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BEPA

Boletim Epidemiológico Paulista


PUBLICAÇÃO MENSAL SOBRE AGRAVOS À SAÚDE PÚBLICA ISSN 1806-4272
Volume 3 Número 36 dezembro de 2006

Nesta Edição
Dor Crônica em Hanseníase – Um Problema de Saúde Pública? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Chronic Pain in Hansen's Disease – A Public Health Problem?

Sarampo Confirmado – Bahia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6


Confirmed Case of Measles – Bahia

Programa de Prevenção e Controle da Raiva Transmitida por Morcegos em


Áreas Urbanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Program for Prevention and Control of Rabies Transmitted by Bats in Urban
Areas

Enfrentamento Desigual da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis . . . . . . . . . . . . . . 14


Unequal facing of Vertical transmission of HIV and Syphilis

Pesquisa da Prevalência de Anticorpos Anti-HHV-8 em Pacientes em Diálise e


em Fila de Transplante Renal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Searching for the Prevalence of HHV-8 Antibodies in Dialysis Patients and
Renal Transplant Recipients

Instruções aos Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20


Author´s Instructions
Expediente
Coordenador Maria Bernadete de Paula Eduardo
Carlos Magno C. B. Fortaleza Centro de Vigilância Epidemiológica
Marcos da Cunha Lopes Virmond
Editor Instituto Lauro Souza Lima
COORDENADORIA Maria Clara Gianna
Carlos Magno C. B. Fortaleza
DE CONTROLE Centro de Referência e Treinamento em
DST/Aids
DE DOENÇAS Conselho Editorial Maria Cristina Megid
Carlos Alberto Sanazaro Centro de Vigilância Sanitária
O Boletim Epidemiológico Instituto Adolfo Lutz Maria Maeno
Paulista é uma publicação mensal Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
da Coordenadoria de Carlos Magno C. B. Fortaleza
Superintendência de Controle de Endemias Neide Yume Takaoka
Controle de Doenças (CCD),
Cilmara Polido Garcia Instituto Pasteur
da Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica
Av. Dr. Arnaldo, 351 Eliseu Waldman Coordenação Editorial
1º andar, sl. 135 Faculdade de Saúde Pública da USP Cecilia Abdalla
CEP: 01246-902 Fernando Fiúza Cláudia Malinverni
Tel.:(11) 3066-8823 e 3066-8825 Instituto Clemente Ferreira Letícia Maria de Campos
bepa@saude.sp.gov.br José Cássio de Moraes Sylia Rehder
Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo Núcleo de Comunicação – CCD
Luis Eduardo Batista/CCD/SES-SP
Luiz Jacintho da Silva – Unicamp Projeto Gráfico/Editoração Eletrônica
Vilma Pinheiro Gawyszewsk Marcos Rosado – NIVE/CVE/CCD
Centro de Vigilância Epidemiológica Zilda Souza – NIVE/CVE/CCD

Coordenadoria de Controle de Doenças


Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-4272 BEPA
Artigo Original

Dor Crônica em Hanseníase – Um Problema de Saúde Pública?


Chronic Pain in Hansen's Disease – A Public Health Problem?

Patrick R N A G Stump1,4, Marcos Virmond1, Rosemari Baccarelli1, Lúcia H. S. C. Marciano1, José R. P. Lauris3, Somei
Ura1, Manoel Jacobsen Teixeira2,4

1. Instituto Lauro de Souza Lima, Coordenadoria de Controle de Doenças, Secretaria de Estado da


Saúde – ILSL/CCD/SES-SP
2. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP
3. Faculdade de Odontologia de Bauru – USP
4. Grupo de Dor do Hospital das Clínicas – HC FMUSP

Resumo
A hanseníase, ainda com taxa de detecção muito elevada no Brasil,
caracteriza-se por alterações dos nervos periféricos e lesões de pele com
distúrbio de sensibilidade, sendo a última um dos paradigmas para seu
diagnóstico. Entretanto, o sintoma dor nesses pacientes tem sido relatado
com crescente freqüência. A dor pode ser nociceptiva devido à inflamação
dos tecidos (reação reversa e eritema nodoso leproso) e neuropática (por
lesão anatômica e/ou funcional do sistema nervoso). Foram estudados 53
pacientes com queixas de dor para investigar suas características espaciais,
temporais, descritivas, afetivas e avaliativas. Dentre eles, 73,6% já tinham
completado o tratamento com PQT/OMS e 84,9% eram casos multibacila-
res. A localização espacial mais prevalente refere-se aos nervos ulnar e
tibial. A dor em queimação é a descrição livre mais referida pelo pacientes
(28,3%) e a adjetivação afetiva e avaliativa revela potencial de interferência
na qualidade de vida. A dor nos portadores de hanseníase pode se apresen-
tar, mesmo após a cura da doença, com características sensoriais, espa-
ciais, temporais e afetivas bastante definidas e prejudiciais, que demandam
controle e tratamento específico.

Palavras-chave: dor crônica; dor neuropática; hanseníase; atenção à


saúde.

Abstract
Hansen's disease, which still shows high detection rate in Brazil, features
peripheral nerve involvement and skin lesions with sensory loss. The latter is
one of the paradigms to the diagnosis of the disease. However, pain is a
symptom that is being increasingly reported in theses cases. Pain can be
nociceptive due to tissue inflammation (reversal reaction and erythema
nodosum leprosum) and neuropatic (due to anatomical and/or functional
damage to the nervous system). Fifty three cases with complaint of pain were
studied regarding spatial, temporal, defining, affective and evaluative charac-
teristics. Among them, 73.6% had completed their MDT/WHO treatment and
84.9% were multibacilary cases. The spatial localization of pain was more
prevalent to the ulnar and tibial nerves. Burning pain was the free description
referred by 28.3% of cases and the affective and evaluative adjectives used

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reveal a potential interference in the quality of live of these individuals. Pain in


Hansen's disease cases can be present even after completion of treatment
with sensory, spatial, temporal and affective characteristic that are quite
definite and hazardous, which demands control and proper treatment.

Key words: chronic pain; neuropatic pain; Hansen's disease; health


attention.

Introdução ocorrendo durante os processos focais de agudização


A hanseníase é uma doença crônica infecciosa da doença, por resposta à imunidade celular (reação
causada pelo Micobacterium leprae que afeta inúme- reversa ou tipo 1) ou por depósito de imuno-complexos,
ros sistemas, especialmente o sistema nervoso mediado pela imunidade humoral (reação de eritema
periférico e a pele. Nas últimas décadas tem se visto nodoso leproso). Em segundo lugar, menos conhecida
uma progressiva diminuição da prevalência global e estudada, a dor neuropática, decorrente de uma
registrada, atingindo, na atualidade, menos de lesão anatômica e/ou funcional do sistema nervoso.
1/10.000 habitantes. Porém, a prevalência no Brasil Esta última está relacionada com o resultado do dano
ainda é de 4,4/10.000 habitantes1,2. Mais que isto, a neural provocado por qualquer tipo das reações
taxa de detecção, ao contrário da curva descendente relatadas, como seqüela, assim como pode coexistir
da prevalência, apresenta uma estabilidade preocu- agudamente com o processo reacional.
pante (Figura 1). Considerando a relevância desse sintoma, o
12 objetivo desse estudo foi caracterizar as sensações
10,5 dolorosas em pacientes com hanseníase durante os
10
episódios de dor.
8,8
8
6,7
6
Material e métodos
5,5 4,9 5,1
4,7
4,3 4,4 4,5
A amostra constitui-se de 53 casos de hanseníase
4 em atendimento no Instituto Lauro de Souza Lima –
2,7 órgão da Coordenadoria de Controle de Doenças, da
2 2,5 2,8 2,8 2,5 2,5 2,7 2,7 2,8
2,2 2,3 1,7 Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
0
94 95 96 97 98 99 0 1 2 3 4
(CCD/SES-SP), localizado em Bauru (SP) –, com
Prevalência Detecção
queixa de dor.
Figura 1. Distribuição dos coeficientes de prevalência e detecção de Além de dados demográficos, foram coletadas
hanseníase no Brasil, 1994-2004 (Secretaria de Vigilância em informações pertinentes à caracterização do episódio
Saúde/MS). de dor, utilizando-se um Protocolo de Avaliação
De fato, cerca de 40.000 casos novos ainda são Neurológica; uma adaptação do Protocolo de
detectados a cada ano no Brasil, o que recomenda a Avaliação da Dor do Centro de Dor do Hospital das
atenção das políticas de saúde para este agravo Clínicas da Universidade de São Paulo; uma Escala
como problema de saúde pública, particularmente Verbal Analógica; uma Escala Visual Analógica de
pela sua transcendência enquanto moléstia com alto Copos; um documento para Descrição Livre da Dor e
potencial incapacitante. o Questionário de Dor McGill. Todos os casos foram
informados sobre os objetivos e procedimentos relati-
A perda de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa, vos ao estudo e os que aceitaram participar assina-
em diferentes momentos e extensões, é uma das ram um Termo de Consentimento.
características cardinais da hanseníase. Entretanto,
a dor, como sintoma relevante e incapacitante, tem
sido relatada com crescente freqüência na literatu- Resultados
3,4,5
ra . Neste sentido, identificam-se duas situações Os dados demográficos revelam que 52,8% eram
distintas. Em primeiro lugar, mais conhecida e relata- homens e 47,2% eram mulheres. A idade média foi de
da, a dor nociceptiva devido à inflamação dos tecidos, 47,2 anos, variando de 20 a 75 anos.

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A maior proporção de casos teve o diagnóstico Tabela 4. Localização espacial da dor, de acordo com o relatado pelos
casos estudados, incluída a descrição de dor em luva e/ou bota*.
realizado há menos de dez anos (73,6%) e já se
encontravam curados e eram da forma virchoviana Localização %**
(Tabela 1). Trigêmio 2,1
Tabela 1. Distribuição das formas clínicas. Luva 23,4
Ulnar 48,9
Formas clínicas n % Mediano 12,8
Radial 2,1
Tuberculóide 8 15,1
Bota 29,8
Dimorfa 17 32,1 Fibular 14,9
Virchoviana 27 52,8 Tibial 40,4
*A caracterização em luva e bota é típica da polineuropatia e não deve ser
Total 53 100 confundida com o quadro da mononeuropatia múltipla, em que o paciente
consegue determinar o território isolado de cada nervo acometido, referidos
também nesta tabela.
As qualidades sensitivas do episódio de dor, **Alguns pacientes referiam sentir dor em mais de um local.
referidas pelos pacientes, podem ser vistas no Tabela
2, assim como a distribuição percentual dos descrito- Quanto às características temporais, a duração da
res sensitivos. dor foi superior a um ano em 75,4% dos pacientes; para
75,5% a dor se manifesta de maneira constante e para
Tabela 2. Distribuição e características dos descritores sensitivos. 24,5% de maneira episódica; para 41,5% a dor não
apresenta predomínio; para 28,3%, predomínio
Descritores sensitivos % 1º, 2º e 3º descritores escolhidos
noturno; para 17%, vespertino e para 13,2%, matutino.
Temporal 77,4 Latejante, pancada, pulsante A livre descrição afetiva e avaliativa da dor por
Espacial 79,2 Choque, pontada, tiro parte dos casos estudados pode ser vista na Tabela 5.
Pressão puntiforme 79,2 Agulhada, perfurante, facada
Tabela 5. Descritores afetivos e avaliativos da dor.
Pressão incisiva 50,9 Estraçalha, fina, cortante
Pressão constritiva 47,2 Beliscão, esmagamento, mordida Descritores % 1º, 2º e 3º descritores escolhidos
Pressão por tração 52,8 Fisgada, puxão, torça Tensão 66,0 Cansativa, exaustiva
Térmica 1 71,7 Queimação, em brasa, fervente Autonômicos 71,7 Enjoada, sufocante
Térmica 2 (g. 19) 54,7 Gelada, fria, congelante Punição 66,0 Atormenta, cruel, castigante
Vividez 90,6 Ferroada, formigamento, ardor Medo 58,5 Apavorante, mortal, maldita
Monotonia 83,0 Dolorida, doída, pesada Misc. afetiva 1 (g. 15) 50,9 Enloquecedora, miserável
Misc. sensorial 1 (g.10) 52,8 Sensível, rachando, esticada Misc. afetiva 2 (g. 20) 77,4 Aborrecida, torturante, pavorosa
Misc. Sensorial 2 (g.17) 56,6 Penetra, espalha, atravessa Avaliativos 94,3 Incomoda, insuportável, chata
Misc. Sensorial 3 (g.18) 81,1 Adormece, repuxa, rasga
Discussão
Para a descrição livre da dor, isto é, em respostas Alteração da sensibilidade, incluída anestesia, é um
não estimuladas, a distribuição pode ser vista no dos paradigmas da hanseníase. De fato, o seu diag-
Tabela 3. nóstico é feito, em grande parte, pela detecção com
monofilamentos de Semmes-Weinstein, de perda de
Tabela 3. Distribuição das descrições livre da dor. sensibilidade nas lesões de pele características dessa
Descritor % doença. Entretanto, estudos têm revelado que o
sintoma de dor, com todas suas características e
Queimação 28,3 conseqüências, é uma achado prevalente e relevante
Ferroada 17,1 3,4,5
entre pacientes em tratamento ou já tratados .
Formigamento 13,2
Chama a atenção, no presente estudo, que 73,6%
Agulhada 9,4
dos casos estudados já tinham encerrado seu esque-
Latejante 9,4
ma padrão de tratamento com poliquimioterapia,
Outras 22,6 como recomendado pelo Ministério da Saúde6 e, por
A característica espacial da dor neuropática para a conseqüência, podem estar fora das rotinas de
amostra estudada pode ser vista no Tabela 4, aí seguimento de casos e não usufruírem de possível
incluída a distribuição em luva e bota. A alta incidên- atenção específica para diagnosticar e corrigir ou
cia de localização espacial em bota e luva se deve à minorar o problema da dor neuropática.
maior prevalência da amostra de casos virchovianos, Adicionalmente, pretende-se aqui demonstrar as
os quais, caracteristicamente, apresentam quadro de características desses episódios, uma vez que os
polineuropatia. resultados revelam terem essas um alto potencial

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incapacitante. De fato, como pode ser visto na Tabela qualquer paciente com quadro de dor neuropática,
5, os descritores afetivos e avaliativos da dor, livre- inclusive o de hanseníase.
mente empregados pelos indivíduos, revelam um
percentual elevado para adjetivações que indicam Conclusão
uma relação negativa e limitante entre o paciente e
seus sintomas. A dor neuropática em hanseníase apresenta
características potencialmente limitantes às ativida-
Desta forma, ainda que isto não tenha sido objeto des de vida diária das pessoas afetadas pela hanse-
desse estudo, pode-se especular que o quadro álgico níase, durante e após o tratamento regular. Seu
com as características descritas contribua, e seja diagnóstico e controle com drogas tricíclicas e/ou
mesmo determinante, para o afastamento desses anticonvulsivantes deve ser incorporado à atenção
indivíduos de suas atividades laborativas profissio- desses casos na rede SUS.
nais, de seus afazeres domésticos e de suas lides
comunitárias. Assume, então, esse problema, a
gênese de uma alteração relevante da qualidade de Referências bibliográficas
vida desses indivíduos. Nesse sentido, cabe alertar 1. WHO. World Health Organization. Weekly
que os quadros de dor neuropática podem ser contro- epidemiological record 2002; 77:1-8.
lados por drogas específicas e que esse diagnóstico 2. WHO. World Health Organization. Weekly
e atenção devem ser levados ao conhecimento da epidemiological record 2005; 15:113-24.
equipes de saúde da rede do Sistema Único de
Saúde (SUS), para sua incorporação à atenção 3. Hietaharju A, Croft R, Alam R, Birch P, Mong A,
integral dos indivíduos afetados pela hanseníase. Haanpaa M. Chronic neuropathic pain in
treated leprosy. Lancet 2000; 356:1080-1.
O controle e o tratamento da dor neuropática em
hanseníase ainda não foi alvo de estudos detalhados. 4. Stump PRNAG, Baccarelli R, Marciano
Entretanto, a experiência com o tratamento desse LHSC, Lauris JRP, Teixeira MJ, Ura S,
tipo de dor em outros quadros clínicos de neurite Virmond MCL. Neuropathic pain in leprosy
sugeriu o uso de esquemas terapêuticos padrão nos patients. Int. J. Leprosy 2004; 72:134-38.
7,8
caso de hanseníase . Nesse sentido, bons resulta- 5. Stump PRNAG, Baccarelli R, Marciano
dos têm sido relatados, ainda que não publicados, LHSC, Lauris JRP, Ura S, Virmond M, Portnoi
com o uso de drogas como a amitriptilina e a imipra- AG, Okada M, Teixeira MJ. Características da
mina. Agentes anticonvulsivantes, como a carbama- dor crônica na hanseníase. Abstracts
zepina, a lamotrigina, a gabapentina e a pregabalina, Hansen. Int. v.30 (1) 2005, p. 125.
esta última ainda não disponível no Brasil, também 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
podem ser utilizados9. Deve-se notar, entretanto, que Políticas de Saúde. Departamento de
essas drogas agem como analgésicos com ação Atenção Básica. Guia para o Controle da
central e, portanto, não interferem no processo de Hanseníase. Brasília, 2002. Cadernos de
dano neural, tanto em sua melhora como piora. Atenção Básica; n. 10, Série A: Normas e
Atualmente, na rede SUS, as drogas antidepressi- Manuais Técnicos, n.111; 89p.
vas tricíclicas estão disponíveis na área da saúde
7. Max MB, Culnane M, Schafer SC et al.
mental, sendo que dos anticonvulsivantes a gaba-
Amitriptyline relieves diabetic neuropathy pain
pentina e a carbamazepina estão disponíveis para o
with normal or depressed mood. Neurology
tratamento adjuvante de crises convulsivas.
1987;37:589-96.
Considerando-se essa disponibilidade, e pensando-
se na atual política de atenção integral aos pacientes 8. O p r o m o l l a D VA ( E d ) . N o ç õ e s d e
de hanseníase, ficará mais fácil a discussão da Hansenologia. Bauru: Centro de Estudos
garantia do acesso dessas drogas a esses pacientes. Reynaldo Quagliatto, 2000.
Curiosamente, essas drogas estão identificadas mais 9. Garbino JA, Nery JA, Virmond M, Stump PRN,
com o tratamento de quadros convulsivantes e Baccarelli R, Marques Jr W. Diagnóstico e
depressivos, mas, na realidade, têm uma ação tratamento da neuropatia em hanseníase. In:
analgésica central e periférica importante. Assim, Jatene, F.B. et al. Projeto Diretrizes, volume
seria conveniente assegurar sua disponibilidade para III. AMB. CFM, Brasília, 2005. p: 147-159.

Correspondência/Correspondence to:
Marcos Virmond
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, Km 225/226
CEP: 17034-971 – Bauru (SP)
Tel.: (14) 3103-5900
E-mail: mvirmond@ilsl.br

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Informe Técnico

Sarampo Confirmado – Bahia


Confirmed Case of Measles – Bahia
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória
Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”
Coordenadoria de Controle de Doenças
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – DDTR/CVE/CCD/SES-SP

Em 14/12/06, a Secretaria de Vigilância em Saúde A Figura 1 demonstra o número de casos deste


do Ministério da Saúde (SVS/MS) confirmou 14 casos surto, por faixa etária.
de sarampo em João Dourado, a 455 quilômetros de 6
Salvador (BA), entre os 33 casos notificados como
5
suspeitos. O genótipo D4 foi identificado em cinco

No. de casos
dos casos confirmados, configurando a mesma ca- 4
deia de transmissão do vírus. A fonte de infecção ain- 3
da é desconhecida.
2
Todos os casos confirmados não eram vacinados
e alguns receberam a vacina no momento do blo- 1
queio, antes de apresentar sinais e sintomas (fora do 0
prazo considerado evento adverso relacionado à <1a 1-4a 5-9a 10 - 19 a > 20a
vacina). Todos os casos confirmados referiram ter Faixa etária
contato com pessoas que tiveram as manifestações Fonte: SVS/MS, em 14/12/06.
clínicas da doença. Figura 1. Casos de sarampo por faixa etária. João Dourado, BA, 2006.
O primeiro e o último casos confirmados apresenta-
ram exantema entre as semanas epidemiológicas 41 e Todos os casos foram confirmados ou descarta-
45 de 2006, no período de 08/10/06 a 11/11/06. Trata- dos com base na análise dos resultados da investiga-
se de indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 9 ção epidemiológica e dos exames laboratoriais.
meses a 37 anos, que residem em um mesmo bairro. A Figura 2 apresenta a distribuição geográfica dos
genótipos dos vírus do sarampo nas
regiões onde ele ainda não foi
controlado.

Fonte: MMWR, 15/12/06.

Figura 2. Distribuição geográfica dos


genótipos dos vírus do sarampo (1995-
2006).

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A hipótese de que a infecção inicial tenha sido contraí- “Toda pessoa que apresente febre e exan-
da no município de Lençóis (BA) foi descartada. Até o tema acompanhados de um ou mais dos
momento, não foi possível definir como o vírus foi introdu- seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza
zido no município de João Dourado, que tem sua econo- e/ou conjuntivite, independente da idade e
mia baseada na agricultura e, semanalmente, recebe um situação vacinal.”
intenso fluxo de caminhoneiros, que levam verduras para O Estado de São Paulo incrementou as
diversos Estados do Brasil. Outrossim, nenhum outro seguintes ações frente a este surto:
caso de sarampo foi confirmado no País e todos os
- Elaboração de informes técnicos e folders
Estados permanecem em alerta.
com recomendação aos viajantes e alerta após o
O sarampo é altamente transmissível, facilmente regresso para os casos suspeitos; enviados,
infecta por via respiratória pessoas suscetíveis, que também, a todos os municípios do Estado e
nunca adquiriram a doença ou não foram adequada- agências de turismo. O material encontra-se
mente vacinadas. disponível no seguinte endereço eletrônico:
A Figura 3 ilustra os casos suspeitos de sarampo http://www.cve.saude.sp.gov.br/.
notificados no Estado de São Paulo por semana - Recomendação de vacinação com a
epidemiológica em 2005-2006, assinalado o período vacina tríplice viral SCR (sarampo, caxumba e
de alerta indicado pelo surto da Bahia. rubéola):

30 01/9/06
ANO 2005 (N=438)
ANO 2006 (N=225)
nº de casos

20

10

0
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52
Semanas epidemiológicas
Fonte : Sinan/DDTR, até SE 48/06.
Figura 3. Casos suspeitos de sarampo notificados no Estado de São Paulo, por semana epidemiológica, 2005-2006.

A vacina tríplice viral SCR (contra sarampo, ca- ! de viajantes para a Bahia, disponível nas
xumba e rubéola) é a medida de prevenção mais efi- unidades de saúde do Estado, terminais
caz contra o sarampo. No calendário de vacinação de rodoviários (Tietê e Barra Funda, onde serão
rotina, a primeira dose deve ser administrada a toda disponibilizados, também, folders com reco-
criança de 1 ano de idade e uma segunda dose àque- mendação de vacinação) e nos aeroportos
las de 5 a 6 anos. (Guarulhos, Congonhas e Viracopos);
Recomenda-se que os adultos nascidos depois de
! dos funcionários dos terminais rodoviários
1960, sem comprovação de nenhuma dose, recebam
(Tietê e Barra Funda), incluindo comerciários,
pelo menos uma dose da vacina tríplice viral (SCR).
taxistas, entregadores, motoristas das empre-
Esta vacina não é recomendada a gestantes. Os via-
jantes devem estar com suas vacinas em dia antes sas de ônibus e
de viajar. ! dos caminhoneiros nos armazéns alfandegá-
A definição de caso suspeito de sarampo é: rios do Estado de São Paulo.

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- Intensificação das medidas de vigilância e de busca ativa de casos, nos serviços de saúde
controle das doenças exantemáticas no Estado de públicos e privados, que possam atender a defini-
São Paulo, com recomendação a todos os municípios ção de caso suspeito de sarampo e não notificados
de abrangência de emissão de alerta aos seus à vigilância epidemiológica. Esta busca ativa deve
principais equipamentos de saúde públicos e priva- abranger o período a partir de 1/9/06.
dos sobre a possibilidade de ocorrência de outros Nesta atividade devem ser identificados os
casos. indivíduos nascidos a partir de 1960, com história
Esses casos devem ser imediatamente investiga- de febre e exantema máculo-papular.
dos para verificar se são suspeitos de sarampo. Caso
sejam detectados novos casos suspeitos, as Atenção
Secretarias Municipais devem:
Notifique todo caso suspeito de sarampo à:
! proceder à notificação imediata (por telefone) à
Secretaria de Estado da Saúde; ! Secretaria Municipal de Saúde ou
! proceder à coleta de espécimes clínicos (sangue) ! Central de Vigilância/CVE/CCD/SES-SP pelo
para a realização do diagnóstico laboratorial e telefone 0800-0555466.

! adotar as medidas de prevenção e controle de Informações adicionais:


forma oportuna. http://www.cve.saude.sp.gov.br
Salienta-se, também, a importância da realização http://www.saude.gov.br/svs

Correspondência/Correspondence to:
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória – CVE
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6º Andar
CEP 01246-000 – São Paulo (SP)
Tels.: (11) 3066-8000, ramais 8236 e 8289, 3082-0957
FAX: (11) 3082-9359/9395
E-mail: dvresp@saude.sp.gov.br

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Informe Técnico

Programa de Prevenção e Controle da Raiva Transmitida por Morcegos em Áreas


Urbanas
Program for Prevention and Control of Rabies Transmitted by Bats in Urban
Areas

Ivanete Kotait
Instituto Pasteur
Coordenadoria de Controle de Doenças
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – IP/CCD/SES-SP

Apresentação Após o evento, um pequeno grupo dedicou-se à


redação final do documento que, revisado por todos
O Instituto Pasteur, reconhecendo a alteração do
os participantes, foi aprovado pela maioria. Com este
perfil epidemiológico da raiva no Estado de São Paulo
e a importância das ações de vigilância da raiva em documento pretende-se, futuramente, redigir uma
espécies sinantrópicas, particularmente morcegos, publicação mais ampla que contribua para um melhor
decidiu revisar as diretrizes recomendadas por conhecimento da raiva em morcegos e ações de
ocasião do I Seminário de Manejo de Quirópteros em manejo e/ou controle destes animais.
Áreas Urbanas, realizado em 1999, no município de
São Pedro (SP). Introdução
Para tanto, promoveu no período de 19 de 21 de No período de 19 a 21 de setembro de 2006,
setembro de 2006, na mesma cidade, o II Seminário, realizou-se o II Seminário de Manejo de Quirópteros
que contou com a participação de profissionais dos em Áreas Urbanas, em São Pedro (SP), com a
municípios que, por ações de vigilância epidemiológi- participação de 30 profissionais de diferentes institui-
ca, detectaram ao longo do período de 1999-2005 ções atuantes na área.
aumento relativo do número de casos positivos de Frente à importância do tema na atualidade, após
raiva em morcegos em áreas urbanas; profissionais discussões foram apresentadas as recomendações,
especializados em taxonomia, comportamento e descritas a seguir, salientando-se que, assim como
biologia de morcegos laboratoristas e pesquisadores em outras atividades do Programa do Controle da
com notório conhecimento na área, representando Raiva, todos os casos devem ser avaliados, com suas
distintas instituições envolvidas com o tema, cuja particularidades evidenciadas através de uma
relação é apresentada ao final das recomendações
investigação epidemiológica.
geradas neste Seminário.
A sistemática utilizada baseou-se em apresenta-
ções orais sobre: Situação Epidemiológica da Raiva A) Ações básicas
no Brasil e no Estado de São Paulo; Importância 1. Estabelecer termo de cooperação Ibama
Ecológica dos Morcegos; Vírus da Raiva e seus (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Reservatórios; Diagnóstico Laboratorial e Estudos Renováveis)/Coordenação do Programa de Controle
Antigênicos e Genéticos e experiências dos diferen- da Raiva no Estado de São Paulo. Os morcegos são
tes municípios. Após estas apresentações, foram espécies silvestres protegidas pela Lei 5.197, de 3 de
constituídos três grupos que promoveram discus- janeiro de 1967, e pela Lei 9.605, de 13 de fevereiro
sões, as quais foram posteriormente apresentadas de 1998. O Ibama é o órgão responsável pela emis-
para apreciação geral e finalização dos trabalhos. são de licenças de coleta e captura, para fins científi-
Participaram do evento 33 profissionais, dos quais 12 cos (Portaria 332/90) e controle e manejo de fauna
já haviam contribuído com o Seminário de 1999. sinantrópica (IN 109/2006). A coordenação estadual
As recomendações, redigidas por seis participan- do Programa de Controle da Raiva elaborou, em
tes, visaram contemplar a maioria das situações conjunto com Ibama-SP, o termo de cooperação
vivenciadas nos diferentes municípios e representam técnica, de modo que os projetos de pesquisas,
um passo a mais na busca de soluções, a partir do controle e manejo em morcegos sejam avaliados e
conhecimento atual, sem, no entanto, ter a pretensão acompanhados pelo Instituto Pasteur, com a devida
de esgotar o tema. licença do órgão federal.

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2. Produzir material educativo: 2. Estimular a formação de uma rede de laborató-
2.1. Elaborar manual de procedimentos baseado rios regionais para identificação de morcegos. A
nas ações definidas neste seminário, para uso coordenação do programa estadual identificará
dos técnicos responsáveis nos municípios, com instituições atuantes na área, para constituir uma
inclusão de uma chave e guia de identificação. rede de laboratórios para identificação de morcegos.
Fica a cargo da coordenação do Programa de 3. Levantamento da quiropterofauna. Utilizar a
Controle da Raiva a criação de um grupo de vigilância epidemiológica da raiva como instrumento
trabalho específico para esse fim, vinculado às para levantamento da quiropterofauna, além de
instituições envolvidas com o tema. estimular as instituições de pesquisa para realizar
2.2. Estimular a produção de folders, cartazes, levantamentos regionais, mapeamento e monitora-
cartilhas, CD, vídeos etc. mento de colônias.
3. Estimular as atividades do Laboratório de 4. A Coordenação do Programa de Controle da
Experimentação em Quirópteros, do Instituto Pasteur, Raiva disponibilizará a ficha de encaminhamento para
situado em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, e diagnóstico e identificação de morcego, proposto no I
implementar as pesquisas sobre raiva e comportamen- Seminário de Quirópteros em Áreas Urbanas, para que
to de morcegos. se obtenham informações epidemiológicas (Anexo 1).
4. Buscar fontes de financiamento para o desen- A ficha estará disponível em meio eletrônico (www.pas-
volvimento dessas pesquisas. Projetos de pesquisa teur.saude.sp.gov) e, se possível, impresso.
multidisciplinares e interinstitucionais devem ser 5. A Coordenação estadual do programa estabele-
elaborados, solicitando financiamento às instituições cerá sistema de informação integrada:
de fomento à pesquisa. 5.1. Ficha de encaminhamento para diagnóstico,
5. Solicitar aos órgãos ambientais a inclusão de seu resultado e a identificação do morcego. As
pesquisas de quirópteros, como exigência em fichas com resultados positivos deverão ser
licenciamento de programas de fauna, em áreas de remetidas imediatamente à coordenação do
influência de empreendimentos. programa, para orientação das ações de campo.
As amostras com resultados positivos deverão
6. Realizar reunião sobre manejo de quirópteros
ser encaminhadas para laboratório de referên-
em áreas urbanas a cada dois anos, para reavaliação
cia, o qual procederá a tipificação antigênica,
das propostas ora apresentadas. O evento destina-
que, posteriormente, será informada ao solicitan-
se à avaliação e discussão dos resultados obtidos
te e à coordenação.
com adequação dos serviços e de pesquisas.
5.2. Relatório padronizado mensal. A elaboração
7. Propor diretrizes para construções urbanas e
do relatório, discriminando resultados positivos e
paisagísticas. Com um trabalho em colaboração
negativos por espécie e município, fica a cargo
com profissionais ligados ao Conselho Regional de
da coordenação que deverá consolidar os
Engenharia e Arquitetura (CREA), ao Departamento
relatórios gerados pelos laboratórios de diagnós-
de Parques e Áreas Verdes (Depave) e às socieda-
tico. Este deverá ser inserido no relatório mensal
des científicas – tais como a Sociedade Botânica do
de diagnóstico da raiva já estabelecido pela
Brasil (SBB) – elaborar um planejamento urbano,
coordenação. Os dados serão disponibilizados
visando harmonizar a convivência homem x morce-
por meio de um sistema de informação integrado
go, minimizando os riscos à saúde pública e os
no site institucional (www.pasteur.sau-
efeitos indesejáveis da presença desses animais.
de.sp.gov.br).
6. Promoção em saúde:
B) Ações de prevenção da raiva transmitida em
6.1. Devem constar do programa informações
morcegos em áreas urbanas
sobre a importância dos morcegos, manipulação
1. Capacitar: e encaminhamento de animais suspeitos.
1.1. Profissionais da área de saúde, em 6.2. Desenvolver parcerias com outros setores
identificação, biologia, comportamento, manejo, para definição de estratégias em situações espe-
captura, recolhimento e encaminhamento ciais, tais como morcegos positivos e adentra-
de morcegos para laboratório e em profilaxia mentos, com objetivo de educar e conscientizar a
anti-rábica. população.
1.2. Outros profissionais, tais como bombeiro e 6.3. Criar espaços permanentes de discussão
polícia ambiental, no recolhimento, captura e junto à comunidade, utilizando, se possível, os
encaminhamento de morcegos para laboratório mecanismos dos Conselhos Municipais de Saúde
e em medidas preventivas. e Meio Ambiente, para fortalecimento das ações.

Página 10 Coordenadoria de Controle de Doenças dezembro de 2006


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7. Medidas profiláticas: 2.2. Em animais: dever-se-á levar em conta o


7.1. Em humanos: é indispensável para os número de animais contato, considerando o
profissionais expostos ao risco de contraírem status imunológico dos indivíduos ou da popula-
raiva a realização do esquema de pré-exposição ção envolvida e a restrição de sua mobilidade.
e a avaliação sorológica semestral, garantindo a O “status” imunológico individual depende de:
manutenção de título de anticorpos de > 0,5 ! idade do animal,
UI/mL. Em caso de agressão ou contato com
morcego, há necessidade de procura de assis- ! data da última vacinação,
tência médica imediata para a definição de ! tipo de vacina e
conduta profilática.
! número de doses.
7.2. Em animais: a cobertura vacinal de campa-
nha para cães deverá ser igual ou superior a De acordo com as informações, proceder à
80%, e dever-se-á estimular a vacinação de vacinação, vacinação e revacinação ou eutanásia.
felinos domésticos, por meio de campanhas O “status” imunológico populacional depende de:
anuais, utilizando estratégias definidas pelo ! data da última campanha,
Programa Estadual de Controle da Raiva.
! cobertura vacinal canina e felina e
C) Ações profiláticas de controle e manejo em ! data do último bloqueio de foco.
áreas de foco de raiva em morcegos 2.3. Busca ativa e notificação de agressão por
1. Todo morcego suspeito deve ser encaminhado morcegos. Deve-se realizar busca ativa das
para diagnóstico e sua identificação. agressões por morcegos em humanos e anima-
is, as quais devem ser notificadas à vigilância
Entenda-se por morcego suspeito de estar epidemiológica e ao órgão responsável pelo
infectado pelo vírus da raiva todo indivíduo encon- manejo de quirópteros.
trado durante o dia, vivo ou morto, em residências
ou em outras edificações (nas dependências 3. Caracterização geográfica e ambiental:
internas ou externas) ou em vias públicas, com ou Levantar as características geográficas e ambi-
sem sintomatologia neurológica, em horários e entais da região, de forma a permitir que seja
locais não habituais. identificada a existência, ou não, de fatores de risco,
O espécime deve ser encaminhado para o labora- tais como:
tório credenciado mais próximo de sua região, em ! barreiras naturais e artificiais,
condições de refrigeração ou congelado, devidamen- ! abrigos naturais e artificiais,
te identificado e acompanhado da ficha epidemiológi-
ca (www.pasteur.saude.sp.gov.br). Não acondicionar ! populações de susceptíveis,
em álcool ou formol. ! ocupação e uso do solo (fazendas, cultivos,
A pesquisa do vírus rábico será realizada através residências, áreas verde, desmatamentos,
das técnicas de imunofluorescência direta e isola- empreendimentos etc.) e
mento viral (inoculação em camundongos e/ou ! incêndios, alterações climática, vendáveis,
cultivo celular). Os resultados positivos deverão ser tempestades etc.
encaminhados, imediatamente, para o interessado e
para a Coordenação Estadual do Programa de Se possível, informar as coordenadas do local de
Controle da Raiva. Resultados negativos só serão ocorrência do caso.
concludentes após o final da prova de isolamento 4. Ações educativas:
viral em camundongos ou cultivo celular. 4.1. Informação do caso positivo para raiva.
O laboratório de diagnóstico deverá se responsa- Informar a população sobre o caso positivo para
bilizar por enviar o quiróptero para identificação, cujo raiva, sensibilizando a população sobre o risco
resultado deverá ser informado ao interessado. da doença, sem causar pânico.
2. Profilaxia anti-rábica: 4.2. Agentes de saúde. Envolver os agentes de
2.1. Em humanos: em caso de contato ou agres- saúde, que deverão sensibilizar a comunidade
são por morcego é indicada a procura por sobre as ações necessárias.
assistência médica imediata, para definição de 4.3. Atividades integradas. Atuar de forma integra-
conduta profilática. Ressalta-se que a imunofluo- da com as instituições de Saúde, Agricultura e
rescência negativa não dispensa o tratamento de Meio Ambiente, com o objetivo de atender às
indivíduos que tenham sido agredidos ou tenham necessidades específicas de cada setor, visando
tido contato com morcego. cooperação técnica.

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Ações a serem desencadeadas quando da ocorrência de morcego positivo para raiva em áreas urbanas

Importância Não manipular Enviar morcego


dos morcegos os morcegos suspeito laboratório

Promoção em saúde

Caso positivo confirmado


laboratorialmente

Ações sobre Morcegos Ações sobre


Abrigos

Identificar espécie

Vegetação Residência/
Edificação
Espécie Colônia não Demodus
solitária hematófago rotundus
Orientação

Tentar achar Tentar


o abrigo localizar o Vedação Orientação
abrigo
Busca ativa de contatos
Capturar Poda/
Manejo Manejo colônia substituição
colônia ambiental árviores

Homem Animal
Envio
laboratório

Indicar Avaliar
procura “status”
assistência imunológico
médica

Vacinação Eutanásia
Profilaxia Orientação
Vacinação/
Revacinação

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Anexo 1
Ficha para Encaminhamento de Morcegos – Diagnóstico de raiva e identificação da espécie
Identificação do Solicitante
Registro Data ____/____/____
Unidade Solicitante
Endereço
Bairro Município
CEP Fone: ( ) Fax: ( ) DIR

Procedência do morcego
Unidade Solicitante
Endereço
Bairro Município
CEP Fone: ( ) Fax: ( ) DIR
Coordenadas geográficas Responsável

Circunstâncias da captura Data: _____ / _____ / _____


Motivo Contato Incômodo Outro Qual?
Horário em que foi localizado Local: ( ) Interior Onde?
Localizar
Exterior Telhado Outro Qual?
Estado do morcego: ( ) Vivo ( ) Morto Coleta: Com proteção ( ) Não ( ) Sim
Como? _________________________________
( ) Luvas ( ) Pinça ( ) Pano
Outro: __________________________________

Informações complementares
Existência de outros morcegos no mesmo local ou proximidades:
( ) Não ( ) Sim Número: ______________________________
Contato ou acidentes com pessoas:
( ) Não ( ) Sim Como? ______________________________
Existência de outros animais no mesmo local:
( ) Não ( ) Sim Como? ______________________________
Animais que tiveram contato são vacinados regularmente contra a raiva?
( ) Não ( ) Sim ( ) Espécie ( ) Quantidade

Identificação da espécie
Espécie:
Hábito alimentar: Sexo: ( ) Macho ( ) Fêmea
Idade: ( ) Jovem ( ) Adulto ( ) Prenhe
Responsável

Diagnóstico laboratorial da raiva


Resultado: ( ) Positivo ( ) Negativo Provas
Identificação antigênica Responsável

___________________________
Nome, assinatura e carimbo
Obs.: utilize o verso para fornecer outras informações que considerar relevantes.

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Informe Técnico

Enfrentamento Desigual da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis


Unequal facing of Vertical transmission of HIV and Syphilis

Luiza Harunari Matida, Maria Clara Gianna


Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids
Coordeandoria de Controle de Doenças
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – CRT DST/Aids/CCD/SES-SP

Sabe-se que a redução da transmissão vertical do taxa de prevalência de 1,6% para sífilis ativa, com
HIV e a eliminação da sífilis congênita podem ser uma estimativa de cerca de 10.400 parturientes com
alcançadas se estes agravos forem diagnosticados e sífilis e de 2.600 nascidos vivos com sífilis congênita
tratados e/ou prevenidos durante o pré-natal. A taxa (considerando uma taxa de transmissão vertical de
de infecção da transmissão vertical do HIV pode 25%) ao ano.
chegar a 1%1 e a sífilis congênita é uma doença que Embora de notificação compulsória desde 19868,
pode ser totalmente evitada, se a mãe e o seu parcei- foram notificados ao sistema de vigilância epidemio-
ro sexual forem diagnosticados e tratados adequada- lógica do Estado de São Paulo, no período de 1998 a
2
mente . junho de 20066, apenas 7.058 casos de sífilis congê-
No entanto, apesar das estratégias tanto para a nita, demonstrando, assim, os possíveis subregistros
redução da transmissão vertical do HIV quanto para a e subdiagnósticos desse agravo. Entre os casos
eliminação da sífilis congênita estarem centradas e notificados no período de 2001 a 20056, 76,3% das
garantidas no mesmo período da assistência ao pré- mães freqüentaram o pré-natal, sendo que 59%
natal das mulheres gestantes, observa-se que os foram tratadas durante a gravidez e apenas 13%
resultados esperados não são os mesmos para estes tiveram os seus parceiros sexuais tratados. Sem
3
dois agravos . considerar o percentual de informações ignoradas,
A taxa de infecção da transmissão vertical do HIV tais indicadores refletem a baixa qualidade do pré-
no Estado de São Paulo apresentou uma queda de natal no País e/ou a pouca importância que os profis-
9,4% no ano de 2000 para 2,4% em20024,5, enquanto sionais de saúde, sejam gestores ou aqueles direta-
a sífilis congênita apresentou um aumento na notifi- mente envolvidos no atendimento, têm dado ao
cação de casos: 797 casos em 1998 para 1.026 em diagnóstico e ao tratamento da sífilis, principalmente
6
2003 , isto é, um aumento de 29%. na gravidez.
Frente a essa desigualdade de expressão epide- Esses indicadores apontam para um problema de
miológica e de priorização do ponto de vista político grande magnitude, com a necessidade de implemen-
destas duas condições, é necessária e urgente uma tação de ações eficazmente direcionadas à elimina-
priorização no enfoque da sífilis na gestante, um ção da sífilis congênita.
agravo que tem diagnóstico e tratamento disponíveis, Como elemento fundamental para seu en-
mas que vem se mostrando um incômodo desafio frentamento, as ações de prevenção precisam ser
para a saúde pública. reforçadas na assistência ao pré-natal e ao parto,
A sífilis congênita é a infecção do feto pelo com a triagem laboratorial de todas as gestantes no
Treponema pallidum, em razão da passagem dessa pré-natal (na primeira consulta e no início do tercei-
bactéria pela placenta. É, portanto, a transmissão do ro trimestre) e no parto, com o conseqüente trata-
treponema da mãe para o filho. Tal infecção pode mento oportuno e adequado também do seu parcei-
provocar aborto ou a morte do bebê, quando este ro sexual.
nasce gravemente enfermo. Quando não há óbito da O Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo
criança ou quando o diagnóstico não é feito, seqüelas implantou a Notificação Compulsória de Sífilis em
como cegueira, surdez, retardo mental e deformida- Gestante a partir da Resolução SS-59 de 22/7/2004,
des físicas podem ser observadas2. uma importante estratégia de controle da sífilis na
A sífilis é uma doença de elevada magnitude: no gestação. A inclusão da sífilis na gestação como
estudo sentinela realizado em 20047 em uma amostra doença sexualmente transmissível de notificação
representativa de parturientes, de 15 a 49 anos de compulsória justifica-se por sua elevada taxa de
idade, no Estado de São Paulo, observou-se uma prevalência e elevada taxa de transmissão vertical,

Página 14 Coordenadoria de Controle de Doenças dezembro de 2006


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que varia de 30% a 100% sem o tratamento ou com identificação destas oportunidades perdidas deverá
tratamento inadequado2. orientar os devidos planejamento, monitoramento e
Quando a sífilis é diagnosticada em uma gestante avaliação das ações necessárias para o controle
o tratamento deve ser iniciado de imediato . Os
9 deste agravo, que vem demandando novas estraté-
parceiros também devem ser tratados, principalmen- gias de enfrentamento.
te para evitar uma possível reinfecção da gestante9. No Estado de São Paulo pretende-se amadurecer a
Algumas maternidades executam uma estratégia ampliação do debate nos vários segmentos da socie-
bastante oportuna e eficaz, que é a de tratar o parcei- dade envolvidos com este enfrentamento, diminuindo o
ro sexual após consultar e discutir com a parturien- estigma em relação às doenças sexualmente transmis-
te/puérpera esta possibilidade. O diagnóstico da síveis, para que a sífilis se torne mais visível como um
sífilis na parturiente ou na puérpera não impedirá o problema para a população em geral e para os profis-
caso de sífilis congênita, e o recém-nascido terá de sionais de saúde, e que isto contribua para o tão
ser submetido ao tratamento com dez dias de penicili- almejado alcance da eliminação da sífilis congênita.
na cristalina ou procaína9.
Enquanto para o tratamento e/ou profilaxia do HIV Referências bibliográficas
são administradas drogas antiretrovirais na gesta- 1. Mofenson LM, Munderi P. Safety of antiretrovi-
ção, por via oral, e há necessidade de um trabalho de ral prophylaxis of perinatal transmission for
adesão junto às mulheres, já que estas drogas são HIV-infected pregnant women and their
utilizadas ao longo de toda a gestação, o tratamento infants. J Acquir Immune Defic Syndr.,
para a sífilis é realizado eficazmente e simplesmente 2002; 30:200-15.
com a penicilina benzatina10, que pode e deve ser 2. Berman SM. Maternal Syphilis: Pathophy-
administrada na unidade básica de saúde. siology and Treatment. Bull World Health
A eliminação da sífilis congênita requer insumos Organization 2004; 82: 433-8.
de baixo custo que precisam ser garantidos, assim 3. Matida LH, Gianna MC, Gonçalves A, Tayra A,
como a qualificação dos recursos humanos envolvi- Succi RCM. Transmissão Vertical do HIV e da
dos na assistência pré-natal, momento crítico para a Sífilis: Avanços no Controle do HIV e
prevenção da doença. Descompasso no Controle da Sífilis
É de fundamental importância a priorização da Congênita VI Congresso Brasileiro de
sífilis na gestação, com o envolvimento das Áreas Epidemiologia. 19 a 23 de Junho de 2004.
Técnicas da Atenção Básica, da Mulher, da Criança e 4. Succi RCM. Grupo Brasileiro de Estudo para
DST/Aids em todos os níveis, e a inclusão do tema na Avaliar a Transmissão Vertical do HIV. Estudo
agenda dos gestores, pois o agravo tem diagnóstico e Multicêntrico para Avaliação da Taxa de
tratamento disponíveis e de baixo custo. Mas ainda Infecção da Transmissão Vertical do HIV.
permanece, como já foi dito, um incômodo desafio XXXII Congresso Brasileiro de Pediatria, São
para a saúde pública. Paulo, Brasil, Outubro de 2003 [Resumo OR
A sífilis não tratada durante a gestação resulta em 840].
uma considerável proporção de mortes fetais e neona- 5. Matida LH, Silva MH, Tayra A, Succi RCM,
11
tais precoces , agravando o quadro epidemiológico da Gianna MC, Gonçalves A, Carvalho HB,
sífilis congênita. Toda esta situação descrita aponta Hearst N. Prevention of mother-to-child
para a necessidade urgente da qualificação da atenção transmission of HIV in São Paulo State, Brazil:
pré-natal, com garantia dos insumos necessários an update. AIDS 2005; 19 (suppl 4):S37-S41.
específicos para a sífilis, momento crucial para se 6. São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde.
atingir a meta de eliminação do agravo. Boletim Epidemiológico do CRT DST/Aids
A Organização Mundial da Saúde (OMS) conside- 2006. São Paulo: Divisão de Vigilância
ra que a doença é eliminada quando existe a ocorrên- Epidemiológica, Programa Estadual de
cia de menos de um caso para cada 1.000 nascidos DST/AIDS, Secretaria de Estado da Saúde de
vivos – esta é a meta do Ministério da Saúde e, São Paulo.
conseqüentemente, do Estado de São Paulo. 7. Szwarcwald CL. Relatório: Primeiros
O Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo Resultados do Estudo-Sentinela Parturiente
propõe que todo caso diagnosticado e notificado de 2004. Brasília: Programa Nacional de DST e
sífilis congênita seja investigado, a fim de que sejam Aids, Secretaria de Vigilância em Saúde,
detectadas todas as oportunidades perdidas para Ministério da Saúde; 2004. Disponível em:
que esta gestante e seu parceiro sexual tivessem http://www.aids.gov.br/data/documents/store
sido adequadamente diagnosticados e tratados. A dDocuments/%7BB8EF5DAF-23AE-4891-

dezembro de 2006 Coordenadoria de Controle de Doenças Página 15


Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-4272 BEPA
AD36-1903553A3174%7D/%7BBDD562E2- Saúde, Ministério da Saúde; 2005.
6074-4FF5-AD12-49809803C2B5%7D/ 10. Brasil. Ministério da Saúde. Testes de
relatorio_2004_sentinela_parturiente.pdf. Sensibilidade à Penicilina Manual. Brasília:
(Acessado em 19/5/2006). Coordenação Nacional de DST/AIDS,
8. Brasil. Ministério da Saúde. Bases Técnicas Secretaria de Políticas de Saúde, Ministério
para a Eliminação da Sífilis Congênita. da Saúde; 1999.
Brasília: Coordenação Nacional de 11. Saraceni V, Guimarães MHSF, Theme Filha
DST/AIDS, Secretaria de Políticas de Saúde, MM, Leal MC. Mortalidade perinatal por sífilis
Ministério da Saúde; 1993. congênita: indicador da qualidade da atenção
9. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de Sífilis à mulher e à criança. Cad Saúde Pública
Congênita. Brasília: Programa Nacional de 2005; 21:1244-50.
DST e Aids, Secretaria de Vigilância em

Correspondência/Correspondence to:
Luiza Harunari Matida
Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids
Rua Santa Cruz, nº 81
CEP: 04121-000 – São Paulo (SP)
E-mail: lmatida@crt.saude.sp.gov.br

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Comunicações Breves

Pesquisa da Prevalência de Anticorpos Anti-HHV-8 em Pacientes em Diálise e em


Fila de Transplante Renal
Searching for the Prevalence of HHV-8 Antibodies in Dialysis Patients and Renal
Transplant Recipients

Mariana Cavalheiro Magri1, Adele Caterino de Araujo2

1. Aluna do Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) em Imunologia, do Instituto Adolfo Lutz, Coordenadoria de
Controle de Doenças, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo – PAP/IAL/CCD/SES-SP
2. Orientadora do PAP/IAL/CCD/SES-SP

Justificativa poderá auxiliar na adequação do tratamento imu-


Desde a descoberta do herpesvírus humano 8 nossupressor, evitando assim o surgimento do SK
(HHV-8) como agente etiológico de todas as formas e outras doenças associadas ao HHV-8 e a rejei-
de sarcoma de Kaposi (SK), vários estudos sorológi- ção do transplante.
cos vêm sendo conduzidos para determinar popula- Apesar de existir uma preocupação das autori-
ções de risco para adquirir e/ou transmitir esta dades brasileiras quanto ao sarcoma de Kaposi-
infecção viral. Aids, a sorologia para o HHV-8 não é realizada de
No Brasil, a maioria dos trabalhos publicados se rotina nos bancos de sangue e nas filas de trans-
refere à prevalência da infecção pelo HHV-8 na plante de órgãos. Devido à gravidade das doenças
população geral e em populações expostas a risco relacionadas ao HHV-8 (sarcoma de Kaposi e
epidemiológico. Em São Paulo, vários estudos linfomas com efusão em cavidades), cabe ao
foram realizados e mostraram taxas variando de 0 a Instituto Adolfo Lutz, enquanto laboratório de
30%: em população sadia de banco de sangue, saúde pública, prestar mais este serviço à popula-
profissionais da área da saúde e populações de ção, como um primeiro passo para uma estratégia
regiões urbanas foram detectadas taxas de até 8%, profilática. A partir dos resultados obtidos será
enquanto nos homossexuais masculinos, HIV avaliada a necessidade de se introduzir a sorolo-
soropositivos de mais de 30%. Já em população gia para o HHV-8 pelo SUS na bateria de testes
urbana da cidade de Belém (PA) foi detectada taxa sorológicos realizados mensalmente, como
de 16,3% de infecção por HHV-8. Em estudo recen- acompanhamento nos centros de diálise e nos
te conduzido com população indígena da Amazônia exames pré-transplante renal.
brasileira a prevalência de infecção por HHV-8 foi
superior a 50%. Introdução
No entanto, o único trabalho que se tem conheci- Em 1994 o herpesvírus humano tipo 8 (HHV-8) foi
mento sobre a prevalência de infecção por HHV-8 identificado como agente etiológico do sarcoma de
na população de doadores e receptores de trans- Kaposi (SK), e, posteriormente, de linfoma de efusão
plante renal foi o realizado por Gomes, em 2003, no em cavidades (PEL) e da doença multicêntrica de
Hospital do Rim e Hipertensão de São Paulo. Ainda Castleman associada à Aids (MCD-Aids).
assim, se faz necessário confirmar estes resultados O SK iatrogênico é uma variante clínico-
ampliando a casuística deste e acrescentando epidemiológica do SK, que acomete indivíduos sob
outros centros de diálise e de transplante de órgãos terapia corticosteróide ou imunossupressora, principal-
do País. mente pós-transplante renal. Alguns trabalhos relata-
O estudo da prevalência de anticorpos anti-HHV- ram que pacientes submetidos a transplante renal ti-
8 no grupo de pacientes renais crônicos, submeti- nham cerca de 400-500 vezes mais chance de desen-
dos ou não (grupo controle) à hemodiálise ou diáli- volver o SK do que a população geral. Outros evidenci-
se peritoneal, possibilitará conhecer o potencial aram que a infecção pelo HHV-8 é mais comum em
de transmissão viral através desses procedimen- casos de transplante renal do que em outros transplan-
tos e monitorar os pacientes soropositivos. Ainda, tes sólidos.

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Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-4272 BEPA
O SK iatrogênico pode ocorrer também por vírus antígenos de fase latente da infecção viral (LANA)
pré-existente no paciente, que é reativado devido foram utilizadas células de linhagem celular obtida
ao tratamento imunossupressor introduzido para de linfoma de células B com efusão em cavidades
evitar a rejeição do órgão transplantado. Em um (BCBL-1), latentemente infectadas pelo HHV-8,
artigo foi relatado que em pacientes que apresen- soro de pacientes diluídos a partir de 1:50, conjuga-
tavam anticorpos anti-HHV-8, antes ou depois do do anti-IgG humano marcado com fluoresceína e
transplante renal, 68% desenvolveram o SK, contracoloração com azul de Evans, segundo
sendo que 3% deles eram soronegativos antes do técnica otimizada no Instituto Adolfo Lutz Central,
transplante. Em estudo semelhante, conduzido na designada Imunofluorescência Indireta ao Antígeno
Suíça, foi demonstrado que houve soroconversão LANA do HHV-8 (IFI-LANA), e células BCBL-1
para o HHV-8 em 12,1% dos pacientes (6,4 % dos estimuladas com éster de forbol para a detecção de
receptores já eram soropositivos e, após o trans- antígeno de fase lítica da infecção viral, segundo
plante, 17,7% dos pacientes mostraram resultado técnica descrita por SMITH et al., em 1997, e
positivo). adaptada na Seção de Imunologia do IAL, denomi-
Em relato sobre pacientes em hemodiálise em nada Imunofluorescência Indireta ao Antígeno
Taiwan, 19,5% apresentaram sorologia positiva Lítico do HHV-8 (IFI-Lítico).
para o HHV-8. Essa alta incidência de infecção pelo As lâminas foram lidas em um microscópio de
HHV-8 sugere que pode ocorrer transmissão fluorescência geralmente por três pessoas, mas no
através da diálise peritoneal e hemodiálise. Porém, mínimo por duas pessoas.
até a presente data não foi efetivamente demonstra- Os critérios de positividade foram os seguintes:
da transmissão do HHV-8 pela hemodiálise, embora
alguns estudos tenham apontado o sangue como ! IFI-Lítico: padrão de fluorescência verde-maçã
veículo de transmissão viral. intenso de membrana (nuclear e externa), às
vezes difuso por toda a célula, em aproximada-
mente 30% das células.
Objetivo
! IFI-LANA: padrão de fluorescência verde intenso
Determinar a prevalência de anticorpos anti- com padrão nuclear pontilhado, em aproximada-
HHV-8 em pacientes renais crônicos, em hemodiáli- mente 90% das células.
se em unidade de diálise de São Paulo.
Foi considerada como título a maior diluição do
soro que resultou positivo.
Casuística e métodos O critério de negatividade foi o seguinte:
Grupo de indivíduos em hemodiálise: estudo
! IFI-Lítico e IFI-LANA: padrão de coloração
transversal com 70 amostras de soro provenientes
vermelha, em 100% das células.
de pacientes que realizam hemodiálise na Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo (São Paulo,
SP) e, em sua maioria, estão em fila de transplante Resultados
renal. Estas amostras foram obtidas por conve- A população compreendeu 40 homens e 30
niência, quando da realização mensal de avalia- mulheres com idade variando entre 9 e 82 anos.
ção do perfil sorológico dos pacientes para hepati- Trinta e cinco (50%) eram de cor branca, 34 (48,6%)
te e Aids. Foram obtidas informações sobre idade, de cor parda/negra e 1 (1,4%) amarela. Dos 70
sexo, cor/raça, origem étnica, número de transfu- pacientes, 41 (58,6%) haviam recebido transfusão
sões, número de transplantes renais e tempo de sangüínea e 15 (21,4%) tinham se submetido a
diálise, através de um questionário aplicado pela transplante renal, sem sucesso.
aluna, e foi fornecida uma explicação sobre o A sorologia para o HHV-8 resultou reagente em
objetivo da pesquisa e obtido o consentimento 16 casos (22,9%): cinco soros resultaram positi-
informado. Não houve risco algum e nem descon- vos para anticorpos contra antígenos de fase
forto maior ao paciente. latente viral, oito para anticorpos contra antígenos
Foi coletado cerca de 1 mL de soro de cada um de fase lítica viral e três para anticorpos de ambas
dos pacientes. As amostras de sangue foram as fases de replicação viral.
encaminhadas para a Seção de Imunologia do Comparando-se os resultados obtidos nos 16
Instituto Adolfo Lutz para a análise. Foi mantido casos HHV-8 soropositivos e a população total, foi
sigilo sobre a identidade dos pacientes que foram observado maior número de casos de infecção pelo
identificados por números. HHV-8 na raça parda/negra (68,8%), em poli-
Reação de Imunofluorescência Indireta (IFI): transfundidos (75%) e transplantados renais
para pesquisa de anticorpos anti-HHV-8 dirigidos a (56,3%).

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BEPA ISSN 1806-4272 Boletim Epidemiológico Paulista
Tabela. Características da população HHV-8 soro reagente. científicas e o desenvolvimento tecnológico das ações
Dados Epidemiológicos/dados Sorológicos de prevenção e controle dos problemas de saúde que
Idade Cor Sexo TS TX IFI-LANA* IFI-Lítico* acometem a população brasileira. A relação completa
dos premiados está disponível no site do Ministério da
56a Negra M Não Não 1:3200 1:1600
Saúde (www.saude.gov.br). A monografia será publi-
19a Parda M Sim Sim - 1:200
cada no começo de 2007, na Biblioteca Virtual em
48a Negra F Sim Sim 1:1600 1:400
Saúde (www.saude.gov.br/bvs).
24a Branca F Sim Sim - 1:400
Agradecimentos
52a Negra M Sim Sim - 1:800
Parda M Sim Sim - 1:100 Aos médicos Dr. Pedro Jabur, Dr. José Ferraz de
29a Parda M Não Não - 1:800
Souza e Dra. Ivoty Alves dos Santos Sens, do
Departamento de Nefrologia da Santa Casa de
66a Branca F Sim Não 1:100 -
Misericórdia de São Paulo. À pesquisadora científica
18a Parda M Sim Sim 1:800 -
Dra. Elizabeth de Los Santos Fortuna, da Seção de
44a Parda M Não Não 1:1600 - Imunologia, do Instituto Adolfo Lutz. Às enfermeiras
55a Branca M Não Não - 1:100
Maria Helena Caetano Franco, Patrícia de Oliveira
54a Branca M Sim Não - 1:100
Castro e Daniela Priscila Denetrio.
09a Branca M Sim Sim 1:3200 -
35a Negra M Sim Sim 1:50 -
1:100
Suporte
65a Negra F Sim Não - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
40a Negra F Sim Sim 1:400 1:800
São Paulo (Fapesp) e Fundação do Desenvolvimento
Legenda: M (masculino); F (feminino) Administrativo (Fundap), da qual a autora é bolsista.
TS (transfusão sangüínea)
TX (transplante)
*Maior diluição do soro com resultado reagente (título)
Referências bibliográficas
Conclusão 1. Carbone PH. Pesquisa de anticorpos dirigidos
Os resultados obtidos mostram percentual eleva- a antígenos de fase latente e lítica do herpesví-
do de infecção por HHV-8 (22,9%) em pacientes em rus humano tipo 8 (HHV-8): prevalência em
hemodiálise de São Paulo. Ressaltam que transfu- populações sob risco epidemiológico e em
sões sangüíneas e transplante prévio podem ser população sadia de São Paulo [Dissertação de
fatores de risco para adquirir esta infecção viral, e que Mestrado]. Faculdade de Ciências
indivíduos de cor parda/negra são mais susceptíveis. Farmacêuticas da Universidade de São Paulo,
Tais resultados podem estar refletindo as caracte- 2002. São Paulo.
rísticas gerais da população atendida nesta unidade 2. Gomes PS. Avaliação as soroprevalência de
de saúde; portanto, mais estudos estão sendo herpesvírus humano 8 (HHV-8, vírus associado ao
conduzidos em outra unidade de diálise de São sarcoma de Kaposi) em doadores e receptores de
transplante renal. [Dissertação de Mestrado].
Paulo, com vistas a confirmar os resultados obtidos.
Universidade Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina. 2003. São Paulo.
Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para 3. Mendez JC, Paya CV. Kaposi's sarcoma and
o SUS 2006 transplantation. Herpes 7: 18-23, 2000.
O presente trabalho foi escolhido como o melhor na 4. Farge D, Lebbé C, Marjanovic Z, Tuppin P, Mouquet
categoria Especialização do Prêmio de Incentivo em C, Peraldi M-N, Lang P, Hiesse C, Antoine C,
Ciência e Tecnologia para o SUS 2006, do Ministério da Legendre C, Bedrossian J, Gagnadoux MF, Loirat C,
Saúde, após passar por duas etapas de classificação. Pellet C, Sheldon J, Golmard J-L, Agbalika F, Schulz
TF. Human herpes virus-8 and other risk factors for
A distinção visa promover a produção científico- Kaposi's sarcoma in kidney transplant recipients.
tecnológica, com alto potencial de aplicação ao SUS, e Tr a n s p l a n t a t i o n 1 9 9 9 ; 6 7 :
reconhecer o mérito científico dos pesquisadores, 1236-1242.
estudiosos e profissionais de saúde e áreas afins. No 5. Dollard SC, Nelson KE, Ness PM, Stambolis V,
âmbito da ciência e tecnologia, o Ministério da Saúde Kuehnert MJ, Pellet PE, Cannon MJ. Possible
desenvolve diversas atividades de geração, difusão e transmission of human herpesvirus-8 by blood
aplicação de novos conhecimentos, buscando atender transfusion in a historical United States cohort.
às necessidades do SUS e aproximar as inovações Transfusion 2005; 45:500-503.
Correspondencia/Correspondence to:
Mariana Cavalheiro Magri
Instituto Adolfo Lutz – Seção de Imunologia – Av. Dr. Arnaldo, nº 351, 11º andar
CEP: 01246-902 – Cerqueira César – São Paulo (SP)
Telefax: (11) 3068-2898 – E-mail: marimagri@ig.com.br

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Instruções aos Autores

O Boletim Epidemiológico Paulista (Bepa) ! Informes técnicos, deverão ter resumo em


publicação mensal da Coordenadoria de Controle de Português e em Inglês (Abstract), dimensionado
Doenças, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de entre 150 palavras (comunicações breves) e no
São Paulo (CCD/SES-SP) veicula artigos relacionados máximo 250 palavras (artigos originais, revisões,
aos agravos à saúde pública ocorridos nas diversas atualizações e informes epidemiológicos). Para
áreas de controle, assistência e diagnóstico laboratorial os artigos originais, o resumo deve destacar os
do Sistema Único de Saúde de São Paulo (SUS-SP). propósitos do estudo, procedimentos básicos
Além de disseminar informações entre os profissionais adotados (seleção de sujeitos de estudo ou animais
de saúde de maneira rápida e precisa, o Bepa tem como de laboratório, métodos analíticos e observacionais),
objetivo incentivar a produção de trabalhos que principais descobertas e conclusões. Devem ser
subsidiem as ações de prevenção e controle de enfatizados novos e importantes aspectos do estudo
doenças na rede pública, apoiando, ainda, a atuação ou das observações. Uma vez que os resumos são a
dos profissionais do sistema de saúde privado, principal parte indexada do artigo em muitos bancos
promovendo a atualização e o aprimoramento de de dados eletrônicos, e a única parte que alguns
ambos. leitores lêem, os autores precisam lembrar que eles
Os documentos que podem ser publicados neste devem refletir, cuidadosamente, o conteúdo do
boletim estão divididos nas seguintes categorias: artigo. Para os demais textos, o resumo deve ser
narrativo, mas com as mesmas informações.
1. Artigos originais – destinados à divulgação de ! Descritores (unitermos ou palavras-chave) –
resultados de pesquisa original inédita, que possam ser Seguindo-se ao resumo, devem ser indicados no
replicados e/ou generalizados. Devem ter de 2.000 a mínimo três e no máximo dez descritores do
4.000 palavras, excluindo tabelas, figuras e referências. conteúdo, que têm por objetivo facilitar indexações
2. Revisão – Avaliação crítica sistematizada da cruzadas dos textos e podem ser publicados
literatura sobre assunto relevante à saúde pública. juntamente com o resumo. Em Português, os
Devem ser descritos os procedimentos adotados, descritores deverão ser extraídos do vocabulário
esclarecendo a delimitação e limites do tema. Extensão “Descritores em Ciências em Saúde” (DeCS), da
máxima: 5.000 palavras. Bireme. Em Inglês, do “Medical Subject Headings”
(Mesh). Caso não sejam encontrados descritores
3. Comunicações breves – São artigos curtos adequados à temática abordada, termos ou
destinados à divulgação de resultados de pesquisa. No expressões de uso corrente poderão ser
máximo 1.500 palavras, uma tabela/figura e cinco empregados.
referências.
! Introdução – Contextualiza o estudo, a natureza dos
4. Informe epidemiológico – Textos que têm por
problemas tratados e sua significância. A introdução
objetivo apresentar ocorrências relevantes para a
deve ser curta, definir o problema estudado,
saúde coletiva, bem como divulgar dados dos sistemas
sintetizar sua importância e destacar as lacunas do
de informação sobre doenças e agravos. Máximo de
conhecimento abordadas.
3.000 palavras.
5. Informe técnico – Trabalhos que têm por ! Metodologia (Métodos) – A metodologia deve incluir
objetivo definir procedimentos, condutas e normas apenas informação disponível no momento em que foi
técnicas das ações e atividades desenvolvidas no escrito o plano ou protocolo do estudo; toda a
âmbito da saúde coletiva. No máximo 5.000 palavras. informação obtida durante a conduta do estudo
pertence à seção de resultados. Deve conter
A estrutura dos textos produzidos para a publicação descrição, clara e sucinta, acompanhada da
deverá adequar-se ao estilo Vancouver, cujas linhas respectiva citação bibliográfica, dos procedimentos
gerais seguem abaixo. adotados, a população estudada (universo e amostra),
! Página de identificação – Ttulo do artigo, conciso e instrumentos de medida e, se aplicável, método de
completo, em Português e Inglês; nome completo de validação e método estatístico.
todos os autores; indicação da instituição à qual cada ! Resultados – Devem ser apresentados em seqüência
autor está afiliado; indicação do autor responsável pela lógica no texto, tabelas e figuras, colocando as
troca de correspondência; se subvencionado, indicar descobertas principais ou mais importantes primeiro.
nome da agência de fomento que concedeu o auxílio e Os resultados encontrados devem ser descritos sem
respectivo nome do processo; se foi extraído de incluir interpretações e/ou comparações. Sempre que
dissertação ou tese, indicar título, ano e instituição em possível, devem ser apresentados em tabelas e
que foi apresentada. figuras auto-explicativas e com análise estatística,
! Resumo – Todos os textos, à exceção dos evitando-se sua repetição no texto.

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BEPA ISSN 1806-4272 Boletim Epidemiológico Paulista

! Discussão – Deve enfatizar os novos e importantes S. Epidemiologia do medicamento: princípios gerais.


aspectos do estudo e as conclusões que dele São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco; 1989.
derivam, sem repetir material colocado nas seções D) Dissertações e teses:
de introdução e resultados. Deve começar com a 5. Moreira MMS. Trabalho, qualidade de vida e
apreciação das limitações do estudo, seguida da envelhecimento [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola
comparação com a literatura e da interpretação dos Nacional de Saúde Pública; 2000. p. 100.
autores, apresentando, quando for o caso, novas
hipóteses. E) Trabalhos de congressos, simpósios,
encontros, seminários e outros:
! Conclusão – Traz as conclusões relevantes,
6. Barboza et al. Descentralização das políticas
considerando os objetivos do trabalho e formas de
públicas em DST/Aids no Estado de São Paulo. In: III
continuidade. Se tais aspectos já estiverem incluídos
Encontro do Programa de Pós-Graduação em Infecções
na discussão, a conclusão não deve ser escrita.
e Saúde Pública; 2004 ago; São Paulo: Rev IAL. P. 34
! Referências bibliográficas – A exatidão das [resumo 32-SC].
referências bibliográficas é de responsabilidade dos
F) Periódicos e artigos eletrônicos:
autores.
7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- Citações bibliográficas no texto, tabelas e
(IBGE). Síntese de indicadores sociais 2000. [Boletim
figuras: deverão ser colocadas em ordem numérica,
on-line]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br [2004
em algarismo arábico, sobrescrito, após a citação,
mar 5]
constando da lista de referências bibliográficas.
Exemplo: G) Publicações e documentos de organizações
governamentais:
“Os fatores de risco para a infecção cardiovascular
estão relacionados à imunocompetência do 8. Brasil. Decreto 793, de 5 de abril de 1993. Altera os
hospedeiro1.” Decretos 74.170, de 10 de junho de 1974, e 79.094, de 5
de janeiro de 1977, que regulamentam,
- Referências bibliográficas: devem ser
respectivamente, as Leis 5991, de 17 de janeiro de
numeradas consecutivamente, obedecendo à ordem
1973, e 6360, de 23 de setembro de 1976, e dá outras
em que aparecem pela primeira vez no texto, de
providências. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 6
acordo com o estilo Vancouver. A ordem de citação
abr 1993. Seção 1. p. 4397.
no texto obedecerá esta numeração. Até seis
autores, citam-se todos os nomes; acima disso, 9. Organización Mundial de la Salud (OMS). Como
apenas os seis primeiros, seguidos da expressão em investigar el uso de medicamentos em los servicios de
Latim “et al”. É recomendável não ultrapassar o salud. Indicadores seleccionados del uso de
número de 30 referências bibliográficas por texto. medicamentos. Ginebra; 1993. (DAP. 93.1).
A) Artigos de periódicos – As abreviaturas dos Casos não contemplados nesta instrução devem
títulos dos periódicos citados devem estar de acordo ser citados conforme indicação do Committee of
com o Index Medicus, e marcadas em negrito. Medical Journals Editors (Grupo Vancouver)
Exemplo: (http://www.cmje.org).
1. Ponce de Leon P; Valverde J e Zdero M. Tabelas – Devem ser apresentadas em folhas
Preliminary studies on antigenic mimicry of Ascaris separadas, numeradas consecutivamente com
Lumbricoides. Rev Lat-amer Microbiol 1992; 34:33-38. algarismos arábicos, na ordem em que forem citadas no
texto. A cada uma deve ser atribuído um título breve,
2. Cunha MCN, Zorzatto JR, Castro LLC. Avaliação
NÃO SE UTILIZANDO TRAÇOS INTERNOS
do uso de Medicamentos na rede pública municipal de
HORIZONTAIS OU VERTICAIS. Notas explicativas
Campo Grande, MS. Rev Bras Cien Farmacêuticas
devem ser colocadas no rodapé das tabelas e não no
2002; 38:217-27.
cabeçalho ou título.
B) Livros A citação de livros deve seguir o exemplo
abaixo: Quadros – São identificados como tabelas,
seguindo uma única numeração em todo o texto.
3. Medronho RA. Geoprocessamento e saúde: uma
nova abordagem do espaço no processo saúde- Figuras – Fotografias, desenhos, gráficos etc.,
doença. Primeira edição. Rio de Janeiro: citados como figuras, devem ser numerados
Fiocruz/CICT/NECT. consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem
em que foram mencionados no texto, por número e título
C) Capítulos de livro – Já ao referenciar capítulos
abreviado no trabalho. As legendas devem ser
de livros, os autores deverão adotar o modelo a seguir:
apresentadas em folha à parte; as ilustrações devem ser
4. Arnau JM, Laporte JR. Promoção do uso racional suficientemente claras para permitir sua reprodução.
de medicamentos e preparação de guias Não são permitidas figuras que representem os
farmacológicos. In: Laporte JR, Tognoni G, Rozenfeld mesmos dados.

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