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PORTUGUÊS: CLASSES
GRAMATICAIS, NARRAÇÃO E CRÔNICA
Os verdadeiros analfabetos são os
Módulos que aprenderam a ler e não leem.
(Mário Quintana)
49 – Advérbio (II)
Palavras-chave:
• Circunstância
Advérbio (II)
49 • Adjunto
adverbial
Exemplos: Exemplos:
• Ela canta bem. (verbo) sem jeito, sem temor, em silêncio, às pressas, por
• Ela canta muito bem. (advérbio) prazer, com jeito, sem dúvida, de graça, com carinho
• Ela é muito bonita. (adjetivo) etc.
• Realmente ela chegou. (oração)
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Exercícios Resolvidos
SONETO DE FIDELIDADE
Que não seja imortal, posto que é chama a) vagarosamente. b) ocasionalmente. c) rapidamente.
Mas que seja infinito enquanto dure. d) continuamente. e) moderadamente.
Resolução
(MORAES, Vinícius de. Antologia poética. A expressão sem parar significa “ininterruptamente”,
São Paulo: Cia das Letras, 1992) continuamente”.
Resposta: D
A palavra mesmo pode assumir diferentes signifi- (INSPER) – Sabe-se que, na fala e na escrita, a escolha de
cados, de acordo com a sua função na frase. palavras ou expressões inapropriadas, além de afetar o sentido do
Assinale a alternativa em que o sentido de mesmo enunciado, pode depreciar a imagem do enunciador que comete a
equivale ao que se verifica no 3.° verso da 1.a estrofe do poema de gafe. Foi o que aconteceu com o presidente Lula num dos encontros
Vinicius de Moraes. do G-20, ao comentar sobre a crise global: “Esta certamente talvez
a) “Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mesmas ruas...” seja uma das maiores crises que já enfrentamos”.
(Augusto dos Anjos)
b) “Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, Uma correção adequada para a frase é:
que é modesta, com a exterior, que é ruidosa.” (Machado de Assis) a) Certamente esta talvez seja a maior crise que já enfrentamos.
c) “Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não b) Esta certamente seja uma das maiores crises já enfrentadas pelo
surtiu efeito, mesmo em doses variáveis.” (Raimundo Faoro) país.
d) “Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo c) Talvez esta é uma das maiores crises a qual enfrentamos.
padre?” (Machado de Assis) d) Esta talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos.
e) “Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo.” (Aurélio) e) Uma das maiores crises de que enfrentamos é esta: com certeza.
Resolução Resolução
No verso de Vinícius de Moraes — “que mesmo em face do maior Os advérbios empregados na fala do presidente são, respectivamente,
encanto” —, mesmo, empregado em função adverbial, tem o sentido, de afirmação e dúvida que, obviamente, não poderiam ser emprega-
de “até, ainda”, tal como na frase apresentada na alternativa C. dos simultaneamente.
Resposta: C Resposta : D
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Exercícios Propostos
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(FUVEST) – “... e ocasionalmente se olhem...” A
expressão que pode substituir o termo destacado, sem alterar
o sentido do texto, é:
a) a cada instante. b) por vezes.
c) sob alguma condição. d) com frequência.
e) de certo modo.
RESOLUÇÃO:
O advérbio ocasionalmente significa “de vez em quando”, “por
vezes”, “que acontece por acaso”, “eventualmente”. Resposta: B
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Certas palavras, apesar de apresentarem forma Com base no quadro ao lado, grife e classifique as palavras
denotativas das seguintes frases:
semelhante a advérbios, não se relacionam com
a) “De repente nasci, isto é, senti necessidade de escrever.”
nenhuma outra palavra da frase. São usadas para (Carlos Drummond de Andrade)
indicar que se está querendo realçar uma ideia, incluir RESOLUÇÃO:
ou excluir uma informação, introduzir uma isto é: palavra denotativa de explicação.
b) continuação: bem, mas, ora, e, pois etc. c) “De noite, saiu uma lua rodoleira, que alumiava até passeio
de pulga no chão.” (Guimarães Rosa)
Exemplos: Bem, vou explicar. Ora, quem vai acreditar RESOLUÇÃO:
em mim? E como vai sua mãe? até: palavra denotativa de inclusão.
grau diminutivo,
palavra modificadora do verbo, de tempo; de lugar; de intensidade;
com valor intensivo,
ADVÉRBIO do adjetivo, de outro advérbio de modo; de afirmação; de negação;
ou de toda uma oração de dúvida; de interrogação na linguagem
coloquial
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Palavras-chave:
Personagens e fala interior • Protagonista • Antagonista
50 • Tipo • Fluxo de consciência
“Um escritor deve ser tão malvado ou tão bondoso Julieta, Robinson Crusoé e outros.
como a mais maldita de suas personagens e também Se não tivesse outro valor, O Primo Basílio, de Eça
como a mais valorizada. Sem alcançar o bem ou o mal de Queirós, já estaria consagrado por uma personagem
na altura de suas personagens, tampouco pode escrever de suas páginas.
sobre elas.”
Alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço
(George Bernard Shaw – dramaturgo irlandês) entalado num colarinho direto. O rosto aguçado no
queixo ia-se alargando até a calva, vasta e polida, um
A palavra “personagem” origina-se do grego pouco amolgada no alto; tingia os cabelos que duma
persona (máscara). Embora se costume empregá-la no orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca — e
feminino, os dois gêneros são aceitos. aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à
calva. Mas não tingia o bigode: tinha-o grisalho, farto,
Qualquer que seja a narrativa (conto, crônica,
caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava
romance, história em quadrinhos etc.), a personagem é
as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as
o elemento articulador das ações.
orelhas grandes muito despegadas do crânio. Sempre
A personagem é uma pessoa como nós ou um ser
que dizia — El Rei — erguia-se um pouco na cadeira. Os
personificado (um animal que fala e tem reações
seus gestos eram medidos, mesmo ao tomar rapé.
humanas, como nas fábulas e nos desenhos de Disney;
Nunca usava palavras triviais: não dizia vomitar, fazia um
ou ainda um objeto qualquer ao qual damos vida). Entes
gesto indicativo e empregava restituir. Dizia sempre “o
personificados são menos comuns porque exigem
nosso Garrett”, “o nosso Herculano”. Citava muito...
maior trabalho de criação, porém, não podemos ignorar,
Quando se referia a Lisboa sempre dizia: “Cidade de
nesse caso, os exemplares esforços de Monteiro
mármore e de granito, na frase sublime do nosso grande
Lobato, principalmente, na elaboração de Emília e do
historiador”.
Visconde de Sabugosa.
Trata-se do Conselheiro Acácio, que se transformou
Personagens humanas parecem ser as preferidas
no símbolo da imbecilidade solene e minuciosa; é a pre-
dos narradores. Humanas ou humanizadas, as persona-
sunção grave e bem-vestida de qualquer sociedade ou
gens aparecem ora como “cópias da realidade”, ora
época. Seu comportamento afetado originou palavras
como “realidades fabricadas”. Sendo uma coisa ou
que você encontra em qualquer dicionário, como nos
outra, o que importa é que as personagens são as
verbetes abaixo extraídos do Dicionário Contemporâneo
autoras da ação e em torno delas é que se cria uma
da Língua Portuguesa, de Caldas Aulete:
história.
Acácio: s.m. indivíduo sentencioso, enfatuado e
As personagens podem ser principais ou secun-
ridículo, com a mania de frases gravibundas.
dárias. As primeiras, protagonistas ou antagonistas,
Acacianismo: s.m. feição sentenciosa e ridícula que
agem na linha de frente da história e tramam os acon-
lembra as do conhecido personagem de Eça de Queirós.
tecimentos fortes do enredo; as secundárias são as
demais personagens envolvidas no relato. Protagonistas Atente para o significado dado pelo Novo Dicionário
e antagonistas são adversários: se um está do lado do da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda:
“bem”, o outro está do lado do “mal” ou vice-versa. Acaciano: ridiculamente sentencioso pelo tom
O tipo não sofre transformações íntimas e apre- convencional e vazio de sentido e/ou pela aparatosa
senta uma ou algumas características exageradas. Por gravidade das maneiras, lembrando o Conselheiro Acá-
exemplo: Macunaíma, Jeca Tatu, D. Quixote, Romeu, cio, personagem eciano do romance O Primo Basílio.
amolgada: achatada. rapé: tabaco em pó para cheirar. eciano: relativo a Eça de Queirós.
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Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
Coloque Verdadeiro (V) ou Falso (F) para o que se segue. d) A personagem é caricatural quando uma característica ou
um traço do comportamento é dilatado ao extremo, provo-
a) Os seres que participam do desenrolar dos acontecimentos, cando uma distorção propositada a serviço da sátira ou do
isto é, aqueles que vivem o enredo, são as personagens cômico, como, por exemplo, o Jeca Tatu, de Monteiro
(em português, a palavra personagem tanto pode ser mas- Lobato. ( V )
culina como feminina). ( V )
e) É interessante observar como os bons escritores preocu-
b) A personagem principal de uma narrativa é chamada de pam-se com a relação personagem/nome próprio, como em
protagonista, e, dependendo do escritor e do estilo de Vidas Secas, de Graciliano Ramos: Vitória é o nome de uma
época, pode ser apresentada de maneira mais idealizada mulher, retirante nordestina, que alimenta pequenos
(como os heróis românticos) ou mais próxima do real. (V ) sonhos, sempre derrotada; Baleia é o nome de uma
cachorra que morre em consequência da seca, em pleno
c) Há personagens que não representam individualidades, e sertão nordestino. ( V )
sim tipos humanos, identificados primeiramente pela profis-
são, pelo comportamento, pela classe social etc. É o caso,
por exemplo, da maioria das personagens de Memórias de
um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida,
em que temos o Barbeiro, a Parteira, os Meirinhos, o Major,
os Ciganos etc. ( V )
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A DIVA
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TEXTO II
INVEJOSO
[...]
Invejoso
Querer o que é dos outros é o seu gozo
E fica remoendo até o osso
Mas sua fruta só lhe dá o caroço
Invejoso
O bem alheio é o seu desgosto
Queria um palácio suntuoso
Mas acabou no fundo desse poço...
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Palavras-chave:
Preposição (I)
53 • Essenciais • Acidentais
Essenciais: guardam, na sua essência, a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
o valor de preposição. perante, por, sem, sob, sobre, trás.
Acidentais: acidentalmente, funcionam como como, conforme, consoante, durante, exceto, feito,
preposição. mediante, segundo, tirante etc.
Locuções prepositivas: geralmente formadas de abaixo de, acima de, atrás de, através de, antes de, depois
advérbio + preposição. de, a par de, de acordo com, em face de, por causa de,
devido a, para com, a fim de, por trás de etc.
Combinação e contração
As preposições a, de, per (por) e em podem unir-se • Contração: com alteração fônica.
com outras palavras. Daí teremos: Exemplos:
• Combinação: sem alteração fônica. à (a + a), àquele (a + aquele), do (de + o), donde (de + onde),
Exemplos: ao (a + o), aonde (a + onde) no (em + o), naquele (em + aquele), pelo (per + o).
Exercícios Resolvidos
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Exercícios Propostos
Abaixo você encontrará algumas frases em que o em- (ESPM) – Leia as frases.
prego da preposição exemplifica o uso coloquial da língua e I. A secretária falou do gerente.
outras frases em que o emprego da preposição corresponde II. A secretária falou pelo gerente.
ao padrão culto. Assinale com um X as frases que correspon- III. A secretária falou para o gerente.
dem ao uso coloquial. IV. A secretária falou junto com o gerente.
a) A perda dos documentos implicou em grandes prejuízos. ( )
b) O supermercado faz entrega em domicílio. ( ) As preposições destacadas traduzem, respectivamente, ideia de
c) Ela implica demais com o irmão. ( ) a) companhia, direção, substituição, simultaneidade.
d) Palmeiras joga com o Santos. ( ) b) assunto, direção, substituição, companhia.
RESOLUÇÃO: a, d. c) assunto, substituição, destino, simultaneidade.
d) assunto, substituição, companhia, direção.
Passe para a norma culta as frases assinaladas no e) modo, causa, direção, companhia.
exercício anterior. Resposta: C
RESOLUÇÃO:
a) A perda dos documentos implicou grandes prejuízos.
d) Palmeiras joga contra o Santos.
Observe, nos exercícios e , como as preposições esta- a) Por que Eddie Sortudo deduziu que Hagar não poderia
belecem relações entre as palavras e encerram ideia de causa, ter um “cão de guarda”? Justifique.
lugar, finalidade, companhia, direção etc. RESOLUÇÃO:
Para Eddie Sortudo, a preposição de em “cão de guarda” indica
Indique o valor assumido pelas preposições nas frases posse, ou seja, trata-se de um cão que pertence a um guarda.
abaixo:
I. Morava em uma casa de pedra.
II. Chegou de carro. b) “Cão de guarda” significa o que entendeu Eddie Sortudo?
III. O governador chegou de Brasília. RESOLUÇÃO:
IV. Falava de política. Não, “cão de guarda” significa o cão que guarda, protege a casa
e seus moradores.
V. Morreu de pneumonia.
a) matéria, condução, estado, assunto e doença.
b) matéria, meio, lugar, assunto e causa.
c) matéria, locomoção, turismo, assunto e causa. c) Construa outras frases em que a preposição de indica
d) matéria, meio, estado, despreocupação e doença. posse.
e) matéria, transporte, lugar, descontração e causa. RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: Alguns exemplos: O carro de João enguiçou. Você devolveu o
As preposições são consideradas elementos de ligação ao lado livro da Maria? A casa de Pedro é perto daqui.
das conjunções, advérbios, palavras e locuções denotativas.
Dessa forma, elas também apresentam significado dado pelo
contexto. Resposta: B
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3. Biografia 4. Anedota
A biografia é a história de vida de uma pessoa. A A Anedota (piada, pilhéria, chiste) é um gênero
palavra provém de um termo grego composto: bios textual humorístico, jocoso ou picante, que tem o intuito
(“vida”) e graphein (“escrever”). Este vocábulo também de levar ao riso. São textos populares que vão sendo
pode ser usado em sentido simbólico/figurado. Por contados em ambientes informais, e que normalmente
exemplo: “A biografia da presidente reflete que nunca não possuem um autor.
esteve numa situação semelhante”. Nesse caso, a Trata-se de um texto narrativo simples em que
noção de biografia faz referência à história de vida em geralmente há presença de enredo, personagens,
geral. tempo, espaço.
Nos casos mais usuais, porém, uma biografia é uma (https://www.todamateria.com.br/genero-textual-
narração escrita que resume os principais fatos na vida anedota/adaptado)
de uma pessoa. Também se dá o nome de biografia ao
gênero literário em que se inserem/enquadram estas
narrações.
5. Lenda
Enquanto gênero literário, a biografia é narrativa e
A Lenda é uma narrativa de caráter ficcional com um
expositiva. É redigida na terceira pessoa, à exceção das
fundo histórico que é transfigurado pela imaginação
autobiografias (onde o protagonista é o próprio a narrar
popular e transmitida oralmente pelos povos do mundo
as ações). Embora possa incluir apreciações subjetivas
inteiro. O conto popular é uma narrativa de pequena
do autor e dados sobre o contexto em que decorre a vida
extensão, com um número reduzido de personagens,
do protagonista, a base da biografia são os dados exatos
sem qualquer fundo histórico, e cuja ação se situa num
e precisos, nomeadamente datas, nomes e locais.
espaço indeterminado e num tempo passado indefinido.
(https://conceito.de/biografia)
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Exercícios Resolvidos
Resposta: C
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Exercícios Propostos
Há algum tempo, venho estudando as piadas, com Hoje topei com alguns conhecidos meus
ênfase em sua constituição linguística. Por isso, embora a Me dão bom-dia, cheios de carinho
afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as Eles têm pena de eu viver sozinho
piadas fornecem simultaneamente um dos melhores [...]
retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um Hoje o inimigo veio me espreitar
lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para Armou tocaia lá na curva do rio
quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por Trouxe um porrete a mó de me quebrar
outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais Mas eu não quebro porque sou macio, viu
uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá
HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro:
excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras diferenças, Biscoito Fino, 2013 (fragmento).
instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo
isso está sempre presente nas piadas que circulam Uma característica do gênero diário que
anonimamente e que são ouvidas e contadas por todo aparece na letra da canção de Chico Buarque
mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não é o(a)
prestaram a devida atenção a esse material, que poderia a) diálogo com interlocutores próximos.
substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas b) recorrência de verbos no infinitivo.
participantes. Saberemos mais a quantas andam o c) predominância de tom poético.
machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma d) uso de rimas na composição.
coleção de piadas do que qualquer outro corpus. e) narrativa autorreflexiva.
RESOLUÇÃO:
POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado). O eu lírico relata fatos, emoções e circunstâncias pessoais. Nota-se,
portanto, nessa canção, o estilo recorrente no diário. Resposta: E
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— Cedinho.
Texto para a questão .
COELHO, M ln: FREIRE, M. (Org).
Os cem menores contos brasileiros da século. Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de
São Paulo: Ateliê Editorial. 2004. me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel, perto
de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João Luso,
Os sinais de pontuação são elementos com que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a
importantes funções para a progressão saber que antes de existir no lugar um sanatório, lá estivera
temática. Nesse miniconto, as reticências por algum tempo Antõnio Nobre. “Ao cair das folhas”, um
foram utilizadas para indicar de seus mais belos sonetos, talvez o meu predileto, está
a) uma fala hesitante. datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até
b) uma informação implícita. outubro de 1914.
c) uma situação incoerente. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
d) a eliminação de uma ideia.
e) a interrupção de uma ação.
RESOLUÇÃO:
As reticências foram empregadas com o intuito de suspender uma No relato de memórias do autor, entre os
informação que ficou implícita: o policial se equivocou e matou recursos usados para organizar a sequência
um inocente. dos eventos narrados, destaca-se a
Resposta: B
a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade
ao texto.
Texto para a questão . b) presença de advérbios de lugar para indicar a progressão
dos fatos.
Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os
num raio. Então apareceram os bichos que comiam os acontecimentos.
homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações
o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como pessoais.
não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor.
números racionais e a História, organizando os eventos sem RESOLUÇÃO:
sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Trata-se de biografia.
Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém Há no texto várias locuções adverbiais de tempo e lugar, porém a
sequência dos eventos narrados é marcada pelo emprego do
apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as pretérito perfeito, que indica ações pontuais no passado
cascas das feridas que alcança. (“embarquei”, “escolhi”, “fiquei”) e o pretérito mais-que-perfeito
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. (“falara”, “estivera”), que indica ações anteriores ao perfeito.
Resposta: C
In: MORICONI, Í. (Org.). O cem melhores contos do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
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— Sô Augusto, pra onde vai essa estrada? O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo
O senhor Augusto: delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora.
— Eu moro aqui há 30 anos, ela nunca foi pra parte Ao entrar a autoridade e percebendo que o cabôco admirava
nenhuma, não. tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?”
— Sô Augusto, eu estou dizendo se a gente for andando E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao
aonde a gente vai? cabôco da roça: “Mas pelo amor de Deus, hein, dotô! Que
O senhor Augusto: muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do deus-me-
— Vai sair até nas Oropas, se o mar der vau. livre, mais horriver que briga de cego no escuro.”
Ao que o delegado não teve como deixar de confessar,
Vocabulário um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em
Vau: Lugar do rio ou outra porção de água onde esta é pouco funda cima da bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é uma
e, por isso, pode ser transposta a pé ou a cavalo. feiura caprichada.”
inventadas, estruturadas com a finalidade de Por suas características formais, por sua
provocar o riso. O recurso expressivo que função e uso, o texto pertence ao gênero.
configura esse texto como uma anedota é o(a) a) anedota, pelo enredo e humor característicos.
a) uso repetitivo da negação. b) crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano.
b) grafia do termo “Oropas”. c) depoimento, pela apresentação de experiências pessoais.
c) ambiguidade do verbo “ir”. d) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
d) ironia das duas perguntas. e) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.
e) emprego de palavras coloquiais. RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: As características que definem o gênero anedota são a narrativa
Há ambiguidade na passagem “para onde vai essa estrada”. “Vai” breve e a presença de humor, ambas encontradas no texto que faz
pode significar “transferida para algum lugar” ou “o final da parte do Almanaque Brasil de Cultura Popular.
rodovia”, sentido que se aplica para o emissor da pergunta. Resposta: A
Resposta: C
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Palavras-chave:
Preposição (II) e interjeição • Relação de sentido
56 • Estado emotivo
Exercícios Resolvidos
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Exercícios Propostos
Os dois textos referem-se a um lugar imaginário, criado por No texto de Millôr Fernandes, o que representa
Manuel Bandeira e retomado, com nova visão, por Millôr “Pasárgada”?
Fernandes. RESOLUÇÃO:
Como se chama o processo em que um texto dialoga com Representa o espaço do sofrimento, da decepção, por isso é
outro? necessário partir.
RESOLUÇÃO: Chama-se intertextualidade.
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O valor semântico de até coincide com o do texto em: A crônica muitas vezes constitui um espaço
a) Me disseram que na casa dele até cachorro sabe padre-nosso. para reflexão sobre aspectos da sociedade
b) Bebeu uma bagaceira, saiu para a rua, sob a chuva intensa, em que vivemos.
andou até a segunda esquina, atravessou a avenida...
c) Até então, ele não inquietava os investidores, uma vez que Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu
era utilizado para financiar investimentos. braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo
d) Não sei se poderei esperar até a próxima semana. dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo
e) Foi até a sala e retornou. dinheiro. Não estava. Queria saber a hora.
RESOLUÇÃO: Até, no texto, indica inclusão. Equivale a também,
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não
inclusive. O mesmo valor ocorre em “... na casa dele até cachorro
sabe padre-nosso.” Em b e e, até indica limite no espaço e em c e era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino
d, indica limite no tempo. Resposta: A De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e
camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o
dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é
aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com
força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.
(...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem
meninos Na rua. E toda vez que um menino está Na rua é
porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos
aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante
muitos anos também são postos onde quer que estejam.
Resta ver quem os põe na rua. E por quê.
(COLASSANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia.
Rio de Janeiro, Rocco,1999.)
Os termos só e para repetem-se em cinco dos quadrinhos. Emprega-se há (verbo haver ) para indicar tempo passado
a) Com que finalidade o termo só foi utilizado? Qual a relação e quando significa existir ; a preposição a, para tempo futuro.
semântica expressa por esse elemento? Com base nessa explicação, complete com há ou a.
RESOLUÇÃO:
A repetição do elemento só promove o humor, porque ironiza a Há
a) __________ dez anos, nasceu minha irmã caçula.
relação amorosa, depreciando os parceiros da personagem Radical
Chic. Só, neste caso, expressa relação semântica de exclusão ou a
b) Daqui __________ chácara, são dois quilômetros.
restrição.
A
c) __________ há
nosso ver, __________ alguns problemas que
complicam essa discussão.
a
d) Todos responderam que não tinham nada __________ ver
com o caso do desvio de verbas.
a
e) Pelo que ele propiciou __________ todos, tem realmente
b) A que ideia nos remete a preposição para?
a
direito __________ há
receber a homenagem que __________ dias
RESOLUÇÃO:
A preposição para exprime ideia de finalidade. está sendo preparada.
a
f) Uma __________ uma, todas as alunas prestarão contas à
há
diretora, daquilo que fizeram __________ pouco.
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(UNESP) – “Duas semanas depois que ela chegou é que a) modo e lugar. b) comparação e assunto.
a encontrei na praia solitária; eu viajava a pé, ela veio c) consequência e meio. d) causa e assunto.
galopando a cavalo” e) meio e finalidade.
Os termos sublinhados constituem, respectivamente, Resposta: D
(UNISA) – No trecho – ela enriqueceu com a publicação de a) a ... por ... em ... ao b) a... de... para... do
sete best-sellers sobre comportamento, decoração e beleza –, c) com... a ... com ... sobre d) em... por... para... do
as preposições com e sobre formam expressões cujas e) em... de... para... ao
relações estabelecidas remetem, respectivamente, aos Resposta: E
sentidos de
Associe as colunas, apontando a frase que poderia substituir a palavra sublinhada para indicar o sentimento, a emoção súbita
do emissor.
I. ( c ) Ai! Parece que meu corpo todo lateja. a) “Acudam-me!”
II. ( e ) Psiu! Todos dormem. b) “O que você está me dizendo?”
III. ( a ) Socorro! Há um estranho me seguindo. c) “Tenho dor!”
IV. ( b ) Hem! Você teve coragem de fazer isto? d) “É admirável!”
V. ( d ) Puxa! Tudo isto foi realizado por um só homem! e) “Fique em silêncio!”
VI. ( g ) Ó Deus! Por que me abandonastes? f) “Que bom!”
VII. ( f ) Oh! Era isso mesmo o que eu queria! g) “Ouvi-me!”
VIII.( h ) Oh! Imagino o seu desgosto! h) “Que tristeza!”
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Palavras-chave:
Ambiguidade • Duplo sentido
57 • Anfibologia
Segundo Massaud Moisés, ambiguidade ou anfibologia designa “os equívocos de sentido, provenientes de
construção defeituosa da frase ou do uso de termos impróprios”. Ambiguidade, portanto, é defeito da frase que
apresenta duplo sentido. Nos textos publicitários, jogos de palavras envolvendo o duplo sentido caracterizam-se pela
criatividade. Observe alguns exemplos: No dia dos pais, dê notícias ao seu pai (assinatura de jornal). A partir de agora,
os solitários nunca mais vão ficar sozinhos (propaganda de anéis e brinco solitários). Dessa escola, todo mundo sai
falando bem (escola de idiomas). Peça ao seu professor para passar (propaganda de perfume).
Cuidado
Exercícios Resolvidos
110 PORTUGUÊS
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Exercícios Propostos
(CÁSPER LÍBERO)
I. Comprei uma calça para meu irmão com uma perna curta.
II. O livro, entreguei-o a quem o havia esquecido.
III. Milton Nascimento perdeu um amigo de vinte anos.
IV. Ela procurou a vizinha para emprestar uma blusa.
Podemos afirmar que há ambiguidade na(s) frase(s)
a) I, II e IV. b) I e III. c) II. d) I, III e IV e) III.
RESOLUÇÃO:
Na frase II, trata-se de pleonasmo (o livro, o). Resposta: D
PORTUGUÊS 111
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PERIGO
ÁRVORE AMEAÇA CAIR EM PRAÇA DO JARDIM
INDEPENDÊNCIA
112 PORTUGUÊS
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RESOLUÇÃO:
Aposto que você não pode chutar a minha cabeça.
PORTUGUÊS 113
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TEXTO II
114 PORTUGUÊS
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Palavras-chave:
Conjunção (I) • Adição • Alternância
58 • Oposição
Um texto em prosa bem redigido apresenta, necessariamente, articulação precisa entre palavras, orações, períodos
e parágrafos. Para obtê-la, é necessário promover o encadeamento semântico (de significados) e o encadeamento
sintático (mecanismos que ligam uma palavra a outra e uma oração a outra) que garantam a clareza do enunciado.
Os elementos que promovem essa articulação são as preposições, os pronomes demonstrativos e relativos, as
conjunções e as locuções conjuntivas e adverbiais. Esses articuladores são chamados elementos de ligação ou de
coesão e são eles que proporcionam as relações necessárias à integração harmoniosa de orações e parágrafos em
torno de um mesmo assunto (eixo temático).
Com base em levantamento elaborado por Othon Moacyr Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna, eis alguns
dos principais elementos de coesão, agrupados pelo sentido.
Adição: além disso, ademais, também, senão (= também não), e, nem, e as construções paralelísticas não só... mas também,
não apenas (só).... como também, não apenas (só).... bem como e tanto... quanto (como).
Oposição (contraste): e (= mas), pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, porém, contudo, todavia,
entretanto, no entanto, não obstante.
Concessão (ressalva): embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, por mais que, por menos que, se bem que.
Alternância: ou... ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, já...já, nem...nem.
Explicação: porque, que (=porque), pois (antes do verbo), porquanto.
Causa: porque, porquanto, pois, que, já que, uma vez que, visto que, como (= porque).
Conclusão: logo, portanto, por conseguinte, por isso, de modo que, então, pois (depois do verbo).
Exercícios Resolvidos
PORTUGUÊS 115
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Exercícios Propostos
a) Que relação se estabelece entre as orações do primeiro g) “Como o frio era grande, aproximou-se das labaredas.”
balão? (Graciliano Ramos)
RESOLUÇÃO: causa
RESOLUÇÃO:
A relação entre as orações é de adição.
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PORTUGUÊS 117
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Palavras-chave:
Crônica • Gênero textual
59 • Flagrante do cotidiano
O cotidiano é feito, em sua maior parte, de banalidades, ferir, pensar, entender melhor o que se passa dentro e fora
mesquinharias e irritações, esteja você em Paris ou em da gente. Daí por diante a leitura ficará sendo um hábito, e
Barbacena. Observá-las, chamar atenção para elas por meio esse hábito leva a novas descobertas. Uma curtição.
de linguagem escrita, transformando-as em breves mo- As crônicas serão apenas um começo. Há um infinito de
mentos poéticos, é tarefa que requer distanciamento, coisas deliciosas que só a leitura oferece, e que você irá en-
capacidade de abstração, certa maturidade vivencial — contrando sozinho, pela vida afora, na leitura dos bons livros.
trabalho de cronista, enfim, que resulta, como definem os
teóricos, entre o conto e a poesia. (Bernardo Ajzenberg) (Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1977. v.1, pp.4-5.)
A palavra crônica significa originalmente “narração Antônio Cândido, crítico literário, assim define esse
histórica, ou registro de acontecimentos organizados em gênero sempre presente em jornais e revistas: “Por
ordem cronológica”. Em épocas passadas, designava meio dos assuntos, ela se ajusta à sensibilidade de todo
qualquer documento de caráter histórico. Nesse sentido, dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que
era cronista todo estudioso de História, hoje chamado fala de perto ao nosso modo de ser mais natural”.
historiador. Além dos já citados, foram ou são cronistas notáveis:
Atualmente, o termo é reservado para nomear um Machado de Assis, Manuel Bandeira, Cecília Meireles,
gênero narrativo ou reflexivo breve, periódico, episó- Clarice Lispector, Vinicius de Moraes, Luis Fernando
dico e comunicativo, tendo merecido grande atenção Verissimo, Carlos Eduardo Novaes, Sérgio Porto (Stanislaw
por parte do público e da crítica. Ponte Preta), João Ubaldo Ribeiro, Carlos Heitor Cony.
Os personagens são definidos apenas quanto ao
momento da ação, pouco ou nada sendo dito sobre Tipos de crônica
eles além do que possa interessar ao flagrante. Pode-
As crônicas podem ser didaticamente classificadas em
mos dizer que a crônica corresponde a um flagrante
narrativas, descritivas, narrativo-descritivas, líricas, meta-
do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusi-
linguísticas, reflexivas e críticas. Apesar dessa classifica-
tados, a uma abordagem humorística, a uma reflexão
existencial, a uma passagem lírica ou a um comentário ção, as crônicas são geralmente híbridas (mescla de mo-
de interesse social. A linguagem é coloquial e, geral- dalidades), não prescindindo da reflexão e do comentário.
mente, irreverente. As crônicas podem ser dos seguintes tipos:
Existem, na literatura brasileira atual, autores que 1 – Crônica descritiva
fazem da crônica um grande meio de expressão
literária. Os quatro mais conhecidos e consagrados Predomina a caracterização de seres animados e
pela crítica são Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo inanimados no espaço — caracterização que pode ser
Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. viva como uma pintura, precisa como uma fotografia ou
Exatamente esses quatro cronistas foram escolhi- dinâmica como um filme:
dos para figurar no primeiro volume da coleção Para
gostar de ler. Na abertura do livro esses cronistas, ... o mato, a água, as pedras, o ar. Aquilo está havendo
conjuntamente, recepcionam o leitor com as seguin- naquele momento, como o movimento de um grande animal
tes palavras: bruto e branco morrendo, cheio de uma espantosa vida
Experimente abrir este livro em qualquer página onde desencadeada, numa agonia monstruosa, eterna, choran-
começa uma crônica. Crônica é um escrito de jornal que do, chamando. E até onde a vista alcança, num semicírculo
procura contar ou comentar histórias da vida de hoje. imenso, há montes de água estron dando neste
Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até cantochão, árvores tremendo, ilhas dependuradas, in-
com você mesmo, com pessoas de sua família ou com sanas, se toucando de arco-íris, nuvens voando para cima,
seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outra coisa é como o espírito das águas trucidadas remontando para o
escrever aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a sol, fugindo à torrente estreita e funda onde todas essas
narração do fato, como ele ganha um interesse especial, cachoeiras juntam absurdamente suas águas esmagadas
produzido pela escolha e arrumação das palavras. E aí ferventes, num atropelo de espumas entre dois muros
começa a alegria da leitura, que vai longe. Ela nos faz con- altíssimos de rocha. (Rubem Braga)
Flagrante: momento. Pitorescos: originais. Inusitados: incomuns. Coloquial: típica da linguagem cotidiana, falada, oral. Cantochão: canto litúrgico
essencialmente monódico; canto liso, canto gregoriano. Trucidadas: mortas barbaramente, com crueldade. Remontando: erguendo-se, elevando-se.
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Robalo: tipo de peixe, de até 1,20m de comprimento. Improviso: sem preparação prévia, repentino, improvisado. Trilar: trinar, apitar.
Dissipando: fazendo desaparecer. Extasiados: absortos, enlevados. Hilárias: brasileirismo, corruptela coloquial de hilariantes, “divertidas,
que provocam riso”.
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Exercícios Resolvidos
120 PORTUGUÊS
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Exercícios Propostos
Há um meio certo de começar a crônica por uma Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que
trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz- os leiteiros deixavam as garrafinhas de leite do lado de fora
se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um das casas, seja ao pé da porta, seja na janela.
touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala- A gente ia de uniforme azul e branco para o grupo, de
se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas manhãzinha, passava pelas casas e não ocorria que alguém
conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre pudesse roubar aquilo.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que
amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est
os padeiros deixavam o pão na soleira da porta ou na janela
rompue; está começada a crônica.
que dava para a rua. A gente passava e via aquilo como uma
Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que
coisa normal.
as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras,
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que
antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes
você saía à noite para namorar e voltava andando pelas ruas
mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é
da cidade, caminhando displicentemente, sentindo cheiro de
provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do
jasmim e de alecrim, sem olhar para trás, sem temer as
contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas
sombras.
razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não
Você pode não acreditar: houve um tempo em que as
havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que,
pessoas se visitavam airosamente. Chegavam no meio da
ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que
tarde ou à noite, contavam casos, tomavam café, falavam da
esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão
saúde, tricotavam sobre a vida alheia e voltavam de bonde às
nas circunstâncias do primeiro homem. suas casas.
ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas brasileiras.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que
Rio de Janeiro: Objetiva, 2007 (fragmento).
o namorado primeiro ficava andando com a moça numa rua
perto da casa dela, depois passava a namorar no portão,
Um dos traços fundamentais da vasta obra depois tinha ingresso na sala da família. Era sinal de que já
literária de Machado de Assis reside na estava praticamente noivo e seguro.
preocupação com a expressão e com a Houve um tempo em que havia tempo.
técnica de composição. Em O nascimento da crônica, Houve um tempo.
Machado permite ao leitor entrever um escritor ciente das SANTANNA, A. R. Estado de Minas,
características da crônica, como 5 maio 2013 (fragmento).
a) texto breve, diálogo com o leitor e registro pessoal de
fatos do cotidiano. Nessa crônica, a repetição do trecho “Você
b) síntese de um assunto, linguagem denotativa, exposição pode não acreditar: mas houve um tempo
sucinta. em que...” configura-se como uma
c) linguagem literária, narrativa curta e conflitos internos. estratégia argumentativa que visa
d) texto ficcional curto, linguagem subjetiva e criação de a) surpreender o leitor com a descrição do que as pessoas
tensões. faziam durante o seu tempo livre antigamente.
e) priorização da informação, linguagem impessoal e resumo b) sensibilizar o leitor sobre o modo como as pessoas se
de um fato. relacionavam entre si num tempo mais aprazível.
Resposta: A c) advertir o leitor mais jovem sobre o mau uso que se faz do
tempo nos dias atuais.
d) incentivar o leitor a organizar melhor o seu tempo sem
deixar de ser nostálgico.
e) convencer o leitor sobre a veracidade de fatos relativos à
vida no passado.
RESOLUÇÃO:
A anáfora “você pode não acreditar; mas houve um tempo” diz
respeito a um tempo anterior, diferente do atual, em que as
relações eram agradáveis e de confiança mútua. Resposta: B
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Você planeja passar um longo tempo em outro país, Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta.
trabalhando e estudando, mas o universo está preparando a Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um
chegada de um amor daqueles de tirar o chão, um amor que fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um
fará você jogar fora seu atlas e criar raízes no quintal como telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e
se fosse uma figueira. numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não
Você treina para a maratona mais desafiadora de todas, vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o
mas não chegará com as duas pernas intactas na hora da disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia
largada, e a primeira perplexidade será esta: a experiência da entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As
frustração. baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia
O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha
nunca prometeu nada, você é que escuta vozes. Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas
No dia em que você pensa que não tem nada a dizer elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em
para o analista, faz a revelação mais bombástica dos seus branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a
dois anos de terapia. O resultado de um exame de rotina primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara
coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você não imaginava mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.
que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias.
Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado).
que justo sua grande paixão não iria. Quando achou que
estava bela, não arrasou corações. Quando saiu sem
maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção.
E assim seguem os dias à prova de planejamento e Nessa crônica, o efeito de humor é
contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos basicamente construído por uma
ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a melhor a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos
cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel hábitos do personagem.
de última hora, tornando surpreendente a nossa vida. b) ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca
MEDEIROS. M. O Globo. 21 jun. 2015. o núcleo verbal.
c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular
dos períodos.
Entre as estratégias argumentativas utilizadas d) sequenciação narrativa na qual se articulam eventos
para sustentar a tese apresentada nesse absurdos.
fragmento, destaca-se a recorrência de e) seleção lexical na qual predominam informações
a) estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a redundantes.
velocidade das mudanças da vida. RESOLUÇÃO:
b) marcas de interlocução, para aproximar o leitor das A crônica narrativa apresenta um enredo criativo e original, em
experiências vividas pela autora. que o humor se faz presente nas ações descabidas do
personagem e das baratas.
c) formas verbais no presente, para exprimir reais Resposta: D
possibilidades de concretização das ações.
d) construções de oposição, para enfatizar que as
expectativas são afetadas pelo inesperado.
e) sequências descritivas, para promover a identificação do
leitor com as situações apresentadas.
RESOLUÇÃO:
A estratégia argumentativa usada na construção dessa crônica
reflexiva é a da contraposição entre a expectativa da realização do
desejo e a sua não concretização.
Resposta: D
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Palavras-chave:
Conjunção (II) • Tempo • Conformidade
62 • Condição
Ainda com base no levantamento feito por Othon Moacyr Garcia, constam abaixo mais alguns elementos de
coesão, agrupados pelo sentido.
Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo que, logo depois,
logo após, imediatamente, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida,
afinal, por fim, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, às vezes, eventualmente, por
vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse
meio tempo, quando, enquanto, antes que, depois que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que,
cada vez que, apenas, já, mal.
Condição (hipótese): se, caso, salvo se, contanto que, desde que, a menos que.
Comparação: tal qual, como, assim como, bem como, como se, quanto (mais) do que, (menos) do que, (tanto)
quanto, de maneira idêntica, que nem, feito.
Conformidade: conforme, de conformidade com, de acordo com, segundo, consoante, sob o mesmo ponto de vista.
Finalidade (propósito, intenção): com o fim de, a fim de, com o propósito de, para, para que, a fim de que, que
(= para que), porque (= para que).
Consequência: tão... que, tanto...que, tal... que, tamanho... que.
Proporção: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.
Exercícios Resolvidos
PORTUGUÊS 125
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c) pessoas simplesmente não sabem mais jovens (linhas 19, 20 e 21); o estilo de vida Resolução
ouvir com atenção (linhas 10 e 11); dificulta atual (linhas 21 e 22). No texto, as duas afirmações da alternativa c
o processamento e o armazenamento das e) basta observar os programas de TV (linhas aparecem em sequência, no mesmo período,
informações (linhas 11, 12 e 13). 22 e 23); A maioria tenta mostrar tudo ao em clara relação de causa e efeito.
d) o problema atinge pessoas cada vez mais mesmo tempo (linhas 24 e 25). Resposta: C
Exercícios Propostos
Identifique o sentido que os elementos de coesão destaca-
(PUCCAMP) – Se não tiverem organizado os documen-
dos adquirem no contexto em que estão inseridos. tos, o coordenador irá solicitar ajuda de outro departamento, se
a) “Tudo vale a pena bem que não o tenham atendido em outra ocasião.
Se a alma não é pequena.” As orações destacadas acima expressam, respectivamente, as
(Fernando Pessoa) seguintes circunstâncias:
RESOLUÇÃO: condição a) conformidade e finalidade.
b) consequência e tempo.
c) finalidade e concessão.
b) “Quando você foi embora, d) condição e concessão.
Fez-se noite em meu viver.” e) condição e consequência.
(Milton Nascimento) RESOLUÇÃO:
“Se não tiverem” (caso não tenham) exprime uma condição; “Se
RESOLUÇÃO: tempo
bem que” (embora) exprime ideia de concessão.
Resposta: D
c) “Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não (ITE) – “Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga
podia dispensá-lo.” (Machado de Assis) impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor
RESOLUÇÃO: conformidade das águas.” (José de Alencar, Iracema)
e) “Foi tão rápida a saída que Jandira achou graça.” (Ciro dos (UEL) – “Como alguns moradores do vilarejo contam,
Anjos) muitos forasteiros perderam suas vidas tentando encontrar
RESOLUÇÃO: pedras preciosas.”
consequência (que) — (a oração que apresenta tão é a causa.)
Em que alternativa a palavra como expressa a mesma relação
de sentido que apresenta acima?
a) O grande pacificador morreu como herói.
f) “À medida que envelheço, vou me desfazendo dos b) Como era um garoto muito peralta, acabou espatifando-se
adjetivos.” (Carlos Drummond de Andrade) no chão.
RESOLUÇÃO: proporção c) Félix e o advogado encontraram-se ao amanhecer como
haviam combinado ontem.
d) Como o céu estivesse recoberto de nuvens escuras, não
fomos à praia.
g) “Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem estica- e) O garoto voltou para a cidade como quem vai para a prisão.
das.” (Machado de Assis) RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: finalidade Como equivale a conforme no enunciado e na alternativa c. Em a
e e, indica comparação e, em b e d, causa.
Resposta: C
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Resposta: B
alunos. (mal; nem bem; logo que)
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Palavras-chave:
Análise de crônica narrativa • Variedades linguísticas populares
63 • Linguagem coloquial
Exercícios Resolvidos
São Paulo vai se recensear. O governo quer As questões de números
a referem-se d) a opinião do autor.
saber quantas pessoas governa. A indagação ao texto seguinte. e) Central Geral de Maracutaia.
atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, Resolução O autor se refere à entidade fictícia
mulheres e algodoeiros serão reduzidos a Na minha opinião, existe no Brasil, em per- que ele imagina como geradora e controladora
números e invertidos em estatísticas. manente funcionamento, não fechando nem da corrupção nacional.
O homem do censo entrará pelos bangalôs, para o almoço, uma Central Geral de Mara- Resposta: E
pelas pensões, pelas casas de barro e de cimen-
to armado, pelo sobradinho e pelo apartamento,
cutaia. Não é possível que não exista. E, com
toda a certeza, é uma das organizações mais
(UFSCar) – O trecho — “... a CGM é
pelo cortiço e pelo hotel, perguntando: onipresente, não deixa passar nada, nem
perfeitas já constituídas, uma contribuição
— Quantos são aqui? discrimina ninguém.” — pode ser reescrito,
inestimável do nosso país ao patrimônio da raça
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá: sem alteração de sentido, como:
humana. Nada de novo é implantado sem que
— Aqui havia mulheres e criancinhas. a) a CGM é sempre presente, não deixa
surja no mesmo instante, às vezes sem
Agora, felizmente, só há pulgas e ratos. passar nada, nem inocenta ninguém.
intervalo visível, imediatamente mesmo, um
E outro: b) a CGM é ubíqua, não deixa passar nada,
esquema bem montado para fraudar o que lá
— Amigo, tenho aqui esta mulher, este nem absolve ninguém.
seja que tenha sido criado. [...] Exemplo mais
papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome c) a CGM é virtual, não deixa passar nada,
recente ocorreu em São Paulo, mas podia ser
nota de seus nomes, se quiser. Querendo nem exclui ninguém.
em qualquer outra cidade do país, porque a
levar todos, é favor… (…) d) a CGM é quase presente, não deixa passar
CGM é onipresente, não deixa passar nada,
E outro: nada, nem distingue ninguém.
nem discrimina ninguém. Segundo me contam
— Dois, cidadão, somos dois. Natural- e) a CGM está presente em todo lugar, não
aqui, a prefeitura de São Paulo agora fornece
mente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, deixa passar nada, nem segrega ninguém.
caixão e enterro gratuitos para os doadores de
está! A sua saudade jamais sairá de meu Resolução Onipresente significa “presente
órgãos, certamente os mais pobres. Basta que
quarto e de meu peito! em todo lugar”. Discriminar é “separar,
a família do morto prove que ele doou pelo
(BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. 3. distinguir, isolar”, o mesmo que segregar.
menos um órgão, para receber o benefício. Mas
São Paulo: Ática, 1998. p. 32-3 (fragmento).) Resposta: E
claro, é isso mesmo, você adivinhou, ser
brasileiro é meramente uma questão de prática.
(UFSCar) – Assinale a alternativa em que a
O fragmento acima, em que Surgiram indivíduos ou organizações que, me-
substituição das palavras destacadas mantém o
há referência a um fato diante uma módica contraprestação pecuniária,
mesmo sentido original do trecho: “Exemplo
sócio-histórico — o recen- fornecem documentação falsa, “provando” que
mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia
seamento —, apresenta característica mar- o defunto doou órgãos, para que o caixão e o
ser em qualquer outra cidade do país, porque a
cante do gênero crônica ao enterro sejam pagos com dinheiro público.
CGM é onipresente...”
a) expressar o tema de forma abstrata, evo- (João Ubaldo Ribeiro,
a) Exemplo mais recente ocorreu em São
cando imagens e buscando apresentar a O Estado de S.Paulo, 18/09/2005.)
Paulo, no entanto podia ser em qualquer
ideia de uma coisa por meio de outra. outra cidade do país, uma vez que a CGM
b) manter-se fiel aos acontecimentos, retra-
(UFSCar) – A frase de João Ubaldo — “E, é onipresente.
tando os personagens em um só tempo e com toda a certeza, é uma das organizações b) Exemplo mais recente ocorreu em São
um só espaço. mais perfeitas já constituídas, uma Paulo, pois podia ser em qualquer outra
c) contar história centrada na solução de um contribuição inestimável do nosso país ao cidade do país, já que a CGM é onipresente.
enigma, construindo os personagens psico- patrimônio da raça humana” — reveste-se de c) Exemplo mais recente ocorreu em São
logicamente e revelando-os pouco a pouco. um aspecto Paulo, podia, pois, ser em qualquer outra
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cida- a) discriminatório. b) gentil. c) medíocre. cidade do país, visto que a CGM é
de, visando transmitir ensinamentos práti- d) irônico. e) ufanista. onipresente.
cos do cotidiano para manter as pessoas Resolução d) Exemplo mais recente ocorreu em São
informadas. A ironia consiste em afirmar o contrário daquilo Paulo, apesar disso podia ser em qualquer
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto que se quer dizer: a frase exclamativa e con- outra cidade do país, assim que a CGM é
de partida para a construção de texto que gratulatória de João Ubaldo Ribeiro refere-se, onipresente.
recebe tratamento estético. na verdade, não a um como feito louvável, e) Exemplo mais recente ocorreu em São
Resolução mas a um vício execrável. Paulo, já que podia ser em qualquer outra
Já a designação do gênero – crônica – sugere Resposta: D cidade do país, à medida que a CGM é
a temática ligada ao cotidiano. No caso do
texto transcrito, trata-se de uma medida gover- (UFSCar) – No trecho — “... uma contri-
onipresente.
Resolução As conjunções mas e porque
namental, o recenseamento. O autor dá “trata- buição inestimável do nosso país ao estabelecem, no período transcrito, relações,
mento estético” a esse tema ao representar patrimônio da raça humana.” —, contribuição respectivamente, de oposição e explicação/
situações existenciais fictícias, de conteúdo tem como referência causa. As mesmas relações são mantidas com
emocional variado, com que se confrontariam a) o Brasil, em geral. o emprego das conjunções “no entanto” e
os recenseadores. b) fechamento para o almoço. “uma vez que”.
Resposta: E c) a Prefeitura de São Paulo. Resposta: A
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Exercícios Propostos
A crônica pode ser narrativa, ou seja, semelhante a um (UNESP) – Muito próxima do texto oral, a crônica é um
pequeno conto. No entanto, difere deste não apenas quanto à gênero que aproveita alguns recursos típicos da fala, como a
extensão, mas também quanto à linguagem. A crônica busca a repetição, para estabelecer a coesão textual. No primeiro
intimidade e o humor, numa linguagem cotidiana que encontra parágrafo, por exemplo, a palavra “velhinha” repete-se duas
receptividade em todos os leitores. Os cronistas criaram uma vezes; “lambreta”, três vezes. Pensando ainda nos modos de
diversidade de estilos, compondo crônicas narrativas em que as relacionar as palavras na frase, especifique outra forma de
sutilezas humorísticas alternam-se com a crítica irreverente ou manter a coesão, empregada também no primeiro parágrafo do
com o lirismo enternecedor. texto. Em seguida, explique a diferença de função entre o
As questões de números a tomam por base o texto A termo “aí”, ocorrente no terceiro parágrafo, e o mesmo
vocábulo, no sexto parágrafo.
velha contrabandista, de Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo
do escritor brasileiro Sérgio Porto (1923-1968). RESOLUÇÃO:
No primeiro parágrafo, o emprego de pronomes é outra forma de
A VELHA CONTRABANDISTA estabelecer a coesão textual. Ao contrário do recurso apontado na
questão, os pronomes evitam repetições: que, pronome relativo,
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta.
substitui: “velhinha”; ela, pronome pessoal, também; tudo,
Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, pronome indefinido, substitui “o pessoal da Alfândega”.
com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da No terceiro parágrafo, o advérbio aí está empregado em sentido
Alfândega — tudo malandro velho — começou a desconfiar próprio, indicando lugar (próximo à segunda pessoa); no sexto
da velhinha. parágrafo, o mesmo advérbio indica tempo (“neste momento”).
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás,
o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e
então o fiscal perguntou assim pra ela:
— Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia,
com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e
mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
— É areia!
Aí quem riu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma
(UNESP) – O texto explora bastante um estilo coloquial,
e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o informal, marcado por um uso deliberado de gíria e expressões
saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e lá só tinha distensas (tudo malandro velho, muamba, manjo, pra burro, diz
areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em que era, pra ela, chateou ). Entretanto, em certas passagens, o
frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de enunciador emprega um vocabulário mais formal, imprevisível e
areia atrás. em contraste com as características gerais do texto. Admitindo
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha essas premissas, identifique um substantivo, usado no texto, que
passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro representa essa quebra de expectativa, em virtude de seu cará-
daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na ter mais formal e tenso. Além disso, comente por que o tempo
lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. pretérito mais-que-perfeito do verbo “adquirir” também reflete
Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu um emprego inusitado, quando considerado o todo textual.
que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante
um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as RESOLUÇÃO:
vezes, o que ela levava no saco era areia. O substantivo de caráter formal é “odontólogo”, usado no lugar
de “dentista”, mais corrente e informal.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
O emprego do pretérito mais-que-perfeito justifica-se por indicar
— Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 ação anterior aos outros dois tempos passados utilizados no
anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. mesmo período: “sorriu”, pretérito perfeito e “restavam”,
Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. pretérito imperfeito. A forma corrente e informal desse tempo,
— Mas no saco só tem areia! — insistiu a velhinha. E já porém, não é a sintética, que o autor empregou, mas a composta
com o auxiliar ter: “tinha adquirido”.
ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
[O professor deve aproveitar esta questão para dar as desinências
— Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. verbais dos pretéritos do modo indicativo.]
Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém,
mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a
senhora está passando por aqui todos os dias?
— O senhor promete que não “espáia”? — quis saber a
velhinha.
— Juro –— respondeu o fiscal.
— É lambreta.
(Primo Altamirando e Elas)
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(UNESP) – Entre outras características, a assimilação da (UNESP) – Ainda que o discurso direto ocupe boa parte de
“contribuição milionária de todos os erros” aplica-se já ao A velha contrabandista, o discurso indireto também pode ser
ideário renovador do Modernismo, no início do século passado. encontrado, algumas vezes. Examinando com cuidado o texto,
Tendo em vista que o texto de Stanislaw Ponte Preta se transcreva um segmento em que se utiliza, na mesma oração,
constrói com apoio em variedades linguísticas populares, o discurso indireto mesclado com o direto – o chamado
aponte uma palavra, usada no texto, que pode significar o discurso indireto livre. Explicite, ainda, o efeito de sentido que
aproveitamento dos “erros” percebidos na fala popular. Na essa mistura provoca, nessa passagem.
sequência, comente o caráter inesperado do uso desse “erro”,
examinando o contexto em que ele está inserido. RESOLUÇÃO:
O trecho que apresenta discurso indireto misturado com direto é
“ela respondeu que era areia, uai!”. A interjeição “uai” rompe a
RESOLUÇÃO:
fronteira do discurso indireto, introduzindo uma citação do
A palavra em questão é “espáia”, que o autor teve o cuidado de
discurso original que só caberia na forma do discurso direto ou do
colocar entre aspas, por se tratar de forma própria de um dialeto
indireto livre. Além disso, ela quebra a expectativa formal do
estranho ao empregado no texto. A linguagem do texto é
leitor, produzindo também um efeito de humor, pela mudança de
coloquial urbana; “espáia” (assim como o “uai!” anteriormente
dialeto comentada na resposta anterior.
atribuído à velhinha) é forma do dialeto caipira, corrente no
interior de São Paulo e de Minas Gerais.
RESOLUÇÃO:
A maternidade, nos termos eufemísticos do examinador, “não atinge a sua plenitude” porque a mãe, embora tenha dado a criança à luz,
é forçada a desistir dela, aceitando a imposição do marido de trocá-la pela casa.
Resposta: A
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(UNIFESP) – O casal age de modo contrário aos senti- (UNIFESP) – Eu faço tudo que você quiser, eu dou um
mentos comuns de justiça e dignidade. No contexto da jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas, por favor,
narrativa, tais comportamentos explicam-se me deixe ser mãe.
a) pela falta de amor que há entre a mulher e o companheiro, Mantida a mesma forma de tratamento e supondo que a frase
fazendo com que tudo que os rodeia se torne um negócio fosse proferida pelo homem, ela assumiria a seguinte forma:
vantajoso. a) Faças tudo que eu quero, dês um jeito de arranjar trabalho,
b) pelo amor exagerado que a mulher sente e pela confusão sustentas o nenê, que eu te deixo ser mãe.
de sentimentos que o companheiro vive na descoberta b) Faz tudo que eu quero, dê um jeito de arranjar trabalho,
desse amor. sustenta o nenê, que eu lhe deixo ser mãe.
c) pelo ódio exagerado que a mulher sente do companheiro e c) Faz tudo que eu quero, dá um jeito de arranjar trabalho,
pela forma displicente e pouco amável como ele a vê. sustenta o nenê, que eu deixo você ser mãe.
d) pela submissão exagerada da mulher ao companheiro e pela d) Faça tudo que eu quero, dá um jeito de arranjar trabalho,
forma mesquinha e interesseira como ele resolve as coisas. sustente o nenê, que eu lhe deixo ser mãe.
e) pela forma irresponsável com que a mulher age em relação e) Faça tudo que eu quero, dê um jeito de arranjar trabalho,
ao companheiro, o que o faz tomar atitudes impensadas. sustente o nenê, que eu a deixo ser mãe.
RESOLUÇÃO: RESOLUÇÃO:
Os princípios de justiça e dignidade são aviltados na relação Se a frase dita pela esposa fosse proferida pelo marido, seria
marido e mulher, porque ele, com suas atitudes despóticas, reduz necessário empregar os três primeiros verbos no imperativo,
o ser humano a moeda de troca (filhos/casas) e a mulher a mera mantendo a terceira pessoa do singular: faça, dê e sustente.
reprodutora. Ela se submete à sandice autoritária do marido, num Resposta: E
servilismo que a rebaixa a uma condição degradante.
Resposta: D
(UNIFESP ) – Ele não disse nada, mas ficou pensando. (UNIFESP) – No texto, há muitas retomadas pronominais,
Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom começo. basicamente expressas pelos pronomes ele e ela. Isso não
gera ambiguidade principalmente porque
As duas frases finais do texto deixam evidente que ter mais a) se alternam os pronomes com sinônimos.
filhos b) as referências dos pronomes são muito restritas.
a) é uma possibilidade pouco atraente para o casal que, por c) as formas verbais estão todas no mesmo tempo.
hora, já conquistou algo à custa de sofrimento. d) todos os pronomes poderiam ser omitidos.
b) será para o casal uma forma de alcançar a felicidade, já que e) as frases curtas limitam a interpretação.
a mulher e seu companheiro poderão ter a casa cheia de
crianças. RESOLUÇÃO:
c) pode tornar-se lucrativo na ótica do companheiro, embora a O emprego quase exclusivo dos pronomes ele e ela não provoca
mulher ainda veja isso com olhos sonhadores. ambiguidade, porque o enredo da crônica gira em torno de
d) se torna uma forma de compensar o episódio pouco feliz da apenas duas personagens e o contexto esclarece que se trata de
marido e mulher.
doação do primeiro filho do casal. Resposta: B
e) não alteraria em nada a vida do casal, já que não haveria
como fazer os dois esquecerem a criança doada.
RESOLUÇÃO:
A perspectiva do companheiro é a do lucro, porque ele já planejou
a troca de futuros bebês por outras casas; ela, porém, acreditava
ingenuamente que desempenharia seu papel de mãe.
Resposta: C
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Palavras-chave:
Conjunção (III) • Concessão • Comparação
65 • Consequência
Exercícios Resolvidos
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Exercícios Propostos
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(FUVEST) – As orações do período abaixo são coorde- Os elementos de ligação em negrito (e, porém, que,
nadas entre si: porque, quando) estabelecem, respectivamente, relação de
“Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam a) adição, condição, oposição, causa, lugar.
cansados e famintos.” b) consequência, oposição, consequência, causa, tempo.
Empregando a conjunção adequada, reescreva o período, c) condição, esclarecimento, conclusão, adição, tempo.
estabelecendo entre essas orações: d) tempo, lugar, consequência, consequência, tempo.
a) uma relação de causa; e) oposição, oposição, esclarecimento, conclusão, causa,
RESOLUÇÃO: tempo.
Os infelizes estavam cansados e famintos, porque (uma vez que, Resposta: B
já que) tinham caminhado o dia inteiro.
Uma feita a Sol cobria os três manos duma escaminha a) entretanto: oposição
de suor e Macunaíma lembrou de tomar banho. Porém, no
rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de
quando em quando na luta pra pegar um naco de irmã espe- b) depois: tempo
daçada, pulavam aos cachos pra fora d’água metro e mais.
Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio
uma cova cheia d’água. E a cova era que-nem a marca dum c) segundo: conformidade
pé de gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por
causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho.
Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era d) e: adição
marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava
pregando o evangelho de Jesus prá indiada brasileira.
Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de
olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém
não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta
dos Tapanhumas.
(Mário de Andrade, Macunaíma)
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CONSEQUÊNCIA:
RESOLUÇÃO:
Os atos de violência se tornaram tão frequentes no Brasil que a
sociedade brasileira se mobilizará para exigir providências para
diminuí-los.
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Exercícios Resolvidos
QUINO, J. L. Mafalda. Tradução de Monica S. M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
(Folha de S. Paulo)
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Exercícios Propostos
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(UNICID-2020) – A leitura da tira permite concluir que
a) as discordâncias entre mães e filhos podem surgir de
neuroses relacionadas aos conflitos estéticos,
normalmente irrelevantes para as crianças.
b) as neuroses maternas visam estreitar vínculos entre mães
e filhos, tratando de questões que são do interesse de
todos.
c) as ideias correntes de que determinados produtos
engordam, como o chocolate, são inverdades que
perturbam a infância.
d) as crianças exageram na ingestão daquilo que gostam,
ocasião em que as mães, com sabedoria, orientam a
mudança de hábitos.
e) as mães frequentemente agem com ponderação,
(Maitena. Disponível em: <www.maitena.com.br>. sobretudo quando estão preocupadas com o bem-estar
Acesso em: 17 set. 2015.). emocional dos filhos.
Resposta: A
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Considere o seguinte cartum para responder às questões de (FUVEST-transferência – 2020) – No cartum de Quino,
a . a) a primeira cena retrata a convivência real entre a natureza
e o homem em tempos pré-históricos.
b) os quadros menores desconsideram a diferença entre as
escalas de tempo geológica e humana.
c) a comparação entre o dinossauro e o automóvel revela a
dominação da natureza pelo homem.
d) a mudança de roupagem demonstra a superação do fim
trágico do homem pré-histórico.
e) o contraste entre os quadros maiores resulta numa
apologia da revolução industrial.
RESOLUÇÃO:
Não há equivalência de tempo entre a formação do petróleo e o
desenvolvimento da civilização humana.
Resposta: B
Quino, Bien, gracias. Y usted? Buenos Aires: Leia a charge de Laerte para responder a questão .
Ediciones de la flor, 2006, p. 15.
GARÇON!
FORMIGAS PRA MIM
NA MINHA TAMBÉM!
SOPA!
(FUVEST-transferência – 2020) – A respeito do cartum, é
correto afirmar que ele
a) representa o sentido evolutivo da História, por meio da
contraposição entre os dois quadros maiores.
b) simboliza o aspecto visionário da Humanidade em sua
(Folha de S.Paulo, 02.06.2016. Adaptado.)
evolução por meio do homem com óculos.
c) revela o instinto de sobrevivência do homem por utilizar
(FAMECA) – O efeito de humor da charge implica
recursos naturais como combustível.
reconhecer que o tamanduá entende a fala do homem da
d) apresenta duas linhas históricas, à esquerda e à direita,
seguinte forma:
com os mesmos pontos de partida e de chegada.
a) Garçon! Você colocou formigas na minha sopa!
e) estrutura-se de forma labiríntica, sugerindo múltiplas
b) Garçon! Menos formigas na minha sopa!
direções de leitura, sem alterar o seu significado.
c) Garçon! Dispenso formigas na minha sopa!
RESOLUÇÃO:
No primeiro tempo da narrativa, um dinossauro ataca um ser d) Garçon! Há formigas na minha sopa!
humano. Os quadrinhos menores demonstram a passagem do e) Garçon! Quero formigas na minha sopa!
tempo, o corpo do dinossauro se tornando petróleo, enquanto os RESOLUÇÃO:
humanos avançam em sua civilização e tecnologia. Num segundo O efeito de humor da charge implica reconhecer que o tamanduá
momento de ação, o carro, invenção humana, mas que usa o entende a fala do homem como um pedido para que sejam
petróleo como combustível, ataca um ser humano, repetindo colocadas formigas em sua sopa, já que elas fazem parte da dieta
assim, os pontos de partida e de chegada originais. do tamanduá.
Resposta: D Resposta: E
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COLÉGIO
Prática de Redação 11
51 e 52
Com base nas definições dadas, escreva uma narração em 1.a pessoa, monólogo interior (fala interior da
personagem), em que a personagem é a garota que aparece na foto acima. Coloque-se no lugar dela, capte seus
pensamentos, seus sonhos e conte-os como se você fosse ela. O fluxo de consciência (monólogo) da personagem
pode ser relatado em linguagem simples, mas no padrão culto da língua. Dê um título a seu texto.
PORTUGUÊS 143
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O aluno deve selecionar os dados que comporão a tessitura narrativa. O professor deve lembrar ao aluno que se trata de um
monólogo – conversa da pessoa consigo mesma – registrando o fluxo de consciência da personagem, seu mundo interior;
portanto, um texto em 1.a pessoa.
O uso da norma culta não contraria o critério de verossimilhança, como uma análise mais superficial poderia supor, pois se trata
de um exercício redacional em que o aluno exercita a alteridade, ou seja, coloca-se no lugar da garota que troca máscaras por
comida em termos de pensamentos e vivências, mas, obviamente, não em termos linguísticos.
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Você tem 15 anos e tem conta em redes sociais desde os 13 anos. Há seis meses, contudo, seu
número de seguidores quintuplicou e alcançou a marca de quase um milhão. Desde que se tornou um/a
digital influencer, vários parentes e amigos passaram a alertar seus pais sobre os perigos de sua
superexposição na internet, enfatizando a importância de eles (seus responsáveis legais) acompanharem
todas as postagens e todos os comentários recebidos nas suas redes. Seus pais foram até mesmo
aconselhados por alguns amigos a fecharem as contas que você mantinha, sob a alegação de que a
atividade poderia configurar um tipo de trabalho infantil (isto é, uma atividade que envolve crianças com
idade inferior a 16 anos). Outros não viram problema com a sua fama e até perguntaram se seus pais já
tinham se informado sobre como “monetizar” os seus perfis.
Após refletir sobre essas opiniões divergentes, você decide escrever, em um de seus perfis, um
extenso post (“textão”) a respeito. No seu texto, você a) narra a sua trajetória até se tornar digital
influencer e b) relata suas impressões acerca dessa experiência, assumindo um posicionamento sobre o
fato de crianças e adolescentes atuarem como digital influencers.
Para escrever seu post, leve em conta a coletânea de textos a seguir:
1. Cyberbullying é o bullying realizado por meio das tecnologias digitais. Pode ocorrer nas mídias sociais,
plataformas de mensagens, plataformas de jogos e celulares. É o comportamento repetido, com intuito de
assustar, enfurecer ou envergonhar aqueles que são vítimas.
(Disponível em https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo.
Acessado em 13/09/2021.)
2. Apesar de a maior parte das plataformas exigir idade mínima de 13 anos para a criação de um perfil, não
há um controle rígido, o que faz com que o acesso de crianças e adolescentes às redes sociais seja livre.
E é justamente por isso que o papel das famílias e das escolas é crucial para protegê-los e conscientizá-
los dos riscos da superexposição. A premissa de que as novas gerações “nascem sabendo” lidar com a
tecnologia é totalmente enganosa e mascara a fragilidade delas perante os inúmeros riscos e perigos que
as mídias sociais escondem. Os jovens precisam de controle parental, acompanhado de diálogo, para
desenvolverem uma relação saudável com as redes. Controlar o uso não significa proibi-lo, mesmo porque
o universo digital é parte fundante da cultura e sociabilidades juvenis contemporâneas. Entre os conteúdos
deliberadamente nocivos e os construtivos, há uma gama imensa de riscos implicados, como os próprios
comentários de estranhos – diversas plataformas, inclusive, já permitem que o usuário não receba
mensagens de desconhecidos.
(Adaptado de Mariana Mandelli, Morte de adolescente reacende debate sobre exposição digital. 05/08/2021. Disponível em
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/08/morte-de-adolescente-reacende-debate-sobre-exposicao-digital.shtml.
Acessado em 13/09/2021.)
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3.
A. C.
Celebridade brasileira do
YouTube que ficou conhecida
por seu canal “Vida de Amy”,
onde posta desafios, vídeos de
brinquedos e vlogs, a adoles-
cente A. C. ganhou mais de
550.000 inscritos e ainda foi
reconhecida como a primeira
YouTuber surda oralizada do
Brasil.
Antes da Fama
Aos três meses, ela começou a
ser treinada por fonoaudiólogos,
e aprendeu a falar e escrever em português.
Curiosidades
Em julho de 2014, ela postou o vídeo “Novos presentes para minha boneca Reborn”, que teve mais de
4 milhões de visualizações logo depois de postado.
(Texto adaptado. Imagem editada. Disponível em https://pt.famous
birthdays.com/people/amanda-carvalho.html. Acessado em 20/11/2021.
4. A ampliação do acesso de crianças e adolescentes a celulares, tablets e outras telas portáteis criou uma
nova modalidade de trabalho infantil: os youtubers mirins. Nessa atividade, crianças e adolescentes
gravam vídeos periodicamente em seus canais no YouTube e são remunerados por fabricantes de
produtos para os quais fazem propagandas, ou são remunerados pela própria rede social, quando há
anúncios inseridos ao longo do vídeo. A atividade é prejudicial tanto para a criança ou adolescente que
mantém o canal, quanto para o público infantojuvenil que o assiste. A advogada do Programa Criança e
Consumo do Instituto Alana, Livia Cattaruzzi, lista o consumismo e o materialismo, a diminuição de brinca-
deiras criativas, a obesidade infantil, a erotização precoce, a violência e a segregação de gênero como
algumas consequências da exposição à publicidade infantil.
(Adaptado de Cristina Sena, Matéria originalmente publicada no site do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho
Infantil (FNPETI). Disponível em https://livredetrabalhoinfantil.org.br/noticias/ reportagens/youtubers-mirins-forum-nacional-discute-
nova-modalidade-detrabalho-infantil/. Acessado em 11/09/2021.)
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COLÉGIO
Prática de Redação 12
55
Nome legível __________________________________________________________________
Unidade ______________________________________________________________________
Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________
Matrícula –
A primeira proposta da Unicamp pediu ao candidato para desenvolver um “textão”, ou seja, uma postagem nas redes sociais,
posicionando-se como um(a) digital influencer de 15 anos com um milhão de seguidores. Nesse texto, o candidato deveria narrar sua
trajetória, podendo relatar experiências que serviriam de base para o desenvolvimento de posicionamentos sobre os perigos e as
Para guiar o desenvolvimento temático, foram apresentados textos que abordam os impactos negativos da superexposição, como o
cyberbulling, o incentivo ao consumismo e, até mesmo, a erotização precoce. Além desses aspectos, poderiam ser citados o
desenvolvimento de depressão, baixa autoestima na formação do jovem e até aparecimento de pensamentos suicidas diante de
comentários negativos.
Outro ponto relevante à temática e que caberia na proposta é o papel dos pais no controle da vida virtual dos filhos: a atenção às
publicações e aos comentários dos seguidores é vital para assegurar a saúde mental desses jovens.
Ao desenvolver a narração, o candidato poderia relatar os vídeos ou conteúdos de suas primeiras postagens, o número inicial e final
de seus seguidores e até evidenciar experiências positivas ou negativas dentro da família, da escola ou em outros campos sociais.
Junto com esse relato, o candidato poderia desenvolver análises críticas, utilizando-se de estratégias argumentativas para evidenciar
e comprovar os pontos negativos e/ou positivos das vivências narradas, ressaltando (a) a importância dos pais na carreira dos influencers
mirins, (b) o aspecto profissional e financeiro e (c) o impacto dessa carreira no desenvolvimento emocional da infância e da juventude.
É importante atentar às características do gênero proposto: a manutenção da interlocução com os seguidores, a linguagem acessível e
a concisão do texto.
PORTUGUÊS 147
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148 PORTUGUÊS
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Leitura
Preconceito e intolerância
Obrigatória
O preconceito é uma forma enviesada de se perceber o outro. Tal sentimento reside no homem e pode eliminar
sonhos e inibir vidas. É lamentável perceber que o preconceito se manifesta em todo ser humano, em graus variados. Em
alguns casos, funciona como estratégia de defesa a algo que não lhe convém. Em outros, como forma de desrespeito às
diferenças e às minorias. O preconceito leva à discriminação, que não é outra coisa senão a prática da exclusão.
(CARNEIRO, Neri de Paula. Cruéis são todos os preconceitos.
Disponível em: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090526171345AAIlDe4>.
A intolerância nas redes é resultado direto de desigualdades e preconceitos sociais em geral, não é uma invenção
da internet. O ambiente em rede facilita que cada um solte seus demônios, ao dar a sensação de um pretenso
anonimato. O mundo virtual é, portanto, mais uma forma de os intolerantes se manifestarem e ampliarem seu alcance.
Vejamos: o Brasil lidera as estatísticas de mortes na comunidade LGBT (dado da Associação Internacional de Gays
e Lésbicas); mata muito mais negros do que brancos (Mapa da Violência); aparece em quinto lugar em homicídios de
mulheres (Mapa da Violência); registrou aumento de 633% nos casos de xenofobia (Ouvidoria Nacional dos Direitos
Humanos); e 6,2% dos seus empregadores confessam não contratar pessoas obesas (site de recrutamento).
(BOB VIEIRA DA COSTA)
GUERRA SANTA
PORTUGUÊS 149
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Rascunho
150 PORTUGUÊS
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COLÉGIO
Prática de Redação 13
60 e 61
Depois da leitura atenta dos textos da proposta, escreva uma crônica narrativa ou reflexiva.
Crônica narrativa: Conte uma história que envolva um(a) personagem adolescente, que, com suas
atitudes preconceituosas e intolerantes, ofende, magoa e prejudica outras pessoas. Narre também as
consequências dessa conduta. Dê um título a seu texto.
Crônica reflexiva: Registre suas reflexões sobre atitudes preconceituosas e intolerantes mais comuns
entre adolescentes, que podem levar ao bullying, excluindo ou humilhando outros jovens. Trate também
do prejuízo emocional para a vítima e o que deve ser feito para se evitar que adolescentes manifestem
julgamentos discriminatórios. Tema: Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um
preconceito do que um átomo. (Albert Einstein) Dê um título a seu texto.
PORTUGUÊS 151
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Para a crônica narrativa, considerar na avaliação o texto bem redigido, coeso, com progressão temporal, além da uma
história bem articulada e criativa. Observar se o aluno conseguiu cumprir a proposta narrativa.
Para a crônica reflexiva, considerar na avaliação o texto bem redigido, em norma culta, em que o aluno apresentou
reflexões sensatas e bem articuladas sobre o tema.
http://www4.faac.unesp.br/extensao.convdiversidade/cartilha.pdf
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Leitura
Viagens espaciais
Obrigatória
O sonho de desbravar o universo sempre esteve presente nos filmes e na literatura de ficção
científica, mas, ao longo das últimas décadas, sempre se desfez diante de incontornáveis limitações
tecnológicas.
Vivemos hoje em um tempo no qual essas barreiras parecem finalmente estarem caindo,
principalmente porque empresas privadas como a SpaceX, do bilionário Elon Musk, da Tesla; a Blue Origin,
de Jeff Bezos, da Amazon, e a Virgin Galactic, de Richard Branson, decidiram acelerar seus foguetes e
entrar para valer na corrida pelo turismo espacial.
O caminho rumo ao espaço não mais é uma exclusividade de governos, pois, ainda que EUA, Rússia,
China, Índia, Comunidade Europeia, Emirados Árabes Unidos, entre outros, também estejam lançando ou
reativando seus programas, a exploração espacial em larga escala só irá acontecer em parceria com o setor
privado.
A chamada Missão Marte já está em andamento. Recentemente, Emirados Árabes, China e EUA
pousaram novas sondas no planeta vermelho. No entanto, colocar humanos em solo marciano em
condições habitáveis é outra história.
(https://estudio.folha.uol.com.br/johnnie-walker/2021/02/
viagem-ao-espaco-deixa-de-ser-ficcao-para-se-tornar-realidade.shtml)
Agora que o rover Perseverance está seguro e saudável na superfície de Marte, vários grupos de
trabalho espalhados pelo mundo podem respirar aliviados e pensar nos passos futuros do programa de
exploração marciana, que vai agora focar seus esforços no cobiçado retorno de amostras de volta à Terra.
Em 2026, parte de um módulo de pouso com um pequeno foguete, de menos de três metros,
instalado a bordo, projetado e construído pela Nasa, pousaria próximo ao local onde desceu o
Perseverance. E aí, talvez partindo do próprio módulo, um pequeno rover produzido pela ESA encontraria
as amostras e as instalaria no interior do foguete. Em meados de 2029, o foguete seria disparado (o
primeiro lançamento feito de outro planeta!), colocando a cápsula com as amostras em órbita marciana.
Lá ela se acoplaria ao orbitador europeu, que por sua vez traria o conteúdo de volta à Terra, em 2031. A
empreitada toda custaria cerca de US$ 5 bilhões, sem contar os US$ 2,7 bilhões empenhados na missão
do Perseverance.
(Salvador Nogueira
folha.com/mensageirosideral – adaptada)
PORTUGUÊS 153
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COLÉGIO
Prática de Redação 14
64
Nome legível __________________________________________________________________
Unidade ______________________________________________________________________
Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________
Matrícula –
❏ TEMA A – Escreva uma crônica narrativa cujo enredo ficcional conte a história de alguém que
ganha uma passagem para visitar Marte. Uma parte da história deve se passar no
planeta vermelho. Dê um título a seu texto e não ultrapasse 30 linhas.
❏ TEMA B – Escreva uma crônica reflexiva sobre o seguinte tema: Viagens espaciais, qual é o
propósito? Dê um título a seu texto e não ultrapasse 30 linhas.
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O aluno deve colocar um X no tema escolhido (A ou B). O aluno que escolher a narração deve fazer uma pesquisa rápida sobre
o planeta Marte ou usar seus próprios conhecimentos adquiridos em aulas de outras matérias para criar o enredo de sua história
que deve se passar em parte no planeta vermelho. O professor pode tecer alguns comentários sobre Marte: o nome foi dado em
homenagem ao deus da guerra. É um planeta muito frio, rochoso e árido. Sua temperatura máxima é de aproximadamente 25°C,
com uma média de –60°C, que pode chegar até cerca de –140°C durante à noite. Muitas vezes é descrito como o “Planeta
Vermelho”, porque o óxido de ferro predominante em sua superfície lhe dá uma aparência avermelhada. Sua gravidade (3,721
m/s2) é menor do que a da Terra (9,807 m/s2).
Quanto à crônica reflexiva, o tema pode levar o aluno a defender a ideia de que a exploração de Marte representa um grande
avanço tanto científico quanto tecnológico. A descoberta de água subterrânea em Marte pode ser de vital importância para
nosso planeta, já que estamos destruindo os ecossistemas da Terra e talvez esse achado seja imprescindível, no futuro, para
nossa sobrevivência. As pesquisas feitas pelos vários países que participam dessa exploração propiciam também ampliação e
aplicação de conhecimento em várias outras áreas.
O aluno pode também achar que não há propósito nessas viagens espaciais, já que o mundo está passando por uma séria
crise sanitária que, além das mortes, gerou desemprego, fome e miséria. O aluno pode usar as cifras com essa expedição a
Marte, pelos menos os 5 bilhões de dólares que ainda vão ser usados nessa empreitada, para questionar a falta de atitude
humanitária para com os países mais pobres e/ou mais atingidos pela pandemia.
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PORTUGUÊS:
ARCADISMO – ROMANTISMO
Módulos 38 –
A Pastoral Moderna
33 – Arcadismo: concepção 39 –
Bocage
burguesa da vida 40 –
Romantismo: características gerais
34 – Manuel Antônio de Almeida: 41 –
Almeida Garrett e
Memórias de um Sargento de Alexandre Herculano
Milícias: o narrador 42 – Camilo Castelo Branco
35 – Rousseau: o “bom selvagem” 43 – Gonçalves Dias: poesia
36 – Memórias de um Sargento de indianista
Milícias: o protagonista 44 – Um clássico romântico: a
37 – Arcadismo: a inconstância e “Canção do Exílio” de
fugacidade da vida Gonçalves Dias
Jean-Jacques Rousseau
Palavras-chave:
Arcadismo: concepção • Arcadismo
• Poesia árcade
33 burguesa da vida • Carpe diem
• Aurea mediocritas
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Exercícios Propostos
Com o tempo, que tudo desbarata, destrói Explique as seguintes metáforas que Basílio da Gama
Teus olhos deixarão de ser estrelas; utiliza para representar o envelhecimento:
Verás murchar no rosto as faces belas, a) “Teus olhos deixarão de ser estrelas”;
E as tranças d’ouro converter-se em prata. RESOLUÇÃO:
A perda do brilho dos olhos indica a perda da beleza, da juventu-
de, da vitalidade, da energia de vida.
Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje esta ventura? felicidade
Texto 2
158 PORTUGUÊS
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(MODELO ENEM) – O primeiro texto pertence ao (MODELO ENEM) – Os dois sonetos pertencem a duas
Arcadismo, enquanto o segundo faz parte do Barroco. Como é escolas literárias que, de maneira geral, apresentam ideais
comum à sua forma poemática, o soneto, esses poemas opostos. Ainda assim, como em grande parte dos poemas que
apresentam teor desenvolvem o mesmo tema, para convencer a destinatária a
a) lógico-reflexivo. aceitar o convite que lhe é feito, apresenta-se como argumento
b) narrativo-fabulista. a) a aceitação serena da velhice como fato inevitável.
c) alegórico-místico. b) o contraste entre a postura masculina e a feminina.
d) crítico-político. c) o tempo como destruidor da beleza e da juventude.
e) irônico-depreciativo. d) o rebuscamento da linguagem por meio de metáforas.
RESOLUÇÃO: e) a valorização da vida em contato com a natureza.
Os dois poemas apresentam uma organização lógica de ideias, o RESOLUÇÃO:
que inclui a relação de causa e consequência (o tempo passará e, Os dois sonetos trabalham a ideia de que o tempo
com isso, chegará o envelhecimento, não se poderá mais fazer o inevitavelmente passa, destruindo a beleza e a juventude, o que
que se fazia antes), de maneira a convencer a destinatária da impediria, na visão do eu lírico de ambos os poemas, de se
mensagem a tomar uma atitude. A abordagem, portanto, dá-se de aproveitar a vida. Esse fato funciona como argumento para que se
maneira lógico-reflexiva. [Competência 1, Habilidade 1 e aproveite com urgência o momento presente. [Competência 5,
Competência 6, Habilidade 18 das Matrizes do ENEM.] Habilidade 17 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: A Resposta: C
PORTUGUÊS 159
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Viagem a Citera (1717), de Antoine Watteau (1684-1721). Óleo sobre tela, 1,29 x 1,94 m, Museu do Louvre, Paris. – Fotografia:
G. DAGLI ORTI / DEA / Album / Fotoarena.
Antoine Watteau, inserido no seu tempo, produziu uma arte com valores de sua época. É o que se percebe em Viagem a Citera, que retrata a ilha
que é morada de Vênus, a deusa romana do amor. Nesse ambiente bucólico, as diferentes figuras da pintura podem entregar-se aos deleites bem
ao gosto da cultura greco-romana. No entanto, o vestuário refinado que utilizam revela não só a frivolidade que marcou o período, mas também a
adaptação dos ideais clássicos ao contexto social do século XVIII. Esse procedimento também é detectável nos poemas do Arcadismo, como os de
Marília de Dirceu (1792), de Tomás Antônio Gonzaga.
José BASÍLIO DA GAMA (1741-1795): Nasceu em São José do Rio das Mortes (depois
São José del Rei, hoje Tiradentes), Minas Gerais, e faleceu em Lisboa, Portugal. Estudou
no colégio de jesuítas do Rio de Janeiro, a grande escola que havia então no Brasil. Não
chegou a ordenar-se padre, pois, antes que isso ocorresse, houve a expulsão dos
jesuítas, ordenada por Pombal, em 1759. Em 1760, viajou para a Itália, onde teve a
proteção dos jesuítas (vistos como inimigos por Pombal). Indo para Portugal, onde
pretendia estudar na Universidade de Coimbra, foi expulso de lá para Angola, acusado
de “jesuitismo”. Com um epitalâmio (poema que celebra um casamento) dedicado à
filha de Pombal, conseguiu chamar a atenção do Marquês, que lhe perdoou e o nomeou
funcionário da Secretaria do Reino. Basílio converteu-se ao pombalismo, foi fiel ao
Marquês mesmo quando, com a morte de D. José e a subida ao trono de D. Maria I, em
1777, o poderoso ministro caiu em desgraça. Cultivou tanto a poesia lírica quanto a épica. Seu poema O Uraguai é
a primeira tentativa, em língua portuguesa, de produção do gênero épico não inspirada em Os Lusíadas.
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Exercícios Resolvidos
Texto para os testes e . d) irônico, podendo ser substituída, sem pre- que o vemos empossado e que exercia, como
juízo do sentido original, por “não desem- dissemos, desde tempos remotos. Mas viera
O major era pecador antigo, e no seu penhava nenhuma atividade assistencial”. com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê,
tempo fora daqueles de que se diz que não e) denotativo, apontando para a seguinte uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das
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Exercícios Propostos
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Aclamação de D. João VI no Rio de Janeiro (1839), de Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Litografia, 24,4 x 35,3 cm
em f. 52,6 x 34,6, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
Tanto o desenho de Debret quanto a narrativa de Manuel Antônio de Almeida são registros da mesma
sociedade gerada pela chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, fato que provocou alterações profundas
em nosso país. A mudança dos portugueses Leonardo Pataca e Maria Hortaliça para terras brasileiras, enfocada
no texto desta aula, faz parte dessa dinâmica.
(MODELO ENEM) – A maneira como os elementos de um (MODELO ENEM) – Memórias de um Sargento de Milícias
texto são organizados e combinados ajuda no estabelecimento é classificado como romance de costumes “do tempo do rei”
de sentidos tanto explícitos quanto implícitos. Assim, os (1808-1821), pois sua narrativa permite entrever o mecanismo
trechos “O Leonardo fingiu que passava distraído por junto de funcionamento da sociedade carioca do início do século XIX
dela”, “A Maria, como se já esperasse por aquilo” e “sorriu-se, e hábitos brasileiros que perduram nos dias atuais. É o que se
como envergonhada do gracejo” revelam um costume social comprova no trecho “não se sabe por proteção de quem”,
segundo o qual que, tendo em vista o contexto, permite inferir
a) a discriminação sexista se volta para a satisfação masculina. a) a alienação como constante no comportamento brasileiro.
b) a conquista amorosa se dá por meio de um jogo de b) o misticismo como ferramenta de explicação do meio.
encenação. c) a caridade cristã como manifestação de solidariedade.
c) o aspecto cômico se torna obstáculo para a união afetiva. d) o apadrinhamento como forma de obtenção de sustento.
d) o encontro casual se transforma em vexame quando em e) a ignorância como obstáculo para o desenvolvimento social.
público. RESOLUÇÃO:
e) a violência social se mascara na relação entre metrópole e O trecho “não se sabe por proteção de quem” indica que
Leonardo Pataca obteve seu cargo, seu emprego, graças ao apoio,
colônia. à intervenção de alguém e não por mérito profissional próprio.
RESOLUÇÃO: Configura-se aqui o mecanismo do apadrinhamento, ou seja, do
Nos trechos destacados no enunciado, expressões como “fingiu”, favorecimento, da proteção, o empenho de alguém. [Competência
“como se já esperasse” e “como envergonhada” mostram que a 5, Habilidade 15 das Matrizes do ENEM.]
conquista amorosa, fato relatado no primeiro parágrafo do texto Resposta: D
em análise, é feita não de maneira direta, mas por meio de um
processo marcado por fingimento, encenação: Leonardo Pataca
fez de conta que andava sem perceber a presença de Maria Saloia
(na verdade, já estava interessado nela); ela, por sua vez,
percebendo as intenções do cortejador (“como se já esperasse”),
fez de conta que estava envergonhada, o que serviu para disfarçar
o que no livro é tratado com certo humor: a indisposição da
cortejada para a fidelidade. [Competência 5, Habilidade 15 das
Matrizes do ENEM.]
Resposta: B
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(FUVEST – adaptado – MODELO ENEM) – A qualidade No trecho lido, o narrador aponta como fato mais
de um texto literário pode ser verificada pela coerência que se importante entre os apresentados
estabelece entre os diferentes elementos que o compõem. É a) a maneira como o meirinho Leonardo recebeu o apelido de
o que se nota no excerto em análise, pois o narrador, ao relatar Pataca.
fatos pitorescos e humorísticos, emprega palavras com essas b) o beliscão que Maria da Hortaliça aplicou na mão de
mesmas características populares, como se verifica em Leonardo Pataca.
a) “aborrecera-se porém do negócio”. c) o nascimento de Leonardo, filho de Leonardo Pataca e
b) “de que o vemos empossado”. Maria Hortaliça.
c) “rechonchuda e bonitota”. d) a atividade dos oficiais de justiça no Rio de Janeiro à época
d) “envergonhada do gracejo”. de D. João VI.
e) “amantes tão extremosos”. e) o casamento do português Leonardo Pataca com Maria da
RESOLUÇÃO: Hortaliça.
O gosto que Leonardo Pataca teria pela exuberância e por outros RESOLUÇÃO:
encantos femininos é apresentado, na lógica do texto, como algo A resposta a este teste pode ser comprovada na passagem: “E
cômico e de extração popular. Coerente com esse fato, a este nascimento [o de Leonardo] é certamente de tudo o que
expressão “rechonchuda e bonitota” imprime um caráter temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem
igualmente pitoresco e saboroso ao evento narrado, ao contrário falamos é o herói desta história.”
das outras expressões consignadas nas demais alternativas, que Resposta: C
não têm essa característica. [Competência 6, Habilidade 18 das
Matrizes do ENEM.]
Resposta: C
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O protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias é (MODELO ENEM) – Todo texto, inclusive o literário, é
caracterizado por seu próprio pai, Leonardo Pataca, como “filho eficiente quando mantém uma relação coerente entre o todo e
de uma pisadela e de um beliscão”. Com base no texto em as partes que o compõem. Nesse sentido, a expressão “filho
análise, justifique tal caracterização. de uma pisadela e de um beliscão” é coerente com o tom
RESOLUÇÃO: assumido por boa parte de Memórias de um Sargento de
Leonardinho é caracterizado dessa maneira porque foi assim que Milícias porque revela
seus pais se aproximaram e mantiveram um relacionamento
amoroso, por meio dessa “declaração em forma”, que consistiu,
a) a origem cômica e vulgar do protagonista.
como era dos “usos da terra”, em uma pisadela e em um beliscão: b) o repúdio às questões de linhagem e riqueza.
“Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela e, com c) o destaque de padrões sociais burgueses.
ferrado sapatão, assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito.
d) a idealização da cultura antiga popular.
A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se, como
envergonhada do gracejo, e deu-lhe também, em ar de disfarce, e) a representação da violência doméstica.
um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda.” Essa RESOLUÇÃO:
pisadela e beliscão foram o primeiro ato para gerar Leonardinho. A expressão usada por Leonardo Pataca para caracterizar seu filho
faz referência ao evento cômico em que os progenitores do
protagonista se conheceram e, unidos, geraram a personagem
principal de Memórias de um Sargento de Milícias. Essa
passagem expõe o fato de que a origem de seu filho não foi nada
nobre, mas vulgar, ou seja, inserida em eventos comuns,
corriqueiros, comezinhos. [Competência 6, Habilidade 18 das
Matrizes do ENEM.]
Resposta: A
MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA (1831-1861): Nasceu no Rio de Janeiro, onde foi jor-
nalista, cronista, romancista e crítico literário. De junho de 1852 a julho de 1853 publicou,
anonimamente e aos poucos, os folhetins que compõem Memórias de um Sargento de
Milícias, reunidos em livro em 1854 (1.° volume) e 1855 (2.° volume), assinados com o
pseudônimo “Um Brasileiro”. O seu nome apareceu apenas na 3.a edição, póstuma, em
1863. Faleceu próximo à cidade de Macaé, Rio, no naufrágio do vapor Hermes, quando
viajava a Campos, em campanha eleitoral.
166 PORTUGUÊS
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Palavras-chave:
Rousseau: o “bom selvagem” • Rousseau • Voltaire
35 • Iluminismo • “Bom selvagem”
Exercícios Resolvidos
Considerando o soneto de
com o todo, que é o corpo social. As boas
instituições sociais são as que melhor sabem
baseando-se em outros princípios e a consultar
a razão antes de ouvir suas inclinações.
Cláudio Manuel da Costa e
desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência (ROUSSEAU, J-J. Do Contrato Social.
os elementos constitu- Trad. Lourdes Santos Machado.
absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir
tivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção São Paulo: Nova Cultural, 1999. p.77.)
o eu para a unidade comum, de sorte que
correta acerca da relação entre o poema e o
cada particular não se julgue mais como tal, e
momento histórico de sua produção.
sim como uma parte da unidade, e só seja
(UEL – modificado – MODELO ENEM) –
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados Com base no texto, assinale a alternativa correta.
percebido no todo.
na primeira estrofe, são imagens relacio- a) O homem civil adquire uma liberdade
(ROUSSEAU, J-J. Emílio ou da Educação.
nadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde natural e um direito ilimitado.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.)
o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. b) O homem no estado de natureza age
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, A visão de Rousseau em segundo uma razão natural.
como núcleo do poema, revela uma relação à natureza huma- c) No estado civil, dever e direito sobrepõem-se
contradição vivenciada pelo poeta, dividido na, conforme expressa o a impulso físico e apetite.
entre a civilidade do mundo urbano da texto, diz que d) A liberdade natural é guiada pelo senso de
Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. a) o homem civil é formado a partir do desvio dever e justiça.
c) O bucolismo presente nas imagens do de sua própria natureza. e) A conduta dos homens no estado civil são
poema é elemento estético do Arcadismo b) as instituições sociais formam o homem os impulsos e apetites.
que evidencia a preocupação do poeta de acordo com a sua essência natural. Resolução
árcade em realizar uma representação c) o homem civil é um todo no corpo social, A resposta a este teste encontra-se nos
literária realista da vida nacional. pois as instituições sociais dependem trechos: “A passagem do estado de natureza
d) A relação de vantagem da “choupana” so- dele. para o estado civil determina no homem uma
bre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formu- d) o homem é forçado a sair da natureza para mudança muito notável (...), tomando a voz do
lação literária que reproduz a condição se tornar absoluto. dever o lugar do impulso físico, e o direito o
histórica paradoxalmente vantajosa da e) as instituições sociais expressam a natureza lugar do apetite”.
Colônia sobre a Metrópole. humana, pois o homem é um ser político. Resposta: C
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Exercícios Propostos
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(MODELO ENEM) – Como filósofo, Rousseau procura c) irônica, pois, ao dirigir-se de forma polida ao autor da defesa
analisar de maneira crítica a realidade que o cerca. Por meio da volta à vida natural, discorda desse ideal.
desse procedimento, consegue identificar que a gênese da d) divergente, pois, ao desmoralizar o ponto de vista
desigualdade entre os homens está rousseauniano, deixa clara uma predileção por ideais
a) na escassez de alimentos naturais. semelhantes aos do Arcadismo.
b) no esgotamento dos recursos minerais. e) condescendente, pois, ao demonstrar uma postura
c) no desejo de acúmulo de provisões. simpática ao mito do “bom selvagem”, revela a crença na
d) no comércio de caráter independente. salvação do mundo moderno.
e) na severidade dos meios geográficos. RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: A forma polida com a qual Voltaire se dirige a Rousseau é
A resposta a este teste está na passagem: “desde que se percebeu ser percebida em expressões como “senhor”, “vosso”, “agradeço-vos
útil a um só contar com provisões par dois, desapareceu a igualdade”. a remessa”. É também captada quando o enunciador chama o
[Questão interdisciplinar, pois está ligada à área das Ciências receptor de espirituoso. Tais expressões preparam o caminho
Humanas: Competência 4, Habilidade 18 das Matrizes do Enem.] para outras, irônicas, como a declaração de que o livro
Resposta: C rousseauniano inspira uma vontade de andar de quatro, desejo
impossibilitado por se tratar de um costume abandonado “há
Texto para as questões e . cerca de sessenta anos”. Todo esse procedimento linguístico
serve para veicular a discordância de Voltaire em relação aos
ideais de Rousseau, que deram origem ao mito do “bom
Quando enviou a Voltaire o seu Discurso sobre a selvagem” e influenciaram tanto o Arcadismo como o
Origem da Desigualdade, com seus argumentos contra a Romantismo. [Competência 6, Habilidade 18 das Matrizes do
civilização, as letras e a ciência, e a favor do retorno à ENEM.]
Resposta: C
condição natural tal como vista em selvagens e animais,
Voltaire respondeu: “Recebi, senhor, vosso novo livro
contra a espécie humana, e agradeço-vos a remessa. (...)
Ninguém foi tão espirituoso como vós ao tentar nos
transformar em animais; ler o vosso livro faz com que
sintamos vontade de andar de quatro. No entanto, como
abandonei essa prática há cerca de sessenta anos, acho Para Voltaire, o “homem é, por natureza, um animal de
que me é infelizmente impossível voltar a adotá-la”. (...) rapina”. E para Rousseau?
Voltaire estava convencido de que toda aquela denúncia RESOLUÇÃO:
da civilização era um absurdo infantil; que o homem estava Rousseau constrói o mito do “bom selvagem”, segundo o qual o
homem é bom por natureza, sendo depois corrompido pela
incomparavelmente em melhor situação na civilização do sociedade, tornando-se, assim, um opressor.
que na selvageria; ele informa a Rousseau que o homem é,
por natureza, um animal de rapina, e que a sociedade civili-
zada significa um acorrentamento desse animal, uma mitiga-
ção de sua brutalidade e a possibilidade do desenvolvimen-
to, através da ordem social, do intelecto e de seus deleites.
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Ali não há fortuna que soçobre6; a) Quais são os vocábulos e expressões que se referem ao
Aqui quanto se observa é variedade7: mundo urbano?
RESOLUÇÃO:
Oh! ventura do rico! Oh! bem do pobre!
São as palavras: violência, dissimulado, traição, mentira, ingrata,
variedade, mal.
(COSTA, Cláudio Manuel da. Obras.
In: PROENÇA FILHO, Domício (org.). A Poesia dos Inconfidentes.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 57.)
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Neles [nos discursos Sobre as Ciências e as Artes e alimentação e sexo sem maiores dificuldades, e não é
Sobre a Origem da Desigualdade] Rousseau desenvolve a atingido pela angústia diante da doença e da morte. As
antítese fundamental entre a natureza do homem e os necessidades impostas pelo sentimento de autopreservação
acréscimos da civilização. As obras posteriores levam às — presente em todos os momentos da vida primitiva e que
últimas consequências esse pensamento que, mais do que impele o homem selvagem a ações agressivas — são contra-
simples ideia abstrata, é um sentimento radical. balançadas pelo inato sentimento de piedade que o impede
Em síntese, a civilização é vista por Rousseau como de fazer mal aos outros desnecessariamente. Desde suas
responsável pela degeneração das exigências morais mais origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de
profundas da natureza humana e sua substituição pela livre-arbítrio e sentido de perfeição, mas o desenvolvimento
cultura intelectual. A uniformidade artificial de comporta- pleno desses sentimentos só ocorre quando estabelecidas
mento, imposta pela sociedade às pessoas, leva-as a ignorar as primeiras comunidades locais, baseadas sobretudo no
os deveres humanos e as necessidades naturais. Assim grupo familiar. Nesse período da evolução, o homem vive a
como a polidez e as demais regras da etiqueta podem idade de ouro, a meio caminho entre a brutalidade das
esconder o mais vil e impiedoso egoísmo, as ciências e as etapas anteriores e a corrupção das sociedades civilizadas.
artes, com todo seu brilho exterior, frequentemente seriam Esta começa no momento em que surge a propriedade
máscaras da vaidade e do orgulho. privada.
A vida do homem primitivo seria feliz porque ele sabe
viver de acordo com suas necessidades inatas. Ele é (ARBOUSSE-BASTIDE, Paul. In: Os Pensadores
amplamente autossuficiente porque constrói sua existência (Prefácio). Tradução de Lurdes Santos Machado.
no isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de São Paulo: Editora Abril, [s./d.]. vol. 6, p. XIII.)
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Exercícios Resolvidos
com a do agregado, e que afinal não era senão Milícias, de Manuel Antônio de Almeida,
vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já revelam pontos de vista (FGV-SP – modificado – MODELO
adivinhou que ele o era. A troco disso, dava-lhe a) análogos, porque promovem imagens pos- ENEM) – Memórias de um Sargento de
o mestre sustento e morada, e pagava-se do itivas desse período, ressaltando o desen- Milícias destaca-se, entre outras caracte-
que por ele tinha já feito. volvimento social da capital da colônia. rísticas, por ser um romance de costumes,
b) complementares, pois o fragmento projeta pois relata aspectos do funcionamento da
(Manuel Antônio de Almeida,
Memórias de um Sargento de Milícias)
um futuro promissor para o Rio de Janeiro, sociedade carioca do início do século XIX.
e o romance confirma essa ideia. Esse retrato, ainda que ficcional, manifesta-se
1 – Fâmulo: empregado, criado. c) imparciais, na medida em que inclusive no campo da linguagem, já que na
representam um quadro despretensioso narrativa são incorporados termos
(FUVEST – MODELO ENEM) – Nesse da sociedade carioca do “tempo do rei”.
a) da linguagem popular da época.
excerto, mostra-se que o compadre provinha d) díspares, pois o registro histórico positivo
b) do falar lusitano dos imigrantes.
de uma situação de família irregular e ambígua. desse período se opõe ao retrato caricatures-
co do Rio do “tempo do rei”, no romance. c) do jargão jornalístico romântico.
No contexto do livro, as situações desse tipo
a) caracterizam os costumes dos brasileiros, por e) satíricos, visto que promovem uma visão d) da idealização da crônica moderna.
crítica do Brasil colonial, retratado pelas e) da prosa elevada do Primeiro Reinado.
oposição aos dos imigrantes portugueses.
falhas morais de sua sociedade.
b) são apresentadas como consequência da Resolução
Resolução
intensa mestiçagem racial, própria da A linguagem de que se vale Manuel Antônio
O fragmento do relato de Johann Emanuel
colonização. de Almeida é permeável ao que se falava no
Pohl, do início do século XIX, apresenta um
c) contrastam com os rígidos padrões morais prognóstico bastante otimista e, portanto, Rio de Janeiro no início do século XIX.
dominantes no Rio de Janeiro oitocentista. positivo a respeito do Rio de Janeiro. Nas “Lambeta”, “desasnado”, “que põem todos
d) ocorrem com frequência no grupo social Memórias de um Sargento de Milícias, o retrato os bofes pela boca” são exemplos dessa
mais amplamente representado. que se faz do Rio do “tempo do rei” é caricatu- aproximação com o registro coloquial.
e) começam a ser corrigidas pela doutrina e resco e, de um certo modo, depreciativo. Resposta: A
pelos exemplos do clero católico. Resposta: D
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Exercícios Propostos
Texto 1
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Palavras-chave:
Arcadismo: a inconstância • Poesia árcade
Exercícios Resolvidos
Texto para os testes e . São estes os sítios? (MODELO ENEM) – O poema apresentado
São estes; mas eu é de Tomás Antônio Gonzaga, um dos nomes
LIRA V mais importantes do Arcadismo brasileiro.
O mesmo não sou.
Marília, tu chamas? Coerente com a escola literária a que está filiado,
Acaso são estes
Espera, que eu vou. seu texto, ao apresentar a descrição dos “sítios
Os sítios formosos,
formosos”, associa-se ao tema clássico da
Aonde passava a) fruição do momento presente (carpe diem).
Os anos gostosos? Minha alma, que tinha
b) busca do equilíbrio dourado (aurea
São estes os prados, Liberta a vontade, mediocritas).
Aonde brincava, Agora já sente c) valorização do lugar agradável (locus
Enquanto pastava Amor e saudade. amoenus).
O manso rebanho, Os sítios formosos, d) aceitação da realidade urbana (fugere urbem).
Que já me agradaram, e) fugacidade do tempo (tempus fugit).
Que Alceu me deixou?
Ah! não se mudaram; Resolução
Mudaram-se os olhos, O cenário descrito no texto é bucólico e inclui
São estes os sítios?
De triste que estou. o lugar-comum do locus amoenus (“lugar
São estes; mas eu
ameno”).
O mesmo não sou.
Resposta: C
Marília, tu chamas? São estes os sítios?
Espera, que eu vou. São estes; mas eu
O mesmo não sou.
(MODELO ENEM) – Os versos
apresentam um elemento pré-romântico, que
Marília, tu chamas?
(...) consiste no fato de o eu lírico projetar no
Espera, que eu vou.
mundo exterior seu mundo interior. Esse
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. aspecto é observável no trecho:
Aqui um regato
In: PROENÇA FILHO, Domício (org.). a) “Acaso são estes / Os sítios formosos, /
Corria sereno,
A Poesia dos Inconfidentes. Aonde passava / Os anos gostosos?”
Por margens cobertas Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 580-582.)
b) “São estes os prados, / Aonde brincava, /
De flores e feno;
Enquanto pastava / O manso rebanho, /
À esquerda se erguia
Que Alceu me deixou?”
Um bosque fechado;
c) “Os sítios formosos / Que já me agradaram,
E o tempo apressado, / Ah! não se mudaram; / Mudaram-se os
Que nada respeita, olhos, / De triste que estou.”
Já tudo mudou. d) “Existem as fontes / E os freixos copados;
/ Dão flores os prados, / E corre a cascata,
São estes os sítios? / Que nunca secou.”
São estes; mas eu e) “À esquerda se erguia / Um bosque
O mesmo não sou. fechado; / E o tempo apressado, / Que
Marília, tu chamas? nada respeita, / Já tudo mudou.”
Resolução
Espera, que eu vou.
A projeção do mundo interior sobre o mundo
exterior revela-se no fato de a paisagem parecer
Mas como discorro?
triste porque o eu lírico está triste, como fica
Acaso podia
evidente nos versos transcritos na alternativa c.
Já tudo mudar-se Resposta: C
No espaço de um dia?
Existem as fontes Os Felizes Azares do Balanço (1767-68), Jean-Honoré Fragonard
E os freixos copados; (1732-1806). Óleo sobre tela, 81 x 64 cm, Wallace Collection,
Londres. Suaves idílios campestres, perpassados de malícia e
Dão flores os prados,
sensualidade, constituíam um tema constante na poesia, na pintura
E corre a cascata, e na tapeçaria do século XVIII. Graça, leveza e elegância convivem
Que nunca secou. com boa dose de afetação, frivolidade e convencionalismo.
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Exercícios Propostos
Texto para as questões de a . “... Se vem depois dos males a ventura, / Vem depois dos
prazeres a desgraça”. Que figura de linguagem aparece duas
Minha bela Marília, tudo passa; vezes nos versos transcritos? Mencione as palavras que
A sorte deste mundo é mal segura; compõem cada uma das duas ocorrências da figura.
Se vem depois dos males a ventura, felicidade RESOLUÇÃO:
Vem depois dos prazeres a desgraça. A figura de linguagem empregada de maneira expressiva na
Estão os mesmos Deuses próprios estrofe é a antítese, que ocorre entre “males” e “prazeres” e
entre “ventura” e “desgraça” (as antíteses podem ser, também,
Sujeitos ao poder do ímpio Fado: impiedoso Destino
entre “males” e “ventura” e entre “prazeres” e “desgraça”). Há
Apolo já fugiu do Céu brilhante, também a inversão sintática, hipérbato, pois o sujeito “ventura”
Já foi Pastor de gado. e o sujeito “desgraça” vêm depois do verbo.
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(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. (GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu.
In: PROENÇA FILHO, Domício (org.). A Poesia dos Inconfidentes. In: PROENÇA FILHO, Domício (org.). A Poesia dos Inconfidentes.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 598.) Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 598.)
(MODELO ENEM) – Nessa estrofe, o eu lírico alerta a sua (MODELO ENEM) – Essa estrofe é a última de um
amada da necessidade de se aproveitar a vida enquanto é extenso e belíssimo poema em que Dirceu conclama sua
possível. Para convencê-la, lança mão de uma alegoria amada, Marília, a seguir o ideal do carpe diem. Esse tema,
(metáforas encadeadas) baseada na similaridade entre muito associado ao Arcadismo, mas que não se limita a essa
a) o gosto pela vida e o entorpecimento. escola literária, está sintetizado no trecho
b) o ritmo do campo e o envelhecimento. a) “havemos d’esperar”.
c) a beleza animal e a humana. b) “vão passando os florescentes dias”.
d) a formosura e a longa idade. c) “As glórias, que vêm tarde, já vêm frias”.
e) o cordeiro e as fases etárias. d) “mudar-se a nossa estrela”.
RESOLUÇÃO: e) “Aproveite-se o tempo”.
O alerta que o eu lírico faz a respeito da necessidade urgente de RESOLUÇÃO:
se aproveitar a vida leva em conta o fato de que o tempo passará O tema do carpe diem pode ser traduzido como “colhe o dia”,
e, consequentemente, se perderá a capacidade de fruir a subentendendo-se que esse momento passará e não poderá mais
existência. Para tanto, o enunciador lança mão de uma alegoria ser aproveitado. A expressão na estrofe que o sintetiza (tanto no
que estabelece uma similaridade entre as diferentes idades de que possui de explícito quanto de implícito) e até funciona como
um cordeiro e as diversas fases da vida: o jovem tem disposição uma tradução livre é “aproveite-se o tempo”. [Competência 6,
e, por isso, é feliz (“o leve filho sempre alegre salta”), ao contrário Habilidade 18 das Matrizes do ENEM.]
do idoso, que, por não ter mais forças, é infeliz (“Triste, o velho Resposta: E
cordeiro está deitado”). [Competência 7, Habilidades 21 e 24 das
Matrizes do Enem.]
Resposta: E
Vila Rica (1820), de Arnaud Julien Pallière (1784-1862). Óleo sobre tela, 36,50 x 96,80 cm, Museu da Inconfidência, Ouro Preto.
Ouro Preto, a antiga Vila Rica, amparou os primeiros sonhos de independência dos inconfidentes, testemunhou os amores de Dirceu (Tomás Antônio
Gonzaga) e Marília (Maria Joaquina Doroteia de Seixas) e viu anjos e santos nascendo em mãos de gangrena e lepra de Aleijadinho. Suas treze igrejas e
seus casarões constituem hoje o maior conjunto homogêneo de arquitetura barroca do mundo, declarado pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade.
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Palavras-chave:
A Pastoral Moderna • Pastoral moderna
38 • Bucolismo • Paródia modernista
Exercícios Resolvidos
Texto para os testes e . Assinale a alternativa que apresenta uma Vejo ao longe com alegria meus pianos
análise correta dos versos. Recortarem os vultos monumentais
CIDADEZINHA QUALQUER a) O título do poema e as construções sintá- Contra a lua.
ticas paralelas (“Um homem vai devagar. /
Casas entre bananeiras Um cachorro vai devagar. / Um burro vai Acompanhado pelas rosas migradoras
mulheres entre laranjeiras devagar.”) evidenciam, respectivamente, o Apascento1 os pianos: gritam
pomar amor cantar tom afetivo do eu lírico e a harmonia do E transmitem o antigo clamor do homem
espaço retratado.
Um homem vai devagar. b) Na mudança dos sujeitos (“Um homem”, Que reclamando a contemplação,
Um cachorro vai devagar. “Um cachorro”, “Um burro”), marca-se Sonha e provoca a harmonia,
Um burro vai devagar. uma distinção entre a rotina de seres Trabalha mesmo à força,
Devagar... as janelas olham. racionais e a rotina de seres irracionais. E pelo vento nas folhagens,
c) Em “as janelas olham”, ocorre a Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
Eta vida besta, meu Deus. passagem de ações mecânicas (“vai”, nos Pelo amor e seus contrastes,
(ANDRADE, Carlos Drummond de. três versos anteriores) para ações Comunica-se com os deuses.
Alguma Poesia. In: Poesia Completa. reflexivas (“olham”). (Murilo Mendes, in As Metamorfoses)
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 23.)
d) As repetições na segunda estrofe
1 – Apascentar: vigiar no pasto; pastorear.
sugerem a disciplina e harmonia presentes
(MODELO ENEM) – O poema acima foi no cotidiano da cidadezinha. Não há
publicado em Alguma Poesia (1930), primeiro variações bruscas e tudo segue o ritmo da (UNESP – adaptado) – O crítico literário
livro de Carlos Drummond de Andrade. O Antônio Cândido caracterizou esse poema
Natureza na vida provinciana.
caráter humorístico do texto não o impede de como uma “pastoral fantástica”. É fantástica
e) No último verso do poema (“Eta vida
captar aspectos da realidade nacional, como porque contém o ilógico, o nonsense, com
besta, meu Deus.”) está implícita a
a) a economia brasileira assentada na cultura elementos visionários e oníricos, e é pastoral
ideologia das grandes cidades, com vida
e exportação de banana. porque
moderna, informação rápida, valores
b) a alienação do trabalhador diante dos a) apregoa valores morais superiores.
dinâmicos, portanto o avesso da mesmice
processos de modernização. b) apresenta visão mística da vida.
da “cidadezinha qualquer”.
c) o fato de a mão de obra rural c) envolve a crença em Deus.
Resolução
desqualificada ser composta de mulheres. d) aborda o tema pastoril.
O modo como o ambiente provinciano é
d) a banalidade das regiões afastadas dos e) enaltece o espaço urbano.
descrito — como um ambiente monótono —
grandes centros urbanos. Resolução
sugere a ideologia das grandes cidades, com
e) a resistência de setores campestres à O gênero pastoral, que remonta à Antiguidade
sua “vida moderna, informação rápida, valores
adoção de máquinas agrícolas. Clássica, sendo depois retomado,
dinâmicos”, como afirma a alternativa e.
Resolução principalmente, pelos poetas árcades,
Resposta: E
O aspecto da realidade nacional representado consiste na abordagem da vida de pastores,
no poema é a vida nas pequenas cidades do
Texto para o teste . como no poema do modernista Murilo
interior, com cotidiano bastante simples, Mendes, ainda que este o faça segundo uma
bucólico (“bananeiras”, “laranjeiras”, leitura surrealista, “fantástica”, como se
O PASTOR PIANISTA
“pomar”), com lirismo singelo (“pomar amor comprova nos versos “Vejo ao longe com
cantar”), e a monotonia decorrente dessa Soltaram os pianos na planície deserta alegria meus pianos / Recortarem os vultos
rotina (“Um homem vai devagar”). Onde as sombras dos pássaros vêm beber. monumentais / Contra a lua”.
Resposta: D Eu sou o pastor pianista, Resposta: D
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Exercícios Propostos
PORTUGUÊS 181
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(MODELO ENEM) – Os textos poéticos costumam (MODELO ENEM) – “Fazenda” apresenta um painel da
expressar, implícita ou explicitamente, o contexto histórico- vida no campo que destoa do lirismo árcade. Prova dessa
social em que estão inseridos. É o que se percebe em diferença está no enfoque das relações das éguas com os
“Fazenda”, publicado em 1962, pois o trecho “Ninguém sabia cavalos, como se percebe em “O amor das éguas rinchava / no
da Rússia / com sua foice” faz referência à azul do pasto”. Nesse sentido, a palavra ou expressão com que
a) violência no campo gerada pela má distribuição de terra. o poeta se refere às relações em que “tudo era casto”, tanto
b) ignorância gerada pelo sistema educacional ineficiente. entre animais quanto entre pessoas, é
c) tensão política crescente provocada pela Guerra Fria. a) “socando milho”.
d) xenofobia brasileira provocada pelo nacionalismo ufanista. b) “urubus rasantes”.
e) mortalidade galopante gerada pela miséria na zona rural. c) “logo em concílio”.
RESOLUÇÃO: d) “azul do pasto”.
A época em que “Fazenda” foi publicado foi um dos momentos e) “em liga”.
mais críticos da Guerra Fria, tensão política entre Estados Unidos,
RESOLUÇÃO:
capitalista, e União Soviética, socialista, mas, em Lição de Coisas,
A palavra liga significa “união”, que, no contexto do poema, é
retomam-se aspectos existenciais de Drummond (1902-1987) na
sexual, o que é uma subversão, pois carnaliza a pastoral, o
sua vida anterior. Há alusão ao final da adolescência na zona rural
panorama rural de “Fazenda”. [Competência 6, Habilidade 18 das
mineira. [Competência 5, Habilidade 15 das Matrizes do ENEM.]
Matrizes do ENEM.]
Resposta: C
Resposta: E
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As subversões que “Fazenda” apresenta com relação à (MODELO ENEM) – Por ser altamente sugestiva, a poesia
tradição lírica fazem-no um típico poema modernista. Ainda privilegia o uso da linguagem conotativa. O que não impede
assim, seu ritmo é regular, com versos de duas medidas e que utilize também linguagem denotativa, com se nota em
rimas distribuídas com regularidade. Quais as medidas dos a) “Retiro ficava longe / do oceanomundo”.
versos e como são distribuídas as rimas? b) “Ninguém sabia da Rússia / com sua foice”.
RESOLUÇÃO: c) “Mulher, abundavam negras / socando milho”.
Em “Fazenda”, os versos ímpares têm sete sílabas métricas d) “A morte escolhia a forma / breve de um coice”.
(redondilhos maiores ou heptassílabos) e os pares, quatro. Os
versos pares, de dois em dois, rimam entre si; os ímpares não são
e) “O amor das éguas rinchava / no azul do pasto”.
rimados. RESOLUÇÃO:
Nas alternativas a, b, d e e, há linguagem figurada: metáfora (a),
metonímia (b), prosopopeia ou personificação (d e e) e metonímia
(e, na expressão “azul do pasto”, em que “azul” representa o
céu). [Habilidade 6, Competência 18 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: C
PORTUGUÊS 183
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(UNICAMP) – O poeta Vinícius de Moraes, apesar de
modernista, explorou formas clássicas como o soneto abaixo,
em versos alexandrinos (12 sílabas) rimados:
SONETO DE INTIMIDADE
184 PORTUGUÊS
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Palavras-chave:
• Arcadismo • Neoclassicismo
Bocage
39 • Poesia árcade
• Poesia pré-romântica
Exercícios Resolvidos
PORTUGUÊS 185
C3_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021.qxp 26/05/2021 13:01 Página 186
Exercícios Propostos
Texto 2
(BOCAGE, Manuel du. In: BRAGA, Teófilo (org.). Gravura de Bocage feita em 1798. – Fotografia:
Obras Poéticas de Bocage. Album / Prisma / Fotoarena.
Porto: Editora Tavares Cardoso & Irmão,
1875-1876. vol. 3, p. 302.) “Camões, grande Camões, quão semelhante / Acho teu fado ao meu,
quando os cotejo!”, diz Bocage, comparando sua vida atribulada à do
poeta quinhentista.
186 PORTUGUÊS
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Texto para as questões e . b) faça um breve comentário sobre o que representa o título com
relação ao conteúdo dessa obra.
RECREIOS CAMPESTRES RESOLUÇÃO:
NA COMPANHIA DE MARÍLIA Marília de Dirceu é um conjunto de poemas que relatam o
relacionamento amoroso entre o pastor Dirceu e a pastora
Marília.
Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes! ritmadas
Olha o Tejo1 a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros2 brincar por entre as flores?
PORTUGUÊS 187
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Texto para as questões e . “(...) O meu tormento / leve me torne sempre a terra
dura.” – Explique esse trecho.
Já Bocage não sou!... À cova escura RESOLUÇÃO:
Meu estro vai parar desfeito em vento... gênio criador O eu lírico exprime o desejo de que seu sofrimento (“tormento”)
faça que a morte (“a terra dura”) seja menos terrível (seja “leve”)
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento. ofendi gravemente para ele.
Leve me torne sempre a terra dura.
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Palavras-chave:
Romantismo: • Romantismo • Pintura
Exercícios Resolvidos
Textos para os testes e . Está correto somente o que se afirma em Ou quando o morto, impressa no ataúde,
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. Guias ao cemitério;
Texto 1 Resolução Amo-te, ó cruz, até quando no vale
No poema de Garrett, nada há que revele a Negrejas triste e só,
Uns lindos olhos, vivos, bem rasgados, Núncia do crime, a que deveu a terra anun-
sensualidade do amor. Este é um sentimento
Um garbo senhoril, nevada alvura, Do assassino o pó: [ciadora
tenso, não utópico, que está destruindo o
Metal de voz que enleva de doçura,
sujeito lírico. Essas considerações desqua-
Dentes de aljôfar, em rubi cravados. Porém quando mais te amo,
lificam as afirmações II e III. Ó cruz do meu Senhor,
Resposta: A É, se te encontro à tarde,
Fios de ouro, que enredam meus cuidados,
Antes de o Sol se pôr.
Alvo peito, que cega de candura,
(UNIFESP – modificado – MODELO (Alexandre Herculano)
Mil prendas; e (o que é mais que formosura)
ENEM) – No processo de comunicação, a
Uma graça, que rouba mil agrados.
linguagem pode assumir diferentes funções. Entre as características românticas a
Considerando esse dado, é correto dizer que, seguir, qual delas pode ser encontrada no
Mil extremos de preço mais subido poema de Herculano?
nos versos de Garrett, predomina a função
Encerra a linda Márcia, a quem of’reço a) evasão na natureza.
a) metalinguística, com o jogo entre o
Um culto, que nem dela inda é sabido. b) idealização da figura feminina.
espiritual e o profano.
c) sentimento religioso.
b) conativa, com a abordagem de uma
Tão pouco de mim julgo que a mereço, d) evasão na ideia de morte e libertação.
manifestação suavizada de amor.
Que enojá-la não quero de atrevido e) retorno ao passado medieval.
c) referencial, com o privilégio da expressão
Coas penas que por ela em vão padeço. Resolução
de maneira racional.
(Filinto Elísio, poeta árcade) O poema “A Cruz Mutilada”, como o próprio
d) emotiva, com a preocupação em dar vazão
título indica, versa sobre um dos símbolos
ao subjetivismo.
Texto 2 mais expressivos do Cristianismo, eviden-
e) fática, com a ênfase aos recursos sonoros
ciando-se o apego religioso de Herculano.
ESTE INFERNO DE AMAR para manter a comunicação.
Resposta: C
Resolução
Este inferno de amar — como eu amo! — O eu lírico extravasa seus sentimentos e emo- Sobre o poema transcrito, assinale a
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi? ções, representados graficamente pela exclama- alternativa incorreta.
Esta chama que alenta e consome, ção, reticências e a interjeição “ai”, no último a) Na primeira estrofe, os versos ímpares
Que é a vida — e que a vida destrói — verso. O subjetivismo também é marcado pela têm dez sílabas métricas, ao passo que os
Como é que se veio a atear, escolha lexical — “inferno de amar”, “que a vida pares têm seis.
destrói”, “atear” —, que exprime descome- b) São frequentes as inversões na posição
Quando — ai quando se há de ela apagar?
dimento na expressão do sofrimento amoroso. dos termos das frases (hipérbato); por
(Almeida Garrett, poeta romântico)
Resposta: D exemplo: “no vértice firmada / De
I. No poema de Almeida Garrett, o amor é Texto para os testes e . c) Todos os versos pares rimam, ainda que
com sonoridade diversificada, e os versos
apresentado como um sentimento que A CRUZ MUTILADA ímpares são brancos (sem rima).
acontece na vida de alguém independen- (fragmentos) d) Em “Ou quando o morto, impressa no
temente de sua vontade.
ataúde, / Guias ao cemitério”, ocorre
II. No poema de Filinto Elísio, vê-se que o Amo-te, ó cruz, no vértice firmada personificação (ou prosopopeia) da cruz.
amor não se realiza fisicamente; no de De esplêndidas igrejas; e) O eu lírico expressa seu amor à cruz,
Garrett, explora-se o amor pelo seu Amo-te quando à noite, sobre a campa, dirigindo-se a ela (“ó cruz”); esse recurso
aspecto físico e sensual. Junto ao cipreste alvejas; de invocação do interlocutor corresponde à
III. Tanto no poema de Filinto Elísio quanto no Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos, figura de linguagem chamada apóstrofe.
de Almeida Garrett, há uma linha tênue As preces te rodeiam; Resolução
entre o utópico e o real, resultando numa Amo-te quando em préstito festivo procissão Os versos pares são rimados, mas as rimas
visão de amor sôfrega e intensa, prestes a As multidões te hasteiam; variam (o verso 2 rima com o 4; o 6 com o 8,
tomar formas plenas na realidade vivida Amo-te erguida no cruzeiro antigo, o 10 com o 12...).
pelos amantes. No adro do presbitério, pátio Resposta: C
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Exercícios Propostos
(MODELO ENEM) – Entre as regras da pintura estava a (MODELO ENEM) – Há quem chame o Romantismo de
preocupação em apresentar como temas episódios tanto da “Escola de 89”, pois é fruto não só das esperanças quanto à
mitologia clássica quanto da Bíblia, ou então retratos (o que Revolução Francesa, deflagrada em 14 de julho de 1789, mas
incluía autorretratos). Numa categoria menos nobre se também da decepção em relação ao cumprimento dos ideais
encontrava a retratação de paisagens. Nesse aspecto, apregoados por esse movimento político-social. A Jangada da
A Jangada da Medusa mostra-se inovador por Medusa pode ser visto como uma representação desse tempo
a) fundir a mitologia à paisagem marítima e ao retrato de porque metaforiza
pessoas. a) a crítica à diferenciação de classes.
b) expor um exemplo de como os fatos históricos são b) o tumulto das transformações políticas.
manipuláveis. c) a derrocada dos sonhos de uma época.
c) diminuir a influência da mitologia e da história na arte d) o retorno dos ideais do liberalismo.
pictórica. e) a falência do sistema monárquico.
d) enfocar um acontecimento verídico, do mundo real e RESOLUÇÃO:
Uma interpretação mais imediata qualificaria essa obra como
imediato.
uma metáfora da derrocada do corrupto e ineficiente Estado
e) misturar o plano pessoal do artista ao do contexto de sua francês, após a queda de Napoleão. Entretanto, uma análise mais
sociedade. aprofundada possibilitaria uma interpretação mais ampla,
RESOLUÇÃO: atribuindo ao trabalho de Géricault a capacidade de representar o
A inovação de A Jangada da Medusa está na sua liberdade momento romântico, época em que a civilização europeia, à
temática, pois trata-se de um quadro que enfoca um deriva, sentia o “naufrágio”, o desmanche de seus sonhos, de
acontecimento verídico, do mundo real e imediato, bem diferente seus ideais. [Competência 4, Habilidade 13 das Matrizes do
dos temas bíblicos ou clássicos, considerados mais nobres, mas, ENEM.]
em contrapartida, distantes do universo concreto do apreciador. Resposta: C
(É interessante lembrar que, antes desse quadro, outros foram
feitos que retratavam naufrágios também, mas nenhum deles
ousou destacar esse tema com tanta grandiosidade, como fez a
obra de Géricault, nas dimensões de 4,91 m x 7,16 m.)
[Competência 4, Habilidade 13 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: D
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(MODELO ENEM) – Na metade direita do quadro, há um (MODELO ENEM) – Na metade inferior esquerda,
acúmulo de figuras humanas, compondo uma forma chamada encontra-se um velho de costas para toda a agitação da cena e
Pirâmide da Esperança. Tal nome se justifica pelo fato de essa segurando o cadáver de seu filho. No contexto do quadro, esse
construção apresentar indivíduos que reúnem suas últimas gesto simboliza
forças para chamar a atenção do navio Argus. Quando se tenta a) a incapacidade de análise e a dedicação a questões
localizar essa embarcação salvadora, percebe-se a ideia políticas.
comum ao Romantismo de que a esperança é b) a emotividade sóbria e o estereótipo do conflito de
a) fruto do acúmulo dos esforços coletivos. gerações.
b) marcada pelo caráter entre possível e ilusório. c) a recusa ao presente e ao futuro e o mergulho na
c) premiada pelo trabalho contínuo e tenaz. melancolia.
d) sustentada pela morte de vítimas e heróis. d) a oposição ao clássico e o fracasso dos ideais modernos.
e) resultado de períodos mergulhados em crises. e) a materialização do passado e a anulação do contexto
RESOLUÇÃO: histórico.
Um dos aspectos mais dramáticos e angustiantes do quadro é
RESOLUÇÃO:
que ele enfoca a esperança, representada pelo navio Argus, como
O fato de a personagem estar de costas para a agitação do
algo possível, que facilmente pode ignorar os náufragos — como
episódio representa claramente um gesto de recusa ao que está
já havia acontecido dias antes —, ou seja, escapar, fugir do
acontecendo. A perda do filho mergulhou-o numa situação tal de
alcance deles. É algo ilusório, quase irreal, pois mal pode ser vista
desespero, que o faz ignorar a possibilidade de salvação. Opondo-se,
no horizonte. [Competência 4, Habilidade 13 das Matrizes do
portanto, ao presente e ao futuro, seu olhar desliga-se do
ENEM.]
momento imediato e perde-se nostalgicamente talvez para a
Resposta: B
época feliz em que seu filho estava vivo. [Competência 4,
Habilidade 13 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: C
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Palavras-chave:
Almeida Garrett e • Romantismo em Portugal
41 Alexandre Herculano • Prosa romântica portuguesa
Exercícios Resolvidos
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Exercícios Propostos
(MODELO ENEM) – O Romantismo desenvolveu uma Deve-se notar, ainda, que os dois últimos versos de cada estrofe,
tendência nacionalista voltada para a cultura popular. Tal pode que funcionam como refrão, podem ser entendidos como um só,
ser percebida em “Barca Bela” não só pela presença de uma tornando-se também um redondilho:
personagem pertencente a um estrato social humilde, como Que é / tão / be / la Ó / pes / ca / dor
também pelo uso de linguagem 1 2 3 4 5 6 7
a) medievalizante, com formas verbais arcaicas.
Trata-se, no caso, de redondilhos maiores, pois os versos têm sete
b) simples, com traços próximos do padrão coloquial.
sílabas métricas.
c) clássica, com muitas referências à mitologia greco-romana.
d) musicalizada, com utilização de rimas variadas. [Competência 5, Habilidade 16 das Matrizes do ENEM.]
e) regional, com léxico característico do campesinato. Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Não se nota, em “Barca Bela”, um largo emprego, por exemplo,
de hipérbatos e metáforas, elementos comumente associados à
poesia. Ao contrário, a linguagem é simples, próxima da fala do
povo, o que atende à proposta de valorização da cultura popular.
[Competência 5, Habilidade 16 e Competência 8, Habilidade 26
das Matrizes do ENEM.]
Resposta: B
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(MODELO ENEM) – O aproveitamento de elementos do As sereias aparecem pela primeira vez na literatura no
repertório popular não impede que “Barca Bela” apresente um poema Odisseia, de Homero, do século VIII ou VII a.C. Nesse
trabalho sofisticado com a linguagem. Essa elaboração refinada poema, o herói, Ulisses, tendo de passar com seu navio ao
pode ser percebida por meio de figuras de linguagem do lado da ilha das sereias — seres terríveis, que seduzem os
campo sonoro, como homens com seu canto, atraem e destroem-nos —, faz que
todos os seus marinheiros tapem os ouvidos com cera. Quanto
a) onomatopeia e refrão.
a si mesmo, Ulisses manda que o amarrem ao mastro do
b) rima e ausência de ritmo.
navio, com os ouvidos livres. Qual a diferença entre a atitude
c) aliteração e paronomásia.
de Ulisses e aquela que o eu lírico do poema de Garrett
d) assonância e antítese. recomenda ao pescador?
e) metáfora e personificação. RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: Ulisses quer ouvir o canto das sereias, chegando o mais próximo
Existe aliteração em “Barca Bela, não se enReDe a ReDe nela / que possível delas, mas evitando o perigo de ser arrastado pela
perDiDo é Remo e vela” e paronomásia (= trocadilho) em “se sedução, pois toma o cuidado de fazer que o amarrem ao mastro.
vela” / “colhe a vela” e “enrede” / “rede”. [Competência 6, No poema de Garrett, o conselho é para que o pescador nem se
Habilidade 18 das Matrizes do ENEM.] aproxime do perigo que a sereia representa, não devendo, assim,
Resposta: C expor-se à beleza de seu canto. Porém, ao que parece, o pescador
vai ao encontro da atraente e perigosa sereia.
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(MODELO ENEM) – Em “Barca Bela”, Almeida Garrett, (MODELO ENEM) – Muitas das narrativas de cunho
autor do Romantismo, resgatou elementos da cultura popular. popular costumam apresentar uma moral, uma intenção de
Em “A Dama do Pé Cabra”, Alexandre Herculano, outro ensinamento. Nesse aspecto, “Barca Bela” e “A Dama do Pé
romântico, também realizou essa retomada, mantendo uma de Cabra” se assemelhariam, pois funcionariam como uma
relação com a literatura de transmissão oral, como se vê na advertência sobre a possibilidade de
referência ao jogral e também, na exposição do texto, na a) a relação entre homem e mulher mostrar-se instável.
personagem que se caracteriza pela b) o sobrenatural conseguir atrapalhar uma união amorosa.
a) realidade do ato da fala. c) o encanto provocado pela beleza feminina ser danoso.
b) pontuação expressiva. d) o desprezo às regras religiosas levar à perdição da alma.
c) crença no sobrenatural. e) a sabedoria adquirida pelos antigos revelar-se falível.
d) exaltação da nobreza. RESOLUÇÃO:
e) argumentação em diálogo. “A Dama do Pé de Cabra” representa a beleza sedutora,
misteriosa e destrutiva que, no poema de Garrett, é simbolizada
RESOLUÇÃO: na figura da sereia. Portanto, os dois textos servem como
A realidade da transmissão de uma tradição por meio da literatura advertência a respeito dos perigos que a encantadora beleza
oral é percebida já no início do excerto apresentado (“[A]ssentai-vos feminina pode provocar. [Competência 7, Habilidade 22 das
aqui ao lar, bem juntos ao pé de mim, e contar-vos-ei”), em que se Matrizes do ENEM.]
imita uma situação de fala. Outro trecho em que esse fenômeno Resposta: C
se repete é o final da primeira parte, em que o narrador pede
silêncio: “Silêncio profundíssimo; porque vou principiar.”
[Competência 6, Habilidade 18 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: A
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Palavras-chave:
Exercícios Resolvidos
Texto para os testes e . (MACKENZIE) – De acordo com o texto, (MACKENZIE) – Assinale a alternativa
a) o amor de Simão e Teresa é visto pelo correta.
Amava Simão uma sua vizinha, menina de narrador como uma brincadeira de criança. a) A analogia presente no terceiro parágrafo
quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita b) o amor de Simão e Teresa, caracterizado corresponde a um argumento do narrador para
e bem-nascida. Da janela do seu quarto é que como “amor à primeira vista”, foi intenso provar a afirmação “Enganam-se ambos”.
ele a vira pela primeira vez, para amá-la sempre. no início, mas não durou muito. b) A analogia presente no terceiro parágrafo
Não ficara ela incólume da ferida que fizera no c) Teresa, aos quinze anos, amava como uma contradiz a afirmação “Enganam-se ambos”.
coração do vizinho; amou-o também, e com “avezinha que ensaia o voo fora do ninho”. c) A analogia presente no terceiro parágrafo
d) o caso de amor entre Simão e Teresa
mais seriedade que a usual nos seus anos. retoma e confirma a afirmação feita por
quebrou as expectativas do narrador com
Os poetas cansam-nos a paciência a fala- poetas e prosadores.
relação a namoros de juventude.
rem do amor da mulher aos quinze anos, d) O último parágrafo do texto exemplifica a
e) o amor de Simão e Teresa é prova de que
como paixão perigosa, única e inflexível. analogia usada pelo narrador no terceiro
os poetas e prosadores estão enganados
Alguns prosadores de romances dizem o parágrafo.
com relação aos relacionamentos juvenis.
mesmo. Enganam-se ambos. e) O último parágrafo contesta, ironicamente,
Resolução
O amor dos quinze anos é uma a afirmação feita pelo narrador no primeiro
No terceiro parágrafo, o narrador descreve o
brincadeira; é a última manifestação do amor parágrafo.
que seria a norma para os namoros de juven-
às bonecas; é a tentativa da avezinha que Resolução
tude: uma brincadeira. No último parágrafo,
ensaia o voo fora do ninho, sempre com os porém, ele apresenta o amor de Teresa como A analogia, caracterizadora do amor dos quinze
olhos fitos na ave-mãe, que a está da fronde exceção à regra dos superficiais e passageiros anos como uma brincadeira, reforça a afirma-
próxima chamando: tanto sabe a primeira o amores “dos quinze anos” — ideia, aliás, já ção, no parágrafo anterior, “Enganam-se
que é amar muito, como a segunda o que é anunciada no final do primeiro parágrafo. ambos”, que refuta a opinião de poetas e pro-
voar para longe. Quebram-se, portanto, “as expectativas do sadores segundo a qual o amor de juventude
Teresa de Albuquerque devia ser, porven- narrador com relação a namoros de seria “paixão perigosa, única e inflexível”. Tal
tura, uma exceção no seu amor. juventude”. símile serve, portanto, como argumentação.
(Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição) Resposta: D Resposta: A
Exercícios Propostos
Texto para o teste . chamando: tanto sabe a primeira o que é amar muito, como
Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze a segunda o que é voar para longe.
anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma
Da janela do seu quarto é que ele a vira pela primeira vez, exceção no seu amor.
para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que
(BRANCO, Camilo Castelo. Amor de Perdição.
fizera no coração do vizinho; amou-o também, e com
Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.]. p. 21-22.)
mais seriedade que a usual nos seus anos.
Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor
da mulher aos quinze anos, como paixão perigosa, única (MODELO ENEM) – Camilo Castelo Branco é um escritor
e inflexível. Alguns prosadores de romances dizem o bastante peculiar porque, ao mesmo tempo em que segue as
mesmo. Enganam-se ambos. convenções do Romantismo, o que lhe garantiu sucesso entre
O amor dos quinze anos é uma brincadeira; é a última o grande público, soube também quebrá-las. É o que se
manifestação do amor às bonecas; é a tentativa da percebe no texto transcrito, quando o narrador
avezinha que ensaia o voo fora do ninho, sempre com os a) adota um estilo emotivo, que o faz dispensar a lógica na
olhos fitos na ave-mãe, que a está da fronde próxima exposição de argumentos.
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(MODELO ENEM) – Outra inadaptação que Simão Botelho Leia um trecho do prefácio da quinta edição portuguesa do
demonstra em sua carta diz respeito aos grupos sociais a que romance Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, e
ele deveria estar vinculado. Essa propensão para a responda à questão :
inadequação é captada em
a) “eu não posso já lutar”. (...) Eu não cessarei de dizer mal desta novela que tem a
b) “Há um segredo que só no sepulcro se sabe”. boçal inocência de não devassar alcovas, a fim de que as
c) “Abomino a pátria, abomino a minha família”. senhoras a possam ler nas salas, em presença de suas
d) “todo este solo está aos meus olhos coberto de forcas”. filhas ou de suas mães, e não precisem de esconder-se
e) “nem a liberdade com a opulência”. com o livro no seu quarto de banho. Dizem, porém, que o
RESOLUÇÃO: Amor de Perdição fez chorar. Mau foi isso. Mas agora,
Quando Simão declara que abomina a pátria e a família, ele revela como indenização, faz rir: tornou-se cômico pela seriedade
que não se sente parte dessas duas instituições sociais básicas. antiga (...).
Mostra-se, portanto, um inadaptado. [Competência 5, Habilidade 16
das Matrizes do ENEM.] E por isso mesmo se reimprime. O bom senso público
Resposta: C relê isto, compara com aquilo e vinga-se barrufando1 com
frouxos de riso2 realista as páginas que há dez anos
aljofarava3 com lágrimas românticas.
1 – Barrufar: borrifar.
2 – Frouxo de riso: ataque de riso prolongado que não se consegue
conter.
3 – Aljofarar: salpicar com pequenas gotas.
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O prédio histórico em que atualmente funciona o Centro Português de Fotografia, no Porto, antigamente era
a Cadeia da Relação. Camilo Castelo Branco esteve preso nela por ter seduzido e raptado aquela que tempos
depois se tornaria sua esposa: Ana Augusta Vieira Plácido.
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Palavras-chave:
Gonçalves Dias:
• Poesia romântica brasileira
43 poesia indianista • Indianismo • “I-Juca Pirama”
Exercícios Resolvidos
A feição deles é serem pardos, maneira (FATEC – adaptado – MODELO ENEM) – (FATEC – modificado – MODELO ENEM) –
d’avermelhados, de bons rostos e bons A literatura brasileira, de uma forma ou de As escolas literárias não são categorias
narizes, bem feitos. Andam nus, sem outra, sempre manteve relação com a estanques, ou seja, radicalmente separadas
nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma europeia. Por causa disso, de acordo com o entre si. Por isso, é natural que o poema
cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E texto, o indianismo, em nossas letras, acima, do Romantismo, apresente também
estão acerca disso com tanta inocência como a) procurou ser uma cópia dos modelos euro- características do
peus. a) Barroco, pela metaforização cultista obtida
têm em mostrar o rosto.
b) adaptou a realidade brasileira aos modelos na referência a “luar”, “vales”, “bosque”
(Pero Vaz de Caminha, A Carta.
europeus. e “perfumes”.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
c) depreciou a literatura ocidental para
Acesso em: 15 maio 2020.) b) Trovadorismo, pela retomada do tema da
valorizar a tradição brasileira.
espera amorosa, típico das cantigas de
Ao se estabelecer uma
d) deformou a tradição brasileira para adaptá-la
à literatura ocidental.
amigo medievais.
relação entre a obra de c) Classicismo, pela maneira platônica com
e) procurou adaptar os modelos europeus à
Eckhout e o trecho do que é trabalhada a saudade que o eu lírico
realidade local.
texto de Caminha, conclui-se que Resolução sente da pessoa amada.
a) ambos se identificam pelas características O texto de Antônio Cândido refere-se à inserção d) Neoclassicismo, pela referência a uma
estéticas marcantes, como tristeza e de temas e atitudes da literatura romântica natureza agradável que permite o ideal do
melancolia, do movimento romântico das ocidental na realidade local, tratando-os como carpe diem.
artes plásticas. próprios de uma tradição brasileira. Segundo o e) Arcadismo, pela valorização de um
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, crítico, a realidade local foi subordinante e os universo alheio às mudanças provocadas
representando-o de maneira realista, ao modelos europeus foram adaptados a ela. A pela urbanização moderna.
passo que o texto é apenas fantasioso. alternativa b, que pode ter confundido o aluno, Resolução
c) a pintura e o texto têm uma característica inverte a relação subordinante-subordinado, A alternativa b é a única que contempla
como proposta no fragmento transcrito. corretamente uma característica relevante do
em comum, que é representar o habitante
Resposta: E poema gonçalvino: a presença de um eu lírico
das terras que sofreriam processo
feminino — à maneira das cantigas de amigo
colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no
Texto para o teste . da tradição medieval portuguesa — que
aguarda o retorno do amado. Mas,
contraste entre a cultura europeia e a LEITO DE FOLHAS VERDES diferentemente da espontaneidade dos
cultura indígena.
cantares de amigo, o poema de Gonçalves
e) há forte direcionamento religioso no texto Por que tardas, Jatir, que tanto a custo Dias resulta de uma sofisticada elaboração
e na pintura, uma vez que o índio À voz do meu amor moves teus passos? imagética, ocultando, sob o ritmo prosaico dos
representado é objeto da catequização Da noite a viração, movendo as folhas, versos brancos, requintados jogos sonoros.
jesuítica. Já nos cimos do bosque rumoreja. Resposta: B
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Exercícios Propostos
“I-Juca Pirama”1 exemplifica perfeitamente, na obra de
(MODELO ENEM) – Os versos de Gonçalves Dias
Gonçalves Dias, a idealização heroica do selvagem. O poema marcam-se pelo ritmo ágil e pela linguagem precisa; pela
narra a história de um guerreiro tupi que, aprisionado pelos brevidade e pela cadência fortemente marcada; pelo equilíbrio
Timbiras, deve morrer em uma cerimônia antropófaga. Os entre expressão e construção, entre forma e conteúdo. Um
seguintes versos fazem parte de seu canto de morte, momento dos fatores que contribuem para esse efeito estético é a
métrica, que apresenta
em que o prisioneiro, preparado para sua morte — com a cabeça
a) sete sílabas métricas (heptassílabos).
raspada e o corpo pintado —, revela quem é a seus algozes:
b) cinco sílabas métricas (pentassílabos).
c) oito sílabas métricas (octossílabos).
IV
d) quatro sílabas métricas (tetrassílabos).
Meu canto de morte, e) cinco e seis sílabas métricas (pentassílabos e hexassílabos).
Guerreiros, ouvi: RESOLUÇÃO:
Sou filho das selvas, Os versos são redondilhos menores (cinco sílabas), com
Nas selvas cresci; tonicidade na segunda e quinta sílabas. [Competência 5,
Habilidade 16 das Matrizes do ENEM.]
Guerreiros, descendo Resposta: B
Da tribo Tupi.
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206 PORTUGUÊS
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Humilhado, o índio da nação Tupi volta para o pai que, tocan- RESOLUÇÃO:
do sua pele e seu crânio, descobre que o filho fora libertado da A ideia de que homem não deve chorar de medo em qualquer
situação, principalmente diante de estranhos.
morte heroica por sua causa. Ambos retornam à presença dos
Timbiras, pois o pai deseja que prossigam no ritual, a fim de
que o filho morra como um valente. No entanto, fica sabendo
que o rapaz fora rechaçado porque chorara como um covarde.
O pai, então, lança uma terrível maldição sobre o filho:
VIII
(...)
PORTUGUÊS 207
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(...)
(...)
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Palavras-chave:
Um clássico romântico: a “Canção • Canção do exílio gonçalvina
Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
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A seguir, leia a “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias e res- Faça a escansão dos quatro versos da segunda estrofe.
ponda ao que se pede. Quantas sílabas métricas elas possuem?
RESOLUÇÃO:
Texto para as questões de a . No sso céu tem mais es tre
1 2 3 4 5 6 7
CANÇÃO DO EXÍLIO No ssas vár zeas têm mais flo
1 2 3 4 5 6 7
Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn, No ssos bos ques têm mais vi
1 2 3 4 5 6 7
Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühn,
No ssa vi da mais a mo
Kennst du es wohl?
1 2 3 4 5 6 7
— Dahin, dahin!
Möcht’ich... ziehn1.
Os versos são redondilhos maiores ou heptassílabos.
(Goethe)
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No texto, há contraposição entre dois advérbios: cá e lá. O (MODELO ENEM) – Epígrafe é uma breve citação
que significa cada um desses lugares para o eu lírico? colocada no início de um texto e que tem como função resumir
RESOLUÇÃO: ou situar o que se vai ler. Em “Canção do Exílio”, ela se
O advérbio “lá” é a pátria (ou o Brasil), lugar de existência configura na utilização de versos do poeta alemão Goethe,
exuberante; o advérbio “cá” representa o exílio (ou Portugal),
marcado pela carência e pela saudade.
preparando o leitor para a aceitação da ideia de que
a) a pátria cantada no poema é fabulosa.
b) a cultura alemã se assemelha à brasileira.
c) a literatura europeia valida a americana.
d) a civilização moderna eliminará a natureza.
e) a idealização romântica repele o sonho.
RESOLUÇÃO:
A epígrafe utilizada por Gonçalves Dias apresenta um país dos
sonhos, um lugar fabuloso. Serve, portanto, para antecipar ao
leitor a abordagem que o eu poemático fará em “Canção do
Exílio”: a pátria, da qual sente saudade, é um local fantástico, em
que os céus têm mais estrelas, as várzeas têm mais flores, os
bosques têm mais vida, a vida tem mais amores. [Competência 6,
Habilidade 18 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: A
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(...)
O poema de Gonçalves Dias sempre foi valorizado por sua
economia, sua sobriedade e contenção emocional. O mesmo
não acontece no poema de Casimiro de Abreu, que é
Quero sentar-me à beira do riacho
“derramado”, ou seja, não é nada “enxuto” ou econômico.
Das tardes ao cair,
Entre os pontos mais fracos do poema, podem-se mencionar:
E sozinho, cismando no crepúsculo, 1) uma cacofonia, ou combinação de sons desajeitada, na
Os sonhos do porvir! primeira estrofe e na última, e 2) uma rima que, no Brasil, fica
um pouco ridícula, pois depende de as palavras que participam
(...) dela serem pronunciadas à maneira lusitana. Indique os
trechos do texto correspondentes aos dois pontos indicados.
Se eu tenho de morrer na flor dos anos, RESOLUÇÃO:
Meu Deus! não seja já; 1) “... seJA JÁ” (primeira e última estrofes) e 2) “tem” / “mãe”,
~ ~
pronunciadas tá l e má l (terceira estrofe). [O leitor percebe que
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
essas palavras devem rimar porque os versos 2 e 4 rimam em
Cantar o sabiá! todas as estrofes.]
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Exercícios-Tarefa
Módulo 49 – Advérbio (II) c) A palavra literalmente costuma ser mal empregada por
muita gente.
d) Estão caminhando mal as reformas políticas no Brasil.
Texto para as questões de a . e) Mal refeito da gripe, entrou em campo debilitado.
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b) enigmático, usando uma frase nominal, o que é incomum c) O narrador admite sua fragilidade e timidez em oposição à
na linguagem jornalística. segurança e destemor a Capitu.
c) crítico, apesar de o texto conter pelo menos dois elogios d) O último parágrafo reforça, por meio de antíteses, as
ao Brasil. atitudes contrastantes das personagens.
d) cômico, baseado na comparação entre a capital imperial e e) Os tempos verbais indicam que os fatos narrados são
duas cidades europeias. reminiscências da juventude do narrador.
e) ambíguo, tendo em vista os sentidos denotativo e
conotativo da expressão na fossa. Há no fragmento de Machado de Assis exemplos de
prosopopeia. Verifica-se o emprego dessa figura de linguagem
(BARRO BRANCO) – Considerado o contexto, o advérbio na personificação do termo
então pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido, pela a) beijo.
expressão b) palavras.
a) nesse caso. c) silêncio.
b) naquela época. d) coração.
c) nesses lugares. e) artigo.
d) consequentemente.
e) realmente. O trecho “eis aqui um que não fará grande carreira no
mundo, por menos que as emoções o dominem...” é exemplo de
Classifique os advérbios ou locuções adverbiais das frases a) discurso direto.
que se seguem. Sublinhe a palavra ou oração que o advérbio b) discurso indireto.
ou locução adverbial está modificando. c) discurso indireto livre.
a) Indubitavelmente, o fato abalaria a pacata cidade. d) monólogo interior.
b) O encontro era muito esperado, pois acontecia raramente. e) discurso dramático.
c) Seus sucessos se tornariam absolutamente impossíveis
diante das circunstâncias aterradoras. Texto para as questões e .
d) “Passava-se isto na Rua da Lapa, em 1870.” (Machado de
Assis) Olhou as células arrumadas na palma, os níqueis e as
e) “E foi por ali, no mesmo tom zangado, fuzilando pratas, suspirou, mordeu os beiços. Nem lhe restava o direito
ameaças...” de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse, desocuparia a
terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos pequenos e os
cacarecos. Para onde? Hem? Tinha para onde levar a mulher e
Módulo 50 – Personagens e fala interior da os meninos? Tinha nada!
personagem (Graciliano Ramos, Vidas Secas)
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Por que surgem em mim essas sedes estranhas? A chuva Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice
e as estrelas, essa mistura fria e densa me acordou, abriu as Lispector, para responder às questões de a .
portas de meu bosque verde e sombrio, desse bosque com
cheiro de abismo onde corre água. E uniu-o à noite. Aqui junto Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade? Eu
à janela, o ar é mais calmo. Estrelas, estrelas, rezo. A palavra passava pela rua depressa, emaranhada nos meus
estala entre meus dentes em estilhaços frágeis. Porque não pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu
vem a chuva dentro de mim, eu quero ser estrela. Purificai-me vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia.
um pouco e terei a massa desses seres que se guardam atrás Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura.
da chuva. Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno
(Clarice Lispector, davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no
Perto do Coração Selvagem) degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas
palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente
(ESPM – adaptada) – O trecho dado apresenta como aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes
característica: de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida
a) a introspecção psicológica tradicional que apresenta, de eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que
forma linear no espaço e no tempo, a interiorização do me ceifara os pensamentos.
universo mental da personagem. – Um doce, moça, compre um doce para mim.
b) o monólogo interior que introduz, de forma lógica e Acordei finalmente. O que estivera eu pensando antes de
coerente, uma descrição minuciosa e objetiva dos estados encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu
da alma. cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir para
c) o fluxo da consciência que quebra os limites espaço- qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode matar
temporais, cruzando planos narrativos, sem preocupação
a sede de quem queria uns goles de água.
com a lógica ou a ordem.
Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer
d) o discurso indireto que veicula, através do narrador, as
espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum
falas das personagens.
conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com
e) o discurso indireto livre que funde o pensamento da
uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o
personagem com a narrativa em terceira pessoa.
menino.
(A descoberta do mundo, 1999)
Texto para a questão .
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Sobre as interjeições, é incorreto afirmar que (MACKENZIE – corrigida) – Assinale a alternativa correta
a) exprimem emoções e sentimentos repentinos. sobre o efeito de humor presente no texto.
b) podem apresentar, em contextos diferentes, sentidos a) Concentra-se nas especificidades de pronúncia das perso-
variados. nagens.
c) são simples emissões de voz e não têm significado. b) Constrói-se a partir da exploração de dois dos significados
d) são palavras invariáveis.
do objeto (complemento) do verbo “tocar”.
e) podem substituir frases logicamente organizadas.
c) Compõe-se a partir do significado que, nas áreas rurais do
Brasil, se atribui ao verbo “entender”.
Associe as colunas, traduzindo a palavra sublinhada, e
d) Deriva do fato de Rosinha dominar, melhor do que Chico
indique a alternativa correta.
I. ( ) Psiu! Não faça barulho. Bento, a língua portuguesa.
II. ( ) Puxa! Como você é forte! e) Constrói-se a partir da ridicularização do falar e da cultura
III. ( ) Oh! Ainda bem que você se lembrou! do homem do campo.
IV. ( ) Hem? Ela finalmente conseguiu o emprego?
V. ( ) Socorro! Caí em um buraco! (MACKENZIE) – Além da pronúncia “ocê”, é possível
encontrar, entre os diferentes grupos de falantes do português
a) “É notável” do Brasil, as formas “cê” e “você”. Considere os enunciados
b) “Silêncio” abaixo e assinale a alternativa correta a respeito deles.
c) “Acudam-me” I. “Você vem conosco?”
d) “O que você está dizendo?”
II. “Trouxe este presente para você.”
e) “Que bom!”
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(UNIP) – Em “Como o frio era grande, aproximou-as das Módulo 59 – Gênero textual: crônica
labaredas”, a primeira oração indica circunstância adverbial de
a) causa. Texto para o teste .
b) condição.
O JIVARO
c) concessão.
d) comparação.
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à
e) conformidade.
América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um índio
jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela
(UNIP) – Transformando-se o período composto por
ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações,
coordenação “A briga era sonho, mas Fabiano acreditava nela” e o índio lhe disse que exatamente ele tinha contas a acertar
em composto por subordinação, obtém-se, mantendo as com um inimigo.
relações lógicas: O Sr. Matter:
a) Desde que não acreditassem nela, a briga era sonho. — Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de
b) Apesar de Fabiano acreditar nela, a briga era sonho. um macaco.
c) Já que acreditava nela, a briga era sonho. E o índio:
d) A briga era sonho quando Fabiano acreditava nela. — Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!
e) Conforme Fabiano acreditava nela, a briga era sonho. (Rubem Braga)
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08 lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava Módulo 62 – Conjunção (II)
09 pela maré e a maré entrava pela marola. A marola
10 vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes Texto para as questões de a .
11 tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda
12 mais a imagem. Três lagoas mexendo, esvaziando e O IMPÉRIO DAS FESTAS
13 enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção E AS FESTAS DO IMPÉRIO
14 de espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos.
(Rubem Braga) 1 O Brasil do século XIX, excluindo-se a primeira e a
2 última década, conviveu intensamente com a realeza. De
(MACKENZIE) – O texto de Rubem Braga pertence ao 3 1808 a 1889, os brasileiros acostumaram-se a ter um rei à
gênero da crônica. A partir dessa informação, considere as 4 frente da cena política. Mas se D. João, D. Pedro I, D.
5 Pedro II e a princesa Isabel – esta, quando da ausência de
seguintes afirmações:
6 seu pai – ocuparam o espaço formal do mando executivo,
I. [...] trata-se de uma tipologia literária ligada à vida
7 no dia a dia interagiram com outros reis e rainhas.
quotidiana, publicada nos veículos de comunicação, que
8 Estamos falando de uma série de personagens que
revela ao mesmo tempo uma natureza interpretativa, 9 lideravam as festas populares e que, provenientes de
podendo ter ou não valor noticioso. (Ana Maria de Sousa) 10 reinos distantes – presentes na memória dos escravos
II. [...] apresenta um texto inscrito de natureza conativa, ou 11 africanos ou nas lembranças dos saudosos colonos
seja, corresponde a uma mensagem enviada de um 12 portugueses −, povoaram o nosso assoberbado calendário
emissor a um receptor, com uma linguagem composta de 13 de festas. Oriundo de tradições diversas e de cosmologias
símbolos comuns aos asseclas. (Roger Ribeiro da Silva) 14 particulares, esse puzzle* ritual fez do Brasil o país das
III. [...] é, em sua essência, uma informação valorativa e 15 festas, o depositário de um arsenal de símbolos,
interpretativa de fatos noticiosos, atuais ou atualizados, 16 costumes e valores. Contudo, mais do que isso, tal qual
onde se narra algo ao mesmo tempo em que julga o que 17 um caleidoscópio, essas tradições não foram apenas se
18 reproduzindo, como o movimento rotineiro de um motor.
está sendo narrado. (Martin Vivaldi)
19 Ao contrário, dinamicamente, acabaram por criar festas
20 próprias e leituras originais de um material que lhes era
Assinale a alternativa correta.
21 anterior. Nesses rituais, teatralizava-se um grande jogo
a) Estão corretas as afirmações I e II. 22 simbólico e, entre outros figurantes, a realeza era
b) Estão corretas as afirmações I e III. 23 personagem frequente, porém não sempre principal.
c) Estão corretas as afirmações II e III. 24 (...)
d) Todas as afirmações estão corretas. (Lilia M. Schwarcz, Valéria M. de Macedo,
e) Nenhuma das afirmações está correta. in: As barbas do imperador: D.Pedro II,
um monarca nos trópicos.)
(MACKENZIE) – Sobre o texto “Mar”, todas as * puzzle: confusão; quebra-cabeça.
alternativas estão corretas, exceto em:
a) O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. A (FUVEST-transferência) – Com a leitura do texto, infere-
marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava (L. 10), se que a realeza, no Brasil do século XIX,
percebe-se um ritmo na construção da crônica que remete a) cedia espaço ao povo, na representação teatral e,
ao movimento do mar. consequentemente, no poder.
b) A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho L. 01), b) estava presente nas festas populares, representando
evidencia-se o princípio de uma narrativa de memória realezas fictícias.
marcada pelos verbos no pretérito perfeito e no imperfeito c) esforçava-se para fazer do país um território de festas de
do indicativo. diferentes tradições.
c) No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha d) induzia o povo a participar das manifestações culturais,
visto (L. 03-04), a partícula o reforça o tom de memória e que se tornavam oficiais.
compartilhamento, pois ela se refere exclusivamente ao e) era representada pelo rei, príncipes e princesas, que
menino que já conhecia o mar. comandavam a corte e as festas.
d) Ele nos contava que havia três espécies de mar: o mar
mesmo, a maré, que é menor que o mar, e a marola, que (FUVEST-transferência) – Considerada no contexto,
é menor que a maré (L. 04-07), o cronista vale-se da funciona como um substantivo coletivo a palavra
gradação para evidenciar a diferença entre as espécies de a) “cena” (L. 4).
mar. b) “mando” (L. 6).
e) Estava no meio de um bando enorme de meninos. Nós c) “arsenal” (L. 15).
tínhamos viajado para ver o mar (L. 02-03), depreende-se d) “costumes” (L. 16).
que as personagens não são moradoras de região praiana. e) “rituais” (L. 21).
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ao basear suas atitudes nos ensinamentos dos provérbios. xingamentos de seu tempo e de sua condição: professor,
d) um resumo de alguns provérbios originados das quem sabe? leitor de Camilo Castelo Branco.
experiências humanas e que se prestam a orientar a vida Os velhos xingamentos. Pessoas havia que se recusavam
do cidadão. a usar o trivial das ruas e botequins, e iam pedir a Rui Barbosa,
e) uma ironia em relação à diferença entre o que pregam os aos mestres da língua, expressões que castigassem
provérbios e o que realmente ocorre no dia-a-dia. fortemente o adversário. Esse material seleto vinha esmaltar
artigos de polêmica (polemizava-se muito nos jornais do
(FUVEST-transferência) – Na primeira estrofe da começo do século), discursos políticos (nos intervalos do
“Canção do Tamoio”, de Gonçalves Dias, lê-se: estado de sítio, é lógico) e um pouco os incidentes de calçada.
A maioria, sem dúvida, não se empenhava em requintes.
Não chores, meu filho;/ Não chores, que a vida/ É luta renhida: (Carlos Drummond de Andrade.
Viver é lutar./ A vida é combate,/ Que os fracos abate,/ Que os “Modos de xingar”. As palavras que ninguém diz, 2011.)
fortes, os bravos/ Só pode exaltar.
(FGV) – As passagens “— O quê?” (2.o parágrafo) e
No texto “A proverbial sabedoria humana”, ao aludir a esses “professor, quem sabe?” (6.o parágrafo) são empregadas no
versos de Gonçalves Dias (L. 5-6), o narrador texto para indicar, respectivamente:
a) equipara a situação de Sebastião de Souza e Silva à dos a) um comentário ofensivo e uma dúvida infundada.
bravos guerreiros exaltados no poema. b) uma demonstração de incompreensão e uma conjectura.
b) inverte o sentido que o poeta atribui à vida, pois, no caso, c) uma dúvida fundamentada e uma constatação.
o personagem não tinha razões para ter esperança. d) uma hipótese improvável e uma retificação.
c) critica a falta de iniciativa e de vontade de lutar de e) um revide intolerante e uma ironia.
Sebastião de Souza e Silva, por meio do apelo aos
conselhos do poeta. (FGV) – Analisando-se os modos de organização do texto,
d) busca argumentos consistentes para descrever a vida de conclui-se que prevalecem as sequências tipológicas da
um homem qualquer, sofredor, desprovido de coragem. a) narração, com a crítica no penúltimo parágrafo.
e) valoriza a situação de um homem comum e sugere a b) descrição, com o relato no penúltimo parágrafo.
possibilidade de conduzi-lo do anonimato à consagração. c) narração, com a reflexão no penúltimo parágrafo.
d) descrição, com o comentário no penúltimo parágrafo.
(FUVEST-transferência) – “... ele olhava o céu esperando e) dissertação, com o detalhamento no penúltimo parágrafo.
que o céu olhasse por ele” (L. 26-27). Depreende-se desse
trecho que, se o céu olhasse por Sebastião de Souza e Silva, (FGV) – A frase do último parágrafo do texto “A maioria,
este sem dúvida, não se empenhava em requintes” está reescrita,
a) ganharia um sanduíche todos os dias. em conformidade com a norma-padrão e com o sentido do
b) não veria mais inundações e desabamentos. texto, em:
c) comeria o verdadeiro pão que o diabo amassou. a) A maioria provavelmente não se sujeitava a requintes.
d) não precisaria dispor da enorme e desdentada boca. b) A maioria talvez não se obrigava à requintes.
e) teria dentes para comer o pão que o bombeiro lhe dera. c) A maioria realmente não se rendia em requintes.
d) A maioria certamente não se dedicava a requintes.
Texto para as questões de a . e) A maioria evidentemente não se comprometia em
requintes.
MODOS DE XINGAR
(FGV) – Na oração “— Traduzo coisa nenhuma” (5.o
— Biltre! parágrafo), o termo sublinhado pertence à mesma classe de
— O quê? palavras do termo sublinhado em:
— Biltre! Sacripanta! a) O lugar certo onde ocorreu a batida entre o Ford e o fusca
— Traduz isso para português. eu não lembro agora.
— Traduzo coisa nenhuma. Além do mais, charro! Onagro! b) O senhor do Ford proferia ofensas ao jovem do fusca,
Parei para escutar. As palavras estranhas jorravam do pensando estar fazendo o certo.
interior de um Ford de bigode. Quem as proferia era um senhor c) Para muitos, não era certo ofender com palavras simples,
idoso, terno escuro, fisionomia respeitável, alterada pela tinham que castigar.
indignação. Quem as recebia era um garotão de camisa d) Em um bate-boca, ninguém acaba falando certo, já que as
esporte; dentes clarinhos emergindo da floresta capilar, no ofensas prevalecem.
interior de um fusca. Desses casos de toda hora: o fusca bateu e) Na fala do senhor idoso, o jovem identificou certo termo
no Ford. Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório de que desconhecia.
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Módulo 65 – Conjunção (III) Com a reformulação sintática, a frase com asterisco só não
altera substancialmente o sentido de sua correspondente em
Texto para as questões de a . a) I e II. b) II e III. c) III e IV.
d) I e III. e) II e IV.
Hoje, as famílias que vivem na cidade de São Paulo
gastam uma fatia maior do orçamento com ração para o Quadrinho para a questão .
cãozinho ou o gato de estimação (0,55%) do que com o feijão
(0,39%), um alimento básico. Em contrapartida, o desembolso
com aluguel caiu pela metade nos últimos dez anos, porque OS TEMPOS TIVE QUE E ONDE
ESTÃO MUITO ARRUMAR VOCÊ
um número crescente de famílias teve acesso à casa própria. DIFÍCEIS, HAGAR! UM OUTRO TRABALHA?
Também o peso da prestação do carro zero nas despesas, EMPREGO,
DE NOITE!
triplicou no período.
(O Estado de S. Paulo – Adaptado)
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a) O sentido cômico do texto acontece por meio do desfecho Jornal da Paraíba, 14 de maio de 2011.
no último quadrinho em relação à ação da ex-mulher do
personagem. a) representa uma perspectiva equivocada sobre a
b) A comicidade é ocasionada pelo uso da imagem de um manutenção da reserva florestal no Brasil.
personagem que atende aos recursos linguísticos b) simplifica a temática ambiental sobre a polêmica do novo
sugeridos em cada quadrinho. código florestal.
c) A tira explora a contradição entre o jogo das palavras c) critica a atitude humana, em relação à preservação
“andar a pé”, “andar mancando” e “voltar correndo”. florestal do território brasileiro.
d) O sentido de humor na leitura da tirinha é provocado pelo d) humoriza o tema do novo código florestal, em relação à
equívoco da imagem do terceiro quadrinho, que apresenta exploração da vegetação no mundo inteiro.
o personagem sem a perna enfaixada. e) defende por meio da linguagem não verbal as garantias do
e) O humor da tira se deve à intertextualidade entre os direito à propriedade rural.
comandos verbais em relação ao “jogo da vida dura” e ao
modelo de um jogo popularmente conhecido. A questão refere-se à charge abaixo.
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Considerando que a internet influencia os Assinale a alternativa que contém a sequência correta.
modos de comunicação contemporânea, a a) F – F – V – V – V
charge faz uma crítica ao uso vicioso dessa b) F – V – F – V – F
tecnologia, pois c) V – F – V – V – F
a) gera diminuição no tempo de descanso, substituído pelo d) V – V – F – F – V
contato com outras pessoas. e) V – F – V – F – V
b) propicia a continuação das atividades de trabalho, ainda
que em ambiente doméstico. (UPE) – No Arcadismo brasileiro, encontram-se textos
c) promove o distanciamento nos relacionamentos, mesmo épicos, líricos e satíricos. Com base nessa afirmação, leia os
entre pessoas próximas fisicamente. textos a seguir:
d) tem impacto negativo no tempo disponível para o lazer do
casal. Texto 1
e) implica a adoção de atitudes agressivas entre os membros
de uma mesma família. Pastores, que levais ao monte o gado,
Vede lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:
FRENTE 2
Eu ando (vós me vedes) tão pesado;
Módulo 33 – Arcadismo: concepção E a pastora infiel, que me faz guerra,
burguesa da vida É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
(UPE) – Sobre a produção do Arcadismo no Brasil, analise
as afirmativas a seguir e coloque V nas verdadeiras e F nas Se a quereis conhecer, vinde comigo,
falsas. Vereis a formosura, que eu adoro;
I. ( ) Tomás Antônio Gonzaga é considerado, ao lado Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
de Cláudio Manuel da Costa, ícone da Literatura
Árcade. Contudo, os dois iniciaram suas Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
produções poéticas de modo diverso: o primeiro Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
como poeta árcade e o segundo ainda dentro Chorareis, ó pastores, o que eu choro.
dos preceitos do Barroco. (Cláudio Manuel da Costa)
II. ( ) A obra poética de Tomás Antônio Gonzaga tem
a obra poética pertencente a duas fases: a Texto 2
primeira é árcade e a segunda tem traços
românticos. Além disso, foi poeta satírico, em [...]
Cartas Chilenas, e lírico, em Marília de Dirceu. Enquanto pasta alegre o manso gado,
III. ( ) Como poeta árcade, o presumido autor de minha bela Marília, nos sentemos
Cartas Chilenas utiliza o pseudônimo de Dirceu, à sombra deste cedro levantado.
que nutre amor pela musa Marília. Envolvido Um pouco meditemos
com o movimento dos Inconfidentes, é na regular beleza,
degredado para a África, apenas regressando ao que em tudo quanto vive nos descobre
Brasil no final da vida. a sábia Natureza.
IV. ( ) O autor de Liras de Dirceu revela [...]
sentimentalismo e emotividade em seus (Tomás Antônio Gonzaga)
poemas, apontando, assim, para o Pré-
Romantismo, que antecede a fase do Texto 3
Arcadismo.
V. ( ) Tendo Tomás Antônio Gonzaga sido preso como [...]
inconfidente, continuou a escrever poemas mais Amigo Doroteu, não sou tão néscio,
emotivos e pessimistas, passando a falar de si Que os avisos de Jove não conheça.
mesmo e lastimando sua condição de Pois não me deu a veia de poeta,
prisioneiro. A poesia que produz nesse período é Nem me trouxe, por mares empolados,
a que mais contém características do A Chile, para que, gostoso e mole,
Romantismo. Descanse o corpo na franjada rede.
228 PORTUGUÊS
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Nasceu o sábio Homero entre os antigos, (UCS) – As obras literárias marcam diferentes visões de
Para o nome cantar, do grego Aquiles; mundo, não apenas dos autores, mas também de épocas
Para cantar, também, ao pio Eneias, históricas distintas. Reflita sobre isso e leia os fragmentos dos
Teve o povo romano o seu Vergílio: poemas de Gregório de Matos e de Tomás Antônio Gonzaga.
Assim, para escrever os grandes feitos
Que o nosso Fanfarrão obrou em Chile, Arrependido estou de coração,
Entendo, Doroteu, que a Providência de coração vos busco, dai-me abraços,
Lançou, na culta Espanha, o teu Critilo. abraços, que me rendem vossa luz.
[...]
(Tomás Antônio Gonzaga – Cartas Chilenas) Luz, que claro me mostra a salvação,
a salvação pretendo em tais abraços,
Sobre eles, analise os itens seguintes: misericórdia, amor, Jesus, Jesus!
I. Os três poemas são árcades e nada têm que possamos (MATOS, Gregório. Pecador contrito aos pés do Cristo
considerá-los pertencentes a outro estilo de época, uma crucificado. In: TUFANO, Douglas. Estudos de literatura
vez que seus autores só produziram poemas líricos e com brasileira. 4 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna,
características totalmente arcádicas. Além disso, todos 1988. p. 66.)
eles trazem referências à mitologia clássica mediante o
uso de termos tais como “monte”, “Natureza” e “Jove”,
respectivamente, nos textos 1, 2 e 3. Minha bela Marília, tudo passa;
II. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa são a sorte deste mundo é mal segura;
poetas árcades, embora o primeiro tenha-se iniciado como se vem depois dos males a ventura,
barroco, daí os trechos dos dois poemas de sua autoria vem depois dos prazeres a desgraça.
revelarem traços desse momento da Literatura. De outro Estão os mesmos deuses
modo, Cláudio Manuel da Costa, no poema de número 1, sujeitos ao poder do ímpio fado:
se apresenta como pré-romântico, razão pela qual sua Apolo já fugiu do céu brilhante,
produção se encontra dividida em dois momentos já foi pastor de gado.
literários. (GONZAGA, Tomás António. Lira XIV. In: TUFANO, Douglas.
III. A referência a Critilo, sendo espanhol, é um dado falso que Estudos de literatura brasileira. 4 ed. rev. e ampl.
tem por finalidade ocultar a nacionalidade do autor mineiro São Paulo: Moderna, 1988. p. 77.)
e, ao mesmo tempo, corroborar a camuflagem da autoria,
em decorrência do tom satírico e agressivo da epístola em Em relação aos poemas, analise a veracidade (V) ou a falsidade
versos. Contudo, o desejo de ocultação não foi alcançado, (F) das proposições abaixo.
porque Tomás Antônio Gonzaga foi preso e deportado, por ( ) O poema de Gregório de Matos apresenta um sujeito
ter sido atribuída a ele a autoria das referidas Cartas. lírico torturado pelo peso de seus pecados e desejoso
IV. O tema do amor se faz presente nos poemas 1 e 2. de aproximar-se do divino.
Ambos apresentam bucolismo, característica do ( ) Tomás Antônio Gonzaga, embora pertença ao mesmo
Arcadismo, contudo existe algo que os diferencia: o período literário de Gregório de Matos, revela neste
pessimismo do eu poético no texto 1 e a reciprocidade do poema um sujeito lírico consciente da brevidade da
sentimento amoroso no 2. vida.
V. O texto 3, apesar de satírico, nega, pelos aspectos ( ) Em relação às marcas de religiosidade, a visão
temáticos e formais, qualquer característica do Arcadismo, antagônica que se coloca entre os dois poemas reflete,
pois o poeta se preocupa, de modo especial, com os no Barroco, a influência do Cristianismo e, no
acontecimentos históricos e exime-se de preocupação Arcadismo, a da mitologia grega.
estética, revelando desconhecimento da produção épica
de poetas gregos e latinos. Assinale a alternativa que preenche corretamente os
parênteses.
Está(ão) correto(s), apenas, o(s) item(ns) a) V – V – V
a) I, II e III. b) V – F – F
b) I e IV. c) V – F – V
c) II, IV e V. d) F – F – F
d) IV. e) F – V – F
e) I.
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Faça a escansão do verso: Misericórdia, amor, Jesus, a) “Flores canoras, pássaros fragrantes,” (3.ª estrofe)
Leia o soneto “A uma dama dormindo junto a uma fonte”, do d) “Dominava o silêncio entre as flores,” (2.ª estrofe)
poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696), para responder e) “O céu seus horizontes de mil cores;” (2.ª estrofe)
às questões de a .
(UNIFESP) – Assinale a alternativa em que o trecho do
À margem de uma fonte, que corria, soneto está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu
A bela ocasião das minhas dores a) “Não dão o parabém à nova Aurora / Flores canoras,
Dormindo estava ao despertar do dia. pássaros fragrantes” → A nova Aurora não dá o parabém
às flores canoras e aos pássaros fragrantes.
Mas como dorme Sílvia, não vestia b) “Calava o mar, e rio não se ouvia” → O mar se calava e
Dominava o silêncio entre as flores, c) “não vestia / O céu seus horizontes de mil cores” → O
Calava o mar, e rio não se ouvia. céu não vestia seus horizontes de mil cores.
d) “Tudo a Sílvia festeja, tudo adora” → A Sílvia festeja tudo,
Flores canoras, pássaros fragrantes, e) “A bela ocasião das minhas dores / Dormindo estava ao
Nem seu âmbar respira a rica Flora. despertar do dia” → Ao despertar do dia, estava dormindo
a bela ocasião de minhas dores.
O que significa, no texto, a expressão “dois diamantes”? desejando pertencer ao mesmo passado cultural e seguir os
mesmos modelos, o que permitiu incorporar os produtos
intelectuais da colônia inculta ao universo das formas
(UNIFESP) – No soneto, a seguinte expressão é superiores de expressão. Ao lado disso, tal movimento
empregada pelo eu lírico em lugar de sua musa Sílvia: continuou os esboços particularistas que vinham do passado
a) “Flores canoras, pássaros fragrantes”. local, dando importância relevante tanto ao índio e ao contato
b) “À margem de uma fonte, que corria”. de culturas, quanto à descrição da natureza, mesmo que fosse
sensações. c) Naturalismo.
230 PORTUGUÊS
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Módulo 34 – Manuel Antônio de Almeida: a) acreditava que a vida no Brasil poderia ser tão interessante
Memórias de um Sargento de quanto a de Portugal.
b) saiu de Portugal em companhia de sua namorada, Maria
Milícias: o narrador
da Hortaliça.
PORTUGUÊS 231
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Texto para a questão . pacificamente em tudo sobre que era lícito conversar: na vida
dos fidalgos, nas notícias do Reino e nas astúcias policiais do
Era no tempo do rei. Vidigal. Entre os termos que formavam essa equação meirinhal
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor pregada na esquina havia uma quantidade constante, era o
e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse Leonardo-Pataca. Chamavam assim a uma rotunda e
tempo — O canto dos meirinhos —; e bem lhe assentava o gordíssima personagem de cabelos brancos e carão
nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os avermelhado, que era o decano da corporação, o mais antigo
indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena dos meirinhos que viviam nesse tempo. A velhice tinha-o
consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a tornado moleirão e pachorrento; com sua vagareza atrasava o
sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei: esses eram negócio das partes; não o procuravam; e por isso jamais saía
gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam da esquina; passava ali os dias sentado na sua cadeira, com as
um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia pernas estendidas e o queixo apoiado sobre uma grossa
todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre bengala, que depois dos cinquenta era a sua infalível
nós um elemento da vida: o extremo oposto eram os companhia. Do hábito que tinha de queixar-se a todo o instante
desembargadores (...). de que só pagassem por sua citação a módica quantia de 320
réis, lhe viera o apelido que juntavam ao seu nome.
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo
(ALBERT EINSTEIN) – O trecho acima inicia o romance
algibebe2 em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do
Memórias de um Sargento de Milícias, escrito em forma de
negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por
folhetim entre 1852 e 1853 por Manuel Antônio de Almeida.
proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos
Deste romance como um todo, é correto afirmar que
empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos
a) reveste-se de comicidade, na linha do pitoresco, e
remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o
desenvolve sátira saborosa aos costumes da época, que
quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de
atinge todas as camadas sociais, em particular os políticos
Lisboa, saloia3 rochonchuda e bonitota. O Leonardo, fazendo-
e os poderosos.
se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal
b) apresenta personagem feminina, Luisinha, cuja descrição
apessoado, e sobretudo era maganão4.
fere a caracterização sempre idealizada do perfil de mulher
dentro da estética romântica. 1 meirinho: espécie de oficial de justiça.
c) é um romance histórico que pretende narrar fatos de 2 algibebe: mascate, vendedor ambulante.
tonalidade épica e heroica da vida brasileira, ambientados 3 saloia: aldeã das imediações de Lisboa.
no tempo do rei e vividos por seus principais 4 maganão: brincalhão, jovial, folgazão, divertido.
protagonistas.
d) configura personagens populares que, pela primeira vez,
(UNESP) – Em Memórias de um Sargento de Milícias, o
comparecem no romance brasileiro e que se tornam
narrador não participa da ação, mas se intromete na narrativa.
responsáveis pelo desprestígio da literatura brasileira junto
Transcreva do excerto dois pequenos trechos em que a
ao público leitor da época.
intromissão do narrador é mais explícita. Justifique sua
resposta.
Leia o excerto do romance Memórias de um Sargento de
Milícias de Manuel Antônio de Almeida (1831-1861) para (FGV) – Já na frase de abertura das Memórias de um
responder à questão . Sargento de Milícias — “Era no tempo do rei.” —, que remete
ao mesmo tempo à abertura-padrão dos contos da carochinha
Era no tempo do rei. e ao período joanino da história do Brasil, manifestam-se as
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor duas modalidades do tempo presentes nessa obra: uma, de
e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse caráter lendário e intemporal e, outra, de caráter histórico bem
tempo — O canto dos meirinhos1 —; e bem lhe assentava o determinado.
nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os O convívio dessas duas modalidades do tempo indica que, do
indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena ponto de vista dessa obra, a história brasileira caracterizou-se
consideração). [...] pela conjunção de
Mas voltemos à esquina. Quem passasse por aí em a) mudança e imobilismo.
qualquer dia útil dessa abençoada época veria sentado em b) realismo e alucinação.
assentos baixos, então usados, de couro, e que se c) religiosidade e materialismo.
denominavam — cadeiras de campanha — um grupo mais ou d) liberdade e opressão.
menos numeroso dessa nobre gente conversando e) localismo e cosmopolitismo.
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(UDESC) – Relacione as colunas abaixo, em relação ao Módulo 35 – Rousseau: o “bom selvagem”
romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel
Antônio de Almeida, e a texto de um crítico. (UNIFESP) – Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo
de Fernando Pessoa.
Relacione as colunas abaixo:
Coroai-me de rosas,
1. Ausência de ( ) “Em certas casas os agregados Coroai-me em verdade
traço idealizante eram muito úteis, porque a família De rosas —
feminino tirava grande proveito de seus serviços, Rosas que se apagam
e já tivemos ocasião de dar exemplo Em fronte a apagar-se
disso quando contamos a história do Tão cedo!
finado padrinho de Leonardo; outras Coroai-me de rosas
vezes porém e estas eram em maior E de folhas breves.
número, o agregado, refinado vadio, era E basta.
uma verdadeira parasita que se prendia
(As Múltiplas Faces de Fernando Pessoa, 1995.)
à árvore familiar, que lhe participava da
seiva sem ajudá-la a dar os frutos, e o
O tema tratado no poema é a
que é mais ainda, chegava mesmo a
dar cabo dela, [...] Em qual dos dous a) necessidade de se buscar a verdadeira razão para uma
casos estava ou viria a estar em breve vida plena.
o nosso amigo Leonardo? O leitor que b) fugacidade do tempo, remetendo à ideia de brevidade da
o decida pelo que se vai passar”. (p. 85) vida.
c) busca pela simplicidade da vida, representada pela natureza.
d) brevidade com que o verdadeiro amor perpassa a vida das
pessoas.
2. Traço da prosa ( ) “Leonardo ao entrar lançou logo os e) rapidez com que as relações verdadeiras começam e
romântica olhos para a sobrinha de Dona Maria; terminam.
porém, sem saber por quê, não teve
desta vez mais vontade de rir-se;
entretanto a menina continuava a ser
(UFSM) – A beleza da forma física feminina constituiu
assunto predileto da poesia arcádica brasileira. Leia as
feia e esquisita; nesse dia estava ainda
pior do que os outros. Dona Maria tinha seguintes estrofes da Lira 27 de Marília de Dirceu, de Tomás
tido pretensões de asseá-la; vestira-lhe Antônio Gonzaga:
um vestido branco muito curto, pusera-
lhe um lenço de seda encarnado ao Vou retratar a Marília,
pescoço, e penteara-a de bugres”. (p. a Marília, meus amores;
54) porém como? se eu não vejo
quem me empreste as finas cores:
3. O anti-herói, ( ) “Afinal de contas a Maria sempre dar-mas a terra não pode;
o picaresco era saloia, e o Leonardo começava a não, que a sua cor mimosa
arrepender-se seriamente de tudo que
vence o lírio, vence a rosa,
tinha feito por ela e com ela. E tinha
o jasmim e as outras flores.
razão, porque, digamos depressa e sem
mais cerimônias, havia ele desde certo
tempo concebido fundadas suspeitas Ah! socorre, Amor, socorre
de que era atraiçoado”. (p. 13) ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os astros, voa,
4. Possível ( ) A obra se encerra com um “final Traze-me as tintas do céu.
triângulo feliz”, o que se observa já no título dos [...]
amoroso dois últimos capítulos: “A morte é juiz” Entremos, Amor, entremos,
(cap. 47) e “Conclusão feliz” (cap. 48). entremos na mesma esfera;
Assinale a alternativa correta, de cima para baixo. venha Palas1, venha Juno2,
a) 1 – 3 – 4 – 2 Venha a deusa de Citera3.
b) 2 – 4 – 3 – 1 Porém, não, que se Marília
c) 2 – 3 – 1 – 4 no certame4 antigo entrasse,
d) 4 – 1 – 2 – 3 bem que a Páris5 não peitasse,
e) 3 – 1 – 4 – 2 a todas as três vencera.
PORTUGUÊS 233
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convencionais, pelo enquadramento temático em paisagem a) comente como o emprego de pronomes pessoais serve
bucólica pintada como lugar aprazível, pela delegação da fala para ilustrar a opção pela norma padrão, na fala das
poética a um pastor culto e artista, pelo gosto das personagens;
circunstâncias comuns, pelo vocabulário de fácil entendimento b) identifique, na última fala de Jandira, dois exemplos do
e por vários outros elementos que buscam adequar a uso mais formal ou artificial de um dos tempos verbais ali
sensibilidade, a razão, a natureza e a beleza. Dadas estas ocorrentes.
informações,
a) indique qual a forma convencional clássica em que se (UNESP) – No trecho transcrito de Ubirajara, o ambiente
enquadra o poema. retratado é o pano de fundo que permite relacionar a obra a
b) transcreva a estrofe do poema em que a expressão da uma importante característica do romance indianista, que o
natureza aprazível, situada no passado, domina sobre a inscreve de modo marcante no Romantismo.
expressão do sentimento da personagem poemática. a) Identifique essa característica, atendo-se explicitamente
ao cenário em que se movem as personagens.
Textos para as questões de a
. b) Explique como as comparações existentes no trecho
servem para confirmar essa característica.
UBIRAJARA
(UNESP) – O diálogo travado entre Jandira e Ubirajara
Uma estrela brilhante listrava o céu, como uma lágrima de
deixa evidentes diferentes interpretações das personagens,
fogo, e Ubirajara pensou que era o rasto de Araci, a filha da luz.
quanto a uma eventual união conjugal entre elas. Ao empregar
A juriti arrulhou docemente na mata e Ubirajara lembrou-
as palavras noiva e esposo, Jandira parece considerar definida
se da voz maviosa da virgem do sol.
a sua união com o chefe dos araguaias. Com base nessas
(...)
considerações,
Seu passo o guiava sem querer para as bandas do grande
rio, onde devia ficar a taba dos tocantins. a) explique como Ubirajara revela frustrar essa intenção
É assim que os coqueiros, imóveis na praia, inclinam para explícita da índia, quanto à união entre ambos;
o nascente seu verde cocar. b) aponte um advérbio, repetido duas vezes na última fala de
Ubirajara ouviu o rumor de um passo ligeiro através da Ubirajara, que confirma essa quebra de expectativa de
mata; de longe conheceu Jandira que o procurava. Jandira e ratifica a indecisão do guerreiro.
A doce virgem achara à porta da cabana o rasto do
guerreiro e o seguira através da floresta.
— Que mau sonho aflige Ubirajara, o senhor da lança e o Módulo 36 – Memórias de um Sargento de
maior dos guerreiros, chefe da grande nação araguaia, para que Milícias: o protagonista
ele se afaste de sua taba e esqueça a noiva que o espera?
— A tristeza entrou no coração de Ubirajara, que não sabe (ALBERT EINSTEIN) – Considerando as situações
mais dizer-te palavras de alegria, linda virgem. amorosas que se mostram no romance Memórias de um
— A tristeza é amarga; quando entra no coração do Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, é correto
guerreiro, o enche de fel. Mas Jandira fará como sua irmã, a afirmar que
abelha, ela fabricará em seus lábios os favos mais doces para a) há um relacionamento amoroso desinteressado entre
seu guerreiro; suas palavras serão os fios de mel que ela
José Manuel e Luisinha que se efetiva por um casamento
derramará na alma do esposo.
feliz e duradouro.
— Filha de Majé, doce virgem, ainda não chegou o dia em
b) cresce uma paixão entre Vidinha e Leonardo que resulta
que Ubirajara escolha uma esposa; nem ele sabe ainda qual o
em união estável, consumada em casamento aprovado
seio que Tupã destinou para gerar o primeiro filho do grande
por todos, mesmo tendo o herói tomado gosto pela vida
chefe dos araguaias.
de vadio.
O lábio de Jandira emudeceu; mas o peito soluçou.
c) renasce em Luisinha o sentimento adormecido que nutria
(...)
por Leonardo e, após a decepção da primeira união
Ela sabia que os guerreiros amam a flor da formosura,
conjugal, casa-se com ele em bodas festivas e amparadas
como a folhagem da árvore; e que a tristeza murcha a graça da
em herança recebida e na promoção às fileiras das Milícias
mais linda virgem.
(José de Alencar, Ubirajara. 1.ª edição: 1874.) no posto de sargento.
d) resulta do casamento feliz de Leonardo-Pataca com Maria
(UNESP) – Ubirajara apresenta uma linguagem culta, das Hortaliças, o nascimento de um menino, fruto de uma
mesmo ao focalizar a fala de indígenas, como Ubirajara e pisadela e de um beliscão e que será a felicidade de todos
Jandira. Relendo o texto, porque nunca será malsinado.
PORTUGUÊS 235
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(UFRGS) – Assinale a alternativa correta a respeito de II. O livro é narrado em primeira pessoa por Leonardo: trata-
Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de se de suas memórias desde o abandono da terra natal —
Almeida. Lisboa — até a nomeação como Sargento de Milícias no
a) Leonardinho é filho de agricultores portugueses, Rio de Janeiro.
imigrantes que vieram para o Brasil junto com D. Manuel. III. Personagens como o compadre, a comadre e a vizinha são
b) O compadre e a comadre representam o trabalhador da representantes da classe popular — a base constitutiva do
indústria que nascia na organização econômica brasileira. romance — que, além do mais, está escrito em tom
c) O anti-herói Leonardo é excêntrico em relação aos humorístico.
romances do Romantismo e não deixa de antecipar tipos
como Firmo, de O Cortiço, e Macunaíma, do romance Quais estão corretas?
homônimo.. a) Apenas I.
d) O romance não apresenta definição de coordenadas b) Apenas II.
temporais e espaciais, pois sua ação pode ocorrer tanto no c) Apenas III.
Rio de Janeiro quanto em Salvador. d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Texto para a questão .
Textos para as questões de a .
O segredo que a Maria-Regalada dissera ao ouvido do
major no dia em que fora, acompanhada por D. Maria e a Era a comadre uma mulher baixa, excessivamente gorda,
comadre, pedir pelo Leonardo, foi a promessa de que, se fosse bonachona, ingênua ou tola até um certo ponto, e finória até
servida, cumpriria o gosto do major. outro; vivia do ofício de parteira, que adotara por curiosidade, e
Está pois explicada a benevolência deste para com o benzia de quebranto; todos a conheciam por muito beata e pela
Leonardo, que fora ao ponto de não só disfarçar e obter perdão mais desabrida papa-missas da cidade. Era a folhinha mais
de todas as suas faltas, como de alcançar-lhe aquele rápido exata de todas as festas religiosas que aqui se faziam; sabia de
acesso de posto. cor os dias em que se dizia missa em tal ou tal igreja, como a
Fica também explicada a presença do major em casa da hora e até o nome do padre; era pontual à ladainha, ao terço, à
Maria-Regalada. novena, ao setenário; não lhe escapava via-sacra, procissão,
Depois disto entraram todos em conferência. O major nem sermão; trazia o tempo habilmente distribuído e as horas
desta vez achou o pedido muito justo, em consequência do fim combinadas, de maneira que nunca lhe aconteceu de chegar à
que se tinha em vista. Com a sua influência tudo alcançou; e igreja e achar já a missa no altar. De madrugada começava pela
em uma semana entregou ao Leonardo dois papéis: — um era missa da Lapa; apenas acabava ia à das oito na Sé, e daí saindo
a sua baixa de tropa de linha; outro, sua nomeação de Sargento pilhava ainda a das nove em Santo Antônio. O seu traje habitual
de Milícias. era, como o de todas as mulheres de sua condição e esfera,
Além disto recebeu o Leonardo ao mesmo tempo carta de uma saia de lila preta, que se vestia sobre um vestido qualquer,
seu pai, na qual o chamava para fazer-lhe entrega do que lhe um lenço branco muito teso e engomado ao pescoço, outro na
deixara seu padrinho, que se achava religiosamente intacto. cabeça, rosário pendurado no cós da saia, um raminho de
(Manuel Antônio de Almeida, arruda atrás da orelha, tudo isto coberto por uma clássica
Memórias de Um Sargento de Milícias. mantilha, junto à renda da qual se pregava uma pequena figa
Cotia: Ateliê Ed., 2000) de ouro ou de osso. (...) a mantilha era o traje mais conveniente
aos costumes da época; sendo as ações dos outros o principal
cuidado de quase todos, era necessário ver sem ser visto. A
(UNICAMP) mantilha para as mulheres estava na razão das rótulas para as
a) Que diferença significativa pode ser estabelecida entre a casas; eram o observatório da vida alheia.
condição inicial do herói do romance e sua condição final, ....................................................................................................
reproduzida no trecho acima? Nesta ocasião levantava-se a Deus, e as duas beatas
b) Essa condição foi alcançada por mérito de Leonardo? interromperam a conversa [sobre o afilhado da comadre] para
Justifique. bater nos peitos.
Era uma delas a vizinha do compadre, que prognosticava
(UFRGS) – Considere as seguintes afirmações sobre o mau fim ao menino, e com quem ele prometera fazer uma
romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel estralada: a outra era uma das que tinham estado na função do
Antônio de Almeida. batizado.
I. O romance está integrado à estética romântica: o A comadre, apenas ouviu isto, foi procurar o compadre;
protagonista, Leonardo, é um herói nacional virtuoso e não se pense porém que a levara a isso outro interesse que
sem desvios de caráter. não fosse a curiosidade; queria saber o caso com todos os
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detalhes; isso lhe dava longa matéria para a conversa na igreja, Módulo 37 – Arcadismo: a inconstância e
e para entreter as parturientes que se confiavam aos seus fugacidade da vida
cuidados.
(Manuel Antônio de Almeida, Texto para as questões e .
Memórias de um Sargento de Milícias)
Finalmente, a bandeira. Tiradentes propôs que fosse
(UNESP) – O sincretismo religioso, isto é, a “fusão de adotado o triângulo representando a Santíssima Trindade, com
diferentes cultos ou doutrinas religiosas” (cf. Dicionário alusão às cinco chagas de Cristo crucificado, presente nas
Houaiss) era comum em nossa cultura, na época retratada na armas portuguesas. Já Alvarenga propôs a imagem de um
obra de Manuel Antônio de Almeida. A descrição da comadre, índio quebrando os grilhões do colonialismo, com a inscrição
feita com vivacidade pelo enunciador do texto, permite afirmar “Libertas quae sera tamen” (Liberdade, ainda que tardia), do
que ela é dada a essa prática? Justifique sua resposta, com poeta latino Virgílio, e que foi adotada e consagrada.
base em uma passagem do texto. (MOTA, Carlos Guilherme e LOPEZ, Adriana.
História do Brasil: uma interpretação.
(UNESP) – Ao referir-se ao fato de a comadre procurar o São Paulo, Ed. 34, 2015, 4. ed. p. 261)
compadre, a fim de conversar sobre o afilhado, o enunciador
fornece a mesma explicação dada à razão de ela abraçar o (PUCCAMP) – A referência ao poeta latino Virgílio faz
ofício de parteira. Identifique essa explicação, relacionando-a lembrar que
com os costumes da época, especialmente com o uso da a) entre os nossos poetas românticos, os ideais clássicos
mantilha pelas mulheres. ganharam novo alento.
b) Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga
(UNESP) – A comadre é apresentada, entre várias opuseram-se aos artifícios clássicos.
características, como uma mulher que cumpria rigorosamente c) as lutas nacionalistas do século XIX deveram muito aos
os horários. Transcreva duas passagens do fragmento em que pensadores do Classicismo.
essa qualidade está explícita, referindo-se à participação da d) a religiosidade medieval incorporou-se às lutas libertárias
personagem nas missas. do século XVIII.
e) nossos árcades e inconfidentes mostraram-se sensíveis
Texto para a questão
. aos valores da poesia clássica.
Inimigo da riqueza e do trabalho, amigo das festas, da (PUCCAMP) – A proposta formulada por Alvarenga, de se
música, do corpo das cabrochas. Malandro. Armador de colocar na nova bandeira a imagem de um índio quebrando os
fuzuês. Jogador de capoeira navalhista, ladrão quando se fizer grilhões do colonialismo ajuda a entender que
preciso. a) os românticos da última geração foram os mais ingênuos
(Jorge Amado, Capitães da Areia) defensores do indianismo.
b) antes dos poetas árcades, artistas do barroco já
propugnavam por ideais nativistas.
(FUVEST) – O tipo cujo perfil se traça, em linhas gerais,
c) os inconfidentes alinhavam-se aos abolicionistas em duas
neste excerto, aparece em romances como Memórias de um
frentes de libertação popular.
Sargento de Milícias, O Cortiço, além de Capitães de Areia.
d) os escritores ilustrados, ainda no século XVIII, já se
Essa recorrência indica que
mostravam sensíveis aos valores nativistas.
a) certas estruturas e tipos sociais originários do período
e) antes mesmo dos sentimentos nativistas, ideais
colonial foram repostos durante muito tempo, nos
nacionalistas moviam os inconfidentes mineiros.
processos de transformação da sociedade brasileira.
b) o atraso relativo das regiões Norte e Nordeste atraiu para
elas a migração de tipos sociais que o progresso expulsara
Textos para a questão .
do Sul/Sudeste.
SONETO VI
c) os romancistas brasileiros, embora críticos da sociedade,
militaram com patriotismo na defesa de nossas
Brandas ribeiras, quanto estou contente
personagens mais típicas e mais queridas.
De ver-vos outra vez, se isto é verdade!
d) certas ideologias exóticas influenciaram negativamente os
Quanto me alegra ouvir a suavidade,
romancistas brasileiros, fazendo-os representar, em suas
Com que Fílis entoa a voz cadente!
obras, tipos sociais já extintos quando elas foram escritas.
e) a criança abandonada, personagem central dos três livros,
Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
torna-se, na idade adulta, um elemento nocivo à sociedade
Tudo me está causando novidade:
dos homens de bem.
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Oh! como é certo que a cruel saudade (UFSM) – O poeta árcade Cláudio Manuel da Costa valeu-
Faz tudo, do que foi, mui diferente! se, em alguns momentos, da natureza brasileira para compor
sua poesia, fugindo, assim, pelo menos em parte, do
Recebi (eu vos peço) um desgraçado, convencionalismo neoclássico. A partir dessa ideia, leia o
Que andou até agora por incerto giro, poema a seguir.
Correndo sempre atrás do seu cuidado:
LVIII
Este pranto, estes ais com que respiro,
Podendo comover o vosso agrado, 1Altasserras, 3que ao Céu estais servindo
Façam digno de vós o meu suspiro. De muralhas, que o tempo não profana,
(Cláudio Manuel da Costa) Se Gigantes não sois, que a forma humana
Em duras penhas foram confundindo;
SONETO
Já sobre o vosso cume se está rindo
Estes os olhos são da minha amada, O 4Monarca da luz, que esta alma engana;
Que belos, que gentis e que formosos! Pois na face, que ostenta, soberana,
Não são para os mortais tão preciosos O rosto de meu bem me vai fingindo.
Os doces frutos da estação dourada.
Que alegre, que mimoso, que brilhante
Por eles a alegria derramada Ele se me afigura! Ah qual efeito
Tornam-se os campos de prazer gostosos. Em minha alma se sente neste instante!
Em zéfiros suaves e mimosos
Mas ai! a que delírios me sujeito!
Toda esta região se vê banhada.
Se quando no Sol vejo o seu semblante,
Em vós descubro, 2ó penhas, o seu peito?
Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo
Do rosto do meu bem as prendas belas,
Acerca do poema, assinale a alternativa incorreta.
Dai alívio ao mal que estou gemendo.
a) O poema é um soneto composto de versos decassílabos
heroicos, com rima intercalada nos quartetos e cruzada
Mas ah! delírio meu que me atropelas! nos tercetos.
Os olhos que eu cuidei que estava vendo, b) O eu lírico tem como interlocutor de seu poema as “Altas
Eram (quem crera tal!) duas estrelas. serras” (ref. 1), às quais se dirige diretamente também ao
(Cláudio Manuel da Costa) final, em “ó penhas” (ref. 2), caracterizando assim o uso
de apóstrofes.
(MACKENZIE) – É traço relevante na caracterização do c) O eu lírico emprega algumas inversões sintáticas no
estilo de época a que pertencem os poemas de Cláudio poema, como em “[...] que ao Céu estais servindo! De
Manuel da Costa, exceto muralhas” (ref. 3), a que se chama de hipérbatos e que
a) a valorização do locus amoenus. remetem mais ao estilo barroco que ao árcade.
b) a poesia bucólica. d) O eu lírico compara o Sol, a que chama de “Monarca da
luz” (ref. 4), ao rosto de sua amada, o que caracteriza uma
c) a utilização de pseudônimos pastoris.
personificação.
d) a busca da aurea mediocritas.
e) Ao olhar o Sol sobre as serras, o eu lírico enxerga uma
e) a repulsa à tradição clássica da poesia.
imagem de sua amada, cujo peito seria composto então
pelas penhas, visão essa que enche sua alma de alegria.
(MACKENZIE) – Na composição poética árcade, a natureza
é tratada: (UPE) – No Arcadismo brasileiro, encontramos textos
a) como uma lembrança da pátria da qual foram exilados. líricos, épicos e satíricos. Sobre isso, é correto afirmar que
b) como um refúgio da vida atribulada das metrópoles do a) Caramuru e O Uraguai são poemas líricos com traços de
século XIX. épico, pois, em ambos, o ponto central das narrativas é a
c) como um prolongamento do estado emocional do poeta. história de amor entre dois casais de culturas diferentes.
d) como um local em que se busca a vida simples, pastoril e b) A Lira Marília de Dirceu, de autoria de Tomás Antônio
bucólica. Gonzaga, apresenta versos rigidamente metrificados,
e) como uma fonte para o retrato crítico às desigualdades tendo como tema o amor entre a musa Marília e o jovem
sociais. pastor Dirceu.
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c) As Cartas chilenas são poemas satíricos que circularam Módulo 38 – A Pastoral Moderna
em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira. As 13
cartas são assinadas por Critilo e endereçadas a Doroteu. As questões de números a tomam por base o poema
d) Vila Rica é um poemeto épico em que Cláudio Manuel da Soneto, do poeta romântico brasileiro José Bonifácio, o Moço
Costa fala da grandeza do atual Estado de Minas e alega a (1827-1886), e o poema Visita à Casa Paterna, do poeta
necessidade de seus habitantes lutarem pela parnasiano brasileiro Luís Guimarães Júnior (1845-1898).
Independência do Brasil, tema central da poesia de todos
SONETO
os poetas inconfidentes.
e) A poesia de Tomás Antônio Gonzaga, por tratar do amor de Deserta a casa está... Entrei chorando,
Dirceu por Marília, foge por completo das normas árcades De quarto em quarto, em busca de ilusões!
ao negar o bucolismo e exagerar o sentimentalismo, Por toda a parte as pálidas visões!
característica que fundamenta a poesia romântica. Por toda a parte as lágrimas falando!
Leia o soneto XLVI, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), 5 Vejo meu pai na sala, caminhando,
para responder às questões e
. Da luz da tarde aos tépidos clarões,
De minha mãe escuto as orações
Na alcova, aonde ajoelhei rezando.
Não vês, Lise, brincar esse menino
Com aquela avezinha? Estende o braço
Brincam minhas irmãs (doce lembrança!...),
Deixa-a fugir, mas apertando o laço
10 Na sala de jantar... Ai! mocidade,
A condena outra vez ao seu destino.
És tão veloz, e o tempo não descansa!
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a) enuncie o tema comum aos dois textos; Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem
b) indique dois aspectos da forma poemática (versifica-ção, [conquistas
rimas, estrofes) em que haja identidade entre os dois Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
poemas. 10 Das ciências, das artes, da civilização moderna!
(UNESP) – Uma das semelhanças mais notáveis entre os Que mal fiz eu aos deuses todos?
dois poemas está justamente nas personagens evocadas: pai,
mãe, irmãs. Com base nesta informação, Se têm a verdade, guardem-na!
a) estabeleça a diferença entre Soneto e Visita à Casa Paterna
quanto ao modo de aludirem ao pai de família; Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
b) aponte, no poema de Luís Guimarães Jr., uma per-
sonagem que não é referida no de José Bonifácio. Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
15 Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
(UNESP) – Para atender a necessidades de ritmo e de
rima, os poetas praticam com naturalidade e frequência inver- Não me macem, por amor de Deus!
sões e deslocamentos no padrão de disposição dos termos na
oração (sujeito, verbo, complementos). Partindo desta Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
constatação, analise a estrutura sintática das frases “Brincam Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
minhas irmãs na sala de jantar” e “Chorava em cada canto uma Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
saudade” e, logo após, 20 Assim, como sou, tenham paciência!
a) reescreva-as na ordem que seus termos apresentariam de Vão para o diabo sem mim,
acordo com o padrão mencionado; Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
b) demonstre as identidades que há entre as duas orações Para que havemos de ir juntos?
no que diz respeito às funções sintáticas dos termos que
as constituem. Não me peguem no braço!
25 Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
(UNESP) – José Bonifácio, o Moço, era um poeta Já disse que sou sozinho!
romântico, enquanto Luís Guimarães Jr. era um parnasiano Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
com raízes românticas. Os dois poemas apresentam
características que servem de exemplo para tais observações. Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Levando em conta este comentário, Eterna verdade vazia e perfeita!
a) identifique um traço típico da poética romântica presente 30 Ó macio Tejo ancestral e mudo,
nos dois poemas; Pequena verdade onde o céu se reflete!
b) aponte, em Visita à Casa Paterna, um aspecto carac- Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
terístico da concepção parnasiana de poesia. Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Não me venham com conclusões! 5 Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
A única conclusão é morrer. Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
5 Não me tragam estéticas! Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Não me falem em moral! Sobre o que é o amor
Tirem-me daqui a metafísica! 10 Sobre que eu nem sei quem sou
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Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou (UNESP) – Atentando para o fato de que a função conativa
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
da linguagem é orientada para o destinatário da mensagem,
Lhe tenho amor
a) identifique o modo verbal que, insistentemente em-
Lhe tenho horror
pregado pelo eu poemático, torna muito intensa a
15 Lhe faço amor
orientação para o destinatário no poema de Fernando
eu sou um ator...
Pessoa;
É chato chegar a um objetivo num instante b) considerando que, no verso de número 12, Raul Seixas,
Eu quero viver nessa metamorfose ambulante adotando o uso popular, empregou os pronomes te e lhe
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo para referir-se a uma mesma pessoa, apresente duas
20 Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo alternativas que teria o poeta para escrever esse verso
segundo a norma culta.
Sobre o que é o amor
Sobre que eu nem sei quem sou Texto para a questão
.
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
ESTRADA
25 Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Lhe faço amor
Interessa mais que uma avenida urbana.
eu sou um ator...
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes
30 Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Cada criatura é única.
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Até os cães.
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Do que ter aquela velha velha velha velha opinião Andam sempre preocupados.
[formada sobre tudo... E quanta gente vem e vai!
35 Do que ter aquela velha velha opinião formada sobre tudo... E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo... Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
(Raul Seixas, Os grandes sucessos de Raul Seixas) [bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos
(UNESP) – O poema Lisbon Revisited (1923) e a canção [símbolos,
Metamorfose Ambulante (1973) identificam-se por alguns as- Que a vida passa! que a vida passa!
pectos formais e por focalizarem como tema a atitude de rebeldia E que a mocidade vai acabar.
do indivíduo aos modelos e padrões culturais que lhe são (BANDEIRA, M. O Ritmo Dissoluto.
impostos. Releia-os com atenção e, a seguir, Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.)
a) servindo-se de uma escala em cujos extremos estejam
atitude eufórica (sensação de bem-estar e de alegria) e
A lírica de Manuel Bandeira é pautada na
atitude disfórica (sensação de mal-estar, ansiedade,
apreensão de significados profundos a partir
inquietação), demonstre qual dos dois textos está mais
de elementos do cotidiano. No poema
próximo do polo da atitude disfórica;
Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade
b) explique em que medida o verso de número 16 de Me-
aponta para
tamorfose Ambulante sintetiza o conteúdo da canção.
a) desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos
(UNESP) – Tanto no poema de Fernando Pessoa como na centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à
canção de Raul Seixas se observa o recurso intenso às cidade.
repetições. Ciente deste fato, b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela
a) localize o verso de Metamorfose Ambulante que apre- observação da aparente inércia da vida rural.
senta repetição insistente de uma mesma palavra e defina c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como
o efeito expressivo obtido pelo autor com essa repetição; possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
b) considerando que o advérbio não é uma das palavras mais d) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta
repetidas ao longo de Lisbon Revisited, estabeleça a gera insegurança.
relação semântica que a repetição dessa palavra tem com e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca
a atitude do eu poemático ante os padrões sociais. da morte.
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(ESPM) – Assinale a afirmação correta sobre o poema. O (UEPA) – O poema de Bocage organiza uma situação
eu lírico comunicativa interna em que se verificam os seguintes elementos
a) expressa inveja de Camões por não ter tido igual fundamentais da comunicação: emissor, receptor (contido no
sepultura. próprio texto) e referente. No poema estes elementos são:
b) compara-se a Camões, fazendo um desabafo enfático da a) eu lírico, liberdade e crítica ao despotismo.
amargura pela infelicidade ao longo de uma existência. b) poema, liberdade e crítica ao despotismo.
c) segue o princípio clássico do relatar experiências humanas c) eu lírico, povo português e crítica ao despotismo.
negativas aplicáveis a todos. d) eu lírico, liberdade e língua portuguesa.
d) alterna versos alexandrinos (ou dodecassílabos) com e) eu lírico, leitor e crítica ao despotismo.
versos decassílabos.
e) dirige-se ao “Céu” e ao “Tejo” com a intenção de aliar-se Texto para a questão .
aos elementos da natureza.
FOGO FRIO
Texto para as questões e . O Poeta
A névoa que sobe
Liberdade, onde estás? Quem te demora? dos campos, das grotas, do fundo dos vales,
Quem faz que o teu influxo em nós não caia? é o hálito quente da terra friorenta.
Porque (triste de mim!), porque não raia
Já na esfera de Lísia1 a tua aurora? O Lavrador
Engana-se, amigo.
Da santa redenção é vinda a hora Aquilo é fumaça que sai da geada.
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh!, venha... Oh!, venha, e trêmulo descaia O Poeta
Despotismo feroz, que nos devora! Fumaça, que eu saiba,
somente de chama e brasa é que sai!
Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade, O Lavrador
E em fingir, por temor, empenha estudo. E, acaso, a geada não é
fogo branco caído do céu,
Movam nossos grilhões tua piedade; tostando tudinho, crestando tudinho, queimando tudinho,
Nosso númen2 tu és, e glória, e tudo, sem pena, sem dó?
Mãe do gênio e prazer, ó Liberdade! (FORNARI, E. Trem da Serra.
(Bocage) Porto Alegre: Acadêmica, 1987.)
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(UNIFESP) – Leia os versos e analise as considerações
sobre as formas verbais neles destacadas.
I. Olha, Marília, as flautas dos pastores... — Como o eu lírico
faz um convite à audição das flautas dos pastores, poderia
ser empregada a forma Ouça, no lugar de Olha.
II. Vê como ali, beijando-se, os Amores... — A forma verbal,
no imperativo, expressa um convite do eu lírico para que a
amada se delicie, junto a ele, com o belo cenário.
III. Mas ah! Tudo o que vês... — A forma verbal, também no
imperativo, sugere que, neste ponto do poema, a amada
já viu tudo o que o seu amado lhe mostrou.
MARTIN-KAVEL, François. Sem título. Disponível em:
Está correto o que se afirma apenas em <http://7dasartes.blogspot.com.br/2012/05/romanticas-e-
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. encantadoras-pinturas-de.html>. Acesso em: 14 mar. 2016.
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(UEG) – Tanto a pintura quanto o excerto apresentados Enquanto revolver os meus consultos,
pertencem ao Romantismo. A diferença entre ambos, porém, tu me farás gostosa companhia,
diz respeito ao fato de que lendo os fastos da sábia, mestra História,
a) no fragmento verifica-se o retrato de um ser idealizado, ao e os cantos da poesia.
passo que no quadro tem-se uma figura retratada de modo (Tomás A. Gonzaga, Marília de Dirceu.)
pejorativo. 1casal: pequena propriedade rural.
b) na pintura tem-se o retrato de uma mulher de feições 2assisto: resido, moro.
austeras, ao passo que no poema nota-se a descrição de 3bateia: utensílio empregado no garimpo; espécie de gamela.
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(UNESP) – Os textos em pauta atualizam um tema muito a) a mulher deve conservar uma assepsia que a distingue de
frequente no Romantismo, e recorrente na literatura de todos homens, que podem se jogar na lama.
os tempos. Levando-se em consideração que se trata de b) a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato de
poemas autobiográficos, releia com atenção os versos de cozinhar, tarefa destinada às mulheres.
Caetano Veloso e Antônio Nobre e, a seguir, c) a luta pela igualdade entre os gêneros depende da
a) responda qual é a temática dominante em ambos os textos; ascensão financeira e social das mulheres.
b) explique a significação conotativa do signo traduzir, em d) a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo da
Trilhos Urbanos. fragilidade feminina no espaço doméstico.
e) os papéis sociais destinados aos gêneros produzem
(UNESP) – O estilo simbolista, do qual Antônio Nobre é efeitos e graus de autorrealização desiguais.
um dos principais representantes na Literatura Portuguesa,
costuma extrair efeitos poéticos através da utilização de
recursos gráficos: emprego de iniciais maiúsculas em Módulo 41 – Almeida Garrett e
substantivos comuns, palavras grafadas com letras em itálico e Alexandre Herculano
negrito. Esses procedimentos — acreditavam os simbolistas
— ajudariam a enriquecer o sentido simbólico das palavras no Textos para a questão .
contexto. Tendo em vista este comentário,
a) interprete a significação do substantivo “Ventre” (grafado com Texto I
inicial maiúscula), na última esfrofe de Viagens na Minha Terra;
b) responda se é possível estabelecer uma relação de (...) plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra,
identidade simbólica entre o advérbio aqui (em itálico), no *macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí
poema de Antônio Nobre, e “aqui”, na primeira estrofe de passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas
Trilhos Urbanos. horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa
como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que
Texto para a questão
. a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai: reduzi tudo a
cifras, todas as considerações deste mundo a equações de
DAS IRMÃS interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. — No fim de tudo
isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas
os meus irmãos sujando-se poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos
na lama economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o
e eis-me aqui cercada número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao
de alvura e enxovais trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à
ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta,
eles se provocando e provando para produzir um rico?
do fogo (Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra.
e eu aqui fechada São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. p.77.)
provendo a comida *Macadamizar: pavimentar.
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c) denuncia as condições sociais injustas dos pobres da (UNIFESP) – Da leitura do poema, depreende-se que se
sociedade, o que indica o caráter panfletário do romance
trata de obra do
de Garrett.
a) Barroco, no qual se identifica o escapismo psicológico.
d) divide o mundo entre ricos e pobres e não leva em
b) Arcadismo, no qual se identifica a contenção do
consideração que uma vida justa depende da riqueza
sentimento.
produzida na sociedade.
c) Romantismo, no qual se identifica a idealização da mulher.
d) Realismo, no qual se identifica o pessimismo extremo.
Texto para a questão .
e) Modernismo, no qual se identifica a busca pela liberdade.
Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as
considerações deste mundo a equações de interesse corporal, (FGV) – Escreveu poesia, prosa de ficção, historiografia e
comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a ensaios. Sua historiografia, profundamente revolucionária, tem
espécie humana? Que há mais umas poucas de dúzias de suas origens no Romantismo de Victor Hugo e Walter Scott.
homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos Foi, porém, na prosa de ficção que _______________________
moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é mais contribuiu para a literatura portuguesa do séc. XIX. No
forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à “Monasticon”, que compreende dois romances históricos,
desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça __________________________ e __________________________,
invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? — Que consegue reunir seus dotes de historiador e ficcionista quando
lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas põe em conflito a paixão amorosa e a vida religiosa.
comissões de inquérito, já deve de andar orçado o número de
almas que é preciso vender ao diabo, o número de corpos que
O autor e as obras referidos estão na alternativa:
se têm de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um
a) Antônio Feliciano de Castilho – Cartas de Eco a Narciso –
tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um
A Noite no Castelo.
banqueiro, um granjeeiro – seja o que for: cada homem rico,
b) Camilo Castelo Branco – O Santo da Montanha – Amor de
abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.
Perdição.
(Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra)
c) Júlio Dinis – Os Fidalgos da Casa Mourisca – As Pupilas do
(FUVEST)
Sr. Reitor.
d) Almeida Garrett – O Arco de Santana – Um Auto de Gil
a) Destas reflexões feitas pelo narrador de Viagens na Minha
Terra, deduz-se que ele tinha em mente um determinado Vicente.
ideal de sociedade. O que caracteriza esse ideal? Explique e) Alexandre Herculano – Eurico, o Presbítero – O Monge de
resumidamente. Cister.
b) Identifique nesse excerto de Viagens na Minha Terra, o
tipo social sobre o qual, principalmente, irá recair a crítica Texto para a questão .
presente nas reflexões do narrador. O que caracteriza esse
tipo social? Muito me pesa, leitor amigo, se outra coisa esperavas das
minhas Viagens, se te falto, sem o querer, a promessas que
Texto para a questão . julgaste ver nesse título, mas que eu não fiz decerto. Querias
talvez que te contasse, marco a marco, as léguas das
Seus olhos estradas?
Seus olhos – se eu sei pintar (Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra.
O que os meus olhos cegou –
São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. p. 218.)
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
(UNICAMP) – No trecho acima, o narrador garrettiano
E o fogo que a ateou
admite que traiu as expectativas do leitor. Tal fato deveu-se
Vivaz, eterno, divino,
a) à descrição pormenorizada da natureza e dos monu-
Como facho do Destino.
mentos históricos das cidades portuguesas.
Divino, eterno! – e suave
b) ao caráter linear do relato ficcional, que se fixou nos
Ao mesmo tempo: mas grave
detalhes do percurso realizado durante a viagem a
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi, Santarém.
Queimar toda alma senti... c) ao caráter digressivo do relato ficcional, que mesclou
Nem ficou mais de meu ser, vários gêneros textuais.
Senão a cinza em que ardi. d) às posições políticas assumidas pelo narrador, que propõe
(Almeida Garrett) uma visão conservadora da história de Portugal.
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D. João I fala a Afonso Domingues, arquiteto do Mosteiro (UNICAMP) – Sabe-se que Coração, Cabeça e Estômago
de Santa Maria: é uma obra atípica na produção ficcional de Camilo Castelo
“Houve um tempo em que nós ambos fomos pelejadores: Branco. Em relação a essa obra, assinale a alternativa em que
eu tornei célebre o meu nome, a consciência mo diz, entre os todas as características listadas são corretas.
príncipes do mundo, porque segui avante por campos de a) Inclusão da edição do livro como parte do jogo narrativo;
batalha; ela vos dirá, também, que a vossa fama será perpétua, sátira da poesia e das motivações espirituais;
havendo trocado a espada pela pena com que traçastes o caracterização do herói como alguém incapaz de amar.
desenho do grande monumento da independência e da glória b) Paródia da vida romântica e natural; espiritualização das
desta terra. Rei dos homens do aceso imaginar, não necessidades do corpo; transformação do herói ao longo
desprezeis o rei dos melhores cavaleiros, os cavaleiros da narrativa.
portugueses! Também vós fostes um deles; e negar-vos-eis a c) Descrição da formação do indivíduo; caricatura dos valores
prosseguir na edificação desta memória, desta tradição de e sentimentos românticos; impossibilidade de adaptação
mármore, que há de recordar os vindouros a história de do herói à vida social.
nossos feitos? Mestre Afonso Domingues, escutai os ossos de d) Caricatura das questões relacionadas ao espírito e à
tantos valentes que vos acusam de trairdes a boa e antiga posição social; elogio irônico das motivações fisiológicas;
amizade. Vem de todos os vales e montanhas de Portugal o ridicularização do herói.
soído [som] desse queixume dos mortos; porque, nas
contendas da liberdade, por toda a parte se verteu sangue e Texto para a questão .
foram semeados cadáveres de cavaleiros! Eia, pois: se não
perdoais a D. João I uma suposta afronta1, perdoai-a ao Em 2004, Ronald Golias e Hebe Camargo protagonizaram
Mestre2 de Avis, ao vosso antigo capitão, que, em nome da na TV uma versão humorística da obra Romeu e Julieta, de
gente portuguesa, vos cita para o tribunal da posteridade, se William Shakespeare. Na história do poeta e dramaturgo inglês,
refusais [recusais] consagrar outra vez à Pátria vosso mara- Romeu e Julieta são dois jovens apaixonados, cujo amor é
vilhoso engenho, e que vos abraça, como antigo irmão nos impedido de concretizar-se pelo fato de pertencerem a famílias
combates, porque, certo, crê que não querereis perder na inimigas. Impossibilitados de viver o amor, morrem ambos.
vossa velhice o nome de bom e honrado português.”
(Alexandre Herculano) (UNIFESP) – Na literatura romântica, as personagens que
vivem história semelhante à das personagens de Shakespeare
1 – Suposta afronta: referência à substituição de Mestre Afonso são
Domingues por outro arquiteto na direção das obras do Mosteiro, em a) Joaninha e Carlos, em Viagens na Minha Terra, de Almeida
virtude de ele ter ficado cego. Garrett.
2 – Mestre: título dado a chefes de ordem militar ou religiosa, ou a b) Iracema e Martim, em Iracema, de José de Alencar.
pessoas peritas ou versadas numa arte ou ciência. Mestre de Avis era c) Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, em Amor de
o próprio D. João I, rei de Portugal de 1385 a 1433, filho de Pedro, o Perdição, de Camilo Castelo Branco.
Cruel. d) Leonardo Pataca e Maria da hortaliça, em Memórias de
um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
Do que trata o fragmento? e) Eurico e Hermengarda, em Eurico, o Presbítero, de
Alexandre Herculano.
Com o auxílio de um dicionário, explique as seguintes
imagens destacadas do texto: Texto para questões de a .
a) “homens do aceso imaginar”;
b) “[d]esta memória”, “[d]esta tradição de mármore”; AMOR DE SALVAÇÃO
c) “queixume dos mortos”;
Escutava o filho de Eulália o discurso de D. José, lardeado
d) “contendas de liberdade”;
de facécias, e, por vezes, atendível por umas razões que se lhe
e) “foram semeados cadáveres de cavaleiros”;
cravavam fundas no espírito. As réplicas saíam-lhe frouxas e
f) “maravilhoso engenho”.
mesmo timoratas. Já ele se temia de responder coisa de fazer
rir o amigo. Violentava sua condição para o igualar na licença da
ideia, e, por vezes, no desbragado da frase. Sentia-se por
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dentro reabrir em nova primavera de alegrias para muitos (FGV) – Certas características da visão que o Romantismo
amores, que se haviam de destruir uns aos outros, a bem do tem da mulher estão presentes na carta enviada por Teodora a
coração desprendido salutarmente de todos. A sua casa de Afonso de Teive. Assinale a alternativa que confirma essa
Buenos Aires aborreceu-a por afastada do mundo, boa afirmação.
tão-somente para tolos infelizes que fiam do anjo da soledade a) Objetividade e fragilidade.
o despenarem-se, chorando. Mudou residência para o centro b) Sentimentalismo e religiosidade.
de Lisboa, entre os salões e os teatros, entre o rebuliço dos c) Depressão e agressividade.
botequins e concurso dos passeios. Entrou em tudo. As d) Espontaneidade e altivez.
primeiras impressões enjoaram-no; mas, à beira dele, estava e) Senso de humor e rebeldia.
D. José de Noronha, rodeado dos próceres da bizarriz (sic),
todos porfiados em tosquiarem um dromedário provinciano, (FGV) – Afonso repelia a visão da mãe e de Mafalda
que se escondera em Buenos Aires a delir em prantos uma porque:
paixão calosa, trazida lá das serranias minhotas. Ora, Afonso de a) Teodora não se dava bem com elas.
Teive antes queria renegar da virtude, que já muito a medo lhe b) O convívio com o grupo de D. José o induzia a abandonar
segredava os seus antigos ditames, que expor-se à irrisão de os valores familiais.
pessoas daquele quilate. É verdade que às vezes duas c) Elas queriam impedi-lo de ser o poeta que a sociedade
imagens lagrimosas se lhe antepunham: a mãe, e Mafalda. lisboeta apreciava.
Afonso desconstrangia-se das visões importunas, e a si se d) Ele censurava o comportamento inoportuno de ambas.
acusava de pueril visionário, não emancipado ainda das e) Outras mulheres, mais belas, ocupavam o seu
crendices do poeta inesperto da prosa necessária à vida. pensamento.
Escrever, porém, a Teodora, não vingaram as sugestões
de D. José. Porventura, outras mulheres superiormente belas, (FGV) – Na carta dirigida a Afonso, nota-se que Teodora
e agradecidas às suas contemplações, o traziam preocupado e procura:
algum tanto esquecido da morgada da Fervença. Mas, um dia, a) Persuadi-lo e apela para emoções, sentimentos e valores
Afonso, numa roda de mancebos a quem dava de almoçar, culturais.
recebeu esta carta de Teodora: b) Irritá-lo, apoia-se na lógica e argumenta com relações de
“Compadeceu-se o Senhor. Passou o furacão. Tenho a causa e efeito.
cabeça fria da beira da sepultura, de onde me ergui. Aqui estou c) Dissuadi-lo e utiliza argumentos que têm por base
em pé diante do mundo. Sinto o peso do coração morto no generalizações.
seio; mas vivo eu, Afonso. Meus lábios já não amaldiçoam, d) Intimidá-lo, e sua argumentação baseia-se em fatos
minhas mãos estão postas, meus olhos não choram. O meu concretos.
cadáver ergueu-se na imobilidade da estátua do sepulcro. e) Castigá-lo e argumenta com linguagem lógica e impessoal.
Agora não me temas, não me fujas. Para aí onde estás, que as
tuas alegrias devem ser muito falsas, se a voz duma pobre Texto para as questões de a
.
mulher pode perturbá-las. Olha... se eu hoje te visse, qual
foste, ao pé de mim, anjo da minha infância, abraçava-te. Se A maior injustiça que eu ainda vi desenfreada e às soltas
me dissesses que a tua inocência se baqueara à voragem das na face da terra foi a que prendeu os senhores Almeida e
paixões, repelia-te. Eu amo a criança de há cinco anos, e Manuel Caetano, a propósito de uma tentativa de roubo ao
detesto o homem de hoje. senhor Lobo da Reboleira.
Serena-te, pois. Esta carta que mal pode fazer-te, Afonso? Vinham aqueles inofensivos cidadãos pelo seu caminho,
Não me respondas; mas lê. À mulher perdida relanceou o mansos e quietos, e desprendidos de cobiça. Passaram à porta
Cristo um olhar de comiseração e ouviu-a. E eu, se visse passar do capitalista no momento em que o senhor Lobo escorregava
o Cristo, rodeado de infelizes, havia de ajoelhar e dizer-lhe: nas escadas íngremes e oleosas de sua casa, gritando que
Senhor! Senhor! É uma desgraçada que vos ajoelha e não uma andavam ratoneiros lá dentro. O senhor Almeida, quando tal
perdida. Infâmias, uma só não tenho que a justiça da terra me ouviu, receou que o tomassem por um dos salteadores e
condene. Estou acorrentada a um dever imoral, tenho querido estugou o passo. O senhor Manuel Caetano, menos
espadaçá-lo, mas estou pura. Dever imoral... por que, não, amedrontado das suspeitas, mas temeroso de ser chamado
Senhor! Vós vistes que eu era inocente; minha mãe e meu pai como testemunha, fugiu também. Os vizinhos do senhor Lobo,
estavam convosco.” vendo fugirem dois homens e ouvindo os gritos da criada do
(Camilo Castelo Branco. Amor de Salvação. milionário, correram atrás deles e, auxiliados pela guarda do
São Paulo: Martin Claret. 2003. pp. 94-95) Banco, apanharam-nos. São o queixoso e sua criada
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(PUC) – A corrente romântica indianista, além da ficção de Está correto apenas o que se afirma em:
José de Alencar, encontrou também alta expressão a) I.
a) na poesia de feitio lírico ou épico, como nos cantos de b) II.
Gonçalves Dias. c) I e II.
b) na crônica de costumes, como as frequentadas pelos d) I e III.
missionários do século XVI. e) II e III.
c) no teatro popular, como o desenvolvido por Martins Pena.
d) na épica de recorte clássico, como a concebeu Tomás (UFPA) – Gonçalves Dias foi considerado um dos maiores
Antônio Gonzaga. expoentes da literatura romântica brasileira. Procurando seguir
e) na crítica satírica, como a elaborada por Gregório de Matos. os preceitos do Romantismo, produziu uma poesia capaz de
exprimir a independência literária do Brasil. Na condição de
Texto para a questão . poeta, dedicou-se a vários gêneros literários, entre eles à
poesia lírica e à poesia épica indianista. Leia atentamente as
Um sabiá
estrofes 4, 5, 6 e 7 do canto IV do poema I-Juca Pirama, de
na palmeira, longe.
Gonçalves Dias:
Estas aves cantam
um outro canto.
Andei longes terras, Aos golpes do imigo
O céu cintila Lidei cruas guerras, Meu último amigo,
sobre flores úmidas. Vaguei pelas serras Sem lar, sem abrigo,
Vozes na mata, Dos vis Aimorés1; Caiu junto a mi!
e o maior amor. Vi lutas de bravos, Com plácido rosto,
Vi fortes – escravos! Sereno e composto,
Só, na noite, De estranhos ignavos2 O acerbo6 desgosto
seria feliz: Calcados aos pés. Comigo sofri.
um sabiá,
na palmeira, longe. E os campos talados3, Meu pai a meu lado
E os arcos quebrados, Já cego e quebrado,
Onde é tudo belo E os piagas4 coitados De penas ralado,
e fantástico, Já sem maracás5; Firmava-se em mi:
só, na noite, E os meigos cantores, Nós ambos, mesquinhos,
seria feliz. Servindo a senhores, Por ínvios7 caminhos,
(Um sabiá, Que vinham traidores, Cobertos d’espinhos
na palmeira, longe.) Com mostras de paz. Chegamos aqui!
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d) o ponto de vista a partir do qual se elabora o poema é o do (UNESP) – Tendo em mente o fato de que é usual a
europeu português, que condena as práticas bárbaras e retomada de um mesmo tema por artistas de épocas
violentas das nações indígenas brasileiras. diferentes, explique o que há de comum entre a letra de
e) as práticas colonizadoras portuguesas que levaram ao Saudade de Minha Terra e a Canção do Exílio, do poeta
quase extermínio da nação Tupi são julgadas do ponto de romântico Gonçalves Dias, cujos primeiros versos são: Minha
vista do próprio índio. terra tem palmeiras / onde canta o sabiá. / As aves que aqui
gorjeiam, não gorjeiam como lá.
A questão a seguir toma por base a letra de uma guarânia dos
compositores sertanejos Goiá (Gerson Coutinho da Silva, 1935- Texto para as questões e .
1981) e Belmonte (Pascoal Zanetti Todarelli, 1937-1972).
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Texto 1
Os textos 1 e 2, escritos em contextos
CANÇÃO DO EXÍLIO históricos e culturais diversos, enfocam o
mesmo motivo poético: a paisagem brasi-
Minha terra tem palmeiras, leira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que
Onde canta o Sabiá; a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente
As aves, que aqui gorjeiam, do país em que nasceu, é o tom de que se revestem os
Não gorjeiam como lá. dois textos.
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Em “tremia de frio” a relação é de causa. O primeiro parágrafo descreve como tio Sabino surrupia
Resposta: B objetos da casa da sobrinha, o que se confirma no último
Até tem, na frase em questão, o sentido de inclusão, parágrafo: “roubara a família Carvalhosa”.
indicando que lavar carros particulares é mais um dos Resposta: D
abusos praticados pelos vereadores com dinheiro público. A interjeição de Maria do Resgate sugere preocupação.
Como se trata de prática condenável, que não se espera Resposta: C
de pessoas honestas, pode-se admitir como correta a
alternativa a, mesmo porque não há melhor.
Resposta: A Módulo 56 – Preposição (II) e Interjeição
Até, no enunciado, significa inclusive, como na alternativa
d. Em a, significa limite no espaço; em b, c e e, limite no B
tempo. No trecho, predominam verbos no pretérito perfeito
Resposta: D (“dominou”, “elevou-se”, “reuniu”, “impôs”, “fez”), com
D exceção das formas nominais “idealizada” (particípio) e
“caminhando” (gerúndio). A forma verbal “pôde” é um
Módulo 54 – Gêneros textuais: conto, exemplo de verbo no pretérito perfeito. Lembrando que o
miniconto, biografia, homônimo “pode”, indica presente do indicativo.
diário e piada Resposta: B
No texto, a expressão acima de indica “posição superior”;
A alternativa é confirmada pelo texto, logo no início: para, “destino, direção”; por meio de, “fazendo uso de”,
“Algumas lembranças me parecem fixadas nesse chão portanto “instrumento”.
movediço (a infância), as minhas pajens”. Seguem-se as Resposta: A
menções a “Minha mãe”, “tia Laura”, “meu pai”, a) O termo ambíguo é para, que pode indicar direção ou
compondo o quadro familiar. substituição (por eles). “Escrevia cartas para analfa-
Resposta: C betos” é ambíguo porque não se sabe se a professora
A intromissão da pajem nas questões familiares (“ — escrevia cartas endereçadas a analfabetos ou se
Escutei que a gente vai se mudar outra vez, vai mesmo?”), escrevia a pedido deles.
e o esboço de protesto (“...levantou-se enfurecida: Pensa b) Há várias possibilidades de resposta.
que eu sou sua escrava, pensa? A escravidão já acabou!”) 1. O filme Central do Brasil conta a história de uma
induzem à noção de proximidade ou, minimamente, de professora aposentada que escrevia cartas em
tolerância, já que a narradora aceita essas atitudes, na nome dos analfabetos.
inocência de quem sequer sabia o que significava o termo 2. O filme Central do Brasil conta a história de uma
“escravidão”. professora aposentada que prestava serviço aos
Resposta: E analfabetos, escrevendo cartas.
O gesto de recusa, citado na alternativa a, pode ser 3. O filme Central do Brasil conta a história de uma
subentendido nesta passagem do texto: “Pensa que eu professora aposentada que escrevia cartas a
sou sua escrava, pensa? A escravidão já acabou!”, seguida pedido dos analfabetos.
da mudança de atividade – em vez de cortar roletes de A
cana, passa a procurar talvez uma manga madura, talvez Os dois adjuntos adverbiais destacados indicam causa:
jabuticaba, com a tácita aprovação da memorialista, ou da pesada por causa do ouro, rútila (resplandecente) por
criança que sua memória recria. causa dos brilhantes.
Resposta: A Resposta: A
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C de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
D Resposta: A
“Perda” é substantivo, vem precedido de artigo “a”;
Módulo 57 – Ambiguidade “muita” é adjetivo e modifica o substantivo “vez”;
“porque” é conjunção causal; “depois” é advérbio de
A interrogação “o qui é qui eu tô tocando?” instaura a tempo; “mim” é pronome oblíquo de primeira pessoa do
ambiguidade que é a geradora do humor. O que se singular e se refere ao próprio narrador.
pergunta é “que música eu estou tocando?”, que a Resposta: D
interlocutora compreende, erroneamente, como “que Trata-se de um texto narrativo marcado por verbos no
instrumento musical eu estou tocando?”. Daí a sua pretérito perfeito (“cantei”, “vim”, “foi”, “denunciou”),
inesperada resposta. que estabelecem uma sucessão temporal, juntamente
Resposta: B com o advérbio de tempo “depois”.
O emprego popular da forma “cê” caberia na frase I: “cê Resposta: E
vem conosco?”, mas não seria possível usá-la na frase II, A
porque não se emprega essa forma reduzida quando B
precedida de preposição (no caso, a preposição para). A oração “como o motorneiro se impacientasse” indica
Resposta: B circunstância de causa e “desatravancaram o veículo” é a
A construção “o qui é qui” contém a expressão “é que”, consequência.
expletiva ou de realce, encontrada em outras construções Resposta: A
utilizadas, na linguagem coloquial, em frases interrogativas
(“como é que”, “por que é que”, “onde é que” etc.).
Resposta: C Módulo 59 – Gênero textual: crônica
A fala que se omitiu no primeiro quadrinho é a expressão que
os fotógrafos converteram em lugar-comum, como apelo ao O assunto do texto não é um “caso imaginário” (alter-
fotografado, visando a um melhor enquadramento diante da nativa a) nem uma “experiência pessoal” (alternativas d e
remanescente dos primeiros tempos da fotografia). A (alternativas b e c) – colhida, como informa o enunciado do
inadequada de Chico, que deu ao termo “passarinho” outra apresentação é, claramente, narrativo, tratando-se de uma
conotação, de uso popular, designativa da genitália história sugestiva, ou seja, que sugere significação que vai
masculina, e dirigiu seu olhar para a sua, provocando a além do que é contado. Portanto, trata-se de um texto cuja
reação irritada de Rosinha. O último quadrinho deixa claro finalidade é “promover reflexão” – no caso, reflexão
que Chico continuou sem entender o apelo, justificando com acerca da visão das relações humanas e da justiça contida
Resposta: D Resposta: B
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A circunstância dada pela expressão “sem dúvida” é Módulo 66 – Gêneros textuais: cartuns,
reproduzida de acordo com a norma-padrão pelo advérbio tiras, histórias em quadrinhos
“certamente”, que modifica o verbo “dedicar”, o qual
e charges
rege a preposição “a”.
Neste caso, o humor decorre da quebra da expectativa do
Resposta: D
leitor: normalmente quando se avança em um jogo, mais
Tanto “nenhuma” quanto “certo” pertencem à mesma
a vitória se aproxima. Na tira, quanto mais o personagem
classe gramatical, são pronomes indefinidos. Em a, certo
avança, atendendo aos comandos da regra, mais ele
é adjetivo, em b, “o certo” é substantivo; em c, “certo” é
enfrenta problemas.
adjetivo; em d, “certo” é advérbio, no sentido de
Resposta: E
racionalmente.
B
Resposta: E A etiqueta com o código de barras no cabo do machado
sugere uma cruel ironia entre a atitude mercantilista atual
– que transforma árvores em produtos – e a natureza a ser
Módulo 65 – Conjunção (III) preservada, uma vez que o cabo do instrumento que
derrubou a árvore também deriva dela.
A conjunção adversativa é apropriada porque há contra- Resposta: C
posição entre o primeiro e o segundo períodos do texto, A charge ironiza o uso desmedido de tecnologia da
indicando o segundo algo que, em relação ao primeiro, comunicação, provocando o distanciamento nos
Resposta: A Resposta: C
A vírgula é indevida porque separa o sujeito “o peso da I. Verdadeiro. Tomás Antônio Gonzaga, desde o
prestação do carro zero”, do verbo “triplicou”. princípio, apresenta uma linguagem inovadora,
Resposta: E enquanto Cláudio Manuel da Costa reproduz aspectos
A formais, como o cultismo, e o conflito de ideias,
A segunda oração, “tive que arrumar um outro emprego, próprios do período barroco.
de noite”, é a consequência dos tempos difíceis a que se II. Verdadeiro. A obra Marília de Dirceu apresenta
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IV. Falso. Tomás Antônio Gonzaga apresenta Em “flores canoras, pássaros fragrantes”, mesclam-se as
características pré-românticas na segunda fase de sensações auditiva (“canoras” = cantantes) e olfativa
sua produção. O Arcadismo precede o Romantismo. (“fragrantes” = perfumados).
V. Verdadeiro. Costuma-se atribuir elementos pessoais à Resposta: A
produção do poeta após a sua prisão e degredo.
A frase “O céu não vestia seus horizontes de mil cores”
Resposta: D está em ordem direta, isto é, apresenta a seguinte
São falsas as proposições [I], [II], [III] e [V], pois: organização: sujeito + verbo + complemento verbal.
[I] A literatura árcade reproduz características de Resposta: C
movimentos antecedentes, como o classicismo e a O comentário refere-se com clareza aos aspectos mais
literatura clássica. Além disso, Tomás Antônio importantes do Arcadismo ou Neoclassicismo: “à
Gonzaga compôs obra satírica e Cláudio Manuel da descrição da natureza, (…) em termos clássicos”; “a
Costa escreveu um poema épico, Vila Rica. importância relevante tanto ao índio e ao contato de
[II] Há uma inversão nas informações apresentadas culturas”, como pode ser observado em Caramuru, de
sobre os autores, pois Cláudio Manuel da Costa Santa Rita Durão e em O Uraguai, de Basílio da Gama.
apresenta características barrocas no início de sua Resposta: E
produção que não deixam de antever o pessimismo
pré-romântico, e Tomás Antônio Gonzaga antecipa
características românticas na segunda fase de sua Módulo 34 – Manuel Antônio de Almeida:
produção. Memórias de um Sargento de
[III] A prisão teve como causa a conspiração política Milícias: o narrador
contra o império luso, isto é, um crime considerado
traição ao rei de Portugal. Na época, o autor de Cartas Leonardo – conforme o texto da adaptação – “aborrecera-
Chilenas não foi identificado, ninguém sabia quem era se e viera ao Brasil”.
Critilo, o emissor. Resposta: D
[V] Pelo contrário ao apresentado na proposição, o texto Que se trata de “cumplicidade na situação de aproximação
apresenta aspectos formais clássicos, além de desencadeada pela pisadela” é confirmado pelas
recorrer a imagens mitológicas como referência indicações de que Maria engravidou.
literária. Além disso, nesses versos, há a preocupação Resposta: A
com a estética, como evidencia, entre outros Embora publicado em pleno Romantismo, o romance de
elementos, a regularidade métrica. Manuel Antônio de Almeida afasta-se dos padrões da
Resposta: D ficção romântica por não idealizar as personagens
Tomás Antônio Gonzaga é um autor do período árcade; femininas nem as relações amorosas, por retratar as
Gregório de Matos pertence à escola barroca. camadas “baixas” da sociedade e por apresentar como
Resposta: C protagonista um “anti-herói” na tradição da literatura
Mi / se / ri / cór / dia, a / mor, / Je / sus / Je / sus. picaresca (que, em sua adaptação brasileira, resultou no
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
que o crítico Antônio Cândido classificou como “romance
Os versos são decassílabos. malandro”). O examinador exagerou quando empregou a
Essa expressão conota os olhos de Sílvia. expressão “denunciam as mazelas e pobrezas sociais”.
A musa Sílvia, no soneto, é referida por meio da perífrase Resposta: B
ou circunlóquio (rodeio de palavras): “A bela ocasião das Considerando que o “contexto em que transcorre o
minhas dores”. enredo” de Memórias de um Sargento de Milícias (período
Resposta: D do Brasil Reino, 1808-21, dentro da Época Joanina) e “a
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Que faziam perpétua a primavera: /Nem troncos vejo Módulo 36 – Memórias de um Sargento de
agora decadentes.” Milícias: o protagonista
a) Jandira dirige-se ao interlocutor, Ubirajara, de forma
algo cerimoniosa e distante, usando o pronome na No final da narrativa, Luisinha, já viúva de José Manuel,
terceira pessoa do singular (“para que ele se afaste de casa com o seu primeiro amor, Leonardo, que, após a
sua taba e esqueça a noiva que o espera”). Ubirajara, providencial intervenção de Maria Regalada, torna-se
ao falar com Jandira, emprega o pronome na segunda liberto da prisão e, mais tarde, oficial, sargento de milícias.
pessoa do singular (“que não sabe mais dizer-te Resposta: C
palavras de alegria”), de conotação mais íntima ou Leonardo é o primeiro malandro da prosa brasileira e
informal. Finalmente, Ubirajara, ao fazer referência a si precursor de vários outros, como Firmo e Macunaíma,
mesmo, emprega, de maneira formal e até hierática, a ainda que de romances de escolas literárias diferentes.
terceira pessoa do singular (“nem ele sabe ainda”). Resposta: C
b) O uso do futuro do presente em sua forma sintética a) Leonardo, “filho de uma pisadela e de um beliscão”,
(“fará”, fabricará”, “serão”, “derramará”) é próprio de apresenta-se em boa parte da narrativa como uma
linguagem “mais formal ou artificial”. O registro da fala personagem sem formação ou profissão, sendo
dos índios na obra de Alencar é sempre bastante artificial, caracterizado pelo narrador como “vadio-mestre”, “vadio-
sem qualquer traço de realismo. Os índices de tipo”, o que em muito exasperava seu padrinho, pois o
verossimilhança não se encontram na gramática, mas sim jovem dava sinais de que não contaria com meios dignos
no léxico, pleno de indigenismos, em geral tupinismos. de sobrevivência. Era, portanto, o típico representante do
a) Trata-se de uma apresentação humanizada da natureza, eixo social da desordem, conforme célebre estudo de
num processo de personificação correspondente à Antônio Cândido (“Dialética da malandragem”). No final
figura chamada prosopopéia. A natureza é, ao mesmo da narrativa, ascende ao eixo da ordem, ao sair da prisão,
tempo, refúgio dos grandes sentimentos, elemento de receber baixa da tropa de linha, ganhar promoção a
pitoresco (tropical e paradisíaco) e motivo de exaltação sargento de milícias, casar-se com moça de boa condição
nacionalista. (Esta última característica, marcadamente social (Luisinha) e receber a herança de seu padrinho.
romântica, não está, porém, presente no fragmento b) Leonardo não obtém sua nova condição social por mérito
transcrito.) próprio. Ele conta com a ajuda das relações sociais que
b) As comparações (“Uma estrela brilhante listrava o céu, possui, destacando-se, entre elas, a figura da Comadre,
como uma lágrima de fogo”; “Jandira fará como sua que age como uma espécie de fada-madrinha à procura
irmã, a abelha”; “... os guerreiros amam a flor da de pessoas influentes para eliminar as dificuldades por
formosura, como a folhagem da árvore”) e também as que passa o protagonista. No caso do excerto destacado,
metáforas: (“... os coqueiros ...inclinam para o nascente por exemplo, ela recorre à amante do Major Vidigal para
seu verde cocar”, “... ela fabricará em seus lábios os livrar o “memorando” do castigo (chibatada) e da prisão,
favos mais doces para o seu guerreiro; suas palavras obtendo-lhe promoção e o habilitando à ascenção social
serão fios de mel...”) — tais comparações e metáforas com que é brindado no fim da narrativa.
associam o natural e o humano, configurando ou Os itens I e II são incorretos, pois I Leonardinho não
reforçando a visão personificada da natureza. reflete a estética do herói virtuoso, mas sim a do anti-
a) Ubirajara afirma que ainda não chegou para ele o dia de herói, próximo do picaresco, segundo Mário de Andrade,
escolher esposa e que não se sabe que mulher foi afeito à malandragem como forma de vida. Em II, o livro
designada pelo deus Tupã para ser a mãe do seu segue a tradição folhetinesca, portanto, é um romance de
primeiro filho. costumes sociais narrado em 3.ª pessoa.
b) É o advérbio “ainda”. Resposta: C
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seja, a fusão de práticas religiosas diferentes, pois a seu tempo, expressando contemporaneidade, os poetas
personagem tanto fazia rezas para afastar supostas árcades valorizavam conceitos e símbolos clássicos para
com grande assiduidade as festas e os rituais ligados à O fragmento sugere que os escritores do séc. XVIII já se
Igreja Católica (missas, ladainhas, terços, novenas, via- sensibilizam com impasses pertinentes à cultura e vida
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Estão incorretas: adeus, o teu adeus, minha saudade, / Fazem que insano
– I, pois Marília é tratada na 2.ª pessoa, e portanto a do viver me prive/ E tenha os olhos meus na escuridade”.
forma verbal “Olha” não poderia ser alterada para Nota-se, portanto, que a rejeição amorosa traz o desejo de
“Ouça”, 3.ª pessoa. morte para o eu lírico.
– III, pois a forma verbal “vês” é do presente do indica- Resposta: D
tivo e não imperativo, como consta na afirmação. a) Ambos os textos são saudosistas, ou seja, neles a
Resposta: B temática dominante é a saudade, a nostalgia da terra
natal.
Caetano Veloso faz referência ao lugar em que nasceu
Módulo 40 – Romantismo: (Santo Amaro da Purificação) e Antônio Nobre alude, já
características gerais no próprio título (“Viagens na minha Terra”), à região de
onde proveio: O Douro, norte de Portugal.
O poema de Álvares de Azevedo representa uma Há vários versos em que se evidencia a nostalgia,
lavadeira, captando-a como fada e como um ser sem como, dentre outros: “Sonhando o tempo que lá vai”
idealização. Esse último aspecto do poema ironiza o (Antônio Nobre); “O melhor o tempo esconde” /
subjetivismo romântico. Já a pintura retrata uma figura “Longe, muito longe”. (Caetano Veloso). Note-se ainda
feminina que reflete a classe alta e, consequentemente, que, no título de Antônio Nobre, há também referência
os valores positivos atribuídos ao seu papel social. a uma grande obra do Romantismo português: a novela
Resposta: C homônima de Almeida Garrett.
As estrofes destacam os recursos materiais e intelectuais b) Traduzir, na canção de Caetano Veloso, significa “dar
envolvidos na relação entre o eu lírico e a amada. Tal expressão artística”, “transformar em arte”, “exprimir
relação racional se opõe à experiência amorosa recorrente através de canções”. Trata-se de metamorfosear em
no Romantismo de caráter passional. linguagem artística as experiências marcantes do
Resposta: C passado, celebradas na letra de canção transcrita.
A arte romântica tem como inspiração os valores de a) A maiúscula alegorizante é um recurso tipográfico de
liberdade individual preconizados pela Revolução Francesa uso frequente em todas as épocas literárias,
e a produção intelectual decorrente de tal fato histórico. especialmente no Simbolismo. Esse recurso visa a dar
Na conjuntura brasileira, por sua vez, a abolição da ao termo grafado com a inicial maiúscula uma carga
escravidão é uma tópica emergente na obra de Castro semântica mais significativa, conferindo a ele um valor
Alves. absoluto, ou transformando-o em símbolo, alegoria,
Resposta: B através da personificação.
As três proposições estão corretas, pois, no plano Ventre, grafado com a maiúscula alegorizante, refere-
histórico, o Romantismo corresponde ao período da se à mãe, reverenciada como a maior credora do eu
Independência do Brasil e de uma formação intelectual da lírico. A relação metonímica parte pelo todo ou causa
identidade nacional. Assim, observa-se, na literatura do pelo efeito traduz a evocação quase religiosa da
século XIX, uma preocupação em estabelecer uma concepção e da maternidade como os fatos fundantes
atividade literária que representasse traços característicos da vida.
da pátria brasileira em contraposição à ex-Metrópole, b) A relação de identidade simbólica do advérbio aqui, nas
Portugal. duas ocorrências em questão, deve-se a que o lugar
Resposta: E que indicam é a interioridade. Em Caetano: “o tempo
O fundamento do desejo de morrer é a desilusão esconde / Longe, muito longe, / Mas bem dentro
amorosa, como evidenciam, dentre outros, os versos “O aqui,”. Sentido equivalente tem o advérbio em Antônio
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Nobre: “Tudo isso eu guardo, aqui ficou:”. Em ambos Alexandre Herculano, escritor romântico, é um importante
os casos, significa “em mim”, “dentro de mim”. nome da poesia e prosa portuguesa e as temáticas da
O poema apresenta o ponto de vista “das irmãs” (como paixão amorosa e da religiosidade são caras à sua
anuncia o título) sobre “os papéis sociais destinados aos produção.
gêneros”. A limitação do espaço e das ações atribuídos à Resposta: E
mulher (“fechada”, “provendo”, “servindo”), assim como A narrativa de Viagens na Minha Terra não é linear, mistura
a dependência desta em relação ao masculino (“afiançada gêneros textuais e histórias. O narrador volúvel interrompe
/ por dote e marido”) sugerem “graus de autorrealização várias vezes o relato para fazer digressões de caráter
desiguais”, como consta da alternativa de resposta. histórico-cultural e filosófico. Esse estilo frustra a
Resposta: E expectativa do leitor acostumado à narrativa linear.
Resposta: C
O fragmento traz o apelo de D. João I, dirigido a Afonso
Módulo 41 – Almeida Garrett e Domingues, para que este esqueça um antigo ressenti-
Alexandre Herculano mento e reassuma a direção das obras do Mosteiro de
Santa Maria.
Em Viagens na Minha Terra, misturam-se histórias e
a) Homens de imaginação viva, de grande imaginação.
gêneros literários, havendo, assim, “vários ângulos de
b) O próprio Mosteiro de Santa Maria, edificado para
observação”, apesar de os textos arrolados pelo
comemorar célebres e gloriosos feitos históricos.
examinador não deixarem de ser panfletários.
c) Reclamação dos mortos.
Resposta: B
d) Lutas para conquista da liberdade.
a) O narrador de Viagens na minha terra deixa entrever um
e) Morreram tantos cavaleiros que seus corpos se
ideal de sociedade orientado pelas utopias geradas no
misturaram à terra como sementes.
contexto político e filosófico do século XVIII e que se
f) Grande talento.
disseminaram pelo século XIX (Iluminismo, Liberalismo,
Revolução Francesa). Trata-se do sonho de um mundo
em que imperariam a justiça e a igualdade social, sem o
Módulo 42 – Camilo Castelo Branco
enriquecimento exorbitante atrelado à exploração e à
miserabilidade extremas. Houve uma degeneração da
Em Coração, Cabeça e Estômago, Camilo Castelo Branco
ideologia da época contemporânea, pós Revolução
constrói uma narrativa que rompe com os padrões dos
Francesa
folhetins românticos por meio de forte crítica ao
b) A crítica de Viagens na minha terra recai sobre o
sentimentalismo, caracterizando a trajetória de Silvestre
burguês, que no romance é chamado de barão. Esse
da Silva em sua busca por conquistas amorosas, sociais,
tipo social é condenado por assumir um
econômicas e intelectuais. A ironia, recurso
comportamento pragmático ao extremo, voltado para o
frequentemente empregado pelo autor, percorre o
lucro, a especulação financeira, como se vê nos trechos
romance, rebaixando personagens, instituições sociais e
“reduzi tudo a cifras” e “comprai, vendei, agiotai”.
religiosas, comportamentos sentimentais, atividades
O texto é caracteristicamente romântico, seja na
jornalísticas e políticas, culminando no interesse exclusivo
idealização da figura feminina, seja na expressão intensa,
da personagem central de se dedicar aos prazeres do
exacerbada da paixão amorosa. O autor é o iniciador do
estômago, perpetuação única da felicidade e paz de
Romantismo em Portugal, com a obra Camões (1825).
espírito de Silvestre da Silva.
Resposta: C
Resposta: D
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No romance de Camilo Castelo Branco desenvolve-se porque estava temeroso de ser chamado como
história semelhante à da peça de Shakespeare: amor testemunha de um roubo. A atitude defensiva das duas
impossível em razão de inimizade entre famílias. personagens fez com que, ironicamente, elas fossem
O sentimentalismo evidencia-se na intensidade emocional b) Eles foram capturados pelos vizinhos do senhor Lobo,
reiterações, pontuação expressiva, além do léxico que lugar do pretérito perfeito “foram” e “asseveraram”
associa sentimentos (“coração”, “meus olhos não para realçar e dar vivacidade a um fato passado.
choram”, “Eu amo ... detesto” “desgraçada”, “perdida”), b) O pretérito perfeito indica que o fato narrado (a
religião (“Cristo”, “anjo”, “Senhor”) e morte (“sepultura”, perseguição) ocorreu no passado, anteriormente à
“coração morto”, “sepulcro”). Amor, religião e morte são chamada dos vizinhos para identificar os perseguidos e
temas que balizam a experiência humana que a visão testemunhar contra eles.
O narrador informa que “Afonso de Teive antes queria Branco deixa transparecer, de forma irônica, sua discor-
renegar da virtude... que expor-se à irrisão (zombaria) de dância dessa pretensão de alguns autores.
assaltante. Estugar: apressar; aligeirar o passo. entre Artur Bernardes e Rui Barbosa e o Levante dos 18
b) No contexto, podem-se deduzir os sentidos por meio do Forte, marcando o início do movimento tenentista –
das passagens: “... receou que o tomassem por um cujo ápice ocorreria em São Paulo, com a Revolução de
dos salteadores e estugou o passo”; “O senhor 1924 e a subsequente Coluna Miguel Costa – Prestes.
Manuel Caetano... fugiu também”; “Os vizinhos do Contextos sociais: Em 1843, há a sociedadade
senhor Lobo... correram atrás deles... e apanharam- aristocrática escravista, predominantemente rural, com
a) Almeida fugiu para que não fosse tomado como 1924, a sociedade é predominantemente burguesa em
salteador, tentando evitar um mal-entendido à porta do processo de urbanização, com crescente inserção das
capitalista Lobo, que tinha gritado que havia ratoneiros camadas trabalhadoras urbanas e grande afluxo de
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b) Quanto às diferenças estéticas, o poema de Gonçalves Os versos são redondilhos menores (5 sílabas poéticas) e,
Dias possui rima, tem como tema principal o neste poema, representam a marcha do guerreiro indígena
saudosismo da pátria e a exaltação da Natureza heroico, típico da poesia indianista brasileira.
brasileira e constitui uma obra matriz das que lhe
A história dos grandes guerreiros era passada às novas
seguiram nessa tópica, no Brasil. Já o poema de gerações pela tradição oral: um velho guerreiro contava
Oswald de Andrade não possui rima, tem como tema para os meninos a vida do grande herói.
principal a saudade do mundo urbano e constitui uma O velho Timbira afirma que viu a história que conta, ou
paródia dos versos de Gonçalves Dias. Quanto às seja, ele usa do seu próprio testemunho para dar
diferenças ideológicas, o poema de Gonçalves Dias, credibilidade ao seu relato.
pertencente à escola romântica, caracteriza-se pelo
nacionalismo ufanista. Já o poema de Oswald de
Andrade, pertencente ao movimento modernista, Módulo 44 – Um clássico romântico: a
caracteriza-se pelo ufanismo paulista/paulistano, o que “Canção do Exílio” de
constitui revisão intertextual da Canção do Exílio. Gonçalves Dias
A poesia indianista foi um dos movimentos artísticos mais
expressivos a fim de definir uma identidade ao Brasil na O poema de Oswald de Andrade dialoga com o afamado
primeira metade do século XIX e, para tal, a figura do texto de Gonçalves Dias, porém a intertextualidade
indígena idealiza uma origem inocente e guerreira, proposta pelo modernista dialoga com elementos
imagem recorrente nos poemas líricos e épicos do autor histórico-sociais do Brasil ao salientar, por exemplo, o ouro
romântico, Gonçalves Dias. e a terra do país.
Resposta: A Resposta: C
A proposição II está incorreta, pois o recurso expressivo da Embora o poema de Oswald de Andrade, que evoca A
repetição é recorrente em diversos poemas de Carlos canção do exílio, possua métrica regular, apresenta
Drummond de Andrade como, por exemplo, No Meio do originalidade nas rimas e a sua produção não é afeita aos
Caminho, Visão 1944, Quadrilha, entre outros. preceitos românticos de idealização da natureza.
Resposta: D Resposta: E
O poema expressa a voz do indígena sobre a espoliação Gonçalves Dias é um dos principais expoentes da
cultural e material desse povo pelo europeu, e os versos produção romântica brasileira e fez parte da chamada
conferem um juízo de valor negativo a respeito da ação 1ª geração do período, que exaltava a imagem do indígena
cruel e violenta do branco. como símbolo nacionalista.
Resposta: E Resposta: B
O tema — saudade da terra natal — é comum aos dois a) A ideia de exílio como “lugar longínquo” está presente
textos. Em ambos, são exaltadas as belezas do lugar de no termo longe, que aparece no poema seja como
origem, em contraste com o que o eu lírico experimenta advérbio (estrofes 1, 3 e 4), seja como substantivo
no “exílio” a que as circunstâncias o levaram. Além do (estrofe 5). Já o sentido de “isolamento” se encontra
tema, há entre os dois textos alguma semelhança formal, no adjetivo só (estrofes 3 e 4).
pois ambos são compostos em versos curtos de larga b) Ao caracterizar o local para onde quer voltar como um
tradição popular: redondilhos maiores, no poema de lugar “onde tudo é belo / e fantástico”, o eu lírico o
Gonçalves Dias, e redondilhos menores, dispostos aos imagina como fora do comum, ideal, pródigo no que se
pares, na letra de Goiá e Belmonte. refere aos aspectos positivos ligados à Natureza (“O
O texto idealiza o índio guerreiro, herói nacional segundo céu cintila”) e à emotividade (“maior amor”). Eleva-o,
ótica romântica. pois, a um nível mítico ou arquetípico, cujo caráter ideal
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