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13/03/2019 .:: Editor de Textos Online - Com Equações ::.

A SUA NATUREZA ILIMITADA & SEMPRE EXISTENTE - "A aparente realidade, a qual é uma dualidade, não
desaparece quando você sabe quem você é, como um sonho faz quando você acorda. A parte mutável do Ser
sempre existe. Você tem que lidar com isto antes da iluminação e você tem que lidar com isto após a iluminação.
Existe uma escapatória, mas ela não é o que você imagina que seja." by James Swartz (A Essência da
Iluminação - Cap. 4).
Comentário: mithya continua após o acordar do sonho ou ilusão chamado “Maya” ou “Mithya”. Antes da
realização da natureza não-dualista da realidade (Satya), o Jiva lida constantemente com os objetos em mithya
pensando tudo seja "realmente" real. Após o autoconhecimento o Jivanmukta ainda continua a lidar com mithya
porque mithya não evapora como no caso da projeção do sonho durante o estado de sono
A escapatória que James se refere é o autoconhecimento. É o "compreender" que mithya, muito embora
existente, não é real porque “Não Me Afeta”. Mithya não afeta a minha natureza imutável como pura-consciência.
Portanto, uma vez eu saiba quem/o que eu realmente sou, eu lido com mithya permanecendo “interiormente”,
livre de mithya.
O mundo, e os três corpos (tanto no macrocosmo como no microcósmico level) continuam a mudar de um
momento para o outro, mas "aquilo" que realmente sou, permanece eternamente não-alterado, não-afetado com
o contato com os objetos de mithya. Isso é o que significa "freedom" ou liberação. É o ser livre de mithya
"apesar" de mithya. Não se trata de uma experiência na qual mithya desaparece literalmente.
Essa escapatória ou solução baseada no conhecimento-puro, direto e firmemente retido, não atrai a maioria das
pessoas porque elas pensam em termos experienciais místicos… elas querem uma experiência de vacuidade,
uma epifania de não-dualidade (ausência da dualidade sujeito-objeto). Elas querem a unidade experiencial etc…
Mas mesmo que elas obtenham tais epifanias elas permanecem insatisfeitas e não convencidas. Elas
permanecem somente com um vasana a mais; uma vasana por mais experiências místicas.
Somente o autoconhecimento (o conhecimento do aspecto imutável, como também infinitamente não-limitado do
Ser/Consciência plena “que somos”) resolve o senso de limitação e inadequação do Jiva. Samsara (a crença que
a dualidade é realidade) continua a existir após a "iluminação", mas sem iludir e condicionar a experiência do
Jnani or Jivanmukta.

JIVA E O JIVANMUKTA - Arlindo, qd v diz : "A liberação é libertar-se do Jiva e seu senso de existência limitada
e inadequada", vc está apontando para uma mudança ligada a "atividades mundanas" ? Pergunto pq já ouvi
você dizer que a vida, após a realização contínua sem grandes mudanças em seu aspecto prático, em seu
aspecto comum/ordinária. Ou talvez você queira dizer que de certa forma o Jivanmukta já não contém em si os
aspectos psicológicos do Jiva de antes?
Talvez haja uma "mudança" no sentido de que ao contrário do Jiva o Jivanmukta age através do senso e
"sabendo" que está cumprindo a vontade de Deus?
Eu estava esperando que alguém expressasse essa dúvida, essa aparente contradição. portanto, obrigado.
Jagata ou o mundo, não se modifica qdo o Jiva realiza sua real natureza. A única coisa que muda é o modo o
qual o Jiva auto-realizado se relaciona com o mundo. Maya continua projetando o mundo dos objetos, e a
ignorância imposta por Maya continua operando no intelecto dos demais Jivas humanos.
As atividades do “dia a dia” do Jiva, antes e depois do auto-conhecimento não necessariamente se modificam,
mas os valores e os interesses do jivanmukta se modificam rápida e gradualmente após a realização. O
autoconhecimento é como um “atestado” da natureza plena, completa, segura, ilimitada e imortal do Jiva. Não
existe nada, nenhum objeto no mundo que compulsivamente o atraia, que possa completar-lo, porque ele/a
realizou sua natureza como; “Purna”, a plenitude ilimitada.
O Jiva relaxa e naturalmente cessa de correr atrás de objetos como meio de se completar. Suas ações
continuam, mas simplesmente como parte integrante do sistema causa-efeito, estímulo-resposta imposto por
Isvara. Naturalmente ele/a conforma suas ações com os valores universais de Isvara porque ele/a nao tem nada
a ganhar com a violação do Dharma. Jivas violam o Dharma porque são totalmente auto-ignorantes, como
também Ignorantes da natureza de Isvara, o Lorde do universo aparente e suas leis governado nossas
experiencias.
Quando digo que o Jiva nao sobrevive a auto-realização eu me refiro a sua “ignorância.” Em realidade, Jiva É
sinônimo de ignorância. Tecnicamente, o Jiva é um organismo vivo com três corpos com a capacidade de

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perceber e responder aos estímulos do seu meio ambiente. Os Jivas humanos respondem segundo suas
vasanas, suas tendências subconscientes derivadas de seus “likes&dislikes” (gostares&nao-gostares ou
desejos&aversoes). É tudo controlado pelo corpo macrocósmico causal de Isvara (ignorancia).
Portanto o Jiva é fundamentalmente definido por seus “desejos&aversoes”. O seu senso de identidade como o
pensador, o fazedor e o “enjoyer” (curtidor) é construído a partir de suas vasanas, seus desejos e aversões
compulsivos e arraigados em seu inconsciente - e tudo devido a ignorância ou nao apreensão de sua real
identidade. A existência do Jiva é mantida através de suas intermináveis energias de desejos&medos originadas
em sua auto-ignorância.
E isso não é nenhuma novidade, porque todos nós, Jivas espirituais, sabemos disso; sempre que meditamos e
nossos desejos&aversoes são suspensos, nós experimentamos; o silêncio, a presença da “consciência”, a
plenitude, a segurança, a paz, a satisfação, a não-limitação… Na verdade o que experimentamos em profunda
meditação é a “Ausência” do Jiva, a “ausência” dos desejos-aversões, a “ausência” temporária de nossa
ignorância, a “ausência” daquela voz sempre dizendo; alguma coisa está faltando, e você precisa dessa coisa
para se completar.
De um outro ângulo, o Jiva humano desaparece no sono profundo, como tbm na meditação e no estado mental
chamado, samadhi - mas somente para reaparecer novamente qdo suas vasanas são reativadas. O Jiva, os
desejos e aversões que constituem seu senso de identidade independente, limitada e inadequada, somente
pode ser definitivamente cancelado através do autoconhecimento. É por isso que as escrituras o chama; o
Jivanmukta, o Jiva encarnado que deixou de ser Jiva para “assumir” sua real identidade como Ser único não-
limitado.

MAYA, O GRANDE ILUSIONISTA - Luciana Menezes, Voltando ao tema de sua pergunta, Maya é um poder
associado à Consciência Universal plena que não é a Consciência, e ao mesmo tempo não-separado dela, já
que tudo em mithya tem sempre sua existência fundada em Satya (Consciência Universal).
Maya é’ um grande mistério. O conhecimento de sua existência somente é possível através da inferência.
Através de seus efeitos podemos inferir a presença daquilo que Isvara denominou, Maya, a causa da projeção
do Universo aparente.
Maya é esse poder, às vezes referido como um “talento”, que nao sempre é manifesto, mas sempre que
manifesto produz as três energias, que são os tijolos de construção do inteiro universo aparente. É aí que Isvara
entra em ação. Fundamentalmente Isvara é pura sattva (inteligência/conhecimento-puro).
Mas sattva somente existe em associação a rajas e tamas. Em outras palavras, quando sattva ocorre, rajas e
tamas tbm ocorrem simultaneamente. Sattva contém a inteligência e o conhecimento para manifestar o universo,
mas somente é capaz de fá-lo através da interação com rajas (energia criadora), e tamas, a energia densa
responsável pela materialização do conhecimento de sattva. Por isso dizemos que Isvara é fundamentalmente
puro-sattva.
Na verdade, puro-sattva ou Isvara é a Consciência universal plena refletida em Maya. Quando o Ser/Consciência
Plena (VOCÊ) reflete em Maya, Você manifesta o Universo aparente, também chamado, o Corpo Macrocósmico
de Isvara, porque Isvara é não somente a causa inteligente, a causa energética, e a causa material, como
também o Universo manifesto (a Criação).
Entre os tantos objetos da Criação emerge o objeto senciente inteligente chamado, o “Jiva humano”. Quando
Você, (Consciência Universal plena) reflete no corpo sutil sofisticado do Jiva humano, como num truque de
mágica esse aparece como auto-luminoso e auto-consciente. O Jiva humano é o único objeto na manifestação
com a capacidade de contemplar e compreender a sua natureza como consciência universal eterna infinitamente
ilimitada.
Mas esse fenômeno chamado, “Jivahood” com sua capacidade de refletir e iluminar o mundo dos objetos em seu
meio ambiente desenvolve um sentido de existência, separada, independente e limitada, e intuitivamente procura
resolver seu sentimento de insegurança e limitação através da obtenção e acúmulo de objetos de experiência.
Tudo por causa da tendência natural de extrovertimento de nossos sensos de percepção.
Essa tendência natural de extrovertimento mental dos Jivas é devido a Maya, um efeito diretamente associado a
energia rajásica necessária para projetar o universo aparente. Tudo na criação está constantemente projetando-
se para dar continuidade ao manifesto. A procriação é uma forma de projeção. Portanto as escrituras "acusam"

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Maya como o responsável, ou a causa da “Ignorância” aparente do Ser. O Ser pleno e eterno aparentemente
sofre esse sentimento de mortalidade e limitação, e tudo devido ao aparente esquecimento (ignorância) de sua
real natureza.
O desenvolvimento da capacidade de introspecção e inner-contemplação é um fenômeno raro e limitado aos
raríssimos indivíduos buscadores da real natureza do Ser pleno. Entre os Jnanis Vendantinos voce encontra
individuos entre os mais raros dos raros. Eu sei que esse e' um tema avancado... Nao se preocupe caso esse
post produza mais perguntas do que respostas. Continue suas leituras e contemplacoes... com o tempo sua
compreensao ficara clara.

NIRGUNA> SAGUNA ISVARA


Obrigado como sempre, Arlindo. Estou confuso sobre os diferentes ensinamentos de Isvara. Eu entendo que
Isvara 1 = consciência pura, e Isvara 2 = consciência + Maya ou a criação.
Então o karma yoga se refere a Isvara 2 quando diz que os resultados de suas ações não são com você, a jiva,
mas com Isvara, o provedor de resultados?
Arlindo: Sim, Brad, Isvara 2 também é denominado "Saguna-Isvara", o que significa Isvara com propriedades e
atributos, em outras palavras; Isvara se manifesta como o Universo. Todos os adjetivos ou qualidades referem-se
a objetos fenomênicos que são combinações das diferentes proporções das três energias e dos cinco elementos.
Todos os objetos possuem propriedades. Apenas o sujeito puro (Isvara-1) está livre de propriedades (Nirguna).
Mas Isvara-2 (Saguna-Isvara) é um objeto em referência a Isvara-1. É um objeto conceitual que também pode
ser objetivado como o mundo material e sutil de nomes, formas e qualidades. Essencialmente, como Ramji diz,
Saguna-Isvara (Isvara 2) é pura-sattva, mas com a “ajuda” de rajas e tamas, Ela “se desdobra” para “se
tornar” o mundo material.
Isvara-2 como o Universo, sendo fundamentalmente um produto de pura-sattva (conhecimento-puro/inteligência)
possui todo o poder e todo o conhecimento para criar, manter e destruir a aparente criação em uma sucessão
sem princípio; como dia e noite. Saguna-Isvara é o "aparente" Senhor da criação "aparente".
No que diz respeito a Isvara-1, também é denominado “Nirguna-Isvara”; Isvara sem atributos ou propriedades.
Nirguna-Isvara é a natureza mais elevada, real e fundamental do Ser. É o substrato onipresente de Isvara-2.
Isvara-Jiva-Jagatha - enquanto que Saguna-Isvara é a natureza inferior ou "aparente" do Ser. Todos os objetos
emprestam sua realidade/existência de Nirguna-Isvara, a natureza real e independente do Self.
P: Mas e quanto ao ensino de Ram na série Essence of Vedanta, que Isvara é pura sattva? Agora estou ainda
mais confuso, e a dúvida prejudicou minha capacidade de aplicar karma yoga efetivamente, porque não tenho
mais certeza se Isvara me fornece os resultados de todas e quaisquer ações, ou como isso funciona.
R: Saguna-Isvara (Isvara-2) é o único Senhor do Universo, mas para a satisfação de todos os devotos, Ele se
conforma como uma variedade de divindades de acordo com a natureza das orações e desejos do devoto.
Mas fundamentalmente, Saguna-Isvara é “Um” e único Isvara-2, o “karma-phalan-data”, o único “princípio
inteligente” que entrega o prarabdha karma de todos os Jivas na criação.
Espero que isso ajude você a resolver algumas das suas dúvidas, porque, como Ramji costuma dizer; Karma
Yoga é a chave para o autoconhecimento. A devoção e a adoração de Isvara-2 são, na maioria dos casos, não
uma opção, mas uma necessidade para que o devoto desenvolva a sutileza e a pureza da mente para se tornar
um “Nirguna-Isvara-Bhakta” ou um devoto de Isvara 1.
Isso também é referido por Ramji como Bhakti não-dual ou Amor não-dual.
P: Eu adoraria alguns esclarecimentos para poder voltar ao karma yoga sem dúvidas - é a única coisa que
funcionou até agora desde que eu sei que ainda não estou preparado para o jnana yoga. O karma yoga parou de
funcionar desde que o ensinamento de “Isvara como puro sattva” também foi jogado na mistura. Obrigado pelo
seu tempo!
R: Sua honestidade e integridade são raras e uma qualificação muito importante para o autoconhecimento. A
maioria das pessoas está inclinada, erroneamente, a acreditar que são altamente qualificadas, que são exceções
à regra e que não precisam de karma-yoga.
É o "primeiro estágio" de uma condição mental que Ramji chama de "doença da iluminação". Eles pulam direto
para para o Jnana-yoga e não fazem progresso ali, pois não têm suas qualificações mentais desenvolvidas. Sua

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sinceridade diz muito sobre a qualidade do seu Jiva, Brad. Ficarei feliz em trocar mais Satsangs com você à
medida que sua contemplação se desenvolve.

LIBERAÇÃO É LIBERTAR-SE DO JIVA - Pergunta: No início dos estudos a gente aprende a discriminar os
objetos que aparecem do Ser, o sujeito sempre presente. Porém depois que esta discriminação foi feita eu
percebo que não há como discriminar realmente porque tudo é o Ser, isso é o que interpreto do que tenho
experimentado. A dúvida é, que experimentando que tudo é o Ser, como não voltar a cair no envolvimento e
apego aos objetos? Maya continua a projetar em mithya e sou consciente destas projeções. Outra forma de fazer
a mesma pergunta como exemplo seria como não se deixar-me envolver pelo nível mais baixo de compreensão
ou ignorância?
Celinha, Maya é um grande ilusionista. A projeção do universo aparente continua mesmo depois de o Ser pleno
ter sido completamente discriminado e devidamente e indubitavelmente “realizado” como minha própria
natureza, absolutamente livre e independente dos objetos. A discriminação entre o sujeito e os objetos
projetados na consciência é um exercício constante, ou um “projeto de vida” que somente deve ser abandonado
quando esse é completo. Quando esse processo se completa, o mundo dos objetos continuam a aparecer como
antes, mas o Jivanmukta não se envolve ou se apega aos mesmos.
A sua dúvida denota que você ainda não “realizou” a sua real natureza como o “Sujeito Absoluto”, e portanto
abandonar a contemplação, a assimilação, a aplicação... a constante discriminação entre satya e mithya,
representaria um erro de interpretação de sua parte - um erro comum mas perigoso quando não detectado. Daí a
importância do papel do guru. E porque seria um erro? Porque quando esse processo de discriminação se
conclui o Jiva realiza a sua real, livre, e independente identidade, e invariavelmente, como sintomas naturais,
duas coisas ocorrem;
1) A busca "CESSA", porque após haver discriminado, separado, isolado “Você” dos objetos que emergem em
Você, você finalmente “encontra” o que você buscava; “Você” - mas não o ‘você’ em sua construção corpo-
mente, mas Você como Consciência-Pura, o substrato de todo o universo aparente. Toda sua vida, sabendo ou
não, você buscava por "Você", mas sempre entre objetos densos e sutis. Mas após haver obtido o mérito de
ouvir os ensinamentos milenares dos Upanishads você finalmente compreende o que Você é. Portanto, a busca
cessa, porque você realizou o Ser pleno, “aquilo” que é a natureza de tudo na existência. Você realizou o valor
dos valores.
2) Uma vez realizado o que há de mais valioso na experiência humana - na verdade, a única “coisa” realmente
valiosa, não somente voce para de buscar, mas um outro fenômeno naturalmente ocorre; a atração que você
sentia antes por objetos de desejo se dissolve. Se dissolve repentinamente como também gradualmente,
dependendo da força energética dessas atrações/vasanas.
Todo desejo, envolvimento e apego aos objetos serviam somente o propósito de tentar me completar, me
acalmar... como se eles me propiciassem segurança, estabilidade, paz, satisfação etc. A atração, envolvimento,
dependência e desejo por objetos eram simplesmente o sintoma da minha auto-ignorância. Uma vez a causa
tenha sido neutralizada pelo auto-reconhecimento, o sintoma desaparece.
Satya é também Mithya, mas Mithya não é Satya. O ego, a mente, o intelecto é mithya. Mithya jamais realiza
Satya, porque Satya é, e sempre foi auto- realizada. Somente o Ser/Consciência plena é auto-consciente e auto-
existente, auto-luminosa... o Jiva jamais se “ilumina”, jamais se iluminará. E porque? Por que fundamentalmente
o Jiva nao é um Jiva, mas a “luz” que vivifica o Jiva. A liberação é libertar-se do Jiva e seu senso de existência
limitada e inadequada. Em realidade, o Jiva não sobrevive a auto-realização.

NÃO CONFUNDA ALHOS COM BUGALHOS - Bom dia amado professor. Como o svadharma pode ser
revelado e descoberto quando havemos dúvidas sobre a forma mais adequada de agir e servir enquanto as
funções disponíveis estão vinculadas ao desejo de não fazer nada? Nada, no sentido profissional, por exemplo.
Bom dia querida amiga e aluna. O desejo de fazer “nada” é geralmente associado a uma condição de inércia,
apatia, depressão...de preguiça física-mental. Em outras palavras; é uma condição muito tamasica que precisa
ser ser reconhecida, admitida e aceito antes que possa ser transformado.
Eu entendo que a minha resposta não corresponde às ideias grandiosas que o ego cria de si, mas o meu papel
de professor me compele, em alguns raros casos, a expor alguns aspectos do ego. Meu interesse é o de ajudar
aqueles indivíduos com a abertura e coragem de expor o ego, sua ignorância, suas confusões e dúvidas.
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Dharma significa uma ação ou resposta aos estímulos que recebemos do meio ambiente que seja adequada (em
harmonia com as leis naturais de Isvara/Universo). Svadharma significa uma resposta ou ação em harmonia com
os valores universais, com os valores situacionais, como também com meus valores pessoais (em harmonia com
o meu dever, minhas obrigações, meus talentos e aptidões).
Do pouco que conheço o seu Jiva, a sua condição é derivada de uma predominância excessiva de tamo-guna.
Como eu havia sugerido, o primeiro passo é “romper” essa densa “inércia/paralisação” causada por excesso de
tamas. Como eu já disse, seria de grande ajuda algumas atividades físicas tais quais; caminhar, correr, fazer
ginástica, nadar, fazer yoga entre outras atividades físicas. Primeiramente, uma boa parte dessas tamas precisa
ser convertida em rajas.
O seu problema não é devido a falta de motivação profissional ou a falta de interesse em coisas “mundanas”.
Essa condição tamasica ofusca a mente de tal modo que ela é incapaz de compreender claramente os seus
deveres, obrigações, suas aptidões e talentos naturais. Essa condição tamasica dificulta e impede a
compreensão do seu dharma (respostas apropriadas e oportunas). Portanto o primeiro passo é romper esse
“bloco” de tamas.
Existe também uma condição a qual o Jiva não tem vontade de participar dos negócios e valores mundanos.
Essa condição se chama; “sanyasa” ou “renúncia”. Mas nesse caso, a renúncia ao “corre-corre” atrás de objetos
do mundo samsárico não significa “fazer-nada.” Significa; escutar, estudar, meditar e contemplar constantemente
sobre os ensinamentos Vedantinos sobre karma yoga e autoconhecimento. Essa é uma condição extremamente
criativa e intelectualmente muito clara e brilhante.

Satsang P&R - Olá professor, o ensinamento afirma que fundamentalmente, a experiência/testemunho só ocorre
para a consciência neste mecanismo dual sujeito/objeto, logo toda experiência e testemunho só acontece na
presença do Jiva (composto pelos 3 corpos). O ensinamento também afirma que um Jivanmukta pode escolher
não renascer mais. O que quero saber é qual o status de existência/experiência desse Jivanmukta ou da
consciência refletida nele, quando os 3 corpos não estão mais presentes?
Olá Marcos Silva Lobê, Não é correto afirmar que o Jivanmukta tem o poder de escolher pela não-reencarnacao.
Como eu mencionei recentemente, o processo de reencarnação, ou não reencarnação, ocorre impessoalmente.
Tanto o Jiva como o Jivanmukta não possuem “poder de escolha” sem sua construção corpo-mente. Mas se sua
mente, após uma encarnação muito evoluída deixar o corpo numa condição “livre” de desejos, aversões e
apegos vinculativos, ele/a possivelmente não reencarnarão.
O Jnani (Jiva com auto-conhecimento ou Jivanmukta) não experiência e conhece quando não em possesso de
um corpo físico. Qdo ainda em posse de seu corpo físico, ele/a experiência um "senso" de paz, contentamento,
satisfação... uma alegria natural derivada do conhecimento de sua natureza não-limitada, “ananda”. Essa
condição livre do sofrimento psicológico somente é possível através do autoconhecimento, o conhecimento de
sua real natureza como Consciência-pura infinitamente ilimitada e imortal (sempre presente).

"ENTRE OS DOIS EXÉRCITOS KRISHNA SORRIU"


...e Arjuna, o grande guerreiro disse: "Não vou lutar" e ficou em silêncio. Entre os dois exércitos, Krishna, como
se estivesse sorrindo, respondeu ... "
Essa é uma frase interessante. "Como se Krishna estivesse sorrindo" significa que Krishna não queria
ridicularizar ou humilhar Arjuna. Mas um sorriso aparece em seu rosto porque ele entende a incrível ironia da
situação; que este grande guerreiro uma vez encontrado com uma guerra justa e não solicitada - estando ali,
pronto no campo de batalha... e ele diz: "Eu não sei o que fazer" e ele senta-se e joga seu arco e flechas de lado
e diz: "Eu não vou lutar". E mais tarde, ele tambem diz: "por favor me ensine".
Krishna ensinou muitas pessoas antes e ele teve muitos discípulos auto-realizados. Ele era um grande guru.
Arjuna não conhecia aquele lado de Krishna. Mas ele tinha uma compreensão sobre o que eram os sannyasis e
seus gurus porque Arjuna havia passado treze anos em exílio na floresta onde todos os yogis, sadhus e os gurus
viviam.
Então ele viu sannyasis e ele sabia sobre eles, mas ele realmente não conhecia Krishna como guru.
Portanto Arjuna encontra-se em um papel completamente diferente. Em vez de ser o general de um exército
comandando ate mesmo Krishna, agora ele se volta para Krishna e diz: "Ensine-me. Eu preciso de sua ajuda."

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Vedanta diz que o discípulo precisa chegar ao ponto de perceber que ele não sabe nada, que por sua conta, ele
está desamparado, confuso e perdido. Só então o Vedanta funcionará. Você tem que jogar fora todas suas
pretensoes, as ideias e noções que você colheu aqui e ali, e em todos os lugares e estar pronto para começar do
zero, em total humildade, integridade e honestidade.

A ILUMINAÇÃO E SUA FRUTIFICAÇÃO; LIBERAÇÃO - Bom dia professor. Eu já compreendi o Vedanta,


compreendi que eu sou a Consciência plena-pura. Eu acredito e concordo com as escrituras, mas ainda assim
continuo experimentando um certo nível de ansiedade, expectativa, descontentamento, desejo… alguma coisa
parece estar faltando. Será que eu estou me iludindo e enganando? O Vedanta diz que a realização depende
somente do Conhecimento...Eu já possuo o conhecimento! Você pode, por favor, comentar sobre esse
“conhecimento”?
Sim caríssimo, O autoconhecimento não é um conhecimento como todos os outros. Todos os campos de
conhecimento são sempre em referência a um “objeto” de conhecimento. Todo nosso conhecimento científico é
conhecimento “objetivo”. O Vedanta também é uma ciência, uma metodologia de ensino com o potencial de
liberar o Jiva do seu senso de limitação e inadequação, mas o faz “indiretamente” através da remoção, ou
melhor dizendo, da neutralização da auto-ignorância que revela para o individuo sua real natureza.
A lógica apresentada pelo Vedanta é “conhecimento” (um objeto de estudo) que uma vez confrontado com a
nossa ignorância (nossas ideias limitantes sobre quem, e o que somos) possui o potencial de neutralizar a
ignorância e liberar o Jiva da escravidão a mesma. Veja bem, eu escrevi; “quando confrontado com a nossa
ignorância”. Esse constante confronto ou aplicação dos ensinamentos sobre o autoconhecimento é o que as
escrituras chamam; “nididhyasana”, a constante aplicação e absoluta assimilação do conhecimento; eu sou a
consciência plena infinitamente não-limitada.
Somente a constante aplicação “prática” do Vedanta (nididhyasana) é capaz de converter o auto-conhecimento
“teórico-acadêmico”, em Moksha ou Liberação. Quando Moksha realmente ocorre, a personalidade do indivíduo
é transformada. O Jiva desfruta o autoconhecimento direto, firme e sempre presente como uma forca mental-
emocional capaz de lidar com as crises e adversidades que a vida nos apresenta sem se perder
emocionalmente. Isso porque o autoconhecimento foi devidamente “assimilado” e “integrado” em sua vida.
Muitas pessoas estudam o Vedanta de modo acadêmico pensando que se trate de um conhecimento como qq
outro. O Vedanta não deve ser estudado como numa sala de aula universitária. Vedanta deve ser abordado e
estudado como num “laboratório médico”, onde os ensinamentos são experimentados/aplicados contra a
ignorância toda vez que essa vem a superfície. O objetivo desse grupo não é estudar o Vedanta, mas
estudarmos nós mesmos. O Vedanta não é sobre o “Vedanta”, mas sobre “Você”. Você percebe a diferença?
O nosso objetivo não é obter conhecimento informativo, mas sim utilizar esse conhecimento informativo como
ferramenta de neutralização de nossa ignorância, de nossas vasanas, ou como ferramenta de purificao do corpo
sutil. Os ensinamentos são um meio para um fim. O Vedanta é como um mapa do centro de São Paulo. Você o
estuda, mas somente para poder chegar a sua destinação. Mas se você ficar fixado com o mapa, querendo obter
todas as informações contidas no mapa… você perde o seu foco e se esquece do real propósito do mapa; sua
destinação.
É por isso que o Vedanta é tambem chamado de “copo de papel”. Você o usa, mas uma vez o Vedanta tenha
servido o seu propósito, você pode até mesmo jogá-lo fora. Isso porque a frutificação desse conhecimento sacia
o indivíduo permanentemente. Se não me engano, o Mandukya Upanishad explica essa metáfora em detalhes.
Sim, amigo, somente através do conhecimento o Ser pode ser “realizado”, e somente através da constante
prática/aplicação desse conhecimento o Jiva será liberado. O conhecimento é um ótimo começo.

KALI YUGA & TRÊS ENERGIAS & CLASSES SOCIAIS - Pergunta: Parece haver uma batalha contínua no
mundo entre dharma e adharma. Estou confuso quanto às divisões sociais. Parece que as sociedades estão
super-valorizando a classe comercial-empresarial (Jivas com uma predominância de tamas e sattva ) mais do
que as outras classes. Não existe equilíbrio ou justiça.
Resposta: Sim, porque estamos em Kali yuga; Isvara num estado predominante de rajas e tamas. Quando a
mente macrocósmica é predominantemente sátvica, ela se chama “Satya yuga.” Satya yuga significa o período
onde sattva é predominante. É quando a vida espiritual e o caminho do dharma prevalecem. É quando existem

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muitas pessoas sattvicas e muita criatividade espiritual, como no tempo dos rishis da floresta na Índia que
originalmente receberam as revelações dos Vedas.
Mas agora estamos fora da era Védica, da era sátvica. Estamos em Kali-yuga. E no Kali yuga, tamas e rajas são
as energias predominantes. Naturalmente existe também algum sattva. Nós por exemplo, somos pessoas
sáttvicas, mas não somos em muitos, mas poucos. A maioria das pessoas lá fora, luta deslealmente para obter
coisas materiais. Existe muita desigualdade, sofrimento e dor nesse período.
Nós os chamamos “samsaris.” Eles estão causando muito sofrimento para eles, para os outros, e para o meio
ambiente. Tudo porque os Samsaris são totalmente ignorantes/materialistas. Quando rajas e tamas predominam,
os valores das sociedades se tornam materialistas. É quando o Ser pleno na figura de Isvara decide inverter
essa tendência e retornar na figura de Krishna e Arjuna.
É quando Krishna diz: "Tudo bem, eu não posso deixar o “corpo macrocósmico” de Isvara completamente
doente, fora de equilíbrio". Rajas e tamas podem predominar e desequilibrar por um período de tempo, mas,
eventualmente, sattvaguna começa a ganhar corpo, a crescer e transformar as sociedades.
Nós somos a vanguarda para o próximo “Yuga” (era). Seremos nós os santos e os sábios no próximo Yuga.
Nossas mentes estão iluminadas pela luz do conhecimento. Somos nós que desenhamos e condicionamos as
sociedades no próximo Yuga depois que toda essa louca ignorância passar. Essas forças que estão operando
através de nossas mentes são eternas. Sattva encolhe no Kali Yuga, mas nunca desaparece.

TRECHOS DO LIVRO “A YOGA DAS TRÊS ENERGIAS”


by James Swartz
A) Sattva & Doença da Iluminação
Sattva não tem em si desvantagens. É tão somente pura consciência refletida. Humanos prezam,
acertadamente, o conhecimento, a virtude, beleza, liberdade, amor e felicidade. Quando a mente é satívica,
experienciamos uma ou todas essas qualidades em nós e a tendência de se identificar com elas é grande, pois
trazem segurança, prazer, fama, respeito, poder e riqueza. Entretanto, avocar a si a propriedade das qualidades
satívicas quando na verdade pertencem a Isvara pode adiar o seu crescimento espiritual por vidas a fio.
Se você se acha muito admirável porque você é iluminado, saiba que enquanto você estava se regojizando na
maravilha de uma experiência satívica, real ou imaginária, tamoguna esgueirou-se na sua mente, enganando-o.
Uma vez que você começa a criar karma sob a égide da ideia “estou iluminado”, seu crescimento para porque
humildade, uma qualidade satívica, desaparece atrás da ideia “estou finalizado”.
Você acha que “estou finalizado” significa que você alcançou o estado último, mas na verdade quer dizer que
você se tornou um autômato iluminado rígido, destituído de criatividade e espontaneidade, e provavelmente
infectado com uma série de feias vaidades, especialmente arrogância e presunção. Não importando quanta
adulação você seja capaz de atrair, sua mente rajásica/tamásica continua a gerar karma negativo até que um
belo dia Isvara retira o plug e você vai se encontrar apenas mais iludido. A iluminação é como lhe parece.
B). Rajas – Pura Dualidade
A maior parte das qualidades de rajas foram explicadas anteriormente em vários contextos, assim esta seção
adiciona alguns pontos que não foram adequadamente explorados anteriormente. E também fornece uma
abrangente lista de palavras-chave e frases que o ajudarão a consolidar esse conhecimento na sua
compreensão.
Rajas Microcósmico
Carisma - Um dos significados da palavra rajas é "brilhar". As pessoas nas quais rajas predomina tendem a ser
pessoas atraentes. O poder de projeção de rajas combinado com o poder reflexivo de sattva cria uma aura de
energia e poder - carisma - que pode ser uma grande bênção na medida em que as pessoas ficam inclinadas a
lhe dar o que você quer caso elas estejam atraídas por você. Mas isso pode muito bem se tornar uma maldição
porque conseguir o que você quer pode nem sempre ser o que você quer. Geralmente, envolve um quid pro quo
(trocar uma coisa por outra), que também pode não ser meramente sua xícara de chá.
As pessoas tendem a se apaixonar quando são jovens. O brilho do amor romântico é rajas e sattva criando
atratividade. Mas, à medida que a pessoa envelhece, ela tende a tornar-se menos atraente, porque tamas, na
forma de hábitos, deposita na mente camadas de poeira, diminuindo o brilho, e nesse caso, elas passam a se
desacostumar da paixão.

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Orgulho - Auto Confiança. Como o sucesso em qualquer campo requer uma intensa e consistente aplicação de
energia, rajas também pode criar um senso legítimo de auto-estima, particularmente se for guiada por sattva. No
entanto, se for apoiada por tamas, o fracasso é bem provável porque é preciso que se invista de forma
inteligente na ação para que a mesma dê frutos.
Excitação - A excitação parece ser uma vantagem mas não é, apesar de bilhões de almas discordarem. Lembre-
se, tamas e rajas são praticamente inseparáveis. Quando você é tamásico, você é completamente sem
imaginação, entediado e entediante, e talvez deprimido. Sem o seu conhecimento, entretanto, rajas está prestes
a salvá-lo deste perigo. À medida que rajas aumenta, injeta algum dinamismo em sua mente cansada. Quando
essa energia de picos o acorda e você sai do seu buraco escuro para a luz do dia, uma xícara de expresso na
mão, tudo parece fresco e novo e, uhh , emocionante!
Responder a cada situação que se modifica rapidamente é um desafio e talvez até um pouco "assustador", mas
é bom, que nem uma montanha-russa. Você se alimenta da energia de outros tipos rajásicos, basicamente todo
ser humano que anda por aí. Você está deslanchando. “Mais! Melhor! Diferente!” é o seu mantra sagrado e seu
discurso está infectado com hipérboles. Tudo é incrível! Fantástico!!! Formidável! SURPREENDENTE!!! Então
você exagera e quer que a excitação dure para sempre.

NISARGADATTA, RAMANA E O MANTRA, "EU SOU" - Sim, pessoal, em relacao a postagem anterior ou
abaixo, a Realizacao do Ser pleno Universal é extremamente simples, mas isso não significa que essa seja “fácil”
- de fato a auto-realização é um fenômeno raro. Eu resolvi aprovar essa postagem de carater “nao-Vedantino”
para poder comentar sobre a diferença entre tais publicações e as publicações que refletem os ensinamentos
tradicionais do Vedanta.
Muito embora Chadwick tenha realizado a sua real natureza como a pura-consciência eternamente presente, o
Ganeshan (o entrevistado) descreve o "evento" em termos experienciais, o que cria muitos problemas na mente
dos buscadores. É oportuno lembrar que mais tarde em sua vida, Ramana Maharshi declarou assertivamente
que, “somente através do conhecimento o Ser poder ser Realizado”.
É importante compreender que a meditação no "eu sou" tanto propagada por Ramana e Nisargadatta é uma
prática de grande valor purificador ou preparador da mente, mas ela raramente produz o auto conhecimento. E
porque? Porque ela não aborda a raiz do problema que é a auto-ignorância (noções e crenças errôneas e
enganosas relativas a minha real natureza.
O que aconteceu com o Chadwick é que ele naquele momento de total relaxamento na sua banheira e sem
nenhuma busca ou ambição por progresso espiritual ele "se tocou" e realizou sua real natureza. Em suas
próprias palavras Chandwick descreve; “Eu estava tomando banho e, muito sinceramente, Ganeshan (o
entrevistador), eu não estava em estado espiritual ou em espírito de oração quando de repente ocorreu - o 'EU
SOU'!”
Esse momento ou acontecimento que produz a realizacao, "Eu sou o Ser/Consciência Pura” não é uma
experiência, mas sim o autoconhecimento-puro- direto-imediato. É o Ser pleno reconhecendo a si próprio através
do Jiva (o aparato refletor) como pura "luz" da consciência. Tal realização somente ocorre como uma
consequência da remoção da ignorância; eu sou a construcao "corpo-mente."
Porque é tão importante enfatizar essa sutil distinção? Porque buscar o ser pleno num objeto de experiência é
um exercício em futilidade, é um buscar na direção oposta. Você jamais irá encontrar você mesmo (o Ser real)
num objeto de experiência porque “Você” é o sujeito - você é aquilo que você está buscando.
Quando você chega no Vedanta, você já não precisa de perguntar-se “quem sou eu?” ou ficar repetindo o
mantra, “eu sou”. Tais práticas embora válidas, não pertencem ao Vedanta. Os textos do Vedanta simplesmente
afirmam enfática e claramente quem, e o que você é; Pura Consciência; Eterna, Plena e Infinitamente Não-
limitada - e não somente o afirma, mas o demonstra e prova para você através da lógica não-examinada de sua
própria experiência. Como Nisargadatta já dizia; “Understanding is all!”

LIBERAÇÃO É LIBERTAR-SE DO JIVA - Pergunta: No início dos estudos a gente aprende a discriminar os
objetos que aparecem do Ser, o sujeito sempre presente. Porém depois que esta discriminação foi feita eu
percebo que não há como discriminar realmente porque tudo é o Ser, isso é o que interpreto do que tenho
experimentado. A dúvida é, que experimentando que tudo é o Ser, como não voltar a cair no envolvimento e
apego aos objetos? Maya continua a projetar em mithya e sou consciente destas projeções. Outra forma de fazer
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a mesma pergunta como exemplo seria como não se deixar-me envolver pelo nível mais baixo de compreensão
ou ignorância?
Celinha, Maya é um grande ilusionista. A projeção do universo aparente continua mesmo depois de o Ser pleno
ter sido completamente discriminado e devidamente e indubitavelmente “realizado” como minha própria
natureza, absolutamente livre e independente dos objetos. A discriminação entre o sujeito e os objetos
projetados na consciência é um exercício constante, ou um “projeto de vida” que somente deve ser abandonado
quando esse é completo. Quando esse processo se completa, o mundo dos objetos continuam a aparecer como
antes, mas o Jivanmukta não se envolve ou se apega aos mesmos.
A sua dúvida denota que você ainda não “realizou” a sua real natureza como o “Sujeito Absoluto”, e portanto
abandonar a contemplação, a assimilação, a aplicação... a constante discriminação entre satya e mithya,
representaria um erro de interpretação de sua parte - um erro comum mas perigoso quando não detectado. Daí a
importância do papel do guru. E porque seria um erro? Porque quando esse processo de discriminação se
conclui o Jiva realiza a sua real, livre, e independente identidade, e invariavelmente, como sintomas naturais,
duas coisas ocorrem;
1) A busca "CESSA", porque após haver discriminado, separado, isolado “Você” dos objetos que emergem em
Você, você finalmente “encontra” o que você buscava; “Você” - mas não o ‘você’ em sua construção corpo-
mente, mas Você como Consciência-Pura, o substrato de todo o universo aparente. Toda sua vida, sabendo ou
não, você buscava por "Você", mas sempre entre objetos densos e sutis. Mas após haver obtido o mérito de
ouvir os ensinamentos milenares dos Upanishads você finalmente compreende o que Você é. Portanto, a busca
cessa, porque você realizou o Ser pleno, “aquilo” que é a natureza de tudo na existência. Você realizou o valor
dos valores.
2) Uma vez realizado o que há de mais valioso na experiência humana - na verdade, a única “coisa” realmente
valiosa, não somente voce para de buscar, mas um outro fenômeno naturalmente ocorre; a atração que você
sentia antes por objetos de desejo se dissolve. Se dissolve repentinamente como também gradualmente,
dependendo da força energética dessas atrações/vasanas.
Todo desejo, envolvimento e apego aos objetos serviam somente o propósito de tentar me completar, me
acalmar... como se eles me propiciassem segurança, estabilidade, paz, satisfação etc. A atração, envolvimento,
dependência e desejo por objetos eram simplesmente o sintoma da minha auto-ignorância. Uma vez a causa
tenha sido neutralizada pelo auto-reconhecimento, o sintoma desaparece.
Satya é também Mithya, mas Mithya não é Satya. O ego, a mente, o intelecto é mithya. Mithya jamais realiza
Satya, porque Satya é, e sempre foi auto- realizada. Somente o Ser/Consciência plena é auto-consciente e auto-
existente, auto-luminosa... o Jiva jamais se “ilumina”, jamais se iluminará. E porque? Por que fundamentalmente
o Jiva nao é um Jiva, mas a “luz” que vivifica o Jiva. A liberação é libertar-se do Jiva e seu senso de existência
limitada e inadequada. Em realidade, o Jiva não sobrevive a auto-realização.

A NATUREZA DO SER É BLISS; ALEGRIA E FELICIDADE ILIMITADA - Tudo que eu valorizo e amo, eu amo
em prol da minha própria satisfação pessoal. Se eu amo uma pessoa, eu o faço porque essa pessoa me
proporciona felicidade, alegria e satisfação. Se eu gosto de uma casa nova, eu o faço porque essa me dá
felicidade, alegria etc.
Eu valorizo e amo qualquer coisa que “contenha” alegria, felicidade… que me faça sentir feliz, alegre e satisfeito.
Eu amo uma coisa só pelo amor do meu proprio Ser/Self. Nós apenas valorizamos e amamos alguma coisa, se
essa coisa produz / contém felicidade e alegria (bliss).
Agora, o que é “aquilo” que eu mais valorizo, que eu mais amo na vida? Eu mesmo, minha vida, o Ser; minha
existência consciente. Portanto, Eu, o Ser, "devo ser" a "coisa" mais alegre e feliz (blissful) que existe - a propria
fonte de alegria e felicidade (bliss). É por isso que todos gostariam de viver para sempre - se não fosse pela
velhice, doença e dor, é claro

SVADHARMA -Arlindo: Olá Marie, no parágrafo abaixo estou destacando o que acredito ser o núcleo da sua
pergunta.
"o quanto é importante identificar o svadharma de alguém, quando a vida desse alguém está em declínio e
apenas agora está aprendendo os ensinamentos do Vedanta, ou será que o svadharma muda em diferentes
fases da vida?......"
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O Dharma é um tópico sutil, Marie. A palavra "Dharma", que não tem tradução direta em inglês significa;
"segurar, manter, e apoiar". Dharma, então, é a combinação de todas as leis naturais e regras fundamentais,
mantendo e governando a criação. É por isso que as escrituras às vezes se referem ao "mundo" como o "campo-
do-Dharma".
Sva-dharma por outro lado literalmente significa, "dharma-próprio" e de acordo com as escrituras, geralmente se
referem a um "dever próprio" e responsabilidades particulares.
Então, vamos primeiro olhar “objetivamente” para o svadharma.
Todos nós representamos papéis diferentes em nossas sociedades e para a sustentação dos valores,
estabilidade e ordem da sociedade, é indispensável que todos cumpramos os nossos deveres e obrigações de
acordo com o dharma shastras (escrituras) - que se baseia no “bom-senso” ou senso comum - que infelizmente
parece ser a coisa muito "incomum" como eu ouvi alguém dizendo. Svadharma significa agir seguindo o seu
“dever” em referência a uma situação específica.
Por exemplo; se você tiver filhos, é o seu svadharma como mãe criá-los com amor e cuidado. Se você não
cumprir essa responsabilidade, a criança ficará com um sentido de abandono que vai afetá-la enormemente. E
assim, você vai incorrer em papa karma - sua mente permanecerá culpada e um conflito mental-emocional será
o resultado. Neste exemplo, a mãe vai sofrer, a criança vai sofrer - e tudo porque a mãe não cumpriu o seu
dever, o seu próprio svadharma situacional. Assim sendo, poderíamos acrescentar que o svadharma quase
invariavelmente se refere à "vishesha" dharma ou dharma "situacional", dependendo do papel que somos
chamados para representar.
O svadharma de alguém não só muda no curso da vida, mas também inúmeras vezes em um único dia. De
manhã você se levanta e vê o seu marido e aí você se comporta como a esposa. Uma hora depois você
encontra a sua mãe antes de ir para o escritório e você se comporta como filha. Mais tarde, você se encontra
com seu chefe e você se comporta como um funcionário bom e eficiente. Se você confundir esses papéis em
particular você não vai cumprir o seu svadharma situacional e você estará em apuros.
Mas "svadharma" está muitas vezes também relacionado com as nossas profissões como um médico, um
carpinteiro, um cozinheiro, um professor, um construtor, um pintor, um dançarino etc. Todos nós queremos fazer
algo que gostamos muito de fazer, caso contrário, não seremos felizes. Todos nós precisamos observar e ver o
que nos dá maior alegria como profissão ou atividade. Mas acontece muitas vezes que eu não tenho sucesso em
encontrar o meu trabalho-dos-sonhos e acabo fazendo algo que não gosto muito. Se isso não pode ser alterado,
então precisamos aceitar qualquer trabalho que Isvara nos dá como “Prasad”, e o realizar com espírito do karma
yoga. Apenas isso vai fazer o trabalho muito mais agradável.
De uma visão mais ampla, também podemos observar "svadharma "como as três fases da vida humana; durante
a "primeira fase" da vida, na nossa juventude, o nosso principal svadharma é o de um "aluno" e como tal nosso
dever é ir para a escola, estudar, aprender, ser educado, e crescer em conhecimento e maturidade para que
possamos estar prontos para entrar na "segunda fase" da nossa vida, a de um trabalhador, um contribuinte para
a sociedade. Como trabalhadores, não só contribuímos para a sociedade mas ganhamos dinheiro para que
possamos exercer o nosso svadharma como um "chefe de família" ou "provedor" para a família.
A terceira fase é o que chamamos no Ocidente de "aposentadoria" dos assuntos e atividades mundanos. É hora
de retroceder e curtir. É um tempo para ter outra coisa para fazer, com o que resta da minha vida, mas o que
fazer? Infelizmente, a maioria das pessoas nas sociedades modernas não sabem o que fazer com a sua
aposentadoria e eles sofrem. Eles se tornaram viciados demais em seus papéis como "provedores" ou "chefes
de família" que sentem como se perdessem o seu propósito de vida. Eles não podem aproveitar a terceira fase
da vida de acordo com as etapas baseadas na idade conforme apresentadas nos vedas; ou seja, a etapa para
estudo e contemplação das escrituras sobre o Autoconhecimento.
Você diz que sente que sua vida está declinando... Então eu assumo que você possa estar perto da terceira fase
da sua vida, e isso é uma benção porque você tem o grande mérito de estar no ônibus do Vedanta, como Ramji
às vezes diz. Se for assim, use a sua aposentadoria para o seu desenvolvimento espiritual primeiro, e outras
poucas coisas em segundo; como a família, os netos etc. Mantenha a sua mente nos ensinamentos o mais
frequente possível e não se sinta tímida para pedir ajuda a um professor de Vedanta. Esta é uma época
maravilhosa para se manter focada no seu “mais” fundamental "svadharma" que é a busca por Moksha.
Mas deixe-nos também olhar para o svadharma "subjetivamente":
Do ângulo psicológico "Svadharma" também pode ser visto como a nossa "natureza aparente" mais fundamental.

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É o nosso programa ou condicionamento básico que molda as nossas inclinações, caráter, personalidade,
talentos etc. Todos nós nascemos com uma "carga-de-vasanas" da nossa vida passada. Vasanas são
"tendências" subconscientes que se manifestam em nossa mente consciente como um desejo de pensar, de
expressar, e de agir de certa forma. Diz-se frequentemente que se formos contra a nossa natureza-Jiva,
sofreremos, mas o fato é que é melhor ir contra ela, se por acaso temos uma natureza "adharmica”. Isso significa
que "svadharma" não está separado do Dharma - inclui o dharma como a própria "palavra" denota.
Por isso, para começar, é importante aceitarmos nosso programa... não nos compararmos com os outros e
tentarmos imitá-los - não devemos viver de acordo com qualquer modelo de função, etc. Precisamos aceitar as
nossas tendências e talentos naturais não como uma maldição ou punição, mas como "Prasad" de Isvara. Tudo
o que o Senhor me deu como minha "construção mental-emocional", é exatamente o que a minha alma merece -
só então eu posso trabalhar para o aperfeiçoamento da minha personalidade, para o aperfeiçoamento dos meus
talentos, para a purificação da minha mente e do meu intelecto.
Sim, os nossos papéis na vida mudam de um momento para o outro. As nossas fases de vida mudam na medida
em que crescemos, contribuímos e nos aposentamos em sravana, manana, etc. E sim, da nossa experiência
psicológica, a nossa natureza fundamental, o nosso sentido de identidade como um Jiva humano também muda.
Os nossos valores, desejos e objetivos continuam a mudar enquanto crescemos em maturidade e em sabedoria.
Isso quer dizer que da nossa perspectiva subjetiva, o nosso "svadharma" (a nossa natureza aparente mais
fundamental) continua mudando até evoluir para se tornar "Mumukshutva", um desejo ardente de realizar o Eu
(Sef) interno, que é o Eu (Self) dentro de cada um e tudo na criação.
Espero que ajude, Marie Vaucher, e por favor, sinta-se à vontade para entrar em contato comigo se você sentir
vontade.
Muito amor e boa sorte.
Arlindo Moraes

A DIMENSÃO ESPAÇO-TEMPO - Olá Arlindo. O espaço-tempo é somente uma projeção mental? Só tem
relação com o corpo sutil? Porque as vezes faço comparação com o que está acontecendo na experiência física-
material e o que a mente tá criando. Embora as duas sejam “experiências”, as físicas parecem ser mais reais
porque são experiências que estão aparecendo no momento e podem ser experimentadas com os sentidos
físicos. Mas a experiência mental, pelo menos o seu conteúdo, está na imaginação. Não posso experimentá-la
com os instrumentos dos sentidos. Perceber essas diferenças pode " ajudar em alguma coisa? Obrigado de novo
Arlindo: O espaço-tempo é uma sobreposição ou projeção criada pelo Jiva humano. Faz parte do que chamamos
de "pratibhasika satyan", uma realidade subjetiva projetada apenas pelo Jiva. Como tudo na manifestação, é
também um subproduto de Maya-Isvara. O Jiva se identifica com seu corpo e isso cria uma sensação de
separação e distância entre o corpo do Jiva e todos os outros objetos.
O Jiva-objeto, aparentemente "autoconsciente" é criado para contatar e experimentar os demais objetos no
campo (seu meio ambiente), e ao fazê-lo, produz o fenômeno “puramente subjetivo” chamado “tempo-espaço”
no qual os objetos emergem em suas formas distintas.
Para que isso seja possível, Maya-Isvara cria o Mundo físico material que chamamos; “Vyavaharika Satyam”, a
realidade física manifesta. Dentro dele, ele também cria o Jiva humano e os demais objetos no campo de
experiência-ação. Os instrumentos sensoriais físicos e os sutis (órgãos sensoriais localizados na mente) são
também indispensáveis para que “experiência” ocorra. O mundo somente existe para que os Jivas possam
experiência-lo.
Espaço e tempo são como os dois lados da mesma moeda. Maya-Isvara cria uma falsa sensação de duração de
um pensamento/experiência distinto, bem como a sensação de intervalo entre um pensamento/experiência e o
seguinte. Tempo e espaço é uma ilusão, um truque produzido por Maya-Isvara.
Por outro lado, os objetos celestes estão sempre se expandindo, se movendo e mudando, e isso também produz
a sensação de tempo da perspectiva da mente do Jiva. Mas, após cuidadosa investigação, percebemos que
todos os objetos não estão separados ou desassociados da mente e que a mente do Jiva não está separada de
“Você”, Consciência pura. Tudo está sempre “brotando” de você e dentro de você.
Da mesma forma que os sonhos não estão separados da sua mente, as suas experiências espaço-temporais
não estão separadas de você. As suas experiências mentais (contatos com objetos sutis como; pensamentos,

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memórias, emoções) pertencem somente ao seu Jiva. São experiências “privadas”. É a sua mente causal
projetando impressões sutis na mente que são experimentadas através de seus “órgãos” sensoriais sutis.
Em sua imaginação ou no caso dos sonhos você pode ver, sentir, experimentar... às vezes até mesmo cheirar e
ouvir. Gradualmente você irá compreender a distinção entre os cinco instrumentos físicos de percepção, os cinco
instrumentos físicos de ação, dos seus respectivo “órgãos” de percepção e ação que são localizados na mente
(corpo sutil.)
Perceber essas diferenças irá ajudar sim, caríssimo. Te ajudará a gradualmente compreender que Você permeia
e sustenta todos os objetos aparentes em mithya; portanto, eles não estão separados de Você. O tempo e o
espaço não são reais porque não há espaço entre você e todas as coisas, pessoas, lugares e eventos ocorrendo
nessa dimensão aparente. É tudo aparentemente “rolando” em Você.

SATSANG SOBRE 'CONHECIMENTO REVELADO' - Pergunta: Os rishis receberam a revelação da realidade


de alguma forma direta ou por inferência? Pq entendo que por inferência chegamos a várias conclusões, mas se
essa revelação tivesse sido como uma experiência ou uma compreensão mais total, seria algo mais objetivo.
Essa dúvida me veio a refletir após a aula de hoje. Agradeço, professor.
Ola Daiane Costa. A revelação transmitida por Isvara aos Rishis (indivíduos contemplativos em busca da
compreensão da real natureza do “Eu”) é direta - se trata de conhecimento direto, mas não é uma testemunha
imediata dos órgãos dos sentidos e da mente. A mente e os sentidos inevitavelmente são sujeitos a erros de
interpretação devido ao 'ja conhecido' e suas vasanas (biases inconscientes).
Revelação ocorre quando o conhecimento contido na mente consciente do indivíduo é “suspenso” dando então
espaço para que conhecimento “realmente” direto (não filtrado através do 'conhecido') possa ocorrer. É o
conhecimento embutido na mente macrocosmica de Isvara, passando pela mente causal do indivíduo até
emergir na mente consciente do indivíduo como “Eureka!” ou revelação.
Quando dizemos que Vedanta não foi originado por indivíduos mas sim “para” os indivíduos, isso não significa
que experiência não esteja envolvida. Revelação 'É' uma experiência, muito embora não seja experiência de
uma pessoa, já que a personalidade do indivíduo se encontra suspensa. Podemos então concluir que a
revelação experimentada pelos rishis é simplesmente Isvara experimentando e conhecendo a si próprio em
conjunção com Maya.
E quem são os rishis, e como eles obtêm tais revelações? Revelação é conhecimento do que já existe no campo
de Isvara, mas que precisa ser des-coberto. O que “aparentemente” cobre o conhecimento das leis naturais do
universo é a nossa ignorância. A ignorância é devido ao excesso de rajas e tamas em nosso corpo sutil. Nosso
corpo sutil é um espelho que reflete a consciência original para produzir; Jiva, a consciência refletida.
Os Rishis existem nos dias de hoje. Somos nós, indivíduos contemplativos e introspectivos em possesso de
mentes condicionadas pela predominância de sattva guna. Revelações espirituais e científicas ocorrem sempre
que nossa Ignorância, invariavelmente sustentada pelos elementos de projeção (rajas), e ocultação (tamas) da
mente, são suspensos ou suprimidos, e uma grande predominância de clareza mental (sattva) prevalece.
Revelação é uma belíssima experiência impessoal.

SATSANG PERGUNTA & RESPOSTA - Olá Arlindo. As vezes eu ouço dizer que só existe a experiência direta.
Que experiência e consciência não estão separadas.
Arlindo: Fundamentalmente sim, experiência é o aspecto manifesto da consciência em contato com um
pensamento - um outro nome dado para indicar e revelar o principio nao-dual chamado; Consciência. Mas nesse
caso “experiência” nao significa, “objeto” de experiência.
Os ensinamentos dos Upanishads formulam que; consciência + pensamento/objeto = experiência. Nesse sentido
experiência é o aspecto dinâmico da consciência uma vez em contato com um pensamento/objeto.
Mas muitas das pessoas que propagam essa noção frequentemente sugerem que a consciência somente existe
quando em contato com um objeto de experiência - o que é um engano (ignorância). Consciência original, pura-
plena é livre e independente de todo e qualquer objeto.
Consciência é por natureza pura-existência, e portanto existe em tudo e em todos os objetos como também na
ausência de objetos. Os ensinamentos dos Upanishads provam esse “fato” através da análise lógica das nossas
experiências do dia a dia.

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Pergunta: Investigando isso posso dizer que experiência é consciente de si?


Resposta: Correto, se tomarmos a palavra “experiência” como “consciência” - já que a experiência jamais se
encontra separada da Consciência.
Pergunta: E que experiência é feita de consciência?
Resposta: Sim, tudo é feito de Consciência.
Pergunta: Digo isso porque é estranho o fato de que todas as experiências diretas: pensamento, sensações,
visão etc são fenômenos que não se podem ser experimentados com os sentidos.
Resposta: Experiência é sempre associada a um objeto, seja ele físico material, ou mental- emocional-
intelectual. Os pensamentos são objetos sutis ou objetos mentais. Eles são impressões mentais derivadas dos
prévios contatos com objetos (vasanas). O que você chama; experiência direta, é você, “Consciência”
experimentando as impressões mentais de seu corpo causal.
Pergunta: Como é possível ver um pensamento e ao mesmo tempo ele não ter uma localização? Por isso
pergunto se pensamento é feito de consciência?
Resposta: A dimensão mental ou sutil (corpo sutil) não possui a mesma substancialidade da dimensão físico-
material. É tudo energia, mas na dimensão mental a frequência da energia é mais rápida, e portanto o paradigma
espaço-tempo (o contentor de experiências) não é estruturado como em nossa dimensão física-material. No
estado do sonho por exemplo, em trinta segundos você pode sonhar que encontrou uma pessoa com quem você
casou, teve dois filhos etc. e passados trinta minutos apos acordar você talvez jamais se lembre da família que
você teve no seu sonho.
Pergunta: E porque vc diz que manifestações e suas interpretações são irreais? Seria porque essas experiências
não são materiais? Agradeço
Resposta: Tudo o que é testemunhado, conhecido, experienciado... é um objeto, e objetos são
fundamentalmente “não-reais”, ou aparentemente reais. Em realidade, tudo é somente, “Você”, a Consciência
plena pura.

SHIFT DE IDENTIDADE -Então, professor, eu estou inclinada a achar que sem um "shift de identidade"
(reconhecimento da nossa real natureza) seguir regras têm pouco valor e servem apenas para aparar as arestas.
Penso exista diferença entre "regras" e "compreensão". Vejo que ações (que são frutos de compreensão) não
podem estar separadas da "realização do Ser". Me parece que uma sem a outra fica capenga. Gostaria de saber
se o meu raciocínio está de acordo com o Vedanta?
Sim e não, Luciana Menezes. Como eu havia indicado brevemente no final da nossa última classe, seguir as leis
e regras representa a base ou a “fundação” do nosso crescimento espiritual, enquanto a auto-realização
representa o topo. Para vivermos em grupos sociais precisamos estabelecer e seguir certas regras sem as quais
uma vida harmoniosa e o crescimento espiritual é simplesmente impossível.
Podemos seguir nossas regras e leis, sejam elas; sociais, políticas, econômicas, éticas, psicológicas, cármicas,
físicas etc. sem compreender o motivo das mesmas e suas funções, seus objetivos - podemos segui-las
“cegamente”, motivados somente pelo medo de punição, humilhação, retaliação, etc.
Mas podemos também segui-las conscientemente, compreendendo seus valores e necessidades. Nesse caso,
seguir as regras é um ato consciente e deliberado, e não um ato imposto pelo sistema. A compreensão faz a
diferença. Mas existem níveis os mais diversos de compreensão.
Compreender e seguir as regras, mesmo que cegamente, sem entendê-las, é o primeiro passo em nossa
evolução (religião). Compreender as leis e regras que governam nossa experiência e segui-las deliberadamente,
é o segundo passo (karma yoga). Compreender a real natureza da realidade é o passo final (auto-realização).
Não é correto dizer que toda e qualquer ação sattvica deve necessariamente ser fundada na realização do Ser.
Mas uma vez o Jiva realize a verdade, ele naturalmente segue as regras sem nenhuma resistencia, ou caso
contrario, a realizacao nao realizou realmente a verdade. Portanto, seguir as regras sao de grande valor,

Vedanta Tradicional ou Não Tradicional


POSTADO EM 26 DE DEZEMBRO DE 2017
Satsang por Ramji (James Swartz) Tradução de Rosalvo Per

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Todos nós temos razões para justificar nossos gostos e aversões. Alguns Vedantinos me criticam por causa de
uma dualidade peculiar: tradicional versus não tradicional. Obviamente, a verdade está além da tradição.
Muitos anos atrás Swami Dayananda escreveu um pequeno folheto para explicar por que ele não se sentia mais
à vontade para ensinar com Swami Chinmayanada. Sua primeira declaração é: “Eu me considero um professor
do Vedanta tradicional”.
Muito mais tarde, Swami Paramarathananda, principal discípulo de Dayananda, explicou a diferença entre os
não-dualistas místicos e não-místicos, que eu resumi em um recente satsang publicado no ShiningWorld,
embora ele não se referisse a Chinmaya ou Dayananda. É um tema importante que destaca a relação entre a
experiência e o conhecimento, que é o tema principal do folheto de Dayanada. Também está resumido em um
artigo intitulado ‘What is Advaita Vedanta (O que é Advaita Vedanta)’, postado na seção de publicações do
ShiningWorld.
Quase cinquenta anos atrás, percebi que eu era o Ser pleno aos pés de Swami Chinmaya, que era um não-
dualista místico e durante vários anos ensinei seu estilo de Vedanta, que era chamado de "Vedanta moderno".
Um dia li o folheto mencionado acima, quando percebi as limitações do não-dualismo místico. Lembre-se, Isvara
envia o professor que você precisa. Se você é qualificado e o professor é hábil, você será libertado,
independentemente do estilo de ensino.
Tenha em mente que tanto os não-dualistas místicos quanto os não-místicos ensinam a não-dualidade. Um estilo
é mais fácil para pessoas orientadas para a experiência e o outro para pessoas orientadas para o conhecimento,
embora ambos tenham desvantagens. A desvantagem para os indivíduos orientados para a experiência é a
tendência de pensar a libertação como uma experiência discreta e a desvantagem para as pessoas orientadas
pelo conhecimento é a tendência de esperar algum tipo de experiência não-dual para confirmar o conhecimento.
Então, em uma contribuição extremamente importante para o Vedanta sampradaya, Swami Dayananda deixou
clara a distinção, favorecendo pesadamente o lado do conhecimento. No entanto, ganhar e reter conhecimento
também é experiencial, portanto você também não pode ignorar a experiência. Você só pode saber a diferença.
E você não pode descartar a abordagem orientada para a experiência porque as epifanias muitas vezes iniciam
o questionamento, o que leva a entender o valor do conhecimento. Dito isto, ele não foi o primeiro professor a
fazer essa distinção, pois está embutida na premissa fundamental dos Upanishads.
Se a realidade é uma consciência não-dual, tudo é uma consciência não-dual, incluindo eu e a minha
experiência, o que significa que estou sempre experienciando o Ser pleno que, por sua vez, significa que o meu
problema fundamental é a ignorância.
É compreensível, mas triste, que algumas pessoas do Vedanta que não conheciam Chinmaya e Dayanada
permitiram que as suas visões do ensinamento de Dayananda as prejudicassem em relação ao não-dualismo
místico. Várias dessas pessoas me desprezam porque eu obtive o autoconhecimento de Chinmaya, embora eu
tenha ensinado com paixão o estilo não-místico de Dayanada pelos últimos 40 anos. Mas quando você é um
militante, muitas vezes é difícil ver a floresta ao invés das árvores. Há muitos ocidentais que não são apenas
fascinados pelo Vedanta, mas com a cultura indiana que o nutriu. Eles têm a ideia de que o Vedanta é apenas o
Vedanta ‘verdadeiro’ se vier em um certo pacote ... Índia, roupas laranja, Sânscrito, etc.
Recentemente, um dos meus admiradores foi para a Índia para estudar com um dos discípulos de Swami
Dayananda porque ele supôs que o estudo com um Indiano em um ashram Indiano era necessário, pois foi isso
que aconteceu comigo. Um ano depois, ele voltou livre dessa ideia.
Em Atma Bodh, Shankara disse que as circunstâncias são auxílios necessários, mas apenas o conhecimento
‘cozinha a comida’. A verdade está além de todas as formas.
Chinmaya queria que eu me tornasse um sanyassi, mas Isvara tinha outras ideias. Eu sou americano e, quando
em Roma, faço o que os romanos fazem. É apenas sensato. Uma vez que o meu caminho estava claro, ele me
apoiou cem por cento.
A maioria das pessoas não sabe o que é realmente um mahatma. Tanto Swami Dayananda quanto Swami
Chinmaya eram mahatmas. É importante que os devotos de Dayananda saibam que Swami Dayananda serviu
Chinmaya por muitos anos e foi devido ao amor de Chinmaya por ele que ele se tornou tão conhecido tão cedo
em sua vida. Eles simplesmente tinham ideias diferentes sobre como ensinar o Vedanta com base em seu
próprio svadharama e as necessidades do total durante suas vidas. Mas o fato é que o Vedanta está acima do
professor. O professor é glorioso por causa do ensino. Sim, se um professor é glorioso, ele ou ela será uma

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ótima propaganda para o Vedanta, mas isso é tudo. Contanto que você use a dualidade tradicional/não
tradicional para se sentir especial, ainda há trabalho a ser feito.
Frequentemente, as pessoas vêm até mim e se tornam inspiradas pelo Vedanta e eu as ensino da melhor
maneira possível. Mas quando eu lhes digo algo que elas não querem ouvir ou me comporto como uma pessoa
normal, elas perdem o interesse em mim e, tendo ouvido falar sobre Swami Dayananda e alguns de seus
discípulos, elas acham que receberão o ensinamento 'verdadeiro' de um mahatma 'verdadeiro'. Então, elas me
escrevem pedindo desculpas, o que é bom para mim, mas não é bom para elas, porque significa que elas
confundiram o nome e a forma com a verdade e mantiveram a dualidade viva em suas mentes.
A sua iluminação não é especial porque, como a minha, tem o cheiro da Índia. É muito bom se o fizer, mas
Isvara está acima de conceitos como oriente e ocidente, tradicional e não tradicional, meu guru e seu guru. Eu
procuro deixar claro nos seminários que "guru" é apenas um chapéu que eu coloco quando sou convidado para
ensinar. Não é uma carreira ou um estilo de vida. Quando desço do púlpito, sou apenas um cara normal. Como
essa pequena pessoa pode admitir a glória de Isvara?

SATSANG P&R - Boa noite, Arlindo e demais membros. Tenho uma dúvida:Sei que o jiva correga consigo de
uma para outra encarnação, no corpo causal, os vasanas, determinando assim desejos e aversões. Mas e o
conhecimento, meta última do Jiva? Há um continuum de uma para outra encarnação? Há algum registro ou
armazenamento de conhecimento? Se há, onde ele fica armazenado?
Lauro Lauro , Essa é uma boa pergunta. Em sua natureza aparente, o Jiva humano é uma entidade
experienciador dotada de livre-arbítrio (capacidade de escolha) e uma mente consciente discriminante capaz de
contactar o mundo dualístico dos objetos e experiencia-los, conhecê-los , interpretá-los etc. Ao fim de cada um
de seus ciclos, o corpo sutil do Jiva se recolhe em seu corpo causal separando-se então do corpo físico. Tal
evento é comummente referido como, morte.
Mas ocorre que o corpo causal ou mente subconsciente do Jiva, não morre. Essa permanece existente, mas não
mais como uma entidade experienciador e conhecedor, mas sim como um corpo de memórias subconscientes
que compõe aquilo que chamamos de vasanas e samskaras (impressões mentais/emocionais manifestas como
pré-disposições e tendências de pensar e agir de um certo modo.)
Tais vasanas e samskaras se desenvolvem somente durante o período encarnado da entidade experienciador
(Jiva), e sempre a partir de seus desejos e aversões, gostos e desgostos, desejos compulsivos e vinculativos
profundamente arraigados na mente subconsciente é sempre com base na ideia que algum objeto de
experiência irá me realizar é completar definitivamente.
Mas voltando então para a sua pergunta, onde ficam registrados o conhecimento, o entendimento e a
maturidade do Jiva? Suas vasanas, que são inevitavelmente fundadas na auto-ignorância (imaturidade), ficam
“armazenadas” no corpo causal, mas o que podemos dizer sobre todo o entendimento, compreensão,
conhecimento, amadurecimento do Jiva?
O conhecimento, a compreensão, a maturidade etc., ficam também depositados no corpo causal e como
energias opostas as energias relacionadas ao medo e o desejo. As energias do medo e do desejo são
fundamentalmente rajas e tamas. A energia por trás da maturidade, clareza mental e conhecimento assertivo é o
sattva guna. A maturidade e o autoconhecimento não se mistura com a auto-ignorância. São como a luz e
escuridão. A energia da luz (sattva guna) neutraliza e dispersa a escuridao (rajas e tamas).
Portanto um Jiva maduro quando ainda não liberado irá sim reencarnar, mas com tendências ou vasanas nobres
tais quais; a contemplação, a meditação, a introspecção, o estudo e investigação espiritual etc. - um nascimento
altamente avançado em termos de maturidade espiritual. Em outras palavras, o desejo predominante na mente
de tal indivíduo maduro e’ o desejo por Moksha ou liberação. Tal indivíduo e’ quase que invariavelmente livre da
ansiedade e medo psicológico.

YOGA, MEDITAÇÃO E VEDANTA - Comentários sobre Panchadasi - A proposta do Yoga é conectar a mente
com o Eu/Ser pleno. Mas como pode a mente, que é um objeto, se conectar com a Consciência, o sujeito, que
está além do alcance da mente? A mente se “conecta” com O Ser pleno pensando deliberadamente sobre os
ensinamentos do Vedanta. Existem apenas dois possíveis tipos de pensamento: o Ser pleno (o sujeito) e a
consciência refletida (os objetos). A nossa yoga é uma absorção completa da mente no pensamento: "Eu sou a
Consciência e não o complexo corpo-mente/sentidos."
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Todos os pensamentos devem convergir neste tópico como uma lupa focando os raios paralelos do sol em um
único ponto. Cada pensamento deve lidar com algum aspecto do Ser pleno, a Consciência, e o meditador deve
se certificar de que pensamentos diferentes não quebrem o fluxo de pensamentos no Ser pleno. Isso é o que o
Vedanta chama de contemplação/meditação.
Em um de seus maiores trabalhos, Aparokshanubhuti (Conhecimento/Experiência Direta), Shankara personaliza
o Ashtanga Yoga de Patanjali, às vezes chamado Raja Yoga ou o caminho óctuplo, um caminho com oito
degraus que leva ao samadhi, um estado da mente livre de pensamentos. O Caminho Óctuplo de Buda é outra
formulação do Ashtanga Yoga, e embora os caminhos budistas não ofereçam um meio sistemático de
autoconhecimento comparável ao Vedanta, eles oferecem práticas e disciplinas úteis que podem re-orientar e
preparar a mente para a discriminação.
O primeiro estágio do Raja Yoga é chamado de yama, controle dos sentidos. O yogi deve usar a força de
vontade para evitar que os sentidos se envolvam com objetos, pois eles produzem apego. Mas Shankara sugere
uma maneira mais simples e mais eficaz: ver o Ser pleno como completo em vez de incompleto. Do ponto de
vista do Ser pleno, os sentidos não são um problema. Eles não se esforçam para experienciar. Eles estão
automaticamente conectados a seus respectivos objetos pelas forças inconscientes dos Gunas. O problema real
é o desejo, a crença de que conectar os sentidos a um objeto em particular, de alguma forma, me torna mais
pleno e completo do que sou atualmente.
Mas se o Ser pleno é não-dual e tudo é o Ser pleno, inclusive o eu refletido, então eu já sou pleno e completo e,
portanto, não preciso criar algum tipo de experiência que me conecte a um objeto e me faça sentir bem, feliz e
completo. Portanto, o conhecimento de que sou pleno e completo impedirá automaticamente tentativas
injustificadas de produzir felicidade experiencial através do contato sensorial. Além disso, acontece que a
felicidade experiencial é, na verdade, a plenitude do Ser não-dual, embora pareça inerente a certos objetos e
atividades.
Portanto, sugere-se que o meditador provoque um curto-circuito no processo kármico, renuncie ao objeto-
felicidade indireta e encontre a felicidade diretamente dentro de si, meditando e contemplando o Ser pleno como
sua própria natureza. A mente se torna aquilo que ela contempla. Já que o Ser pleno é bem-aventurança, a
mente se torna plena de felicidade quando contempla o Ser pleno.

VASANAS OU VÍCIOS NEGATIVOS (EX: DROGAS) - Ola professor Arlindo. Quanto as vasanas de vícios... no
meu casa a maconha.É uma vasana muito forte. E me deixa sobre o domínio de rajas e tamas. Eu estou
praticando karma-yoga no meu dia a dia e exercitando a discriminação entre mitya e satya . Meditando com foco
no observador (ser), e contemplando no material do Vedanta do professor James Swartz.
Nesse caso das vasanas muito fortes. Existe alguma técnica para neutralizar-las?
Caríssimo amigo e estudante, vasanas são tendências repetitivas que com o passar do tempo se tornam hábitos
ou vícios. Quase que invariavelmente, um hábito é considerado um vício quando ele produz resultados
negativos, resultados não conducentes ao meu crescimento espiritual. Um hábito de fumar um “baseado” de
maconha assim que eu acordo, e tomar um café da manhã cheio de açúcar e carboidrato é totalmente não-
favorável a minha saúde física-mental.
Mas existem hábitos que são positivos e conducentes ao meu desenvolvimento pessoal. O hábito de acordar
cedo, fazer um pouco de exercício físico, yoga, estudo das escrituras, meditação... antes de iniciar o meu dia, é
um hábito favorável a minha saúde mental e física.
Em geral as pessoas que fumam cannabis ficam mais preguiçosas ou ligeiramente deprimidas. No caso das
pessoas extremamente rajásicas a maconha pode até mesmo equilibrar um pouco essas duas energias. Mas as
pessoas tamasicas experimentam um efeito bem mais negativo. De qualquer modo é uma constante “gangorra”
entre rajas e tamas como você descreve. Cannabis é conhecidamente uma agente supressor das perturbações
mentais-emocionais. Num nível mais leve é como o opium ou a heroína.
Mas como sabemos a supressão não é a solução. Um problema negligenciado, inevitavelmente se torna
arraigado no corpo causal, e com o tempo, bem mais difícil de ser erradicado. E não pense que uma vasana
profunda e vinculativa como a do seu exemplo possa ser cancelada da noite para o dia. A compreensão nos
porta a transformação positiva e essa é conducente à satisfação e contentamento pessoal.
Quanto mais satisfeitos, contentes, felizes e alegres, menos interesse havemos por agentes supressores do
corpo mental-emocional. Falo de experiência pessoal. A droga serve para suprimir ou “afogar” o nosso
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descontentamento e desconforto. Mas quando você é contente, satisfeito e feliz a droga irá igualmente “afogar” a
sua satisfação e alegria. Somente então você jamais se sentirá atraído por elas. A maconha lhe deixará
naturalmente. Continue a expor a sua mente aos ensinamentos e sua vida gradualmente se transformara. As
drogas irão lhe abandonar porque elas so se associam as pessoas descontentes. 100% garantido

JNANA YOGA E KARMA YOGA - Cada um dos Quatro Vedas são divididos em duas seções ou partes; karma
Yoga e Jnana Yoga. Jnana Yoga é a parte conclusiva dos Vedas, é o que chamamos de “os Upanishads”.
Upanishads = Jnana Yoga = Vedanta. É o caminho espiritual através da compreensão e do conhecimento.
A seção dos Vedas referente a Karma yoga é muito extensiva. 80% ou mais das escrituras Védicas são
dedicadas a esse aspecto da espiritualidade baseado na ação. Karma yoga começa com o que chamamos
“religiosidade”, práticas físicas, verbais, e mentais que tem como objetivo principal produzir “punya-karma”.
Punya-karma é karma positivo ou uma vida livre de excessiva adversidade, ou em outras palavras, obter a
simpatia de Isvara.
Todas as "sadhanas" que envolvem ação física, verbal e mental são práticas do karma-yoga. As mais
elementares são os rituais religiosos tais como; preces, repetições de mantras, recitação das escrituras,
pradakshinas, pujas etc. - práticas religiosas sempre executadas com o objetivo de obter “punya-karma”,
traduzido como; coisas, pessoas, saúde, riqueza, como também situações de vida favoráveis.
Mas os rituais do Hinduísmo, muito embora de fundamental importância, representam somente o aspecto
emocional e devocional do karma-yoga que desenha e define de modo adequado o relacionamento entre Jiva e
Isvara (Deus) - que é o primeiro passo no processo de preparacao da mente para o Jnana-Yoga.
O que mais impressiona na Índia é a atmosfera devocional religiosa que encontramos a cada esquina,
principalmente nas localidades mais “potentes” espiritualmente como Tiruvannamalai, Rishikesh etc. Todos
parecem saber que Isvara é quem determina nossos destinos e consequentemente todos expressam reverência
e devoção ao Lorde.
A vida fica muito mais fácil e relaxada quando o Jiva “reconhece” o papel de Isvara como também a sua propria
"insignificante" condição como Jiva.
No ocidente poucos sabem de Isvara - é cada um por si tentando controlar o “campo” de modo a realizar os seus
objetivos pessoais, quase sempre puramente materiais. Portanto o primeiro passo para purificar a mente é
reconhecer que existe um “princípio” inteligente que governa e controla tudo em Mithya. Esse princípio é
chamado Deus ou Isvara.
Mas o Karma-yoga em sua expressão mais sutil e sofisticada é também um tipo de “jnana-yoga”. É o estudo que
produz o entendimento sobre Isvara - suas leis e regras - o Jiva - como também o relacionamento entre Jiva,
Isvara, Jagata (o mundo) e a Consciência plena. Essa compressão do Karma Yoga é um purificador potente e
natural que converte a emoção humana em devoção - nossos desejos e aversões em apreciação e aplicação
dos valores dharmico universais.

VASANA SEXUAL, COMO DOMAR-LA? - Bom dia Arlindo. Poderia depois tecer comentários no grupo sobre o
desejo sexual, tenho dificuldade em como discriminar essa vasana. É uma vasana impossível de se dizer; "não
vou desejar". Não sei se existe diferença entre homem e mulher ou se o condicionamento do homem é maior
que o da mulher pois elas parecem lidar mais facilmente com isso. Se vc por favor puder comentar eu agradeço.
Sim Milito, para algumas pessoas, a vasana do sexo é muito difícil e quase impossível de ser regulada e
sublimada. Sexo e comida são vasanas com raízes profundas no subconsciente humano. Sao vasanas
plantadas por Isvara para assegurar a procriação e preservação das espécies. Nada de pessoal. O desejo
sexual não deve ser suprimido, porque a supressão é uma psicologia rudimentar e ineficaz. Mas isso não
significa que devemos nos entregar livremente aos nossos desejos sensuais. Esse é um assunto complexo.
Sabendo que você é uma pessoa em busca do crescimento espiritual e autoconhecimento, a melhor sugestão é
a prática do karma yoga. Karma yoga é ação apropriada/sattvica, e portanto, totalmente dharmica + a atitude de
devoção, gratidão e consagração de suas ações a Isvara.
Mas a dificuldade é que, para responder aos estímulos da vida de maneira sattvica e dharmica, o conhecimento
do Karma yoga e dos ensinamentos sobre o Dharma precisam ser conhecidos e compreendidos. Do mesmo

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modo a atitude do karma-yogi somente é possível através da compreensão de Isvara, Jiva, Jagata (o campo de
ações) e do relacionamento entre eles.
E naturalmente esse conhecimento não cresce em arvores, e
nem surge do dia para a noite. Ele requer estudo, contemplação, esclarecimentos, etc. como também a
orientação de um professor competente. Todos nós gostaríamos de encontrar respostas e soluções imediatas e
instantâneas para os nossos problemas, mas não é assim que funciona.
A solução “quase” que imediata existe; "o auto-conhecimento" mas o auto conhecimento não ocorre numa mente
perturbada e afetada por problemas físicos, biológicos ou psicológicos. O autoconhecimento é a única solução
definitiva e profundamente libertante, mas a mente precisa ser trabalhada e purificada antes. Portanto, a gente
gira-gira e acabamos sempre voltando para o Karma yoga, o preparador da mente.
O nosso Seminário em Ubatuba será uma boa plataforma para que nossas compreensões se desenvolvam. Se
você puder, participe. Esse grupo está crescendo, e eu ja não consigo estender me muito com minhas respostas.
Mas posso lhe adiantar que o objetivo mais importante para o Jiva na busca da libertação, é o desenvolver e
manter uma mente tranquila, pacífica, resolvida... uma mente sattvica.
Você pode tentar reduzir a pressão dessa vasana em sua mente através da prece, da sublimação dessa mesma
energia. Você pode tentar canalizá-la no esporte, no trabalho etc… mas como eu disse antes essa é uma vasana
difícil, independentemente da sua capacidade ou nao de expressá-la com o outro. Aqueles com facilidade de
expressar-se sexualmente encontram sempre parceiros, mas frequentemente se tornam escravos da vasana.
Portanto sempre que essa vasana sexual estiver impossivelmente forte, ao ponto de perturbar muito a sua
mente, a solução mais simples é liberar a energia. É inútil reprimi-la quando o seu corpo-mente pensa e projeta
sexo em tudo. Mas quando você a libera, você deve estar consciente de que você o faz somente porque a sua
mente ficou muito perturbada ao ponto de voce nao conseguir contemplar e praticar a sua espiritualidade… não
porque você acredita que o ato sexual lhe possa completar e satisfazer de verdade.
Caso seja possível procure uma parceira interessada em dar vazão a essa mesma energia. Seja honesto e
dharmico, sem mentir, seduzir, manipular, fazer promessas falsas etc.. Simplesmente abra o jogo; meu objetivo é
relaxar e pacificar a minha mente para que eu possa estudar, contemplar e crescer espiritualmente… preciso
muito fazer sexo com alguém.... a pressão aqui está muito forte e eu preciso de ajuda .

A BUSCA DO AMOR NO OUTRO - Professor Arlindo, o meu relacionamento amoroso que não deu certo ainda
me faz sofrer, e muito. Estou aqui com aquele aperto no peito, uma sensação péssima de ansiedade e angústia,
numa choradeira só por conta desse problema. É algo muito ruim é doloroso que não deixa meu intelecto
trabalhar e discriminar. Mas quero muito resolver isso e me livrar dessa vasana. Só o Karma yoga pode me
ajudar nesse caso?
Sim Celinha. O karma Yoga é o melhor remédio para esse caso de sofrimento devido ao profundo apego e
dependência de objetos. A mente sob o impacto de tal sofrimento psicológico perde sua faculdade contemplativa
e discriminativa, é uma mente “incapacitada”.
O objeto chamado; “amor” é um dos mais potentes para produzir vasana de apego e dependência. Quase todos
pensam; se alguém me amar de verdade eu me sentirei; ok, completa, satisfeita, realizada, segura etc.
Em todo o mundo as pessoas supervalorizam o amor… todos estão em busca de alguém que os amem, que os
afirmam, validem… alguém que me faça sentir adequada e ok exatamente como eu sou.
Tudo porque todos sofrem desse profundo sentimento de inadequação e insuficiência, esse sentimento de que
existe alguma coisa errada sobre mim. Essa é a herança que todos recebemos de nossos ancestrais; a auto-
ignorância manifesta come noções auto limitantes e auto-insultantes sobre quem eu sou.
Mas o problema é que todos estão buscando alguém que tenha amor para dar - alguém que possa afirmar-me e
ajudar-me a curar essa ferida psicológica; a “carência de amor próprio”. mas a dificuldade é que ninguém se
propõe como doador de amor. Você encontra doadores de sangue, mas não de amor. Alguém que diga, hey, eu
tenho amor para dar por que meu “copo está cheio”, transbordando. Todos querem somente ser amados.
Mas o "self love" ou amor-próprio somente pode ser encontrado em você mesma, e por você mesma. Ninguém
irá produzir em você o amor-próprio. Somente você pode compreender que você é a fonte do amor.

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Celinha, se sua mente se encontra muito pertubada a meditação e a contemplação serão pouco eficazes. Talvez
algumas práticas mais densas do tipo repetição de um mantra... melhor talvez seja a prática de posturas de yoga
(Asanas). Elas ajudam a relaxar o corpo-mente.
Karma yoga é excelente, mas karma yoga também depende de uma compreensão e a menos que essa já esteja
bem estabelecida em sua mente... Lembre-se sempre que o sofrimento nos ajuda a crescer, a aprender algumas
lições de maturidade.
Aceite a sua dor com honestidade e integridade, sem incriminar ou culpar os outros. Saiba que ela é somente o
produto de sua auto-ignorância. Esse é o primeiro sinal de maturidade. O segundo é a busca pelo o auto-
conhecimento.

PANCHADASI CAPÍTULO IX - Conhecimento Direto e Indireto

14. Depois de ouvir indiretamente, dos ensinamentos do Vedanta, que é consciência, deve-se repetidamente meditar na
ideia: "Eu sou consciente". Se você sabe que você é o Ser, você não meditará repetidamente na ideia: "Eu sou o Ser".
Então, mesmo que você pense que é algo mais, a verdade é que você é o Ser e você descobrirá isso.

15 a 19. Sem realizar a consciência do Ser, o conhecimento da consciência derivado das escrituras é indireto. Um
adorador de uma divindade de quatro braços tem conhecimento apenas indireto, a menos que ele ou ela tenha tido uma
experiência direta da divindade. O conhecimento indireto não é falso, mas é defeituoso porque não é apoiado pela
experiência. Embora um investigador tenha um conceito preciso de consciência ilimitada, o conhecimento não é direto até
que ele tenha percebido que é a testemunha de Si. O conhecimento indireto é um meio válido de conhecimento. Antes da
realização, o ser refletido é considerado o único ser, mesmo que um investigador possa ter ouvido falar do Ser essencial
original.

20 a 25. Embora as escrituras digam que o puro testemunho de consciência é o Ser, ele não será realizado sem
investigação. O maior obstáculo para a realização do auto-testemunho é a crença: "Eu sou o corpo-mente". Porque a
experiência da dualidade não é contrária ao conhecimento indireto da não-dualidade, um investigador conhecedor das
escrituras dotado de fé pode facilmente obter conhecimento indireto da consciência.

25 a 28. O conhecimento indireto da consciência pode surgir até mesmo da escuta de um único ensinamento de um
professor competente, assim como o conhecimento da forma da divindade não depende da investigação, apenas da fé na
palavra da escritura que a descreve. Muitos métodos védicos de adoração foram coletados nos Kalpa-Sutras e foram
explicados por vários videntes. Pessoas apáticas com fé podem aprender os métodos e praticá-los em vez de investigar.
Mas as pessoas apáticas tornam-se intelectualmente astutas ao seguir os métodos de adoração, porque são projetados
para desenvolver desejo de investigar.

O ESOTERISMO NÃO CONDUZ A LIBERAÇÃO (MOKSHA) - Existem duas ordens de realidade ou tipos de
projeções; Vyavaharika Satyam e Pratibasika Satyam. Vyavaharika Satyan é o mundo manifesto por Maya/Isvara
- o mundo onde transacionamos com os demais objetos (o mundo das experiências dos objetos físicos).
Pratibasika Satyam é o mundo mental, o universo mental-emocional. Pratibasica é o produto da
projeção/interpretação do Jiva humano “sobre” a projeção de Maya/Isvara.
Pratibasica Satyan é puramente subjetiva; é a mente experimentando seus conteúdos (pensamentos e
emoções.) Você parece estar muito interessado em saber o tipo de “experiência” que você terá qdo nao-
encarnado. A resposta é simples: a mesma que a sua mente lhe proporciona diariamente, mas sem mundo físico
diante dos seus olhos.
Se você experimenta paz, amor, serenidade, tranquilidade, clareza mental, alegria, contentamento, gratitude etc,
essas serão as sua experiências “subjetivas” uma vez você esteja fora do corpo físico. Mas se você experimenta
agitação, aflição, estresse, medo, ansiedade, insatisfação, inveja, ódio, depressão etc, essas serão as suas
experiencias “subjetivas” apos a separacao da sua mente do corpo físico.
Segundo o Vedanta, O Jiva é uma entidade constituída pela consciência original + Maya + os três corpos.
Somente assim, Jiva é uma entidade que contacta, experimenta e conhece objetos. Qdo o Jiva deixa o corpo
físico, seu corpo sutil se "recolhe" no causal e a entidade Jiva permanece como um corpo energético formado
por suas vasanas, a alma individual.
A alma do Jiva, sem os três corpos, "objetivamente", não-experimenta algum objeto. “Objetivamente” ela não
experimenta...ela não experimenta objetos”. Na ausência do corpo físico, a alma “somente experimenta” suas

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próprias vasanas. É parecido com o estado dos sonhos; as vasanas projetam e experimentam seus próprios
conteúdos mentais-emocionais criando uma realidade "subjetiva" a qual pertence somente a mente do sonhador.
A manifestação ocorre do mais sutil para o mais denso. O corpo macrocósmico causal, “causa” o sutil e o físico.
Mas isso não significa que o causal seja superior ao físico. As diversas ordens de realidade tanto celestiais,
como infernais que os Vedas se referem são ordens “subjetivas” determinadas pelas qualidades “energéticas”
(gunas) das almas desencarnadas. Cada alma experimenta suas próprias vasanas, ou seja; graus diferentes de
céus e infernos dependendo das qualidade das vasanas.
Este é um assunto esotérico e portanto não-relevante para o autoconhecimento e Moksha. O Vedanta não se
interessa pelo esoterismo, mas com o revelar para o Jiva sua real identidade como Pura-Consciência-original
livre de experiências. O fascínio/desejo por experiências, sejam elas mundanas, espirituais ou esotéricas
representam um grande obstáculo para a liberação da alma individual.

PUBLICAÇÃO IMPORTANTE: A dificuldade de passar, transmitir ou ensinar o conhecimento apresentado pelos


Upanishads num contexto “fora” do traditional ambiente “professor-estudante” numa classe do Vedanta, é devido
ao fato que, a menos que os ensinamentos sejam gradualmente apresentados e clarificados por um professor
competente a um estudante qualificado, o provável resultado é; a não-compreensão, a má-interpretação, e a
consequente deturpação e contaminação dos ensinamentos.
Quase que invariavelmente o Jiva utiliza suas interpretações errôneas dos ensinamentos para; negar, justificar e
preservar suas falsas ideias e noções pessoais e limitantes, o que pode causar mais dano do que benefício.
Frequentemente ele se ilude e adota o ensinamento final e absoluto; “você é o ser pleno” para evitar o trabalho
de base, aquele que prepara e qualifica a mente para a compreensão direta (não somente teórica/mental) desse
mantra milenar; “tatvamasi” (You are That - o Jiva é o Ser).
Até um passado muito recente esses ensinamentos eram transmitidos pessoalmente, e somente para os
indivíduos prontos e maduros. O fenômeno que encontramos no mundo espiritual moderno é a demonstração
desse perigo; Jivas-professores totalmente “não-qualificados” transmitindo suas ideias pessoais sobre a verdade
para indivíduos despreparados e imaturos.
O mundo espiritual contemporâneo em seu 99% não passa de professores (quase sempre representantes da
figura materna-paterna na mente do Jiva), propagando seus “ensinamentos pessoais” que em realidade são
apenas pequenos fragmentos dos ensinamentos originais, e invariavelmente mal-interpretados e misturados com
as noções e experiências pessoais (ignorância) do dito; “professor.”
Isso porque o Jiva-professor, sendo ainda vítima de sua identificação errônea com a construção corpo-mente, se
sente limitado, pequeno, insuficiente, inadequado, e acredita que a “iluminação” seja um “status” que irá resolver
esse complexo de limitação e inferioridade - e qual é o valor de um “status” a menos que esse seja visto e
reconhecido pelos outros? Portanto eles imediatamente se propõem como gurus no mercado espiritual.
Mas voltando ao tema principal dessa publicação, o fato é que o jiva precisa ser ensinado, e devidamente. Mas
ocorre que o ego do Jiva, quase que invariavelmente resiste à ideia de ser ensinado por um professor. Colocar-
se na posição de aluno/discípulo o faz sentir-se pequeno, inferior… ele prefere a ideia proposta em nossa
tradição de que o professor é simplesmente um “amigo”. Mas o ego do estudante não compreende que o
professor se apresenta como um “amigo”, somente para facilitar uma atitude de abertura do estudante.
O professor não é um amigo no sentido vulgar da palavra, ele não tem algum investimento na relação, ele não
tem laços pessoais nesse relacionamento com o estudante… na verdade, o professor do Vedanta não é uma
pessoa, mas uma “instituição.” Como representante da tradição, ele simplesmente se viabiliza a aqueles prontos
a serem ajudados. Seu objetivo é somente o de auxiliar os interessados em remover sua própria ignorância.
Mas para isso o estudante precisa crescer ao ponto de reconhecer e assumir o seu papel/karma de “estudante”.
No Bhagavad Gita, após alguns versos nos quais Arjuna resiste à ideia de confiar-se de Krishna como guia
espiritual, ele finalmente declara; “Teach me!” (me ensine!)
As escrituras são “taxativas” ao afirmar que Vedanta precisa ser ensinado por um professor auto-realizado e
competente (familiarizado com a metodologia de ensino das escrituras,) e que o estudante precisa ser
qualificado. O auto-didatismo em referência às escrituras Védicas raramente produz o resultado desejado,
especialmente se o indivíduo não for "altamente" qualificado.

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SATSANG SOBRE “SUJEITO-OBJETO” VIVEKA - Olá Arlindo. Estou nessa busca há anos e sei que tudo pode
ser observado, inclusive ideias, pensamentos e sensações de um “eu.”
Sim, Rgerio. Tudo que possa ser observado, experienciado, conhecido, testemunhado são somente objetos de
experiência… até mesma ideias, sensações e sentimentos você perceba e identifique como o seu “eu”. A
realização de sua real natureza/identidade ocorre fundamentalmente através da discriminação entre “Você” (o
sujeito “além” ou “antes” do intelecto) e todo e qq objeto que emerge no âmbito de sua infinitamente ilimitada
existência-consciência. A mente, o ego, e o intelecto são também objetos ocorrendo “em” Você.
Rogerio: Essas idéias continuam aparecendo ou elas desaparecem de vez. Só posso ver coisas OBSERVADAS.
Sim Rogério. O mundo não desaparece com o autoconhecimento , do mesmo modo, ideias, noções,
sentimentos etc. nao desaparecem após o auto-conhecimento esteja firmemente estabelecido. Mithya, o mundo
dualistico de sujeito-objetos permanece como antes. A única diferença é que você já não se identifica com os
objetos que antes, equivocadamente lhe definiam. Uma outra mudança é que você já não se sente atraído como
antes por objetos físicos-materiais.
Rogerio: Há uma frase que me incomoda a anos "o observador e a coisa observada ‘são’ a mesma coisa”.
Entendo que o observador é a ideia de um eu e a coisa observada é a percepção através dos sentidos , está
certo isso?
Sim, Rogerio. Krishnamurti está correto, mas somente se ele apresenta tal afirmação dentro do contexto de um
ensinamento “completo”, o qual em seu estágio intermediário “enfatiza” a necessidade de distinguir, discriminar e
separar os objetos do sujeito. Mas infelizmente ele nao possuia uma metodologia extensiva e completa. Ele e
muitos outros criaram muita confusão no mundo espiritual.
A afirmação; "o observador e a coisa observada ‘são’ a mesma coisa” embora verdadeira, quase que
invariavelmente, é danosa para aqueles que a ouvem. Este é o “ensinamento final” que deve ser apresentado
em seu devido contexto, não como uma “ferramenta” para os Jivas sem preparação espiritual para compreendê-
la. Neste caso essa se torna uma afirmação danosa. enganosa, vaga, confusa, incomodante etc.
Rogerio: Krishnamurti diz que quando isso é visto então há a " compreensão ". Mas a minha busca não termina.
Poderia me esclarecer um pouco sobre isso?Agradeço.
Sim, Rogerio. A compreensão de sua real natureza ocorre através da “discriminação” entre “Você” e todos os
objetos aparecendo e desaparecendo em Você. Essa compreensão; eu sou o “Sujeito” único não dualista. é’ o
que libera. A compreensão de que os objetos, fundamentalmente, são somente, “EU”, o Ser-Consciência plena
não-dualista aparecendo como uma infinidade de objetos é somente o “bônus” final do autoconhecimento.
Cabe porém uma ressalva importante; a afirmação correta é "os objetos nao existem separados do sujeio". O
sujeito e os objetos nao sao a mesma coisa. A argila não é a mesma coisa que o copo de argila. Mas é correto
dizer que em sua essência os objetos de argila são, “fundamentalmente”, pura-argila.
Do mesmo modo, o “Sujeito” (Consciência plena) é também o objeto, mas o objeto não é o Sujeito. Objetos são
limitados por nomes e formas… limitados pelo tempo e por suas propriedades. Somente o sujeito é livre,
independente e infinitamente não-limitado. Bem vindo ao Vedanta,

OS ESTÁGIOS DA ILUMINAÇÃO - Nagar, Eu não tenho dúvida sobre o autoconhecimento. Eu sei que eu sou a
consciência pura, mas o meu Jiva continua, e a vida é repleta de adversidades e problemas que me aborrece,
me estressa. Vedanta diz que o autoconhecimento conduz a libertação (Moksha) mas me parece que Moksha é
somente relativo. Me parece impossível viver no mundo e ainda assim, totalmente livre do mundo. Em alguns
momentos me parece que Moksha seja uma utopia ?!
Caríssimo Fabio Bonafé Oliveira, o autoconhecimento, quando direto e imediato, se manifesta “existencialmente”
(não somente mental-intelectual.) Ele produz uma certeza de convicção de que você é a “luz” da consciência, e
não o Jiva (a “luz” da consciência refletida.) Somente quando esse autoconhecimento é firme (sempre presente)
e sólido (livre de dúvidas), e na medida que o indivíduo compreende o significado implícito do conhecimento; “eu
sou a consciência” (anantan/não-limitação), este possui o poder de neutralizar e cancelar a maior parte das
vasanas fundadadas na auto-ignorância - o poder de transformar a personalidade emocional do Jiva.
Segundo as escrituras dos Upanishads, Moksha é uma condição rara, que não somente “existe,” mas que
representa o propósito final da manifestação do Universo; o Ser/Consciência pleno se auto-reconhecendo,
apreciando e “enjoying “ (curtindo) sua real natureza, “apesar” do Jiva limitado, apesar de avidya (rajas e tamas),
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apesar de mithya (dualidade). Esse é o aspecto “experiencial” do auto conhecimento uma vez ele tenha
frutificado e se manifestado como “moksha” (liberação do/para o Jiva.)
O autoconhecimento é um estágio intermediário entre total ignorância e indiferença em relação a real natureza
do Ser pleno, e moksha. Moksha é referido nas escrituras como uma condição de perfeita satisfação e alegria
(perfect bliss) que não depende do prarabdha karma do indivíduo (circunstancias favoraveis e/ou desfavoraveis).
O autoconhecimento direto e imediato é o quinto estágio. O sexto é a Libertação do sentido de limitação,
inadequação e insuficiência derivada da identificação com o executor de ações - é a negação do ego. O sétimo e
último estágio é chamado; “total satisfação” ou “plenitude perfeita”, independentemente das forças de Maya em
operação (sattva, rajas e tamas.)
Mas o autoconhecimento invariavelmente purifica a mente do Jiva de modo que o seu prarabdha se torna
condicionado por mais punya, e menos papa karma - mas as adversidades e dificuldades impostas pelas leis
cármicas de Isvara são inevitáveis. Até mesmo a construção corpo-mente do Ramana Maharshi teve que passar
por tanta dor e sofrimento com um câncer, antes de deixar o corpo e se dissolver no oceano do ser pleno.
A grande maioria das pessoas que chegam, e até mesmo se dizem apaixonadas pelo Vedanta, desistem após
um certo tempo. Isso porque a Ignorância (a mente sob a influência de rajas e tamas - avidya) é profundamente
arraigada no corpo causal. Ela (a ignorância) persiste e luta com “unhas e dentes”. Ela resiste o conhecimento
do mesmo modo que um guerreiro resiste ao seu inimigo no campo de batalha.
Essa é a batalha ilustrada no Bhagavad Gita entre os Kauravas e os Pandavas (a família de Arjuna).
Metaforicamente, a vida (o campo de ações) é o nosso campo de batalha, e somente a “espada” do
conhecimento pode derrotar a ignorância. Os ensinamentos Védicos são a nossa espada, o nosso escudo...
Mas a grande maioria das pessoas, desiste após um breve período de introdução ao Vedanta. E quando
desistem, invariavelmente elas procuram encontrar uma justificativa que proteja a auto-imagem do ego. A maiis
comum é; “não é bem assim, é tudo muito relativo, tudo muito intelectual, isso não é verdade...não existe
liberação… toda essa história é somente exageração, uma utopia…” e as pessoas acabam voltando para suas
praticas em busca de experiências espirituais.
Do ponto de vista prático/experiencial, é o Jiva que se beneficia do autoconhecimento direto, e somente qdo
esse se manifesta na sua vida, transformando e purificando sua personalidade emocional. A vida é o grande
teste que nos indica o nosso estágio de desenvolvimento, de libertação - e somente o indivíduo sabe aonde ele
quer chegar - somente ele/a sabe se seu objetivo é o melhoramento pessoal ou a libertação do samsara.
Somente poucos indivíduos desenvolvem um amor/desejo “ardente” por Moksha. A grande maioria desenvolve
somente uma curiosidade, um desejo pequeno ou médio… um desejo entre tantos outros. Somente os raros
indivíduos com um “mumukshutva” (um desejo total) são bem sucedidos e alcançam a libertação do Samsara.
Eu suspeito e confio que o seu desejo pela liberação total seja ardente, e se eu estiver correto, o seu prarabdha
karma irá se "alinhar" e se adequar com o seu desejo. O desejo “ardente” (mumukshutva) é a força que faz com
que, o quase impossível, seja possível; a total libertação das forças ignorantes do samsara.

DOENÇA DA ILUMINAÇÃO O desejo de ser professor - P: Olá Arlindo e obrigado por responder minha última
mensagem, mas ainda não estou convencido de que é melhor que eu não faça nenhum esforço para me tornar
um professor de Vedanta. Eu sei que no meu caso é um forte desejo, mas é muito nobre, que é o de ajudar as
pessoas.
Além disso, eu já comecei a ensinar pessoas aqui no meu país - e sei que meu contato com elas as ajuda.
Honestamente, eu não concordo que eu deva deixar isso para Isvara, porque eu sinto ter um certo poder para
dizer a Isvara o que eu gostaria de fazer na minha vida.
R: Sim, meu bom amigo. A vida de todo ser humano é movida pelo desejo e existem três categorias de desejos:
Sattvico, Rajasico e Tamasico.
O desejo sattvico é um desejo em harmonia com o campo. Trata-se de um desejo que não é autocentralizado,
mas que leva em conta as necessidades do Todo (o Lord) e não apenas do indivíduo, mas principalmente, o
interesse dos outros e do meio ambiente.
O desejo sattvico é um desejo motivado principalmente para doar, contribuir tanto com Isvara como com o campo
e minimamente motivado para conseguir algo para benefício próprio. É um desejo não oposto ao Dharma, como
Krishna diz no Gita, este é um desejo que produz progresso espiritual.

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Um desejo rajásico é motivado pela “minha necessidade" de conseguir o que quero, como um meio para me
sentir bem comigo mesmo, para me sentir validado, amável, apreciado, feliz e satisfeito. É um tipo altamente
competitivo de desejo.
Não é o 'beijo da morte' como diz Ramji, mas não produz crescimento espiritual e, inevitavelmente, liga o
“desejante” ao objeto do desejo. Faz com que o desejo em relação ao objeto seja confiável, sem o qual ele / ela
se sinta mentalmente perturbado. O desejo rajasico é responsável pela estagnação espiritual.
O desejo tamásico, por outro lado, é o desejo mais perigoso e prejudicial porque produz uma regressão
espiritual. É extremamente sedutor e se manifesta como um senso de “urgência” que obriga o “desejador” a
quebrar as regras. É tão aparentemente obrigatório e urgente, que pode levar um jiva a coisas horríveis,
inclusive matar.
Como eu lhe disse há alguns meses, a pergunta é: qual é o motivo por trás desses desejos, que tipo de desejo
forte é esse de se tornar um professor?
Isso me faz sentir como se eu estivesse competindo? Isso perturba minha mente? A ideia de se tornar professor
me faz sentir maravilhosamente bem ou a ideia oposta me faz sentir frustrado, agressivo ou zangado? Me obriga
a pensar nisso com muita frequência? Tornou-se uma espécie de obsessão?
Estes são apenas alguns sintomas de um desejo rajásico; um desejo compulsivo por um objeto que não vai
resolver completamente meu sentimento de insegurança, pequenez, inadequação, incompletude.
Não há nada de errado com o desejo de ensinar Vedanta, desde que seja um desejo “sattívico”, que seja antes
de mais nada, não vinculativo, ou seja, eu não preciso/dependo do resultado disso.
Eu não preciso dele para disfarçar meus problemas não resolvidos, nem para ganhar felicidade e satisfação,
porque sou autoconfiante.
Em segundo lugar, um desejo sattvico de ensinar é um desejo genuíno de oferecer, servir, ajudar e
honestamente compartilhar o que você sabe, sem pose e pretensão, e sem nenhuma expectativa de receber
nada em troca, o que inclui respeito, amor, sucesso e fama.
Além disso, o ensino é uma “transferência de conhecimento”. Muitos dos chamados mestres espirituais ensinam
o que muitos acreditam ser puro conhecimento, mas na verdade, na maioria dos casos, é uma mistura de alguns
conhecimentos com muita ignorância; noções errôneas enganosas, originadas por indivíduos ao longo dos
tempos.
O conhecimento do Vedanta é o único conhecimento puro, porque foi criado e revelado por Isvara, não por um
indivíduo e foi passado para nós através dos rishis.
Isso implica dizer que a maioria das pessoas não ensina “conhecimento”, mas uma mistura de conhecimento e
ignorância. Portanto, o que elas chamam de “ensino” não é uma transferência de conhecimento puro, mas sim
uma transferência de algo de natureza diferente.
O fato de você transferir alguns dos seus conhecimentos limitados para outras pessoas, não o configura como
um professor do conhecimento puro de Isvara.
De fato, quanto mais você aprende e ensina o conhecimento de Isvara em sua pureza, menor será seu público.
O ponto que estou tentando trazer é que é melhor não alimentar o desejo de ser professor de Vedanta. Eu nunca
digo às pessoas que sou professor de Vedanta.
Se por algum motivo, as pessoas fizerem perguntas sobre o Vedanta, é muito melhor e mais confortável pensar
em si mesmo como alguém que recebeu do Lord a tarefa de compartilhar seu entendimento das escrituras do
Vedanta. Por que levar o fardo?
Você não precisa de um "título" para fazer isso. E se, com o passar do tempo, o Lord pedir que você compartilhe
seu entendimento até o ponto de, por repetição, você desenvolver conhecimentos e habilidades suficientes para
ensinar o Vedanta puro, Isvara encontrará o caminho para fazer com que o chamem de professor de Vedanta.
Você não se autoentitula professor de Vedanta, cabe aos outros, através de Isvara, fazê-lo.

Sobre Nisargadatta - Arlindo, vc acha q a leitura do livro Eu sou Aquilo, ajuda como complemento para o estudo
do vedanta ou pode confundir. Eu pergunto pois eu já tinha lido mas estudando o vedanta tenho a impressão que
algumas coisas vão ficando mais claras no livro. Desde já agradeço
Jose Roberto, Não pode confundir - irá confundir! Nisargadatta foi meu guru for 20 anos. Um grande carismático
e autoritário (forte de carácter) Jivanmukta. Ele era firmemente realizado como o Ser pleno (o que ele chamava

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de absoluto) mas ele não foi um professor válido. Ele sempre negou Mithya, nunca mencionou o karma/dharma
yoga. Ele somente dizia que você é o absoluto (você é aquilo).
O grande problema é que a auto-realização não qualifica o Jivanmukta a ensinar ou ajudar os outros. Em outras
palavras ele (Nisargadatta) serviu somente como fonte de inspiração, mas os seus ensinamentos ou melhor
chamá-los de “pointers” criaram muita confusão no mundo espiritual aonde poucas pessoas foram beneficiadas
por ele.
Ele inspirou muitas outras pessoas (auto-realizadas ou nao) a fazerem o mesmo. Pessoas que mais tarde se
propuseram como professores espirituais… esses tais gurus que somente dizem que tudo que existe é a
consciência...esses gurus que somente negam a existência de mithya dizendo que não existe nada a fazer, e
que você somente precisa compreender.
Eles fazem as pessoas se sentirem estúpidas; meu Deus, porque eu não estou entendendo - eu devo ser
estúpido… esses caras ensinando o que eles chamam de “caminho direto” não compreendem que a mente
precisa ser preparada, purificada antes de poder compreender essa afirmação; “Você é aquilo”.
A minha sugestão é que você se mantenha distante de seus livros, como também dos ensinamentos incompletos
e impuros dos gurus do neo-advaita. As pessoas que ficam pulando do Vedanta para os gurus neo-advaita e
vice-versa, ainda não compreenderam o Vedanta, E isso é natural e compreensível. Desenvolver um valor pelo
Vedanta leva um pouco de tempo. Boa sorte.

O VAZIO, E O "EU-SOU" Boa tarde, Arlindo. Apesar de perceber que a experiência surge para mim e de mim,
eu não consigo "tatear" o espaço vazio que eu sou, talvez eu esteja tentando limitar algo ilimitável... mas isso me
faz ter dificuldade em plantar a bandeira do "eu sou", simplesmente pq nao tem montanha p isso kkk.
Sim, Gregory Vieira Você é ilimitado mas não como o vazio. Aquilo que você é, não é o vazio mais a plenitude.
Você é cheio, inteiro e completo. Cheio de sua própria existência infinita e sem fronteiras. A Consciência que
você pensa de experienciar é não-limitada, como também, não-dualista (um sem o outro), essa é Você - e Você
não é um objeto de experiência ou de contato, você é o sujeito absoluto.
O vazio somente existe em relação a objetos. Você existe antes ou além da dualidade sujeito-objeto. Como você
iria tatear você se existe somente você? Não existe você mais alguma outra “coisa” que você possa tatear.
E que bandeira é essa do “eu sou”? O “eu sou” não é o real “Você”, mas somente um pálido reflexo daquilo que
você é; Consciência original universal impessoal. Você não conseguirá plantar alguma bandeira que represente
você, em nenhuma montanha imaginária, porque você é "aquele" com a bandeira na mão, o princípio consciente
que imaginou haver uma bandeira para plantar da qualquer parte.
Sua pergunta parece muito profunda e espiritual, mas é somente um misto de desilusão e fantasia. Mas a boa
notícia é que de qualquer modo você bateu na porta do Vedanta, e ela está aberta e sem nenhuma fechadura.
Se sinta à vontade.

A CORAGEM DE SER UM VEDANTINO DETERMINADO - Tem sido difícil avaliar a importância exata do
Vedanta desde que entrei em contato contigo, já faz mais de dois anos. É um sistema absoluto e, infelizmente,
não é para muitos essa preciosidade. Uma pena. Vejo pessoas dando voltas há anos, empacadas em tópicos
que a contemplação adequada, orientada pelo Vedanta, resolveria com facilidade. Fica aqui uma profunda
gratidão por esse ensinamento e por sua maravilhosa orientação e disponibilidade. Muito feliz de ter encontrado
o Vedanta e um professor que o apresenta de forma límpida, e sem negociações.
Caríssimo, Allex, a sua apreciação é muitíssimo apreciada, meu amigo. Como você sabe, somente raríssimos
indivíduos estão prontos a abraçar os ensinamentos dos Upanishads. Ramji me disse uma vez; “milhares de
pessoas visitam Shining World website semanalmente. Centenas delas participam de meus Seminários
anualmente, mas no final somente em um pequeno número delas abraçam e se aplicam ao estudo,
contemplação e assimilação dos ensinamentos”.
E essa também é a minha observação. A grandíssima maioria das pessoas se assusta com o Vedanta - ficam
com medo porque os ensinamentos das escrituras contradizem quase todas as noções com as quais somos
identificados e possessivamente, vaidosos, orgulhosos. Noções enganosas e falsas que quando investigadas
atentamente, não sobrevivem a irrefutável lógica exposta pelos ensinamentos do Vedanta.

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Uma outra parte das pessoas se encantam, mas depois de algum tempo se desencantam. E porque? Porque
passado o “barato” da “lua de mel”, o buscador se dá conta que a neutralização das vasanas baseadas na auto-
ignorância (os desejos e aversões responsáveis pelo sofrimento psicológico humano) requerem uma enorme
entrega, uma total dedicação e muita perseverança.
Raros são os indivíduos maduros com a coragem necessária para enfrentar esse poderoso inimigo - o inimigo
por trás de todos os inimigos; a ignorância da real natureza do “eu”. A completa destruição desse inimigo é uma
“projeto de vida” que requer muito investimento, muitas renúncias e sacrifícios. Pouquíssimos buscadores estão
dispostos a pagarem o preço do autoconhecimento.
E qual é o preço? O preço é simplesmente o sacrifício de nossos desejos, apegos, dependências, aversões,
medos, vícios, vontades, vasanas etc. - é o sacrificar nossa auto-ignorância no altar do autoconhecimento - é a
negação e destruição do senso do “eu” e “meu” individual… o “eu” que se sente separado da totalidade como
também, ignorante de sua essência infinitamente não-limitada.
O Vedanta é para os raríssimos indivíduos com a maturidade e pureza mental-emocional necessárias para
compreender o valor do autoconhecimento, com a maturidade necessária para confiar nos ensinamentos. A
grande maioria não chega a desenvolver a qualificação básica para a Liberação, “Shraddha”, a confiança de que
a escrituras de autoconhecimento são a “única” solução ou saída do drama humano; o senso de insegurança,
insuficiência, inadequação e limitação causada pela a identificação com a construção corpo-mente.
A grande maioria das pessoas que entram em contato com o Vedanta, aquelas que sobrevivem o seu contato
introdutório, se encantam com a sua lógica e sua beleza emocional-intelectual. Mas com o passar dos meses ou
anos elas se desencantam quando compreendem que a assimilação e integração dos conhecimentos requer
muito esforço de preparação e contemplação.
Quase todos preferem acreditar que exista uma solução experiencial instantânea - uma “iluminação” repentina
através da “graça” ou de uma transmissão de “shakti” de alguém vestido de guru e cercado de devotos infantis
em busca de proteção e conforto materno/paterno.
Mas existem aqueles que se iludem, e precocemente se proclamam auto-realizados e já livres da auto-
ignorância. Existem também aqueles que decidem acreditar que a condição do Jivanmukta descrita nas
escrituras seja somente um ficcao, um mito, uma farsa… alguma coisa que em realidade não é possível para o
Jiva humano.
Eventualmente, de modo a encontrar uma saída distinta para o ego, o buscador desencantado, procura
“justificar” o seu desencanto, e o seu iminente retorno ao samsara espiritual dualista neo-advaita. Ele procura
encontrar contradições ou defeitos nos ensinamentos do Vedanta e/ou no professor.
Mas nós do Vedanta somos claros desde o início; o Jnana Yoga do Vedanta é uma ciência espiritual como
nenhuma outra, e totalmente capaz de produzir “Moksha.” Se os ensinamentos não funcionam para você,
significa que suas qualificações ainda não se encontram devidamente desenvolvidas, e imediatamente
introduzimos os ensinamentos do Karma/Dharma Yoga; a yoga de preparação do complexo corpo-mente.
Mas como sabemos, quase ninguém quer saber de preparação ou purificação. A grande maioria se imagina
altamente qualificado, e portanto, se o Vedanta não produz a minha Iluminação ou Liberação instantânea, é
porque os ensinamentos não funcionam.
Esse grupo nosso é um oásis no deserto do samsara espiritual. Como você disse; “tantas pessoas dando voltas
em círculos há anos, empacadas em tópicos que a contemplação adequada, orientada pelo Vedanta, resolveria
com facilidade.” Um grande abraco

HUMILDADE E PACIÊNCIA - Arlindo, Imagine que o propósito de um conhecimento seja produzir algo como um
bolo. Intelectualmente tenho todo conhecimento, todos os ingredientes estão presentes, mas por algum fator
ainda não identificado, o bolo não consegue ser produzido.
Este é o caso, todo o conhecimento está presente no meu intelecto, mas isto não está produzindo uma
realização a nível do Ser em mim como algo que possa ser satisfatório, algo que possa ressoar como é isto,
eureka!
Caríssimo, Marcos Silva Lobê. Eu compreendo a sua frustração porque eu passei por ela em algumas ocasiões
no meu processo. A realização; ‘Eu sou o Ser pleno’ é muito simples porque o Jiva já é o Ser, mas ainda assim,
é um fenômeno raro. Milhares de buscadores, e entre eles, somente alguns poucos “realizam” sua real

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identidade. Se o indivíduo não está totalmente desenvolvido para a auto-investigação ele/a frequentemente
justifica a sua frustração assumindo que os ensinamentos não são eficazes e válidos.
Do seu texto acima se deduz que você compreende que o autoconhecimento somente é possível através do
conhecimento, e não da experiência, já que a natureza do Ser é a não-dualidade. Esse é por si, um
conhecimento raro.
Uma outra coisa a compreender é que conhecimento informativo não é conhecimento direto. Para se converter
uma informação em conhecimento, a informação precisa ser internalizada até que essa seja um conhecimento
direto-existencial - até que o conhecimento seja seu. O conhecimento precisa ser internalizado e integrado de
modo que sua certeza de convicção seja absoluta.
Portanto, o primeiro passo é ouvir e compreender o conhecimento a nível informativo. O segundo passo é
contemplar e resolver dúvidas e contradições entre o que os ensinamentos expõem e a sua experiência
sensorial-emocional. O terceiro passo é converter o conhecimento teórico-informativo em conhecimento
assimilado e integrado internamente, muitas vezes referido como conhecimento direto. É direto porque o Jiva já
é o Ser. Não existe nenhuma distância ou nada que o Jiva possa fazer para produzir o Ser.
A realização’ ‘eu sou o Ser’ é conhecimento direto porque o Ser não é um objeto de conhecimento, mas o
sujeito; sempre eternamente presente por "detrás" de todos os Jivas.
A minha sugestão é que você procure desenvolver paciência e esqueça de querer saber se sua auto-realização
irá acontecer na Segunda, na Quarta ou na Sexta-feira.
A sua ambição, ansiedade, frustração e irritação somente irá criar mais perturbação mental. Deixe que o seu
prarabdha karma se desdobre naturalmente e em harmonia com as leis naturais de Isvara. Esqueça o Jnana-
Yoga por um tempo e se focalize no Karma-yoga.
Nenhuma ação produzida com o espírito karma-yogi é desperdiçada. Todo e qq esforço do karma-yogi produz
resultados positivos; preparação/crescimento espiritual. E somente a humildade e a paciência são as
qualificações necessárias para o ingresso no Karma yoga. Como eu citei ontem, você não tem outra saída. O
Vedanta é o fim da linha, e abandonar a busca não é algo que esteja sob seu controle. Boa sorte, amigo.

VASANAS & PENSAMENTO POSITIVO - Pergunta: O fato de o Jiva enfraquecer a vasana não está fazendo ele
mudar seu destino?
Arlindo: Sim, Thiago Pitiá, na medida que o Jiva começa a "filtrar" suas vasanas adharmicas vinculativas a sua
mente gradualmente se purifica. A mente é operada por vasanas (impressões mentais depositadas no corpo
causal.) Vasanas operam o Jiva; antes, durante e após o autoconhecimento, portanto o objetivo não é a
remoção/destruição de todas as vasanas (o que é impossível.)
O objetivo primário/intermediário do Jiva em busca do autoconhecimento é uma mente purificada, ou seja, uma
mente operada por vasanas em harmonia com o Dharma, como também em harmonia com o seu objetivo;
purificação mental e liberação. O processo de harmonização de seus pensamentos e ações com o Dharma (as
leis naturais de Isvara) irá sim, impactar e modificar o seu destino.
Afinal, O Jiva é; seus pensamentos, sentimentos, atitudes e ações. Quando seus pensamentos e ações se
alinham com as leis naturais do universo ele vive uma vida harmoniosa e livre de desnecessários conflitos com
seu meio ambiente. O seu destino será condicionado por punya karma, ou karma meritório, que são conducentes
a contemplação e o estudo das escrituras.
Pergunta: E o fato de o Jiva escolher pensar positivamente não atrairia experiências positivas para ele ou isso
não interfere no acontecimentos em maya?
Arlindo: O pensamento ‘positivo’ somente se manifesta “positivamente” se o Jiva estiver totalmente convencido
de que seus pensamentos ‘positivos’ (que quase invariavelmente significa um desejo de querer controlar e obter
meus objetos de desejo) devem estar totalmente dentro dos limites do dharma.
O pensamento mais positivo e potente que existe nos é apresentado nos Upanishads; Você é a Existência-
Consciência, infinitamente não-limitada e eternamente presente. Poucos compreendem esse “pensamento
positivo”, poucos estão interessados nele. O Jiva, quase que invariavelmente quer alguma coisa que melhore o
Jiva, que o valide... algo que melhore o seu sonho.

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CONSCIÊNCIA PURA, ISVARA, JIVA E O MUNDO - Nick: Mesmo que eu esteja me posicionando na
Consciência, como Consciência e com o entendimento de que o Jiva não é real, eu ainda acordo nesta “pele”
todos os dias. Embora eu esteja desenvolvendo desapego, eu ainda me importo com o Jiva que eu testemunho
todos os dias. Eu tenho um “valor” por me sentir relativamente feliz, seguro, saudável, progredindo
espiritualmente, protegendo minha família, minha produção artística, etc. E eu pensava que Deus estaria
cuidando de mim... talvez até mesmo me guiando para me manter protegido. Eu achava que a oração teria
algum poder real de proteção?!
Arlindo: Ainda há alguma sobreposição mútua entre satya e mithya em sua compreensão, Nick. É melhor você
se manter na consciência como consciência, mas então você precisa pensar e agir como um "Jiva-sábio" e em
mithya, é claro. É a firme e imediata realização, "eu sou a consciência", que torna o Jiva "aparente" sábio. O
Jnani (Jiva sábio) acorda de manhã e permite que o Jiva continue realizando ações aparentes de acordo com o
seu dharma - porém, a partir da “plataforma” do autoconhecimento.
O auto-realizado tem suas preferências, mas não está realmente preocupado em ter as coisas a seu modo, mas
em ter as coisas de acordo com a vontade do Senhor.
Sim, a oração e as ações dharmicas dedicadas a Isvara são realmente muito poderosas. Elas irão naturalmente
produzir crescimento espiritual.
Nick: Mas se Isvara, o criador, é completamente indiferente aos nossos gostos/aversões, então a graça de Deus
só existe se você possuir um bom karma? E qualquer tipo de oração ou devoção seria apenas um exercício sem-
poder? Se fui um violador do dharma numa vida passada, eu seria como um alvo fácil (um pato sentado)
esperando por Isvara me castigar e aliviar a minha dor? Será que estou me perdendo na compreensão? Como
faço para deixar Isvara dirigir a minha vida se ele não é preocupado com a minha vida num nível pessoal? Isso
aumenta o meu apego e preocupação com o Jiva - ou seja, é melhor eu mesmo cuidar do Nick, já que nada mais
irá cuidar do meu Jiva.
Arlindo: Todos os resultados das ações são a graça de Deus ou "prasad" porque Isvara não tem uma agenda;
não está interessado em recompensar ou punir ninguém. Se prarabdha karma é adverso aos gostos e aversões
de alguém, isto é Isvara entregando nosso prarabdha e sinalizando ao Jiva que algo em sua compreensão e
ações precisa ser revisado e ajustado.
Se as adversidades vêm devido a alguns atos passados, assim seja. Todos nós precisamos pagar nossas
dívidas, mesmo que isso remonte a uma encarnação passada da qual não nos lembramos. O mais importante é
o que posso fazer agora para pagar minhas dívidas, purificar minha mente, crescer é me libertar do samsara.
Suas perguntas são genuínas, Nick, e sua mente é boa. Entender Isvara e Jiva e seu relacionamento em relação
ao Jagata (o mundo) e a Consciência Pura, é a chave para a libertação. Moksha é quase que invariavelmente
precedido de uma discriminação muito sutil, que geralmente requer um pouco de tempo e um bom trabalho de
preparação mental.
O Jiva é apenas um objeto senciente, entre uma infinidade de outros objetos aparentes em Mithya - todos
governados por Isvara. O Jiva é limitado pelo conhecimento, tempo, espaço e propriedades. Mas o Jiva não está
separado de Isvara. Isvara é o macro-reflexo da consciência pura – o Jiva é o micro-reflexo da consciência pura.
O Jiva é o reflexo dentro do reflexo da Consciência original em Maya. Isvara é puro-conhecimento, onisciente e
onipresente. Isvara cria, mantém e recicla tudo em mithya de modo impessoal e preciso, e totalmente de acordo
com suas leis e regras.
O Jiva existe dentro do escopo da existência "aparente" de Isvara. O Jiva aparente e Isvara aparente, ambos
existem no âmbito da Consciência Pura, a realidade única. Jiva, Isvara e Consciência estão intimamente
interligados (interconectados). Não é tão fácil separá-los (discriminar-los) em nosso entendimento, mas é factível
e absolutamente necessário para Moksha.
Arlindo: Continue fazendo o seu trabalho: lendo, estudando, refletindo e contemplando os ensinamentos do
Vedanta. Quanto mais você se dedicar, mais retorno você obterá. Isvara nos dá tudo! O milagre da vida em si é o
dom de Isvara; nosso corpo, mente, intelecto, etc., são todos presentes do Lorde do Universo. E Isvara nos
fornece o "livre-arbítrio", de modo que possamos escolher sermos educados pelas escrituras, assumir
responsabilidade por nossas ações, crescer na sabedoria e nos libertarmos do Samsara. É tudo um jogo muito
bem desenhado.
Nick: Mas como o meu Jiva é um instrumento de Isvara, seria lógico pensar que ele se preocupa e cuida de
mim? Cuida apenas de nossas necessidades básicas primárias como comida/abrigo? E quanto a nos proteger
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de terríveis tragédias que nos impedem de realizar o nosso dharma? É apenas um pensamento desejoso
acreditar que Deus é um protetor?
Arlindo: Isvara é apenas o “sistema de conhecimento” vivo projetado para nos fornecer um campo de ação no
qual trabalhamos nossos karmas para que possamos crescer em paz de espírito, amor e compreensão da
verdadeira natureza da realidade. Ele não é um ser benevolente?
Nick: E eu entendo que pode ser um amor difícil, às vezes, como se você precisasse de uma batida na cabeça
para crescer. Mas se é totalmente baseado no karma, parece que somos todos "alvos fáceis (patos sentados)".
Espero ter formulado isso da maneira certa. Eu realmente quero trabalhar a minha devoção/amor em relação a
Isvara, mas eu tenho um temperamento intelectual, e por isso, é necessário sentir a lógica. Tenho certeza de que
estou projetando meus próprios medos nos ensinamentos.
Arlindo: Você só precisa fazer um pouco mais de trabalho, meu amigo. Estou inclinado a acreditar que você tem
um temperamento devocional, mas como eu, você não está interessado em fé cega. Você é um bom pensador e
tem um bom coração - e nós não somos como "alvos fáceis (patos sentados)", não somos impotentes ou
indefesos. Nós recebemos o livre arbítrio, as escrituras sobre o autoconhecimento, nossa faculdade intelectual e,
mais importante, somos animados pela consciência pura, nossa natureza/identidade ilimitada e independente.
Com amor, Arlindo.

MATERIALISMO X ESPIRITUALISMO - Oi Arlindo, o que você acha dessas afirmações “científicas”: “A nossa
mente recebe a decisão do seu cérebro e não o contrário como se acreditava. A nossa consciência é um produto
da atividade cerebral. O cérebro toma a decisão por conta própria e ainda convence seu ‘dono’ que o
responsável foi ele.”
“Novas pesquisas sugerem que o que cremos ser escolhas conscientes são decisões automáticas tomadas pelo
cérebro. Como o cérebro já se encarregou de decidir o que fazer – e o ato está feito - é preciso contextualizar a
situação; “ nossa consciência é um produto da atividade cerebral.”
Arlindo: Marga Maria, o cérebro é matéria física inerte. O cérebro não pensa, determina, decide etc… O
cérebro não é uma entidade senciente, mas “não-senciente”. A mente é que se torna “senciente” quando
vivificada pela consciência-plena, e naturalmente, sempre que “ancorada” num corpo físico com um cérebro,
entre outros órgãos, todos em condições normais de funcionamento. Mas até mesmo a mente não é
“independentemente” senciente, ela não possui consciência própria. O que então dizer da matéria cerebral?
A mente é o indivíduo Jiva - o cérebro é o seu instrumento físico o qual é utilizado para pensar, discernir, decidir,
escolher etc. Exatamente do mesmo modo que os olhos são nossos instrumentos para ver, enxergar etc. A
construção corpo-mente é um organismo único/integrado que é operado e “controlado” do mais sutil para o mais
denso.
A mente somente é capaz de exercer sua faculdade inteligente discriminativa se “ancorada” num corpo físico e
sutil, e com todos os seus órgãos densos e sutis em perfeita operação. Associar atividades neuro-elétricas
“aparentemente” distantes de uma fração de segundo das correspondentes atividades mentais cognitivas e
concluir que o cérebro físico pensa e decide é equivalente a pensar que as minhas pernas são capazes de
caminhar sozinhas.
Inferência é um válido meio de conhecimento, mas a inferência sugerida pelos neurocientistas é ilógica. Eles
devem se sentir tão frustrados em seus esforços de tentar objetivar e compreender a consciência, que acabam
dispostos a estabelecer qualquer conclusão, mesmo que seja absurda. É a mente, (o Jiva) que caminha, pensa,
ouvi, saboreia, toca, sente, fala. Nossos instrumentos físicos sensoriais, tal como o cérebro, não possuem
consciência própria.
Maya, o grande mágico engana todos os samsaris materialistas e os faz concluir erroneamente que a
consciência seja um produto da matéria. Mas pense bem; como pode a matéria, que é inerte, produzir a mente?
- a consciência refletida? Como pode uma entidade inconsciente produzir uma entidade consciente? A matéria,
em sua natureza, não produz a propriedade “consciência”, e portanto, não pode “transferi-la” para uma outra
entidade. Você somente transfere aquilo que você possui em sua natureza intrínseca.
É óbvio que você precisa de um princípio auto-consciente para produzir a mente consciente. Isto é incontestável,
mas a ciência jamais compreenderá essa simples lógica porque ela é extrovertida em direção ao “objetivável.”
Essa é incapaz de compreender o “sujeito”, a causa sutil da matéria, e acaba projetando causalidade naquilo que
é somente um efeito.
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A mente precisa ser extensivamente purificada e “sutilizada” para ser capaz de introspecção, e iner-
contemplação e investigação de modo a compreender a sua real natureza. A contemplação do
sujeito/consciência, sobre sua natureza como “sujeito” é a mais sutil de todas as contemplações. A ciência,
procura encontrar respostas que possam explicar a origem da consciência, da vida... mas jamais as encontrará,
porque as buscam na direção errada, nos objetos.

Uma Excelente Oração - by Sw Paramarthananda


"Ó Senhor, ajude-me a ser alegre, contente e entusiasticamente ativo.
Ajude-me a “curtir” tudo o que faço.
Ajude-me a contribuir para o futuro; ajude-me a não tentar controlar o futuro.
Ajude-me a influenciar positivamente os outros através da minha vida e linguagem; ajude-me não tentar mudar e
controlar os outros.
Ajude-me a obter a sabedoria para descobrir satisfação e segurança dentro de mim, seja qual for a
circunstância.”
Se sinceramente orarmos desta maneira, Isvara irá cooperar.

VEDANTA É SOBRE VOCÊ, NÃO SOBRE VEDANTA - Arlindo, seu trabalho como professor é muito bom.
Quanto tempo você levou pra ter domínio do conteúdo do vedanta ? A propósito, eu gostaria de saber se
acontece estudo do Vedanta fora das aulas dos dias de sábado pq eu gostaria de participar. Obrigado
Ola Gustavo Muniz. Eu não sou um grande especialista em Vedanta. Eu tenho um bom conhecimento, mas não
possuo um domínio total de seus conteúdos. Eu encontrei o Vedanta uns seis anos atrás através do meu guru;
James Swartz. Eu tenho estudado Vedanta desde então - isso porque eu adoro o Vedanta e o meu prarabdha
karma permite - também porque Isvara me passou essa incumbencia de compartilhar os ensinamentos com
outras raras pessoas prontas para o autoconhecimento direto.
Naturalmente eu amo compartilhar o Vedanta, mas eu não necessito fazê-lo. Eu não me considero um professor
altamente qualificado, mas sim um professor válido. O meu guru por exemplo possui bem mais conhecimento
sobre a metodologia do Vedanta do que eu. Ele vive em contato com o Vedanta a mais de 45 anos. Conheço
alguns outros Swamis professores que acredito possuam ainda mais conhecimento das escrituras do que o
James, e que sejam mais brilhantes do que ele.
Mas o ponto que desejo enfatizar aqui é que o propósito do Vedanta não é o Vedanta, mas sim, transformar o
Jiva. O seu propósito é revelar para o Jiva sua real identidade/natureza primária como o Ser pleno infinitamente
ilimitado. O único conhecimento que “conta”, que é realmente essencial para essa transformação do Jiva se
chama; auto-conhecimento. Muitas pessoas se auto-realizam até mesmo sem o Vedanta… através de outras
tradições etc. por outro lado, muitos Pandits and scholars sabem muito sobre os Upanishads e nao sao auto-
realizados.
É importante compreender que conhecer o material/conteúdo do Vedanta não é sinônimo de autoconhecimento.
O autoconhecimento é o resultado da auto-investigação que o indivíduo precisa fazer com a ajuda de um
professor válido, que é muitíssimo facilitada quando através dos ensinamentos apresentados nos Upanishads.
Vedanta é somente uma metodologia de ensino, uma “ferramenta.” O conhecimento do Vedanta somente se
traduz em autoconhecimento quando um estudante qualificado faz o seu trabalho de contemplação e auto-
investigação

VEDANTA NA VIDA PRÁTICA - Oi Arlindo, bom dia. Cap 2 do Gita " o que é aparentemente real é tão bom
quanto o que é inexistente. O que é real nunca deixa de existir". Como esse conhecimento se aplica na vida
prática? Você poderia me dar um exemplo?
Arlindo: Sim, Gustavo Muniz. O que é aparentemente-real, significa “não-real”. Nao-real significa, aquilo que
existe mas se modifica de um momento ao outro - aquilo que não é sempre presente e que não possui uma
existência independente. Portanto, muito embora o "aparentemente-real" exista o seu valor é quase que
inexistente. Por outro lado, o Ser/Consciência original-pura, é aquilo que nunca deixa de existir, o único fator livre
ou independente.

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A pergunta mais correta seria; "como o autoconhecimento se traduz na vida prática?" Mas a sua pergunta vale
ser enfatizada porque o autoconhecimento somente serve o seu propósito final quando/se o indivíduo
experimenta os frutos do autoconhecimento a nível prático no dia-dia. Em outras palavras; compreender a sua
real natureza como consciência pura-original não necessariamente transforma a vida do Jiva, a menos que esse
conhecimento seja uma “realização” direta e imediata, e não um conhecimento puramente teórico-informativo.
Portanto se alguém quiser saber se ele/a auto-realizou o Ser pleno, basta observar o modo o qual ele/a
responde aos estímulos do seu meio ambiente. O objetivo primário do autoconhecimento não é transformar ou
melhorar a mente do Jiva, mas sim quebrar a identificação do Jiva com a mente. Mas ocorre que
inevitavelmente, tal qual um “bônus” ou sub-produto, o autoconhecimento também produz a purificação e
melhoramento da mente.
A aplicação prática dos ensinamentos do Vedanta é chamada “Nididhyasana”. O resultado dessa constante
aplicação dos ensinamentos se chama “conhecimento-direto”. Somente o autoconhecimento direto-imediato é
capaz de transformar, gradual e radicalmente a experiência do Jiva no seu dia-dia.
Fundamentalmente o Vedanta não pode ser praticado. Vedanta é o “Conhecimento da Verdade”; ou “Jnana” foi
claramente assimilado, e nesse caso é presente, ou não. As revelações do Vedanta devem ser compreendido,
assimilado, e realizado. Prática significa , karma, karma-yoga. Jnana é o produto do estudo e contemplação, e
não da ação/karma.

PRONTO PARA O VEDANTA? Pergunta: Olá Arlindo, meu nome é Alfredo, moro na Europa faz 6 anos, sou
praticante de yoga faz quase um ano e comecei a praticar a meditação a algumas semanas atrás.
Resposta: Olá Alfredo. Yoga é um bom começo porque ajuda a “construção” corpo-mente a relaxar. A meditação
também pode ajudar muito embora essa seja bem difícil no início da busca. Meditação é um esforço de
“controlar” seu estado mental/emocional, o que em verdade é impossível sem uma profunda compreensão e
conhecimento das energias mentais que perturbam a mente. Sem essa compreensão, quase que
invariavelmente os meditadores experimentam frustração e acabam abandonando seus esforços após algum
tempo.
Pergunta: Estou lendo o Bhagavad Gita e alguns outros textos, assistindo youtube vídeos sobre Yoga, Bhagavad
Gita, Vedanta, etc. Minha duvida é; sera que estou num caminho correto para o aprendizado do Vedanta?
Resposta: O Vedanta requer uma certa preparação que é sinônimo de maturidade espiritual. Somente você será
capaz de determinar se você está pronto ou não para o Vedanta. Mas se você se sente muito atraído pelos
ensinamentos do Vedanta isso é indicação de que você está pronto para o caminho do conhecimento direto.
Eu sugiro que você comece a participar de nossa página Facebook; “Vedanta Brasil - Grupo de Estudo.” Seria
bom você começar a assistir os vídeos de nossas classes de Vedanta em português, isso caso você ainda não
tenha ainda iniciado a estudá-las.
Pergunta: Minha vida sempre foi muito turbulenta, desde novo, ainda continua, mas com o yoga e meditação
estou melhorando um pouco, ficando com a mente mais leve e clara, mas acredito que através do Vedanta eu
consiga as respostas que procuro.
Resposta: Quanto a isso, não tenha dúvidas, Alfredo. O Vedanta contém uma metodologia de ensino completa…
é a fonte original de todo conhecimento espiritual que libera o indivíduo humano da auto-ignorância e do
subsequente sofrimento psicológico decorrente da mesma.
Pergunta: Gostaria de me ajudar? Obrigado.
Resposta: Sim Alfredo, estou aqui para isso. Você também encontrará muito apoio e ajuda entre as pessoas de
nossa Sangha. São pessoas muito dedicadas em suas buscas. Você é muitíssimo bem vindo, Alfredo. Much
love, Arlindo

P&R SATSANG (RECOMENDADO) - Arlindo, Nisargadatta muitas vezes fala sobre a "Testemunha". Como o
Vedanta entende/descreve esta testemunha? Obrigado.
Arlindo: Olá Carlos, o testemunha que Nisargadatta se referia era o "senso-feeling" "I am". O sentido "eu sou" - o
pensamento original "eu sou" - antes que o "eu sou" se torne; eu sou homem, mulher, pai, marido, filho, médico,
professor etc.Nisargadatta também costumava chamar o ‘sentido’; “eu sou/existo”, de "pure consciousness"
(consciência-pura) o que causou enorme confusão.
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No Vedanta/Upanishads a testemunha ou consciência-pura se refere a consciência original universal que não é


experienciável pelo Jiva, mas que pode ser conhecida como sua própria natureza. O “eu sou”-testemunha
referido por Nisargadatta é somente o reflexo da consciência original universal num corpo sutil sattvico em
contemplação/meditação. A consciência original não é um objeto de experiência, porque ela é o sujeito, o
princípio testemunha.
Pergunta: Obrigado. Seria então correto dizer que para Nisargadatta há - em conceito apenas - dois "elementos":
a Testemunha, onde ainda há senso de individualidade (I am) e o que está "atrás" da Testemunha, o “absoluto”, a
consciência original universal onde já não há mais individualidade, mas uma só Consciência? E que para o
Vedanta/Upanishads só há um só "elemento (conceitual)", a consciência universal?
Arlindo: Sim, os Upanishads afirmam que a natureza da realidade é a não-dualidade - existe somente um Ser,
uma Consciência. Nisargadatta costumava chamar a consciência plena-original de; "o Absoluto". Ele o descrevia
como uma experiência de Nirvikalpa Samadhi. Os ensinamentos de Nisargadatta tinham muitas conotações
experienciais. Ele parece ter sido um Yogi firmemente auto-realizado e com grande carisma derivado de sua
convicção de ser o “absoluto”. Ele também apreciava e utilizava algumas noções do Jnana yoga.
Pergunta: Mas Ramana também não se referia ao "I am"? Quer dizer que não há um tal "processo" onde
primeiro me reconheço como a Consciência refletida (I am), e depois reconheço que eu nao sou “muitos” mas
sim, a consciência-una? Ou ainda, que em Mithya não há muitos participantes mas apenas “um”, que brinca
sozinho (a noção do lila)?
Arlindo: O processo ocorre em três estágios; 1) desenvolvimento de uma mente sattvica ou reflexiva (se vc
preferir pode referir-la como "I am” sense) 2) uma vez a mente esteja purificada e sutilizada ela será capaz de
discriminar, Você, o Ser - a consciência original, do seu reflexo no corpo sutil (o intelecto do jiva). 3) Uma vez
essa clara discriminação seja estabelecida, o intelecto do Jiva precisa constantemente reivindicar sua real
identidade como Ser/Consciência original, e não como o seu reflexo.
Pergunta: Arlindo, mas é a mente que se liberta/realiza? Pode a realização está ligada à mente, aquilo que não é
real? (tenha paciência comigo kkk)
Arlindo: Sim, a auto-realização ocorre em mithya e o Jiva é um objeto senciente que pertence a mithya, portanto,
não real. O absoluto (Ser/Consciência plena) está “além” de realização e ignorância - “além” da experiência e
conhecimento - além do real e do irreal. É o Jiva “aparentemente” real que reconhece a realidade - todo o
processo ocorre em nithya. Mas para que a realização, "eu sou o Ser-absoluto" ocorra, o Jiva deve negar sua
identidade como jiva para "tornar-se" o Ser-absoluto do mesmo modo que a “cobra” se torna a “corda”. Esse é o
truque!
Pergunta: Mas isto o jiva nunca conseguirá fazer porque ele é não-real por natureza... talvez após a morte o jiva
precise se realizar novamente?
Arlindo: Pelo contrário! A natureza do Jiva é o Ser/Consciência - o Absoluto, para usar a linguagem de
Nisargadatta. O Jiva, em sua natureza secundária aparente é a construção corpo-mente (nao-real). A sua
experiência de vida dependerá da sua escolha de identidade. Identificado erroneamente com o corpo-mente o
Jiva irreal, é mortal, aflito, temeroso, incompleto, desejoso, inseguro etc.
A realização; eu sou um Ser pleno é um “shift de identidade” do “irreal” para o “real.” O Jiva em sua essência
fundamental, é, sempre foi e será, a Consciência plena-pura original. Mas isso não representa algum benefício
para ele/a, a menos que ele/a saiba, e aceite com total convicção esse fato.
Pergunta: Mas se em essência tudo é a consciência plena-original: o jiva, os corpos sutis, Ishvara, Mithya, o ar, o
som, a matemática... para que buscar? Isto é o que não consigo entender: Parece que a Vida conta a história do
Jiva, e não a história do Ser.
Arlindo: Sim, Carlos, O Ser pleno Absoluto é sem história, eu entendo a sua dificuldade...no Vedanta a
chamamos de “mútua sobreposição” entre satya e mithya. A discriminação entre o real e o "aparentemente" real
é muito sutil porque o real permeia e penetra o irreal do mesmo modo que o elemento "espaço" penetra, permeia
e acomoda todos os demais elementos da manifestação.
Tudo é a Consciência do mesmo modo que todos os ornamentos de ouro são somente ouro. Mas os ornamentos
são “não-reais” no sentido de que eles dependem do ouro para sua existência. Mas qual é a distância entre o
ouro e o anel de ouro? Nenhuma distância! mas ainda assim o ouro não é o anel - o anel é somente ouro
assumindo um nome e forma. O “ouro” é a única realidade.

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SATSANG MARIDO & MULHER - Arlindo, essa mudança na personalidade que vc comentou no texto do
Fábio, sinto que isso ocorreu comigo recentemente - como se eu estivesse em paz na maior parte do tempo,
sabendo melhor o que dizer e fazer - como me comportar nas situações… talvez devido ao não-apego aos
resultados...
Mas as pessoas não percebem, não tem como eles saberem o que está acontecendo aqui dentro - no caso de
minha mulher por exemplo ela não entende que eu não tenho objetivos e planos porque “eu sou a consciência”
já pleno e satisfeito. Ela fica chateada com isso pensando que estou sendo egoísta e não em planejar coisas
com ela, como por exemplo alugar uma outra casa...
Como faço pra resolver essas situações onde as pessoas não conseguem entender o meu ponto de vista, minha
justificativa? É necessário fingir que eu sou um jiva para os outros? Digo isso em relação aos relacionamentos
mais íntimos onde tenho que me posicionar em relação a planos objetivos e responsabilidades. Muito Obrigado!
Resposta: Caríssimo Thiago Pitiá Para viver no mundo (mithya) nós precisamos nos comportar como um Jiva,
não como a consciência (Satya). Os Samsaris não compreendem a sua realização… você não pode falar com as
pessoas sobre isso a menos que elas te perguntem, e insistentemente. Para a sua esposa, você é um Jiva-
marido, e portanto ela espera que você se comporte como um marido, nao como um Swami iluminado que não
se interessa pelos valores de família, casa, trabalho etc.
Se você possuísse um temperamento “sannyasin” você não estaria casado etc., embora você possa sempre
mudar o seu estilo de vida e deixar a vida de casado para adotar uma vida de estilo sannyasin. Mas não creio
seja essa a melhor resposta a situação. O seu problema parece ser devido a confusão que você está fazendo
entre a sua natureza primária (real), e a sua natureza secundária, como o “aparente” o Jiva transacionando em
Mithya, a manifestação “aparente.”
Em mithya você precisa se comportar segundo certas leis e regras de mithya - internamente você pode saber
que você é satya, mas para o mundo você é um Jiva como qq outro, caso contrário você encontrará problemas e
conflitos. Você conhece o ditado; “quando em Roma, você deve comportar-se como um Romano” ?
Ninguém precisa compreender o que está ocorrendo dentro de você. Mas você, sendo mais sábio do que os
outros, deve compreender o que passa com eles… você precisa compreender que a sua esposa se sente
insegura e inconfortável se você negligencia alguns dos seus papéis de marido.
Você pode saber que você é a consciência plena, mas esse conhecimento não irá pagar o aluguel e nem mesmo
fazer a sua família feliz . Você precisa compreender melhor o seu dharma os seus papéis sociais e seguir as
regras impostas por Isvara, o Lord de Mithya. Por isso enfatizamos a importância de haver o “Conhecimento
Completo”; O auto-conhecimento (Satya) + o conhecimento de Isvara (Mithya). Talvez a sua esposa tenha razão
ao dizer que você esta sendo egoista.
Thiago, já é tarde por aqui, e eu também preciso fazer um pouco do meu papel de marido, caso contrário minha
esposa ira ficar chateada É hora de eu sentar no sofá e fazer um pouco de companhia a ela… ver um filme
etc... Ela ja recebe pouco atenção da parte minha por causa dessa minha paixão pelo Vedanta e meu dharma de
professor, mas ela compreende porque ela também possui um valor pelo auto-conhecimento. Amanhã eu talvez
comente um pouco mais.

VASANAS VINCULATIVAS - Arlindo poderia explicar a diferença entre vasanas vinculativas e não vinculativas?
Vanda Psi, Vasanas vinculativas são aquelas tendências subconscientes que não nos dão paz, aquelas sempre
coladas na gente, próprio como um bebê do tipo "chato" sempre chorando com fome. rsrs Quanto mais você
satisfaz esse bebê chorão, mas ele quer consumir. Ele nunca fica satisfeito. São vasanas dificeis de controlar -
elas chegam de surpresa… elas nos automatizam.
Eu costumo também chamá-las de vasanas arraigadas ou compulsivas. Tais vasanas são sempre fundadas na
auto-ignorância, e nos colocam numa posição de dependência e tremenda vulnerabilidade, porque sempre que
tais vasanas/desejos são obstruídos nós experimentamos enorme perturbação mental-emocional; raiva (rajas) e
depressão (tamas). Viver sob a tirania de tais vasanas é viver a mercê de sua “ignorância”, porque na verdade
voce nao depende de nada para estar em paz, tranquilo e satisfeito.
Essas vasanas ignorantes e habituais possuem uma tremenda força centrífuga que destrói a capacidade criativa
e discriminativa do indivíduo, porque o coloca em constante dependência, aflição, preocupação e expectativa em

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relação à obtenção ou não do objeto de seu desejo. É a causa de doenças psicológicas modernas como, pânico,
ansiedade, ódio, estresse, depressão, etc. Como disse Krishna, é a causa do Samsara, e viver em samsara,
como um “Samsari” não é uma experiência agradável e prazerosa.
Já as vasanas nao-vinculativas não possuem a energia necessária para nos condicionar, nos robotizar, nos
vulnerabilizar. Elas são somente “preferências” que não agitam, deprimem ou perturbam a mente do sábio. O
maior sucesso que alguem pode haver na vida é o de desenvolver e manter tal condição mental-emocional,
sempre livre da tirania imposta por auto-ignorante vinculativas vasanas.
Essa condição somente é possível através do auto-conhecimento; uma condição de força e equilíbrio mental-
emocional capaz de receber inteligentemente, e portanto, sem perturbação emocional, as circunstâncias de vida
favoraveis e desfavoraveis que Isvara nos apresenta como nossos prarabdha karmas. O processo de
crescimento espiritual é bem traduzido como um processo de conversão de vasanas “vinculativas” em “nao-
vinculativas.”

AUTO-AMOR - PANCHADASI - CAPÍTULO XII: Investigação Sobre a felicidade (bliss) do Ser pleno.
O fato de que a consciência é felicidade e alegria é estabelecido pela razão. Aqui está a lógica:
(1) Como o Jiva nasce da existência/consciência sem limites, a sua natureza essencial está disponível como o
"Eu", o Ser pleno consciente.
(2) O amor pelo Ser pleno é incondicional e o amor de tudo o mais é condicional.
(3) Todo objeto de amor é uma fonte de felicidade e alegria. Do mesmo modo, tudo o que é uma fonte de
felicidade e alegria é um objeto de amor.
(4) Portanto, o amor pelo Ser pleno é o amor maior.
(5) Apenas o Ser pleno é o objeto do amor de alguém porque é a única fonte da felicidade verdadeira.
(6) Portanto, a sua natureza é a felicidade, alegria e satisfação (bliss).
O verdadeiro Eu/Ser pleno é a consciência testemunhal que se reflete no complexo corpo-mente. O complexo
corpo-mente é erroneamente considerado como sendo o verdadeiro Eu/Ser pleno. Quando o senso de
possessividade de alguém em relação aos outros seres se torna obsessivo, os outros são tratados como ele
mesmo - os filhos, por exemplo.
Quando os outros causam muito sofrimento, eles são renunciados em favor do falso-Eu (o complexo corpo-
mente.) E quando o complexo corpo-mente causa muitos problemas, o suicídio se torna uma opção, o que
significa que o eu aparente será sacrificado em prol do Eu verdadeiro.
Investigadores que ainda estão apegados a objetos podem se beneficiar da adoração ritual. Mesmo as pessoas
espiritualmente "tolas" que querem a libertação podem se beneficiar do Vedanta se submeterem humildemente
suas mentes aos ensinamentos. Mas primeiro, elas devem entender que a alegria-satisfação que buscam nos
objetos existe somente no Eu/Ser pleno.
Não é para o bem do marido que a esposa o ama, mas para o bem de si mesma, e vice-versa. Até o amor
conjugal é motivado por amor-próprio, um desejo egoísta de felicidade. Uma criança beijada por seu pai chora
quando é picada por sua barba eriçada, mas o pai continua a beijar a criança para o bem do próprio pai. Todo
amor que experimentamos é amor pelo/para o Eu/Ser pleno.

PLENO.PR

NINGUÉM ME RESPEITA, NINGUÉM ME AMA - Professor, eu sempre imaginei que se eu fosse uma boa
amiga, e que eu receberia o mesmo em troca como a lei do retorno. Mas recentemente eu tenho contemplado
que as leis do karma não necessariamente nos oferecem o mesmo em retorno, mas sim, um resultado
condizente com o meio do qual esse faz parte.
O exemplo seria: Sou muito boba, ingênua… eu perdoo tudo e frequentemente o resultado é ser abusada,
enganada, manipulada, e não respeitada. Professor, qual desses dois pontos de vista é fiel as leis do karma?
Recebemos o mesmo que oferecemos ou o resultado seria um efeito da ação condizente com o meio do qual
nós vivemos e participamos?
Resposta: Oi Celinha. As leis do karma são fundadas no princípio de “causa e efeito.” De modo geral, se você
responde com uma ação em harmonia com o campo, o campo também responde de modo harmonioso com

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você. Mas o que é uma resposta em total harmonia com Isvara (o campo dharmico)? É uma ação que respeita a
necessidade do meio ambiente, a necessidade dos outros seres vivos, e principalmente que respeita você
mesmo. Você acredita que suas ações estão em harmonia com você? Você se respeita através de suas ações?
Uma outra "dica" para você é que nossas ações são importantes, mas ainda bem mais importante são as
intenções ou motivações por trás das mesmas. Se aparentemente agimos para ajudar uma amiga, mas se por
trás da ação existe uma necessidade de ser reconhecida, validada, aceitada, amada, respeitada etc. Qual seria a
menssagem por tras da sua acao? O campo (Isavara) faz a leitura correta de suas acoes.
As motivações por trás das ações é o que condicionam o nosso karma. E além do mais, se as suas amigas
abusam de você, porque você insiste em se associar com elas? Você busca e curte ser abusada e
desrespeitada? Você se sente vitimizada? Pense cuidadosamente ante de dizer não. Se você não se amar, não
se respeitar, ninguém jamais o fará.

KARMA & PLANOS ASTRAIS - Arlindo, segundo o Vedanta todos os seres precisam necessariamente estar no
corpo físico para extinguir seus karmas, ou existem diferentes tipos de karmas onde um Jiva por exemplo teria
somente karmas a serem extinguidos no corpo Sutil? Segundo o Vedanta existem aqueles lugares nos planos
astrais onde os Jivas residem? Seria possível um Jiva se realizar no plano Sutil?
Sim Thiago Somente enquanto encarnado no corpo físico a alma individual pode trabalhar e processar o seu
Karma. O Jiva, muitas vezes referido como o “corpo sutil” (o complexo, mente-intelecto-ego) somente exercita
sua função de “entidade experimentador-conhecedor” enquanto “ancorado” num corpo físico.
Isso porque seus 5 instrumentos sensoriais e seus 5 instrumentos de ação pertencem ao corpo físico. O mesmo
podemos dizer da mente, que necessita do cérebro para integrar os estímulos sensoriais numa única experiência
e questionar, duvidar, discriminar, decidir, determinar etc. A construção corpo-mente é o que constitui o Jiva, a
entidade experimentador.
Os resultados de nossas ações (karmas,) permanecem suspensos no corpo sutil (sanchita karma,) até que se
tornem circunstâncias de vida (prarabdha karma.) Um exemplo de sanchita karma projetada e experimentada
“sem” a participação do corpo físico é o estado do sonho. Mas ocorre que durante o sonho, nossa capacidade
discriminativa é muito precária. Portanto, não conseguimos processar e extinguir karma enquanto sonhamos.
As escrituras dizem que a auto-realização como “Ser pleno”, e até mesmo o crescimento espiritual, somente são
possíveis no estado de vigília - no plano físico, naturalmente. Os planos astrais existem na mente do indivíduo
como estados mentais-emocionais. São manifestações puramente subjetivas; tais quais os sonhos projetados
por nossas vasanas que experimentamos todas as noites.

CONHECIMENTO X EXPERIÊNCIA (Recomendado) - Thiago Pitiá: Boa noite Arlindo tudo bem? Gostaria de te
perguntar uma coisa: sinto que estou em meu estado natural como Consciência quando estou em silêncio
praticando a auto contemplação.
Arlindo: Eu compreendo a sua dificuldade, Thiago. A tendência de quase todos é a de querer experienciar a
consciência como um “estado” mental. Você diz; “...em meu estado natural como consciência”. Essa afirmação é
um engano porque você, a Consciência-pura-original, não é um “estado” mas sim a pura consciência livre de
atributos, livre de “estados”, livre de modificações.
Quando no silêncio de sua contemplação/meditação você experiencia um estado mental condicionado pela
predominância de sattva guna você acredita que você, (consciência-pura) seja aquela experiência. Esse
mecanismo dualístico é muito sutil e parte do processo. Mas você (consciência) é o princípio consciente que
testemunha o estado que você chamou de “natural”.
Na verdade, em suas meditações “experimentais” você somente experimenta os efeitos de sua mente sob a
influência de sattva guna. Se você quiser prosseguir sua investigação, você precisa negar realidade ao “estado
natural” que é somente um “objeto”, e estabelecer sua identidade como o “sujeito”, o princípio que testemunha o
estado da mente. Mas se você se interessa e se apega ao estado da sua mente você perde o foco do seu real
objetivo.
A sua meditação parece estar mais focada na “sensação” que o mantra; “eu sou a consciência” produz na sua
mente do que na compreensão da análise lógica apresentada pelos Upanishads que revela sua real identidade
como Consciência pura. Isso não é uma surpresa considerando que você foi muito influenciado pelo Ramana

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Maharshi e seus “pointers”. O objetivo dos Upanishads não é fazer você “sentir” que você é a Consciência, mas
sim compreender e sabe-lo sem nenhuma sombra de dúvida.
Todas as contemplações/meditações de carácter “experienciais” são um grande problema porque tudo que é
experienciável, é sujeito a modificação no tempo. Você jamais conseguirá manter indefinidamente um estado
mental. Somente o conhecimento pode ser mantido indefinidamente. Você parece se encontrar num momento de
transição no qual você gradualmente está convertendo o seu desejo de experienciar num desejo de saber.
Thiago: Quando estou no dia a dia tenho a impressão de que preciso estar constantemente me lembrando que
sou consciência. Me parece que os pensamentos e as experiências nublam esse reconhecimento.
Arlindo: Sim, isso ocorre porque quando você suspende a sua prática de meditação, que nada mais é que um
esforço de controlar sua experiência, outros pensamentos ocupam a sua mente e você sente como se você já
não se lembrasse que você é a consciência. Isso porque cada pensamento produz uma sensação (feeling)
própria… a mente “sente” o contato com os pensamentos/objetos - o intelecto discrimina, determina e sabe. Uma
vez esse conhecimento seja firme, direto e imediato, ele permanece como uma subcorrente na qual os
pensamentos do dia-dia transitam.
Como você diz; "os pensamentos e experiências “parecem” ocultar o meu autoconhecimento". Isso é devido ao
fato que sua “auto-ignorância” não foi totalmente removida ou cancelada. Pensamentos e experiências não
obstaculizam o autoconhecimento, somente a auto-ignorância o faz; a falta de convicção e certeza referentes
aos mantras dos Upanishads que determinam sua real identidade como pura Consciência.
Você pode passar o resta da sua vida tentando estabelecer essa convicção de autoconhecimento,
experiencialmente… até você compreender que o “conhecimento” não é sinônimo de “experiência”... que o
autoconhecimento não necessita ser validado por alguma experiência.
Thiago: O fato de que tudo é consciência e de que tudo está na minha mente é completamente compreensível,
porém é como se em alguns momentos, quando a mente está mais sátvica isso fosse bem claro e em outros
momentos me parece que essa compreensão se torna mais intelectual mesmo. O que vc poderia me dizer a
esse respeito? Muito obrigado!
Arlindo: Quando a mente é mais sattvica você aceita mais facilmente sua identidade como consciência. Isso
porque você "associou" o autoconhecimento (sua real identidade), com um certo “feeling”, uma certa experiência
de; paz, desapego, tranquilidade, silêncio etc que são subprodutos de uma mente sattvica. Mas o “fato” é que
mente sattvica não é sinônimo de autoconhecimento.
Você precisa de uma mente dominada por sattva guna para fazer a sutilíssima discriminação entre a mente e a
consciência de modo eficaz e reivindicar e "reter" a sua real natureza, mas não se iluda; a mente sattvica se
modifica constantemente. Portanto você não quer basear e edificar a sua Liberação num "solo" que não é
estável… que se modifica todo o tempo.
Os Yogis acreditam que a liberação seja um estado mental chamado “nirvikalpa samadhi” que é um "efeito" de
uma mente sattvica (a causa). Mas ocorre que, como tudo o que existe em mithya, samadhi tem um início, um
meio, e um fim. Os Upanishads (Vedanta) afirmam categoricamente que a liberação (Moksha) é "feita” de
conhecimento-puro, e não de experiências que vêm e vão.
Usando as exatas palavras de Ramana Maharshi; “auto-realização/liberação é somente possível através do
conhecimento”. Auto-realização é o conhecimento direto e imediato da real natureza do Jiva como o princípio
consciência-existência, infinitamente não-limitado que testemunha todos os estados da mente. Realize sua
natureza como tal e você estará livre das constantes modificações impostas pelas três energias (mithya.)

COMO TRANSFORMAR VASANAS NEGATIVAS - Professor Arlindo, boa tarde. Num livro do James, ele
comenta sobre o corpo causal “conter” os vasanas bons e ruins, porém ele não se comporta como um recipiente
clássico, pois ele é descrito como poroso, o que entra sai novamente. A minha dúvida é relacionada a parte que
ele coloca que toda vez que se expressa uma raiva, ciúme (alguma emoção negativa) ela volta pro corpo causal,
reforçando o próprio vasana. Nesse caso específico a maneira de não reforçar o vasana seria o karma yoga?
Você poderia elucidar essa questão, por favor? Grande abraço
Arlindo: Olá caríssimo. Utilizando essa mesma analogia, um recipiente clássico contém e retêm suas
substâncias. No caso do corpo causal, ele sendo o reservatório de nossas vasanas em estado “semente”, ele as
contém, mas somente temporariamente até que a vasana se manifeste no corpo sutil como um desejo ou

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aversão consciente. Por isso o adjetivo “poroso”, porque as vasanas “vazam” depois de algum tempo devido ao
acúmulo e a pressão que elas exercem. Elas extravasam, mas não se esgotam completamente. Ocorre apenas
que a sua pressão diminui por um período de tempo.
Quando James Swartz diz que a vasana sai e entra novamente ele quer dizer que essa, uma vez, verbalmente
e/ou fisicamente expressa-manifesta no campo de ações, se reforça criando assim “raízes” mais profundas e
“troncos” e “galhos” ainda mais robustos. Isso porque vasanas são traços, pegadas ou memórias e impressões
sutis deixadas na mente subconsciente toda vez que pensamos e agimos.
Sempre que extravasamos uma vasana essa se fortalece e inevitavelmente produz ainda mais pressão no corpo
causal. Vasanas necessitam serem expressas para sobreviverem e crescerem. Em verdade, a vasana nunca sai
e entra. Ela simplesmente se reforça através do mecanismo vasana-desejo-ação “desenhado” por Maya-isvara.
A vida nada mais é que vasanas em operação; um mecanismo de auto-reforço. Um círculo viciante
governado pelos três estágios do desejo humano por experiência; “vasana” - “desejo consciente” - “ação-
verbalização”. No caso dos “samsaris” ou “karmis”, as vasanas quase que invariavelmente se repetem, reforçam,
perpetuam e se cristalizam. No máximo, em alguns casos elas se modificam positiva e gradualmente com o
passar dos anos e décadas.
A erradicação/transformação das vasanas é um assunto sutil e complexo porque vasanas se conglomeram para
constituírem o que chamamos; samskaras (atitudes ou padrões de pensamento-comportamento). Em outras
palavras; o caráter do indivíduo. Sim, meu amigo e aluno. Karma yoga é um purificador natural, e talvez a mais
eficaz das yogas para gradualmente transformar, dissolver e/ou esgotar nossas vasanas e atitudes negativas.
Uma vez o Indivíduo compreenda o inteiro sistema “mithya” (Isvara-Jiva-Jagata) - compreenda suas leis e regras,
ele gradual é naturalmente cresce e se transforma espiritualmente. Suas vasanas se tornam menos compulsivas
e vinculativas na medida que sua mente é purificada através da atitude do karma-Yogi; aquele que age com um
espírito de contribuição, gratitude e dedicação de suas ações - sacrificando seus desejos a-dharmicos, e
cultivando desejos em harmonia com as leis naturais do universo (Dharma) .
Num nível mais sutil você esgota e transforma suas vasanas e samskaras negativas e portanto indesejadas,
através da firme compreensão-convicção dos defeitos e limitações inerentes a “todos” os objetos de desejo. Se
trata de uma vigilância contínua... toda vez que um desejo ou atitude emerge na sua mente consciente você
imediatamente analisa e constata; a futilidade, os defeitos, o alto preço a pagar… a inutilidade e os danos
causados por tais buscas e atitudes.
Num nível ainda mais sutil e difícil, você simplesmente discrimina todo e qualquer movimento mental-emocional
em seu corpo causal e sutil como um “objeto” aparecendo dentro do âmbito de sua existência-consciência,
infinitamente não-limitada e completa. Naturalmente tal discriminação entre satya e mithya - entre o sujeito e os
objetos densos, sutis e sutilissimos, requer um intelecto mais purificado e maduro

DEVOÇÃO + AUTO-REALIZAÇÃO = MOKSHA - Bom dia Arlindo, voce falou na última aula que o
autoconhecimento sem a devoção é uma realização menos beneficial ou libertadora? É isso ? Da para explicar
um pouco mais por favor?
Sim Thiago Pedro, antes de entrarmos nesse tema é importante nos perguntarmos; o que estamos buscando na
espiritualidade? Invariavelmente, todos os samsaris buscam no mundo material; a felicidade, a alegria...a
satisfação permanente. Mas ocorre que após um período de experiência, aqueles mais sábios compreendem
que a felicidade permanente não reside nos objetos de experiência propostos por nossas sociedades
materialistas. É nesse estágio que o Jiva se volta para a busca espiritual - mas o objetivo é sempre o mesmo; a
felicidade permanente e infinita através de uma experiência ou conhecimento "espiritual" que me estabeleça
nesse estado psicológico de permanente satisfação e alegria.
Existem abordagens espirituais diversas para a busca da felicidade eterna e permanente, mas
fundamentalmente podemos compreendê-las de dois modos;
1) A busca da origem da consciência humana que tantas escolas filosóficas e espirituais adotam. As questões
filosóficas mais importantes são; Quem sou eu? O que é essa consciência? Qual é o propósito da minha vida?
Essa abordagem é basicamente filosófica-intelectual. Se o indivíduo for totalmente sincero em sua busca ele
encontrará a resposta para essa questão existencial humana - Jiva irá realizar que ele não é separado da
consciência, que na verdade ele, como também, “tudo” que existe no manifesto, é somente a consciência-
existência que infinitamente; acomoda, permeia, penetra e testemunha todo o phenomeno manifesto.
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2) A busca de Deus é a segunda abordagem espiritual. O amor, gratidão e devoção a Deus/Isvara é o caminho
espiritual dos indivíduos com um temperamento mais romântico. Com a maturidade, a compreensão do Bhakta
(devoto) evolui de modo que ele/a desenvolve um relacionamento com o mundo baseado nessa
visão/compreensão de Isvara/Deus como a totalidade do manifesto. Jiva começa então a “ver” Isvara em tudo e
todos. Quando totalmente consumado por essa atitude devocional, o Bhakta chega a compreensão de que, já
que tudo no manifesto é Deus/Isvara, eu também sou parte integrante de Isvara. Ele realiza o fato de não ser
separado de Isvara. Esse é o Bhakti mais elevado que existe, também referido como devoção não-dual.
O Vedanta é uma metodologia de ensino que propõe uma combinação de ambas abordagens. A realização “eu
sou o Ser pleno, ilimitado e não separado de Brahman (Consciência plena), de Isvara (o Lorde do universo
manifesto), e de Jagata (o universo)”, deve portanto, manifestar-se não somente, como um sentimento de
plenitude, auto-confiança, e não-limitação, como também como a realização do “propósito” principal da vida
humana; amar e servir Deus/Isvara através de sua interação com o universo manifesto.
Para que a libertação e a satisfação do Jivanmukta seja completa, ele/a precisa desenvolver a capacidade de
apreciar e amar Samsara, a manifestação "aparente" de Maya/Isvara. Amar não é apego, mas sim uma profunda
apreciação e gratidão para com Isvara pelo milagre da vida. Afinal, Moksha é para o Jiva, e o Jiva permanece no
mundo após sua realização. O único modo de viver no mundo livre de medos e conflitos é através da visão
devocional de que o mundo e todos os seus objetos são somente Isvara manifesto como a totalidade. A
realização da identidade do Jiva com Isvara (o Ser pleno) é o fim - o amar e servir Isvara, é o propósito mais
elevado da experiência humana.

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