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PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA NO BRASIL: UMA ANÁLISE

BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

Ana Laís Pereira Pedraça1


Gracy Kelle2

RESUMO

O presente artigo presa em analisar como se dá a prática de biossegurança nos


empreendimentos estéticos segundo as publicações, legislações e normas vigentes
no Brasil. Visando criar um critério para a coleta e análise dos trabalhos levantados,
a pesquisa foi realizada no sítio Biblioteca Virtual em Saúde – BVS. Apresentaremos
a incidência aos riscos de infecções e transmissão de microorganismos ligada
diretamente às características sociodemográficas dos profissionais, também ao
descarte incorreto de artigos de uso individual e falta de higiene não realizados
muitas vezes devido à falta de informação sobre biossegurança.

Palavras-Chave: Legislação, segurança, riscos.

ABSTRACT

This article aims to analyze how biosafety is practiced in aesthetic projects according
to publications, legislation and regulations in force in Brazil. Aiming to create a
criterion for the collection and analysis of the surveyed works, the research was
carried out on the Virtual Health Library – VHL website. We will present the incidence
of the risks of infections and transmission of microorganisms directly linked to the
sociodemographic characteristics of the professionals, as well as the incorrect
disposal of articles for individual use and lack of hygiene, which are often not
performed due to the lack of information on biosafety.

Key words: Legislation, security, risks.

1
Discente do Curso de pós-graduação em Estética Facial e Corporal da Faculdade Aparício de
Carvalho – FIMCA, Porto Velho – RO. 2022.
2
Orientadora.
1
1 INTRODUÇÃO
A prática da biossegurança tem grande importância em ambientes de
trabalho, pois visa minimizar a ocorrência de acidentes e os riscos às exposições
variadas (riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos). Devido ao crescimento
exponencial da área nos últimos anos, a biossegurança tem se mostrado cada vez
mais necessária dentro da área de atuação dos profissionais de estética, pois
garante a segurança tanto de profissionais quanto de pacientes.
De acordo com Censo 2018 realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica - SBCP as cirurgias estéticas cresceram 25,2% de 2016 para 2018.
Pesquisas da Sociedade Internacional de Cirurgias Plásticas - ISAPS, reforçam
estes dados quando evidenciam que o Brasil é o 2º país no ranking de
procedimentos estéticos do mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos. É
importante destacar ainda que o Brasil já ultrapassou os Estados Unidos quando se
fala em procedimentos cirúrgicos como por exemplo o aumento de mama. (SBCP,
2019; ISAPS; 2020)
Com o crescimento deste mercado, a qualificação destes profissionais
torna-se cada vez mais importante, incluindo a conscientização dessa classe quanto
aos riscos existentes no exercício de sua profissão, bem como para com os clientes
envolvidos no processo. (CORDEIRO, HEMMI e RIBEIRO, 2013)
Costa & Gomes (2012) apontam a biossegurança em estabelecimentos de
estética e técnicas associadas de modo a ser aplicada nos cuidados com clientes,
equipamentos e superfícies, na prevenção e manejo da exposição biológica e
ocupacional, manipulação de materiais biológicos e, ainda no descarte local e de
destino dos materiais infectantes e perfurocortantes.
Tendo em vista a importância dos métodos de segurança para promoção e
prevenção de doenças em um mercado de rápida expansão, se faz necessário
entender como se dá a aplicabilidade das técnicas, normas e legislação acerca da
biossegurança na estética como fator necessário para garantia de segurança de
pacientes e profissionais da saúde.
Diante do exposto, no presente estudo buscou-se realizar um levantamento
bibliográfico e documental que abrange publicações válidas sobre a biossegurança

2
no campo da estética, haja vista sua importância e aplicação dentro do campo de
exercício supracitado, respondendo assim à seguinte problemática: Como se dá a
prática de biossegurança nos empreendimentos estéticos segundo as
publicações, legislações e normas vigentes no Brasil?
.

1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Analisar como se dá a prática de biossegurança nos empreendimentos
estéticos segundo as publicações, legislações e normas vigentes no Brasil.

1.1.2 Objetivos específicos


● Levantar os principais conceitos de biossegurança no campo da estética
através de publicações bibliográficas;
● Identificar as normas e legislações vigentes no Brasil quanto aos
procedimentos de biossegurança na estética;
● Descrever a prática da biossegurança nos empreendimentos estéticos no
Brasil.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e qualitativa, pois


como afirma Creswell (2006) busca a interpretação dos conceitos onde os
pesquisadores estudam as coisas em seus ambientes, buscando o sentido que as
pessoas trazem para estes.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa caracteriza-se ainda como um estudo
bibliográfico e documental, pois irá identificar e interpretar os trabalhos que abordem
o tema biossegurança na estética a partir de dados secundários e bibliográficos
fazendo o levantamento ainda das normas e legislação quanto à biossegurança que
estão em vigência no Brasil.
Por tanto, esta pesquisa possui duas vertentes quanto à sua coleta de dados:
(1) análise bibliográfica para levantamento das publicações acerca da biossegurança

3
na estética; (2) análise documental sobre as normas e legislações quanto à
biossegurança no Brasil.
No levantamento bibliográfico, visando criar um critério para a coleta e análise
dos trabalhos levantados, a pesquisa foi realizada no sítio Biblioteca Virtual em
Saúde – BVS. A escolha do buscador se deu por se tratar de uma plataforma de
busca renomada na área da saúde, pois segundo o próprio site, a plataforma busca
integrar “[...] informação em saúde que promove a democratização e ampliação do
acesso à informação científica e técnica em saúde na América Latina e Caribe
(AL&C).” (BVS, s.d)
As palavras-chaves utilizadas na pesquisa foram “biossegurança” and
“estética”. Assim, foram encontrados 22 trabalhos na plataforma de busca, sendo
que 19 em língua portuguesa, 2 em inglês e 2 em espanhol.
Para analisar os trabalhos encontrados, foi feita a leitura dinâmica de cada
um para que fosse possível verificar se o trabalho aborda a biossegurança na
estética. Além disso, outros critérios foram avaliados, o que auxiliou na elucidação
dos objetivos desta pesquisa. Esses critérios estão apontados no Quadro 1.

Quadro 1 - Critérios observados nas publicações levantadas

Critério Descrição

Aborda a Por se tratar de uma busca com palavras chaves, sabe-se


Biossegurança na que em alguns momentos a busca não apresenta trabalhos
Estética que abordam efetivamente o que está sendo buscado. Por
esse motivo, o primeiro critério de avaliação dos trabalhos
foi para identificar se o trabalho aborda a biossegurança na
estética. Se sim, os demais critérios também eram
avaliados no trabalho.

Procedimentos Com o intuito de descrever os procedimentos estéticos


abordados estudados, através da leitura do artigo, buscou-se os
procedimentos estéticos que eram abordados.

Condições de Após entender quais procedimentos o trabalho abrangia, foi


biossegurança verificado quais condições ou aspectos de biossegurança o
artigo apresentava para aqueles procedimentos estéticos.
Fonte: elaborado pelos autores (2021)

Para a análise documental quanto às normas e legislação vigente sobre a


biossegurança no Brasil, foi detectada a lei 13.643, artigo 8 que deixa claro que “o

4
Esteticista deve cumprir e fazer cumprir as normas relativas à biossegurança e à
legislação sanitária”.
Assim, o quadro 1 apresenta o passo a passo da metodologia utilizada neste
artigo bem como a análise dos trabalhos.
Nos tópicos que seguem, são apresentados os resultados encontrados a
partir da aplicação da metodologia desta pesquisa.

2 CONCEITOS DA BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA

Ramos (2009 apud Leão 2019) conceitua a biossegurança como uma ciência
que tem por base minimizar e controlar riscos interligados com as práticas em
diferentes tecnologias aplicadas ao meio ambiente e em laboratórios, por exemplo.
Costa e Gomes (2012) apontam a aplicação da segurança biológica como
medida preventiva de acidentes de trabalho, pois esta normatiza tanto os cuidados
pessoais, limpeza, desinfecção de superfícies e equipamentos, quanto manipulação
de materiais biológicos, destino de materiais infectantes, bem como
perfurocortantes.

Segundo Salles (2021) podemos apontar que:

A biossegurança tem como objetivo destacar ações destinadas a


prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos existentes no ambiente de
trabalho e possíveis danos para a saúde, visando garantir a integridade dos
pacientes e dos profissionais e reduzindo riscos de contaminações. É
fundamental organizar processos dentro do princípio das boas práticas
sanitárias, o que implica na adoção de manual de rotinas e procedimentos e
dos respectivos POPs (procedimentos operacionais padronizados) para
garantir que todos os profissionais fiquem por dentro possíveis danos para a
saúde, visando garantir a integridade dos pacientes e dos profissionais e
reduzindo riscos de contaminações. (SALLES, 2021)

Segundo a Comissão de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz


podemos definir a biossegurança como:

“Biossegurança como um conjunto de ações voltadas para a


prevenção, minimização e eliminação de riscos inerentes às atividades de
5
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de
serviços que possam comprometer a saúde do homem, dos animais, do
meio ambiente, ou a qualidade dos trabalhados” (TEIXEIRA e VALLE,
1996).

Por tanto, faz-se necessária a pesquisa sobre a biossegurança na estética,


como já demonstrado ao longo deste trabalho. Neste tópico, serão apresentados os
trabalhos encontrados e o que é abordado em cada um destes trabalhos.

Conforme mencionado anteriormente, foram encontrados 22 trabalhos com os


critérios de busca definidos na metodologia deste trabalho. Todos os trabalhos
passaram por uma leitura dinâmica para que fosse possível verificar se o artigo
abordava a biossegurança na estética.

O Quadro II apresenta os títulos, autores e anos das publicações encontradas


na pesquisa e foi possível perceber que as publicações ao longo dos últimos anos
foram constantes.

Quadro II - Trabalhos encontrados na pesquisa

TÍTULO AUTORES
Centro de estética y control de peso corporal: norma técnica No. 010-2019­
DRACES Draces (2019)
Perfil sociodemográfico de manicures atuantes na região oeste do Paraná:
aspectos da formação profissional e biossegurança Bordin et al (2019)
Biossegurança em centros de embelezamento: estrutura e processamento de
materiais Felipe et al (2019)
Reprocessamento de materiais utilizados em salões de beleza e biossegurança
dos profissionais envolvidos Bordin et al (2018)
Garbaccio e Oliveira
Biossegurança em salões de beleza: avaliação da estrutura e dispositivos (2018)
Centro de tatuajes y perforaciones corporales: norma técnica No. 25-2018 Draces (2018)
Processamento de materiais em estabelecimentos de beleza: elaboração,
validação e aplicação de um questionário Person et al (2017)
Ações de promoção e prevenção à saúde do trabalhador sob risco de exposição e
transmissão de hepatites virais Pimenta et al (2017)
Biossegurança em serviço de embelezamento: conhecimento e práticas em uma
capital do nordeste brasileiro Felipe et al (2019)
Adesão e conhecimento sobre o uso de equipamentos de proteção individual Garbaccio e Oliveira
entre manicures e pedicures (2015)
Adesão dos profissionais às normas de biossegurança aplicadas aos
procedimentos de manicure e pedicure em Juazeiro do Norte/CE Cardoso et al (2014)
O risco oculto no segmento de estética e beleza: uma avaliação do conhecimento Garbaccio e Oliveira
dos profissionais e das práticas de biossegurança nos salões de beleza (2013)

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Procedimentos de biossegurança adotados por profissionais de serviços de
embelezamento Diniz e Matté (2013)
Biossegurança e risco ocupacional entre os profissionais do segmento de beleza Garbaccio e Oliveira
e estética: revisão integrativa (2012)
Procedimentos de biossegurança adotados por profissionais prestadores de
serviços de manicure, pedicure, tatuagem, piercing e maquiagem definitiva no
município de Jacareí - SP Diniz e Matté (2013)
Hepatite B: conhecimento dos riscos e adoção de medidas de biossegurança por
manicures/pedicures de Itaúna-MG Moraes et al. (2012)
Estudo da estimativa de prevalência das hepatites B e C e da adesão às normas Oliveira e Focaccia
de biossegurança em manicures e/ou pedicures do município de São Paulo (2009)
Estudo da estimativa de prevalência das hepatites B e C e da adesão às normas Oliveira e Focaccia
de biossegurança em manicures e/ou pedicures do município de São Paulo (2009)
Otimização da estética com a microscopia operatória Teixeira et al (2008)
Fonte: elaborado pelos autores (2021)

Draces (2019) e Draces (2018) apresentam as normas técnicas para


regulação, autorização e controle dos centros de estética na Guatemala. Essas
normas abordam que os centros de estética precisam ter licença sanitária, pessoas
capacitadas e habilitadas, que sejam seguidas as formas de descarte adequado dos
resíduos utilizados. A outra norma técnica apresentada pelos autores, rege as
condições para os estabelecimentos que fazem procedimentos invasivos ou
tatuagens forneçam um ambiente seguro e um serviço de qualidade às pessoas.

Bordin et al (2019) expõe que profissionais manicures, devido a baixa


escolaridade e por não ter acesso à cursos que envolvam biossegurança, acabam
correndo riscos todos os dias.

Felipe et al (2019) e Bordin et al (2018) investigaram se as recomendações de


biossegurança como espaço físico, a limpeza, esterilização dos instrumentos
utilizados e o descarte de resíduos estavam sendo executados de forma correta
pelos centros de embelezamento e em salões de beleza. Descobriram que a maioria
dos profissionais não fizeram uso do EPI adequado e que a autoclave era o
equipamento menos utilizado na esterilização das ferramentas de trabalho, com isso
levando a transmissão de fungos e doenças infectocontagiosas.

Garbaccio e Oliveira (2018) faz referência a estrutura dos ambientes estéticos


para a prevenção de riscos relacionados ao ambiente de serviço e a higiene tanto do
local utilizado quanto dos utensílios de trabalho.

7
Person et al (2017) elaboraram um estudo avaliativo no que diz respeito ao
processamento de instrumentos utilizados por manicures, pedicures e podologia.
Visto que há inadequação na higiene dos instrumentos de trabalho dos citados
acima, sugere-se a utilização dos instrumentos pessoais durante as consultas.

Felipe et al (2019) analisaram se os profissionais dos centros de beleza


possuem conhecimento para atuar na área relacionados a segurança dele e do
cliente. Os autores destacaram os riscos que essa falta de cuidado e qualificação
pode trazer de malefícios aos envolvidos, pois estão expostos a infecções por vírus,
por fungos e bactérias.

Garbaccio e Oliveira (2015) através de um estudo sociodemográfico do


profissionais de salões de beleza, verificou a adesão ao conhecimento sobre o uso
dos EPI e por quais motivos não são utilizados por estes profissionais, o risco que as
contaminações cruzadas oferecem devido à falta de biossegurança.

Cardoso et al (2014) destaca a preocupação da sociedade com relação ao


serviço prestado pelos salões de beleza, relacionados diretamente a biossegurança
por ser um local com grande rotatividade de pessoas e o compartilhamento de
utensílios perfurocortantes. Concluiu-se que há uma taxa alta de desinformação
quanto às normas de riscos cliente/profissional.

Garbaccio e Oliveira (2013) apresentaram a incidência aos riscos de


infecções e transmissão de microorganismos ligada diretamente às características
sociodemográficas dos profissionais, também ao descarte incorreto de artigos de
uso individual e falta de higiene não realizados muitas vezes devido a falta de
informação sobre biossegurança.

Diniz e Matté (2013) examinou profissionais atuantes como manicure,


pedicure, tatuadores, piercing e maquiadores definitivos em Jacareí- SP que
indicaram não possuir conhecimentos em biossegurança tornando seus
estabelecimentos propícios à transmissão de doenças. Com isso conclui-se que é
indispensável que os profissionais busquem por uma formação de qualidade e
melhoria da vigilância com esses estabelecimentos que ofertam estes
procedimentos.

8
Os principais aspectos que devem ser analisados nas formulações de um
programa efetivo de controle de contaminação são: avaliação dos pacientes,
proteção pessoal, esterilização do instrumental, desinfecção de superfícies e
equipamentos. Neste sentido, a biossegurança requer: Treinamento, Conhecimento
Científico, Responsabilidade e um Constante Monitoramento de Atitudes por parte
de cada profissional que exerce atividades clínicas (RAMACCIATO, 2007).

Garbaccio e Oliveira (2012) realizou uma coleta de dados de revisão


bibliográfica voltadas a estética e embelezamento que devido ao desconhecimento à
biossegurança trazem danos aos expostos profissionais/clientes, pois pode ocorrer a
transmissão de microorganismos e vírus.

Moraes et al. (2012) pesquisaram o risco de contaminação pelo vírus da


hepatite B e as medidas possíveis para biossegurança de manicures e pedicures em
Itaúna-MG. Onde pôde ser observado a falha em cursos de capacitação para maior
qualificação dos profissionais da área.

Oliveira e Focaccia (2009) dissertou sobre a contaminação das hepatites B e


C em manicures e pedicures devido à cultura brasileira em fazer cutilagem. Foi
realizado uma pesquisa soroepidemiológica das hepatites B e C em profissionais de
bairros e shopping em SP , para rastrear quantas iria positivar as hepatites ou não,
avaliar o nível de informações sobre biossegurança, o tempo de serviço do
profissional envolvido e o quanto se expunha ao vírus .

Devido ao número crescente de estabelecimentos estéticos no Estado de São


Paulo, a equipe médica da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de
Estado da Saúde de São Paulo desenvolveu o manual de prevenção e controle de
infecções para auxiliar os profissionais que atuam com procedimentos estéticos.

Neste manual, a equipe apresenta um programa de prevenção e controle de


infecções com protocolos e normas básicas de segurança, higiene ambiental,
armazenagem, desinfecção, investigação e prevenção de infecção em profissionais
de saúde. (ANDRADE, et al. 2007).

Outra temática abordada é quanto ao risco para o cirurgião plástico com a


fumaça cirúrgica sem fogo. No trabalho, Karoo, et al. (2004) afirmam que a fumaça
cirúrgica é encontrada facilmente nos procedimentos estéticos como por exemplo:

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eletrocauterização ou ultra dissecção sônica do tecido com bisturi e que há um risco
real de inalação da fumaça pelo cirurgião plástico. (KAROO, et al. 2004)

Costa e Gomes (2012) destacava a preocupação dos pesquisadores quanto à


biossegurança na estética, a preocupação é gerada a partir da possibilidade de falta
de adesão e desconhecimento da adesão de profissionais sem oferecer
recomendações obrigatórias pelas agências. As precauções são essenciais na
execução de estética e demais procedimentos ligados a ela.

3 NORMAS E LEGISLAÇÕES DE BIOSSEGURANÇA NO BRASIL

Segundo a Portaria N° 2.349, de 14 de setembro de 2017, os riscos dos


agentes biológicos são distribuídos segundo a capacidade de afetar o homem, os
animais e as plantas, a saber:
● Classe de risco 1: nível de baixo risco individual e coletivamente e
inclui agentes biológicos com baixo poder de infecção ou
transmissibilidade.
● Classe de risco 2: nível moderado de risco no âmbito individual e de
risco limitado no âmbito comunitário. Neste estão incluídos os agentes
biológicos com transmissibilidade limitada e que tem medidas
conhecidas de prevenção e tratamento.
● Classe de risco 3: nível de alto risco individual e moderado em
comunidade. Agentes biológicos com transmissibilidade por via
respiratória e com capacidade de causar doenças em humanos ou
animais, existindo ou não medidas de prevenção e tratamento
conhecidas. O risco de disseminação na comunidade e meio ambiente
é iminente, tendo os vírus como agentes mais frequentes.
● Classe de risco 4: nível alto de risco individual e coletivamente. Estão
incluídos os agentes biológicos com alto poder de transmissão, tendo
destaque a transmissão por via respiratória. Causando doenças de alta
gravidade em humanos e animais, o agravamento atenuado pelas
medidas de prevenção e tratamento desconhecidas até o momento do
acontecimento compõem a classificação. Vírus são os agentes
principais nesta classe.

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Já o risco químico é classificado como, segundo a Fundação Osvaldo Cruz
(2004):

[...] perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular


produtos químicos que podem causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a
saúde. Os danos físicos relacionados à exposição química incluem, desde
irritação na pele e olhos, passando por queimaduras leves, indo até aqueles
de maior severidade, causado por incêndio ou explosão. Os danos à saúde
podem advir de exposição de curta e/ou longa duração, relacionadas ao
contato de produtos químicos tóxicos com a pele e olhos, bem como a
inalação de seus vapores, resultando em doenças respiratórias crônicas,
doenças do sistema nervoso, doenças nos rins e fígado, e até mesmo
alguns tipos de câncer.

3.1 LEGISLAÇÃO SOBRE BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA

A Lei 12.595/2012 recomenda que os profissionais da estética sigam as


normas sanitárias, realizando a esterilização de materiais e utensílios utilizados no
atendimento aos seus clientes; esta é a primeira lei federal que estabelece a
obrigatoriedade da aplicação de normas sanitárias por profissionais da área estética
– que estão recorrente e diariamente expostos aos riscos biológicos e químicos
decorrentes do exercício de sua profissão (BRASIL, 2012).

Os esteticistas (e demais profissionais de saúde) se encontram envoltos em


dilemas com constância, haja vista o ofício vir acompanhado de inúmeros riscos,
como o de contaminação por microrganismos com potencial infeccioso para doenças
crônicas e evolução com piora até mesmo ao ponto de óbito. Dentre tais quadros,
por exemplo, está a infecção crônica por HBV, que pode levar tanto a uma
debilitação progressiva até o estado de falência hepática por cirrose – incluindo o
indivíduo como candidato, a depender do estado geral, à fila de transplante para o
supracitado órgão – quanto ao óbito. Do mesmo modo, HIV tem grande relevância,
podendo imunossuprimir até o estado de SIDA e também ao óbito (RAMACCIATO,
2007 apud QUEIROZ e MEJIA, 2015).

11
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes–CIPA relata que
biossegurança iniciou-se na década de 70 com a reunião de Asilomar na Califórnia,
o principal objetivo era a discussão sobre o impacto da engenharia genética na
sociedade, mesmo assim, esta reunião tornou-se marco na história, pois pela
primeira vez dar-se ênfase aos aspectos que envolveria a proteção de
pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas de realizações de
pesquisa (GOLDIN, 1997).
Sobre a biossegurança na estética podemos afirmar que:
O interesse, cada vez maior, por procedimentos estéticos exige dos
profissionais da área grande responsabilidade e comprometimento no
trabalho, principalmente quando se diz respeito às medidas de
biossegurança. Diante disso, é de extrema importância identificar as
principais medidas de biossegurança abordadas em produções acadêmicas
na área da estética. (de Oliveira, 2014, p. 1).

Além dos supracitados riscos, existem ainda os riscos físicos e ergonômicos.


Os riscos físicos são apontados como diferentes formas de energia as quais os
profissionais são expostos, como materiais perfurocortantes, pressões anormais,
radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, temperaturas extremas, vibrações,
etc. Já os riscos ergonômicos vêm a ser definidos como qualquer fator que interfira
psicofisiologicamente no profissional, desde causar desconforto até afetar sua saúde
de um modo geral, a saber: levantamento e transporte manual de peso, monotonia,
postura inadequada de trabalho, repetitividade, responsabilidade excessiva, ritmo
excessivo de trabalho, trabalho em turnos, etc (TEIXEIRA e VALLE, 2010 apud
CARVALHO e MATOS, 2013).
Os equipamentos de proteção individual (EPI’s) são todos os dispositivos ou
produtos, de uso individual utilizados pelo profissional, com a finalidade de proteção
do contato com microrganismos provenientes de pacientes através de sangue,
fluidos orgânicos, secreções e excreções, substâncias irritantes e tóxicas, materiais
perfurocortantes e materiais submetidos a aquecimento ou congelamento. (SILVA,
2022).
De acordo com Teixeira e Valle (2010) existem algumas boas práticas e
também normas básicas de biossegurança, que visam eliminar ou minimizar os
acidentes e agravos à saúde. Seguem algumas das principais:
● Cabelos presos e unhas cortadas;
12
● Lavar as mãos antes e depois dos procedimentos;
● Utilizar calçados fechados a fim de evitar acidentes com materiais biológicos
e perfurocortantes;
● Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) como gorros, máscaras,
luvas e jalecos;
● Não beber, comer, fumar ou maquiar;
● Não fazer higiene bucal ou barbear;
● Não roer as unhas;
● Possuir protocolos de cuidado e proceder em relação a formação de
aerossóis;
● Não atender telefones ou abrir portas durante o uso de luvas de
procedimento;
● Limpar, desinfetar ou esterilizar aparelhos, utensílios e bancadas de trabalho
no início e final de expediente.

Segundo Silva (2022 p.10) “O profissional de estética tem contato diário com
pessoas, substâncias químicas, matérias infláveis e aparelhos elétricos. Portanto
faz-se necessário o cuidado para com a seguridade coletiva dos profissionais e dos
pacientes que podem frequentar o ambiente da clínica estética, o qual se dá pelo
cumprimento das normas relacionadas aos equipamentos requeridos.”
Os aparelhos e produtos para a estética e saúde, devem ser projetados e
fabricados de modo que os clientes ou os profissionais estejam protegidos de riscos
mecânicos provenientes de, por exemplo, resistência, estabilidade ou peças móveis.
(SILVA, 2022, p.26).

4. PRÁTICA DA BIOSSEGURANÇA NOS EMPREENDIMENTOS ESTÉTICOS NO


BRASIL
De acordo com o Sebrae/DF (2021) a estética atinge público unissex com
maioria concentrado no público femino entre 18 e 60 anos e está cada vez mais
nítido o cresimento da área no Brasil e no mundo.

Segundo Tognoc apud Leão (2019) com a modernidade do passar dos anos e
aumento na procura de procedimentos estéticos, a diversidade em materiais
necessários para tais procedimentos também aumentou, além de serem (2De
13
acordo com Tognoc (2015), devido aos novos padrões de consumo da sociedade,
nota-se o aumento da diversidade de produtos com componentes e materiais de
difícil degradação e maior toxicidade. O descarte inadequado desses produtos tem
produzido passivos ambientais capazes de colocar em risco e comprometer os
recursos naturais e a qualidade de vida. Dessa forma, os resíduos de serviços de
saúde se inserem dentro desta problemática e sua gestão adequada vêm adquirindo
grande importância nos últimos anos.
É notório, como relatado na maioria dos artigos,que há uma carência quanto à
prática de segurança profissional/paciente e profissional/local de trabalho. Apesar do
decreto 23915/04 que dispôs certas normas a serem seguidas , porém muitos
centros de embelezamento não possuem o conhecimento ou não buscam pelo
mesmo, trabalhando de forma inadequada e acarretando prejuízos à saúde dos
profissionais e clientes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A biossegurança está bem representada no âmbito de pesquisa acadêmica,
ainda que sejam poucas as fontes de busca, estão bem elaboradas e de fácil
compreensão.
Com embasamento nos artigos citados , percebe-se a carência nos centros
de embelezamento quanto a prática da biossegurança no ambiente utilizado, este
trabalho expõe a importância das normas de segurança serem executadas no
ambiente estético, para que minimize acidentes e doenças no local de trabalho. Com
isso, oferecer um ambiente seguro para o profissional e o paciente/cliente.
A biossegurança deve ser uma educação continuada, onde deve-se oferecer
cursos ou atualizações para que seja desenvolvido hábitos saudáveis aos
envolvidos.
Entende-se esta área como um conjunto para prevenir , controlar e reduzir
riscos ou eliminar os riscos inerentes às atividades que possam comprometer a
saúde humana , portanto, quanto maior o conhecimento adquirido pelos profissionais
habilitados à estética, maior será a conscientização quanto a necessidade do
trabalho seguro.

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REFERÊNCIAS

BAHIA. Secretaria de Saúde. Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde.


Diretoria de Vigilância e controle Sanitário. BRASIL. Universidade Federal da Bahia,
Instituto de Ciências da Saúde. Manual de Biossegurança. Salvador 2011

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abr. 2021.

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de Oliveira, T. C., Santos, M. D. S. B., Silva, J. A. O., da Silva Brasil, R. A., Medeiros,
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em centros de embelezamento: estrutura e processamento de materiais. 2019.
Disponível em:
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Comparativa das Pesquisas 2014, 2016 e 2018. Disponível em:
<http://www2.cirurgiaplastica.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Apresentac%CC%A
7a%CC%83o-Censo-2018_V3.pdf> Acesso em: 17 abr. 2021.

16
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QUEIROZ, MLS; MEJIA, Dayana. Biossegurança nas clínicas de estética e


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