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(3)
sentam maiores taxas que os homicídios . se constitui numa fonte importante para o estudo dos
No Estado de São Paulo as causas externas ocupa- acidentes e violências.
ram o terceiro lugar com 13,5% do total de mortes, Os dados foram analisados através dos números
sendo que os homicídios representaram 45,9% do total absolutos, proporções e taxas. Para a análise de
(4)
de causas externas . E na Capital paulista as causas tendência foi utilizado o teste de regressão linear.
externas representaram 11,0% dos óbitos e os homicí- Para o cálculo dos coeficientes foram utilizadas as
dios 56,3% do total de causas externas. Algumas estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia
regiões do município mostram uma situação ainda Estatística (IBGE), com base no Censo 2000.
mais grave, uma vez que dados levantados pela
Prefeitura revelam que entre os 43 distritos de saúde, Resultados e discussão
em 11 (25,6%) os homicídios são a primeira causa de
morte para a população geral(5). Análise temporal
Considerando o presente contexto, a magnitude e A figura 1 mostra a série temporal dos coeficientes
transcendência do problema, o Centro de Vigilância de homicídios entre 1980 e 2002. No Estado de São
Epidemiológica realizou este estudo, que tem como Paulo as taxas variaram de 13,8 a 38,9/100.000 habi-
objetivo analisar a tendência e o perfil dos homicídios tantes no período, revelando um aumento de 182%, o
na população residente no Estado e no Município de coeficiente médio foi de 29,9, e o incremento foi de 1,2
São Paulo. a cada ano. Esse crescimento observado foi significa-
tivo pelo teste de regressão linear. A análise para o
Município de São Paulo mostra taxas e aumentos
Material e métodos maiores no período, apontando que este problema é
A base das informações é a Declaração de Óbito, ainda mais relevante nos grandes centros urbanos. A
proveniente do Sistema de Informações de Morta- variação foi de 17,5 a 53,9/100.000 habitantes, mos-
lidade. Em razão do interesse em mostrar as informa- trando que as taxas mais que triplicaram no período
ções mais recentes disponíveis, foram utilizadas duas (crescimento de 208%, significativo pelo teste de
fontes diferentes de dados: regressão linear). O coeficiente médio no período foi
1) para a análise de tendência (período de 1980 a 42,4, com incremento de 1,8 ao ano.
2002) e perfil de homicídios nos residentes do Estado
de São Paulo (para o ano de 2002) foi utilizado o banco Figura 1
disponibilizado pelo Sistema Estadual de Análise de Distribuição temporal dos coeficientes de homicídios. Estado (ESP)
e Município (MSP) de São Paulo, 1980 a 2002
Dados (Fundação Seade) para a Secretaria de Estado
da Saúde; MSP
ESP
2) para o perfil dos homicídios entre os residentes do
70
município de São Paulo, o banco de dados utilizado foi
disponibilizado pelo Programa de Aprimoramento das 60
Informações de Mortalidade do Município de São Paulo
50
(PRO-AIM), para o primeiro semestre de 2004 (dados
C o e f/1 0 0 .0 0 0
sujeitos a revisão). 40
82
84
88
90
92
94
96
98
00
02
19
19
19
19
19
19
19
20
19
19
19
20
ainda muito cedo para estas respostas, mas isto A razão de masculinidade é sempre maior do que
aponta a necessidade de monitoramento desses um, mas nessas faixas etárias é de 14,6 e de 16,2
dados de forma ágil e mais desagregada. homens para cada mulher. A grande maioria dessas
A Capital responde por cerca de um terço dos mortes (64,9%) foi causada por armas de fogo,
homicídios ocorridos no Estado, portanto, qualquer seguindo-se os objetos cortantes com 7,4% do total
variação nos seus índices vai determinar variações (tabela 2). As agressões por mecanismo não especifi-
nos índices estaduais. Por isso, seria importante cado responderam por 23,5% do total de mortes,
verificar se este declínio também está sendo observa- apontando que estratégias devem ser implantadas
do em outras Regionais e quais são elas. para melhorar a qualidade do preenchimento das
Declarações de Óbito.
Estado de São Paulo Tabela 2
Distribuição de tipos de mecanismos de homicídios (n e %). Estado
No Estado de São Paulo, em 2002, foram 14.842 de São Paulo (ESP), 2002, e Município de São Paulo (MSP), primeiro
as vítimas fatais por homicídios, cujo coeficiente semestre 2004
alcança 38,9/100.000 habitantes. A comparação com
dados de outros países auxilia na compreensão do Tipo de Mecanismos ESP MSP
que esses números representam em termos de de Homicídios
N % N %
grandeza. Na Califórnia, Estados Unidos, cuja
Agressão por Arma de Fogo 9.633 64,9 1.341 66,1
população de cerca de 34 milhões de pessoas é
numericamente próxima à de São Paulo, os dados de Agressão por
2000 registram a ocorrência de 2.128 homicídios, Objeto Cortante/penetrante 1098 7,4 74 3,6
(6)
com coeficiente de 6,3/100.000 habitantes .
A distribuição por faixa etária e sexo mostra como Agressão por
o homem adulto jovem tem um risco maior de ser Objeto Contundante/ força física 343 2,33
2, 12 0,6
vítima de homicídio. Os coeficientes de mortalidade Agressão por
chegam a 82,2 e a 70,6 (por 100.000 habitantes) nas Estrangulamento 163 1,1 14 0,7
faixas etárias de 15 a 24 anos e de 25 a 34 anos, Agressão não especificada 3.484 23,5 578 28,5
respectivamente (figura 2)
Outras 121 0,8 10 0,5
Figura 2 TOTAL
Mortalidade por homicídios segundo faixa etaria. Estado, 2002, e
14.842 100,0 2.029 100,0
Município de São Paulo, primeiro semestre 2004 Fonte: PRO-AIM (MSP, 1º semestre 2004) e Fundação Seade (ESP, 2002)
90,0
80,0
70,0
ESP
MSP
60,0
Coef/100.000
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
< 5 anos 5 a 14 15 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 54 55 a 64 65 a 74 75 ou +
Anos
A análise dos dados, por Regional de Saúde figura que seis regionais ficaram acima da média do
(figura 3), mostra quão diversa é esta distribuição, Estado. Das que constituem a Grande São Paulo,
com coeficientes variando de 7,0 a 68,8 óbitos por apenas Franco da Rocha não se encontra entre
100.000 habitantes (Regionais de Bauru e Osasco, elas. Em contrapartida, as Regionais de Bauru,
respectivamente). O Município de São Paulo Barretos, São José do Rio Preto e Presidente
ocupou o terceiro lugar (54,0 óbitos por 100.000 Prudente apresentaram coeficientes abaixo de 10,0
habitantes). É interessante observar na mesma óbitos por 100.000 habitantes.
Figura 3
Mortalidade por homicídios segundo Regionais de Saúde - Estado de São Paulo, 2002
80
68,8
70
60
55,3
54
52,3
49,9
50
C oe f. 1 0 0 . 0 0 0 h
42,2
38,9
40
32,8
30,8
30 26
21,8 20,8
20,2
18,9
20 16,5 15,5 14,6
14,2 13,5
11,7 10,8
9,6 9,5
10 8,4
7
S . Jo sé d o R i o Pr et o
M o j i d as C ru z e s
S . Jo sé d o s C am p o s
A s si s
Pr es i de n te P r u de n te
S . Pa u lo
R i b e i r ã o P r e to
R e g i s tr o
S a n to s
Sa n to A n d ré
C a m p in a s
M ar íl i a
S. Jo ã o d a B o a Vi st a
F r an c a
B ar r et o s
O sa sco
E sta d o d e S . Pa u lo
B o tu c a tú
B au r ú
F r an co d a R o c ha
Pi r ac ic ab a
S o ro c ab a
T a u b a té
A r a ç a tu b a
A r ar a qu a r a
Município de São Paulo valores dessa razão diminuem, o que sugere que
Para os 2.029 homicídios ocorridos no primei- nas faixas etárias extremas ambos os sexos são
ro semestre de 2004 observa-se predominância expostos às mesmas circunstâncias que levam à
acentuada do sexo masculino, com 93,1% do total morte por homicídios.
das mortes por homicídios. O coeficiente de mor- Em relação à distribuição segundo faixa etária
talidade encontrado é 37,8/100.000, sendo de (figura 2), os adolescentes e adultos jovens de 15 a 24
73,7/100.000 para o sexo masculino e 5,0/100.000 anos apresentaram os coeficientes mais altos, atingin-
para o feminino. A razão entre os coeficientes do o valor de 81,3 por 100.000 habitantes (chega a
masculino/feminino é de 14,7, ou seja, o risco de 157,2 para o sexo masculino). Esta distribuição é muito
um homem morrer vítima de homicídio na Capital similar à que ocorre no Estado como um todo. A análise
paulista é cerca de 15 vezes o da mulher. É impor- dessas mortes, segundo o mecanismo de agressão
tante assinalar que este risco é mais expressivo (tabela 2), mostra que são as armas de fogo que
nas faixas etárias de 15 a 34 anos, nas quais a causaram a maior parte dessas mortes (64,9%),
razão masculino/feminino alcança o valor de 17,1. ficando em segundo lugar os objetos cortantes, com
Já nas faixas etárias mais jovens (abaixo de 14 3,6% do total. As agressões por mecanismo não
anos) e mais avançadas (acima de 55 anos) os especificado respondem por 28,5% do total de mortes.
O Município de São Paulo apresenta grande da cabeça, barra de ferro ou madeira, segundo o laudo
diversidade em relação ao coeficiente de homicídi- oficial do Instituto Médico Legal (IML)(1).
os entre os diferentes Distritos Administrativos, vari- No ano 2000, o censo Fipe/SAS/PMS contabilizou
ando de 2,7 no Jardim Paulista até 73,4/100.000 8.706 moradores de rua, sendo 5.013 nas ruas e
habitantes no Brás. A tabela 1 apresenta os distritos 3.693 albergados; a maior parte deles está nos
com maiores e menores coeficientes por 100 mil distritos da região central como a Sé e República. O
habitantes, comparando com o total do município de distrito da Mooca também apresenta concentração
São Paulo e o distrito da Sé, onde ocorreram as expressiva de moradores nessas condições pelo
agressões aos moradores de rua. Observa-se que número de vagas em albergues oferecidas. O número
os Distritos com maiores coeficientes de homicídios desses moradores na região central da cidade pode
correspondem às áreas de menor renda do ser explicado pela grande circulação de pessoas
Município, e aqueles com menores coeficientes existente, decorrente da maior oferta de serviços,
correspondendo às áreas com maior renda, segun- ônibus, comércio, etc., fazendo com que o número de
do os dados do Censo 2000, o que já vem sendo
(7) doações, fonte de sobrevivência dessa população,
apontado em trabalhos anteriores . Ressalta-se (8)
seja um fator atrativo .
que as taxas dos distritos localizados no Centro da
cidade devem ser analisadas com cuidado, tendo
em vista o tamanho da população. Considerações finais
Tabela 1 Os resultados encontrados neste trabalho
Distribuição de coeficientes de homicídios, segundo distritos
administrativos do Município de São Paulo, primeiro semestre de
mostram um expressivo número de mortes e taxas
2004 (por 100.000 habitantes) altas tanto no Estado como no Município de São
Coeficiente de Paulo. Sempre deve ser assinalado que o acometi-
Distritos Administrativos Homicídios
(por 100.000 hab.)
mento desta população de adolescentes e jovens,
que compõe as maiores vítimas da violência, coloca
Jardim Paulista 2,66 em risco os ganhos obtidos na esperança de vida
Saúde 3,55 brasileira nos últimos tempos. Da mesma forma,
Lapa 3,62 também deve ser apontado que a exclusão social é
Vila Mariana 5,09 um fator que contribui para tornar indivíduos,
Moema 5,91 famílias, grupos sociais e comunidades particular-
Perdizes 6,11 mente vulneráveis à violência.
Pinheiros 7,12
O decréscimo observado nas taxas nos últimos
Município de São Paulo 37,56 dois anos na cidade de São Paulo sinaliza que a
Sé 57,73 sociedade estaria menos violenta? Um estudo
Jardim
Jardim Ângela 63,78 sobre a questão (dados não publicados) discute que
Grajaú 64,13 esta hipótese contraria o senso comum que percebe
Brasilândia 66,75 uma espiral ascendente de violência gratuita na
Parelheiros 69,13
sociedade e não é corroborada por outros indicado-
Bom Retiro 70,01
res de violência relacionados a agressões e confli-
São Miguel 70,57
tos interpessoais. Do ponto de vista epidemiológico,
Brás 73,39
isto aponta que estes dados devem ser acompanha-
Fonte: PRO-AIM
dos, divulgados e discutidos agilmente.
O papel da área da saúde no tratamento das vítimas
Moradores de rua é inequívoco. Já o seu papel na prevenção da violência
O perfil dos moradores de rua agredidos e das ainda vem sendo discutido pelos profissionais da área.
agressões(1) é diverso do perfil dos homicídios no Mas é mesmo possível prevenir violências? Sim e, por
Município de São Paulo. Em relação ao sexo houve serem várias as experiências de intervenção, tanto
predominância masculina, pois os homens foram nacionais quanto internacionais, este tema merece ser
86,7% das vítimas. Em relação às idades, a análise é abordado em um outro trabalho. Para este estudo,
limitada porque quase a metade das vítimas (46,7%) espera-se que, sendo a epidemiologia um instrumento
não foi identificada. Entre os identificados, as idades essencial para a detecção, controle e prevenção de
variaram entre 40 e 56 anos, mais velhos que a maioria problemas de saúde, a análise epidemiológica aqui
das vítimas de homicídios do Município. Também o realizada possa contribuir para uma melhor compreen-
mecanismo de agressão é diverso, uma vez que todas são do problema, subsidiando políticas de prevenção,
as agressões foram por objeto contundente na região que devem ser realizadas de forma intersetorial.
Referências
1. Folha On Line. Acesso em 23/08/04. Disponível em http:// Vigilância da Qualidade da Água para
www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u98715.shtml Consumo Humano no Estado de São
2. W.H.O. - World Health Organization. World
report on violence and health. http://
Paulo
www.who.in/violence_injury_prevention. Em 6/10/02.
3. United Nations. Demographic yearbook-1998. New Ângela Percz Pocol e Luis Sérgio Ozório Valentim
Centro de Vigilância Sanitária da
York, 1999.
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
4. Gawryszewski VP & Hidalgo N. Mortes por causas
externas no Estado de São Paulo, ano 2002. Bepa,
Boletim Epidemiológico da Agência Paulista de
Controle de Doenças. Janeiro 2004 1(1):3-5. Introdução
5. Prefeitura do Município de São Paulo. A oferta de água em quantidade e qualidade
Acessado em 03/09/2004. Disponível em adequadas é fator imprescindível para a prevenção
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/ de riscos à saúde e melhoria da qualidade de vida da
mortalidade/0013.
população. Por este motivo, o setor saúde assumiu,
6. CDC, Centers for Disease Control and historicamente, um papel ativo na vigilância da
Prevention, em 28/08/2004. Disponível em qualidade da água para consumo humano. Esta
http://webappa.cdc.gov/sasweb/ncipc/mortrate10.htm.
atribuição adquire alto grau de complexidade em um
7. GAWRYSZEWSKI, V. P., Jorge, M. H. P. M. Morta- Estado como São Paulo, que possui população hoje
lidade violenta no município de São Paulo nos últimos estimada em 39,2 milhões de habitantes, taxa de
40 anos. Revista Brasileira de Epidemiologia. São
urbanização de 93,5% e o maior parque industrial do
Paulo/ Brasil: 2000, v.3, p.50 - 69.
País. Além de intenso, o uso e ocupação do território
8. Sposati A. Mapa da exclusão/inclusão social da cidade paulista ocorreram de modo desigual, concentrando
de São Paulo/2000. Dinâmica social dos anos 90.
população e atividades potencialmente poluidoras
CD-Rom.
em determinadas áreas do Estado. Atualmente 22,9
milhões de pessoas, 58% do total do Estado, vivem
nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas
e Baixada Santista.
Tal cenário que envolve crescimento desordenado
das cidades, deficiências no saneamento básico,
intensa urbanização e exploração dos recursos
naturais, entre outros problemas implica impactos
diretos na qualidade dos mananciais. Algumas
regiões já apresentam desequilíbrios entre demanda
e disponibilidade de água, como é o caso da que
abrange a bacia hidrográfica do Alto Tietê, onde está
assentada a quase totalidade da população da
Região Metropolitana de São Paulo. Esta bacia
convive com um déficit de recursos hídricos que
obriga o uso sistemático de água de outra bacia, da
região de Piracicaba e Campinas, gerando sérios
conflitos de interesses.
Além da quantidade, causa preocupação a qualida-
de dos mananciais. Relatórios recentes da Cetesb
indicam que 53% dos corpos de água amostrados em
2003 no estado apresentavam qualidade péssima,
ruim ou regular. Não só os mananciais superficiais, mas
também os subterrâneos, vêm dando mostras de
exploração excessiva e de contaminação. Nitrato,
Escreva para o Bepa. cromo, bário, ferro, manganês, fluoretos e chumbo são
substâncias que a Cetesb vem encontrando em poços
bepa-agencia@saude.sp.gov.br tubulares perfurados no Estado, algumas delas têm
origem antrópica. Na Região Metropolitana de São
Paulo, os passivos ambientais decorrentes das
atividades industriais provocam a contaminação de como para o controle da qualidade da água para
poços por hidrocarbonetos, solventes halogenados e consumo humano. Em março de 2004 foi publicada a
diversos outros contaminantes. Portaria Federal Nº 518, em vigência, que não trouxe
Neste contexto, um programa de vigilância da alterações significativas em relação aos procedimen-
qualidade da água para consumo humano no Estado tos programáticos de 2000. Elas conferem atribui-
de São Paulo deve estar baseado em atuação ções e responsabilidades aos municípios, dando
intersetorial e integradora para que se obtenha ênfase à avaliação dos riscos que os sistemas e
resultados efetivos, uma vez que a gestão das águas soluções alternativas de água oferecem ao consumi-
é assunto que interessa a toda a sociedade. dor e à necessidade de articulação do setor saúde
O Proágua Programa de Vigilância da Qualidade com as demais instituições envolvidas na gestão dos
da Água para Consumo Humano do Estado de São recursos hídricos.
Paulo, implantado em 1992, vem ao longo destes Em janeiro de 2003, o CVS publicou a Resolução
anos procurando se aperfeiçoar, de modo a adequar Estadual SS nº 04, em substituição à Resolução SS
e direcionar as ações à dinâmica e complexidade nº 293/96, estabelecendo os atuais procedimentos
deste contexto. Isto implica atuar na gestão integra- e responsabilidades relativos ao controle e vigilân-
da dos recursos hídricos, na avaliação de riscos dos cia da qualidade da água para consumo humano
sistemas produtores de água, no pleno conheci- para o Estado, em consonância com as diretrizes do
mento da qualidade da água produzida pelos SUS, especialmente no tocante à descentralização
sistemas e na avaliação dos impactos decorrentes das ações.
do consumo da água.
Este trabalho aborda, particularmente, as ativida- O Programa de Vigilância da Qualidade da Água
des desenvolvidas e resultados obtidos em relação à para Consumo Humano no Estado de São Paulo
qualidade da água produzida pelos sistemas públicos O Próagua tem sido importante na promoção e
de abastecimento, no período de 1997 a 2003. proteção da saúde da população do Estado, pois
possibilita o acompanhamento da qualidade da água
Breve histórico consumida, a identificação de situações de risco à
Desde a publicação do Decreto Federal nº saúde, a intervenção na captação, tratamento e
92.752/86, que instituiu o Programa Nacional de distribuição da água destinada ao consumo humano
Vigilância da Qualidade da Água para Consumo e o desencadeamento de medidas necessárias para
Humano, o Centro de Vigilância Sanitária realiza adequação das diferentes formas de abastecimento.
ações que avaliam a qualidade da água consumida Além do acompanhamento, avaliação e interven-
pela população. ção, cabe ao programa fomentar ações conjuntas
O Proágua foi implantado em janeiro de 1992(1). com as diversas instituições afins, para tornar mais
Em 1996, foram estabelecidos novos procedimentos efetivos os procedimentos voltados à melhoria dos
programáticos para o estado de São Paulo: obrigato- sistemas e soluções alternativas de abastecimento
riedade do cadastramento dos sistemas públicos de de água. Espera-se, com isto, impedir ou reduzir a
abastecimento de água e definição do fluxo de disseminação de doenças de veiculação hídrica na
informações relativo ao controle da qualidade da população.
água dos sistemas de abastecimento .
(2)
O Proágua consiste em um conjunto de ações
A coleta de amostras de água para fins de avalia- contínuas, por parte da autoridade sanitária, para
ção da potabilidade foram transferidos para a esfera verificar o atendimento aos padrões de potabilidade
municipal em 1999, bem como a adoção de medidas da água estabelecidos em legislação e avaliar o risco
legais decorrentes de situações de não conformidade que as diversas formas de abastecimento represen-
em relação aos resultados das análises realizadas(3). tam para a saúde humana. As principais ações
As análises laboratoriais e a emissão dos laudos aos desenvolvidas pelo programa são:
municípios permaneceram com a esfera estadual. I. Cadastramento dos sistemas e das soluções
Nessa ocasião, a vigilância da qualidade da água alternativas de abastecimento de água;
passam a compor o chamado Teto Financeiro de II. Monitoramento da qualidade da água para
Epidemiologia e Controle de Doenças (TFECD), cuja consumo humano por meio de análises de vigilância,
certificação habilitou 95% dos municípios do Estado a nos parâmetros básicos de rotina: bacteriológicos e
realizar as coletas de amostras de água para fins de físico- químicos (cloro residual livre, pH, turbidez, cor
vigilância em 2000. e flúor);
(4)
Nesse mesmo ano ocorreram novas definições III. Avaliação de risco das diversas formas de
(conceitos e procedimentos) tanto para a vigilância abastecimento por meio de:
N º d e a n á lis e s
públicos (gráfico 2).
70.000
Gráfico 2 60.000
Análises laboratoriais para coliformes totais e fecais, período 1997 50.000
e 2003
40.000
30.000
100.000 20.000
N º d e a n á lis e s
10.000
80.000 0
60.000 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
40.000
Nº Total de Análises Não Atende ao Padrão Recomendado
20.000 Fonte: Consolidado Proágua/Sistemas de Abastecimento Público de Água
Gráfico 3
Análises laboratoriais para cloro residual livre, período de 1997 15.000
a 2003
10.000
N º D E A N Á LIS E S
50.000
5.000
40.000
0
30.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
20.000
Nº Total de Análises Não atende o padrão
10.000
Fonte: Consolidado Proágua/Sistemas de Abastecimento Público de Água
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Considerações Finais
As ações relativas à coleta e análise laboratorial
Nº Total de Análises Não Atende ao Padrão para vigilância da água dos sistemas públicos de
Fonte: Consolidado Proágua/Sistemas de Abastecimento Público de Água abastecimento passaram por um notável aprimora-
mento no Estado de São Paulo, especialmente nes-
Quanto aos parâmetros físico- químicos (turbidez, tes últimos seis anos. Expandiu a abrangência do
pH e cor), o progresso foi ainda mais significativo. Programa e aumentou o número de coletas e análi-
Entre 1997 e 2003, o número de análises cresceu ses. Ao mesmo tempo, os dados indicam uma signifi-
quase 30 vezes. Aumentou a cobertura de vigilância e cativa melhoria da qualidade da água, com redução
melhorou a qualidade da água: em seis anos a por- das análises fora do padrão de potabilidade, quando
centagem de amostras fora dos padrões recomenda- considerados os sete parâmetros básicos de referên-
dos de potabilidade foi reduzida de 19,8% para 2,0%. cia do Proágua.
Melhorou também a capacidade de gerencia- executadas pelos responsáveis dos sistemas e soluções
mento e articulação do Programa entre os níveis alternativas de abastecimento de água com o objetivo de
verificar se a água fornecida à população é potável, assegu-
central, regional e municipal, que hoje abrangem rando a manutenção dessa condição.
97% dos municípios do Estado. No entanto, novos 7. Com a publicação da Portaria Federal Nº 518/04, o termo
desafios se impõem. A crescente urbanização e Coliforme Fecal é substituído por Coliforme Termotolerante.
industrialização em algumas regiões de São Paulo
exige um olhar voltado às novas demandas decor-
Bibliografia
rentes deste contexto.
1. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Ministério da
A vigilância da qualidade da água para consumo Saúde. Manual do Curso Básico de Vigilância
humano, que por muito tempo se pautou no monitora- Ambiental em Saúde. Brasília, 2001.
mento biológico e na análise laboratorial de alguns 2. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Ministério da
parâmetros básicos, já não responde às necessida- Saúde. Manual de Saneamento. 3ª Edição. Brasília,
des atuais. O contexto exige novas interpretações, 1999.
tais como a avaliação das relações entre disponibili- 3. Brasil. Lei Federal no. 8.080, de 19 de setembro de
dade e demanda dos recursos hídricos, implicações 1990. Dispõe sobre as condições para promoção,
da ocupação do território na qualidade dos manancia- proteção e recuperação da Saúde, a organização e o
is, evolução dos processos tecnológicos de tratamen- funcionamento dos serviço correspondentes e dá
to, além das situações que resultam na eutrofização outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 20
dos mananciais ou na contaminação da água por tri- set. 1990.
halometanos, cryptosporidium e giárdias, metais 4. Brasil. Portaria Ministério da Saúde nº 518, de 25 de
pesados, cianobactérias, etc. Neste cenário, a inte- março de 2004. Estabelece os procedimentos e
gração interinstitucional e a apropriação de informa- responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão
ções disponíveis em diferentes áreas do conheci-
de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial
mento é fundamental para a tomada de decisões no da União, Brasília, 26 mar. 2004, Seção 1.
sentido da prevenção de riscos à saúde e melhoria de
5. Estado de São Paulo. Lei nº 10.083, de 23 de setem-
qualidade de vida da população. bro de 1998. Dispõe sobre o Código Sanitário do Estado
de São Paulo. Diário Oficial do Estado, São Paulo, 24
Agradecimento set.1998. Seção 1.
Os autores agradecem à médica e socióloga Marília 6. Estado de São Paulo. Resolução Estadual SS nº 04,
K. Uehara, do CVS, pelo auxílio na edição deste texto. de 10 de janeiro de 2003. Estabelece os procedimentos
e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano no Estado de
Notas São Paulo e dá outras providências. Diário Oficial do
1. Estado de São Paulo. Resolução Estadual SS nº 45, de 31 Estado, São Paulo, 11 jan. 2003. Seção 1.
de janeiro de 1992. Institui o Programa de Vigilância da 7. Heller, L. Saneamento e Saúde. Organização Pan-
Qualidade da Água para Consumo Humano - Proágua e Americana de Saúde. Escritório Regional da
aprova diretrizes para a sua implantação no âmbito da Organização Mundial da Saúde. Representação Brasil.
Secretaria da Saúde. Diário Oficial do Estado, São Paulo, 1 Brasília. 1997.
fev. 1992. Seção 1.
2. Estado de São Paulo. Resolução Estadual SS 293, de 25 de 8. Organización Mundial de la Salud. Guias para la
outubro de 1996. Estabelece os procedimentos do Programa Calidad del Agua Potable. 2ª Edição. Volume 1.
de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano Genebra, 1995.
no Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Diário
Oficial do Estado, São Paulo, 26 out. 1996. Seção 1.
r
3. Brasil. Portaria Ministério da Saúde nº 1399, de 15 de v.b
. go
dezembro de 1999. Regulamenta a NOB SUS-96 no que se . .sp
refere às competências da união, estados, municípios e distrito PA de
BE au
federal, na área de epidemiologia e controle de doenças, define o s
ra a@
a sistemática da financiamento e dá outras providências. Diário pa n c i
a e
Oficial da União, Brasília, 16 dez. 1999, Seção 1. ev g
s cr a-a
E ep
4. Brasil. Portaria Ministério da Saúde nº 1469, de 29 de b
dezembro de 2000. Estabelece os procedimentos e respon-
sabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 22
fev. 2001, Seção 1.
5. Conforme definidos na legislação em vigor, Portaria
Federal Nº 518/ 2004 e Resolução Estadual SS Nº 04/ 2003.
6. Entende-se por “controle” o conjunto de atividades
partir de materiais como triturado de coágulo, plas- 2.CDC. Centers for Disease Control
ma, biópsia de pele, tecido de necrópsia e amostras and Prevention. Disponível em:<
de artrópodes. Tais materiais podem ser inoculados htpp//www.cdc.gov/ncidod/dvrd/rmsf/index.htm.
em animais experimentais, culturas primárias Acesso em 9/9/04.
de embrião de galinha ou em linhagens de células 3. Cory, J.; Yunker, C.E.; Ormsbee, R.A.; Peacok, M.;
Meibos, H.; Tallent, G. Plaque assay of rickettsiae in a
Vero, HeLa, WI-38, LLC-MK2, BSC-1 ou Hep-2 entre
mammalian cell line. Appl Microbiol, v. 27, p. 1157-
outras (COX, 1941; Cory et al. 1974; JONHNSON, 1161,1974.
PEDERSON, 1978). A multiplicação riquetsiana pode 4. Cox, H.R. Cultivation of rickettsiae of the Rocky
ser acompanhada através do efeito citopático (ECP) Mountain spotted fever, Typhus and Q fever groups in
e a confirmação do grupo de riquétsias é feita através the embryonic tissues of developing chicks. Science,
da RIFI (KELLY et al. 1991; PAYA et al., 1987; SCOLA; v.94, p. 399-403, 1941.
RAOULT, 1997). 5. Jonhson, J.W.; Pedersen, C.E. Plaque formation by
O isolamento seguido de caracterização molecular strains of spotted fever rickettsiae in monolayer cultures
é fundamental para a descoberta de novas riquetsio- of various cell types. J Clin Microbiol, v, 7:p. 389-391,
ses, especialmente em regiões onde as riquétsias 1978.
ainda não tenham sido identificadas, pois diferentes 6. Kelly, J.P.; Raoult, D.; Mason, P.R. Isolation of spotted
riquetsioses podem apresentar as mesmas manifesta- fever group rickettsial from triturated ticks using a
modification of the centrifugation vial technique.Trans R
ções clínicas e os testes sorológicos, frente a determi- Soc Trop Med Hyg, v. 85, p. 397-398, 1991.
nados antígenos, podem resultar positivos em função
7. Paya, C.V.; Wold, A D.; Smith, T.F. Detection of
da existência de reações cruzadas (JONHNSON, cytomegalovirus infections in specimens other than
PEDERSON, 1978; WALKER. CAIN, 1980). urine by the shell vial assay and conventional tube cell
As técnicas de biologia molecular para a detec- cultures. J Clin Microbiol, v. 25, p. 755-757, 1987.
ção e identificação de riquétsias podem ser basea- 8. Phillip, R.N.; Casper, E.A.; Burgdorfer,w.; Gerloff,
das na reação em cadeia da polimerase (PCR), R.K.; Hughes, L.E.; Bell, E.J. Serologic typing of
PCR associada à análise de polimorfismos de rickettsiae of the spotted fever group by
tamanho de fragmentos de restrição (PCR/RFLP) microimmunofluorescence. J Immunol, v. 121, p.1961-
1968, 1978.
ou, ainda, PCR/Sequenciamento.
9. Raoult, D.; Weiller, P.J.; Chagnon, H.; Chaudet, H.;
A PCR tem sido utilizada com freqüência, para Gallais, H.; Casanova, P. Mediterranean spotted fever:
a detecção de riquétsias em amostras humanas clinical, laboratory and epidemiological features of 199
(sangue e tecidos) e em artrópodes. A PCR/RFLP, cases. Am J Trop Med Hyg, v. 35, p. 845-850, 1986.
primeira técnica molecular utilizada na identifica- 10. Scola, B.L.; Raoult, D. Laboratory diagnosis of
ção de riquétsias, apresenta resultados reprodutí- rickettsioses: current approaches to diagnosis of old
veis, porém, muitos isolados apresentam o mesmo and new rickettsial diseases. J Clin Microbiol, v. 35,
perfil eletroforético, não sendo possível a identifi- p. 2715-2727, 1997.
cação de todas as espécies do GFM (SCOLA,
RAOULT, 1997). As recentes análises de seqüên-
cias de bases de fragmentos de genes riquetsiais
amplificados pela PCR, permitiram a diferencia-
ção de inúmeras espécies.
.br
ov
Referências Bibliográficas
1. Brown, G.W.; Shirai, C. Rogers.;Groves, M.G.
Diagnostic criteria for scrub typhus: probability values
for immunofluorescent antibody and Proteus OXK
agglutinin titers. Am J Trop Med Hyg, v.32, p.1101-
1107,1983.
Introdução Metodologia
A influenza (gripe) é uma doença viral aguda do A metodologia utilizada foi:
trato respiratório, contagiosa, transmitida através das
secreções das vias respiratórias(1). Caracteriza-se ! busca ativa de casos revisão de prontuários e
pelo início súbito de febre, associada a calafrios, dor fichas de atendimento;
de garganta, cefaléia, mal-estar, dores musculares e ! estabelecimento de definição de caso;
tosse não produtiva. Nos idosos é mais freqüente a ! realização da coleta de secreções da orofaringe e
ocorrência de complicações como pneumonia e nasofaringe nos casos que estavam em fase
(2)
maiores taxas de hospitalização e mortalidade . O aguda (no máximo três dias depois do início dos
período de incubação em geral é de 1 a 4 dias e a sintomas);
transmissão se dá através das vias respiratórias.O
agente etiológico da influenza é o Myxovírus influen- ! monitorização semanal dos atendimentos segun-
zae, da família Orthomyxovíridae, e possui três tipos do a definição de caso suspeito.
(3)
antigênicos distintos A, B e C . A partir da análise de dados (busca de casos e
A doença epidêmica é causada pelos vírus influen- revisão de prontuário), foi estabelecida a seguinte
za do tipo A e B, freqüentemente associada com a definição de caso suspeito: indivíduo que apresentar
elevação das taxas de hospitalização e óbito, por febre alta, tosse, cefaléia e dor de garganta, acompa-
isso, merece destaque em saúde pública. Em anos nhado ou não de queixas gastrointestinais (náuseas,
epidêmicos, a taxa de ataque atinge aproximadamen- vômitos, diarréia, dor abdominal) independente de
te 15%, sendo ao redor de 2% em anos não epidêmi- faixa etária e situação vacinal.
cos. Em comunidades fechadas, este número sobe
para 40% a 70%, ficando a taxa de ataque secundário Resultados
situada ao redor de 30%. A morbidade e a mortalidade De julho a setembro, ocorreu um surto de doença
devido à influenza e suas complicações podem variar respiratória aguda na cidade de Araraquara (situada a
ano a ano, dependendo das cepas circulantes e do 273 Km da Capital paulista), com uma população de
grau de imunidade da população geral e da popula- 174.380 habitantes, densidade demográfica de
ção mais suscetível. 172,89 hab/km. Foram notificados durante este
Em agosto de 2002, a Divisão de Doenças de período, pela Vigilância Epidemiológica Municipal,
Transmissão Respiratória, do Centro de Vigilância 3.783 casos desta doença. A duração aproximada do
Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac”, foi surto foi de dez semanas, com pico entre os dias 20 e
informada pela Direção Regional de Saúde de 24 de agosto, havendo um aumento gradativo,
Araraquara sobre a ocorrência de um aumento das atingindo pico máximo na 1ª semana de setembro (6
consultas médicas nas unidades básicas de saúde de setembro), conforme gráfico 1.
Gráfico 1
Distribuição do número de casos segundo data de atendimento no PS de Araraquara, Araraquara/ SP, 16/7 a 30/9/2002
140
120
100
80
casos
60
40
20
0
16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29
dia
A porcentagem das faixas etárias mais atingidas Foram coletadas 20 secreções da orofaringe dos
dos casos notificados durante o surto foram pessoas pacientes que apresentavam sintomas que caracteri-
entre 5 e 12 anos (35%), seguida de 1 a 4 anos (25%), zavam a doença respiratória em fase aguda, no
20 a 29 anos (11%), 13 a 19 anos (10%), 30 a 39 anos máximo três dias após o início dos sintomas; e 14
(6%), menores de 1 ano (5%), 40 a 49 anos (4%), 50 a amostras pareadas de soro (primeira amostra na fase
59 anos (3%), 60 a 69 anos (1%), 70 e mais (1%) e aguda da doença e a segunda, de 14 a 21 dias após a
menores de 1 ano (1%) (gráfico 2). coleta da primeira amostra). As amostras foram
Gráfico 2 encaminhadas para Instituto Adolfo Lutz (IAL) para
Distribuição percentual dos casos segundo faixa etária, Araraquara, realização do diagnóstico laboratorial. Para tentativa
julho a setembro de 2002 de isolamento viral destas amostras foram utilizadas
60 a 69 70 e + culturas de células MDCK (rim de cão), Vero (rim de
50 a 59 1% 1%
macaco verde africano) e Hep-2 (carcinoma de
40 a 49 3% <1 ano
4% 5% laringe humana). Os vírus isolados foram identifica-
30 a 39 dos pelo teste de imunofluorescência indireta,
6%
1a4 utilizando-se anticorpos monoclonais do painel
20 a 29
25% respiratório da Chemicon. O vírus da influenza do tipo
11% B isolado foi caracterizado antigenicamente pelo
teste de inibição da hemaglutinação, utilizando-se
soro imune específico fornecido pela Organização
Mundial da Saúde como estirpe B/Hong Kong/
13 a 19 330/2001.
10%
O diagnóstico sorológico foi realizado pelo teste de
5 a 12 inibição de hemaglutinação, utilizando-se estirpes do
35% vírus influenza A(H1N1), A(H3N2) e tipo B(4).
Brasília
Araraquara Brisbane
NOTAS
com o valor de R$ 1.500,00: "A experiência do Progra- possibilidades de geração de renda, sugerindo assim
ma Estadual DST/Aids com os municípios do Estado a idéia de se realizar uma feira, um espaço alternativo
(2001-2003) para imunização contra a hepatite B em para divulgar e comercializar os produtos confeccio-
mulheres profissionais do sexo", de autoria da assis- nados nas oficinas. Segundo as autoras deste
tente social Márcia Giovanetti, Caio Westin, Téo Araújo, trabalho, a feira contribui de forma positiva no cotidia-
Cristiane Silva, Elvira Filipe; e "Feira criativa: geração no dos usuários, além de permitir ganhos financeiros
de renda, cidadania, reinserção social", elaborado por e psicossociais aos usuários do projeto. Estes fatores
Derli Barros, Cinthia Inocentini, Laura Bugameli, potencializam o processo de autonomia e emancipa-
Angélica Santos, Analice Oliveira. ção, uma vez que possibilita aos expositores que se
A "Importância da metodologia problematizadora apoderem de seu saber e sua criatividade, resgatan-
em módulos de aconselhamento em treinamentos em do o sentido de sua vida modificada em decorrência
DST/HIV/Aids" foi apresentado pela psicóloga Sônia da Aids.
Garcia Prado. Segundo ela, o estabelecimento de Os trabalhos apresentados em Recife encontram-
vínculo paciente-profissional e a qualidade dessa se no site www.crt.saude.sp.gov.br
relação são fundamentais para garantir apoio emoci-
onal, ampliar as possibilidades de adesão ao trata-
mento e a prática de sexo seguro, por exemplo.
"Entretanto, as formas de ser e de se comportar dos CRT DST/Aids na XV Conferência
pacientes podem desencadear, nos profissionais de Internacional da Tailândia
saúde, sentimentos que os levam a tomar atitudes
que refletem seus pró-prios valores morais, suas cren- Autoridades governamentais, sociedade civil e
ças, e sentimentos pes-soais, em detrimento dos cientistas de todo o mundo da área de HIV e Aids
desejos, necessidades, valores e crenças dos paci- participaram da XV Conferência Internacional de
entes, comprometendo a qualidade da relação e, Aids, realizada de 11 a 16 de julho, em Bangcoc,
conseqüentemente, do atendimento oferecido", Tailândia. O evento reuniu mais de 15 mil participan-
comenta a psicóloga. tes, provenientes de 160 países. Teve como mote
O trabalho "A experiência do Programa Estadual central o acesso universal, não só ao tratamento, mas
DST/Aids com os municípios do Estado (2001/2003) também à educação e informação para todas as
para imunização contra a hepatite B em mulheres pessoas afetadas pela epidemia.
profissionais do sexo" foi realizado com objetivo de O Brasil participou da conferência com 170 tra-
capacitar os profissionais de saúde dos municípios balhos. O Programa Estadual DST/Aids apresentou
para o desenvolvimento de ações que garantam o 11, entre eles dois orais: "Survival among Aids pati-
acesso à vacinação contra hepatite B para mulheres ents by risk situations before and after HAART avai-
profissionais do sexo. "Observamos que 16 municípi- lability at STD/Aids Training and Referral Center,
os desenvolveram ações de prevenção com mulhe- Sao Paulo, Brazil", de autoria de Artur Kalichman,
res profissionais do sexo. Desses, 8 (50%) incluíram Maria Clara Gianna, Stella Maris Bueno, Cáritas
o encaminhamento monitorado para vacinação Basso, Emily Catapano Ruiz, Angela Tayra, Naila
contra hepatite B. Esses municípios acessaram 1.033 Janilde e M. Holcman. E "A successful program to
mulheres e imunizaram 158 (15,29%). reduce perinatal transmission of HIV in São Paulo
As estratégias de capacitação do Programa State, Brazil", deLuiza Matida, Maria Clara Gianna,
Estadual fizeram com que um número significativo de Alexandre Gonçalves, Ângela Tayra, Regina Succi e
municípios incluísse o encaminhamento monitorado Norman Hearst.
das profissionais do sexo para vacinação contra O encontro mundial refletiu a necessidade, por
hepatite B", comenta Giovanetti. "O processo mostrou parte de todos os grupos envolvidos na área de HIV e
que é possível aumentar o acesso à vacinação, desde Aids, de se ampliar e democratizar acesso aos recur-
que o trabalho junto a essa população seja continuado sos desenvolvidos pela comunidade científica após
e contextualizado", conclui. 20 anos do início da epidemia, principalmente para os
Outro trabalho premiado foi "Feira criativa: gera- países mais pobres e vulneráveis. Foi objetivo da XV
ção de renda, cidadania, reinserção social". Em 1996, Conferência Internacional de Aids, ainda, reforçar o
uma assistente social e uma psicóloga criaram um comprometimento de lideranças e autoridades gover-
projeto que visava a humanização do espaço hospita- namentais na resposta à epidemia, que, após essas
lar. As profissionais passaram a oferecer atividades duas décadas de enfrentamento, contribuiu para
lúdicas no leito e atividades laborais nas chamadas aumentar a qualidade de vida de pessoas soropositi-
"Oficinas Criativas". Após um ano de oficinas, os vas e conseguiu reduzir a taxa de novas infecções em
usuários manifestaram interesse em ampliar suas todo o mundo.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Distribuição dos casos confirmados de Febre Maculosa, segundo município de infecção no Estado de São Paulo
- 1998 - 2004*
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Total
DIR Ano/Municípios Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
I São Paulo 1 1
II Diadema 1 2 3
II Mauá** 3 3
II Santo André 1 1
II São Bernardo 1 1 2
II Ribeirão Pires 1 1
III Mogi das Cruzes 5 2 7
XII Amparo 5 5
XII Artur Nogueira 1 1
XII Campinas 2 5 3 1 2 13
XII Jaguariúna 2 2 3 2 9
XII Lindóia 1 1
XII Louveira** 3 3
XII Monte Alegre do Sul 1 1
XII Monte Mor 1 1
XII Paulínea 5 5
XII Pedreira 3 3 2 3 3 14
XII Santo Antonio da Posse 2 2
XII Sumaré 1 1
XII Valinhos 2 2
XII Ign 1 1 2
XIV Oriente 1 1
XV Ipeúna 1 1
XV Limeira 1 1
XV Piracicaba 1 1 3 5
XXIII Itu 1 1
TOTAL 13 2 16 15 9 20 12 87
** casos confirmados por critério clínico-epidemiológico * dados provisórios até 10/09/04
Fonte: SVE - Div. Zoonoses - CVE - SES
Distribuição dos Casos e Óbitos de Hantavírus Estado de São Paulo - 1993 a 2004*
1993 3 2 66,7
1994 - - -
1995 - - -
1996 2 2 100
1997 - - -
1998 5 5 100
1999 10 4 40
2000 1 1 100
2001 8 5 62,5
2002 15 8 53,3
2003** 19 11 57,9
2004* 10 4 40
TOTAL 73 42 57,5
** 1 caso LPI Minas Gerais e 1 caso LPI Goiás
* Dados provisórios até 10/9/04
Fonte: Divisão de Zoonoses/CVE
7,0 25,0
COEF
6,2
6,0 LET
6,0
5,4 5,5
20,0
4,5
15,0
4,0
LETALIDADES
3,2 3,1
3,0 2,6 10,0
2,0
1,2 5,0
1,0
0,0 0,0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
ANO