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Dor Crônica em Hanseníase – Um Problema de Saúde Pública? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Chronic Pain in Hansen's Disease – A Public Health Problem?
Patrick R N A G Stump1,4, Marcos Virmond1, Rosemari Baccarelli1, Lúcia H. S. C. Marciano1, José R. P. Lauris3, Somei
Ura1, Manoel Jacobsen Teixeira2,4
Resumo
A hanseníase, ainda com taxa de detecção muito elevada no Brasil,
caracteriza-se por alterações dos nervos periféricos e lesões de pele com
distúrbio de sensibilidade, sendo a última um dos paradigmas para seu
diagnóstico. Entretanto, o sintoma dor nesses pacientes tem sido relatado
com crescente freqüência. A dor pode ser nociceptiva devido à inflamação
dos tecidos (reação reversa e eritema nodoso leproso) e neuropática (por
lesão anatômica e/ou funcional do sistema nervoso). Foram estudados 53
pacientes com queixas de dor para investigar suas características espaciais,
temporais, descritivas, afetivas e avaliativas. Dentre eles, 73,6% já tinham
completado o tratamento com PQT/OMS e 84,9% eram casos multibacila-
res. A localização espacial mais prevalente refere-se aos nervos ulnar e
tibial. A dor em queimação é a descrição livre mais referida pelo pacientes
(28,3%) e a adjetivação afetiva e avaliativa revela potencial de interferência
na qualidade de vida. A dor nos portadores de hanseníase pode se apresen-
tar, mesmo após a cura da doença, com características sensoriais, espa-
ciais, temporais e afetivas bastante definidas e prejudiciais, que demandam
controle e tratamento específico.
Abstract
Hansen's disease, which still shows high detection rate in Brazil, features
peripheral nerve involvement and skin lesions with sensory loss. The latter is
one of the paradigms to the diagnosis of the disease. However, pain is a
symptom that is being increasingly reported in theses cases. Pain can be
nociceptive due to tissue inflammation (reversal reaction and erythema
nodosum leprosum) and neuropatic (due to anatomical and/or functional
damage to the nervous system). Fifty three cases with complaint of pain were
studied regarding spatial, temporal, defining, affective and evaluative charac-
teristics. Among them, 73.6% had completed their MDT/WHO treatment and
84.9% were multibacilary cases. The spatial localization of pain was more
prevalent to the ulnar and tibial nerves. Burning pain was the free description
referred by 28.3% of cases and the affective and evaluative adjectives used
incapacitante. De fato, como pode ser visto na Tabela qualquer paciente com quadro de dor neuropática,
5, os descritores afetivos e avaliativos da dor, livre- inclusive o de hanseníase.
mente empregados pelos indivíduos, revelam um
percentual elevado para adjetivações que indicam Conclusão
uma relação negativa e limitante entre o paciente e
seus sintomas. A dor neuropática em hanseníase apresenta
características potencialmente limitantes às ativida-
Desta forma, ainda que isto não tenha sido objeto des de vida diária das pessoas afetadas pela hanse-
desse estudo, pode-se especular que o quadro álgico níase, durante e após o tratamento regular. Seu
com as características descritas contribua, e seja diagnóstico e controle com drogas tricíclicas e/ou
mesmo determinante, para o afastamento desses anticonvulsivantes deve ser incorporado à atenção
indivíduos de suas atividades laborativas profissio- desses casos na rede SUS.
nais, de seus afazeres domésticos e de suas lides
comunitárias. Assume, então, esse problema, a
gênese de uma alteração relevante da qualidade de Referências bibliográficas
vida desses indivíduos. Nesse sentido, cabe alertar 1. WHO. World Health Organization. Weekly
que os quadros de dor neuropática podem ser contro- epidemiological record 2002; 77:1-8.
lados por drogas específicas e que esse diagnóstico 2. WHO. World Health Organization. Weekly
e atenção devem ser levados ao conhecimento da epidemiological record 2005; 15:113-24.
equipes de saúde da rede do Sistema Único de
Saúde (SUS), para sua incorporação à atenção 3. Hietaharju A, Croft R, Alam R, Birch P, Mong A,
integral dos indivíduos afetados pela hanseníase. Haanpaa M. Chronic neuropathic pain in
treated leprosy. Lancet 2000; 356:1080-1.
O controle e o tratamento da dor neuropática em
hanseníase ainda não foi alvo de estudos detalhados. 4. Stump PRNAG, Baccarelli R, Marciano
Entretanto, a experiência com o tratamento desse LHSC, Lauris JRP, Teixeira MJ, Ura S,
tipo de dor em outros quadros clínicos de neurite Virmond MCL. Neuropathic pain in leprosy
sugeriu o uso de esquemas terapêuticos padrão nos patients. Int. J. Leprosy 2004; 72:134-38.
7,8
caso de hanseníase . Nesse sentido, bons resulta- 5. Stump PRNAG, Baccarelli R, Marciano
dos têm sido relatados, ainda que não publicados, LHSC, Lauris JRP, Ura S, Virmond M, Portnoi
com o uso de drogas como a amitriptilina e a imipra- AG, Okada M, Teixeira MJ. Características da
mina. Agentes anticonvulsivantes, como a carbama- dor crônica na hanseníase. Abstracts
zepina, a lamotrigina, a gabapentina e a pregabalina, Hansen. Int. v.30 (1) 2005, p. 125.
esta última ainda não disponível no Brasil, também 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
podem ser utilizados9. Deve-se notar, entretanto, que Políticas de Saúde. Departamento de
essas drogas agem como analgésicos com ação Atenção Básica. Guia para o Controle da
central e, portanto, não interferem no processo de Hanseníase. Brasília, 2002. Cadernos de
dano neural, tanto em sua melhora como piora. Atenção Básica; n. 10, Série A: Normas e
Atualmente, na rede SUS, as drogas antidepressi- Manuais Técnicos, n.111; 89p.
vas tricíclicas estão disponíveis na área da saúde
7. Max MB, Culnane M, Schafer SC et al.
mental, sendo que dos anticonvulsivantes a gaba-
Amitriptyline relieves diabetic neuropathy pain
pentina e a carbamazepina estão disponíveis para o
with normal or depressed mood. Neurology
tratamento adjuvante de crises convulsivas.
1987;37:589-96.
Considerando-se essa disponibilidade, e pensando-
se na atual política de atenção integral aos pacientes 8. O p r o m o l l a D VA ( E d ) . N o ç õ e s d e
de hanseníase, ficará mais fácil a discussão da Hansenologia. Bauru: Centro de Estudos
garantia do acesso dessas drogas a esses pacientes. Reynaldo Quagliatto, 2000.
Curiosamente, essas drogas estão identificadas mais 9. Garbino JA, Nery JA, Virmond M, Stump PRN,
com o tratamento de quadros convulsivantes e Baccarelli R, Marques Jr W. Diagnóstico e
depressivos, mas, na realidade, têm uma ação tratamento da neuropatia em hanseníase. In:
analgésica central e periférica importante. Assim, Jatene, F.B. et al. Projeto Diretrizes, volume
seria conveniente assegurar sua disponibilidade para III. AMB. CFM, Brasília, 2005. p: 147-159.
Correspondência/Correspondence to:
Marcos Virmond
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, Km 225/226
CEP: 17034-971 – Bauru (SP)
Tel.: (14) 3103-5900
E-mail: mvirmond@ilsl.br
No. de casos
dos casos confirmados, configurando a mesma ca- 4
deia de transmissão do vírus. A fonte de infecção ain- 3
da é desconhecida.
2
Todos os casos confirmados não eram vacinados
e alguns receberam a vacina no momento do blo- 1
queio, antes de apresentar sinais e sintomas (fora do 0
prazo considerado evento adverso relacionado à <1a 1-4a 5-9a 10 - 19 a > 20a
vacina). Todos os casos confirmados referiram ter Faixa etária
contato com pessoas que tiveram as manifestações Fonte: SVS/MS, em 14/12/06.
clínicas da doença. Figura 1. Casos de sarampo por faixa etária. João Dourado, BA, 2006.
O primeiro e o último casos confirmados apresenta-
ram exantema entre as semanas epidemiológicas 41 e Todos os casos foram confirmados ou descarta-
45 de 2006, no período de 08/10/06 a 11/11/06. Trata- dos com base na análise dos resultados da investiga-
se de indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 9 ção epidemiológica e dos exames laboratoriais.
meses a 37 anos, que residem em um mesmo bairro. A Figura 2 apresenta a distribuição geográfica dos
genótipos dos vírus do sarampo nas
regiões onde ele ainda não foi
controlado.
Página 6
4 Coordenadoria de Controle de Doenças dezembro
março de 2006
BEPA ISSN 1806-4272 Boletim Epidemiológico Paulista
A hipótese de que a infecção inicial tenha sido contraí- “Toda pessoa que apresente febre e exan-
da no município de Lençóis (BA) foi descartada. Até o tema acompanhados de um ou mais dos
momento, não foi possível definir como o vírus foi introdu- seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza
zido no município de João Dourado, que tem sua econo- e/ou conjuntivite, independente da idade e
mia baseada na agricultura e, semanalmente, recebe um situação vacinal.”
intenso fluxo de caminhoneiros, que levam verduras para O Estado de São Paulo incrementou as
diversos Estados do Brasil. Outrossim, nenhum outro seguintes ações frente a este surto:
caso de sarampo foi confirmado no País e todos os
- Elaboração de informes técnicos e folders
Estados permanecem em alerta.
com recomendação aos viajantes e alerta após o
O sarampo é altamente transmissível, facilmente regresso para os casos suspeitos; enviados,
infecta por via respiratória pessoas suscetíveis, que também, a todos os municípios do Estado e
nunca adquiriram a doença ou não foram adequada- agências de turismo. O material encontra-se
mente vacinadas. disponível no seguinte endereço eletrônico:
A Figura 3 ilustra os casos suspeitos de sarampo http://www.cve.saude.sp.gov.br/.
notificados no Estado de São Paulo por semana - Recomendação de vacinação com a
epidemiológica em 2005-2006, assinalado o período vacina tríplice viral SCR (sarampo, caxumba e
de alerta indicado pelo surto da Bahia. rubéola):
30 01/9/06
ANO 2005 (N=438)
ANO 2006 (N=225)
nº de casos
20
10
0
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52
Semanas epidemiológicas
Fonte : Sinan/DDTR, até SE 48/06.
Figura 3. Casos suspeitos de sarampo notificados no Estado de São Paulo, por semana epidemiológica, 2005-2006.
A vacina tríplice viral SCR (contra sarampo, ca- ! de viajantes para a Bahia, disponível nas
xumba e rubéola) é a medida de prevenção mais efi- unidades de saúde do Estado, terminais
caz contra o sarampo. No calendário de vacinação de rodoviários (Tietê e Barra Funda, onde serão
rotina, a primeira dose deve ser administrada a toda disponibilizados, também, folders com reco-
criança de 1 ano de idade e uma segunda dose àque- mendação de vacinação) e nos aeroportos
las de 5 a 6 anos. (Guarulhos, Congonhas e Viracopos);
Recomenda-se que os adultos nascidos depois de
! dos funcionários dos terminais rodoviários
1960, sem comprovação de nenhuma dose, recebam
(Tietê e Barra Funda), incluindo comerciários,
pelo menos uma dose da vacina tríplice viral (SCR).
taxistas, entregadores, motoristas das empre-
Esta vacina não é recomendada a gestantes. Os via-
jantes devem estar com suas vacinas em dia antes sas de ônibus e
de viajar. ! dos caminhoneiros nos armazéns alfandegá-
A definição de caso suspeito de sarampo é: rios do Estado de São Paulo.
Correspondência/Correspondence to:
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória – CVE
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6º Andar
CEP 01246-000 – São Paulo (SP)
Tels.: (11) 3066-8000, ramais 8236 e 8289, 3082-0957
FAX: (11) 3082-9359/9395
E-mail: dvresp@saude.sp.gov.br
Ivanete Kotait
Instituto Pasteur
Coordenadoria de Controle de Doenças
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – IP/CCD/SES-SP
Promoção em saúde
Identificar espécie
Vegetação Residência/
Edificação
Espécie Colônia não Demodus
solitária hematófago rotundus
Orientação
Homem Animal
Envio
laboratório
Indicar Avaliar
procura “status”
assistência imunológico
médica
Vacinação Eutanásia
Profilaxia Orientação
Vacinação/
Revacinação
Procedência do morcego
Unidade Solicitante
Endereço
Bairro Município
CEP Fone: ( ) Fax: ( ) DIR
Coordenadas geográficas Responsável
Informações complementares
Existência de outros morcegos no mesmo local ou proximidades:
( ) Não ( ) Sim Número: ______________________________
Contato ou acidentes com pessoas:
( ) Não ( ) Sim Como? ______________________________
Existência de outros animais no mesmo local:
( ) Não ( ) Sim Como? ______________________________
Animais que tiveram contato são vacinados regularmente contra a raiva?
( ) Não ( ) Sim ( ) Espécie ( ) Quantidade
Identificação da espécie
Espécie:
Hábito alimentar: Sexo: ( ) Macho ( ) Fêmea
Idade: ( ) Jovem ( ) Adulto ( ) Prenhe
Responsável
___________________________
Nome, assinatura e carimbo
Obs.: utilize o verso para fornecer outras informações que considerar relevantes.
Sabe-se que a redução da transmissão vertical do taxa de prevalência de 1,6% para sífilis ativa, com
HIV e a eliminação da sífilis congênita podem ser uma estimativa de cerca de 10.400 parturientes com
alcançadas se estes agravos forem diagnosticados e sífilis e de 2.600 nascidos vivos com sífilis congênita
tratados e/ou prevenidos durante o pré-natal. A taxa (considerando uma taxa de transmissão vertical de
de infecção da transmissão vertical do HIV pode 25%) ao ano.
chegar a 1%1 e a sífilis congênita é uma doença que Embora de notificação compulsória desde 19868,
pode ser totalmente evitada, se a mãe e o seu parcei- foram notificados ao sistema de vigilância epidemio-
ro sexual forem diagnosticados e tratados adequada- lógica do Estado de São Paulo, no período de 1998 a
2
mente . junho de 20066, apenas 7.058 casos de sífilis congê-
No entanto, apesar das estratégias tanto para a nita, demonstrando, assim, os possíveis subregistros
redução da transmissão vertical do HIV quanto para a e subdiagnósticos desse agravo. Entre os casos
eliminação da sífilis congênita estarem centradas e notificados no período de 2001 a 20056, 76,3% das
garantidas no mesmo período da assistência ao pré- mães freqüentaram o pré-natal, sendo que 59%
natal das mulheres gestantes, observa-se que os foram tratadas durante a gravidez e apenas 13%
resultados esperados não são os mesmos para estes tiveram os seus parceiros sexuais tratados. Sem
3
dois agravos . considerar o percentual de informações ignoradas,
A taxa de infecção da transmissão vertical do HIV tais indicadores refletem a baixa qualidade do pré-
no Estado de São Paulo apresentou uma queda de natal no País e/ou a pouca importância que os profis-
9,4% no ano de 2000 para 2,4% em20024,5, enquanto sionais de saúde, sejam gestores ou aqueles direta-
a sífilis congênita apresentou um aumento na notifi- mente envolvidos no atendimento, têm dado ao
cação de casos: 797 casos em 1998 para 1.026 em diagnóstico e ao tratamento da sífilis, principalmente
6
2003 , isto é, um aumento de 29%. na gravidez.
Frente a essa desigualdade de expressão epide- Esses indicadores apontam para um problema de
miológica e de priorização do ponto de vista político grande magnitude, com a necessidade de implemen-
destas duas condições, é necessária e urgente uma tação de ações eficazmente direcionadas à elimina-
priorização no enfoque da sífilis na gestante, um ção da sífilis congênita.
agravo que tem diagnóstico e tratamento disponíveis, Como elemento fundamental para seu en-
mas que vem se mostrando um incômodo desafio frentamento, as ações de prevenção precisam ser
para a saúde pública. reforçadas na assistência ao pré-natal e ao parto,
A sífilis congênita é a infecção do feto pelo com a triagem laboratorial de todas as gestantes no
Treponema pallidum, em razão da passagem dessa pré-natal (na primeira consulta e no início do tercei-
bactéria pela placenta. É, portanto, a transmissão do ro trimestre) e no parto, com o conseqüente trata-
treponema da mãe para o filho. Tal infecção pode mento oportuno e adequado também do seu parcei-
provocar aborto ou a morte do bebê, quando este ro sexual.
nasce gravemente enfermo. Quando não há óbito da O Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo
criança ou quando o diagnóstico não é feito, seqüelas implantou a Notificação Compulsória de Sífilis em
como cegueira, surdez, retardo mental e deformida- Gestante a partir da Resolução SS-59 de 22/7/2004,
des físicas podem ser observadas2. uma importante estratégia de controle da sífilis na
A sífilis é uma doença de elevada magnitude: no gestação. A inclusão da sífilis na gestação como
estudo sentinela realizado em 20047 em uma amostra doença sexualmente transmissível de notificação
representativa de parturientes, de 15 a 49 anos de compulsória justifica-se por sua elevada taxa de
idade, no Estado de São Paulo, observou-se uma prevalência e elevada taxa de transmissão vertical,
que varia de 30% a 100% sem o tratamento ou com identificação destas oportunidades perdidas deverá
tratamento inadequado2. orientar os devidos planejamento, monitoramento e
Quando a sífilis é diagnosticada em uma gestante avaliação das ações necessárias para o controle
o tratamento deve ser iniciado de imediato . Os
9 deste agravo, que vem demandando novas estraté-
parceiros também devem ser tratados, principalmen- gias de enfrentamento.
te para evitar uma possível reinfecção da gestante9. No Estado de São Paulo pretende-se amadurecer a
Algumas maternidades executam uma estratégia ampliação do debate nos vários segmentos da socie-
bastante oportuna e eficaz, que é a de tratar o parcei- dade envolvidos com este enfrentamento, diminuindo o
ro sexual após consultar e discutir com a parturien- estigma em relação às doenças sexualmente transmis-
te/puérpera esta possibilidade. O diagnóstico da síveis, para que a sífilis se torne mais visível como um
sífilis na parturiente ou na puérpera não impedirá o problema para a população em geral e para os profis-
caso de sífilis congênita, e o recém-nascido terá de sionais de saúde, e que isto contribua para o tão
ser submetido ao tratamento com dez dias de penicili- almejado alcance da eliminação da sífilis congênita.
na cristalina ou procaína9.
Enquanto para o tratamento e/ou profilaxia do HIV Referências bibliográficas
são administradas drogas antiretrovirais na gesta- 1. Mofenson LM, Munderi P. Safety of antiretrovi-
ção, por via oral, e há necessidade de um trabalho de ral prophylaxis of perinatal transmission for
adesão junto às mulheres, já que estas drogas são HIV-infected pregnant women and their
utilizadas ao longo de toda a gestação, o tratamento infants. J Acquir Immune Defic Syndr.,
para a sífilis é realizado eficazmente e simplesmente 2002; 30:200-15.
com a penicilina benzatina10, que pode e deve ser 2. Berman SM. Maternal Syphilis: Pathophy-
administrada na unidade básica de saúde. siology and Treatment. Bull World Health
A eliminação da sífilis congênita requer insumos Organization 2004; 82: 433-8.
de baixo custo que precisam ser garantidos, assim 3. Matida LH, Gianna MC, Gonçalves A, Tayra A,
como a qualificação dos recursos humanos envolvi- Succi RCM. Transmissão Vertical do HIV e da
dos na assistência pré-natal, momento crítico para a Sífilis: Avanços no Controle do HIV e
prevenção da doença. Descompasso no Controle da Sífilis
É de fundamental importância a priorização da Congênita VI Congresso Brasileiro de
sífilis na gestação, com o envolvimento das Áreas Epidemiologia. 19 a 23 de Junho de 2004.
Técnicas da Atenção Básica, da Mulher, da Criança e 4. Succi RCM. Grupo Brasileiro de Estudo para
DST/Aids em todos os níveis, e a inclusão do tema na Avaliar a Transmissão Vertical do HIV. Estudo
agenda dos gestores, pois o agravo tem diagnóstico e Multicêntrico para Avaliação da Taxa de
tratamento disponíveis e de baixo custo. Mas ainda Infecção da Transmissão Vertical do HIV.
permanece, como já foi dito, um incômodo desafio XXXII Congresso Brasileiro de Pediatria, São
para a saúde pública. Paulo, Brasil, Outubro de 2003 [Resumo OR
A sífilis não tratada durante a gestação resulta em 840].
uma considerável proporção de mortes fetais e neona- 5. Matida LH, Silva MH, Tayra A, Succi RCM,
11
tais precoces , agravando o quadro epidemiológico da Gianna MC, Gonçalves A, Carvalho HB,
sífilis congênita. Toda esta situação descrita aponta Hearst N. Prevention of mother-to-child
para a necessidade urgente da qualificação da atenção transmission of HIV in São Paulo State, Brazil:
pré-natal, com garantia dos insumos necessários an update. AIDS 2005; 19 (suppl 4):S37-S41.
específicos para a sífilis, momento crucial para se 6. São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde.
atingir a meta de eliminação do agravo. Boletim Epidemiológico do CRT DST/Aids
A Organização Mundial da Saúde (OMS) conside- 2006. São Paulo: Divisão de Vigilância
ra que a doença é eliminada quando existe a ocorrên- Epidemiológica, Programa Estadual de
cia de menos de um caso para cada 1.000 nascidos DST/AIDS, Secretaria de Estado da Saúde de
vivos – esta é a meta do Ministério da Saúde e, São Paulo.
conseqüentemente, do Estado de São Paulo. 7. Szwarcwald CL. Relatório: Primeiros
O Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo Resultados do Estudo-Sentinela Parturiente
propõe que todo caso diagnosticado e notificado de 2004. Brasília: Programa Nacional de DST e
sífilis congênita seja investigado, a fim de que sejam Aids, Secretaria de Vigilância em Saúde,
detectadas todas as oportunidades perdidas para Ministério da Saúde; 2004. Disponível em:
que esta gestante e seu parceiro sexual tivessem http://www.aids.gov.br/data/documents/store
sido adequadamente diagnosticados e tratados. A dDocuments/%7BB8EF5DAF-23AE-4891-
Correspondência/Correspondence to:
Luiza Harunari Matida
Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids
Rua Santa Cruz, nº 81
CEP: 04121-000 – São Paulo (SP)
E-mail: lmatida@crt.saude.sp.gov.br
1. Aluna do Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) em Imunologia, do Instituto Adolfo Lutz, Coordenadoria de
Controle de Doenças, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo – PAP/IAL/CCD/SES-SP
2. Orientadora do PAP/IAL/CCD/SES-SP