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ADVOGADA
...
(O palco está às escuras até que entra o Claudeci. Há uma luz focada no personagem
que o segue palco adentro.)
NEUZA – Oxe! Eu crápula? Pra co-me-çar ele não tá aqui pra ouvir sua história não,
deixe de ser besta viu. Sente lá vá que eu que vou contar a história que tu não sabe
nem perceber a verdade de alguém, imagina a mentira.
(o cenário muda e Jeanne aparece em cena em frente a casa de sua vizinha, Neuza
encabulada com um jornal em mãos, a Neuza já está em cena.)
NEUZA – (vendo a Jeanne chegar) Por que é que tu tá toda estranha aí?
NEUZA – Muito engraçado… e num é que tua mãe vivia falando de um parente teu que
sumiu faz tempo.
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JEANNE – É mesmo!!
JEANNE – É mesmo!
NEUZA – E menina... num é o nome do teu pai que morreu faz ooooito anos?
NEUZA – Deixa eu ver aqui! (Lê a manchete) Procuro meu pai, nome dele é Tonho, ou
Antonio José da Silva... Nasci mais ou menos em 1990 na cidade de Arapiraca e me
perdi quando tinha dez anos e acabei parando São Paulo... e tem um número...
hummm (com ar malicioso)
(A luz do lado do palco onde está Neuza apaga, do outro lado do palco entra o Claudeci
que está com um punhado de papel embaixo do braço até que seu telefone toca e ele
quase derruba os papéis).
CLAUDECI – (atendendo o telefone) Alô, eu não to fazendo corrida hoje não. Ligue pra
outro táxi. (Ele desliga o telefone, mas de novo, volta a tocar quando vai ajeitar os
papéis) Ô meu fi! Você nasceu de 6 mês foi pra ser agoniado assim? Eu não to fazendo
corrida hoje...
NEUZA – (interrompendo) Eu não quero corrida seu Claudeci, é que eu vi sua manchete
e sei o paradeiro da sua família.
CLAUDECI – Me diga logo aonde você tá que vou ai agora. Faço questão de conversar
pessoalmente com você.
2
NEUZA – Calma! Calma! São Paulo é muito longe, você vem na próxima semana e eu
levo você até sua família.
CLAUDECI – Minha nossa senhora! É muito tempo! Quero logo realizar esse sonho
meu. Mas tudo bem, eu espero. Semana que vem vou tá aí nem que seja indo no
lombo do jumento.
NEUZA – Tá certo. E pode deixar que eu mando foto até da família toda.
CLAUDECI – Parece até que leu meus pensamentos. Já to ansioso pra esse
acontecimento.
NEUZA – Tenho certeza que vai ser digno de novela viu. Vou me embora agora tchau!
Que tenho uma tuia de coisa pra fazer.
CLAUDECI – Pois vá lá! (ele desliga o telefone, a luz do lado da Neuza apaga
novamente) Eu to todo me tremendo, olha só. Vou encontrar meu pai e ainda o resto
da minha família. Vou contar pra minha mulher, pros meus filhinhos... Ah, eles sempre
quiseram ver o Avô deles. Dessa vez eu largo tudo aqui e volto pro nordeste.
(Claudeci sai saltitando de alegria A Luz diminui a ponto de deixar só uma silhueta das
personagens. Na cena em questão é representada a “contra-migração” do Claudeci de
volta para o nordeste. Está em cena ele, a mulher, um filho de colo e outro filho que
segue de mãos dadas com o pai.)
JEANNE – Bom dia! Acordada essa hora? Achei que tu dormia até meio dia.
NEUZA – Durmo mesmo, afinal moro sozinha... mas, deixe de coisa hoje é um dia
especial.
JEANNE – Por...?
NEUZA – Não precisam se preocupar que eu liguei pro parente de vocês e agendei
tudo. Ele vem hoje a tarde conhecer todos vocês.
NEUZA – Acalma o coração, vai dar tudo certo. Vocês vão encontrá-lo e eu vou ficar
conhecida como aquela que uniu uma família. (histérica) Meus quinze minutos de
fama vão chegar. Prepare tudo pra esse acontecimento do ano comadre, hoje vai ser
um dia histórico.
3
CLAUDECI – (para a advogada) Aquela tarde eu finalmente encontrei a minha família,
foi uma alegria só. Parecia uma festa, criança brincando com criança, todo mundo tava
animado com a minha chegada. Ou quase todo mundo, a única que não parecia feliz
era minha mãe. Imagina só, mais de vinte anos sem ver a minha mãe e ela nem tchum.
ADVOGADA – Pronto! Resolvi o caso. Esse foi o caso mais fácil que eu resolvi.
FIM