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AS GRANDES RELIGIÕES
Em números:
População 1900 2000 2002 2025
Mundial 1.619.886.000 6.010.779.000 6.235.580.000 8.039.130.000
Cristãos 558.056.300 1.990.018.000 2.015.743.000 2.710.800.000
Muçulmanos 200.102.200 1.189.359.000 1.215.693.000 1.894.436.000
Sem religião 2.923.300 767.865.000 774.693.000 878.669.000
Hindus 203.033.300 774.080.000 786.532.000 1.020.666.000
Budistas 127.159.000 358.527.000 362.245.000 423.046.000
Ateus 225.600 150.979.000 151.430.000 160.193.000
Religiões 106.339.600 252.207.000 255.950.000 324.068.000
tradicionais
Sikks 2.960.600 22.714.000 23.102.000 31.381.000
Judeus 12.269.800 14.214.000 14.307.000 15.864.000
Outras 406.817.100 490.816.000 635.885.000 580.007.000
Fonte: www.pime.org.br

HINDUÍSMO
Origens: o Hinduísmo é considerado a mais antiga das religiões
vivas. Nascido há cinco mil anos, dele não se conhece nenhum fundador. Sua
história se confunde com a própria história da Índia antiga. Povos advindos
de pontos diferentes, aos poucos, misturando seus mitos tribais com o
Animismo local deram origem a um conjunto de doutrinas e práticas que
hoje compõem o tecido do Hinduísmo, que pode ser considerado, em sua
estrutura fundamental, como um conjunto variado de elementos filosóficos
e religiosos que expressam um sentimento profundo da divindade. O nome
hindu tinha, inicialmente, o significado geográfico, isto é, morador do vale
do rio Indu. Hoje é aplicado para aquele que nasce no país hindu e não
repudia publicamente sua religião.
Livro Sagrado: os Vedas (que significa conhecimento) é o livro
sagrado dos hindus. Considerado o livro mais antigo da humanidade, já
fixado a partir do século VI, mas cujo conteúdo tem origem mais remota, por
ter sido transmitido oralmente, divide-se em 2 grandes blocos a saber:
1) Sruti (conhecimento) são textos considerados revelados, A
esta categoria pertencem o Rig-veda (hinos de louvor), Yajur-veda
(fórmulas do sacrifício), Sama-veda (melodias) e Atarva-veda
(fórmulas mágicas);
2) Smriti (trabalho) é aquilo que o homem descobriu através
do próprio esforço. Nesta categoria temos: os Puranas, textos
lembrados que expõem antigas lendas sobre a criação do mundo,
os deuses e a vida dos santos; Mahabharata, longo poema que
relata a lutas entre as tribos que povoavam as antigas regiões do
Ganges; Marayana, a história do herói Rama, tido pelos hindus
como filho, irmão e marido exemplar. Os Vedas foram mais tarde
suplementados por outros escritos, incluindo os Brâmanes
(especificam ritos e sacrifícios) e os Upanichades (comentários de
partes mais obscuras dos Vedas).
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Etapas: as etapas do Hinduísmo estão intimamente ligadas
aos livros sagrados. São elas:
1) etapa pré-védica: os hindus adoravam divindades ligadas aos
elementos da natureza (animistas);
2) etapa védica: baseada nos Vedas, politeísta, considerada a fase
ariana do Hinduísmo; realização de sacrifícios para aplacar a ira
dos deuses e obter seus favores. Acreditavam na sobrevivência dos
mortos;
3) Brahmanismo: período sacerdotal do hinduísmo. Os brahmanes
se consideravam os únicos habilitados para os sacrifícios aos
deuses, que eram considerados subordinados a estes rituais,
introduz a reencarnação e o sistema de castas;
4) Etapa Filosófica: foi uma reação contra os brahmanes
(sacerdotes), por parte de filósofos que, pela perseguição tiveram
de retirar-se para as florestas. O resultado de suas meditações
são os Upahishades, também chamado vedanta. Os vedânticos
substituíram a crença bramânica dos sacrifícios pela libertação
através do conhecimento. Segundo eles a libertação definitiva
(moksa) está em conhecer que Brahman é Atman. O Brahman é
a realidade mais íntima do universo e o Atman a realidade mais
profunda no indivíduo ou o Eu.
Nos primeiros séculos da era cristã, o Hínduísmo estava
praticamente definido: reconhecia o sistema de castas e a liderança dos
brahmanes, reverenciava a vaca como uma divindade, aceitava a lei do
Karma e a transmigração das almas. A idéia típica do Hinduísmo é a Bhakti:
a devoção amorosa para um Deus pessoal, que pode ser praticada por
todos, independente do sexo e da casta.
Deuses: acreditar em Deus não é indispensável para ser hindu.
Mas a grande maioria tem um ser supremo. Entre estes encontram-se
politeístas, panteístas, monistas e henoteístas. Pode-se dizer que a maior
parte é henoteísta. Acreditam em muitos deuses menores (33 milhões). Aos
poucos, porém, o panteão védico se organiza em torno de três deuses:
Brahma: o criador. É a causa, a origem e a própria essência do
universo, porque sem ele nada existe;
Vishnu: é a força que conserva as coisas existentes. Sua função é
salvar e redimir o mundo. O Vishnuísmo é a seita mais popular e
seus adeptos são numerosos. Seu livro sagrado é o Bhagavat Ghita.
O movimento hare-Krishna é uma subseita do Vishnuísmo.;
Shiva: contraditório, é ao mesmo tempo criador e destruidor. Outras
seitas hindus são: Shivaísmo (deus Shiva) e o Saktismo (Sakti é
consorte de Shiva).
Humano: emerge de Brahma. Entra no ciclo de sucessivas
reencarnações (sansara). Nasce dentro de um sistema de castas
(varnadharma), obedecendo à lei do Karma (ação), que divide a sociedade
em quatro classes, a saber: sacerdote, guerreiro, agricultor-comerciante e
operário-escravo. Há um quinto grupo, os panchamas ou sem castas.
Mundo: chamado Maya (ilusão), para o hindu é sagrado, deve ser
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respeitado e adorado. Encontra-se num processo cíclico de aparecimento
e desaparecimento. Sua origem tem várias teorias: emanação do absoluto,
resultado da agregação dos átomos, criação de um Deus pessoal. Alguns
respondem que a criação é uma pequena brincadeira de deus.
Elementos importantes: Rio Ganges, Animais Sagrados, Culto (no
templo, lar e dos santos).
BUDISMO
Origem: o Budismo nasceu na Índia por volta do século VI a.C.,
como reação à religião dominante, o Hinduísmo (Bramanismo). É hoje uma
das grandes religiões do mundo com mais de 300 milhões de seguidores.
Fundador: a palavra “Buda” significa, na língua páli, “o Iluminado”. É
o nome atribuído a Siddharta Gautama, também conhecido por “Sakyamuni”
(o sábio de Sakia). Deve ter vivido entre 566 e 486 a.C. Sua mãe, Maiadevi,
faleceu logo após seu nascimento; seu pai Sudodana, manteve o filho longe
dos sofrimentos e misérias da vida. Casou-se aos 19 anos com Yasodara
com quem teve um filho Rahula , levando uma vida conjugal feliz e abastada
por 10 anos. Um dia, estimulado pelo encontro com um velho, um doente e
um cortejo fúnebre, deixou a família e o palácio em busca da verdade e da
paz. O exemplo de um religioso mendicante levou o príncipe a pesquisar as
causas do sofrimento, da velhice, da morte e do renascer. Depois de algumas
experiências com os sábios da época, decidiu seguir seu próprio caminho
e, aos 35 anos, através do esforço e da intuição, alcançou a iluminação.
Durante 45 anos andou ensinando sua doutrina, morrendo aos 80 anos.
Doutrina:
1) o homem é afetado por múltiplos sofrimentos;
2) a causa de todo sofrimento é o desejo;
3) o ser humano pode libertar-se da dor;
4) o caminho que liberta o homem da dor é o caminho de oito
etapas, cujo ponto culminante é o Nirvana. As oito etapas são:
conhecimento da verdade, intenção de resistir ao mal, não ofender
os outros, respeitar a vida, exercer um trabalho que não fira os
outros, lutar para libertar a mente do mal, controlar os sentimentos
e pensamentos e praticar as formas adequadas de concentrações.
O Budismo aceita do Hinduísmo a teoria da reencarnação. Profere
o anatta, ou seja, o eu é um aglomerado de elementos que se
desintegram com a morte. Mas o carma que sobrevive faz reuni-los
num novo eu.
Textos: Dharma significa lei. Buda não deixou nada escrito, seus
ensinamentos eram orais. Logo após sua morte, seus discípulos reuniram
as várias tradições existentes e compilaram um livro chamado Tripitaka,
ou três cestos. Diferente das demais religiões que têm um único cânone
aceito por todos, o Budismo tem vários cânones: Cânone Páli, Sino-Japonês
e Tibetano. Mas todos obedecem à mesma estrutura: lei, sermões de Buda
e comentários.
Formas de Budismo:
1) Mahayana (Grande veículo), muito difundida no norte da Índia,
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valoriza a reflexão filosófica e mística;
2) Hinayana (Pequeno Veículo), utiliza-se de antigas tradições,
excluindo ritos ou devoções. Está presente no Sri Lanka, Birmânia,
Laos, Camboja e Tailândia;
3) Vairayana (Veículo de diamante), é a corrente menos difundida,
presente na Mongólia e Tibete (Lamaísmo), insiste no ritualismo.
Obs.: Buda reuniu seus discípulos em grupos chamados Sangha.
Embora não se tenha preocupado basicamente com um Ser Supremo,
muitos dos seus discípulos o transformaram num Deus. Compaixão era a
característica mais marcante de seus ensinamentos.
JUDAÍSMO
Origens: comunidade etnocultural e histórica, os judeus têm seu
nome derivado de Judá, quarto filho do patriarca Jacó. Sua religião (Judaísmo
ou Hebraísmo) teve origem na antiga Mesopotâmia, atual Iraque, há cerca
de 3900 anos, quando Abrão emigrou da próspera cidade de Ur dos Caldeus
para a terra de Canaã. De modo geral, o povo judeu descende de um antigo
ramo da raça semítica, os hebreus (Abrão, o hebreu”- Gn 14,13). A Bíblia
conta que Abrão teve seu nome mudado para Abraão, sendo convocado
para ser o fundador de um novo povo em uma nova terra e portador da
crença no Deus único. Os judeus traçam uma linha de descendentes que
começa com seu filho Isaac e seu neto Jacó. Quando a fome açoitou a terra
de Canaã, Jacó, seus doze filhos e respectivas famílias estabeleceram-se em
Goshen, a leste do delta do Nilo, no Egito. Mais tarde, seus descendentes
foram reduzidos à escravidão e sujeitos ao trabalho forçado.
Depois de 400 anos de escravidão, os israelitas foram conduzidos
à liberdade por Moisés que, de acordo com a narrativa bíblica, foi escolhido
por Deus para levar seu povo de volta à terra prometida. Durante os 40 anos
que vagaram pelo deserto do Sinai, os israelitas receberam a lei de Moisés,
incluindo os Dez Mandamentos e tornaram-se uma nação. O êxodo do Egito
deixou uma marca profunda na memória nacional do povo judeu e tornou-
se um símbolo de liberdade e independência. Nos dois séculos seguintes
(período tribal), os israelitas conquistaram a maior parte do território e
renunciaram à sua vida nômade para fixarem-se como agricultores e artesões;
seguiu-se uma fase de desenvolvimento social e econômico. Períodos de
relativa paz foram pontuados por tempos de guerra. O povo reunia-se em
torno de líderes conhecidos por juízes. Posteriormente, a fraqueza inerente
a esta organização tribal face às ameaças de invasões, gerou o anseio por
um chefe que unisse as tribos, o que deu origem ao período monárquico
(1020-930 a.C.). O primeiro rei foi Saul e seu sucessor, Davi. O filho de Davi,
Salomão fortaleceu o império, expandiu o comércio e criou novas cidades.
Em Jerusalém construiu o palácio real e o Templo, centro da vida religiosa e
nacional do povo.
O fim do reino de Salomão foi marcado pelo descontentamento das
camadas mais pobres, que tinham de pagar pesados impostos pelos planos
ambiciosos do monarca. Com a morte de Salomão, o reino dividiu-se em
dois. O Reino de Israel, ao norte, território de dez tribos com sua capital
em Samaria, durou mais de 200 anos, até 722 a.C., quando foi dominado
pelos assírios. O reino de Judá, ao sul, com capital em Jerusalém, durou
aproximadamente 350 anos, sendo, em 586 a.C., subjugado pela Babilônia.
O Templo foi arrasado e um grande número de judeus, deportados. Após,
segue-se um período de dominação estrangeira: persas, helênicos. romanos,
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árabes.
Os Profetas eram pensadores religiosos e personalidades
carismáticas, considerados como dotados com o divino dom da revelação.
Eles pregaram desde o período da monarquia até um século depois da
destruição de Jerusalém (586 a.C.), tanto como conselheiros dos reis para
assuntos ligados à religião, ética e política, quanto como seus críticos sob a
primazia do relacionamento entre o povo e Deus. Os profetas eram guiados
pela firme convicção da necessidade de justiça e emitiram poderosos
comentários sobre a moralidade da vida nacional judaica. Suas mensagens
estão registradas em livros de inspirada prosa e poesia, muitos dos quais
foram incorporados à Bíblia.
Textos: são numerosos e foram escritos ao longo de mais de mil
anos, em várias línguas, prevalecendo o hebraico e o aramaico. O livro
principal é a Bíblia, organizada em sua forma atual no século X (compreende
a Torá, Profetas, Michnah, Talmud, Guemarah, Cabala).
Ritos: Páscoa (Pessach), Pentecostes (Shavout), Tabernáculos
(Sucot), Ano Novo (Rosh Hashana), Perdão (Yom Kippur), Nascimento,
Circuncisão, Admissão.
Calendário: o ano judaico é contado de setembro a setembro, o
ano atual (2007) é o 57670º do calendário judaico.
Credo Judeu:
1) Deus criou e governa todos os seres;
2) Deus é uno e indivisível;
3) Não tem corpo;
4) É eterno;
5) Deve ser o único a ser adorado;
6) Todas as palavras dos profetas são verdadeiras;
7) Moisés é o maior dos profetas;
8) Toda a Torá é a que foi dada por Moisés;
9) Esta lei não pode ser alterada, nem substituída;
10) Deus conhece todos os pensamentos dos homens;
11) Deus recompensa os que observam seus mandamentos e pune
os que os transgridem;
12) Deus fará vir o Messias;
13) Deus fará reviver os mortos. O pecado, no conceito judaico, é
um rebaixamento da natureza humana pela infidelidade a Deus e a
sua aliança. Os três elementos essenciais desta fé são:
1) Há um só Deus;
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2) Há um só povo;
3) Há uma só aliança entre Deus e este seu povo.
Atualmente existem mais de 13 milhões de judeus espalhados pelo
Mundo. Destes, mais de 5 milhões vivem em Israel.
CRISTIANISMO
Religião/Cultura/Fé: o Cristianismo é a religião dos que crêem que
Jesus Cristo é o filho de Deus, morto e ressuscitado, que veio anunciar aos
homens a boa nova da salvação. Fundamenta-se nas palavras, no ensino, nos
gestos e na vida de um homem-Deus, “reconhecido como caminho, verdade
e vida”. Difere das outras religiões porque o Cristianismo é a “religião de
uma pessoa, não de um livro”. Mais que uma doutrina ou uma filosofia, é
um seguimento na fé e na entrega a Cristo. Palavra do Pai para os homens.
Distinguem-se múltiplos aspectos no Cristianismo: doutrina, dogma, sistema
sacramental e prática litúrgica, espiritualmente, instituições, organização
etc.
Convém, no entanto, assinalar que ele não é só uma religião,
mesmo sendo aquela mais numerosa do mundo, com aproximadamente 2
bilhões de cristãos. Por tradição, é mais que um simples sistema de crenças
religiosas. Ao longo de 20 séculos, criou uma cultura, um sistema de idéias
e de formas de vida, de práticas, de acontecimentos, de arte, transmitidos
de geração em geração, vindos da figura de Jesus. O Cristianismo tem o
apoio de uma tradição viva de fé e de cultura que não se pode ignorar.
Converteu-se assim, o Cristianismo, num fenômeno universal. A sua
influência espalhou-se muito além dos próprios limites, formando o caráter
de indivíduos e nações. Mas este fato não evita que haja diversas formas
históricas de entendê-lo e vivê-lo numa identidade fundamental.
O Cristianismo, como experiência de uma comunidade de crentes
que seguem e imitam Cristo, realiza-se na história dentro da Igreja:
comunidade de pessoas que formam o corpo dos crentes em Cristo. A Igreja
é, portanto, o Cristianismo feito vida e história.
O Cristianismo é uma religião monoteísta, tal como o Judaísmo
e o Islamismo. Recebe, como os dois, o nome e qualificativo de “Religião
do Livro”. Quer dizer que é uma religião histórica e revelada. A diferença
das outras é a sua revelação não vir diretamente de um livro, legislador ou
profeta, mas de Jesus, Filho de Deus, palavra feita carne e presença do Pai
entre os homens. Já não se reconhece a origem judaica do Cristianismo,
apresenta-se como uma superação ou perfeição do Judaísmo, enquanto
chamamento e proposta a todos os homens. Daí a sua vocação missionária
universal.
Menção particular deve fazer-se à ética ou moral, que é
essencialmente religiosa no sentido de a conduta moral do homem se
concebe como resposta a uma vocação divina.
Jesus Cristo: Jesus é a tradução do hebraico: Deus Salva. Refere-se
a um homem nascido em Belém (Judéia, na Palestina). Também conhecido
como Jesus de Nazaré, onde viveu (Nazaré, na Galiléia). Foi morto em
Jerusalém, por volta do ano 30 da nossa era.
As fontes que testemunham a existência de Jesus podem ser
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encontradas em historiadores da antigüidade, como Flávio Josefo, judeu, e
os romanos Tácito e Suetônio, os quais testemunharam que, no reinado de
Tibério, houve um judeu chamado Jesus, reconhecido como “Messias” que
ensinava o povo e foi supliciado, sendo procurador Pôncio Pilatos.
Tradicionalmente, a vida de Jesus – nascido em Belém 6 ou 5 anos
antes da nossa era – divide-se em quatro períodos: vida oculta, vida pública,
vida dolorosa e vida gloriosa.
- A vida oculta vai do nascimento, passando pela infância e juventude
em Nazaré, até o batismo, realizado por João Batista nas margens
do rio Jordão, no inverno de 28. Tudo isto está narrado no evangelho
da infância (Mt 1-3).
- A vida pública foi muito curta (da primavera de 28 à primavera de
30). É o tempo das primeiras visitas a Jerusalém, da pregação e dos
milagres na Galiléia, na Fenícia e na Decápole.
- A vida dolorosa, que dura uma semana. Depois da entrada
triunfal em Jerusalém (março dos anos 30), Jesus é traído, preso e
julgado sucessivamente pelos sumos sacerdotes e pelo procurador
romano, sendo condenado à morte por ter-se proclamado Filho de
Deus e pretender ser rei dos judeus. Crucificado e sepultado, não
é encontrado no sepulcro quando as mulheres lá foram depois do
sábado. E nem os discípulos o encontraram.
- Começa então uma curta vida gloriosa: aparição de Jesus aos
discípulos em Emaús, no Cenáculo, na Galiléia e, por fim, no Monte
das Oliveiras, donde se eleva aos céus e desaparece da sua vista.
Começa, então, a vida gloriosa de Jesus junto do Pai como Messias
Salvador triunfador da morte: Cristo Jesus.
Doutrina: em Jesus, os cristãos reconhecem a presença de Deus,
sua face voltada para nós, como o Filho de Deus em sentido próprio. Esta “boa
nova” da paternidade de Deus que envia o seu Filho aos homens constitui
o centro da mensagem de Jesus. Jesus é aquele que vem, o enviado de
Deus para curar os doentes e salvar os pecadores, é o “Messias” anunciado
na Bíblia, esperado para libertar Israel de seus pecados e restabelecer a
justiça. E o sinal desta salvação é a ressurreição de Jesus, fundamento da
fé cristã (1Co 15,12-14).
A doutrina de Jesus está reunida nos Evangelhos: as palavras, o
ensino, os gestos e a vida do Homem-Deus, apresentando-se como o “filho
do Homem”, como o Messias enviado por Deus. A libertação que oferece
não é política, mas do pecado e da morte. Jesus abre e inicia o Reino de
Deus. Este Reino, simultaneamente interior e coletivo, que já chegou mas
não está ainda completo, manifesta-se em Jesus Cristo e resume-se ao
reinado do amor. Chega a todos os pontos onde o pobre é tratado como
um homem, onde os inimigos se reconciliam, onde se promove a justiça,
onde se estabelece a verdade e o bem. O Reino de Deus ocupa o lugar
preferencial na doutrina de Jesus, cujo núcleo central se resolve na lei do
amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. É este o primeiro e
principal mandamento.
Este Reino realiza-se na inversão de valores das “bem-aventuranças”.
Não é imposto pela força, mas pelo poder do amor. É precisamente aí
que está o coração e o núcleo da mensagem evangélica. A revolução do
Evangelho. A magna carta do Reino.
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Mas Jesus não veio destruir nem suprimir a lei, antes completá-la e
aperfeiçoá-la. Não basta não matar, não fazer mal. É preciso amar o inimigo.
Jesus dita um código moral superior, no qual o amor a Deus e o amor ao
próximo constituem os dois pólos da conduta. Trata-se de uma ética que
tem implicações profundas na vida.
Finalmente, Jesus ensinou e deu uma nova dimensão à vida.
A salvação é a vida eterna junto de Deus. “Estaremos sempre com o
Senhor”(1Ts 4,17). Mas, para isto, impõe-se a exigência prévia: “Convertei-
vos e crede no Evangelho”. É preciso mudar as idéias, mudar o coração e
crer em Jesus.
ISLAMISMO
Origem/fundador: segundo a tradição islâmica, seguindo uma
revelação, Abraão levou um de seus filhos, Ismael, para fora de seu grupo, no
deserto, onde o jovem passaria a viver. Casou-se com Jedáe e teve 12 filhos,
que originaram o povo árabe. Um árabe, Maomé (578-632 d.C.), nascido
órfão de pai, o qual morreu durante a gravidez da mãe, foi criado pelo avô.
Perdeu o avô com oito anos, antes, porém, já havia perdido a mãe. Seu
primeiro casamento foi com Cadija, viúva, da alta nobreza. Além de Cadija,
Maomé teve onze esposas. Conhecedor do Judaísmo e do Cristianismo,
sentiu-se chamado para ser o profeta do Deus único e verdadeiro para seu
povo, que vivia em politeísmo e costumes primitivos. Propunha-se fundar
uma comunidade universal de todos os que se entregaram a Deus, Alá.
Este entregar-se, este abandono total a Deus é o significado do termo islam,
Islã.
Distinguem-se duas fases na atuação de Maomé. A primeira situou-
se em Meca, onde Maomé pregou, como profeta nacional, o monoteísmo e
a confiança paciente em Deus. Meca é, até hoje, a cidade santa do Islã;
os muçulmanos veneram ali o sepulcro de Maomé e a “pedra negra”. Na
segunda fase, expulso de Meca, Maomé fez de Medina o centro de sua
atuação e pregou uma expansão agressiva do Islã, que agrediria também os
povos não-árabes. A meta era: adorar o Deus uno numa comunidade una.
Os povos que não têm religião superior (caracterizada por livros sagrados)
devem ser submissos ao Islã. Os outros (judeus e cristãos) devem pagar-
lhe imposto, quando vivem no meio de muçulmanos (o Islã não distingue,
praticamente, entre sociedade civil e religiosa).
Doutrina: a teologia do Islã caracteriza-se pela forte acentuação do
monoteísmo e da soberania absoluta de Deus sobre o mundo, a vida e a
história. Deus intervém diretamente em tudo. Este Deus soberano é também
misericordioso. Os fiéis devem abandonar-se à sua vontade: isso é ser
muslin, muçulmano. Os mandamentos que os muçulmanos devem observar
são cinco: a confissão do Deus uno, Alá; a observância das orações, 5 vezes
por dia; o jejum; pagamento de impostos para os pobres; peregrinação,
pelo menos uma vez na vida, a Meca. A legislação da poligamia, no tempo
de Maomé -- até quatro mulheres -- é uma tentativa de humanizar esta
situação e de garantir para a mulher um “status” de esposa, incluindo a
responsabilidade material e afetiva da parte do marido por todas elas. A
poligamia foi abolida por certos estados muçulmanos modernos.
Textos: o texto sagrado do islã é o Alcorão (= recitação). Seu texto
nunca teria sido alterado (diferentemente da longa história da composição
da Bíblia). Reconhece a Bíblia parcialmente como fonte de revelação. Abraão,
Moisés e Jesus são profetas, precursores do profeta de Deus por excelência,
Maomé. O Alcorão seria, portanto, o ponto culminante da revelação.
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Obs.: denuncia-se às vezes o fanatismo do Islã, que põe enormes
barreiras ao diálogo com outras religiões. Este fanatismo explica-se,
provavelmente, pela doutrina da predestinação -- Deus destina tudo de
antemão, criação e história, céu e inferno -- que não deixa ao homem o
direito de “ponderar”, e pela forte interferência da religião na sociedade
civil.
ESPIRITISMO
No prólogo do livro “O que é Espiritismo”, Allan Kardec definiu o
espiritismo como sendo “a ciência experimental e doutrina filosófica”.
SISTEMATIZADOR: ele nasceu no dia 03/10/1804 e recebeu o
nome de Denizard Hipolyte Léon Rivail. Da observação de fenômenos como
das “mesas girantes”, passou a escrever, sendo sua primeira obra, “O Livro
dos Espíritos” de 18/04/1957, quando então adotou o pseudônimo de Allan
Kardec.
DOUTRINA DA REENCARNAÇÃO: três coisas essenciais, contam-
se no homem: a alma ou espírito, princípio inteligível em que residem o
pensamento, a vontade e o senso moral; o corpo, envoltório material que
põe o espírito em relação com o mundo exterior; o perispírito, envoltório leve,
imponderável, que serve de laço intermediário entre o espírito e o corpo. Os
espíritos têm a mesma origem e o mesmo destino. Foram criados por Deus,
todos iguais moral e intelectualmente. A diferença entre eles não é de
espécie, mas de graus diferentes de adiantamento. Têm um corpo fluídico
que, em estado normal, não aparecem. Têm as mesmas percepções que os
humanos, não sabem de tudo e não têm a totalidade da perfeição. A união
do espírito com o corpo se dá a partir da concepção. Com o nascimento, o
espírito se perturba, vindo a perder a noção de si mesmo. A morte ocorre
quando o envoltório exterior sucumbe porque gasto, já não pode realizar
mais suas funções.
Há diferentes mundos que se movem no espaço e estão povoados
como a terra. As relações entre o mundo visível e invisível podem ser ocultas
ou manifestas.
O espiritismo proclama um Deus único, soberano, justo e bom e o
homem é responsável pelos seus atos, sendo recompensado ou castigado
segundo o bem ou mal que houver praticado. O mal não vem de Deus, mas
é fruto do livre arbítrio. O mal se dá por ser a Terra um mundo inferior.
NOVA ERA
A Nova Era (NE) não se considera uma nova religião, mas sim um
movimento que supera todas as religiões.
Origem/fundadores: nasceu na Califórnia (EUA), em 1948 com o
livro “A volta de Cristo” de Alice Bailey. Ela nada mais fez que reelaborar e as
idéias da russa Helena Petrovna Blavatski que fundou em 1875, em Nova
York, a sociedade Teosófica.
Idéias: acredita na instalação de uma nova ordem mundial (governo,
religião e economia) e cósmica, na qual o homem e a mulher alcançarão
a perfeição integrando mente, corpo e espírito. Apoiados em estudos
astrológicos, os adeptos afirmam que o mundo já viveu três eras, a saber: 1)
Era de Touro (época dos impérios e religiões mesopotâmicas); 2) Era de Áries
(religião judaica) e 3) Era de Peixes (os últimos dois mil anos, de influência
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CADERNO
CADERNODE
DE
3

UNIDADE
REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
cristã). Segundo a NE, estaríamos entrando numa nova era, a de Aquário.
Seus adeptos esperam a manifestação de um Messias que chamam de
Maitréia e que unificará o planeta. Sua forma religiosa predominante é a
panteísta, aceitando a doutrina da reencarnação. Acreditam que o homem
será elevado a uma condição de deus e mestres ou espíritos cósmicos
irão ajudar a inauguração da NE. Seu principal símbolo é a borboleta,
representando a metamorfose da humanidade, que passa do velho para o
novo.
Textos: não têm um livro sagrado, nem um código de leis ou
normas, por isso é entendida de formas diferentes nas diversas culturas,
com um forte sincretismo. Suas idéias são difundidas através de filmes,
livros, jornais, artigos, organizações comerciais e executivas, cursos etc.

Deus e a Experiência de Deus, Hoje - UCPEL Virtual, Pelotas 2007 49

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