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Dr. Marcelino Matamba //mgmsello@outlook.com//Econ.

Ang

Aula nº 11, 12 Data____ Maio de 202_

Sumário: AS REFORMAS ECONÓMICAS E O SANEAMENTO DA ECONOMIA


ANGOLANA

- OBJECTIVO DAS REFORMAS ECONOMICAS E PROGRAMAS DO


GOVERNO

Em 1992, a constituição angolana revista, trouxe mudanças formais ao sistema


económico, o fim do sistema económico planeado e centralizado, para o
estabelecimento do sistema de economia mista que é a actual estrutura económica do
país.

O art.º 10º da constituição de Angola diz que: o sistema económico assenta na


coexistência de diversos tipos de propriedades públicas, privadas, mista, cooperativa e
familiar gozando todos de igual protecção.

Da Economia de Direcção central à Economia de Mercado

Economias de direcção central ou socialistas:


• É aquela em que o Estado toma as decisões importantes de produção e da
repartição.

Aspectos mais relevantes da economia de direcção central:


- O Estado possui e dirige a actividade das empresas na maior parte dos ramos de
actividade;

- O Estado é o empregador da maioria dos trabalhadores e quem dirige a sua


actividade, decidindo também como a produção da sociedade deve ser dividida pelos
diversos bens e serviços;

- Neste tipo de economia o governo possui a maior parte dos bens de produção (terra
– capital);

- Uma economia de direcção central é, um sistema que não concede qualquer


liberdade aos agentes económicos.

- Toda a estruturação orgânica e do funcionamento da economia num sistema de


direcção central são efectuadas no Plano.

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De facto, sem planificação económica não existe direcção central. No Plano definir-
se-á a orientação a seguir em relação aos vários aspectos da vida económica do país.

Exemplificando, Mais concretamente, estipulam-se as produções a efectuar:

- Os tipos de bens e serviços a produzirem, as quantidades e as respectivas


qualidades, bem como os locais onde se deverá efectuar a produção;

- Para que esta tarefa seja executada convenientemente, é necessário conhecimento


prévio das necessidades da comunidade, para que se determine a produção daquilo que é
efectivamente mais necessário à satisfação das necessidades gerais. Naturalmente, para
definir correctamente os parâmetros da produção a efectuar, também é necessário saber
quais são os meios de produção ao dispor da economia;

Inconvenientes:
É inconciliável, sendo uma sociedade que se conduz por 1 só estado não pode ser
compatível com a democracia; Ausência flexibilidade externa.

Aspectos mais revelantes da economia de Mercado:

Economias de Mercado:

Nas economias de mercado encontra-se institucionalizada a propriedade privada dos


meios de produção e a livre iniciativa, a actividade produtiva está dependente da vontade
dos particulares que têm como principal motivação a obtenção do lucro máximo.

Nestas economias, a propriedade privada dos meios de produção explica que a


generalidade das unidades produtivas seja constituída por empresas privadas e que o
rendimento seja repartido de forma desigual.

Mecanismo regulador da actividade económica: o Mercado.


A actitude dos agentes económicos assentam em motivações pessoais – a
maximização do lucro para os produtores, e a maximização da satisfação das necessidades
para os consumidores.

Aspectos mais relevantes da economia de Mercado:

- A organização jurídica e social ser dominadas pela propriedade privada dos meios
de produção e pela liberdade contratual;

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- A organização da produção depende do mercado e da iniciativa privada, sendo os


empresários que procedem à combinação, através de técnicas diferenciadas, dos factores
de produção;

- Há concorrência entre bens

- O Estado não interferi directamente na actividade económica.

As Insuficiências dos Modelos Puros. As Economias Mistas

Economias Mistas

É aquela que se sita entre a economia de mercado e a economia de direcção central.


Actualmente, a maior parte das sociedades funciona numa economia mista. Refere-se que
os serviços como a educação, o policiamento ou o controlo da poluição são geralmente
proporcionados pelo governo.

Uma economia mista é uma forma de economia que combina dois ou mais modelos
económicos distintos.

Constata-se que todas as economias reais apresentam, simultaneamente,


características de cada uma das formas puras de economia. Todas as economias reais têm
um caracter misto.

Este princípio apresenta, contudo, algumas limitações pois apenas pode ser aplicado
em situações de concorrência perfeita em que não se verificam quaisquer falhas de
mercado. De facto, falhas de mercado como as situações de concorrência imperfeita ou a
existência de externalidades ou mesmo a distribuição eticamente injusta do rendimento,
obrigam à intervenção do Estado de forma a corrigir ou minimizar o impacto dessas falhas.

O mecanismo de mercado funciona assim como uma "mão invisível" que conduz os
agentes económicos para uma situação óptima do ponto de vista da eficiência.

Em 1987 no âmbito da reforma económica do pais, o governo implementou o SEF


(sistema económico e financeiro) e posteriormente o PRE (Programa de Recuperação) com
estes dois modelos económico Angola se tornou membro do FMI em 1989.

O SEF e o PRE, constituíram-se a base de transição da economia centralizada para


a economia de mercado, mas que não foram totalmente implementados e apenas em 1990
através do PAG( Programa de Acção do Governo), que a nossa moeda é revalorizado.

As Reformas Económicas e o Saneamento da Economia Angolana

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A decisão estratégica de faseadamente se modificar o sistema económico de


direcção centralizada foi tomada em meados de 1980, e sua tradução política estava contida
no programa SEF, esta política económica desenvolveu-se por uma serie de ciclos, estes
ciclos traduziram-se em diferentes programas de política económica de duração efémera,
de 1989 a 2000 surgiram ate doze programas de política económica.

Ano Nome do Programa Duração /


meses
1989/1990 PRE – Plano de Recuperação Económica 14
1990 (Maio) PAG – Programa de Acção do Governo 8
1991 PN – Plano Nacional 12
1992 PN – Plano Nacional 7
1993 PEE – Programa de Estabilização Económica 3
1993 PEG- Programa de Emergência do Governo 8
(Março)
1994 PES – Programa Económico Social 12
1995/1996 PES – Programa Económico Social 18
1996 (Junho) PNV- Programa Nova Vida 6
1997 PES – Programa Económico Social 12
1998/2000 PERE – Programa de Estabilização e Recuperação 12
Económica
1999/2000 EGSC estratégia Global para a Saída da Crise 15

O SEF, não visa aplicar uma politica económica especifica, mas criar as condições
de exequibilidade de qualquer politica económica, assim o SEF, concretiza-se na plenitude
quando reúne duas condições:

- Equilíbrio Financeiro: traduzido aqui pela rentabilidade das empresas,


capacidade do sector bancário de remunerar capitais alheios, equilíbrio orçamental,
solvabilidade externa do pais;

- Crescimento Económico: consiste em simultaneamente anularem os obstáculos


actuais ao aumento da produtividade e a instauração dum mecanismo que ligue os
aumentos salariais a evolução da produtividade.

OBJECTIVO DAS REFORMAS ECONOMICAS:

1º PRE (1989/1990) – Os objectivos deste Plano de Recuperação económica,


assentava na fixação do défice fiscal em 7% do PIB, devendo o respectivo financiamento
ser feito através da emissão de títulos do tesouro em cerca de 44% e de 56% por recurso

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ao credito bancário (fixando-se a taxa de remuneração para o empréstimo em 7% ao ano)


e a observância rígida das prioridades e critérios para os investimentos públicos.

2º PAG (1990) – Revestiu sobre tudo um carácter de emergência, com grande


enfoque no combate a inflação por comedimento da massa monetária em circulação. Foi
no Contexto deste programa que se operou a polémica reforma monetária (trocada da
moeda) em Setembro de 1990.

3º PN (1991) – Elegia-se como um dos principais objectivos deste pleno, a


correcção dos défices das finanças publicas e das contas externas pela via da contenção do
consumo interno e pelo alargamento da base produtiva do pais, assumindo relevo a
recuperação possível da oferta interna e uma gestão criteriosa das principais fontes de
financiamento. Reafirmando-se que o equilíbrio das contas governamentais era uma
condição necessária mesmo que não suficiente para normalidade económica do pais.

4º PN (1992) – foi assumido neste programa de politica económica, de forma clara


que , o défice orçamental e particularmente a sua forma de financiamento, eram as
principais causas de justificação do fenómeno inflaccionista do pais.

5º PEE (1993) – no domínio das finanças teve muitos aspectos relevantes, chegando
ate mesmo receber elogios rasgados do FMI:

Primeiro: Relativas as despesas com a austeridade e o rigor na execução do OGE,


a implementação da Conta Única do Tesouro;

Segundo: Respeitantes as receitas orçamentais, a principal linha de actuação


referia-se a ligação com a política cambial;

Terceiro: a intenção de contenção de determinadas despesas correntes.

6º PEG (1993) - Duas vertentes fundamentais foram considerados neste programa;


dum lado dando resposta a uma situação de guerra e do outro, uma priorizaçao das áreas
sociais tendo sido portanto para os sectores da defesa e segurança e do apoio aos deslocados
e refugiados;

7º PES (1994) – sustenta-se aqui a ideia que a actuação do governo no domínio


financeiro se devia subordinar a ideia de que a execução orçamental. Entre as medidas
orçamentais destacam-se: a do Lado das Despesas e a do Lado das Receitas;

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8º PES (1995/96) - Foi uma reedicao do do programa anterior, muito embora com
poucas evidencias empíricas.

9º PNV (1996) - é praticamente um programa de emergência, estando a acção


básica do governo em matéria orçamental e fiscal, virado no controle do défice do OGE;

10º PES (1997) – o seu Objectivo fundamental era, reduzir o défice orçamental
proporcionalmente por um aumento nas receitas fiscais não petrolíferas;

11º PERE (1988/2000) – este programa tinha como linhas mestras, a articulação
entre a estabilização macroeconómica, a recuperação da produção e o crescimento
económico. Ou seja a estabilização da política em primeiro e a estabilidade económica
depois foram consideradas como grandes finalidades politica deste programa de médio
prazo;

12º EGSC (1999) – este programa surgiu em contestação de algumas opções


fundamentais do anterior.

Nem mesmo o SEF, com as suas propostas reformistas, bem justificadas foi o
suficiente para introduzir as alterações culturais determinantes da mudança e da
modernização no terreno económico, não queremos nos mostrar contra as reformas
económicas e institucionais, porque não existem argumentos validos, nem económico ou
sociais e muito menos ideológicos. Os desvios do fundo do estado tenderão a diminuir com
o crescimento da cultura social da disciplina e da transparência, e também com a atitude
de vigilância da sociedade civil e politica.

Os objectivos Centrais das reformas e programas do Governo têm sido: consolidar o


processo de paz e promover a reconciliação nacional; combater a fome e a pobreza, promover a
estabilidade social, para alcançar a estabilidade macroeconómica, melhorar os serviços sociais,
nomeadamente de saúde em particular, desenvolver e implementar uma estratégia de
melhoramento das infra-estruturas e promover o crescimento económico, sobretudo do sector não
petrolífero, valorizar os recursos humanos nacionais; capacitar as instituições do Estado e
assegurar o bom desempenho da administração pública e da justiça em todo o território nacional.

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