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ISSN 1806-423-X

ISSN 1806-4272 – online


Boletim Epidemiológico Paulista

BEPA
Volume 8 Número 87 março/2011
87
Boletim Epidemiológico Paulista
BEPA ISSN 1806-423-X
Volume 8 Nº 87 março de 2011

Nesta edição
Situação atual da vigilância entomológica da doença de Chagas
no Estado de São Paulo
Current situation of entomological surveillance of Chagas disease
in the State of São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Artigo retirado desta publicação que não mais deverá ser referenciado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14-25

Conjuntivite Hemorrágica epidêmica aguda


Epidemic Acute Hemorrhagic Conjunctivitis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Investigação epidemiológica de campo de um caso de tuberculose bacilífera em profissional de


saúde de um hospital geral
Epidemiological field investigation of a baciliferous tuberculosis case in health Professional from a
general hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Instruções aos Autores


Autor´s Instructions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

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EDIÇÃO 87
Bepa 2011;8(87):4-13

Artigo original

Situação atual da vigilância entomológica da doença de Chagas


no Estado de São Paulo
Current situation of entomological surveillance of Chagas disease
in the State of São Paulo
Rubens Antonio da Silva; Vanessa Taís Cruz Mercado; Gerson Laurindo Barbosa; Vera Lúcia Cortiço
Corrêa Rodrigues; Dalva Marli Valério Wanderley
Superintendência de Controle de Endemias. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, SP, Brasil

RESUMO
O propósito deste estudo foi avaliar a vigilância entomológica da
doença de Chagas no Estado de São Paulo, no período de 2007 a 2009.
Na ocorrência de notificação de triatomíneo, a pesquisa entomológica
tem sido desencadeada pela Sucen, na casa onde se deu o seu encontro
e naquelas situadas em seu entorno. Em se constatando sua presença,
o controle químico é realizado. No período em questão a Sucen
recebeu 4.709 notificações de triatomíneos, procedentes de 328
municípios com coleta de 7.604 exemplares. Os atendimentos a essas
notificações resultaram positivos em 1.058 domicílios, com captura de
10.248 triatomíneos. Na pesquisa realizada nas moradias situadas ao
redor da casa notificante, em 592 domicílios constatou-se presença de
4.573 vetores. As espécies Triatoma sordida (92,1%) e Panstrongylus
megistus (5,8%) foram as que se destacaram. A taxa de colonização do
intradomicílio foi de 13,9%. A positividade para Trypanosoma cruzi foi
de 1,2%. Reagiram para sangue humano 3,1% dos triatomíneos. A
sorologia aplicada a 31 moradores foi positiva em uma amostra. A
vigilância em vigor no Estado de São Paulo tem se mostrado eficaz,
selecionando previamente casas a serem pesquisadas. Tem ocorrido
de forma contínua, permitindo monitorar a situação, garantir a
sustentabilidade das ações e assegurar a detecção precoce de
triatomíneos e o seu controle.

PALAVRAS-CHAVE: Doença de Chagas. Vigilância Entomológica. Controle.

Situação atual da vigilância entomológica da doença de Chagas no Estado de São Paulo/Silva RA et al.

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ABSTRACT
This study was designed to evaluate the entomological survey of Chagas
disease in São Paulo, during the period from 2007 to 2009. In the occurrence
of triatomine notification, Sucen – the Endemic Control Superintendence –
triggers entomologic research not only in the house in which the finding was
registered, but also in the neighboring houses. When the presence is
confirmed, chemical control is performed. During the period under analisys,
Sucen received 4.709 notifications of triatomines, from 328 cities with
collection of 7.604 copies. Attention to these reports resulted positive in
1.058 households, capturing 10.248 triatomines. Research performed in
households neighboring the reporting house, in 592 households 4.573
vectors were found. Species Triatoma sordida (92.1%) and Panstrogylus
megistus (5.8%) were the ones that stood out. Indoor colonization rate was
13.9%. Seropositivity to Trypanosoma cruzi was 1.2%. Reacted to human
blood 3.1% of the insects. Serology was performed in 31 residents resulting
in one sample that was positive. Current surveillance in the State of São
Paulo has proved to be effective, adopting previous selection of houses to be
researched. Continuous surveillance allows monitoring of the situation and
ensures early detection and control of triatomines.

Key Words: Chagas disease, entomologic surveillance, control.

INTRODUÇÃO
Com o controle da doença de Chagas no da doença de Chagas, no início da década de
3
Brasil e a Certificação Internacional de 1970. O último exemplar infectado de T.
Eliminação da Transmissão da Enfermida- infestans coletado no Estado data de
4,5
de pelo Triatoma infestans, conferida pela 1978 . Desde então, todos os indicadores
Organização Panamericana da Saúde entomológicos e sorológicos evidenciam
(Opas), torna-se cada vez mais rara a que a transmissão vetorial permanece
6
possibilidade de ocorrência de transmis- interrompida. No entanto, a vigilância
são vetorial da doença em território entomológica se mantém.
1,2
brasileiro. A avaliação das atividades que permitem
No Estado de São Paulo o trabalho cumprir os objetivos delineados no Progra-
intenso e contínuo de intervenção por parte ma de Controle da Doença de Chagas (PCDCh),
da Superintendência de Controle de Ende- no Estado de São Paulo, é realizada, rotinei-
mias (Sucen) – órgão da Secretaria de ramente, pela análise de indicadores ento-
Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) – no mológicos (cobertura das ações de vigilân-
controle aos triatomíneos domiciliados, cia e índices de dispersão e infestação
através da utilização de inseticidas, condu- domiciliar)7 e os resultados apontam ausên-
ziu à interrupção da transmissão vetorial cia de transmissão domiciliar por espécies

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que colonizam o interior das moradias, de No recebimento de triatomíneos, envia-


6,8
qualquer espécie de triatomíneo. dos pela população, é programado atendi-
As espécies atualmente encontradas mento com pesquisa entomológica minuci-
com ampla distribuição no território osa na unidade domiciliar, num prazo
paulista são o T. sordida e Panstrongylus máximo de até 60 dias. Essa pesquisa
megistus, capturados em números significa- engloba a casa e o peridomicílio da unidade
tivos no peridomicílio. 8 , 9 A vigilância notificante e é estendida para as casas
entomológica da doença de Chagas tem situadas em um raio de 200 metros para a
estado associada ao controle de populações área de dispersão da espécie T. sordida e
de triatomíneos vetores e de seu agente 100 metros para área de dispersão do P.
etiológico, Trypanosoma cruzi. megistus, em uma atividade denominada
extensão, sendo a pesquisa entomológica
No ano de 2002, uma comissão de
dirigida ao local de repouso e abrigo de
avaliação propôs mudanças nas diretrizes
animais que constituem fonte alimentar
técnicas do Programa, definindo como
para triatomíneos.
principal atividade de vigilância a notifica-
ção de insetos suspeitos de serem triatomí- O controle do vetor é feito por meio da
7
neos pela população. Ao mesmo tempo, as borrifação de imóveis, utilizando-se
ações educativas foram transferidas aos inseticidas da classe dos piretroides, no
municípios na perspectiva da descentrali- local de coleta dos triatomíneos, se no
zação das ações de controle. domicílio ou no seu peridomicílio, e
revisão desse controle químico após 60 a
A participação da população tem-se
90 dias da efetivação da atividade, com
mostrado de grande eficácia na descoberta
nova borrifação quando do encontro de
de colônias de triatomíneos, permitindo
10 insetos vivos. Os triatomíneos coletados
assegurar que a área está sob vigilância.
são submetidos a exame do conteúdo
As notificações constituem seleção prévia
intestinal para identificação de positivida-
de casas a serem pesquisadas e com maior
de por tripanosomatídeos. Naquele com
chance de serem encontradas infestadas. 9
resultado positivo é confeccionado esfrega-
O objetivo do presente artigo é apresen-
ços corados pelo método May-Grünwald-
tar as informações recentes da vigilância
Giemsa 11 para um diagnóstico correto.
entomológica da doença de Chagas no
Constatada a positividade para T. cruzi, as
Estado de São Paulo.
amostras de fezes são coletadas em papel
filtro para realização da reação de precipi-
MATERIAIS E MÉTODOS tina para identificação do sangue ingerido,
Nesta avaliação foram analisados os utilizando-se prova completa com os
resultados obtidos nas atividades desen- antissoros humano, marsupial, roedor,
volvidas no Programa de Controle da canídeo, felídeo e de aves.
Doença de Chagas no Estado de São Paulo, Na população residente em unidades
realizadas pela Sucen no período de janeiro domiciliares onde tenha sido constatada a
de 2007 a dezembro de 2009, e constituem presença de colônias intradomiciliares de
a base de dados informatizada do Progra- triatomíneos de qualquer espécie associa-
ma. A unidade de avaliação é o município. da à infecção por T. cruzi, é realizado

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exame sorológico por meio de duas tratavam-se de triatomíneos, com peque-


técnicas (RIFI e Elisa), além de investiga- nas variações percentuais ao longo do
ção epidemiológica familiar em domicíli- período analisado (Tabela 1). O número
os com detecção de indivíduos soropositi- médio de municípios de onde procederam
vos, com especial atenção àqueles nasci- essas notificações foi de 309, sendo maior
dos no Estado de São Paulo e com idade no ano de 2008, quando 328, ou seja,
igual ou inferior a 35 anos. 50,8% dos mesmos, encaminharam ao
Nas atividades de campo e de laborató- menos uma notificação. Na Figura 1 é
rio são utilizados boletins padronizados possível verificar a distribuição espacial
para transcrição das informações em todo das notificações de outros insetos e de
o Estado. Os resultados foram consolida- triatomíneos. O mapeamento dos municípios
dos a partir dos relatórios disponíveis no que apresentaram pelo menos uma notifica-
sistema de informação. O estudo foi ção de triatomíneo aponta as regiões de São
submetido e aprovado pela Sucen e a José do Rio Preto e Araçatuba, no noroeste do
análise ocorreu a partir de dados secundá- Estado, do Vale do Ribeira e Sorocaba, ao
rios, com divulgação apenas de dados sul, bem como a de Ribeirão Preto e municí-
agrupados. pios que fazem divisa com o Estado de
Minas Gerais. Áreas claras podem ser
observadas nas regiões de Taubaté e São
RESULTADOS José dos Campos, Vale do Paraíba, Piracica-
Foram encaminhadas à Sucen 6.393 ba, Botucatu e Bauru, na região central, e
notificações de insetos, das quais 73,6% Presidente Prudente, a oeste.

Tabela 1. Municípios com notificação de insetos e número de notificações de outros insetos e de triatomíneos.
Estado de São Paulo, 2007 a 2009.
Municípios com n otificação Número de n otificação
Ano Outros i nsetos Triatomíneos
Nº %* Total
Nº % Nº %
2007 306 47,4 529 24,0 1.682 76,0 2.211
2008 328 50,8 620 26,6 1.716 73,4 2.336
2009 293 45,4 535 29,0 1.311 71,0 1.846
Total 1684 26,4 4.709 73,6 6.393
*em relação ao número de municípios existentes no Estado.

A B

Figura 1. Notificações de outros insetos (A) e de triatomíneos (B) encaminhadas pela população. Estado de São Paulo, 2007 a 2009.

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A distribuição sazonal das notificações 3,1% dos infectados reagentes para sangue
demonstra maior número nos meses que humano.
vão de fevereiro a abril e de setembro a 300 2007
2008
novembro (Figura 2). As pesquisas realiza- 250 2009
das nos atendimentos às 4.709 notificações

Nº denotificações
Média
200
de triatomíneos resultaram no encontro do
150
vetor em 1.058 domicílios. Desses, em
100
82,3% o exemplar estava no peridomicílio.
50
Simultaneamente a esses atendimentos,
0
foram pesquisados outros 10.951 imóveis Janeiro Março Maio Julho Setembro Novembro
localizados ao redor das casas notificantes, Mês

resultando positividade em 622 deles. Figura 2. Distribuição sazonal das notificações de insetos
encaminhadas pela população. Estado de São Paulo, 2007 a
Foram coletados no período 22.513 2009.
exemplares de triatomíneos (Tabela 2). A
atividade de notificação, realizada pelo Tabela 2. Triatomíneos coletados, segundo atividade do
Programa de Controle da Doença de Chagas. Estado de São
morador, foi responsável pela coleta de Paulo, 2007 a 2009.
34,1% dos vetores. O maior percentual Atividade Nº %
Notificação 7.681 34,1
(45,6%) esteve associado à atividade de Atendimento à notificação 10.248 45,6
Extensão 4.556 20,2
atendimento a notificação, realizada pelas Revisão de controle 28 0,1
equipes de campo da Sucen. A atividade de Total 22.513 100,0

extensão foi responsável pelo maior núme-


ro de imóveis pesquisados, seguida da
atividade de atendimento à notificação, fato As espécies encaminhadas na notifica-
verificado na área de maior dispersão da ção foram T. sordida (73,8%), P. megistus
espécie T. sordida, correspondente às (12,6%), Rhodnius neglectus (10,3%) e T.
regiões de São José do Rio Preto e Araçatu- tibiamaculata (2,6%). No atendimento às
ba. A revisão do controle químico ocorreu notificações destacaram-se principalmen-
para 35 imóveis, em área de P. megistus, na te T. sordida (92,1%) e P. megistus (5,8%).
região de Campinas, com coleta de 28 Na atividade de extensão mais 4.753
exemplares de triatomíneos. exemplares de triatomíneos foram coleta-
A espécie mais presente no Estado foi T. dos, representados principalmente por
sordida, com 87,4% dos exemplares coleta- T. sordida.
dos, predominantemente no peridomicílio, As espécies classificadas como outras cor-
distribuída nas regiões norte e noroeste do responderam a exemplares de Panstrongylus
Estado (Figura 3). No período, pode-se geniculatus (Latreille, 1811), nos municí-
observar que essa espécie apresentou pios de Iporanga e Pedro de Toledo, na
índices de infecção natural de 0,6% (Tabela região do Vale do Ribeira, e de Pereira
3). A espécie T. tibiamaculata foi aquela que Barreto e Lourdes, região de Araçatuba,
apresentou os maiores índices de infecção Euclides da Cunha Paulista, Pirapozinho e
natural, seguida pelo P. megistus. Foi consta- Presidente Bernardes, todos da região de
tada a positividade de 1,2% para T. cruzi Presidente Prudente; Rhodnius domesticus
entre todos os exemplares examinados, com (Neiva & Pinto, 1923) nos municípios de

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Registro, Peruíbe, Itaoca, Ribeirão Gran- Em 4.680 intradomicílios em que se


de, Barra do Turvo e Juquiá; e Triatoma coletaram exemplares de triatomíneos,
arthurneivai (Lent & Martins, 1940), captu- em 650 foi constatada a presença de
rados em Socorro, Divinolândia, Espírito ninfas, o que representou 13,9% de taxa
Santo do Pinhal, São João da Boa Vista, São de colonização. A sorologia aplicada a 31
José do Rio Pardo e São Sebastião da Grama. moradores resultou positiva em 01
Vale ressaltar que não foram coletados amostra de morador de 54 anos, proveni-
exemplares de T. infestans. ente da Bahia.

A B

C D

Figura 3. Maior freqüência de encontro de triatomíneos da espécie Triatoma sordida (A), Panstrongylus megistus (B), Rhodnius
neglectus (C) e Triatoma tibiamaculata (D). Estado de São Paulo, 2007 a 2009.

Tabela 3. Exemplares de triatomíneos coletados, examinados e positivos, segundo espécie. Estado de São Paulo, 2007 a 2009.
Espécie Coletados Examinados Positivos %Positivos
Triatoma sordida 19.682 18.558 109 0,6
Panstrongylus megistus 1.506 1.362 117 8,6
Rhodnius neglectus 1.059 845 01 0,1
Triatoma tibiamaculata 204 170 23 13,5
Outras 79 73 00 0,0
Total 22.530 21.075 250 1,2

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DISCUSSÃO
Nesta avaliação pode-se verificar que as paulista. Às vezes coloniza o interior das
notificações de triatomíneos procederam moradias, mas seu habitat preferencial
de todas as regiões e o atendimento às tem sido as palmeiras. Atualmente, essa
mesmas vem se apresentando positivo em espécie está relacionada à invasão urbana
8 16
25% dos casos. A notificação de triatomí- nos municípios de Araçatuba e Birigui.
neos pela população tem ocorrido de Triatoma tibiamaculata, disperso na região
forma contínua no Estado de São Paulo. A do Vale do Ribeira, em fragmentos de Mata
distribuição atual das espécies espelha o Atlântica, seu ecótopo natural, represen-
que tem sido observado para o País no tou o menor número de exemplares
tocante a densidade e seu comportamento coletados dentre aqueles de maior expres-
peridomiciliar, ressaltando que esse são, porém, com os mais elevados índices
ambiente tem sido importante para sua de infecção natural, resultado de sua
12
manutenção. O peridomicílio funciona a s s o c i a ç ã o c o m a n i m a i s m a m í fe ro s
como uma barreira que impede a invasão silvestres presentes nesse ambiente.
do intradomicílio. 13 Nesse ambiente se A persistência de populações de triato-
encontra grande desarranjo de constru- míneos silvestres nas zonas rurais paulis-
ções, a maioria precárias, e se abrigam tas mantém valência ecológica suficiente
animais que servem como fonte alimentar para colonização das habitações humanas e
para os insetos. 14 anexos, localizados próximos a áreas de
As espécies de triatomíneos se distri- resíduos de matas. Essa situação aumenta o
buem no Estado segundo padrão do tipo de risco de transmissão vetorial da doença de
solo e de vegetação. 15 Desde a eliminação do Chagas, uma vez que, mesmo em nível
T. infestans do território paulista, T. sordida baixo, o T. cruzi continua presente nesses
passou a ser a espécie mais capturada, ambientes, sob forma de enzootia silves-
17
dispersando numa região climática bem tre. Importa considerar, no entanto, que
definida, com elevadas temperaturas em tais riscos são, em parte, diminuídos pelo
grande parte do ano e baixa umidade. A próprio processo de adaptação dos triato-
instalação de atividade pecuária favoreceu míneos à vivenda humana, que é lento e
a dispersão da espécie. requer simplificações genéticas, biomorfo-
12
Panstrongylus megistus apresenta uma lógicas e de comportamento.
faixa de distribuição restrita, na qual sua As atividades de colonização das unida-
sobrevivência é favorecida pelo regime de des domiciliares são desencadeadas
chuvas, maior umidade e tipo de cobertura inicialmente por alterações ambientais que
vegetal, estando associado à Didelphideos e induzem os triatomíneos à dispersão,
roedores, derivando daí sua alta taxa de adaptação e ocupação das moradias e
infecção natural. Essas espécies podem anexos. Outro aspecto importante são as
colonizar o ambiente humano e manter a características de construção e organização
circulação de T. cruzi nesse espaço. Rhodni- da unidade domiciliar, que facilitariam a
us neglectus foi a terceira espécie em domiciliação e o desenvolvimento de
número de exemplares coletados e, assim colônias de triatomíneos. Silva et al., 14
como T. sordida, se distribui pelo planalto estudando essas características, observa-

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ram que, nas casas positivas pela ocorrên- Ainda que os resultados apresentados
cia de captura de triatomíneos, as equipes indiquem baixo risco de transmissão
de campo haviam alertado os moradores vetorial pelas espécies secundárias, tem
sobre a disposição e organização dos sido possível detectar infestação e coloni-
anexos no peridomicílio e interior das zação intradomiciliar, o que justifica a
moradias, visando minimizar o risco de vigilância contínua, com pronta interven-
infestação de triatomíneos. Todavia, ção, sempre que houver evidência de
durante novas inspeções nas propriedades, constituição de colônias na habitação. Do
em momentos diferentes, era verificada a ponto de vista das estratégias de vigilância
mesma situação do diagnóstico inicial. entomológica, a tendência para o controle
No período analisado, T. sordida, compa- vetorial de espécies secundárias é a vigilân-
rado às outras espécies encontradas no cia passiva, ou seja, os focos de triatomíne-
Estado, foi o triatomíneo com o maior os, residuais ou adventícios, sendo detecta-
número de exemplares coletados. No dos pela própria população, devidamente
19
peridomicílio, essa espécie faz principal- capacitada, mas também motivada.
mente das aves domésticas sua fonte de Atualmente, a sorologia de infecção
alimento. Eventualmente, esse vetor se chagásica em moradores de unidades
instala no interior das casas habitadas e, domiciliares com presença comprovada de
nesse novo ecótopo, pode incluir também o triatomíneos infectados não tem revelado a
homem na base alimentar. Assim, T. sordida transmissão natural pelas espécies secun-
representa risco potencial de transmissão dárias no Estado de São Paulo. O indivíduo
do T. cruzi, pela sua capacidade de infesta- com resultado sorológico positivo detecta-
ção ou reinfestação das habitações. Porém, do apresenta histórico condizente com
maior atenção deve ser dada às espécies transmissão importada.
Panstrongylus megistus, a qual tem se Nesse contexto, a Sucen continua pro-
verificado aproximação cada vez maior às movendo o processo de descentralização
moradias. Esse inseto constitui no vetor das ações de educação em saúde aos muni-
mais importante da doença de Chagas, no cípios paulistas, o que lhe permite assumir
Estado, evidenciado pelo processo de um papel de assessor técnico e responsável
domiciliação da espécie e altos índices de pela capacitação de recursos humanos,
infecção natural. contribuindo para sua melhor estruturação
Para essas espécies verificou-se que a como órgão de pesquisa, consolidando-se
domiciliação ocorreu principalmente no como referência na normatização e investi-
peridomicílio, ambiente problemático para gação operacional dos métodos de controle
o controle químico dos insetos, uma vez de vetores de importância em saúde públi-
que, nesse local, o efeito residual dos ca. As ações de educação em saúde têm sido
inseticidas é menor, pois os mesmos sofrem primordiais para manter envolvida a
19
maior ação das variações climáticas. Os população no processo. O modelo de
outros espécimes de triatomíneos coleta- vigilância desenvolvido tem sido efetivo em
dos corresponderam a exemplares adultos, seu objetivo de manter a interrupção da
o que sugere sua origem silvestre e baixo transmissão vetorial da doença de Chagas
poder de colonização. no Estado de São Paulo, assegurando a

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detecção precoce de triatomíneos e seu da ausência de triatomíneos da espécie


controle, permitindo garantir a sustentabi- T. infestans, persistem na natureza triato-
lidade das ações. O desafio é manter os míneos secundários que poderão ocupar o
resultados alcançados e evitar a reposição nicho dessa espécie. Devemos estar prepa-
das condições de transmissão no ambiente rados para enfrentar situações raras, assim
domiciliar, seja pelo repovoamento da como casos agudos esporádicos, 20 a possí-
habitação por triatomíneos, seja pela baixa vel adaptação de triatomíneos a novos
sensibilidade dos instrumentos de pesqui- ecótopos e monitorar a resistência de
sa entomológica, pela resposta pouco triatomíneos aos inseticidas empregados
satisfatória aos métodos de controle em seu controle. Pesquisas devem prosse-
empregados ou, ainda, pela reinfestação a guir buscando maior envolvimento da
partir de focos silvestres de áreas onde população na vigilância dos triatomíneos e
persistem vetores domiciliados. melhor controle do peridomicílio, através
As informações apresentadas permitem de estratégias de integração com progra-
concluir que essa endemia está bem contro- mas de agentes comunitários e de saúde da
lada, mas é dever alertar para o fato de que família, visando o estímulo à notificação e
o assunto não está encerrado, pois, apesar orientação para manejo de ambiente.

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em área infestada por Triatoma sordida. Paulo 52:151-56; 2010.
Rev Baiana Saúde Pública. 2010;
Recebido em: 17/11/2010
34:150-8. Aprovado em: 14/03/2011

Correspondência/correspondence to:
Rubens Antonio da Silva
Rua Paula Souza, 166 – 1º andar – Luz
CEP: 01027-000 – São Paulo-SP - Brasil
Tel.: 55 11 3311-1167
E-mail: rubensantoniosilva@gmail.com

Situação atual da vigilância entomológica da doença de Chagas no Estado de São Paulo/Silva RA et al.

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Informe epidemiológico

Conjuntivite Hemorrágica epidêmica aguda


Epidemic Acute Hemorrhagic Conjunctivitis
Centro de Oftalmologia Sanitária. Centro de Vigilância EpidemiológicaI;
Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em SaúdeI
Centro de Virologia -Núcleo de Doenças EntéricasII
I
Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alçexandre Vranjac”. Coordenadoria de Controle de Doenças.
Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo Brasil
II
Instituto Adolfo Lutz.Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo
Brasil

Introdução
Conjuntivite é uma inflamação da A transmissão das conjuntivites, normal-
conjuntiva - membrana que recobre a mente, ocorre por contato direto com uma
porção anterior da esclera e a face interna pessoa infectada ou contato com objetos
das pálpebras. É caracterizada por hipere- contaminados, principalmente quando devido
mia, infiltração e exsudação. Entre as a vírus, pois esses podem persistir em uma
causas infecciosas mais frequentes temos superfície inanimada e seca de alguns dias até
as virais e as bacterianas. É uma doença dois meses.
muito incidente na população. Dado o
caráter contagioso das conjuntivites virais
Conjuntivite hemorrágica epidêmica aguda
e bacterianas, a disseminação pode ocorrer
com muita facilidade, principalmente A conjuntivite hemorrágica epidêmica
quando as condições de saneamento básico, aguda é caracterizada por quadro agudo de
de higiene pessoal e domiciliar são insufici- hiperemia ocular, dor, edema palpebral,
entes. Tem maior poder de disseminação sensação de corpo estranho, lacrimejamento
em ambientes coletivos (escola, creches, excessivo, secreção ocular e fotofobia.
fábricas etc). Apresenta reação folicular, hemorragia
As conjuntivites virais em sua maioria subconjuntival e congestão ocular. A infec-
são causadas por adenovírus e enterovírus. ção é altamente contagiosa e frequentemen-
Os adenovírus são responsáveis pela te afeta ambos os olhos. Tem altíssima
maioria das conjuntivites de etiologia viral. disseminação entre os contatos. Os sinais e
Os agentes etiológicos mais frequentes da sintomas apresentam-se após um período de
ceratoconjuntivite epidêmica são os incubação de 24 a 48 horas e persistem por
adenovírus 8, 19 e 37. A febre faringocon- três a sete dias, com resolução espontânea.
juntival que cursa, além da conjuntivite, A primeira epidemia de conjuntivite
com quadro de faringite é causada pelos hemorrágica epidêmica aguda foi descrita
adenovírus 3 e 7. A conjuntivite hemorrági- em 1969 em Gana, na África, e o agente
ca epidêmica aguda tem como agente etiológico identificado foi o enterovírus 70.
etiológico um enterovírus da família Desde então, epidemias explosivas têm
Picornaviridae que pode ser um poliovírus, ocorrido em vários locais do mundo,
um echovírus ou um coxsackievírus. apresentando variação cíclica em torno de

Conjuntivite Hemorrágica epidêmica aguda

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10 anos. Em fins de 1983 e início de 1984 sendo responsável pela análise e o controle das
verificou-se a ocorrência de uma grande doenças de relevância para a saúde pública,
epidemia de conjuntivite hemorrágica especialmente na vigência de epidemias.
aguda no Brasil, inclusive no estado de São A conjuntivite não é uma doença de
Paulo. A investigação etiológica identificou notificação compulsória, porém torna-se de
o enterovírus 70. 2-5 notificação obrigatória na vigência de
Em fevereiro de 2003 teve início uma surtos. Nesses casos, os dados são digitados
epidemia de conjuntivite em várias regiões no Sistema de Informação de Agravos de
do estado de São Paulo. Paralelamente, Notificação (Sinan) como qualquer surto, no
outros estados como Santa Catarina, módulo que foi desenhado especificamente
Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do para este fim no ano de 2001.
Sul e Ceará notificaram à Fundação Nacio- Nesse sistema as informações devem ser
nal de Saúde a ocorrência de surtos. 6-8 digitadas na ficha específica de surto,
Na época foi identificado o agente apontando o número total de casos até a data
etiológico Coxsackievirus A24, levando a da notificação. Para o acompanhamento dos
Secretaria de Estado da Saúde de São casos, a Unidade de Saúde precisará coletar
Paulo a implementar ações de vigilância informações mínimas dos pacientes, como
epidemiológica e laboratorial das conjun- iniciais do nome, idade, sexo, data dos
tivites, implantar a notificação rápida para primeiros sintomas e local de residência
a Central de Vigilância do Centro de para digitação na planilha de acompanha-
Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexan- mento do SinanNet – Surto, implantada em
dre Vranjac” (CVE), disponibilizar infor- 2007. Na identificação de casos adicionais
mes técnicos, elaborar e distribuir folhe- pertencentes a um surto já notificado, as
tos educativos. 9 informações individuais de todos os casos
Posteriormente à epidemia de 2003, o novos deverão ser incluídas na planilha de
CVE, em conjunto com o Instituto Adolfo surto do SinanNet.
Lutz, organizou um sistema de vigilância Durante a investigação dos casos são
epidemiológica para as conjuntivites no coletadas amostras de secreção conjuntival
estado de São Paulo, com o objetivo de de cinco casos de cada surto, para a identifi-
monitorar os agentes etiológicos circulan- cação do agente etiológico.
tes, incluindo a detecção de surtos; profissi-
Atividades de educação em saúde são
onais de saúde foram treinados no diagnós-
implementadas, incluindo a orientação da
tico clínico das conjuntivites, em ações de
comunidade sobre as medidas de higiene,
vigilância epidemiológica e também nos
para diminuir a disseminação da doença.
procedimentos para a coleta de exames
Folhetos educativos são distribuídos para
para o diagnóstico etiológico.
auxiliar essas atividades.
Em São Paulo, no ano de 2003, para que
Sistema de Vigilância Epidemiológica das houvesse uma maior sensibilidade do sistema
conjuntivites e agilidade da coleta de informações sobre o
O CVE coordena o Sistema de Vigilância número de casos de conjuntivites atendidos no
Epidemiológica (SVE) do Estado de São Paulo, nível local, foram elaborados impressos e foi

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estabelecido um fluxo de envio de dados para casos apresentava quadro clínico compatí-
os outros níveis. As informações são coletadas vel com conjuntivite viral e com confirma-
e preenchidas no nível local e encaminhadas à ção laboratorial da circulação de um
vigilância epidemiológica (VE) municipal, adenovírus como agente etiológico.
que as consolida e analisa para enviar aos No período de 2004 a 2009 foram notifica-
Grupos de Vigilância Epidemiológica Regio- dos no Sinan (Windows e Net) – Surto, 2.089
nais (GVE). surtos de conjuntivites.
Os dados de todos os municípios da área de O sistema implantado pelo CVE permitiu a
abrangência do GVE são analisados, consolida- constatação de que essa doença apresenta
dos e enviados ao CVE a cada semana epidemi- alta incidência em nosso meio, mesmo fora do
ológica por meio eletrônico. verão. Ele mostrou-se sensível, captando
O monitoramento dos dados permite grande número de casos, porém, provavel-
observar o comportamento epidemiológico da mente em número menor do que o real, uma
doença e a observação de qualquer aumento vez que somente 60% dos municípios do
brusco do número de casos. É utilizado como Estado utiliza o instrumento e o município de
sinal de alerta para a investigação da ocorrên- São Paulo notificava apenas por meio das
cia de um surto em determinado município e unidades sentinelas.
para o desencadeamento das medidas de
controle. Surtos de Conjuntivites em 2011
A partir de da semana epidemiológica 5, o
Análise do Sistema de Vigilância Centro de Oftalmologia Sanitária do CVE
Epidemiológica das Conjuntivites passou a receber notificações frequentes de
Em 2004, já com os dados coletados surtos de conjuntivite, sobretudo em institui-
desde o início da implantação dos novos ções penitenciárias.
instrumentos do CVE, somente 36 municípi- O primeiro surto de 2011, notificado à
os do Estado notificavam regularmente, Central/Centro de Informações Estratégicas
aumentando para 66 em 2005, 263 em 2006, e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS-
303 em 2007, 366 em 2008 e 391 municípios SP) pelo Centro de Oftalmologia Sanitária do
em 2009, correspondendo neste último ano CVE, ocorreu na Penitenciária do Município
a 60,6% dos municípios do Estado. de Flórida Paulista (Subgrupo de Tupã, GVE
O coeficiente de incidência das conjun- XIX – Marília). Até o dia 11/02/2011, o
tivites no Estado de São Paulo por esse consolidado do número de casos no presídio
sistema de informação foi de 25,6/ era de 103.
100.000 habitantes (hab.) (10.365 casos) O médico (oftalmologista) responsável
em 2005; 136,3/100.000 hab. (55.970 pelo Serviço Médico da Penitenciária insti-
casos) em 2006; 248,05/100.000 hab. tuiu os tratamentos necessários e realizou
(103.347 casos) em 2007; 317,77/100.000 as medidas de controle preconizadas
hab. (130.325 casos) em 2008, Sob orientação do CVE o Subgrupo Regino-
369,95/100.000 hab. (153.102 casos) em nal de Tupã e a VE do Município de Flórida
2009 e 405,3/100.000 hab. (161.801 Paulista coletaram material de conjuntivite
casos) em 2010 (gráfico 1). A maioria dos obtido de 5 (cinco) casos com início de

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sintomas dentro de 48 horas e, através do pesquisa viral. Dos resultados processados até
Instituto Adolfo Lutz de Marília, as amostras essa data 49 foram positivas na Transcrição
foram transportadas para o IAL Central com a Reversa - Reação em Cadeia pela Polimerase
adoção rigorosa dos cuidados de conservação (RT-PCR) para Coxsackievírus A24. As amos-
para o transporte. As ações de VE foram intensi- tras foram provenientes da Capital e das
ficadas com vistas à identificação de novos casos Regionais de Saúde de Araçatuba, Bauru,
e surtos. Marília, Presidente Prudente e Santo André.
O Centro de Oftalmologia Sanitária do Orientações para o diagnóstico laboratorial de
CVE, ao identificar outros surtos em peniten- conjuntivite viral – ver informe técnico no site:
ciárias e em municípios de diversas regiona- www.cve.saude.sp.gov.br.
is do Estado, encaminhou orientações para
todos os GVE, com informações sobre o Resultados preliminares até a semana
agente etiológico, notificação rápida diária, epidemiológica 11
fluxos e instrumentos de notificação, coleta
Para análise das informações prelimi-
de amostras, além de atualizar o Informe
nares foram utilizados os dados registra-
Técnico para Profissionais de Saúde sobre
dos nas seguintes fontes: SinanNet – Surto,
Surtos de Conjuntivite Viral do site do CVE:
notificação rápida diária e planilhas de
www.cve.saude.sp.gov.br.
notificação semanal da vigilância das
Também foram intensificadas as recomenda- conjuntivites.
ções para esclarecimentos à população na
Até a semana epidemiológica 11/2011
prevenção de conjuntivites, necessidade de
(dados finalizados em 29/03/2011) foram
afastamento dos casos de locais de trabalho e
notificados ao sistema de vigilância
estudo, conglomerados, piscinas, creches e
epidemiológica 155.730 casos de conjunti-
atendimento especializado de acordo com a
vites (tabela 1). Comparando os dados
gravidade.
com aqueles dos anos anteriores, denota-
Nessa mesma época, o município de São se um aumento do número de casos a
Paulo implantou as planilhas do CVE da vigilân- partir da semana epidemiológica 6.
cia epidemiológica das conjuntivites nas suas
Tabela 1. Número de casos de conjuntivite notificados
unidades de saúde e encaminhou para suas ao sistema de vigilância epidemiológica por semana
epidemiológica, Estado de São Paulo, 2011
regionais orientações sobre as medidas
pertinentes. Semana Número %
1 1 .143 0,7
Os surtos de conjuntivite foram acompanha- 2 1 .071 0,7
dos pela Central/CIEVS e, até a semana epidemio- 3 1 .093 0,7
4 1 .308 0,8
lógica 10, já havia surtos notificados nos GVE da
5 1 .781 1,1
Capital, Santo André, Araçatuba, Campinas, 6 3 .299 2,1
Marília, Presidente Prudente, Presidente Vences- 7 7 .254 4,7
8 13 .769 8,8
lau e Santos.
9 36 .552 23,5
10 34 .475 22,1
11 53 .985 34,7
Exames Laboratoriais Total 155 .730 100,0

Foram coletadas e encaminhadas ao Centro de Fonte: Sistema de vigilância epidemiológica de conjuntivites,


notificação rápida, SinanNET – surto. CVE – SES-SP dados
Virologia do IAL Central 92 amostras para provisórios

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Gráfico 1. Coeficiente de incidência de conjuntivite/100.000 habitante no Estado de São


Paulo, 2004-2010

coef. inc./100.000 hab.

Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica/CVE/CCD/SES-SP

O Mapa mostra a distribuição espacial Em números absolutos, a maioria dos


do coeficiente de incidência de conjuntivi- casos notificados pertence à Grande São
te por 100.000 habitantes nos GVE notifi- Paulo, sobretudo ao Município de São Paulo
cantes, no estado de São Paulo em 2011. Os (48%) e ao GVE Santo André (22%) (tabela 2).
maiores coeficientes de incidência obser- O gráfico 2 mostra a série histórica de
vados até a data analisada foram nas 2008 – 2011 do número de casos de conjunti-
regionais de Santo André (1.350 casos por vites notificados ao sistema de vigilância
100.000 hab.), Caraguatatuba epidemiológica do Estado de São Paulo, onde
(1.183,6/100.000 hab.) e Presidente se observa um aumento abrupto do número
Prudente (1.138/100.000 hab.). de casos no ano de 2011 até a semana 11.

Mapa. Coeficiente de incidência de conjuntivite/100.000 habitantes nas GVE notificantes no Estado de São Paulo, 2011

Fonte: Sistema de vigilância epidemiológica de conjuntivites, notificação rápida, SINAN NET – surto. CVE – SES-SP dados preliminares.

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Tabela 2. Número de casos notificados de conjuntivite por


Grupo de Vigilância epidemiológica (GVE), Estado de São Paulo,
até a semana epidemiológica 11, 2011
GVE Nº de municípios com casos Nº %
Capital 1 74 .108 47,6
Santo André 4 34 .773 22,3
Mogi das Cruzes 5 1 .093 0,7
Osasco 4 137 0,1
Araçatuba 38 612 0,4
Araraquara 21 3 .505 2,3
Assis 3 676 0,4
Barretos 16 1 .160 0,7
Bauru 34 2 .124 1,4
Botucatu 7 997 0,6
Campinas 4 17 4 0,1
Franca 1 7 0,0
Marilia 19 1 .428 0,9
Piracicaba 1 225 0,1
Presidente Prudente 22 5 .015 3,2
Presidente Venceslau 23 2 .593 1,7
Registro 7 468 0,3
Ribeirão Preto 5 1 .127 0,7
Santos 8 12 .563 8,1
São João da Boa Vista 18 377 0,2
São José dos Campos 3 155 0,1
Caraguatatuba 4 3 .195 2,1
São José do Rio Preto 58 7 .778 5,0
Jales 32 1 .199 0,8
Sorocaba 1 21 0,0
Itapeva 8 127 0,1
Taubaté 2 93 0,1
Total 349 155 .730 100,0
Fonte: Sistema de vigilância epidemiológica de conjuntivites, notificação rápida, SINAN NET – surto.
CVE – SES-SP, dados provisórios.

Gráfico 2. Número de casos de conjuntivites notificados ao sistema de


vigilância epidemiológica, Estado de São Paulo 2008 - 2011

Fonte: Sistema de vigilância epidemiológica de conjuntivites, notificação rápida, SINAN


NET – surto. CVE – SES-SP, até a semana epidemiológica 11/2011.

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Conclusão
A análise de dados recebidos até dia 29 individuais de cada caso na planilha de
de março de casos de conjuntivites notifica- acompanhamento do surto. A área técnica do
dos ao sistema de vigilância epidemiológica CVE enviou recomendações específicas para
do Estado de São Paulo, mostra que está essa epidemia aos GVE e aos municípios com
ocorrendo uma epidemia de conjuntivite o objetivo de facilitar a atualização do
hemorrágica epidêmica aguda, cujo agente sistema. Foi orientado o registro do número
etiológico é o Coxsackievírus A24, que de casos na ficha de notificação do surto no
apresenta alto poder de disseminação. Há SinanNet e a não digitação, no momento, dos
casos notificados em quase todas as regiões dados individuais dos casos na planilha de
do Estado, com coeficiente de incidência de acompanhamento do surto.
390,1 por 100.000 hab. até a semana 11, Faz-se necessário uma avaliação dos
destacando-se as regionais de Santo André, sistemas de informação vigentes para este
Caraguatatuba e Presidente Prudente. Em agravo, visando estabelecer a estratégia
relação ao número absoluto de casos, o mais adequada para o conhecimento da
município de São Paulo concentra quase magnitude do problema e adoção das
50% do total do estado. medidas de controle pertinentes. Os profis-
As epidemias de conjuntivite hemorrági- sionais da Vigilância Epidemiológica devem
ca aguda por enterovírus ocorrem de tempos estar capacitados para identificar e dar
em tempos, com uma disseminação muito respostas rápidas sobre as medidas diagnós-
rápida e grande magnitude, apresentando ticas, terapêuticas e educacionais para
importante repercussão socioeconômica, controlar as epidemias. As equipes de
devido ao alto grau de absenteísmo no vigilância epidemiológica municipais e
trabalho e na escola. regionais atuaram efetivamente na identifi-
Nesta epidemia foram identificadas cação dos primeiros surtos, realizando as
limitações nos Sistemas de informação. investigações em tempo hábil, e as ativida-
Especificamente no SinanNet - Surto as des de controle da epidemia foram pronta-
equipes municipais tiveram dificuldades mente instituídas. O agente etiológico foi
para atualizar o sistema, dado que o módulo identificado, mesmo antes de ocorrer o pico
surto prevê a digitação das informações da epidemia.

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Correspondência/correspondence to:
Norma Medina
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6º andar, sala 613 – Cerqueira César
CEP: 01246000. São Paulo-SP – Brasil
Tel.: 55 11 3066-8153
Email: dvoftal@.saude.sp.gov.br

Conjuntivite Hemorrágica epidêmica aguda

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Bepa 2011;8(87):34-45

Informe epidemiológico

Investigação epidemiológica de campo de um caso de tuberculose bacilífera


em profissional de saúde de um hospital geral
Epidemiological field investigation of a baciliferous tuberculosis case in
health Professional from a general hospital
Divisão de Tuberculose. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”.
Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, SP, Brasil

INTRODUÇÃO
A comunidade cientifica há muito tempo No Estado de São Paulo, em 2009, o coefi-
reconhece o risco aumentado de contágio por ciente de incidência de pacientes com tuber-
tuberculose entre profissionais da saúde. No culose pulmonar bacilífera para cada 100.000
entanto, sua característica ocupacional foi habitantes foi igual a 38,1. Para o mesmo
estabelecida a partir da década de oitenta. O período, os municípios de Francisco Morato e
contágio está relacionado ao contato com Franco da Rocha, na Grande São Paulo,
pacientes portadores da doença e, convencio- apresentaram coeficiente de incidência de
nalmente, pelo contato com a doença na tuberculose igual a 42 e 31 casos novos em
própria comunidade.1 100.000 habitantes, respectivamente (TB
A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, WEB, acessado em 11/2010).
permite incluir a tuberculose como doença Assim, a avaliação da exposição ao caso-
ocupacional. Assim, a ocorrência desse índice deve ser individualizada, considerando-
agravo em profissional da saúde implica a se a forma da doença, o ambiente e o tempo de
2,3
notificação em formulário específico, Comu- exposição dos contatos.
2
nicação de Acidente de Trabalho (CAT). O diagnóstico e tratamento precoces da
A transmissão direta do Mycobacterium tuberculose, o tratamento da infecção latente
tuberculosis ocorre predominantemente a nos contatos e a vacinação com BCG são
partir da forma pulmonar bacilífera, com medidas prioritárias para o controle desse
disseminação desses bacilos no ambiente sob agravo. A avaliação e o acompanhamento
a forma de aerossóis e consequente aspiração sistemático dos contatos de tuberculose são
de partículas que alcançam os alvéolos. O medidas capazes de prevenir novas infecções e
risco de adoecimento entre os contatos surtos da doença na comunidade.2,3,7
depende do estado bacteriológico do caso- Segundo o Manual de Recomendações para
índice e da proximidade com o mesmo3,4,5 Controle da Tuberculose no Brasil, de 2010,
Os profissionais de saúde têm maior considera-se contato toda pessoa que convive
risco de infecção e adoecimento por tuber- com o caso-índice, no momento do diagnóstico
culose. Entre a equipe de enfermagem, por da doença. Esse convívio pode acontecer em
exemplo, esta condição é três a vinte vezes casa, em ambientes de trabalho, em institui-
mais frequente quando comparada à ções de longa permanência e em escolas, entre
população geral. 2,6 outros. O Programa Nacional de Controle da

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Tuberculose recomenda que a busca ativa e neonatal do referido hospital,


acompanhamento desses contatos ocorra independentemente do horário de
prioritariamente na atenção primária. trabalho. Esses foram os setores
Para reduzir o adoecimento recomenda-se: frequentados pelo caso-índice.
a imunização de crianças de 0 a 4 anos com a A investigação ocorreu entre junho e
BCG (bacilo de Calmette e Guérin), sendo outubro de 2010 e o acompanhamento
obrigatória entre os menores de 1 ano, como do caso-índice e dos contatos continua
dispõe a Portaria nº 452, de 06/12/76. Essa sendo realizado pelas unidades de saúde
ação deve ocorrer prioritariamente nas responsáveis.
maternidades.2 O local de trabalho do caso-índice é um
O risco de adoecimento entre os contatos é hospital geral de esfera estadual, localizado no
maior nos primeiros dois anos após primo município de Francisco Morato e gerido por
infecção, mas esse período pode estender-se uma organização social sem fins lucrativos.
por muitos anos e até mesmo décadas.2,5 Dispõe de 109 leitos, sendo 29 para as UTI
adulto, infantil e neonatal.
OBJETIVO Esse hospital foi planejado para comple-
mentar a rede de saúde da microrregião de
Descrever a investigação epidemiológica da
Franco da Rocha, oferecendo atendimento
tuberculose pulmonar em profissional de
terciário e referenciado em obstetrícia de alto
saúde.
risco e cirurgias de emergências para os
demais municípios da região.
MÉTODOS
População de estudo:
Estratégia de investigação
Caso índice: profissional de saúde com
tuberculose pulmonar bacilífera.
1. Convocação de contatos
Para essa investigação foram definidos os
Como o município de procedência do
seguintes contatos:
caso-índice é Franco da Rocha, a busca dos
1) Contatos domiciliares: todos os co-
contatos domiciliares ficou aos cuidados
habitantes do caso índice.
desta vigilância municipal. O hospital
2) Contatos hospitalares: forneceu os endereços e telefones dos
a) Recém-nascidos: todas as crianças recém-nascidos, pois a maioria já havia
internadas no berçário de alto risco e recebido alta hospitalar. Assim, técnicos da
UTI neonatal do hospital, entre o dia vigilância epidemiológica de Francisco
16 de maio e 3 de junho de 2010. Morato realizaram contato telefônico para
Período de exposição dos recém- convocação das crianças. Realizou-se visita
nascidos ao profissional de saúde com domiciliar apenas nos casos que não compa-
tuberculose ativa. receram à avaliação inicial.
b) Profissionais de saúde (PS): todos Apenas dois recém-nascidos não eram
os funcionários do plantão noturno residentes em Francisco Morato. Por isso, as
do pronto-socorro, todos os PS respectivas vigilâncias dos municípios de
berçário de médio risco e UTI residência foram responsabilizadas por

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articular a avaliação clínica para afastar ou seja, PT maior que 5 mm proceder, como
tuberculose ativa. descrito à cima.
A área da saúde do trabalhador e a equipe
do Centro de Controle de Infecção Hospitalar Menores de 10 anos
e Núcleo de Vigilância Epidemiológica do
Avaliar quanto à presença ou ausência de
hospital realizaram os exames dos funcioná-
sintomatologia respiratória.
rios, para triagem entre sintomáticos respira-
Quando sintomático, investigar tuberculo-
tórios e assintomáticos e seguimento dos
se, afastando a doença, seguir avaliação clínica
mesmos.
e verificar a necessidade de quimioprofilaxia.
Nesses casos, empregar o quadro de pontua-
2. Avaliação clínica dos contatos ção para diagnóstico de tuberculose em
Para a avaliação clínica foram seguidas as crianças.
recomendações do Manual para Controle da Quando assintomático, mas com radio-
Tuberculose de 2010, tendo como principal grafia de tórax apresentando imagem
medida afastar a tuberculose ativa. suspeita, investigar tuberculose. Utilizar o
quadro de pontuação para diagnóstico de Tb
a) Contatos domiciliares em crianças.
A avaliação clínica dos contatos domicilia- Quando assintomático e radiografia de
res foi realizada distintamente para os meno- tórax normal, realizar prova tuberculínica.
res e maiores de 10 anos. Prova tuberculínica com critérios para ILTB:
maior ou igual a 5 mm em crianças não
vacinadas com BCG ou vacinadas há mais de
Maiores de 10 anos
dois anos, na presença de condições imunos-
Avaliar quanto à presença ou ausência de supressoras ou PT maior ou igual a 10 mm
sintomatologia respiratória. em crianças vacinadas há menos de dois
Quando sintomático, investigar tuber- anos, tratar ILTB.
culose, afastando a doença, seguir avalia- Prova tuberculínica sem critérios para
ção clínica e verificar a necessidade de ILTB, repetir o mesmo em oito semanas; na
quimioprofilaxia. presença de conversão tratar ILTB e sem
Quando assintomático, realizar prova conversão, indicar alta e fornecer orientações.
tuberculínica (PT). Quando PT maior ou
igual a 5 milímetros (mm), realizar radio-
b) Contatos hospitalares
grafia de tórax. Na presença de imagem
normal, indicar tratamento de infecção
latente; quando imagem suspeita, investi- Recém-nascidos
gar tuberculose. Para o exame clínico inicial dos recém-
Na presença de PT menor que 5 mm, nascidos utilizou-se o Sistema de Pontuação
repetir o mesmo em oito semanas; quando para Diagnóstico de Tuberculose na Infância,
continuar menor que 5 mm, indicar alta e para afastar tuberculose ativa. Os recém-
fornecer orientações. Se houver conversão, nascidos também foram classificados quanto

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à idade gestacional e o peso ao nascer, confor- dentemente do tempo de contato com o


me descrito abaixo: caso-índice.
A investigação da ILTB em PS deve ser
Classificação idade gestacional5,8 Peso ao nascer (5,8)
realizada nos exames admissionais e
22 a 31 semanas = prematuro extremo ≤ 1.000g = extremamente baixo peso periódicos por meio da prova tuberculínica,
32 a 36 semanas = prematuro ≤ 1.500g = muito baixo peso independentemente do contato com
37 a 40 semanas = a termo ≤ 2.500g = baixo peso pacientes com tuberculose. O efeito booster
3
41 semanas e mais = pós-datismo > 2.500g = peso adequado não foi considerado nesta investigação.
Não foi definida a estratégia para supervi-
De acordo com o Manual de Recomenda- são do tratamento de ILTB entre os profissi-
ções para o Controle da Tuberculose no Brasil onais de saúde.
de 2010, deve-se realizar a prevenção da
infecção tuberculosa em recém-nascidos Tratamento da infecção latente por
coabitantes de caso-índice bacilífero. Nessa tuberculose
fase da vida recomenda-se iniciar a quimio- Recomenda-se o uso de isoniazida na dose
profilaxia primária durante três meses e, de 5 a 10 mg/kg, sendo o máximo de 300
então, realizar a prova tuberculínica. Quando mg/dia, durante seis meses. A única apresen-
a PT maior ou igual a 5 mm, manter a medica- tação disponível da hidrazida é sob a forma de
ção por mais três meses; se menor que 5 mm, comprimidos, o que dificulta a administração
suspender a medicação e vacinar com BCG. da medicação aos recém-nascidos.
A primeira avaliação clínica foi realizada Para os recém-nascidos o tratamento
por um pediatra e por um infectologista de
da ILTB tem duração miníma de três
Francisco Morato, os mesmos também reali-
meses; após esse período, realizar a prova:
zaram o acompanhamento periódico dos
quando maior ou igual a 5 mm, manter o
casos. As unidades com estratégia de Saúde da
tratamento por mais três meses, totalizan-
Família do município foram responsabiliza-
do assim seis meses.
das pelo acompanhamento clínico dos recém-
A Faculdade de Ciências Médicas da Santa
nascidos e pela supervisão do tratamento
Casa de São Paulo, após solicitação de
para infecção latente por tuberculose.
técnico da Divisão de Tuberculose do Centro
Para as crianças residentes nos demais
de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexan-
municípios o acompanhamento vem sendo
dre Vranjac” (DT/CVE) – órgão da Coordena-
realizado por serviço de referência para
doria de Controle de Doenças da Secretaria
tuberculose.
de Estado da Saúde de São Paulo (CCD/SES-
SP) forneceu hidrazida sob a forma de
Profissionais de saúde solução. Essa instituição se disponibilizou a
O exame clínico de todos os PS seleciona- fornecer o insumo até o final do período
dos ocorreu após realização de radiografia de estabelecido para a intervenção.
tórax, baciloscopia e prova tuberculínica. Essa Para esclarecimentos sobre a avaliação
última foi considerada alterada quando o dos recém-nascidos, indicação do trata-
resultado foi maior ou igual a 5 mm, indepen- mento para ILTB, apresentação e posologia

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da hidrazida manipulada, supervisão e antibioticoterapia e mantida em trata-


notificação da quimioprofilaxia, interpreta- mento ambulatorial, com melhora após
ção da prova tuberculínica e o momento tratamento.
mais indicado para a suspensão da medica- Entre outubro de 2009 e fevereiro de
ção foi realizada reunião prévia. 2010, em decorrência de acidente automo-
Os participantes foram: técnicos da bilístico, a mesma foi afastada das ativida-
Divisão de Tuberculose, do Programa de des laborais retornando ao trabalho após
Treinamento em Epidemiologia para os esse período (fratura de clavícula = foi
Serviços do Sistema Único de Saúde no descartada a hipótese de Tb óssea).
Estado de São Paulo, Grupo de Vigilância Em fevereiro de 2010 o caso-índice
Epidemiológica de Franco da Rocha, Vigi-
retornou às atividades com realização de
lância Epidemiológica Municipal de Fran-
plantões noturnos em pronto-socorro
cisco Morato e Franco da Rocha, enfermei-
adulto, até 16 de maio, quando foi transferi-
ras e coordenadores dos programas de
dapara o berçário de médio risco e UTI
Saúde da Família e Saúde do Trabalhador,
neonatal, também em plantões noturnos,
Centro de Controle de Infecção e Núcleo de
permanecendo nesse setor até 3 de junho
Vigilância Epidemiológica Hospitalar do
de 2010.
Hospital Estadual de Francisco Morato,
pediatra e infectologista. No início de maio, a paciente referiu
novo episódio de sintomatologia respirató-
ria, sendo indicada nova radiografia de
RESULTADOS tórax, tendo sido feita a suspeita de tuber-
Nesse serviço, considerando os anos de culose. O diagnóstico foi confirmado por
2005, 2006 e 2007, foram notificados oito baciloscopia e cultura; o teste de sensibili-
casos de tuberculose; não há referência de dade não apresentou resistência às drogas
casos de tuberculose em profissionais de e a sorologia para HIV foi negativa. A
saúde no período. profissional foi afastada do trabalho a
partir de 3 de junho.
Caso-índice O caso-índice foi afastado das atividades
Caso-índice do sexo feminino, 24 anos, no hospital, em princípio até outubro de
auxiliar de enfermagem, trabalhando há 2010. Foi recomendado que a mesma não
dois no referido serviço, pronto-socorro retornasse ao trabalho em UTI neonatal até
adulto e UTI neonatal. Nega ter trabalhado o final do tratamento.
em outros locais concomitantemente ou O caso índice reside em Franco da
previamente. Atualmente, é estudante do Rocha, município prioritário para o
curso de enfermagem, mas não tem contato controle da tuberculose, tendo sido
com pacientes de outras instituições. notificado pela vigilância epidemiológi-
Em outubro de 2009, apresentou tosse, ca municipal, em junho de 2010, como
febre e dores nas costas, tendo sido realizado caso novo. Foi prescrito tratamento com
radiografia de tórax com hipótese diag- e s q u e m a b á s i c o e c o m t ra t a m e n t o
nóstica de pneumonia. Foi iniciada supervisionado três vezes por semana em

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unidade básica de saúde (PSF) próxima Não foram identificados outros doentes
ao domicílio. O seguimento médico no domicílio.
mensal é realizado por infectologista do
hospital.
2) Contatos hospitalares
a) Recém-nascidos
1) Contatos domiciliares
No dia 23 de junho de 2010, em Francisco
A Vigilância Epidemiológica do Municí- Morato, as crianças foram submetidas à
pio de Franco da Rocha identificou cinco radiografia de tórax e avaliação clínica. Foram
contatos domiciliares, sendo uma criança avaliados 37 recém-nascidos expostos ao caso-
de 4 anos (filha caso-índice), diagnostica- índice de tuberculose pulmonar bacilífera, dos
da como tuberculose pulmonar. Esse quais 35 residentes em Francisco Morato, um
diagnóstico foi considerado a partir de no município de Cajamar, GVE IX Franco da
critério clínico epidemiológico e tomo- Rocha, e um recém-nascido residente em Mogi
grafia de tórax, esta com área de consoli- das Cruzes, GVE VIII Mogi das Cruzes.
dação apresentando aerobroncogramas Entre esses, 21 (56,8%) eram do sexo
de permeio em lobo médio e lobo inferior feminino e 16 (43,2%) do sexo masculino. A
esquerdo, sem linfonodos mediastinais. mediana de internação hospitalar foi igual
Técnicos CVE/Divisão de Tuberculose a 15 dias, variando entre dois e 93 dias.
consideraram essa imagem altamente Em relação à idade gestacional: 9 (24,3%)
sugestiva de tuberculose. das crianças nasceram a termo, 12 (32,4%)
O tratamento indicado nesta faixa foram prematuros, 9 (24,3%) prematuros
etária foi o esquema básico com: rifampici- extremos e 4 (10,8%) evoluíram em pós-
na (10 mg/kg/dia), isoniazida (10 datismo. Entre os recém-nascidos, 10
mg/kg/dia) e pirazinamida (35 mg/kg/dia). (27,0%) com peso adequado para idade
O médico infectologista do hospital em gestacional, 16 (43,2%) com baixo peso, 8
questão está fazendo o seguimento do caso (21,6%) muito baixo peso e 1 (2,7%) recém-
e o tratamento é autoadministrado. nascido com extremo baixo peso.

Completitude da idade gestacional e peso ao nascer igual a 91,8%


Figura 1. Distribuição do peso ao nascer por idade gestacional entre os recém-nascidos, contatos
de paciente com tuberculose pulmonar bacilífera, entre maio e junho de 2010.

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Na figura 1 está a descrição dos recém- básicas de saúde dos respectivos municípi-
nascidos quanto peso ao nascer e idade os de residência.
gestacional. Observou-se que entre os A avaliação clínica e o exame radiológico
recém nascidos a termo 4 (44,4%) com excluíram tuberculose ativa em todos os
peso adequado e na mesma proporção recém-nascidos. Assim, a quimioprofilaxia
estavam às crianças com baixo peso. com isoniazida foi indicada para 36 crian-
Todos aqueles em pós-datismo apresen- ças. Apenas um recém-nascido não está
taram peso ao nascer superior a 2.500 g. recebendo a medicação, a critério do
Para os prematuros, 6 (67%) com baixo médico que realiza o acompanhamento
peso e entre os prematuros extremos, 5 clínico. Desses, 8 (24,3%) estão em trata-
(62,5%) com muito baixo peso. O extremo mento autoadministrado, 23 (62,2%) em
baixo peso foi observado apenas entre os tratamento supervisionado cinco vezes por
re c é m - n a s c i d o s c o m p re m a t u r i d a d e semana e 5 (13,5%) são supervisionados
extrema. três vezes por semana.
A Figura 2 ilustra os principais diagnós- A mediana entre a imunização e o início
ticos referidos de acordo com a idade da quimioprofilaxia foi igual a 23 dias,
gestacional. variando entre menos de 24 horas e 41 dias.
A maternidade não realiza a vacinação Para essas crianças a avaliação da prova
com BCG para os recém-nascidos. A vacina- tuberculínica após três meses de quimio-
ção antes da instituição da quimioprofilaxia profilaxia foi individualizada e não restrita
ocorreu em 19 (51,4%) dos recém-nas- à analise do fluxograma prevista no Manual
cidos, tendo sido realizada em unidades de Controle da Tuberculose.

Figura 2. Diagnóstico de internação na unidade de terapia intensiva de um hospital estadual, segundo


idade gestacional, contatos de paciente com tuberculose pulmonar bacilífera, entre maio e junho de
2010.

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Os recém-nascidos de Mogi das Cruzes e Entre os funcionários avaliados, 57


Cajamar estão sendo acompanhados em (91,9%) referiram imunização prévia com
unidade referenciada para tuberculose. As BCG, apenas um referiu doença crônica,
35 crianças do município de Francisco asma, 51 (82,3%) dos avaliados negaram
Morato estão em acompanhamento nas contato domiciliar com tuberculose e 11
unidades básicas de saúde com Programa (17,7%) não souberam referir esta infor-
de Saúde da Família. mação.
Nenhuma unidade básica de saúde Todos os pacientes foram submetidos a
identificou a presença de pacientes com exame de imagem, idenpendente do resul-
tuberculose pulmonar bacilífera e/ou tado da PT. Quatro funcionários convocados
sintomáticos respiratórios co-habitando não compareceram à leitura da prova
com esses recém-nascidos. tuberculínica. O efeito booster não foi
Dentre os 37 recém nascidos, uma realizado para esses profissionais.
criança foi internada com hipótese diagnós- Entre os PS, 24 (38,7%) são contatos do
tica de bronquiolite, sem necessidade de caso-índice, dos quais 12 (50%) com
acompanhamento em unidade de terapia resultado de PPD superior a 5 mm e 10
intensiva – a hipótese de tuberculose não (83%) em quimioprofilaxia autoadminis-
foi considerada nessa situação. trada, prescrita por seis meses. Entre os
Foram avaliados todos os recém- demais, 38 (61,3%) eram não contato do
nascidos que completaram os três meses de caso-índice. Desses, 3 (7,8%) com prova
quimioprofilaxia, dos quais dois apresenta- tuberculínica maior ou igual a 10 mm. A
ram PT maior ou igual a 5 mm, sendo quimioprofilaxia foi prescrita para dois
necessário estender o uso de isoniazida por desses pacientes, sendo o último um PS do
mais três meses. Nos demais casos a quimi- berçário de médio risco e da UTI neonatal,
oprofilaxia foi suspensa, sendo indicada a com PT igual a 12 mm, e diagnóstico de
vacinação com BCG. tuberculose pulmonar não bacilífera, com
confirmação por exame de imagem. Não
foram identificados outros profissionais
Profissionais de saúde
com exames alterados.
Foram convocados 67 funcionários, mas
Entre os profissionais de saúde não
apenas 62 do berçário e UTI neonatal
foram identificados sintomáticos respirató-
compareceram a consultas para triagem.
rios. Porém, a despeito dessa condição, foi
Destes, 4 (6,4%) do sexo masculino e 58
realizada baciloscopia de escarro, sendo
(93,5%) do sexo feminino. A mediana de
todos os exames negativos.
idade foi de 30 anos, variando entre 20 e
49 anos.
Os municípios de residência identifica- Profissional de saúde com tuberculose
dos foram Jundiaí 1(1,6%), Campinas 1 pulmonar não bacilífera
(1,6%), Campo Limpo 1 (1,6%), Mairiporã 1 Trata-se de auxiliar de enfermagem, do
(1,6%), São Paulo 7 (11,3%), Caieiras 7 sexo feminino, 27 anos, não gestante. A
(11,3%), Francisco Morato 10 (16,1%) e paciente trabalha desde 2004 na UTI
Franco da Rocha 34 (54,8%). neonatal do hospital e desde julho de 2010

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trabalha em uma UTI neonatal no município características desses municípios estão


de Jundiaí. A mesma está afastada das aqueles com mais de 100.000 habitantes,
atividades laborais. como ocorre em Francisco Morato e
A profissional de saúde é procedente do Franco da Rocha, e a alta incidência de
município de Franco da Rocha. A notifica- tuberculose, conforme descrito para essas
ção à vigilância municipal do respectivo localidades. 11,12
município foi feita em julho de 2010, como Estudos realizados entre profissionais
caso novo não bacilífero. de saúde mostram elevadas taxas de
A baciloscopia e a cultura de escarro e a conversão da PT e o maior risco de adoeci-
sorologia para HIV foram negativos. A mento desses profissionais. Isso implica a
tomografia de tórax com contraste apresen- necessidade de sistematização da avaliação
tou opacidades heterogêneas e micronódu- clínica dos mesmos, pois o acompanhamen-
los no ápice e segmento posterior do lobo to inadequado nesses casos e a não valori-
superior direito, sem linfonodomegalias zação da sintomatologia pelos próprios
mediastinais. Não foram observadas outras profissionais aumentam o risco de tubercu-
1,2
alterações. Técnicos CVE/Divisão de lose entre esses funcionários.
Tuberculose consideraram imagem alta- Entre os profissionais considerados com
mente sugestiva de tuberculose. maior risco de exposição estão aqueles que
Essa paciente está em tratamento com participam de procedimentos envolvendo a
esquema básico, autoadministrado e o aerossolização do bacilo e a convivência
acompanhamento clínico é realizado por com profissionais que apresentam a doen-
infectologista e médico do trabalho do ça. A avaliação desse risco baseia-se,
hospital em questão. Foram identificados idealmente, na ocorrência de tuberculose
quatro contatos domiciliares, para os quais na comunidade e no número de doentes
1,2
o diagnóstico de tuberculose e de ITLB foi atendidos nas instituições de saúde.
afastado. Assim, os mesmos não estão em O número de casos de tuberculose
quimioprofilaxia. notificados pelo serviço, em princípio,
caracteriza o local como sendo de baixo
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO risco para transmissão do agravo. No
Entre as dificuldades para o estabeleci- entanto, como citado anteriormente, o
mento do risco ocupacional da tuberculose hospital localiza-se em município prioritá-
em profissionais de saúde estão a elevada rio para o controle da tuberculose.
prevalência de tuberculose na população Nesse evento foram avaliados principal-
geral, o uso disseminado da vacina com BCG mente os profissionais de enfermagem.
e a dificuldade de obtenção de dados sobre Tendo em vista convocação não obrigatória
a prevalência de infecção pelo HIV em para submissão ao exame clínico, esta foi a
1
profissionais de saúde. categoria profissional com maior aderência
Os municípios de residência do caso- à estratégia adotada.
índice e de localização do hospital são Os profissionais de saúde das institui-
considerados prioritários para o controle ções devem participar de ações educati-
de tuberculose. Destaque-se que entre as vas para não estigmatizar o diagnóstico

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do agravo e para garantir a sensibilização grande dificuldade de se pensar precoce-


no reconhecimento oportuno do sintomá- mente na doença. Portanto, a sistematiza-
tico respiratório. Recomendam-se medi- ção da avaliação clínica dos recém-nascidos
das como o levantamento das caracterís- expostos, como ocorreu neste estudo, deve
ticas dos locais de atendimento, o risco sempre considerar o quadro clínico e
d a s a t iv i d a d e s d e s e nvo lv i d a s p e l o s radiológico, o contato com caso-índice e o
profissionais e o uso de equipamento de estado nutricional das crianças. Em princí-
proteção individual, além, é claro, do pio, foi descartada a tuberculose ativa em
acompanhamento do estado de saúde dos todos os casos examinados. 14
profissionais. 1,2 Entre os recém-nascidos que foram
O contato dos recém-nascidos interna- tratados para ILTB, apenas dois continua-
dos em UTI Neonatal com o caso-índice rão em tratamento por mais três meses.
mostra a necessidade de identificação do Como o risco de desenvolvimento da
sintomático respiratório, assim como a tuberculose ativa persiste por longo período,
realização da prova tuberculínica durante
deve-se garantir o acompanhamento sistemá-
os exames admissionais e periódicos dos
tico do crescimento e desenvolvimento dessas
serviços de saúde. Essas medidas permitem
crianças. Para tanto, o Ministério da Saúde
o diagnóstico precoce e, consequentemen-
define os Programas de Agentes Comunitários
te, previne a ocorrência de surtos hospitala-
de Saúde e de Saúde da Família (PACS/PSF)
res e a exposição de populações vulneráveis
como as estratégias prioritárias e capazes de
ao Mycobacterium tuberculosis.
resgatar o vínculo de co-responsabilidade
A prematuridade e o baixo peso podem entre os serviços e a população.13,14
levar à disfunção em qualquer órgão ou
Esses serviços devem, ainda, garantir a
sistema corporal. A fragilidade do prematu-
integralidade da assistência necessária às
ro contribui para a ocorrência de agravos e
sequelas de diversos tipos e com diferentes crianças que apresentaram as intercorrências
consequências ao desenvolvimento e descritas em momento vulnerável do cresci-
crescimento. Entre as crianças com cresci- mento e desenvolvimento, tendo em vista que
mento e desenvolvimento inadequados, a essas unidades devem garantir o acesso inicial
incidência de tuberculose primária é maior, da população aos serviços do Sistema Único de
tanto nas formas pulmonares quanto nas Saúde (SUS).
4,13
extrapulmonares. Considerando o Pacto pela Saúde e o
Entre os recém-nascidos acompanhados, processo de planejamento do SUS, a Portaria
foi observado que nos prematuros houve 3.252, de dezembro de 2009, define a necessi-
maior proporção de crianças com baixo dade de estratégias de integração entre a
peso e para as crianças com prematuridade vigilância e a atenção primária, considerando a
extrema o peso ao nascer foi inferior a necessidade de inserção gradativa das ações
2.500g em 100% dos casos. Assim, a avalia- de vigilância em saúde às práticas das equipes
11
ção clínica periódica dessas crianças deve de Saúde da Família.
ser rigorosamente instituída. No evento em questão, essa articulação com
A tuberculose pulmonar pode cursar a atenção primária ocorreu priorizando o
com qualquer padrão radiológico, daí a tratamento supervisionado de todos os

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pacientes com tuberculose ativa e em quimio- serviços de vigilância e assistência devem se


profilaxia para ILTB, à exceção dos profissiona- estruturar para que essa prática seja instituída
2
is de saúde. Foram ainda realizadas a busca no controle desse agravo.
ativa de contatos e a identificação de novos A investigação epidemiológica do caso-
sintomáticos respiratórios. Essas atividades índice e a adoção de medidas de controle
foram desenvolvidas considerando o conceito mostram a necessidade da integralidade de
de território de abrangência das equipes. ações entre a vigilância epidemiológica e os
O controle dos contatos de tuberculose deve serviços de assistência, para a busca ativa de
ser considerado como uma ferramenta impor- sintomáticos respiratórios, avaliação de
tante para prevenção do adoecimento e contatos e tratamento diretamente observado,
diagnóstico precoce dos casos de tuberculose com o intuito de interromper a transmissão
que ocorrem entre essas pessoas. Assim, os institucional da tuberculose.

REFERÊNCIAS
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de saúde: medidas institucionais de 2004;12(3):159-1.
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2. Manual de recomendações para o tuberculose: efeito protetor e políticas de
controle da tuberculose no Brasil. vacinação. Rev Saúde Pública. 2007;
Ministério da Saúde. Secretaria de 41(Supl.1): 59-66.
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Nacional de Controle da Tuberculose MBM; Chimello JT; Martinez FE; Moysés S.
2010. Disponível: portal.saúde.gov.br/ Prematuridade e muito baixo peso como
manual_de_recomendações_controle_tb_ fatores de risco no desenvolvimento da
novo.pdf. criança. Paidéia, FFCLRP-USP, Rib. Preto,
3. Freire ND, Bonametti AM, Matsuo T. jan/julho/2000.
Diagnóstico precoce e progressão da 9. Carvalho M, Gomes MA. A mortalidade do
tuberculose em contatos. Epidemiol Serv prematuro extremo em nosso meio:
Saúde. 2007; 16(3): 155-63. realidade e desafios. J Pediatr (Rio J).
4. Sant'ana CA. Tuberculose na criança. 2005; 81(1 Supl):S111-8.
Jornal de Pediatria. 1998;74(Supl. 1). 10. Ministério da Saúde. Portaria 3.252 de
5. Manual técnico para o controle da dezembro de 2009. Acessado em 03/9/
tuberculose. Cadernos de Atenção Básica 2010. Disponivel em:
n°6. Normas e Manuais Técnicos, n° 148. 1 http://portal.saúde.gov.br/portal/arquivo
ed. Brasília-DF, 2002. s/pdf/portaria3252davigilância em
6. Façanha CM; Gondim MBA; Salgueiro MF; saúde0501.pdf.
Rebouças LN; Siveira CB. Investigação de 11. Pinto VS; Paula RAC; Parron M. Atenção
contatos de tuberculose em local de suplementar nos municípios prioritários

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do Estado de São Paulo para pacientes em UploadArq/ProgramaTB.pdf.


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Tuberculose. Bol Pneumol Sanit. 2006; de risco para prematuridade:
14(3):159-66. pesquisa documental. Esc Anna
12. Programa de Controle da Tuberculose. Nery. Rev Enferm. 2009; 13(2):
Área Técnica de Pneumologia Sanitária. 297-304.
Departamento de Vigilância 14. Saúde da criança. Acompanhamento do
Epidemiológica. Secretaria de Vigilância crescimento e desenvolvimento infantil.
em Saúde. Ministério da Saúde. Acessado Série Cadernos de Atenção Básica n°11.
em 20/8/2010.Disponível em: Série A Normas e Manuais Técnicos
http://www.opas.org.br/prevencao/site/ n° 173. Brasília-SF 2002.

Correspondência/correspondence to:
Vera Maria Neder Galesi
Av. Dr. Arnaldo, 351, 6º andar, sala 612 – Cerqueira César
CEP: 01246000. São Paulo-SP – Brasil
Tel.: 55 11 3066-8764
Email: vgalesi@cve.saude.sp.gov.br

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Instruções aos Autores

Missão recusa ou devolução ao autor com as sugestões


O Boletim Epidemiológico Paulista apontadas pelo revisor.
(Bepa) é uma publicação mensal da Coorde-
nadoria de Controle de Doenças (CCD), órgão Tipos de artigo
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Artigos de pesquisa – Apresentam resulta-
(SES-SP) responsável pelo planejamento e
dos originais provenientes de estudos sobre
execução das ações de promoção à saúde e
quaisquer aspectos da prevenção e controle de
prevenção de quaisquer riscos, agravos e
agravos e de promoção à saúde, desde que no
doenças, nas diversas áreas de abrangência
escopo da epidemiologia, incluindo relatos de
do Sistema Único de Saúde de São Paulo
casos, de surtos e/ou vigilância. Esses artigos
(SUS-SP). Editado nos formatos impresso e
devem ser baseados em novos dados ou
eletrônico, documenta e divulga trabalhos
perspectivas relevantes para a saúde pública.
relacionados a essas ações, de maneira
Devem relatar os resultados a partir de uma
rápida e precisa, estabelecendo canal de
perspectiva de saúde pública, e podem, ainda,
comunicação entre as diversas áreas do SUS-
ser replicados e/ou generalizados por todo o
SP. Além de disseminar informações entre os
sistema (o que foi encontrado e o que a sua
profissionais de saúde de maneira rápida e descoberta significa).
precisa, tem como objetivo incentivar a
produção de trabalhos técnico-científicos Revisão – Avaliação crítica sistematizada da
desenvolvidos no âmbito da rede pública de literatura sobre assunto relevante à saúde
saúde, proporcionando a atualização e, pública. Devem ser descritos os procedimentos
conseqüentemente, o aprimoramento dos adotados, esclarecendo os limites do tema. Os
profissionais e das instituiçõesresponsáveis artigos desta seção incluem relatos de políticas
pelos processos de prevenção e controle de de saúde pública ou relatos históricos baseados
doenças, nas esferas pública e privada. em pesquisa e análise de questões relativas a
doenças emergentes ou reemergentes.
Comunicações rápidas – São relatos curtos
Política editorial destinados à rápida divulgação de eventos
Os manuscritos submetidos ao Bepa devem significativos no campo da vigilância à saúde. A
atender às instruções aos autores, que seguem sua publicação em versão impressa pode ser
as diretrizes dos Requisitos Uniformes para antecedida de divulgação em meio eletrônico.
Manuscritos Apresentados a Periódicos Biomédi- Informe epidemiológico – Tem por
cos, editados pela Comissão Internacional de objetivo apresentar ocorrências relevantes
Editores de Revistas Médicas (Committee of para a saúde coletiva, bem como divulgar
Medical Journals Editors – Grupo de Vancouver), dados dos sistemas públicos de informação
disponíveis em: http://www.icmje.org/. sobre doenças e agravos e programas de
Após uma revisão inicial para avaliar se os prevenção ou eliminação de doenças infecto-
autores atenderam aos padrões do Bepa, os contagiosas.
trabalhos passam por processo de revisão por Informe técnico – Texto institucional que
dois especialistas da área pertinente, sempre tem por objetivo definir procedimentos,
de instituições distintas daquela de origem do condutas e normas técnicas das ações e
artigo, e cegos quanto à identidade e vínculo atividades desenvolvidas no âmbito da
institucional dos autores. Após os pareceres, o Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Conselho Editorial, que detém a decisão final (SES-SP). Inclui, ainda, a divulgação de práti-
sobre a publicação ou não do trabalho, avalia a cas, políticas e orientações sobre promoção à
aceitação do artigo sem modificações, a sua saúde e prevenção e controle de agravos.

Instruções aos Autores


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Bepa 2011;8(87):46-47

Resumo – Serão aceitos resumos de teses e Os critérios éticos da pesquisa devem ser
dissertações até um ano dois anos após a defesa. respeitados. Nesse sentido, os autores devem
Pelo Brasil – Deve apresentar a análise de explicitar em MÉTODOS que a pesquisa foi
concluída de acordo com os padrões exigidos
um aspecto ou função específica da promoção à
pela Declaração de Helsink e aprovada por
saúde, vigilância, prevenção e controle de
comissão de ética reconhecida pela Comissão
agravos nos demais Estados brasileiros.
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vincula-
Atualizações – Textos que apresentam, da ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem
sistematicamente, atualizações de dados como registro dos estudos de ensaios clínicos
estatísticos gerados pelos órgãos e programas em base de dados, conforme recomendação aos
de prevenção e controle de riscos, agravos e editores da Lilacs e Scielo, disponível em:
doenças do Estado de São Paulo. http://bvsmodelo.bvsalud.org/site/lilacs/
Editoriais – São escritos por especialistas homepage.htm. O nome da base de dados, sigla
convidados a comentar artigos e tópicos e/ou número do ensaio clínico deverão ser
colocados ao final do RESUMO.
especiais cobertos pelo Bepa.
O trabalho deverá ser redigido em Português
Relatos de encontros – Devem enfocar o
do Brasil, com entrelinhamento duplo. O
conteúdo do evento e não sua estrutura.
manuscrito deve ser encaminhando em formato
Cartas – As cartas permitem comentários eletrônico (e-mail, disquete ou CD-ROM) e
sobre artigos veiculados no Bepa, e podem ser impresso (folha A4), aos cuidados do Editor
apresentadas a qualquer momento após a sua Científico do Bepa no seguinte endereço:
publicação.
OBS – Os informes técnicos, epidemiológi- Boletim Epidemiológico Paulista
co, Pelo Brasil, atualizações e relatos de
Av. Dr. Arnaldo, 351, 1º andar, sala 131
encontros devem ser acompanhados de carta
Cerqueira César – São Paulo/SP, Brasil
do diretor da instituição à qual o autor e
CEP: 01246-000
oobjeto do artigo estão vinculados. Clique aqui
bepa@saude.sp.gov.br
para ter acesso ao modelo.

Estrutura dos textos


Apresentação dos trabalhos
O manuscrito deverá ser apresentado
Ao trabalho deverá ser anexada uma carta segundo a estrutura das normas de Vancouver:
de apresentação, assinada por todos os TÍTULO; AUTORES e INSTITUIÇÕES; RESUMO
autores, dirigida ao Conselho Editorial do e ABSTRACT; INTRODUÇÃO; METODOLOGIA;
Boletim Epidemiológico Paulista. Nela deve- RESULTADOS; DISCUSSÃO e CONCLUSÃO (se
rão constar as seguintes informações: o houver); AGRADECIMENTOS; REFERÊNCIAS
trabalho não foi publicado, parcial ou inte- BIBLIOGRÁFICAS; e TABELAS, FIGURAS e FO-
gralmente, em outro periódico; nenhum autor TOGRAFIAS anexas, conforme ordem a seguir.
tem vínculos comerciais que possam repre- A íntegra das instruções aos autores quanto
sentar conflito de interesses com o trabalho à categoria de artigos, processo de arbitragem,
desenvolvido; todos os autores participaram preparo de manuscritos e estrutura dos textos,
da elaboração do seu conteúdo (elaboração e entre outras informações, estão disponíveis no
execução, redação ou revisão crítica, aprova- site: http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/
ção da versão final). bepa37_autor.htm.

Instruções aos Autores


página 47
CCD
COORDENADORIA DE
SECRETARIA
CONTROLE DE DOENÇAS DA SAÚDE

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    131
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    Ortodontia e Agenesias Dentárias
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