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BEPA
Volume 8 Número 87 março/2011
87
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA ISSN 1806-423-X
Volume 8 Nº 87 março de 2011
Nesta edição
Situação atual da vigilância entomológica da doença de Chagas
no Estado de São Paulo
Current situation of entomological surveillance of Chagas disease
in the State of São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Artigo retirado desta publicação que não mais deverá ser referenciado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14-25
Artigo original
RESUMO
O propósito deste estudo foi avaliar a vigilância entomológica da
doença de Chagas no Estado de São Paulo, no período de 2007 a 2009.
Na ocorrência de notificação de triatomíneo, a pesquisa entomológica
tem sido desencadeada pela Sucen, na casa onde se deu o seu encontro
e naquelas situadas em seu entorno. Em se constatando sua presença,
o controle químico é realizado. No período em questão a Sucen
recebeu 4.709 notificações de triatomíneos, procedentes de 328
municípios com coleta de 7.604 exemplares. Os atendimentos a essas
notificações resultaram positivos em 1.058 domicílios, com captura de
10.248 triatomíneos. Na pesquisa realizada nas moradias situadas ao
redor da casa notificante, em 592 domicílios constatou-se presença de
4.573 vetores. As espécies Triatoma sordida (92,1%) e Panstrongylus
megistus (5,8%) foram as que se destacaram. A taxa de colonização do
intradomicílio foi de 13,9%. A positividade para Trypanosoma cruzi foi
de 1,2%. Reagiram para sangue humano 3,1% dos triatomíneos. A
sorologia aplicada a 31 moradores foi positiva em uma amostra. A
vigilância em vigor no Estado de São Paulo tem se mostrado eficaz,
selecionando previamente casas a serem pesquisadas. Tem ocorrido
de forma contínua, permitindo monitorar a situação, garantir a
sustentabilidade das ações e assegurar a detecção precoce de
triatomíneos e o seu controle.
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ABSTRACT
This study was designed to evaluate the entomological survey of Chagas
disease in São Paulo, during the period from 2007 to 2009. In the occurrence
of triatomine notification, Sucen – the Endemic Control Superintendence –
triggers entomologic research not only in the house in which the finding was
registered, but also in the neighboring houses. When the presence is
confirmed, chemical control is performed. During the period under analisys,
Sucen received 4.709 notifications of triatomines, from 328 cities with
collection of 7.604 copies. Attention to these reports resulted positive in
1.058 households, capturing 10.248 triatomines. Research performed in
households neighboring the reporting house, in 592 households 4.573
vectors were found. Species Triatoma sordida (92.1%) and Panstrogylus
megistus (5.8%) were the ones that stood out. Indoor colonization rate was
13.9%. Seropositivity to Trypanosoma cruzi was 1.2%. Reacted to human
blood 3.1% of the insects. Serology was performed in 31 residents resulting
in one sample that was positive. Current surveillance in the State of São
Paulo has proved to be effective, adopting previous selection of houses to be
researched. Continuous surveillance allows monitoring of the situation and
ensures early detection and control of triatomines.
INTRODUÇÃO
Com o controle da doença de Chagas no da doença de Chagas, no início da década de
3
Brasil e a Certificação Internacional de 1970. O último exemplar infectado de T.
Eliminação da Transmissão da Enfermida- infestans coletado no Estado data de
4,5
de pelo Triatoma infestans, conferida pela 1978 . Desde então, todos os indicadores
Organização Panamericana da Saúde entomológicos e sorológicos evidenciam
(Opas), torna-se cada vez mais rara a que a transmissão vetorial permanece
6
possibilidade de ocorrência de transmis- interrompida. No entanto, a vigilância
são vetorial da doença em território entomológica se mantém.
1,2
brasileiro. A avaliação das atividades que permitem
No Estado de São Paulo o trabalho cumprir os objetivos delineados no Progra-
intenso e contínuo de intervenção por parte ma de Controle da Doença de Chagas (PCDCh),
da Superintendência de Controle de Ende- no Estado de São Paulo, é realizada, rotinei-
mias (Sucen) – órgão da Secretaria de ramente, pela análise de indicadores ento-
Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) – no mológicos (cobertura das ações de vigilân-
controle aos triatomíneos domiciliados, cia e índices de dispersão e infestação
através da utilização de inseticidas, condu- domiciliar)7 e os resultados apontam ausên-
ziu à interrupção da transmissão vetorial cia de transmissão domiciliar por espécies
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Tabela 1. Municípios com notificação de insetos e número de notificações de outros insetos e de triatomíneos.
Estado de São Paulo, 2007 a 2009.
Municípios com n otificação Número de n otificação
Ano Outros i nsetos Triatomíneos
Nº %* Total
Nº % Nº %
2007 306 47,4 529 24,0 1.682 76,0 2.211
2008 328 50,8 620 26,6 1.716 73,4 2.336
2009 293 45,4 535 29,0 1.311 71,0 1.846
Total 1684 26,4 4.709 73,6 6.393
*em relação ao número de municípios existentes no Estado.
A B
Figura 1. Notificações de outros insetos (A) e de triatomíneos (B) encaminhadas pela população. Estado de São Paulo, 2007 a 2009.
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A distribuição sazonal das notificações 3,1% dos infectados reagentes para sangue
demonstra maior número nos meses que humano.
vão de fevereiro a abril e de setembro a 300 2007
2008
novembro (Figura 2). As pesquisas realiza- 250 2009
das nos atendimentos às 4.709 notificações
Nº denotificações
Média
200
de triatomíneos resultaram no encontro do
150
vetor em 1.058 domicílios. Desses, em
100
82,3% o exemplar estava no peridomicílio.
50
Simultaneamente a esses atendimentos,
0
foram pesquisados outros 10.951 imóveis Janeiro Março Maio Julho Setembro Novembro
localizados ao redor das casas notificantes, Mês
resultando positividade em 622 deles. Figura 2. Distribuição sazonal das notificações de insetos
encaminhadas pela população. Estado de São Paulo, 2007 a
Foram coletados no período 22.513 2009.
exemplares de triatomíneos (Tabela 2). A
atividade de notificação, realizada pelo Tabela 2. Triatomíneos coletados, segundo atividade do
Programa de Controle da Doença de Chagas. Estado de São
morador, foi responsável pela coleta de Paulo, 2007 a 2009.
34,1% dos vetores. O maior percentual Atividade Nº %
Notificação 7.681 34,1
(45,6%) esteve associado à atividade de Atendimento à notificação 10.248 45,6
Extensão 4.556 20,2
atendimento a notificação, realizada pelas Revisão de controle 28 0,1
equipes de campo da Sucen. A atividade de Total 22.513 100,0
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A B
C D
Figura 3. Maior freqüência de encontro de triatomíneos da espécie Triatoma sordida (A), Panstrongylus megistus (B), Rhodnius
neglectus (C) e Triatoma tibiamaculata (D). Estado de São Paulo, 2007 a 2009.
Tabela 3. Exemplares de triatomíneos coletados, examinados e positivos, segundo espécie. Estado de São Paulo, 2007 a 2009.
Espécie Coletados Examinados Positivos %Positivos
Triatoma sordida 19.682 18.558 109 0,6
Panstrongylus megistus 1.506 1.362 117 8,6
Rhodnius neglectus 1.059 845 01 0,1
Triatoma tibiamaculata 204 170 23 13,5
Outras 79 73 00 0,0
Total 22.530 21.075 250 1,2
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DISCUSSÃO
Nesta avaliação pode-se verificar que as paulista. Às vezes coloniza o interior das
notificações de triatomíneos procederam moradias, mas seu habitat preferencial
de todas as regiões e o atendimento às tem sido as palmeiras. Atualmente, essa
mesmas vem se apresentando positivo em espécie está relacionada à invasão urbana
8 16
25% dos casos. A notificação de triatomí- nos municípios de Araçatuba e Birigui.
neos pela população tem ocorrido de Triatoma tibiamaculata, disperso na região
forma contínua no Estado de São Paulo. A do Vale do Ribeira, em fragmentos de Mata
distribuição atual das espécies espelha o Atlântica, seu ecótopo natural, represen-
que tem sido observado para o País no tou o menor número de exemplares
tocante a densidade e seu comportamento coletados dentre aqueles de maior expres-
peridomiciliar, ressaltando que esse são, porém, com os mais elevados índices
ambiente tem sido importante para sua de infecção natural, resultado de sua
12
manutenção. O peridomicílio funciona a s s o c i a ç ã o c o m a n i m a i s m a m í fe ro s
como uma barreira que impede a invasão silvestres presentes nesse ambiente.
do intradomicílio. 13 Nesse ambiente se A persistência de populações de triato-
encontra grande desarranjo de constru- míneos silvestres nas zonas rurais paulis-
ções, a maioria precárias, e se abrigam tas mantém valência ecológica suficiente
animais que servem como fonte alimentar para colonização das habitações humanas e
para os insetos. 14 anexos, localizados próximos a áreas de
As espécies de triatomíneos se distri- resíduos de matas. Essa situação aumenta o
buem no Estado segundo padrão do tipo de risco de transmissão vetorial da doença de
solo e de vegetação. 15 Desde a eliminação do Chagas, uma vez que, mesmo em nível
T. infestans do território paulista, T. sordida baixo, o T. cruzi continua presente nesses
passou a ser a espécie mais capturada, ambientes, sob forma de enzootia silves-
17
dispersando numa região climática bem tre. Importa considerar, no entanto, que
definida, com elevadas temperaturas em tais riscos são, em parte, diminuídos pelo
grande parte do ano e baixa umidade. A próprio processo de adaptação dos triato-
instalação de atividade pecuária favoreceu míneos à vivenda humana, que é lento e
a dispersão da espécie. requer simplificações genéticas, biomorfo-
12
Panstrongylus megistus apresenta uma lógicas e de comportamento.
faixa de distribuição restrita, na qual sua As atividades de colonização das unida-
sobrevivência é favorecida pelo regime de des domiciliares são desencadeadas
chuvas, maior umidade e tipo de cobertura inicialmente por alterações ambientais que
vegetal, estando associado à Didelphideos e induzem os triatomíneos à dispersão,
roedores, derivando daí sua alta taxa de adaptação e ocupação das moradias e
infecção natural. Essas espécies podem anexos. Outro aspecto importante são as
colonizar o ambiente humano e manter a características de construção e organização
circulação de T. cruzi nesse espaço. Rhodni- da unidade domiciliar, que facilitariam a
us neglectus foi a terceira espécie em domiciliação e o desenvolvimento de
número de exemplares coletados e, assim colônias de triatomíneos. Silva et al., 14
como T. sordida, se distribui pelo planalto estudando essas características, observa-
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ram que, nas casas positivas pela ocorrên- Ainda que os resultados apresentados
cia de captura de triatomíneos, as equipes indiquem baixo risco de transmissão
de campo haviam alertado os moradores vetorial pelas espécies secundárias, tem
sobre a disposição e organização dos sido possível detectar infestação e coloni-
anexos no peridomicílio e interior das zação intradomiciliar, o que justifica a
moradias, visando minimizar o risco de vigilância contínua, com pronta interven-
infestação de triatomíneos. Todavia, ção, sempre que houver evidência de
durante novas inspeções nas propriedades, constituição de colônias na habitação. Do
em momentos diferentes, era verificada a ponto de vista das estratégias de vigilância
mesma situação do diagnóstico inicial. entomológica, a tendência para o controle
No período analisado, T. sordida, compa- vetorial de espécies secundárias é a vigilân-
rado às outras espécies encontradas no cia passiva, ou seja, os focos de triatomíne-
Estado, foi o triatomíneo com o maior os, residuais ou adventícios, sendo detecta-
número de exemplares coletados. No dos pela própria população, devidamente
19
peridomicílio, essa espécie faz principal- capacitada, mas também motivada.
mente das aves domésticas sua fonte de Atualmente, a sorologia de infecção
alimento. Eventualmente, esse vetor se chagásica em moradores de unidades
instala no interior das casas habitadas e, domiciliares com presença comprovada de
nesse novo ecótopo, pode incluir também o triatomíneos infectados não tem revelado a
homem na base alimentar. Assim, T. sordida transmissão natural pelas espécies secun-
representa risco potencial de transmissão dárias no Estado de São Paulo. O indivíduo
do T. cruzi, pela sua capacidade de infesta- com resultado sorológico positivo detecta-
ção ou reinfestação das habitações. Porém, do apresenta histórico condizente com
maior atenção deve ser dada às espécies transmissão importada.
Panstrongylus megistus, a qual tem se Nesse contexto, a Sucen continua pro-
verificado aproximação cada vez maior às movendo o processo de descentralização
moradias. Esse inseto constitui no vetor das ações de educação em saúde aos muni-
mais importante da doença de Chagas, no cípios paulistas, o que lhe permite assumir
Estado, evidenciado pelo processo de um papel de assessor técnico e responsável
domiciliação da espécie e altos índices de pela capacitação de recursos humanos,
infecção natural. contribuindo para sua melhor estruturação
Para essas espécies verificou-se que a como órgão de pesquisa, consolidando-se
domiciliação ocorreu principalmente no como referência na normatização e investi-
peridomicílio, ambiente problemático para gação operacional dos métodos de controle
o controle químico dos insetos, uma vez de vetores de importância em saúde públi-
que, nesse local, o efeito residual dos ca. As ações de educação em saúde têm sido
inseticidas é menor, pois os mesmos sofrem primordiais para manter envolvida a
19
maior ação das variações climáticas. Os população no processo. O modelo de
outros espécimes de triatomíneos coleta- vigilância desenvolvido tem sido efetivo em
dos corresponderam a exemplares adultos, seu objetivo de manter a interrupção da
o que sugere sua origem silvestre e baixo transmissão vetorial da doença de Chagas
poder de colonização. no Estado de São Paulo, assegurando a
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Rev Baiana Saúde Pública. 2010;
Recebido em: 17/11/2010
34:150-8. Aprovado em: 14/03/2011
Correspondência/correspondence to:
Rubens Antonio da Silva
Rua Paula Souza, 166 – 1º andar – Luz
CEP: 01027-000 – São Paulo-SP - Brasil
Tel.: 55 11 3311-1167
E-mail: rubensantoniosilva@gmail.com
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Informe epidemiológico
Introdução
Conjuntivite é uma inflamação da A transmissão das conjuntivites, normal-
conjuntiva - membrana que recobre a mente, ocorre por contato direto com uma
porção anterior da esclera e a face interna pessoa infectada ou contato com objetos
das pálpebras. É caracterizada por hipere- contaminados, principalmente quando devido
mia, infiltração e exsudação. Entre as a vírus, pois esses podem persistir em uma
causas infecciosas mais frequentes temos superfície inanimada e seca de alguns dias até
as virais e as bacterianas. É uma doença dois meses.
muito incidente na população. Dado o
caráter contagioso das conjuntivites virais
Conjuntivite hemorrágica epidêmica aguda
e bacterianas, a disseminação pode ocorrer
com muita facilidade, principalmente A conjuntivite hemorrágica epidêmica
quando as condições de saneamento básico, aguda é caracterizada por quadro agudo de
de higiene pessoal e domiciliar são insufici- hiperemia ocular, dor, edema palpebral,
entes. Tem maior poder de disseminação sensação de corpo estranho, lacrimejamento
em ambientes coletivos (escola, creches, excessivo, secreção ocular e fotofobia.
fábricas etc). Apresenta reação folicular, hemorragia
As conjuntivites virais em sua maioria subconjuntival e congestão ocular. A infec-
são causadas por adenovírus e enterovírus. ção é altamente contagiosa e frequentemen-
Os adenovírus são responsáveis pela te afeta ambos os olhos. Tem altíssima
maioria das conjuntivites de etiologia viral. disseminação entre os contatos. Os sinais e
Os agentes etiológicos mais frequentes da sintomas apresentam-se após um período de
ceratoconjuntivite epidêmica são os incubação de 24 a 48 horas e persistem por
adenovírus 8, 19 e 37. A febre faringocon- três a sete dias, com resolução espontânea.
juntival que cursa, além da conjuntivite, A primeira epidemia de conjuntivite
com quadro de faringite é causada pelos hemorrágica epidêmica aguda foi descrita
adenovírus 3 e 7. A conjuntivite hemorrági- em 1969 em Gana, na África, e o agente
ca epidêmica aguda tem como agente etiológico identificado foi o enterovírus 70.
etiológico um enterovírus da família Desde então, epidemias explosivas têm
Picornaviridae que pode ser um poliovírus, ocorrido em vários locais do mundo,
um echovírus ou um coxsackievírus. apresentando variação cíclica em torno de
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10 anos. Em fins de 1983 e início de 1984 sendo responsável pela análise e o controle das
verificou-se a ocorrência de uma grande doenças de relevância para a saúde pública,
epidemia de conjuntivite hemorrágica especialmente na vigência de epidemias.
aguda no Brasil, inclusive no estado de São A conjuntivite não é uma doença de
Paulo. A investigação etiológica identificou notificação compulsória, porém torna-se de
o enterovírus 70. 2-5 notificação obrigatória na vigência de
Em fevereiro de 2003 teve início uma surtos. Nesses casos, os dados são digitados
epidemia de conjuntivite em várias regiões no Sistema de Informação de Agravos de
do estado de São Paulo. Paralelamente, Notificação (Sinan) como qualquer surto, no
outros estados como Santa Catarina, módulo que foi desenhado especificamente
Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do para este fim no ano de 2001.
Sul e Ceará notificaram à Fundação Nacio- Nesse sistema as informações devem ser
nal de Saúde a ocorrência de surtos. 6-8 digitadas na ficha específica de surto,
Na época foi identificado o agente apontando o número total de casos até a data
etiológico Coxsackievirus A24, levando a da notificação. Para o acompanhamento dos
Secretaria de Estado da Saúde de São casos, a Unidade de Saúde precisará coletar
Paulo a implementar ações de vigilância informações mínimas dos pacientes, como
epidemiológica e laboratorial das conjun- iniciais do nome, idade, sexo, data dos
tivites, implantar a notificação rápida para primeiros sintomas e local de residência
a Central de Vigilância do Centro de para digitação na planilha de acompanha-
Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexan- mento do SinanNet – Surto, implantada em
dre Vranjac” (CVE), disponibilizar infor- 2007. Na identificação de casos adicionais
mes técnicos, elaborar e distribuir folhe- pertencentes a um surto já notificado, as
tos educativos. 9 informações individuais de todos os casos
Posteriormente à epidemia de 2003, o novos deverão ser incluídas na planilha de
CVE, em conjunto com o Instituto Adolfo surto do SinanNet.
Lutz, organizou um sistema de vigilância Durante a investigação dos casos são
epidemiológica para as conjuntivites no coletadas amostras de secreção conjuntival
estado de São Paulo, com o objetivo de de cinco casos de cada surto, para a identifi-
monitorar os agentes etiológicos circulan- cação do agente etiológico.
tes, incluindo a detecção de surtos; profissi-
Atividades de educação em saúde são
onais de saúde foram treinados no diagnós-
implementadas, incluindo a orientação da
tico clínico das conjuntivites, em ações de
comunidade sobre as medidas de higiene,
vigilância epidemiológica e também nos
para diminuir a disseminação da doença.
procedimentos para a coleta de exames
Folhetos educativos são distribuídos para
para o diagnóstico etiológico.
auxiliar essas atividades.
Em São Paulo, no ano de 2003, para que
Sistema de Vigilância Epidemiológica das houvesse uma maior sensibilidade do sistema
conjuntivites e agilidade da coleta de informações sobre o
O CVE coordena o Sistema de Vigilância número de casos de conjuntivites atendidos no
Epidemiológica (SVE) do Estado de São Paulo, nível local, foram elaborados impressos e foi
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estabelecido um fluxo de envio de dados para casos apresentava quadro clínico compatí-
os outros níveis. As informações são coletadas vel com conjuntivite viral e com confirma-
e preenchidas no nível local e encaminhadas à ção laboratorial da circulação de um
vigilância epidemiológica (VE) municipal, adenovírus como agente etiológico.
que as consolida e analisa para enviar aos No período de 2004 a 2009 foram notifica-
Grupos de Vigilância Epidemiológica Regio- dos no Sinan (Windows e Net) – Surto, 2.089
nais (GVE). surtos de conjuntivites.
Os dados de todos os municípios da área de O sistema implantado pelo CVE permitiu a
abrangência do GVE são analisados, consolida- constatação de que essa doença apresenta
dos e enviados ao CVE a cada semana epidemi- alta incidência em nosso meio, mesmo fora do
ológica por meio eletrônico. verão. Ele mostrou-se sensível, captando
O monitoramento dos dados permite grande número de casos, porém, provavel-
observar o comportamento epidemiológico da mente em número menor do que o real, uma
doença e a observação de qualquer aumento vez que somente 60% dos municípios do
brusco do número de casos. É utilizado como Estado utiliza o instrumento e o município de
sinal de alerta para a investigação da ocorrên- São Paulo notificava apenas por meio das
cia de um surto em determinado município e unidades sentinelas.
para o desencadeamento das medidas de
controle. Surtos de Conjuntivites em 2011
A partir de da semana epidemiológica 5, o
Análise do Sistema de Vigilância Centro de Oftalmologia Sanitária do CVE
Epidemiológica das Conjuntivites passou a receber notificações frequentes de
Em 2004, já com os dados coletados surtos de conjuntivite, sobretudo em institui-
desde o início da implantação dos novos ções penitenciárias.
instrumentos do CVE, somente 36 municípi- O primeiro surto de 2011, notificado à
os do Estado notificavam regularmente, Central/Centro de Informações Estratégicas
aumentando para 66 em 2005, 263 em 2006, e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS-
303 em 2007, 366 em 2008 e 391 municípios SP) pelo Centro de Oftalmologia Sanitária do
em 2009, correspondendo neste último ano CVE, ocorreu na Penitenciária do Município
a 60,6% dos municípios do Estado. de Flórida Paulista (Subgrupo de Tupã, GVE
O coeficiente de incidência das conjun- XIX – Marília). Até o dia 11/02/2011, o
tivites no Estado de São Paulo por esse consolidado do número de casos no presídio
sistema de informação foi de 25,6/ era de 103.
100.000 habitantes (hab.) (10.365 casos) O médico (oftalmologista) responsável
em 2005; 136,3/100.000 hab. (55.970 pelo Serviço Médico da Penitenciária insti-
casos) em 2006; 248,05/100.000 hab. tuiu os tratamentos necessários e realizou
(103.347 casos) em 2007; 317,77/100.000 as medidas de controle preconizadas
hab. (130.325 casos) em 2008, Sob orientação do CVE o Subgrupo Regino-
369,95/100.000 hab. (153.102 casos) em nal de Tupã e a VE do Município de Flórida
2009 e 405,3/100.000 hab. (161.801 Paulista coletaram material de conjuntivite
casos) em 2010 (gráfico 1). A maioria dos obtido de 5 (cinco) casos com início de
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sintomas dentro de 48 horas e, através do pesquisa viral. Dos resultados processados até
Instituto Adolfo Lutz de Marília, as amostras essa data 49 foram positivas na Transcrição
foram transportadas para o IAL Central com a Reversa - Reação em Cadeia pela Polimerase
adoção rigorosa dos cuidados de conservação (RT-PCR) para Coxsackievírus A24. As amos-
para o transporte. As ações de VE foram intensi- tras foram provenientes da Capital e das
ficadas com vistas à identificação de novos casos Regionais de Saúde de Araçatuba, Bauru,
e surtos. Marília, Presidente Prudente e Santo André.
O Centro de Oftalmologia Sanitária do Orientações para o diagnóstico laboratorial de
CVE, ao identificar outros surtos em peniten- conjuntivite viral – ver informe técnico no site:
ciárias e em municípios de diversas regiona- www.cve.saude.sp.gov.br.
is do Estado, encaminhou orientações para
todos os GVE, com informações sobre o Resultados preliminares até a semana
agente etiológico, notificação rápida diária, epidemiológica 11
fluxos e instrumentos de notificação, coleta
Para análise das informações prelimi-
de amostras, além de atualizar o Informe
nares foram utilizados os dados registra-
Técnico para Profissionais de Saúde sobre
dos nas seguintes fontes: SinanNet – Surto,
Surtos de Conjuntivite Viral do site do CVE:
notificação rápida diária e planilhas de
www.cve.saude.sp.gov.br.
notificação semanal da vigilância das
Também foram intensificadas as recomenda- conjuntivites.
ções para esclarecimentos à população na
Até a semana epidemiológica 11/2011
prevenção de conjuntivites, necessidade de
(dados finalizados em 29/03/2011) foram
afastamento dos casos de locais de trabalho e
notificados ao sistema de vigilância
estudo, conglomerados, piscinas, creches e
epidemiológica 155.730 casos de conjunti-
atendimento especializado de acordo com a
vites (tabela 1). Comparando os dados
gravidade.
com aqueles dos anos anteriores, denota-
Nessa mesma época, o município de São se um aumento do número de casos a
Paulo implantou as planilhas do CVE da vigilân- partir da semana epidemiológica 6.
cia epidemiológica das conjuntivites nas suas
Tabela 1. Número de casos de conjuntivite notificados
unidades de saúde e encaminhou para suas ao sistema de vigilância epidemiológica por semana
epidemiológica, Estado de São Paulo, 2011
regionais orientações sobre as medidas
pertinentes. Semana Número %
1 1 .143 0,7
Os surtos de conjuntivite foram acompanha- 2 1 .071 0,7
dos pela Central/CIEVS e, até a semana epidemio- 3 1 .093 0,7
4 1 .308 0,8
lógica 10, já havia surtos notificados nos GVE da
5 1 .781 1,1
Capital, Santo André, Araçatuba, Campinas, 6 3 .299 2,1
Marília, Presidente Prudente, Presidente Vences- 7 7 .254 4,7
8 13 .769 8,8
lau e Santos.
9 36 .552 23,5
10 34 .475 22,1
11 53 .985 34,7
Exames Laboratoriais Total 155 .730 100,0
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Mapa. Coeficiente de incidência de conjuntivite/100.000 habitantes nas GVE notificantes no Estado de São Paulo, 2011
Fonte: Sistema de vigilância epidemiológica de conjuntivites, notificação rápida, SINAN NET – surto. CVE – SES-SP dados preliminares.
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Conclusão
A análise de dados recebidos até dia 29 individuais de cada caso na planilha de
de março de casos de conjuntivites notifica- acompanhamento do surto. A área técnica do
dos ao sistema de vigilância epidemiológica CVE enviou recomendações específicas para
do Estado de São Paulo, mostra que está essa epidemia aos GVE e aos municípios com
ocorrendo uma epidemia de conjuntivite o objetivo de facilitar a atualização do
hemorrágica epidêmica aguda, cujo agente sistema. Foi orientado o registro do número
etiológico é o Coxsackievírus A24, que de casos na ficha de notificação do surto no
apresenta alto poder de disseminação. Há SinanNet e a não digitação, no momento, dos
casos notificados em quase todas as regiões dados individuais dos casos na planilha de
do Estado, com coeficiente de incidência de acompanhamento do surto.
390,1 por 100.000 hab. até a semana 11, Faz-se necessário uma avaliação dos
destacando-se as regionais de Santo André, sistemas de informação vigentes para este
Caraguatatuba e Presidente Prudente. Em agravo, visando estabelecer a estratégia
relação ao número absoluto de casos, o mais adequada para o conhecimento da
município de São Paulo concentra quase magnitude do problema e adoção das
50% do total do estado. medidas de controle pertinentes. Os profis-
As epidemias de conjuntivite hemorrági- sionais da Vigilância Epidemiológica devem
ca aguda por enterovírus ocorrem de tempos estar capacitados para identificar e dar
em tempos, com uma disseminação muito respostas rápidas sobre as medidas diagnós-
rápida e grande magnitude, apresentando ticas, terapêuticas e educacionais para
importante repercussão socioeconômica, controlar as epidemias. As equipes de
devido ao alto grau de absenteísmo no vigilância epidemiológica municipais e
trabalho e na escola. regionais atuaram efetivamente na identifi-
Nesta epidemia foram identificadas cação dos primeiros surtos, realizando as
limitações nos Sistemas de informação. investigações em tempo hábil, e as ativida-
Especificamente no SinanNet - Surto as des de controle da epidemia foram pronta-
equipes municipais tiveram dificuldades mente instituídas. O agente etiológico foi
para atualizar o sistema, dado que o módulo identificado, mesmo antes de ocorrer o pico
surto prevê a digitação das informações da epidemia.
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Correspondência/correspondence to:
Norma Medina
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6º andar, sala 613 – Cerqueira César
CEP: 01246000. São Paulo-SP – Brasil
Tel.: 55 11 3066-8153
Email: dvoftal@.saude.sp.gov.br
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Informe epidemiológico
INTRODUÇÃO
A comunidade cientifica há muito tempo No Estado de São Paulo, em 2009, o coefi-
reconhece o risco aumentado de contágio por ciente de incidência de pacientes com tuber-
tuberculose entre profissionais da saúde. No culose pulmonar bacilífera para cada 100.000
entanto, sua característica ocupacional foi habitantes foi igual a 38,1. Para o mesmo
estabelecida a partir da década de oitenta. O período, os municípios de Francisco Morato e
contágio está relacionado ao contato com Franco da Rocha, na Grande São Paulo,
pacientes portadores da doença e, convencio- apresentaram coeficiente de incidência de
nalmente, pelo contato com a doença na tuberculose igual a 42 e 31 casos novos em
própria comunidade.1 100.000 habitantes, respectivamente (TB
A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, WEB, acessado em 11/2010).
permite incluir a tuberculose como doença Assim, a avaliação da exposição ao caso-
ocupacional. Assim, a ocorrência desse índice deve ser individualizada, considerando-
agravo em profissional da saúde implica a se a forma da doença, o ambiente e o tempo de
2,3
notificação em formulário específico, Comu- exposição dos contatos.
2
nicação de Acidente de Trabalho (CAT). O diagnóstico e tratamento precoces da
A transmissão direta do Mycobacterium tuberculose, o tratamento da infecção latente
tuberculosis ocorre predominantemente a nos contatos e a vacinação com BCG são
partir da forma pulmonar bacilífera, com medidas prioritárias para o controle desse
disseminação desses bacilos no ambiente sob agravo. A avaliação e o acompanhamento
a forma de aerossóis e consequente aspiração sistemático dos contatos de tuberculose são
de partículas que alcançam os alvéolos. O medidas capazes de prevenir novas infecções e
risco de adoecimento entre os contatos surtos da doença na comunidade.2,3,7
depende do estado bacteriológico do caso- Segundo o Manual de Recomendações para
índice e da proximidade com o mesmo3,4,5 Controle da Tuberculose no Brasil, de 2010,
Os profissionais de saúde têm maior considera-se contato toda pessoa que convive
risco de infecção e adoecimento por tuber- com o caso-índice, no momento do diagnóstico
culose. Entre a equipe de enfermagem, por da doença. Esse convívio pode acontecer em
exemplo, esta condição é três a vinte vezes casa, em ambientes de trabalho, em institui-
mais frequente quando comparada à ções de longa permanência e em escolas, entre
população geral. 2,6 outros. O Programa Nacional de Controle da
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articular a avaliação clínica para afastar ou seja, PT maior que 5 mm proceder, como
tuberculose ativa. descrito à cima.
A área da saúde do trabalhador e a equipe
do Centro de Controle de Infecção Hospitalar Menores de 10 anos
e Núcleo de Vigilância Epidemiológica do
Avaliar quanto à presença ou ausência de
hospital realizaram os exames dos funcioná-
sintomatologia respiratória.
rios, para triagem entre sintomáticos respira-
Quando sintomático, investigar tuberculo-
tórios e assintomáticos e seguimento dos
se, afastando a doença, seguir avaliação clínica
mesmos.
e verificar a necessidade de quimioprofilaxia.
Nesses casos, empregar o quadro de pontua-
2. Avaliação clínica dos contatos ção para diagnóstico de tuberculose em
Para a avaliação clínica foram seguidas as crianças.
recomendações do Manual para Controle da Quando assintomático, mas com radio-
Tuberculose de 2010, tendo como principal grafia de tórax apresentando imagem
medida afastar a tuberculose ativa. suspeita, investigar tuberculose. Utilizar o
quadro de pontuação para diagnóstico de Tb
a) Contatos domiciliares em crianças.
A avaliação clínica dos contatos domicilia- Quando assintomático e radiografia de
res foi realizada distintamente para os meno- tórax normal, realizar prova tuberculínica.
res e maiores de 10 anos. Prova tuberculínica com critérios para ILTB:
maior ou igual a 5 mm em crianças não
vacinadas com BCG ou vacinadas há mais de
Maiores de 10 anos
dois anos, na presença de condições imunos-
Avaliar quanto à presença ou ausência de supressoras ou PT maior ou igual a 10 mm
sintomatologia respiratória. em crianças vacinadas há menos de dois
Quando sintomático, investigar tuber- anos, tratar ILTB.
culose, afastando a doença, seguir avalia- Prova tuberculínica sem critérios para
ção clínica e verificar a necessidade de ILTB, repetir o mesmo em oito semanas; na
quimioprofilaxia. presença de conversão tratar ILTB e sem
Quando assintomático, realizar prova conversão, indicar alta e fornecer orientações.
tuberculínica (PT). Quando PT maior ou
igual a 5 milímetros (mm), realizar radio-
b) Contatos hospitalares
grafia de tórax. Na presença de imagem
normal, indicar tratamento de infecção
latente; quando imagem suspeita, investi- Recém-nascidos
gar tuberculose. Para o exame clínico inicial dos recém-
Na presença de PT menor que 5 mm, nascidos utilizou-se o Sistema de Pontuação
repetir o mesmo em oito semanas; quando para Diagnóstico de Tuberculose na Infância,
continuar menor que 5 mm, indicar alta e para afastar tuberculose ativa. Os recém-
fornecer orientações. Se houver conversão, nascidos também foram classificados quanto
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unidade básica de saúde (PSF) próxima Não foram identificados outros doentes
ao domicílio. O seguimento médico no domicílio.
mensal é realizado por infectologista do
hospital.
2) Contatos hospitalares
a) Recém-nascidos
1) Contatos domiciliares
No dia 23 de junho de 2010, em Francisco
A Vigilância Epidemiológica do Municí- Morato, as crianças foram submetidas à
pio de Franco da Rocha identificou cinco radiografia de tórax e avaliação clínica. Foram
contatos domiciliares, sendo uma criança avaliados 37 recém-nascidos expostos ao caso-
de 4 anos (filha caso-índice), diagnostica- índice de tuberculose pulmonar bacilífera, dos
da como tuberculose pulmonar. Esse quais 35 residentes em Francisco Morato, um
diagnóstico foi considerado a partir de no município de Cajamar, GVE IX Franco da
critério clínico epidemiológico e tomo- Rocha, e um recém-nascido residente em Mogi
grafia de tórax, esta com área de consoli- das Cruzes, GVE VIII Mogi das Cruzes.
dação apresentando aerobroncogramas Entre esses, 21 (56,8%) eram do sexo
de permeio em lobo médio e lobo inferior feminino e 16 (43,2%) do sexo masculino. A
esquerdo, sem linfonodos mediastinais. mediana de internação hospitalar foi igual
Técnicos CVE/Divisão de Tuberculose a 15 dias, variando entre dois e 93 dias.
consideraram essa imagem altamente Em relação à idade gestacional: 9 (24,3%)
sugestiva de tuberculose. das crianças nasceram a termo, 12 (32,4%)
O tratamento indicado nesta faixa foram prematuros, 9 (24,3%) prematuros
etária foi o esquema básico com: rifampici- extremos e 4 (10,8%) evoluíram em pós-
na (10 mg/kg/dia), isoniazida (10 datismo. Entre os recém-nascidos, 10
mg/kg/dia) e pirazinamida (35 mg/kg/dia). (27,0%) com peso adequado para idade
O médico infectologista do hospital em gestacional, 16 (43,2%) com baixo peso, 8
questão está fazendo o seguimento do caso (21,6%) muito baixo peso e 1 (2,7%) recém-
e o tratamento é autoadministrado. nascido com extremo baixo peso.
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Na figura 1 está a descrição dos recém- básicas de saúde dos respectivos municípi-
nascidos quanto peso ao nascer e idade os de residência.
gestacional. Observou-se que entre os A avaliação clínica e o exame radiológico
recém nascidos a termo 4 (44,4%) com excluíram tuberculose ativa em todos os
peso adequado e na mesma proporção recém-nascidos. Assim, a quimioprofilaxia
estavam às crianças com baixo peso. com isoniazida foi indicada para 36 crian-
Todos aqueles em pós-datismo apresen- ças. Apenas um recém-nascido não está
taram peso ao nascer superior a 2.500 g. recebendo a medicação, a critério do
Para os prematuros, 6 (67%) com baixo médico que realiza o acompanhamento
peso e entre os prematuros extremos, 5 clínico. Desses, 8 (24,3%) estão em trata-
(62,5%) com muito baixo peso. O extremo mento autoadministrado, 23 (62,2%) em
baixo peso foi observado apenas entre os tratamento supervisionado cinco vezes por
re c é m - n a s c i d o s c o m p re m a t u r i d a d e semana e 5 (13,5%) são supervisionados
extrema. três vezes por semana.
A Figura 2 ilustra os principais diagnós- A mediana entre a imunização e o início
ticos referidos de acordo com a idade da quimioprofilaxia foi igual a 23 dias,
gestacional. variando entre menos de 24 horas e 41 dias.
A maternidade não realiza a vacinação Para essas crianças a avaliação da prova
com BCG para os recém-nascidos. A vacina- tuberculínica após três meses de quimio-
ção antes da instituição da quimioprofilaxia profilaxia foi individualizada e não restrita
ocorreu em 19 (51,4%) dos recém-nas- à analise do fluxograma prevista no Manual
cidos, tendo sido realizada em unidades de Controle da Tuberculose.
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Correspondência/correspondence to:
Vera Maria Neder Galesi
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6º andar, sala 612 – Cerqueira César
CEP: 01246000. São Paulo-SP – Brasil
Tel.: 55 11 3066-8764
Email: vgalesi@cve.saude.sp.gov.br
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Resumo – Serão aceitos resumos de teses e Os critérios éticos da pesquisa devem ser
dissertações até um ano dois anos após a defesa. respeitados. Nesse sentido, os autores devem
Pelo Brasil – Deve apresentar a análise de explicitar em MÉTODOS que a pesquisa foi
concluída de acordo com os padrões exigidos
um aspecto ou função específica da promoção à
pela Declaração de Helsink e aprovada por
saúde, vigilância, prevenção e controle de
comissão de ética reconhecida pela Comissão
agravos nos demais Estados brasileiros.
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vincula-
Atualizações – Textos que apresentam, da ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem
sistematicamente, atualizações de dados como registro dos estudos de ensaios clínicos
estatísticos gerados pelos órgãos e programas em base de dados, conforme recomendação aos
de prevenção e controle de riscos, agravos e editores da Lilacs e Scielo, disponível em:
doenças do Estado de São Paulo. http://bvsmodelo.bvsalud.org/site/lilacs/
Editoriais – São escritos por especialistas homepage.htm. O nome da base de dados, sigla
convidados a comentar artigos e tópicos e/ou número do ensaio clínico deverão ser
colocados ao final do RESUMO.
especiais cobertos pelo Bepa.
O trabalho deverá ser redigido em Português
Relatos de encontros – Devem enfocar o
do Brasil, com entrelinhamento duplo. O
conteúdo do evento e não sua estrutura.
manuscrito deve ser encaminhando em formato
Cartas – As cartas permitem comentários eletrônico (e-mail, disquete ou CD-ROM) e
sobre artigos veiculados no Bepa, e podem ser impresso (folha A4), aos cuidados do Editor
apresentadas a qualquer momento após a sua Científico do Bepa no seguinte endereço:
publicação.
OBS – Os informes técnicos, epidemiológi- Boletim Epidemiológico Paulista
co, Pelo Brasil, atualizações e relatos de
Av. Dr. Arnaldo, 351, 1º andar, sala 131
encontros devem ser acompanhados de carta
Cerqueira César – São Paulo/SP, Brasil
do diretor da instituição à qual o autor e
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