS
da Saúde para o âmbito nacional (24,4% e Ao Serviço de Vigilância e Controle de
12,3%, respectivamente). 5 Infecção Hospitalar do Hospital Universitá-
Quanto à evolução dos casos, observa- rio de Taubaté e à Vigilância Epidemiológi-
mos que 45,9% foram hospitalizados, dos ca Municipal de Taubaté.
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Correspondência/correspondence to:
Maria Elisa Moreira
Rua Frei Modesto Maria de Taubaté, 55 – Jardim Santa Clara
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Informe Técnico
INTRODUÇÃO
A doença meningocócica (DM) é causada 21% (547 óbitos). Até 2005, o sorogrupo B
pela Neisseria meningitidis (meningococo), era predominante. A partir desse mesmo
cuja disseminação resulta em infecções ano, ocorreu uma substituição do soro-
invasivas graves como a meningite e a grupo B pelo C. A proporção de meningo-
meningococcemia. As infecções geralmente cocos do sorogrupo C vem aumentando
têm início abrupto e podem evoluir rapida- nos últimos anos, passando de 26% em
1
mente, alcançando uma taxa de letalidade 2000 para 75% em 2009.
de 10-20%, e em até 20% dos casos os A incidência da DM nos países desenvol-
pacientes podem evoluir com sequelas vidos varia de 1 a 5 casos por 100.000
como surdez, déficit neurológico e amputa- habitantes, com predomínio de diferentes
ção de extremidades. sorogrupos. No Brasil, o coeficiente médio
A DM acomete pessoas de todas as faixas de incidência da doença é de 3,28/100.000
etárias, porém a maior incidência é em habitantes (2000 a 2009). No Estado de
crianças menores de 5 anos, sobretudo nos São Paulo a DM apresentou coeficiente
menores de 1 ano. Em situações de surtos médio de incidência de 3,1/100.000
observa-se uma distribuição da DM entre habitantes, no mesmo período (Figura 1).
os adolescentes e adultos jovens. A letalidade oscilou entre 16,7% e 20,5%,
No Brasil, em 2009 foram notificados sendo o sorogrupo C o mais frequente
2.638 casos da doença, com letalidade de desde 2003.
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Vacina Vacina
Aspecto
polissacarídica conjugada
Resposta imune T-dependente Não Sim
Memória imunológica Não Sim
Efeito booster Não Sim
Persistência de proteção Não Sim
Imunidade de rebanho Não Sim
Redução do estado de portador Não Sim
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Correspondência/Correspondence to:
Helena Keiko Sato
Divisão de Imunização
Av. Dr. Aranaldo, 351 – 6º andar
CEP: 01246-000 – São Paulo/SP – Brasil
Tel.: 11 3066-8781
E-mail: dvimuni@saude.sp.gov.br
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Nota
Relação de doenças agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória dm território nacional
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10. Influenza humana por novo subtipo; III. Doença, morte ou evidência de animais
11. Peste; com agente etiológico que podem acarretar a
12. Poliomielite; ocorrência de doenças em humanos,
13. Raiva Humana; destaca-se:
14. Sarampo em indivíduo com história de viagem ao 1. Primatas não humanos
exterior nos últimos 30 (trinta) dias ou de contato, no 2. Equinos
mesmo período, com alguém que viajou ao exterior; 3. Aves
15. Rubéola em indivíduo com história de viagem ao 4. Morcegos
exterior nos últimos 30 (trinta) dias ou de contato, no Raiva: Morcego morto sem causa definida ou
mesmo período, com alguém que viajou ao exterior; encontrado em situação não usual, tais como: vôos
16. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao diurnos, atividade alimentar diurna, incoordenação de
Coronavírus (SARS-CoV); movimentos, agressividade, contrações musculares,
17. Varíola; paralisias, encontrado durante o dia no chão ou em
18. Tularemia; e paredes.
19. Síndrome de Rubéola Congênita (SRC). 5. Canídeos
Raiva: canídeos domésticos ou silvestres que
II. Surto ou agregação de casos ou óbitos por: apresentaram doença com sintomatologia neurológica
1. Difteria; e evoluíram para morte num período de até 10 dias ou
2. Doença Meningocócica; confirmado laboratorialmente para raiva.
3. Doença Transmitida por Alimentos (DTA) em navios ou Leishmaniose visceral: primeiro registro de canídeo
aeronaves; doméstico em área indene, confirmado por meio da
4. Influenza Humana; identificação laboratorial da espécie Leishmania
5. Meningites Virais; chagasi.
6. Sarampo; 6. Roedores silvestres
7. Rubéola; e Peste: Roedores silvestres mortos em áreas de focos
8. Outros eventos de potencial relevância em saúde naturais de peste.
pública, após a avaliação de risco de acordo com o Anexo
II do RSI 2005, destacando-se: ANEXO III
a) Alteração no padrão epidemiológico de doença que
constam no Anexo I desta Portaria; Lista de Notificação Compulsória em Unidades
b) Doença de origem desconhecida; Sentinelas - LNCS:
c) Exposição a contaminantes químicos; 1. Acidente com exposição a material biológico
d) Exposição à água para consumo humano fora dos relacionado ao trabalho;
padrões preconizados pela SVS; 2. Acidente de trabalho com mutilações;
e) Exposição ao ar contaminado, fora dos padrões 3. Acidente de trabalho em crianças e adolescentes;
preconizados pela Resolução do CONAMA; 4. Acidente de trabalho fatal;
f) Acidentes envolvendo radiações ionizantes e não 5. Câncer Relacionado ao Trabalho;
ionizantes por fontes não controladas, por fontes 6. Dermatoses ocupacionais;
utilizadas nas atividades industriais ou médicas e 7. Distúrbios Ostemusculares Relacionados ao Trabalho
acidentes de transporte com produtos radioativos (DORT);
da classe 7 da ONU. 8. Influenza humana;
g) Desastres de origem natural ou antropogênica 9. Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao
quando houver desalojados ou desabrigados; trabalho;
h) Desastres de origem natural ou antropogênica 10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho;
quando houver comprometimento da capacidade de 11. Rotavírus;
funcionamento e infraestrutura das unidades de 12. Toxoplasmose aguda gestacional e congênita;
saúde locais em conseqüência evento. 13. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho; e
14. Violência doméstica, sexual e/ou auto-provocada.
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