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Nesta Edição
Surto de Doença Meningocócica no município de Estrela D'Oeste-SP, Setembro
de 2006:da investigação ao controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Meningitis Outbreak in the city of Estrela D'Oeste-SP, September, 20006: from
investigation to control
Informes – Information . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Consultores Científicos
Expediente Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza - FM/Unesp/
Botucatu - SP
Cristiano Corrêa de Azevedo Marques - CCD/SES-SP
Coordenadora Eliseu Alves Waldman - FSP/USP/SP
Clélia Maria Sarmento Souza Aranda José Cássio de Moraes - FCM-SC/SP
COORDENADORIA Luiz Eduardo Batista - CCD/SES-SP
Luiz Jacintho da Silva - FM/Unicamp
DE CONTROLE Editora Geral Maria Bernadete de Paula Eduardo - CCD/SES-SP
DE DOENÇAS Clélia Maria Sarmento de Souza Aranda Vilma Pinheiro Gawyszewsk - CCD/SES-SP
Fernandes, F.C.¹, Carvalhanas, T.R.M.P.², Barbosa, H.A.², Sato, H.K.³, Reina, M.C.F.P.4, Ferreira, E.R.4, Moro, E.C.R.5,
Neto, J.M.P.6, Cortez, M.G.6, Cruz, S.R.A.6
1
EPISUS/SES/SP, 2Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória/CVE/CCD/SES/SP, 3Divisão de
Imunização/CVE/CCD/SES-SP, 4VE/Direção Regional de Saúde-DIR XXII - São José do Rio Preto/SP,
5
V.E. Município de Estrela D'Oeste, 6V.E. Núcleo de Jales
Resumo
A doença meningocócica (DM) é uma moléstia infecciosa aguda de
expressiva relevância em saúde pública, devido ao seu potencial epidêmico,
a elevada morbi-mortalidade e ao percentual significativo de seqüelas. Em
setembro de 2006, o Município de Estrela D'Oeste, São Paulo confirmou a
ocorrência de 3 casos de DM e letalidade de 66,7%. Os casos foram soro-
grupados e todos identificados como meningococo do sorogrupo C. O
objetivo da investigação foi caracterizar e confirmar a ocorrência do surto da
doença na região. A investigação dos casos foi realizada a partir da análise
de bancos de dados, de fichas epidemiológicas de notificação/investigação,
de fichas de atendimento hospitalar e dos exames processados e de entre-
vistas com os médicos, casos suspeitos, contatos e familiares. Para inclusão
no presente surto foram utilizadas as seguintes definições de casos: caso
suspeito: todo paciente com sinais e/ou sintomas de meningite aguda, isto é,
febre alta, vômitos, cefaléia intensa, rigidez de nuca ou abaulamento de
fontanela; com ou sem toxemia (sonolência e/ou torpor e/ou irritação) e
lesões cutâneas (petéquias ou púrpuras) residente ou que se deslocou para
o Município de Estrela D'Oeste, no mês de setembro de 2006. Caso confir-
mado: caso suspeito com critério de confirmação laboratorial e/ou necropsia.
Na ocasião, foi confirmado um surto de DM no Município de Estrela D'Oeste,
com três casos e dois óbitos, desenvolvido em curso rápido e progressivo e
com identificação do meningococo sorogrupo C nos três casos, o que está de
acordo com a atual prevalência do sorogrupo C no Estado de São Paulo. As
medidas de controle, quimioprofilaxia e vacinação, foram realizadas de
forma criteriosa e oportuna. A investigação permitiu a descrição clínica e
epidemiológica dos casos, com a confirmação de surto e a efetivação
oportuna das ações de prevenção e controle.
Abstract
Meningococcic disease (DM) is a severe infectious disease of expressive
relevance in public health, due to the epidemical potential, the high morbid-
mortality and the significant percentage of sequels this hazard presents. In
September, 2006, the city of Estrela D'Oeste/São Paulo confirmed the
occurrence of three cases of DM, with a lethality of 66,7%. All cases were
serogrouped and all were identified as being caused by serogroup C menin-
gococcus. The objective of this investigation was to characterize and to
confirm the occurrence of an outbreak of the disease in the region. Case
investigation was performed with the analysis of databanks, of epidemiologi-
cal reporting/investigation charts, of hospital consults sheets and of proces-
sed exams and interviews with the physicians, suspicious cases and their
families. In order to be included in this outbreak, the following case definitions
were adopted: suspicious case: all patients with signs or symptoms of acute
meningitis, e.g. high fever, vomiting, intense headache, rigidity of the nape or
raising of the fontanelle, with or without toxemia (somnolence and/or torpor
and/or irritation) and skin lesions (petechiae or purpura), living or coming to
the city of Estrela D'Oeste during the month of September of 2006. Confirmed
case: a suspicious case with confirmation by laboratorial criteria and/or
necropsy. In the occasion an outbreak of the disease was confirmed in the city
of Estrela D'Oeste, with three cases and one death, evolving in rapid and
progressive course, with the identification of meningococcus of the C sero-
group in the State of São Paulo. Measures of control, chemoprophylaxis and
vaccination were performed judiciously and timely. Investigation allowed the
timely start of preventive and controlling actions.
residiam no Município de Estrela D'Oeste durante o Tabela 2. Distribuição dos casos confirmados de DM residentes em
Estrela D'Oeste/SP, segundo faixa etária, gênero e coeficiente de
período de incubação e 1 caso residia em incidência por 100.000 habitantes, Município de Estrela D'Oeste/SP,
Fernandópolis, mas com história de deslocamento setembro de 2006.
recente para Estrela D'Oeste. Em 100% dos casos,
foi identificado meningococo do sorogrupo C. Faixa etária Gênero % Coeficiente
A partir das definições de casos adotadas, os três masc fem total
casos foram classificados como confirmados. <1 ano - - - - -
Conforme a curva epidêmica (Figura 2), todos os 1a4 1 - 1 50 215,9
casos ocorreram no mês de setembro/2006, na 5a9 - - - - -
trigésima sexta semana epidemiológica. 10 a 14 - - - - -
5 15 a 19 - - - - -
20 a 29 - 1 1 50 73,2
4
30 a 39 - - - - -
40 a 49 - - - - -
3
50 e mais - - - - -
2 Total 1 1 2 100 24,7
Fonte: Sinan.
1
Página 6
4 Coordenadoria de Controle de Doenças janeiro
março de 2006
2007
BEPA ISSN 1806-4272 Boletim Epidemiológico Paulista
Correspondência/Correspondence to:
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória – CVE
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6º Andar
CEP 01246-000 – São Paulo (SP)
Tels.: (11) 3066-8000, ramais 8236 e 8289, 3082-0957
FAX: (11) 3082-9359/9395
E-mail: dvresp@saude.sp.gov.br
Ruth E G Rowlands1, Christiane A Ristori1, Tatiane Ferreira2, André Yoshio Yto2, Daniela de Lima Franco2, Monica C G
Scola3, Mioko Jakabi1, Dilma S Gelli1, Mark Tamplin4, Tulio N. Cunha2e Elizabeth N. De Gaspari2
1
Seção de Microbiologia Alimentar e 2Seção de Imunologia, 3Seção de Coleção de Bactérias, Instituto Adolfo Lutz,
Coordenadoria de Controle de Doenças, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo-IAL/CCD/SES-SP,
4
Departamento da Agricultura, Pennsylvania-USA
Resumo
O presente trabalho descreve a produção e utilização de novos anticorpos
monoclonais para a detecção das bactérias Vibrio cholerae, Escherichia coli
O157:H7 assim como para as toxinas Stx1 e Stx2 em amostras de alimentos.
Testes imunológicos como Dot-ELISA, ELISA de captura e aglutinação
utilizando partículas de látex ligadas aos anticorpos monoclonais produzidos
estão em fase de avaliação. Os limites e padrões microbiológicos que devem
ser adotados para garantir uma correta interpretação sobre os resultados
das análises microbiológicas, os fatores que contribuem para a ocorrência
de surtos de enfermidades de origem alimentar demandam a implantação de
sistemas de detecção de alta sensibilidade e especificidade, características
estas das técnicas imunológicas. Os dados indicam que os ensaios de Dot-
ELISA, ELISA de captura e aglutinação utilizando partículas de látex são
apropriados dependendo da amostra de alimento analizada.
Abstract
This paper describes the production and the use of new monoclonal
antibodies for the detection of the bacteria Vibrio cholerae, Escherichia coli
O157:H7 as well as for the toxins Stx1 e Stx2 in food samples. Immunological
tests like Dot-ELISA - Capture and agglutination ELISA, employing latex
particles liked to the monoclonal antibodies produced are under evaluation.
Limits and microbiological patterns that must be adopted to warrant correct
interpretation of the results of microbiological results, factors contributing to
the occurrence of foodborne diseases outbreaks demand the implantation of
detection systems of high specificity and sensibility, which are characteristic
of these immunological techniques. Data indicate that Dot-ELISA, Capture
ELISA Agglutination essays and latex particles are appropriate, depending
on the food sample under analysis.
Objetivos
Alcançar a auto-suficiência na produção de anti-
corpos monoclonais a serem utilizados no diagnós- Anticorpos policlonais
tico de algumas infecções entéricas de importância ! Um clone de células B produz anticorpos com
em saúde pública. A produção de reagentes de bai- sítios idênticos para combinar com antígenos, isto
xo custo, utilizando anticorpos monoclonais e que é, anticorpos com as mesmas regiões variáveis.
possibilitem a sua aplicação em métodos de diag- ! A heterogenidade dos anticorpos produzidos
nóstico rápido de alta especificidade e sensibilida- quando se injeta um único antígeno purificado em
de, permitindo uma ação mais eficaz na prevenção um animal se deve à ativação de muitos linfócitos
e controle dessas infecções. B diferentes para diferentes partes do antígeno.
Anticorpos monoclonais
Material e métodos
! Essa técnica foi descrita por Cesar Milstein e
George Kohler em 1975.
Anticorpos
! Baseada no fato de que cada linfócito B produz
! São um tipo de molécula glicoprotéica, também anticorpo de uma única especificidade.
Após semanas
Cultivar estas células como colônias separadas
para obter grandes quantidades da imunoglobulina
desejada
1\80
1
1\160 ser semeadas diretamente em placas contendo, por
0,5
1\320 exemplo, o agar TCBS (tiossulfato- citrato- sais
1\640
1\1280
biliares- sacarose). Se a concentração for baixa ou
0
1\2560 desconhecida, a amostra é normalmente inoculada
SN LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5
-0,5
em água peptonada alcalina, para enriquecimento,
Analise por meio de ELISA de Lotes de antes de ser semeada em meio seletivo (TCBS).
sobrenadante de cultura de células hibridas
produtoras de anticorpos monoclonais anti-toxina
Seguindo os processos de cultivo, a identificação
STx2 de Escherichia coli envolve normalmente uma série de testes
bioquímicos e sorológicos, que podem levar 3 a 5 dias
para a obtenção de um resultado confirmatório. A
sorologia pode ser dificultada quando são isoladas
1
cepas rugosas que são auto-aglutinantes. O anti-soro
0,8
para identificar o V.cholerae O139 era dificil de se
1\20 obter; sendo que até Junho de 1993, nos Estados
1\40
0,6 Unidos da América, menos de 1 mL deste anti-soro
1\80
OD 450nm
1\160
era a quantidade disponível para pesquisa em saú-
0,4
1\320 de pública.
1\640
0,2 O uso de anticorpo monoclonal dirigido contra o
1\1280
1\2560
epitopo específico do V.cholerae O1 e O139 pode
0 produzir um teste muito mais rápido para o diagnósti-
SN LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5
co da cólera. O anticorpo monoclonal pode ser
-0,2
padronizado para ELISA para a identificação de
Analise por meio de ELISA de Lotes de
sobrenadante de cultura de células hibridas colonias, eliminando os testes bioquímicos. Poderá
produtoras de anticorpos monoclonais anti-toxina também ser conjugado ao isotiociantato de fluoresce-
STx1 de Escherichia coli
ina para um ensaio rápido de imunofluorescência. O
método mais eficiente seria a aglutinação de latex
(sensibilizado com anticorpos monoclonais), que
1,2 poderia ser utilizada diretamente para detectar o
1
V.cholerae nas fezes, nas culturas em meio liquido e
nas colonias isoladas28.
0,8
As toxinas Stx1 e STx2 podem ser detectadas
0,6
O D 4 5 0 nm
10
0 Fonte: De Gaspari, E.N
Imunologia IAL/CCD/SES-SP
1\5 1\10 1\20 1\40 1\80 1\160 1\320 1\640
Diluições do sobrenadante de cultura de bactérias utilizado Figura 6. Procedimento
na contaminação artificial de amostras de carne técnico utilizado para a
contaminação artificial de
Fonte: De Gaspari,E.N Imunologia IAL/CCD/SES-SP amostras de carne e alface
com as bactérias E.coli
Figura 5. As toxinas Stx1 e Stx2 foram obtidas do sobrenadante de O157:H7, V.colerae e as
cultura de Escherichia coli. A concentração das toxinas presentes toxinas Stx1 e STx2 para a
no sobrenadante da cultura de bactérias foi feita por meio da análise padronização de ensaios
utilizando o método de Bradford. Ristorica Rowlands, 2006 imunológicos.
Correspondência/Correspondence to:
Elizabeth N. De Gaspari
Av. Dr. Arnaldo, 355, 11º andar – CEP: 01246-902 – São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3068-2898
E-mail: degaspari.elizabeth@gmail.com
Vilma Pinheiro Gawryszewsk1, Tânia de Moura Guerschman1, Miriam E.S X.Hisano, Antonio Carlos Vanzeli1, Maria
cristina Rolim Baggio1, Ruth Moreira dos Santos1, Maria Sanchez Bertolini1, Regina Helena Brito de Souza2, Fátima
L.Ribelato Longhini1, Maria Aparecida Miguelon1, Maria Regina Lopes X.Martins1,Maria Denize Vierira Seron4, Naoko Y.
Jardim da Silveira5, Rita de Cássia Vilella Mendonça3, Silvia Helena Necchi3
1
Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, 2Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
USP, 3Secretaria Municipal de Saúde e Higiene de S. José do Rio Preto, 4Secretaria Municipal de Saúde de Jundiaí,
5
Secretaria Municipal de Saúde de Campinas
Resumo
Os primeiros resultados do Sistema de Vigilância de Violência Doméstica,
Sexual e Outras Violências Interpessoais implantado no Estado de São
Paulo superaram as expectativas, uma vez que as notificações recebidas
foram provenientes de 12 Regionais de Saúde, 64 municípios e 135 serviços
sentinela. O objetivo do presente trabalho é descrever os atos de violência
contra a criança e o adolescente notificados nesse Sistema. Foram analisa-
das 776 fichas de notificação cujas vítimas tinham idades menores de 18
anos. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, tipo de violência, local de
ocorrência e relação vítima/agressor. O sexo feminino foi predominante,
responsável por 473 casos (61,0%) e o sexo masculino foram 298 casos
(38,4%). A razão feminino/masculino encontrada foi 1,6. A idade média foi de
8,4 anos. Os resultados acerca do tipo de violência mostraram que a negli-
gência e o abuso/violência sexual foram predominantes, sendo responsáve-
is por 264 (34,0%) e 261 casos (33,6%), respectivamente. Como violência
física foram classificados 146 casos (24,9%). O local de ocorrência com
maior número de casos foi a própria residência das vítimas (413; 53,2% do
total), seguindo-se a via pública com 87 casos (11,5%). Estes resultados
mostram características da violência contra a criança e a adolescente que
podem subsidiar políticas públicas para a sua prevenção e suporte às
vítimas.
Abstract
The first results obtained by the Surveillance System for Domestic, Sexual
and other interpersonal violence implanted in the State of São Paulo surpas-
sed expectations, since reports received were issued by 12 Regional Health
Branches, 64 cities and 135 sentinel services. The objective of this paper is to
describe violence against children and adolescents reported in this System.
We analyzed 776 report sheets, in which the victims were under 18 year olds.
Variables analyzed were sex, age, kind of violence, place of occurrence and
the relationship between victim/aggressor. Female sex was predominant,
Prevenção dos Acidentes e Violências, do Centro de é considerado uma forma extrema de negligência.
Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Estado da ! Abuso psicológico – constitui toda forma de
Saúde. Os primeiros resultados superaram as expec- rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito,
tativas, uma vez as notificações recebidas foram pro- cobranças exageradas, punições humilhantes e
venientes de 12 Regionais de Saúde, sessenta e utilização da criança ou do adolescente para
quatro municípios e cento e trinta e três serviços sen- atender às necessidades psíquicas dos adultos.
tinela em todo estado. Este artigo tem o propósito de
apresentar uma análise dos casos de violência contra
a criança e adolescente notificados pelo sistema de Resultados
vigilância sentinela para a violência doméstica, sexu- A Figura 1 mostra o ranking dos dez municípios que
al e interpessoal que foi estabelecido no Estado de realizaram o maior número de notificações no período
São Paulo. estudado. Ribeirão Preto, S. José do Rio Preto, São
Bernardo do Campo, Santos, Ferraz de Vasconcelos,
Métodos Marília, S. José dos Campos, Santo André, Jundiaí e
Biritiba Mirim lideraram as notificações.
Trata-se de um estudo descritivo de base popula-
cional, realizado a partir das 1.433 notificações RIBEIRÃO PRETO 149
da força física ou poder, ameaçado ou real, contra si SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 64
mesmo, outra pessoa ou sobre um grupo ou comuni-
SANTO ANDRÉ 62
dade que resulta ou tem alta probabilidade de resultar
em lesão, morte, dano psicológico, mal desenvolvi- JUNDIAÍ 45
cia/abandono e psicológica), local de ocorrência e Fonte: Fichas de Notificação de Violência Doméstica, Sexual e Outras
Violências Interpessoais.
relação vítima/agressor. As definições acerca dos GTPAV/CVE/CCD.
tipos de violência utilizados nesse estudo foram os Figura 1. Ranking dos 10 municípios com maior número de
que se encontram no manual de Maus-tratos contra a notificações de violências. Estado de São Paulo, janeiro a
agosto 2006.
Criança e o Adolescente, editado pelo Ministério da
4
Saúde :
Do total de 1.433 casos notificados, 54,2%
! Violência física – são atos violentos com uso da eram violência contra crianças e adolescentes
força física de forma intencional, não acidental, com idades menores de 18 anos. Por essa razão
praticada por pais, responsáveis, familiares ou e considerando a literatura científica2,3,5,6 que
pessoas próximas da criança ou do adolescente, aponta que este tipo de evento pode determinar
com o objetivo de ferir, lesar ou destruir a vítima, graves seqüelas na vida dessas crianças, no
deixando ou não marcas evidentes em seu corpo. curto e longo prazo, optou-se por apresentar uma
! Abuso sexual – consiste em todo ato ou jogo análise específica para esse grupo.
sexual, relação heterossexual ou homossexual
cujo agressor está em estágio de desenvolvimento A violência contra a criança e o adolescente
psicosexual mais adiantado que a criança ou o Entre o total de 776 vítimas de violência, foi
adolescente. Apresenta-se sobre a forma de observado predomínio do sexo feminino, uma
práticas eróticas e sexuais impostas à criança ou vez que as meninas foram 473 casos (61,0%) e
ao adolescente pela violência física, ameaças ou os meninos 298 casos (38,4%). A razão feminino/
indução de sua vontade. masculino encontrada foi 1,6. A idade média foi
! Negligência/abandono – omissão dos pais ou de 8,4 anos (± 5,3 anos). Os resultados acerca do
outros responsáveis (inclusive institucionais) pela tipo de violência mostraram que a negligência e o
criança e pelo adolescente, quando deixam de abuso/violência sexual foram predominantes,
prover as necessidades básicas para seu desen- sendo responsáveis por 264 (34,0%) e 261 casos
volvimento físico, emocional e social. O abandono (33,6%), respectivamente. Como violência física
Considera-se que esse sistema I é um marco que Tema. In: Enfrentando a violência na Rede de
aponta a inclusão destes agravos na agenda da Saúde Pública do Distrito Federal/Laurez
saúde, devendo servir como a base para os esforços Ferreira Vilela (coordenadora). Brasília:
de prevenção e formulação de políticas públicas. Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Esperamos que este artigo traga mais atenção para o Federal, 2005. 115 p.
problema, contribuindo para o aumento das notifica- 4.Ministério da Saúde. Notificação de Maus Tratos
ções e melhor atenção às vítimas. contra a Criança e Adolescentes Guia para
Profissionais da Saúde. Série A: Normas e
Referências Manuais Técnicos, Brasília, 2001.
1.Krug Eg et al., eds. World report on violence and 5.Deslandes SF, Assis SG, Santos NC. Violência
health. Geneva, World Health Organization, envolvendo crianças no Brasil um plural
2002. estruturado e estruturante. In: Impacto da
2.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de violência na saúde dos brasileiros. Brasília,
Atenção à Saúde. Prevenção e Tratamento dos 2005. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Ministério da Saúde.
Mulheres e Adolescentes: norma técnica. 2ª ed. 6.Waters H, Hyder A, Rajkotia Y, Basu S, Rehwiakel
atual. e ampla. Brasília: Ministério da Saúde, JA, Butchart A. The economic dimensions of
2005. interpersonal violence. Department of Injuries and
3.Picanço MRA. História da Violência Contra Violence Prevention, World Health Organization,
Criança - Abordagem Cultural e Conceitual do Geneva, 2004.
Correspondência/Correspondence to:
Divisão de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6º andar, sala 609 – Cerqueira César – São Paulo/SP
CEP: 01246-901
E-mail: dvcnt@cve.saude.sp.gov.br
violencias@saude.sp.gov.br
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória, Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”,
Coordenadoria de Controle de Doenças, Secretaria de Estado da Saúde – DDTR/CVE/CCD- SES
Em 15/1/07, a Secretaria de Vigilância em Saúde A análise das amostras clínicas identificou que o vírus
do Ministério da Saúde (SVS/MS) confirmou 18 casos implicado no surto de sarampo em João Dourado é o do
de sarampo no município João Dourado, situado a genótipo D4, cepa circulante comum na Europa e África,
455 quilômetros de Salvador (BA), entre os 35 casos configurando a mesma cadeia de transmissão do vírus. A
notificados como suspeitos, acrescidos de um caso fonte de infecção em João Dourado e Filadélfia ainda é
confirmado de sarampo em Irecê, cidade vizinha ao desconhecida. A Figura 2 demonstra a distribuição
município de João Dourado. geográfica dos genótipos dos vírus do sarampo nas
No município de Filadélfia, já foram confirmados regiões onde ele ainda não foi controlado.
28 casos de sarampo (02 casos residentes no municí-
pio de Senhor do Bonfim,), com infecção em Filadélfia
de 50 suspeitos. A Figura 1 apresenta os municípios
do Estado da Bahia com casos confirmados e número
de casos de sarampo.
26
1 18
Fonte: MMWR,15/12/06.
Figura 2. Distribuição geográfica dos genótipos dos vírus do
sarampo (1995-2006).
de ônibus;
20
! vacinação dos caminhoneiros nos armazéns
alfandegários do Estado de São Paulo.
10
Foram incrementadas as seguintes atividades
! Retorno do informe sonoro nos aeroportos do
Estado de São Paulo.
0 ! Extensão da vacinação com a vacina SCR a todos
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 os terminais rodoviários do estado.
semanas epidemiológicas
ANO 2005 (N=438) ANO 2006 (N=263)
Fonte : Sinan/DDTR, até SE 52/06.
! Disponibilização da informação e recomendação
de vacinação aos que viajam com destino às áreas
Figura 4. Distribuição do número de casos suspeitos de sarampo de risco, assim como o alerta da doença aos
notificados por semana epidemiológica, Estado de São Paulo, 2005-
2006. viajantes que retornam ao estado, em locais
alternativos de trânsito da população.
Recomenda-se que os adultos nascidos depois de ! Divulgação de informação à sociedade e entida-
1960, sem comprovação de nenhuma dose, recebam des profissionais de classe.
pelo menos uma dose da vacina tríplice viral (SCR). As medidas de vigilância e controle das doenças
Esta vacina não é recomendada a gestantes. Os exantemáticas no Estado de São Paulo devem seguir
viajantes devem estar com suas vacinas em dia antes intensificadas. A todos os municípios e seus principa-
de viajar. is equipamentos de saúde públicos e privados
recomendam-se a manutenção do alerta quanto à
A definição de caso suspeito de sarampo é: possibilidade de ocorrência de casos de sarampo, o
“Toda pessoa que apresente febre e reforço da vacinação de rotina e a manutenção de
exantema acompanhados de um ou mais dos seguintes ações de busca ativa de casos de doença exantemá-
sinais e sintomas: tosse tica febril.
e/ou coriza e/ou conjuntivite, independente da idade e
situação vacinal.”
Ressalta-se ser importante que os casos de doença
exantemática febril sejam imediatamente investiga-
dos, seguindo rigorosamente a definição de caso
O sarampo é doença de notificação compulsória
suspeito de sarampo, com coleta de espécimes
nacional, as ações relativas à vigilância epidemiológi-
clínicos, otimizando o recurso laboratorial.
ca, como também o protocolo laboratorial de coleta
das amostras biológicas encontram-se descritas nos Caso sejam detectados novos casos suspeitos, as
manuais de vigilância estadual e nacional e disponí- Secretarias Municipais devem proceder:
veis em http://www.cve.saude.sp.gov.br ! notificação imediata (por telefone) à Secretaria
A Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Estadual de Saúde;
São Paulo, frente à situação epidemiológica atual, ! coleta de espécimes clínicos (sangue) para a
mantém as estratégias e recomendações já instituí- realização do diagnóstico laboratorial;
das e divulgadas:
! adotar as medidas de prevenção e controle de
! informação e divulgação sobre a situação epide- forma oportuna.
miológica do sarampo no Brasil e no Estado de
São Paulo aos viajantes e profissionais de vigilân-
cia e saúde; Viajante fique atento
! vacinação com a vacina tríplice viral SCR (saram- Se apresentar febre, manchas avermelhadas pelo
po, caxumba e rubéola) de viajantes não vacina- corpo, acompanhadas de tosse ou coriza ou conjunti-
dos e nascidos a partir de 1960 com destino à vite, até 30 dias após seu regresso da região de risco,
Bahia; para tanto as vacinas encontram-se estes podem ser sintomas do sarampo.
disponíveis nas Unidades Básica de Saúde e Recomenda-se que procure imediatamente um
Terminais Rodoviários (Tietê e Barra Funda), serviço de saúde e evite circular em locais públicos.
Correspondência/Correspondence to:
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória – CVE
Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6º Andar
CEP 01246-000 – São Paulo (SP)
Tels.: (11) 3066-8000, ramais 8236 e 8289, 3082-0957
FAX: (11) 3082-9359/9395
E-mail: dvresp@saude.sp.gov.br
Nova coordenadora para a CCD Lutz (IAL). Marta Salomão, na posse, definiu seu
primeiro objetivo: manter o nível de excelência da
A Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD)
instituição secular e contribuir para a construção
tem nova coordenadora. Clélia Maria Sarmento de
do SUS.
Souza Aranda assumiu no dia 4 de janeiro a direção
da organização que é responsável pela saúde A médica sanitarista foi superintendente da
coletiva no âmbito do Estado de São Paulo. Superintendência de Controle de Endemias
Clélia Aranda é médica pediatra especialista em (Sucen), secretária municipal de saúde do
saúde pública, foi responsável pela Divisão de Município de São João da Boa Vista e presidente
Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica do Conselho Municipal de Secretários Municipais
“Prof. Alexandre Vranjac” (CVE). Antes de assumir a de Saúde (Cosems).
CCD, respondia pela Superintendência do Fomento
de Educação Sanitária e Imunização em Massa Médico sanitarista assume a Sucen
contra Doenças Transmissíveis (Fesima).
Atualmente é membro da Comissão Permanente de A Superintendência de Controle de Endemias
Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Sucen passa a ter como superintendente o
Estado da Saúde de São Paulo. A partir dessa médico sanitarista Affonso Viviane. O novo
edição, Clélia Aranda passa ser a editora geral do superintendente foi diretor da Direção Regional
Boletim Epidemiológico Paulista (Bepa). de Saúde de Bauru e atuou tecnicamente em
várias áreas da Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo. Entre suas metas para a instituição
Instituto Adolfo Lutz tem nova diretora está fortalecer o papel da Sucen no apoio técnico
A médica sanitarista Marta Lopes Salomão assu- aos municípios, principalmente na área de con-
miu no dia 22 de janeiro a direção do Instituto Adolfo trole de vetores.
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