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 RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL X CHINA

Os números fechados de 2021 apontam recorde histórico nas relações


comerciais entre Brasil e China: a corrente comercial sino-brasileira, que é a soma
dos negócios de importação e exportação, chegou a recorde de US$ 135 bilhões no
ano, maior valor da história.

As empresas brasileiras venderam US$ 87,9 bilhões em produtos para a


China, um incremento de 29% na comparação com 2020. E compraram US$ 47,6
bilhões, 37% a mais que no ano anterior.

Segundo os dados do Ministério da Economia, as trocas comerciais entre


os dois países tiveram salto de mais de 130% desde 2016, mantendo, com folga, a
China no posto de maior parceiro comercial do Brasil.

No caso específico das exportações, porém, a cifra recorde não significa


necessariamente um aumento nos volumes transacionados. De acordo com o diretor
de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Tulio
Cariello, dentre os dez produtos mais exportados pelo Brasil para a China, apenas
um cresceu em termos de volume em 2021: a carne suína.

"Em outros produtos houve queda. Açúcares, teve 10% a menos de


exportação para a China, o próprio minério de ferro caiu 2%, petróleo bruto caiu
22%, a carne bovina caiu 17%. Apesar dessa queda no volume [exportado], só três
[dos principais produtos de exportação] caíram em termos de valor. Ou seja, houve
crescimento em termos de valor recebido, dos retornos financeiros, por conta do
aumento dos preços internacionais de algumas commodities", resume.

Neste cenário, cabe destacar que as vendas do Brasil à China são


concentradas em poucos produtos, e de baixo valor agregado. Este lado da balança
tem peso muito grande da indústria de transformação com origem no agronegócio e
a indústria extrativista.

Pelo lado das importações, o quadro foi de maior volume de aquisições e


não apenas nos preços – aqui, quase 100% do que compramos da China são
manufaturados. Dentro os produtos que se destacaram neste campo estão adubos e
fertilizantes químicos, com volume 200% maior e alta de 400% no valor importado.
Produtos imunológicos e vacinas também são destaque, com crescimento de 311%
em valores apesar de uma queda de 11% em termos de volume importado.

Apesar do cenário de quedas nos volumes negociados, resultado da


tentativa chinesa de diversificar seus fornecedores, o diretor de conteúdo e pesquisa
do Conselho Empresarial Brasil-China não percebe chance de uma mudança
estrutural no comércio exterior brasileiro no médio ou até longo prazo.

Independentemente de parecer ter parte desse mercado garantido, o


representante do CEBC aponta para a necessidade de o Brasil também buscar
novos compradores para evitar uma relação de dependência dos negócios com a
China.

Confira a seguir a série histórica da balança comercial entre Brasil e


China, com exportação de produtos brasileiros, importação de produtos chineses,
corrente comercial (soma de exportações e importações) e saldo da balança
(exportações menos importações). Valores em bilhões de dólares:

ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO CORRENTE SALDO

2012 41,2 34,2 75,5 7,0

2013 46,0 37,3 83,3 8,7

2014 40,6 37,3 78,0 3,3

2015 35,2 30,7 65,9 4,4

2016 35,1 23,3 58,5 11,8

2017 47,5 27,6 75,0 19,9

2018 63,9 35,2 99,1 28,8

2019 63,4 36,0 99,4 27,3

2020 67,8 34,8 102,6 33,0

2021 87,8 47,7 135,4 40,1

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