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Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-4272

INFORME MENSAL SOBRE AGRAVOS À SAÚDE PÚBLICA


Ano 2 Número 19 julho 2005

NESTA EDIÇÃO
Investigação de Casos de Sarampo
Investigação de Casos de Sarampo no Estado no Estado de São Paulo na Era
de São Paulo na Era Pós-Controle ......pág. 1
Pós-Controle
Campanhas de Vacinação Poliomielite e
Influenza, Estado SP – 2005 ................pág. 5 Alessandra Cristina Guedes Pellini1,
Flávia Helena Ciccone1,
Causas de Óbito Segundo Raça/Cor no Ana Lúcia Frugis Yu2,
Helena Aparecida Barbosa2
Estado de São Paulo ............................pág.11 Central (CVE/CCD/SES-SP)
1
EPISUS-SES/SP
Panorama das Ações de Prevenção às DST/ 2
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória
Centro de Vigilância Epidemiológica
Aids Voltadas para os Adolescentes, Estado “Professor Alexandre Vranjac” (CVE /CCD/SES-SP)
de São Paulo, setembro/2004...............pág.13
Programa de Controle de Populações de Cães O sarampo é uma doença viral, aguda,
exantemática, altamente transmissível. A taxa de
e Gatos do Estado de São Paulo ...........pág.16 ataque secundário entre os contatos suscetíveis do
domicílio é mais que 80%(1,2).
Notas....................................................pág.18 Ainda hoje o sarampo é uma importante causa de
Dados Epidemiológicos.......................pág.20 óbito nos países em desenvolvimento, principalmen-
te entre as crianças menores de cinco anos de idade e
(3)
COORDENADORIA as desnutridas .
DE CONTROLE A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
DE DOENÇAS implantou, em 1994, o Plano de Erradicação do
(1,4)
O Boletim Epidemiológico Paulista é uma publicação mensal Sarampo em toda a Região das Américas . Desde
da CCD – Coordenadoria de Controle de Doenças, 1987, o estado de São Paulo tem adotado as estraté-
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
gias de vacinação e vigilância deste agravo preconi-
Av. Dr. Arnaldo, 351 - 1º andar, sl. 135 - CEP: 01246-902
Tel.:(11) 3066-8823 e 3066-8825 zadas no referido Plano.
bepa-agencia@saude.sp.gov.br Apesar do sucesso das estratégias de vigilância
EXPEDIENTE epidemiológica e imunização previstas no Plano de
Coordenadoria de Controle de Artur Kalichman Erradicação, responsáveis pela não ocorrência de
Doenças (CCD) Centro de Referência e casos autóctones da doença no Brasil desde o ano de
Treinamento em DST/Aids
Coordenador 2000, o país não está livre da ocorrência de casos
Carlos Magno C. B. Fortaleza Carlos Magno C. B. Fortaleza
Superintendência de Controle de importados ou relacionados com a importação, já que
Editor Endemias o vírus continua circulando em todos os continentes,
Carlos Magno C. B. Fortaleza Maria Maeno com exceção das Américas. No estado de São Paulo,
Centro de Referência em Saúde
Conselho Editorial
do Trabalhador
em 2001 e 2002, houve apenas um caso em cada
Cilmara Polido Garcia ano, importados do Japão, sem evidência de trans-
Centro de Vigilância Epidemiológica
missão secundária(5,6).
Iara Camargo Coordenação Editorial
Centro de Vigilância Sanitária Cecilia Abdalla No dia 31 de maio de 2005, um esportista de 36
Carlos Adalberto Sannazzaro Cláudia Malinverni anos, morador de Florianópolis (SC) viajou para paí-
Instituto Adolfo Lutz Sylia Rehder ses da Europa e participou de um evento internacio-
Núcleo de Comunicação - CCD
Neide Yume Takaoka nal nas Ilhas Maldivas, no continente asiático, onde
Instituto Pasteur
provavelmente adquiriu o sarampo. O esportista re-
Marcos da Cunha Lopes Virmond Projeto Gráfico/Editoração
Instituto Lauro de Souza Lima
tornou ao Brasil no dia 14 de junho, já com sintomas
Eletrônica
Fernando Fiuza Marcos Rosado - Nive/CVE/CCD
da doença. No período de 15 a 17 de junho ele passou
Instituto Clemente Ferreira Zilda Souza - Nive/CVE/CCD pelos estados da Bahia, Distrito Federal e São Paulo,
antes de retornar a Florianópolis. A identificação viral

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realizada pela Fiocruz, laboratório de referência naci- foram detectados, três dos quais foram infectados
onal, identificou o vírus selvagem do sarampo de ge- pelo esportista e transmitiram a doença a mais duas
nótipo D5. Este vírus tem circulado em países como o pessoas. Todos os casos apresentaram clínica forte-
Japão, Tailândia e Camboja, tendo sido detectado mente sugestiva de sarampo. Em cinco casos foi rea-
anteriormente nos Estados Unidos, relacionado a lizada a prova sorológica de infecção aguda (IgM)
casos importados para este país em 2003. para sarampo, que resultou positiva. Nenhum pacien-
A partir deste caso primário, cinco casos secundá- te havia sido vacinado contra o sarampo. A evolução
rios envolvidos na mesma cadeia de transmissão temporal dos casos está demonstrada na figura 1.
Figura 1 – Curva epidêmica dos casos de sarampo segundo data de início da febre e exantema e período de
transmissibilidade da doença. Brasil, 2005 (até 29 de julho)
4
PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 7 A 21 DIAS APÓS A EXPOSIÇÃO
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: 6 DIAS ANTES ATÉ 5 DIAS APÓS O EXANTEMA

CASOS 2,3 e 4
3

CASO 1 CASO 5 CASO 6


1

0
12 n

14 n

16 n

18 n

20 n

22 n

24 n

26 n

28 n

30 n
n

10 l

12 l

14 l

16 l

18 l

20 l

22 l

24 l
l
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-ju

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2-

4-

6-

8-
10

Data de início dos sintomas


FEBRE EXANTEMA PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
Fonte: DDTR/CVE/SES-SP
Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina

O segundo caso desta cadeia de transmissão foi o Paulo, onde o empresário esteve a negócios duas
filho do esportista, um rapaz de 13 anos, também resi- semanas antes do início dos sintomas.
dente em Florianópolis. O quarto caso ocorreu em uma criança de cinco
O terceiro caso foi um empresário de 38 anos, do anos de idade, a qual transmitiu a doença para seu
mesmo município. Retornando de São Paulo para irmão de um ano. No entanto, apenas com a notifi-
sua casa no dia 17 de junho, o empresário utilizou o cação da doença neste último, feita por um hospital
mesmo vôo onde se encontrava o caso índice, o qual particular de grande porte do município de São
retornava da Costa do Sauípe (BA). O empresário foi Paulo, foi possível se identificar o irmão de cinco
o primeiro caso detectado pela vigilância epidemioló- anos, que tinha manifestado os sintomas da doença
gica e, até que se esclarecesse seu vínculo com o uma semana antes do menor. Dando seguimento à
caso índice, foram levantadas várias suspeitas quan- investigação, descobriu-se que a criança de cinco
to a sua exposição à doença no município de São anos havia viajado com sua avó para Florianópolis

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no dia 17 de junho, no mesmo vôo do esportista e do São amplamente conhecidas a segurança e eficá-
empresário. Os dois irmãos não foram imunizados con- cia da vacina contra o sarampo, que é a principal medi-
tra o sarampo, pois a família segue a filosofia antropo- da de controle responsável pela não ocorrência de
sófica, cuja corrente médica não impõe a necessidade casos autóctones no país desde 2000. No entanto, a
de vacinação. O irmão maior freqüenta um espaço re- circulação do vírus continua a ocorrer em todos os
creativo com mais 25 crianças, das quais nenhuma continentes, com exceção das Américas, havendo,
adquiriu a doença, pois no período de transmissibilida- dessa forma, a possibilidade de importação do vírus
de a criança já estava em férias escolares. vinculada a atividades de turismo e migração.
O último caso notificado até o momento foi de uma Assim, as ações de vigilância e as medidas de
comerciante de 40 anos, residente na área metropolita- controle, em especial a imunização básica preconiza-
na de Florianópolis (Município de São José), que este- da no calendário vacinal, bem como a vacinação dos
ve em companhia de sua mãe, no dia 4 de julho, na mes- grupos de risco devem ser mantidas de forma efetiva
ma clínica onde foi atendido o empresário. No momen- e permanente.
to do atendimento na clínica, este último estava no pe-
Neste novo cenário, é de fundamental importância
ríodo de maior transmissibilidade da doença.
que todos os municípios alertem os serviços de saúde
Inicialmente houve a suspeita de que a comerciante de sua área de abrangência, sensibilizando os profis-
teria estado no município de São Paulo, passando em sionais para a notificação de todo caso suspeito de
lojas do Brás e da Rua 25 de Março, no período de incu- sarampo e/ou rubéola o mais rápido possível. Estes
bação da doença. Após investigação feita no hotel onde casos necessitam da coleta de sangue para a realiza-
a comerciante ficou hospedada em São Paulo, retifi- ção de sorologia, a qual deve ser encaminhada ao
cou-se a data de trânsito da paciente pela cidade, o que Instituto Adolfo Lutz. Além disso, é imprescindível a
possibilitou o esclarecimento de que a exposição da investigação de todos os contatos por busca ativa.
paciente havia ocorrido fora do estado de São Paulo.
A definição de caso suspeito de sarampo é: "toda
Não houve nenhum óbito e todos os pacientes
pessoa que, independentemente da idade e da situa-
evoluíram para a cura. Chama atenção a hospitaliza-
ção vacinal, apresentar febre e exantema acompa-
ção de quase todos os casos, o que ressalta a neces-
nhados de um ou mais dos seguintes sinais e sinto-
sidade da busca ativa em todos os serviços públicos e
mas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite".
privados de saúde, além da busca na comunidade,
para que se tenha a certeza de que não estamos iden- As medidas de controle adotadas em relação ao
tificando somente os casos graves da doença. primeiro caso notificado (empresário) que esteve no
As manifestações clínicas apresentadas pelos município de São Paulo no período de 15 a 17 de ju-
casos foram compatíveis com a descrição do sa- nho foram:
rampo na literatura. Todos os pacientes apresenta- ! contato com a empresa responsável pelos 300
ram febre, tosse e conjuntivite seguidas de exante- convidados do Brasil e Portugal que participaram
ma. Os sinais e sintomas estão descritos na figura 2. de um evento realizado no município de São
Figura 2 – Distribuição dos casos de sarampo segundo sinais e
Paulo, em 16 de junho;
sintomas. Brasil, 2005 (até 29 de julho). N = 6 casos ! contato telefônico com a empresa responsável
Sinais e sintomas Número % pela execução do evento;
Exantema 6 100,0 ! contato telefônico com o local de realização do
Febre 6 100,0 evento;
Tosse 6 100,0 ! contatos com os 24 funcionários da empresa ter-
Conjuntivite 6 100,0 ceirizada que trabalharam na noite do evento;
Coriza 4 66,7 ! vacinação de 41 funcionários que trabalham na
Dor de garganta/hiperemia 4 66,7 casa de eventos;
Gânglios 3 50,0 ! vacinação de 72 funcionários do hotel de hospeda-
Dor retro-ocular 3 50,0 gem do caso;
Descamação 3 50,0
Cefaléia 2 33,3 ! vacinação de 54 funcionários do teatro freqüenta-
do pelo paciente;
Mal-estar 2 33,3
Nesta investigação não houve relato de adoeci-
Náusea/vômito 1 16,7
mento das pessoas.
Diarréia 1 16,7
O estado de São Paulo adotou as seguintes medi-
Prostração 1 16,7 das de controle em relação ao caso índice, que reali-
Fonte: DDTR/CVE/SES-SP;
Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina zou conexões de vôos nos aeroportos de

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Congonhas/município de São Paulo e Cumbica/mu- ! as crianças deste espaço recreativo, acompanha-


nicípio de Guarulhos: das de seus familiares, se reuniram em uma festa
! contato com a Agência Nacional de Vigilância junina em 26 de junho. Assim sendo, foi recomen-
Sanitária (Anvisa) no estado de São Paulo, com o dada a vacinação de todos os participantes e
objetivo de identificar casos suspeitos de sarampo funcionários do local;
entre funcionários das companhias aéreas e pro- ! orientação às auxiliares e professora da escola
fissionais dos aeroportos; quanto à necessidade de vacinação;
! orientação para a vacinação, de forma seletiva, ! contato telefônico com todas as pessoas que
dos profissionais do aeroporto de Cumbica e estiveram no hospital particular no mesmo período
Congonhas. Esta vacinação está sendo desenvol- dos casos suspeitos, com recomendação de
vida pelos profissionais dos serviços públicos dos vacinação;
municípios de São Paulo e Guarulhos, em conjun-
to com a Anvisa; ! vacinação dos profissionais de saúde do hospital
particular onde os casos de São Paulo foram
! contato telefônico com 14 hóspedes que perma- atendidos.
neceram, no mesmo período do caso índice, no
hotel da Costa do Sauípe (BA), residentes no es- Assim como nos outros comunicantes do estado
tado de São Paulo. Ninguém apresentou mani- de São Paulo, neste grupo de pessoas ninguém apre-
festações da doença e foi orientada a vacinação sentou sinais e sintomas de sarampo.
seletiva dos mesmos; Foram adotadas também medidas de controle
! contato telefônico com os passageiros dos vôos relacionadas ao último caso notificado, que esteve
RG8707, RG 2266 e RG2267 de 14 de junho. Até o em trânsito no município de São Paulo:
momento não houve relatos de casos semelhan- ! visita ao local de hospedagem com determinação
tes e todos foram orientados quanto à vacinação. exata do período de sua estadia em São Paulo, a
Aguardamos a relação dos passageiros dos de- qual ocorreu fora dos períodos de incubação e
mais vôos; transmissibilidade do sarampo. A data correta foi
! contato com o organizador da reunião dos compe- notificada ao estado de Santa Catarina;
tidores brasileiros nas Ilhas Maldivas, com poste- ! orientação de vacinação dos funcionários do hotel.
rior investigação, por meio de contato telefônico, Nenhum funcionário desse hotel referiu adoecimen-
de seis participantes do estado de São Paulo. O to, e negaram a presença de hóspedes com sinais e
Ministério da Saúde foi notificado quanto aos de-
sintomas compatíveis desde a saída da comerciante.
mais participantes de outros estados.
Na investigação de campo uma das medidas fun-
As medidas de controle adotadas em relação aos
damentais é a retro-alimentação das informações
casos residentes no município de São Paulo foram:
obtidas e as ações realizadas a todos os serviços e
! vacinação de bloqueio no domicílio dos casos sus- profissionais de saúde, com o objetivo de se manter a
peitos de sarampo (pais e empregadas); informação oportuna. Neste sentido, foram enviados
! investigação de 129 pessoas vizinhas à residência informes técnicos sobre os casos às vigilâncias das
dos casos, com visita a 69 imóveis. No bloqueio Direções Regionais de Saúde do estado, com orien-
foram vacinadas 20 pessoas; tação de encaminhamento para todos os municípios,
além de todos os demais parceiros de investigação.
! contato telefônico com os responsáveis pelo espa-
ço de recreação freqüentado pela criança de 5 No informe técnico sobre as medidas de controle
anos, com o objetivo de obter a relação de todas as para o sarampo e rubéola foram atualizadas as nor-
crianças que utilizam este espaço; mas de vacinação de bloqueio e operação limpeza
para o estado de São Paulo. Tal informe será breve-
! orientação aos pais de todas as crianças (25) e mente disponibilizado no endereço eletrônico
funcionários deste local de recreação quanto à
(www.cve.saude.sp.gov.br).
necessidade da vacinação. Foi orientado adiantar a
segunda dose da vacina tríplice viral para as crian- A divulgação dos casos contou também com o au-
ças de um a seis anos de idade. Para cada criança, xílio da grande imprensa escrita, falada e eletrônica,
foi localizada a Unidade Básica de Saúde mais facilitando a orientação para toda a comunidade.
próxima de sua residência e recomendada a Uma nota técnica sobre sarampo foi enviada para
vacinação. Várias famílias optaram por vacinar em uma revista médica do Estado, o que contribuirá para
clínicas particulares das quais já eram clientes. alertar as equipes de saúde da assistência quanto ao
Foram checadas as datas de aplicação da vacina possível aparecimento de novos casos deste agravo e
nas crianças e pais que necessitavam de vacinação; a necessidade da notificação imediata dos mesmos.

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No presente momento, o trabalho de cada profissio-


nal é de suma importância para que se possa interrom- Campanhas de Vacinação Contra
per a cadeia de transmissão do sarampo no Brasil.
Poliomielite e Influenza – Estado de
O comprometimento e o esforço conjunto dos
profissionais de saúde de várias instituições, tais São Paulo, 2005
como: Prefeitura do Município de São Paulo (SMS,
CCD, SUVIS e Unidades Básicas de Saúde), Divisão de Imunização, do Centro de Vigilância Epidemiológica
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (CVE, “Professor Alexandre Vranjac”, Coordenadoria de Controle de
Doenças (CVE/CCD), Secretaria de
DDTR, Central, Divisão de Imunização, Episus-SP, Estado da Saúde de São Paulo
DIR I - São Paulo, DIR III Guarulhos e Instituto
Adolfo Lutz), Anvisa-SP, aeroportos de Guarulhos e
Congonhas, Prefeitura do Município de Guarulhos Vacinação contra a poliomielite
(SMS), Secretaria de Estado da Saúde de Santa Há 25 anos o Brasil realiza com sucesso as cam-
Catarina (Vigilância epidemiológica) e Ministério da panhas de vacinação contra a poliomielite. Sem
Saúde (SVS/GT-Exantemáticas) possibilitaram a registro de casos da doença desde 1989, o País
completa realização desta investigação e a adoção participa do grande empreendimento mundial em
das medidas de controle de forma efetiva. busca da erradicação da doença, ainda endêmica
na África, Mediterrâneo e Sudeste da Ásia. A exis-
tência da poliomielite nestes locais e o fluxo de via-
Bibliografia
jantes internacionais constituem fatores de risco
1. de Quadros CA, Olive JM, Hersh BS, Strassburg MA,
para a disseminação do poliovírus. O acúmulo de
Henderson DA, Bennett DB et al. Measles elimination in
the Americas Envolving estrategies. JAMA 1996; 275
suscetíveis pode propiciar a reintrodução da doen-
(3):224-9. ça, a exemplo do que ocorreu no Iêmen e Indonésia
2. Secretaria de Estado da Saúde São Paulo. Centro de
este ano (figura 1).
Vigilância Epidemiológica. Treinamento básico de vigi- É, então, necessário manterem-se elevados os índi-
lância epidemiológica. Módulo específico: sarampo e ces de vacinação na população menor de 5 anos. O
rubéola. São Paulo, 1998. Ministério da Saúde estabelece a meta de atingir 95%
3. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em da população-alvo em pelo menos 80% dos municí-
Saúde. Manual de vigilância para a erradicação do sa- pios, durante as campanhas de vacinação em massa.
rampo, controle da rubéola e eliminação da síndrome No Estado de São Paulo, em média, 3,2 milhões de
da rubéola congênita (SRC). 3ª ed. Brasília: Secretaria crianças entre 0 e 4 anos são vacinadas em cada uma
de Vigilância em Saúde; 2003. das duas etapas da campanha (tabela 1) e a maioria
4. de Quadros CA, Izurieta H, Carrasco P, Brana M, dos municípios alcança a meta proposta.
Tambini G. Progress toward measles eradication in the
Region of the Americas. J Infect Dis 2003; 187(Suppl Tabela 1
1):S102-10. Cobertura vacinal e homogeneidade nas campanhas de vacinação
contra a poliomielite – São Paulo, 2002 a 2005
5. Ciccone FH, Carvalhanas TRMP, Aranda CMSS,
Sato HK. Sarampo no Estado de São Paulo e
Campanha de Vacinação de seguimento 21 de agosto 1ª FASE 2ª FASE
de 2004. BEPA. 2004; 6:17-18.
6. Yu ALF, Ciccone FH e Carvalhanas TRMP. Sarampo:
ANO Doses Doses
o desafio da erradicação. BEPA. 2005; ano 2 nº15. aplicadas CV(%) Homog(%) aplicadas CV(%) Homog(%)
<www.cve.saude.sp.gov.br>.
2002 3.264.790 94,67 82,2 3.245.364 94,11 86,5
2003 3.224.211 96,37 84,8 3.240.312 96,85 86,2
2004 3.081.974 91,85 76,7 3.154.842 94,02 79,6

2005 3.053.141 92,42 80,0


CV = cobertura vacinal Homog = homogeneidade proporção de
municípios com CV > 95%
Fonte: NIVE/ Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP
Estimativa populacional = Seade/sobrevivência de nascidos vivos

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Figura 1– Poliovírus Selvagem* - 2005

Em 2005, na primeira fase realizada no mês de vacinal não atingida. Dentre os 645 municípios, 516
junho, dados definitivos indicam que 3.053.141 crian- atingiram mais de 95% desta população, significando
ças foram vacinadas, representando 92,4% da popu- 80% de homogeneidade de cobertura vacinal ade-
lação estimada de 0 a 5 anos – meta de cobertura quada – homogeneidade satisfatória (figura 2).

Figura 2 – Campanha de vacinação contra poliomielite: cobertura vacinal por município, junho de 2005

População = Seade/2005/sobrevivência de nascidos vivos


Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

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Os outros 129 municípios obtiveram resultados Por outro lado, o número necessário de crianças
menores do que 95% e, diferente do apontado pelo a serem vacinadas para atingir 100% de homoge-
Programa Nacional de Imunizações (PNI/MS), que neidade se concentra nos grandes centros urbanos,
identifica que a maioria dos municípios que não regiões metropolitanas e alguns municípios-sede
atinge a meta tem menos de 2.000 crianças na faixa de Regionais de Saúde (figura 3).
1
etária-alvo , 60% dos municípios paulistas têm Estes resultados merecem atenção na discussão
maiores contingentes populacionais nesta faixa das estratégias que serão desenvolvidas para a
etária (figura 3). Estes municípios concentram-se segunda fase da campanha, visando não só a vaci-
nas regiões de São José do Rio Preto e Campinas nação de maior número de crianças como também a
(tabela 2). não formação de bolsão de suscetíveis.

Tabela 2 – Número de municípios com CV<95% por Regional, junho 2005


MUNICÍPIOS CV<95%
DIR
N %

Capital 1 0,8%
Santo André 4 3,1%
Mogi das Cruzes 3 2,3%
Franco da Rocha 2 1,6%
Osasco 9 7,0%
Araçatuba 2 1,6%
Araraquara 4 3,1%
Assis 5 3,9%
Barretos 1 0,8%
Bauru 5 3,9%
Botucatu 3 2,3%
Campinas 15 11,6%
Franca 0 0,0%
Marília 8 6,2%
Piracicaba 5 3,9%
Presidente Prudente 9 7,0%
Registro 3 2,3%
Ribeirão Preto 3 2,3%
Santos 2 1,6%
S.J.B. Vista 11 8,5%
S.J. Campos 2 1,6%
S.J. Rio Preto 16 12,4%
Sorocaba 12 9,3%
Taubaté 4 3,1%

TOTAL 129 100,0%


População = Seade/2005/sobrevivência de nascidos vivos
Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

1 - [SVS/MS] Secretaria de Vigilância à Saúde/ Ministério da saúde. Programa Nacional de Imunizações. Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite –
2005. [informe técnico on-line]. Brasil (DF), 2005. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/informe_polio_2005.pdf [consulta 2005 julho 18].

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Figura 3 – Proporção de municípios de acordo com a população de crianças menores de 5 anos

5%

19% <2000

40%
2000 a <5000

5000 a <10000
11%

10000 a <50000

25% >=50000

População = Seade/2005/sobrevivência de nascidos vivos


Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

Figura 4 – Campanha de vacinação contra poliomielite: número de crianças não vacinadas para o alcance da meta
(CV=95%), junho de 2005

População = Seade/2005/sobrevivência de nascidos vivos


Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

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Vacinação contra a influenza população com 60 anos ou mais de idade. A


Dados definitivos da campanha de 2005 maioria dos municípios paulistas (80%) vacinou
indicam que foram aplicadas 2.792.380 de doses mais de 70% da população-alvo residente em sua
durante a campanha, atingindo 77,8% da área (figura 5).

Figura 5
Campanha de vacinação contra influenza – Pop. 60 anos ou +: cobertura vacinal por município, abril de 2005

População = IBGE/2005
Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

Diferentemente do observado no dado definitivo de visita casa a casa, em áreas com suspeita de
da campanha contra a poliomielite, dentre as baixa cobertura vacinal, recomendado pelo
53 cidades que não atingiram esta meta, a maior Programa Nacional de Imunizações por ocasião das
parte possui pequeno contingente populacio- campanhas de seguimento contra o sarampo.
nal (menos de 5.000 habitantes com 60 anos ou Adaptando o instrumento para a vacinação contra
mais) e concentra-se nas regiões de Bauru (20%), influenza, municípios como Itápolis, Elias Fausto,
São José do Rio Preto e Sorocaba, com 17% cada Vera Cruz, São Carlos e Salto Grande, dentre ou-
(figuras 6 e 7). tros, realizaram alguns destes monitoramentos e
A identificação local dos motivos que impedem o puderam identificar que “o medo de reações” e a
alcance da meta proposta se faz necessária. A utili- crença de que “tendo boa saúde não é preciso vaci-
zação de “Monitoramentos Rápidos” pode constituir nar-se” ainda constituem fatores importantes, que
ferramenta útil neste aspecto. O monitoramento não necessitam ser trabalhados para quebrar resistên-
tem rigor estatístico, sendo apenas um formulário cias à vacinação.

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Figura 6
Proporção de municípios que não atingiram a meta, de acordo com a população de pessoas com 60 ou + anos

19%

<2000
41%
8% 2000 a 5000

5000 a <10000

10000 a <50000

32%
População = IBGE/2005
Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

Figura 7
Campanha contra influenza em pessoas com 60+ anos. Proporção de municípios que não atingiram a meta de
acordo com a Regional
20%
Assis
2% Botucatu
2%
17% Taubaté
2%
Sorocaba
2%
Pres. Prud.
2%
Piracicaba
6% Marília

S. J. R. Preto
6% S. J. B. Vista
17%
Campinas

Araraquara
12%
Bauru
12%
População = IBGE/2005
Fonte: Divisão de Imunização/CVE/CCD/SES-SP

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ISSN 1806-4272

A análise de correspondência realizada por Batista


Causas de Óbito Segundo Raça/Cor no et al. (2004) evidencia que há diferença no perfil da
mortalidade segundo a raça/cor, que pretos e pardos
Estado de São Paulo apresentam perfil de óbito semelhante, mas a intensi-
dade difere, brancos e outros morrem das mesmas
Luís Eduardo Batista causas e a intensidade difere muito pouco. O presen-
Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD,)
Instituto de Saúde
te artigo analisa o perfil da mortalidade de brancos e
(representante da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo pretos (duas variáveis polares).
no Conselho de Participação e Desenvolvimento da
Comunidade Negra do Estado de São Paulo)
Resultados
No ano de 1999 ocorreram 236.025 óbitos no
Introdução Estado de São Paulo: 141.446 eram homens e
As estatísticas de morbidade e mortalidade são 94.579, mulheres; 93 mil eram homens brancos
utilizadas para avaliar a situação da saúde da popula- (perfazendo uma taxa de 750 óbitos para cada 100
ção e desenvolver políticas públicas de saúde (Luiz, mil homens brancos), 6.921 homens pretos (954 por
1997; Laurenti, 1990). Na análise dos dados de mor- 2
100 mil homens pretos), 23.073 outros (528 por 100
talidade, apontam-se as causas de morte que asso- mil homens pardos, amarelos e indígenas) e 18.452
lam a população, discutem-se os dados segundo a óbitos masculinos, cuja raça/cor foi ignorada. Quando
idade, o sexo e o grupo social ou frações de classe, se comparam as taxas de óbitos dos homens pretos e
mas não se discutem as diferentes construções soci- brancos verifica-se entre os pretos a maior taxa de
oculturais existentes na sociedade e seus reflexos no mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias,
perfil da mortalidade. Por exemplo, não se contempla doenças endócrinas e metabólicas, transtornos
a raça/cor como categoria de análise. Uma das justifi- mentais, doenças do aparelho circulatório e causas
cativas para tanto é que apenas em 1996 se inseriu a externas (tabela 1).
variável raça/cor nos atestados de óbitos. Entre as doenças infecciosas e parasitárias se
Em 1998, Barbosa realizou estudo sobre a mortalida- destaca a maior mortalidade dos homens pretos por
de da população negra na cidade de São Paulo, usando, tuberculose e HIV/Aids. Dentre as doenças endócrinas,
para análise, os óbitos ocorridos durante seis meses; nutricionais e metabólicas, a diabetes mellitus é a
todavia, nenhum estudo foi realizado para o Estado de principal causa de morte. A morte em função do alcoo-
São Paulo. Sabe-se que este Estado tem o maior contin- lismo é a principal causa entre os pretos e a demência,
gente de população negra (pretos e pardos) do Brasil e para os brancos. Numa visão comparativa entre os
que seus dados de estatísticas vitais são de boa qualida- óbitos dos homens pretos e brancos por doenças do
de. Se em 1996, do total de óbitos ocorridos em São aparelho circulatório, nota-se que prevalece entre os
Paulo, 87% não tinham indicação de qual era a raça/cor pretos o óbito por infarto agudo do miocárdio e acidente
dos indivíduos, em 1997, o percentual caiu para 61%; em vascular cerebral. Proporcionalmente, os pretos
1998, 21%; em 1999, 13% e 6,5% em 20001, possibilitan- morrem duas vezes mais que os brancos por causas
do o uso da variável raça/cor nos estudos. externas. Além disso, a desagregação deste grupo de
Ao realizar a pesquisa “Mulheres e homens ne- causas em três dígitos da CID-10 explicita melhor a
gros: saúde, doença e morte” optei por realizar o estu- diferença entre eles, ou seja, enquanto os brancos
do com os óbitos ocorridos no Estado de São Paulo morrem por acidente de veículo a motor, os pretos
no período de 1996-2000. Como os dados populacio- morrem por agressões com arma de fogo, objetos
nais do censo 2000, segundo município, raça/cor e contundentes, agressões não especificadas, atropela-
idade, não estavam disponíveis, não foi possível atin- mentos e homicídio.
gir o objetivo. As diferenças no perfil da mortalidade Dos 94.579 óbitos femininos ocorridos no Estado de
de brancos e negros em São Paulo foram analisadas, São Paulo em 1999, 64.512 mil mulheres eram brancas
então, para o ano de 1999, cujos dados existentes (perfazendo uma taxa de 481 por 100 mil mulheres
eram os melhores, naquele momento. brancas), 4.085 pretas (517 por 100 mil mulheres
O IBGE trabalha com cinco variáveis de raça/cor, a pretas), 12.155 pardas, amarelas e indígenas (285 por
saber: branco, preto, pardo, amarelo e indígena — 100 mil mulheres pardas, amarelas e indígenas) e,
quando utiliza a categoria “negro” está se referindo a nestes óbitos, num total de 13.827, a raça/cor foi
preto mais pardo (negro = preto+pardo). ignorada. Quando se comparam os coeficientes,

1. Cabe salientar que em 2002 este percentual é apenas de 5%


2. Denomino “outros” a junção do pardos, amarelos e indígenas. Cabe salientar que na população do Estado de São Paulo há 11,44% de homens e 11,13% de
mulheres pardas, enquanto que entre os amarelos esses percentuais são de 0,68% e 0,69%, respectivamente. Entre os indígenas esses percentuais são de
0,03% e 0,05% para homens e mulheres. Como se vê, há uma prevalência de pardos na categoria outros

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constata-se a maior taxa de mortalidade das mulheres te vascular cerebral), gravidez, parto, puerpério e
pretas, principalmente por doenças infecciosas e causas externas. As mulheres brancas são mais
parasitárias (tuberculose e o HIV/Aids), doenças vulneráveis às neoplasias, doenças do sangue e dos
endócrinas e metabólicas (diabetes), transtornos órgãos hematopoéticos, doenças do sistema nervo-
mentais (alcoolismo e “drogadição”), doenças do so, aparelho respiratório e as afecções originárias do
aparelho circulatório (insuficiência cardíaca e aciden- período perinatal (tabela 1).

Tabela 1 – Proporção de óbitos dos residentes no Estado de São Paulo, segundo sexo, raça/cor e
capítulos da CID (10), 1999
MULHERES HOMENS
Razão entre os Razão entre os
Capítulos da CID Brancas Pretas Brancos Pretos
coeficientes coeficientes
Taxa * Taxa Pretas/Brancas Taxa Taxa Pretas/Brancas
TOTAL 481,31 517,01 1,07 750,60 954,23 1,27
I Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 19,30 31,01 1,61 36,25 67,28 1,86
II Neoplasias 81,72 74,80 0,92 108,55 87,00 0,80
III D. Sangue, hematopoéticos e Tr. Imunitários 2,10 1,39 0,66 2,28 2,21 0,97
IV D. Endoc. Nutricionais e Metabólicas 29,78 39,74 1,33 25,92 30,75 1,19
V Transtornos Mentais e Comportamentais 1,92 3,29 1,71 6,38 19,58 3,07
VI D. do Sistema Nervoso 7,41 5,44 0,73 9,80 11,44 1,17
IX D. do Aparelho Circulatório 174,48 199,59 1,14 212,93 244,45 1,15
X D. do Aparelho Respiratório 56,34 43,79 0,78 77,37 72,52 0,94
XI D. do Aparelho Digestivo 20,94 21,90 1,05 46,41 44,40 0,96
XIV D. do Aparelho Geniturinário 8,77 9,75 1,11 10,68 11,03 1,03
XV Gravidez, Parto e Puerpério 37,90 245,54 6,4
XVII Malformação Congênita e Deformidades... 5,54 2,28 0,41 7,01 3,45 0,49
XX Causas Externas de Morbidade e Mortalidade 23,26 30,37 1,31 136,23 274,37 2,01
TOTAL (N) 64.512 4.085 93.000 6.921
Fonte: CVE/CCD/SES-SP
*A taxa foi calculada pela razão = número de óbitos, dividida pela população, segundo cor e sexo, multiplicado por 100 mil

A taxa de mortalidade materna das mulheres mellitus, câncer do esôfago, colo de útero e próstata e
pretas supera em 6,4 vezes a das brancas. A taxa de acidente vascular cerebral.
óbitos por morte materna é de 245,54 entre as mulhe- Os dados aqui apresentados apenas evidenciam o
res pretas e 37,90 entre as brancas. O estudo pôde que o movimento de mulheres negras vem
constatar que o óbito das mulheres pretas supera em denunciando há anos: “a morte tem cor”3. A novidade
5,9 vezes a taxa oficial, fornecida pela Secretaria de é que com a inclusão da raça/cor no atestado de óbito
Estado da Saúde (41,4/100 n.v). as denúncias do movimento social podem ser
A análise das taxas de mortalidade desagregadas analisadas com os instrumentos da produção
por três dígitos da CID-10 mostra a maior mortalidade científico-acadêmica. Hoje isto é possível em relação
dos pretos por tuberculose, HIV/Aids, diabetes à mortalidade, mas não em relação aos atendimentos

3. Expressão utilizada pela Profª Drª Maria Alice Rosa Ribeiro em 14/3/2002

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hospitalares e ambulatoriais. Se os estudos de morta-


lidade servem para diagnosticar problemas de saúde Panorama das Ações de Prevenção
e sugerir políticas, ainda não foi possível sensibilizar
gestores de saúde a desagregar os dados oficiais por
às DST/Aids Voltadas para os
raça/cor; realizar ações para promover a eqüidade Adolescentes, Desenvolvidas pelos
em saúde e transformar os estudos produzidos pela Programas Municipais de DST/Aids –
academia e movimentos sociais em políticas Estado de São Paulo , setembro/2004
públicas. Mas há um fato novo, a Secretaria de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS-
Teo Weingrill Araujo e Gabriela Junqueira Calazans
MS) deve lançar em novembro o livro “Saúde Brasil, Coordenação Estadual de DST/Aids-SP- Gerência de Prevenção
2005” com todos os dados desagregados segundo a
raça/cor, idade, sexo, escolaridade e região. A RIPSA
também vai lançar o “IDB Brasil, 2005” com Em setembro de 2004, a Coordenação Estadual
indicadores de saúde por grandes regiões, unidades de DST/Aids-SP elaborou um questionário com o
federadas, sexo e raça/cor. objetivo de traçar um panorama das experiências de
prevenção às DST/Aids dirigidas a adolescentes,
desenvolvidas no Estado de São Paulo. Com a cola-
Referências Bibliográficas boração das Direções Regionais de Saúde (DIR´s), o
1. BARBOSA, M.I. da S., Racismo e saúde. São questionário foi repassado para todos os Programas
Paulo, 1998. Tese (Doutorado) Faculdade de Municipais de DST/Aids com recursos do PAM (Plano
Saúde Pública. Universidade de São Paulo. de Ações e Metas) e para outras instituições/ONG
2. BATISTA, L.E., Mulheres e homens negros: que realizassem ações de prevenção com adoles-
saúde, doença e morte. Araraquara, 2002. Tese centes. Dos 142 municípios, 68 (46%) responderam o
questionário. Desses, apenas três (4,5%) não desen-
(Doutorado) Faculdade de Ciências e Letras.
volvem ações de prevenção com essa população.
Universidade Estadual Paulista.
Neste texto, apresentamos e discutimos os resulta-
3. BATISTA, L.E., ESCUDER, M. M. L. e PEREIRA, dos obtidos, considerando as estratégias adotadas
J. C. A cor da morte: causas de óbito segundo pelos municípios para desenvolver estas ações.
características de raça no Estado de São Paulo,
Tabela 1 – Ações de prevenção às DST/Aids desenvolvidas pelos
1999 a 2001. Rev. Saúde Pública, 2004, vol.38, n.5, municípios do Estado de São Paulo – setembro de 2004*
p.630-636. Número de
4. LAURENTI, R. et al., Mortalidade de mulheres Ações desenvolvidas municípios que %
desenvolvem a ação
em idade fértil no Município de São Paulo (Brasil), Palestras
1986. II Mortes por causas maternas. Rev. Saúde Palestras em escolas 55 81
Palestras em outras
Pública, v. 24, p.1.468-1.471, 1990. Instituições/locais
45 66
5. LUIZ, O.C., Perspectivas da avaliação de Oficinas
situação de saúde: uma apreciação crítica. São Realização de oficinas em
32 47
escolas
Paulo, 1997. Dissertação (Mestrado) - Faculdade Realização de oficinas em
de Medicina. Universidade de São Paulo. 25 37
outras instituições/locais
Insumos
Distribuição de preservativos 54 79
Produção de material
40 59
educativo
Capacitações
Capacitação de profissionais
de saúde que atendem 18 26
adolescentes
Capacitação de professores 31 46
Capacitação de outros
9 13
profissionais
Capacitação de adolescentes
multiplicadores para
15 22
desenvolverem ações dentro
da escola
Capacitação de adolescentes
multiplicadores para
10 15
desenvolverem ações em
outros locais/instituições
Outras 10 15
Fonte: CCD/SES-SP
*Cada município podia dar mais do que uma resposta

julho de 2005 Coordenadoria de Controle de Doenças Página 13


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Estratégias de prevenção Para conduzir as oficinas, o profissional, além de


A tabela 1 mostra que a distribuição de preservati- informações técnicas, precisa estar aberto e disponível
vos e a realização de palestras são as estratégias de para escutar os conteúdos que os adolescentes apre-
prevenção mais adotadas pelos municípios. A realiza- sentam. Deve-se guiar pela idéia de que seu papel prin-
ção de oficinas, a produção de material educativo e a cipal é propiciar condições para que os adolescentes se
capacitação de professores também são estratégias expressem de maneira livre. Isso significa fazer um
adotadas por um número significativo deles. esforço constante para conseguir “colocar em suspen-
são” determinados valores e preconceitos pessoais. A
partir dessa perspectiva e por meio de discussões so-
Palestras bre temas muito amplos, a adoção de práticas de cuida-
Dos 68 municípios, 55 (81%) realizam palestras do consigo acontece de maneira lenta e gradual.
nas escolas e 45 (66%) em outros locais/instituições. A
realização de palestras pode ser considerada uma
estratégia “clássica” para a prevenção das DST/Aids Distribuição de preservativos
entre os adolescentes. Nessa estratégia, um especia- Difundir a idéia de sexo seguro pressupõe acesso
lista da área apresenta informações sobre os modos de aos preservativos. A partir da tabela 1, percebemos
transmissão das doenças e sobre os métodos existen- que 79% dos municípios adotam a distribuição como
tes para preveni-las. O público, por sua vez, recebe as uma estratégia de prevenção, que ocorre em três
informações do especialista e procura esclarecer, contextos: a) em palestras, eventos, festas, datas
através de perguntas, possíveis dúvidas. comemorativas etc., b) nos serviços de saúde, c) nas
As críticas a essa estratégia incluem a defesa de escolas (dados não apresentados).
que a aprendizagem é mais efetiva quando o conheci- 1. A distribuição de preservativos em eventos atin-
mento é construído pelo próprio aprendiz, a partir de ge um grande número de pessoas. Entretanto, é uma
suas vivências. Aponta-se também que a palestra é ação pontual, que não promove a ampliação do aces-
uma estratégia muito pontual. Nessa perspectiva, so a esse insumo.
defende-se que as pessoas não mudam o comporta- 2. A distribuição de preservativo nos serviços de
mento apenas por receberem determinadas informa- saúde aposta na autonomia do adolescente para bus-
ções, e que a prevenção das DST/Aids só pode ocorrer car proteção. Ao mesmo tempo, promove a inclusão
se houver mudança de hábitos, atitudes e crenças, e desse adolescente na rede de atenção à saúde.
que essas mudanças não podem ser impostas. Entretanto, algumas medidas precisam ser adotadas
Entretanto, ao escolher as estratégias de preven- para que essa estratégia seja eficaz. É preciso sensibi-
ção, necessitamos considerar as características da lizar e capacitar os profissionais da rede para que
instituição e o contexto em que as ações se inserem. acolham o adolescente. Por exemplo, alguns serviços
Por exemplo, as palestra podem ser um recurso útil de saúde exigem que os pacientes menores de idade
para desenvolver ações de prevenção em uma institui- só sejam atendidos se acompanhados dos pais, o que
ção quando não há profissionais disponíveis ou dispos- pode constranger o adolescente quando recebem
tos a realizá-las através de oficinas ou profissionais de orientações ou preservativos.
saúde com disponibilidade para realizar ações contínu- 3. A distribuição de preservativos nas escolas
as nessa instituição. Por meio delas pode-se aprofun- ganhou novo impulso com o lançamento do programa
dar o contato com a instituição e sensibilizá-la para “Saúde e Prevenção nas Escolas”, da Coordenação
desenvolver ações de DST/Aids para os adolescentes. Nacional de DST/Aids. A vantagem dessa estratégia
é garantir que o preservativo esteja em um local que
Oficinas concentre muitos adolescentes. Além disso, fortalece
as ações de prevenção e educação para a saúde,
Dos 68 municípios, 32 (47%) realizam oficinas em desenvolvidas pelas escolas. A distribuição de pre-
escolas e 25 (37%) as realizam em outras institui- servativos na escola complementa as ações que
ções/locais. visam promover o acesso dos adolescentes aos
Em oficinas costuma-se trabalhar com pequenos serviços de saúde, já que há muitos que não freqüen-
grupos que se reúnem em determinado número de tam mais as escolas.
encontros periódicos. Geralmente, cada encontro
envolve, além de discussões sobre um tema, ativida-
des lúdicas e dinâmicas de grupo relacionadas a esse Capacitações
tema. Busca-se, além da transmissão de informações Entre as estratégias adotadas pelos municípios,
sobre as doenças e formas de preveni-las, discutir 46% adotam a capacitação de professores, 26% de
hábitos, atitudes, dúvidas e temores relacionados à profissionais de saúde e 22% capacitações para ado-
sexualidade e ao uso de drogas. lescentes multiplicadores.

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Capacitação de profissionais de escolas e de ou- a) Mapear os locais em que os adolescentes pos-


tras instituições que atendem adolescentes sam atuar e as instituições governamentais e não-
É preciso considerar que os temas relacionados governamentais que possam ser parceiras nesta
às DST/Aids são delicados e que o profissional pre- ação. Procurar espaços em que as atividades pos-
cisa deparar-se com questões pessoais, preconcei- sam ser desenvolvidas. Decidir quais adolescen-
tos, e, ao mesmo tempo, encaminhar assuntos que tes serão os multiplicadores.
serão trazidos pelos adolescentes. Portanto, mais b) Decidir de que maneira será estabelecido o
uma vez, apontamos a importância de realizar capa- vínculo com os adolescentes multiplicadores.
citações contínuas para esses profissionais, que in- Serão remunerados? No caso dos adolescentes
cluam discussões periódicas sobre as ações que que freqüentam a escola, a carga horária do
estão sendo desenvolvidas. trabalho será compatível com os estudos? Como
pedir autorização dos pais, no caso de adolescen-
Capacitação de profissionais de saúde tes menores de idade?
c) Oferecer capacitações, aulas, grupos de estudo
A capacitação dos profissionais de saúde para de-
e estabelecer uma rotina de supervisões periódi-
senvolverem ações de prevenção às DST/Aids tam-
cas para os adolescentes.
bém precisa ser contínua. Lidar com temas como se-
xualidade e uso de drogas exige do profissional uma
reflexão constante sobre o próprio trabalho. Por isso, Produção de materiais educativos
precisamos garantir espaços periódicos de interlocu- Quarenta municípios (59%) produzem materiais
ção, discussão de casos e acolhimento para os pro- educativos próprios voltados para os adolescentes
fissionais que desenvolvem as ações de prevenção. ou para os profissionais que trabalham com essa
É preciso compreender que capacitar um profissional população. Os materiais educativos podem ser uma
não significa apenas organizar eventos, mas também ferramenta interessante na execução das ações de
acompanhar de perto a maneira como esses traba- prevenção, já que possibilitam a transmissão de
lhos são desenvolvidos. informações de maneira correta e simples.
Devemos levar em consideração que promover o
acesso dos adolescentes aos serviços de saúde é Bibliografia recomendada
uma das principais maneiras de prevenir as
1. Ministério da Saúde. Programa Nacional de
DST/Aids, de promover o acesso à testagem e à vaci-
DST/Aids. Manual do Multiplicador Adolescente.
nação contra a hepatite B e o acesso ao tratamento
Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
em abordagem sindrômica das DST1. Para isso, é ne-
cessário que os profissionais dos serviços de saúde 2. Materiais do Projeto “Prevenção Também se
estejam preparados para receber o adolescente, pa- Ensina”, disponíveis em todas as Escolas
ra acolhê-lo, para fornecer-lhe preservativos e outros Estaduais do Estado de São Paulo.
insumos de prevenção e para orientá-lo. Os profissio- 3. “Antes Durante e Depois: Gravidez na
nais de saúde dos serviços de atenção básica são os Adolescência”. Jogo produzido pelo GTPOS. Para
que estão mais próximos dos locais de residência, es- maiores esclarecimentos, ligue para GTPOS:
tudo e trabalho dos adolescentes. Nesse sentido, o (011) 3801-3691.
ideal é que eles assumam, em parceria com outras 4. Protagonismo Juvenil: caderno de atividades.
instituições como a escola, as associações de bairro Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
e as igrejas, a responsabilidade pelas ações diretas 5. Adolescentes Promotores de Saúde: uma
de prevenção às DST/Aids. metodologia para capacitação. Brasília: Ministério
da Saúde, 2001.
Capacitação de adolescentes multiplicadores 6. Adolescentes Fazendo Juntos: manual do
A idéia subjacente à proposta de trabalhar com facilitador. Brasília: Governo do Distrito Federal,
adolescentes multiplicadores é a de que o jovem, por 2003.
viver questões e dificuldades “próprias da adolescên- 7. Adolescentes Pensando Juntos: manual do
cia”, é capaz de compreender os outros adolescen- facilitador. Brasília: Governo do Distrito Federal,
tes. Para adotar esta estratégia é necessário: 2003.

1.Tratamento imediato das DST a partir da identificação dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente

julho de 2005 Coordenadoria de Controle de Doenças Página 15


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Métodos de Controle da Reprodução


Programa de Controle de Populações A interferência no ciclo reprodutivo de cães e ga-
de Cães e Gatos do Estado de São Paulo tos, a fim de suprimir a concepção, pode ocorrer por
três métodos:
Adriana Maria Lopes Vieira e Aparecido Batista de Almeida, ! Cirúrgico – induz à esterilidade ou infertilidade
Coordenadoria de Controle de Doenças – CCD/SES-SP; permanente por meio de alterações anatômicas;
Cristina Magnabosco, Prefeitura de Guarulhos;
João Carlos Pinheiro Ferreira e Stélio Loureiro Pacca Luna, ! Farmacológico – de bloqueio da implantação em-
FMVZ Unesp Botucatu; Jonas Lotufo Brant de Carvalho brionária, de bloqueio do ciclo estral e de indução à
Prefeitura de Botucatu; Luciana Hardt Gomes e perda embrionária e fetal;
Noemia Tucunduva Paranhos, Prefeitura de São Paulo;
Maria de Lourdes Reichmann, Instituto Pasteur; ! Imunológico – de bloqueio da atividade reprodutiva.
Rita de Cassia Garcia, Instituto Nina Rosa e
Prefeitura de Taboão da Serra;
Vania de Fátima Plaza Nunes, Prefeitura de Jundiaí; Método cirúrgico de esterilização
Viviane Benini Cabral, advogada sanitarista ambiental A principal vantagem do método cirúrgico de
esterilização é o fato de ser realizado em um único
Módulo II: Controle da Reprodução de Cães procedimento, causando a perda irreversível da
e Gatos capacidade reprodutiva. Atualmente, a ovario-
salpingo-histerectomia (OSH), retirada de ovários,
A maioria dos centros urbanos enfrenta o pro-
útero e trompas, e a orquiectomia (OC), retirada dos
blema da superpopulação de cães e gatos, que
testículos, são os métodos de eleição para o con-
oferece riscos à saúde e à segurança pública, à
trole da reprodução em cães e gatos (Olson;
saúde animal e ao meio ambiente, onerando o
Johnson, 1993; Mahlow, 1996).
poder público com investimentos necessários para
a remoção, o manejo e a eutanásia, entre outros As fêmeas esterilizadas cirurgicamente não apre-
(Nassar; Fluke, 1991). sentam cio e os machos orquiectomizados, ao contrá-
rio dos vasectomizados, perdem progressivamente a
As atividades isoladas de remoção e eliminação
libido, diminuindo, portanto, a possibilidade da forma-
de cães e gatos não são efetivas para o controle das ção de grupos de animais, minimizando a ocorrência
populações desses animais, sendo necessário de brigas, agravos a humanos e transmissão de en-
atuar na causa do problema: a procriação animal fermidades (Heidenberger & Unshelm, 1990,
excessiva e a falta de responsabilidade dos proprie- Maarschalkerweerd et al., 1997, Neilson et al., 1997).
tários na posse, propriedade e guarda de seus
animais (WHO; WSPA, 1990). A esterilização cirúrgica antes da puberdade ou a
partir de 8 semanas de vida apresenta as vantagens
Por serem animais pluríparos de gestação curta de evitar o risco da ocorrência da primeira cria dos
(ao redor de 60 dias), com grande potencial de pro- cães e gatos, além de diminuir significativamente a
dução de proles numerosas seqüenciais e devido incidência do tumor de mama nas fêmeas. É um pro-
ao rápido amadurecimento sexual dos mesmos, já cedimento seguro, mais rápido e de menor custo que
no segundo semestre de vida, o excesso de cães e nos adultos, e os animais apresentam rápida recupe-
gatos permanece como um problema até que pro- ração. A gonadectomia antes da puberdade diminui a
gramas efetivos envolvendo o controle da reprodu- incidência de obesidade nos caninos e incontinência
ção sejam instituídos (Olson; Johnson, 1993). urinária nas cadelas (Feldman & Nelson, 2004;
O vínculo estabelecido entre os seres humanos e Schneider, 1969 apud Olson, 1993).
os animais de estimação está intimamente relacio- As desvantagens das cirurgias de esterilização se
nado às condições sócio-econômico-culturais de referem às complicações cirúrgicas e anestésicas,
cada comunidade. Em situações de desequilíbrio, a principalmente quando realizadas por profissionais
intervenção para o controle de reprodução dos cães e inexperientes e ao tratamento dispensado pelo pro-
gatos, além da conscientização para a posse, pro- prietário no período de recuperação pós-cirúrgica
priedade ou guarda responsável, é de fundamental (Mackie, 1998).
importância e de competência do poder público para Os procedimentos de esterilização cirúrgica em
a promoção da saúde. massa de cães e gatos devem obedecer a critérios
Assim, a Coordenadoria de Controle de Doenças idênticos aos dos individuais, ou seja, existência de
(CCD) recomenda a implantação do controle de re- sala para preparo, sala de cirurgia, sala para pós-
produção de cães e gatos nos municípios do Estado cirúrgico, avaliação clínica do paciente, procedimen-
de São Paulo. tos de esterilização do material, preparação do

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paciente (anestesia geral e assepsia do campo cirúr- s ã o d e s a c o n s e l h a d o s e m a ç õ e s pa r a o


gico) e esterilidade de todo o procedimento até os controle das populações de cães e gatos (Jöchler W.,
cuidados pós-cirúrgicos necessários. 1974, Jöchler W., 1991, Feldman & Nelson, 2004).
Devem ser utilizadas técnicas de esterilização
cirúrgica minimamente invasivas para a racionalização Outros métodos
do tempo cirúrgico e dos recursos materiais e humanos
Os métodos de contracepção imunológica são ain-
necessários, além dos benefícios na recuperação do
da experimentais (Boué et al., 2004, Griffin et al., 2004).
animal e diminuição dos riscos de infecção. Fios de
algodão não deverão ser utilizados em cadelas devido Os fármacos que impedem a implantação ou
às reações inflamatórias que podem ocasionar, induzem perda embrionária são indicados apenas
colocando em risco a vida do animal. A ferida cirúrgica nos casos de estabelecimento de prenhez indese-
na técnica de esterilização cirúrgica tradicional pode jada, não sendo aplicados em ações para o contro-
chegar até 15 cm em cadelas, já nas técnicas minima- le populacional devido à necessidade de aplicação
mente invasivas ela varia em torno de 2 cm a 5 cm em do fármaco em um período específico da gestação
cadelas em condições normais (sem piometra ou e acompanhamento ambulatorial veterinário de ca-
tumores), portanto com menor manipulação, pós- da caso.
cirúgico mais seguro, com menos intercorrências,
menos doloroso e cicatrização em menor tempo. Recomendações
Outra atividade que tem apresentado bons 1. A implantação de atividades de controle da
resultados é a gonadectomia, cirurgia para remoção reprodução de cães e gatos, por meio da este-
das gônadas dos animais, antes da puberdade. É rilização dos animais, nos serviços municipais;
um procedimento seguro, mais rápido e de menor 2. O emprego das cirurgias de esterilização de
custo que nos adultos, em que os animais apresen- ovário-salpingo-histerectomia (OSH) para fêmeas e
tam rápida recuperação, podendo ser realizado a orquiectomia (OC) para machos, para o controle da
partir dos 2 meses de idade. O uso desta técnica reprodução de cães e gatos;
prescinde da necessidade do emprego de cuidados 3. A esterilização cirúrgica de cães e gatos a partir
específicos para anestesia e jejum e pós-operatório de 8 semanas de idade;
dos animais. A importância de sua adoção está na
constatação de que um dos fatores que contribuem 4. Capacitação dos médicos veterinários respon-
para a grande quantidade de animais abandonados sáveis pela realização das cirurgias de esteri-lização
é a primeira cria já na ocorrência do primeiro cio, em massa e menos invasivas;
conforme experiências de outros paises, mesmo em 5. Que haja endosso dos Conselhos Municipais de
centros mais avançados (Olson et al., 2000). Saúde e de Defesa do Meio Ambiente;
6. Que haja previsão de recursos anuais espe-
Métodos farmacológicos cíficos e inclusão na Lei de Diretrizes Orçamen-tárias
e na Previsão Orçamentária Anual;
Quanto aos métodos farmacológicos, os progestá-
genos são os principais fármacos empregados, 7. Que o município disponibilize serviços próprios
podendo ser classificados em fármacos de curta ou parcerias que viabilizem acesso geográfico e
duração, aplicados diariamente, e de longa duração, econômico facilitado à população, para a realiza-ção
reaplicados em períodos variáveis de, no máximo, das cirurgias de esterilização;
seis meses. 8. Que procedimentos de controle da reprodução
sejam parte integrante de um programa municipal de
A aplicação dos métodos farmacológicos em pro-
controle das populações de cães e gatos;
gramas de controle populacional, sem a possibilidade
de avaliação individual e determinação correta da fase 9. Sempre que possível, o emprego da técnica
do ciclo estral por meio de exame laboratorial, pode cirúrgica de esterilização minimamente invasiva;
desencadear uma série de problemas – como a hiper- 10. Desenvolvimento associado de programas de
plasia cística endometrial, piometra, tumores de mama saúde animal, como vacinações e vermifugações e
e, nos animais gestantes, o não desencadeamento do outros, nas populações de cães e gatos;
parto com conseqüente morte fetal, colocando em risco 11. Implantação e manutenção de programa
a vida do animal. educativo permanente e especifico sobre o tema;
Portanto, devido à reversibilidade dos métodos 12. O incentivo da esterilização por meio da
farmacológicos, necessidade de diversas aplicações isenção de taxas como, por exemplo, de registro
e determinação precisa da fase do ciclo estral, estes e identificação.

julho de 2005 Coordenadoria de Controle de Doenças Página 17


Boletim Epidemiológico Paulista
ISSN 1806-4272

Referências Bibliográficas NOTAS


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TURNER, M., P13 DNA vaccine for canine species:
immune studyng and strategy for the development of an
immunocontraceptive vaccine, Proceedings of II Treinamento em Infecção Hospitalar
International The Alliance for Contraception in Cats and
Dogs Symposium, Beaver Run CO, p.187, 2004. Nos dias 11 e 12 de agosto, a Divisão de Infecção
Hospitalar – órgão do Centro de Vigilância
2. FELDMAN, E.D., NELSON, R.W., Canine and feline
Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac”, da
endocrinology and reproduction, 3rd ed. St Louis,
Sauders, 2004, 1089p.
Coordenadoria de Controle de Doenças (CVE/CCD)
– realiza treinamento de controle de infecção
3. GRIFFIN, B., BAKER, H., WELLES, E., MILLER, L.,
hospitalar em hospital psiquiátrico. O objetivo do
FAGERSTONE, K., Response of dogs to a GnRH-KLH
evento é capacitar os profissionais dos hospitais
conjugate contraceptive vaccine adjuvanted with
adjuvac. Proceedings of II International The Alliance psiquiátricos para o manejo das principais síndromes
for Contraception in Cats and Dogs Symposium, Beaver infecciosas hospitalares, com ênfase na avaliação
Run CO, p.189-190, 2004. epidemiológica, medidas de proteção infecciosa
4. HEIDENBERGER E., UNSHELM J., Changes in the
ambiental e investigação de surtos. O treinamento é
behavior of dogs after castration. Tierarztl Prax. v.18, dirigido a profissionais das Comissões de Controle de
p.69-75. 1990. Infecção Hospitalar, de nível superior, preferen-
cialmente, médicos e enfermeiros, dos hospitais
5. JÖCHLER, W., Pet population control in Europe.
Journal American Veterinary Medicine Association,
psiquiátricos do Estado, e profissionais das
v.198, p.1225-1230, 1974. vigilâncias epidemiológica e sanitária das Direções
Regionais de Saúde. As inscrições devem ser feitas
6. JÖCHLER, W., Pet population control: chemicals
até o próximo dia 9. Informações com Cadu, pelo
methods. Canine Practice, v.1, p.8-18, 1974.
telefone (11) 3081-7526.
7. MAARSCHALKERWEERD, R.J., N. ENDENBURG,
J. KIRPENSTEIJN AND B.W. KNOL. Influence of
orchiectomy on canine behaviour. The Veterinary
Record, v.140, p. 617-69, 1997.
8. MAHLOW, J. C. e M. R., Current issues in the control
of stray and feral cats. Journal American Veterinary
Curso de Atualização do IAL
Medicine Association, v. 209, p. 2016-2020, 1996. O Instituto Adolfo Lutz promove, de 29 de agosto
9. MAKIE, M., I Congresso Brasileiro de Bem-estar a 2 de setembro, o curso “Atualização em Neisseria
Animal da Arca Brasil. São Paulo, dezembro 1998. meningitidis, Streptococcus pneumoniae e
Haemophilus influenzae”, no âmbito do Programa
10. NASSAR, R, FLUKE, J., Pet population dynamics
and community planning for animal welfare and animal da Pós-Graduação em Infecções e Saúde Pública –
control. Journal American Veterinary Medicine área de Concentração Pesquisas Laboratoriais em
Association, v. 198, n. 7, 1160-1164, 1991. Saúde Pública. Organizado e coordenado pelo IAL-
11. NEILSON, J.C., R.A. ECKSTEIN, AND B.L. HART.
SP, com apoio da BioMérieux Brasil, BD Diagnostic
Effects of castration on problem behaviors in male dogs e Ministérito da Saúde, o curso tem como objetivo
with reference to age and duration of behavior. Journal oferecer aos alunos de pós-graduação e profissio-
of the American Veterinary Medical Association, v. 211, nais de saúde treinamento e atualização em doen-
p.180-2, 1997. ças de notificação compulsória, abordando aspec-
12. OLSON, P. N. e S. D., New developments in small tos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. As
animal population control. Journal American Veterinary inscrições, que vão de 8 a 19 de agosto, são gratui-
Medicine Association, v. 202, p. 904-909, 1993. tas e as vagas limitadas (80 para profissionais de
13. OLSON, P.N., ROOTS KUSTRIZ, M.V., saúde e 20 para os alunos de pós-graduação). Os
JOHNSTON, S.D., Early-age neutering of dogs and profissionais devem fazer as inscrições à Av. Dr.
cats in the United States (A review). Journal of Arnaldo, 355, 2º andar, sala 66, telefone (11) 3068-
Reproduction and Fertility, Suppl. 57, p.223-232, 2000. 2854 e e-mail treinamento@ial.sp.gov.br. Pós-
14. SCHNEIDER, 1969 apud OLSON, 1993 graduandos, à Av. Dr. Arnaldo, 355, 2º andar, sala
65, Secretaria da Pós-graduação, telefone (11)
15. WOLD HEALTH ORGANIZATION WHO; WORLD
3068-2814, (posgraduacao@ial.sp.gov.br). O curso
SOCIETY FOR THE PROTECTION OF ANIMALS
WSPA: Guidelines for dog population management.
acontece das 8h30 às 18h00, no Anfiteatro da SES
Geneva, 1990. 116 p. (Av. Dr. Arnaldo, 351, térreo).

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Prorrogadas Inscrições de Trabalhos Municipal de Saúde do Trabalhador, no qual estarão


definidas as diretrizes, metas, objetivos e estratégias
para o VI Encontro do IAL que orientarão as ações articuladas dos órgãos
Prorrogadas até 8 de agosto as inscrições de setoriais do Estado, no âmbito do Município, nas
trabalhos científicos para VI Encontro do Instituto políticas públicas em saúde do trabalhador. A
Adolfo Lutz, que acontece de 3 a 6 de outubro, sob o Conferência Municipal, que terá o mesmo tema
tema “Saúde Pública, Pesquisa e Responsabilidade central da 3ª Conferência Nacional em Saúde do
Social”. Durante o evento será entregue o Prêmio Trabalhador, “Trabalhar Sim, Adoecer Não”, também
Adolfo Lutz, que tem por objetivo estimular a pro- elegerá os delegados que participarão das etapas
dução/divulgação dos trabalhos científicos desen- Estadual e Nacional.
volvidos nas áreas de Biomédica e Bromatologia
e Química. Os dois melhores trabalhos inscritos em
cada área receberão R$ 2.000,00. O órgão também
informa que as inscrições para participar do evento
terão desconto até o próximo dia 31. Além disso, a Fundacentro Disponibiliza Livro
cada dez inscrições em grupo será concedido um
abatimento de 10% sobre o valor total. sobre Sílica
A programação preliminar para o VI Encontro, Está disponível no site da Fundacentro o livro “Síli-
que será realizado no Centro de Convenções ca Manual do Trabalhador”, voltado para treinamento
Rebouças, em São Paulo, está disponível no site e educação de trabalhadores expostos à sílica. O
(www.ial.sp.gov.br). Mais informações pelo telefone objetivo do material é esclarecer tanto o trabalhador
(11) 3068-2974. quanto a empresa sobre os riscos da poeira de sílica,
que provoca a silicose, uma das mais graves doenças
ocupacionais. O livro mostra em que situações ela
pode aparecer, bem como quais medidas de controle
e de proteção devem ser adotadas. Pode, também,
Vacinação Contra Poliomielite auxíliar em programas de treinamento em higiene do
trabalho em empresas que apresentem exposição a
Acontece no próximo dia 20 de agosto, em todo o
outros tipos de poeiras e fibras, uma vez que as medi-
País, a segunda etapa da Campanha Nacional de
das de controle são gerais. O livro está acessível no
Vacinação contra a Poliomielite. Este é o 26º ano de
endereço: (http:\\www.fundacentro.gov.br/arquivos/
campanha de vacinação contra a doença, que não é
publicacao/l/sílica%20manual%20do%20
registrada no Brasil há 16 anos. Livre do poliovírus
trabalhador%202.pdf).
desde 1989, o País deve manter e aproveitar ao
máximo as campanhas, para impedir a reintrodução
da poliomielite em território brasileiro. A estratégia é
vacinar indiscriminadamente todas as crianças de 0
a 4 anos, 11 meses e 29 dias de vida, em todas as
localidades. As demais vacinas do calendário –
tetravalente (difteria, tétano, coqueluche e
Haemophilus influenzae); tríplice viral (sarampo,
caxumba e rubéola) e hepatite B – serão aplicadas
nas unidades de saúde nas crianças em situação de
atraso. A meta é vacinar 95% das crianças nesta
faixa etária. Veja Informe Técnico completo no site do
CVE (www.cve.saude.sp.gov.br).

Conferência em Saúde do Trabalhador


de Botucatu
A prefeitura municipal de Botucatu, por meio da
Secretaria de Saúde, realiza de 26 a 28 de agosto sua
1ª Conferência Municipal em Saúde do Trabalhador.
O objetivo do evento é a elaboração do Plano

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DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Casos novos detectados de hanseníase, registro ativo e coeficiente de detecção e prevalência (por 10.000
habitantes) distribuídos por ano no Estado de São Paulo, 1985 - 2004
ANO CASOS DETECTADOS COEF. DETECÇÃO CASOS R. ATIVO COEF. PREVALÊNCIA

1985 2750 0,95 36577 12,51


1986 2603 0,83 38958 13,01
1987 2688 0,84 38398 12,51
1988 3342 1,06 37601 11,94
1989 3177 0,98 38957 12,04
1990 3303 0,99 40420 11,6
1991 3276 0,96 33438 11,8
1992 2983 0,91 30122 8,8
1993 2927 0,89 24481 7,44
1994 2929 0,89 17536 5,82
1995 2619 0,78 14572 4,32
1996 2901 0,85 10013 2,93
1997 2913 0,84 7801 2,24
1998 2621 0,74 6218 1,85
1999 2838 0,79 6242 1,74
2000 2898 0,8 5867 1,61
2001 2999 0,81 5723 1,52
2002 2765 0,72 5378 1,41
2003 2819 0,73 5032 1,31
2004 2623 0,67 4812 1,23
Fonte: CVE/CCD/SES-SP – Divisão Técnica Vigilância Epidemiológica Hanseníase – dados atualizados em: 5/4/05

Coqueluche – Distribuição de nº casos, nº óbitos, coeficiente de incidência e letalidade, segundo faixa etária,
Estado de São Paulo, 2000 a 2005*
Ano <1 Ano 1a4anos 5a9anos 10a14anos15a19anos20a29anos30a39anos40a49anos50a59anos60a69anos70a79anos> 80anos Total
casos 54 4 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 61
óbitos 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
2000
C.I. 8,63 0,16 0,00 0,00 0,03 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,16
Letalidade 1,85 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,64
casos 71 6 3 1 3 2 1 0 0 1 0 0 88
óbitos 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
2001
C.I. 11,15 0,23 0,09 0,03 0,08 0,03 0,02 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,23
Letalidade 4,23 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,41
casos 45 3 0 0 2 3 1 0 0 0 0 0 54
óbitos 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
2002
C.I. 6,96 0,11 0,00 0,00 0,05 0,04 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,14
Letalidade 2,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,85
casos 76 4 1 2 0 2 0 0 0 0 0 0 85
óbitos 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
2003
C.I. 11,59 0,15 0,03 0,06 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22
Letalidade 1,32 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,18
casos 94 8 2 1 1 3 1 0 0 1 0 0 111
óbitos 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
2004
C.I. 14,13 0,29 0,06 0,03 0,03 0,04 0,02 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,28
Letalidade 1,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,90
casos 44 5 3 4 3 4 6 1 1 0 1 0 72
óbitos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2005
C.I. 6,41 0,18 0,09 0,11 0,08 0,05 0,09 0,02 0,03 0,00 0,09 0,00 0,18
Letalidade 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Total casos 384 30 9 8 10 16 9 1 1 2 1 0 471
Total óbitos 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7
Fonte: SINANW/Divisão de Doenças de Transmissão Respiratórias (DDTResp/CVE/SES-SP); Datasus/MS * Dados atualizados em 1/7/2005 C.I.
= Coeficiente de incidência

Página 20 julho de 2005

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