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Os efeitos do uso concomitante de cafeína e creatina nos exercícios físicos

Article · March 2016


DOI: 10.13037/ras.vol14n47.3476

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Adriana Marques Toigo


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doi: 10.13037/rbcs.vol14n47.3476   ISSN 2359-4330
RAS Rev. Aten. Saúde., São Caetano do Sul, v. 14, n. 47, p. 89-98, jan./mar., 2016 artigo de revisão

89
OS EFEITOS DO USO CONCOMITANTE DE CAFEÍNA
E CREATINA NOS EXERCÍCIOS FÍSICOS
THE EFFECTS OF CONCURRENT USE OF CAFFEINE AND CREATINE IN PHYSICAL EXERCISES

Raphael Silveira Nunes da Silvaa*, Adriana Marques Toigob**


a
raphaph7@gmail.com, badrytoigo@terra.com.br
*Academia Fitness Hall – Porto Alegre (RS), Brasil
**Centro Universitário La Salle – Canoas (RS), Brasil

Data de recebimento do artigo: 09/07/2015


Data de aceite do artigo: 24/09/2015

RESUMO
Introdução: a creatina e a cafeína encontram-se entre as substâncias mais utilizadas como recursos
ergogênicos por aqueles que visam aumento da massa muscular, redução da gordura corporal e melhora
no desempenho esportivo. Entretanto, pouco se sabe sobre os possíveis efeitos sinérgicos do consumo
concomitante dessas substâncias. Objetivo: buscar evidências na literatura científica sobre os possíveis
efeitos da administração dessas substâncias em sujeitos submetidos a exercícios físicos. Método: busca
nas bases de dados LILACS, PubMed e SciELO, utilizando-se os termos “creatine”, “caffeine”, “resistance
exercise” e “dietary supplementation”. Resultados: onze estudos foram selecionados para análise dos
resultados, pois enquadravam-se nos critérios de inclusão. Destes, apenas cinco tratavam do uso exclusivo
de creatina associada a cafeína, e o restante, com outras substâncias comercializadas como suplementos
alimentares. Os poucos estudos sobre o uso concomitante de creatina com cafeína se diferenciam bastante
nos testes e protocolos de suplementação aplicados, tornando difícil evidenciar se o uso de tais substâncias
pode realmente proporcionar efeitos benéficos aos seus consumidores. Conclusão: os resultados de três
artigos evidenciaram um efeito anulador da cafeína sobre os efeitos ergogênicos da creatina, ao passo que
os demais apresentaram evidências contraditórias sobre as variáveis analisadas.

Palavras-chave: Cafeína; creatina; exercício.

ABSTRACT
Introduction: creatine and caffeine are among the most widely used substances as ergogenic resources by
those looking to increase muscle mass, reduce body fat, and improve athletic performance. However, little
is known about the possible synergistic effects of concomitant use of these substances. Objective: to search
for evidence in the scientific literature about the possible effects of administration of these substances in
subjects undergoing physical exercise. Method: a search in LILACS, SciELO, and PubMed databases,
using the terms “creatine”, “caffeine”, “resistance exercise”, and “dietary supplementation”. Results: eleven
articles were selected for analysis of the results, as they fulfilled the inclusion criteria. Of these, only five
dealt with exclusive use of creatine associated with caffeine, and the remaining with other substances
marketed as dietary supplements. The few studies on the concomitant use of creatine with caffeine differ
greatly in the testing and supplementation protocols applied, making it difficult to conclude if the use of
such substances can actually be beneficial to consumers. Conclusion: the results of three articles evidenced
an annulment effect of caffeine on the ergogenic effects of creatine, and the others presented conflicting
evidence on the variables analyzed.

Keywords: Caffeine; creatine; exercise.

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90 SILVA R. S. N., TOIGO A. M.

Introdução de pico de cafeína no sangue e o entendimento de sua


farmacocinética requer a consideração do estado de trei-
Atualmente, diversas substâncias com potenciais namento e composição corporal dos atletas16.
efeitos ergogênicos são vendidas como suplementos Na década de 1970, verificou-se que a cafeína pro-
alimentares. Tais suplementos são comercializados pro- movia um melhor desempenho em exercícios aeróbicos
metendo, principalmente, aumento da massa muscular, de longa duração devido ao aumento da taxa de oxidação
redução da gordura corporal e melhora no desempenho lipídica e pela economia e retardo do uso do glicogênio
esportivo1,2. Entretanto, estudos relatam que o uso in- como fonte energética para a contração muscular17-19.
discriminado e mal informado dessas substâncias por Mais recentemente, não foram constadas diferenças
adultos, adolescentes e até crianças pode gerar mais efei- significativas nos efeitos da cafeína sobre a oxidação lipí-
tos deletérios do que os benéficos esperados pelos seus dica e o desempenho de indivíduos que foram submeti-
consumidores. Assim, há uma emergente necessidade dos a testes de carga progressiva em esteira ergométrica.
educacional em relação ao uso desses suplementos1-6. Mesmo assim, verificou-se que os grupos que ingeriram
Dentre as substâncias mais consumidas como recur- bebida com cafeína permaneceram por mais tempo em
sos ergogênicos encontram-se a creatina e a cafeína7-9, atividade20.
e nenhuma dessas substâncias é proibida pela World Em exercícios intermitentes, de curta duração e alta
Anti-doping Agency (WADA). Entretanto, o Comitê intensidade, apesar dos poucos estudos existentes, algu-
Olímpico Internacional (COI) considera doping uma mas evidências descrevem a eficiência do consumo de
concentração de cafeína maior que 12 μg/mL encontra- cafeína em diminuir os efeitos da fadiga em protocolos
da na urina, o equivalente ao consumo aproximado de de esportes específicos que exigem corridas repetidas e
9 mg/kg de cafeína ou 5 a 6 xícaras regulares de café por explosivas21,22.
um adulto de 70 kg. Quanto à creatina, não há dosagem Foram propostos quatro possíveis mecanismos de
específica para ser considerada doping10,11. ação da cafeína que podem explicar seus potenciais
efeitos ergogênicos em relação aos exercícios físicos: a)
maior liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático;
Cafeína b) inibidor alostérico da enzima fosfodiesterase; c) anta-
gonista dos receptores de adenosina (A1); e d) possível
A cafeína (Caf – 1,3,7-trimetilxantina) é uma subs- efeito sobre a atividade da bomba Na+-K+-ATPase, man-
tância lipossolúvel que pode ser completamente absor- tendo as concentrações de K+ altas no meio intracelular
vida pelo intestino, atingindo um pico plasmático em e baixas no meio extracelular e, dessa forma, contribuin-
15 a 30 minutos, e transferida a praticamente todos os do para o retardo na fadiga14.
tecidos corporais. Após a circulação, sua biotransforma-
ção ocorre em maior parte pelo citocromo P450 1A2,
presente na matriz mitocondrial dos hepatócitos (cére- Creatina
bro e rins também apresentam tal enzima), sendo então
degradada à paraxantina (1,7-dimetilxantina), teofilina A creatina (Cr – ácido α-metil guanidino acético) é
(1,3-dimetilxantina) e teobromina (3,7-dimetilxanti- um tripeptídeo capaz de se ligar a fosfatos inorgânicos
na), que são posteriormente excretadas na urina12-14. (Pi) provenientes da hidrólise do ATP, por meio de uma
Com ação psicotrópica, a cafeína pode ser encontra- reação reversível mediada pela enzima creatina quinase
da nos grãos de café, chás, guaraná, sementes de cacau (CK), transformando-se assim em creatina-fosfato (CrP
e bebidas contendo cola. Além dos produtos naturais, – creatina fosforilada/fosfocreatina). Fisiologicamente,
a cafeína também pode ser sintetizada e empregada em quando ocorre a contração muscular, a ATP é converti-
medicamentos, principalmente estimulantes, sedativos da em ADP e a CK catalisa a refosforilação da ADP em
e redutores da fadiga10,13,15. ATP a partir do fosfato contido na CrP. Isso torna a CrP
Aparentemente, atletas de alto rendimento que com- a principal fonte energética fosfagênica para a ressíntese
petem em esportes de longa duração tendem a apresen- imediata de ATP durante exercícios de alta intensidade
tar menores picos de concentração de cafeína do que (exercícios anaeróbicos aláticos e de curta duração) e um
sujeitos fisicamente ativos (não atletas), assim como su- importante tampão fisiológico do acúmulo de H+ 23.
jeitos com maior massa gorda apresentam concentrações De maneira exógena, a creatina pode ser obtida na-
de cafeína no sangue por períodos mais longos (apro- turalmente através do consumo de carnes, principal-
ximadamente 4 horas). Além disso, a ingestão regular mente peixes e gado24. Endogenamente, sua biossíntese
de cafeína parece não influenciar as concentrações da ocorre a partir dos aminoácidos arginina, glicina e me-
substância no sangue. Portanto, parece que a identifica- tionina em duas etapas: 1) nos rins, a arginina é con-
ção das condições ideais para garantir a disponibilidade vertida em ornitina, doando seu grupo guanidino (que

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EFEITOS DA CAFEÍNA E CREATINA NO EXERCÍCIO 91

contém nitrogênio) à glicina, que então se transformará pesquisa definido para a revisão foi limitado a 20 anos,
em guanidinoacetato através de uma transaminação me- até dezembro de 2014, e incluiu estudos publicados nas
diada pela enzima arginina:glicina-amidinotransferase línguas portuguesa e inglesa.
(AGAT); 2) no fígado e pâncreas, a metionina tem seu Todos os cruzamentos efetuados estão diagramados
radical metila extraído pela enzima S-adenosilmetionina, na Tabela 1:
que então é ligado ao guanidinoacetato pela ação da en-
zima guanidinoacetato N-metiltransferase (GAMT). Tabela 1: Termos e números de artigos localizados nas respec-
Assim, a metilação do guanidinoacetato completa a tivas bases de dados.
síntese da molécula de creatina que, finalmente, será
transportada pela corrente sanguínea aos tecidos alvos. 1 – Creatine
A entrada da creatina nas células ocorre através de trans-
2 – Caffeine
portadores específicos, denominados “CreaT”, depen-
dentes da bomba Na+-K+ 25-27. 3 – Resistance Exercise
Como recurso ergogênico, a creatina constante-
mente é utilizada com o objetivo de aumentar a massa 4 – Dietary Supplementation
magra, força e velocidade e retardar a fadiga muscular LILACS PUBMED SCIELO
quando acompanhada de treinamento resistido28-31.
Pesquisadores analisaram o desempenho e a compo- 1 – 491 1 – 24788 1 – 298
sição corporal de ratos Wistar suplementados com crea-
tina e submetidos a um treinamento de potência adap- 2 – 301 2 – 13902 2 – 280
tado. Ao final do estudo, os grupos suplementados não 3 – 473 3 – 14257 3 – 273
demonstraram superioridade significativa em relação ao
grupo placebo sobre o desempenho dos saltos. Por ou- 4 – 688 4 – 51009 4 – 336
tro lado, a creatina, independente do treinamento de
1 and 2 – 06 1 and 2 – 138 1 and 2 – 0
potência, foi capaz de aumentar a massa magra, assim
como reduzir o percentual de gordura32. 1 and 3 – 08 1 and 3 – 360 1 and 3 – 0
Em um estudo conduzido anteriormente33, obser-
vou-se que sujeitos suplementados com creatina tiveram 1 and 4 – 29 1 and 4 – 942 1 and 4 – 0
um aumento significativo no número de células satélites 2 and 3 – 1 2 and 3 – 59 2 and 3 – 0
das fibras musculares e no número de mionúcleos, re-
sultando em um aumento do volume muscular, princi- 2 and 4 – 4 2 and 4 – 316 2 and 4 – 0
palmente na 4ª e 8ª semanas de treinamento de força.
Além disso, no grupo suplementado com creatina, re- 3 and 4 – 6 3 and 4 – 446 3 and 4 – 0
gistrou-se um aumento no ganho de força máxima. 1 and 2 and 3 – 0 1 and 2 and 3 – 10 1 and 2 and 3 – 0
Ambas (creatina e cafeína) têm sido amplamente
estudadas pela comunidade científica, isoladamente, 1 and 2 and 4 – 4 1 and 2 and 4 – 45 1 and 2 and 4 – 0
concomitantes entre si ou até mesmo com outras subs-
1 and 3 and 4 – 2 1 and 3 and 4 – 116 1 and 3 and 4 – 0
tâncias, a fim de verificar possíveis efeitos ergogênicos
sinérgicos10,25,28,34-40. Sendo assim, esta revisão propõe 2 and 3 and 4 – 0 2 and 3 and 4 – 11 2 and 3 and 4 – 0
buscar evidências na literatura científica sobre os pos-
1 and 2 and 3 and 1 and 2 and 3 and 1 and 2 and 3 and
síveis efeitos do consumo concomitante da creatina e 4–0 4–6 4–0
da cafeína.
Como critérios de inclusão, foram considerados vá-
lidos artigos que tratassem diretamente de estudos ex-
Metodologia perimentais em humanos e ratos. Ainda, os efeitos do
suplemento de creatina deveriam ser testados conco-
O presente estudo configurou-se como uma revisão mitantemente com a administração de cafeína em pelo
sistemática da literatura, cujas bases de dados consulta- menos um dos grupos experimentais. Estudos em que
das foram LILACS, PubMed e SciELO. os sujeitos testados ingeriram suplementos com outros
Nas referidas bases, as buscas foram realizadas utili- compostos, mas que tivessem, fundamentalmente, a ca-
zando-se os seguintes unitermos: “creatine”, “caffeine”, feína e a creatina em sua composição, também foram
“resistance exercise”, “dietary supplementation”. O cru- aceitos.
zamento dos termos supracitados, através do operador Não foram considerados artigos de revisão ou estu-
booleano “and”, também foi executado. O período de dos de caso.

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Resultados e Discussão estudos encontrados, apenas dois empregaram ratos em


suas amostras.
Após a busca nos bancos de dados, um total de 11 O organograma (Figura 1) elucida os estudos
trabalhos que se enquadraram nos critérios de inclusão selecionados.
foram encontrados. Destes, cinco tratavam de estu- Os resultados seguem a ordem cronológica de pu-
dos exclusivos com creatina e cafeína e, os demais, do blicação e os detalhes das dosagens estão resumidos na
seu uso em conjunto com outras substâncias. Dos 11 Tabela 2.

Figura 1: Organograma dos artigos incluídos.

Tabela 2: Resumo dos estudos analisados.


Intervenção
Autor(es) Desenho do Protocolo de
Amostra Variáveis Resultados
(Ano) Estudo Suplementação
03 grupos
A = Cr – 0,5 g.kg1/08x ao
Randomizado dia/06 dias (dias 02 ao 07) Pool de PCr muscular
Controlado Homens, n = 9 – última dose 12 h antes (Espectropia 31-P-NMR) Cr ↑ torque máximo dinâmico
Duplo-Cego 20 – 23 anos dos testes
Vandenberghe Crossover Fisicamente Ativos B = Caf – 0,5 g.kg1.dia/03 Torque máx. – dinâmico Caf anulou efeito ergogênico
et al. (1996) IMC = não relatado dias (dias 05 ao 07) – última e isométrico – extensão da Cr na produção de força em
Período = 08 dias Dieta padronizada dose 20 h antes dos testes unilateral de joelho (dina- contrações dinâmicas
Washout = 3 sem C = PL – 0.5 glicose.kg1. mômetro isocinético)
dia/06 dias
*Refeições padronizadas

05 grupos

Randomizado A = Cr – 5 g/04x ao dia/04


Controlado Homens, n = 9 dias Torque máx. – dinâmico
Hespel Duplo-Cego Mulheres, n = 1 B = Caf – 0,5 g.kg1.dia/03 e isométrico – extensão Cr ↓tempo de descanso necessá-
Crossover 21 – 24 anos dias unilateral de joelho, esti- rio para gerar força em contrações
et al. (2002) Fisicamente ativos mulado eletricamente (di- musculares repetidas
C = Cr+Caf
Período = 08 dias IMC = não relatado namômetro isocinético)
Washout = 5 sem D = CafA – 0.5 g.kg1 (1 h
pré-teste)
E = PL = maltodextrina

continua...
Rev. Aten. Saúde., São Caetano do Sul, v. 14, n. 47, p. 89-98, jan./mar., 2016
EFEITOS DA CAFEÍNA E CREATINA NO EXERCÍCIO 93

Tabela 2: Continuação.

Autor(es) Desenho do Intervenção


Amostra Protocolo de Resultados
(Ano) Estudo Variáveis
Suplementação
Homens, n = 14 02 grupos
Randomizado Idade média = 22,7 A= Cr (0,3 g.kg1/04x ao Escala de Borg Caf ↓taxa de percepção de esforço
Controlado anos dia/06 dias) + placebo (água
Doherty et.al. Duplo-Cego Amostra sanguínea Caf ↓ efluxo de K+ intracelular
Fisicamente ativos adoçada – 1 h pré-teste)
(2002) Crossover VO2máx (espirometria em Caf ↑ tempo de corrida
IMC médio = 22,78 B = Cr (0,3 g.kg1/04x ao
Período = 13 dias VO2máx médio = esteira ergométrica) Caf ↑ VO2 máximo
dia/06 dias + Caf = 0,5 g.kg1
58.1 mL.kg1.min1 (1 h pré-teste)

Randomizado Homens, n = 10
Controlado Idade média = 25,7 02 grupos Corrida intermitente de
Duplo-Cego anos alta intensidade
A = SUP – GameTime® (30 SUP ↑ CCA
Fukuda et al. Crossover Moderadamente min pré-exercício/teste) VO2máx/VC/
(2010) treinados SUP ↑ tempo até exaustão
Período = 9 encon- IMC médio = 23,98 B = PL (30 min CCA (espirometria em
tros separados por VO2máx médio = pré-exercício/teste) esteira ergométrica)
24-48 h 50,6 mL.kg1.min1

n = 24 02 grupos
*Homens A = SUP – GameTime® (30
Idade média = 20,8 Corrida intermitente de
min pré-exercício/teste),
anos alta intensidade
Randomizado n=13
IMC médio = 23,17 VO2máx/VC/
Controlado *100 mg cafeína
VO2máx médio = SUP ↑ VC
Smith et al. Duplo-Cego *1,5 g creatina CCA (espirometria em
3,71 L.min1
(2010) *1 g BCAA’s esteira ergométrica) SUP ↑ volume de trabalho
Período = 6 sem (9 *Mulheres *9 g Whey Protein
dias de treino) Composição corporal
Idade média = 21,5 *2,5 g Cordyceps Sinensis (plestimografia com
anos *0,75 g Citrulina + Rhodiola deslocamento de ar)
IMC = 21,52 B = PL (30 min pré-exercí-
VO2máx médio = cio/teste), n=11
2,57 L.min1
08 grupos (n=10/cada)

A = Sedentário PL
B = Sedentário Cr
C = Sedentário Caf
D = Sedentário Cr+Caf
Randomizado Ratos Wistar E = Exercício PL
Franco et al. Controlado Idade = 07 semanas F = Exercício Cr
(2011) Peso médio 142,7 g G = Exercício Caf Composição Corporal Caf ↓ % de Gordura
Período = 06 sem Dieta padronizada H = Exercício Cr+Caf
Cr = 0,430 g x 07 dias+
0,143 g.kg1.dia x 05 sem,
n=10
Caf = 10 mg.kg1.05 sem
PL = 20 g de dieta
02 grupos
Randomizado SUP = Amino Impact®
Adultos Jovens *2,05 g taurina, glucorono-
Controlado Homens n=08 Produção de força e po- SUP ↑ número de repetições
lactona e cafeína
Duplo-Cego Com experiência em tência (agachamento com
Gonzalez et al. *7,9 g BCAA’s SUP ↑ pico de potência
Crossover treinamento resistido barra ou supino plano)
(2011) *5 g creatina
Experimentos = Idade média = 20,6 2,5 g β-Alanina Questionário (percepção SUP = PL – sensações de energia,
3 dias anos de foco, energia e fadiga) foco e fadiga
IMC médio = 25,2 PL = 500 mL de água
Washout = 72 h adoçada com sucralose
10 min pré-exercícios/testes
A = Sedentário PL
B = Sedentário Cr
C = Sedentário Caf
D = Sedentário Cr+Caf
E = Exercício PL Caf ↑ concentração de cálcio
F = Exercício Cr Coleta de urina urinário
Randomizado Ratos Wistar
Franco et al. Controlado Idade = 07 semanas G = Exercício Caf Caf ↓ força de fratura óssea
H = Exercício Cr+Caf Teste mecânico de
(2012) Peso médio 142,7 g
Período = 06 sem resistência de tração do Cr+Caf = PL
Dieta padronizada Cr = 0,430 g x 07 dias+ fêmur (N)
0,143 g.kg1.dia x 05 sem, Cr ↑ força de fratura óssea
n=10
Caf = 10 mg.kg1.05 sem
PL = 20 g de dieta
continua...

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94 SILVA R. S. N., TOIGO A. M.

Tabela 2: Continuação.
Intervenção
Autor(es) Desenho do Amostra Resultados
(Ano) Estudo Protocolo de Variáveis
Suplementação
2 grupos
SUP = Amostra sanguínea
Randomizado NO-Shotgun® (15 min pré- (hormônios anabólicos) Grupo PL = Grupo SUP
Controlado Adultos jovens, n=24 -treino) + NO-Synthesize® Composição Corporal (níveis hormonais/composição
Duplo-cego Fisicamente ativos (pós-treino e diariamente), (DEXA) corporal/desempenho muscular)
Ormsbee et al. Idade média = 26,2 n=13
(2012) 6 sem de treina- Torque (potência) isomé- SUP ↑ massa magra
anos PL = Maltodextrina, n=11
mento resistido trico e isocinético SUP ↑ pico de potência anaeróbi-
IMC médio = 25,83
– 3x/sem Experimento = 6 semanas Teste de Wingate ca (Wingate)
Pós-teste = 36 h após Teste de 1RM
suplementação
Medida de pressão arterial
e frequência cardíaca em
SUP ↑ PAS (níveis seguros)
2 grupos repouso
Randomizado SUP ↓ PAD (níveis seguros)
Controlado Adultos jovens, n=43 Biomarcadores sanguíneos
SUP = CrazeTM
Duplo-Cego Fisicamente ativos SUP ↑ energia
Kedia et al. (30 min pré-treino ou dia- Teste de 1RM
Idade média = 24,3 SUP ↑ concentração
(2014) 6 sem de treina- riamente pela manhã), n=22 (supino)
anos
mento resistido IMC médio = 26,4 PL = Bebida isocalórica e Teste de potência e resis- PL = SUP nos biomarcadores
– 4x/sem com cafeína, n=21 tência muscular sanguíneos/composição corporal/
desempenho muscular
Composição corporal
(DEXA)
Abreviações e símbolos: sem = semanas; n = número amostral; IMC = índice de massa corporal; Cr = creatina; Caf = cafeína; PCr = fosfocreatina; BCAA’s =
aminoácidos de cadeia ramificada; h = horas; SUP = suplemento; PL = placebo; PCr = fosfocreatina; NMR = ressonância magnética nuclear; ↑ = aumentou;
↓ = diminuiu; VO2máx = volume de oxigênio máximo; VC = velocidade crítica; CCA = capacidade de corrida anaeróbica; kg = quilogramas; g = gramas; L =
litros; mL = mililitros, N = Newton(s); 1RM = uma execução máxima; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica.

Apenas três estudos apresentaram evidências claras necessário para produzir contrações intermitentes, mes-
dos efeitos anuladores da cafeína sobre os efeitos bené- mo que esse efeito ainda tenha sido inferior ao do gru-
ficos da creatina41-43. po suplementado exclusivamente com creatina. Dessa
Vandenberghe et al.43 investigaram os possíveis efei- forma, os autores concluíram que houve um impacto
tos sinérgicos do uso de creatina com cafeína em hu- negativo do consumo de cafeína no tempo de recupera-
manos. Os autores verificaram no grupo suplementado ção muscular e que o efeito benéfico da suplementação
com creatina um aumento significativo de até 23% na de creatina foi anulado.
produção de força máxima dinâmica, aplicada pelos Franco et al.41 conduziram um estudo a fim de verifi-
músculos do quadríceps femural a um dinamômetro car os efeitos da suplementação de creatina e/ou cafeína
isocinético de extensão de joelho unilateral. Entretanto, no limiar de fratura óssea dos fêmures de ratos Wistar.
surpreendentemente, os autores constataram que a cafe- O grupo exercitado que consumiu somente creatina
ína anulou o efeito ergogênico da creatina, pois o grupo apresentou maior resistência óssea à fratura (aproxima-
suplementado com ambas as substâncias demonstrou damente 120 N) em relação aos demais grupos. O gru-
resultados muito semelhantes aos do grupo placebo. po exercitado que consumiu creatina e cafeína registrou
Hespel et al.44 submeteram 10 adultos jovens a cin- força de fratura muito similar ao do grupo exercitado
co protocolos distintos de suplementação envolvendo o placebo (aproximadamente 110 N). Os pesquisadores
uso de creatina e/ou cafeína, a fim de verificar os efei- também verificaram que a suplementação com cafeína
tos da suplementação no desempenho exercido pelos apresentou maiores concentrações de cálcio urinário
músculos extensores de joelho estimulados por corrente (4,20 mg/24h) quando comparada aos animais que só
elétrica. Os autores observaram que o tempo de con- consumiram placebo (2,21 mg/24h) ou creatina (3,3
tração e o torque máximo medidos em dinamômetro mg/24h). Assim, o referido estudo corroborou os acha-
isocinético foram similares entre todas as condições de dos de outros autores em relação à possibilidade da cre-
suplementação. Contudo, o grupo que ingeriu apenas atina ter uma influência positiva na densidade e conte-
creatina teve um tempo de descanso muscular signi- údo mineral ósseo, mesmo que tais resultados tenham
ficativamente menor (redução de 5%) em relação aos sido verificados somente em humanos idosos45.
demais grupos. Além disso, o grupo suplementado com Anteriormente, Franco et al.46 submeteram ratos
cafeína de forma aguda (única dose 1 hora antes dos tes- machos jovens Wistar a um treinamento de saltos ver-
tes) também apresentou um menor tempo de descanso ticais adaptado (simulando um treinamento resistido

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EFEITOS DA CAFEÍNA E CREATINA NO EXERCÍCIO 95

intermitente) a fim de verificar as diferenças na com- baixa dosagem, pode ser benéfica para aumentar o volu-
posição corporal quando os mesmos consumiram dieta me de treinamento e fazer a manutenção da massa magra.
normal (placebo), creatina sozinha, cafeína sozinha, ou Apesar dos estudos de Smith et al.39 e Fukuda et
creatina e cafeína. Ao final das observações, os pesqui- al.47 terem utilizado um composto de substâncias ven-
sadores verificaram que os animais suplementados com dido como suplemento alimentar (GameTime® – Corr-
altas doses de creatina e cafeína e cafeína sozinha não Jensen Laboratories Inc., Aurora, Colorado, EUA), e
apresentaram modificações na composição corporal em mesmo que nesse composto a quantidade de cafeína
relação aos grupos placebo. Contudo, a cafeína sozinha e creatina seja inferior à administrada por Doherty et
diminuiu a porcentagem de gordura (aproximadamen- al.34, os três estudos empregaram como testes os exercí-
te 1,5% e 1%) quando comparada ao grupo suple- cios de corridas de alta intensidade e curta duração, e os
mentado com creatina sozinha ou creatina e cafeína, três estudos apontam para um aumento na capacidade
respectivamente. total de corrida. Entretanto, os achados de Fukuda et
Doherty et al.34 submeteram 14 sujeitos a testes de al.47 se contrapuseram aos de Smith et al.39, pois os pri-
corrida de alta intensidade e curta duração, com o ob- meiros obtiveram benefícios na capacidade de corrida
jetivo de verificar os efeitos do consumo agudo de ca- anaeróbia, enquanto que os outros autores demonstra-
feína (única dose 1 hora pré-testes) após o uso de uma ram benefícios na velocidade crítica (VC), mesmo que
sobrecarga de creatina por 6 dias consecutivos. Como os protocolos de testes tenham sido muito similares e
resultado, os pesquisadores verificaram que o consumo os suplementos administrados nos dois estudos tenham
da cafeína foi capaz de, em relação ao grupo placebo, sido idênticos. Dessa forma, os resultados são conside-
aumentar significativamente o VO2máx (1,68 L.min1), rados inconclusivos sobre os reais efeitos benéficos da
aumentar o tempo de duração da corrida (10% – 23,8 suplementação consumida.
s), diminuir os níveis de percepção de esforço e, mesmo Gonzalez et al.35 testaram os efeitos do consumo agu-
sem diferença significativa, diminuir o efluxo de K+ in- do de uma bebida energética contendo diversas subs-
tracelular. Os resultados desse estudo evidenciaram que tâncias (AminoImpactTM – Koach, Sport and Nutrition,
a cafeína aumentou o VO2máx e o tempo total de corrida, Oviedo, FL, EUA), dentre elas creatina e cafeína, admi-
assim como diminuiu a percepção de esforço nos sujei- nistrada 10 minutos pré-teste em oito homens jovens
tos suplementados com uma sobrecarga de creatina por submetidos a exercícios resistidos multiarticulares (su-
6 dias e que ingeriram uma dose aguda de cafeína 1 hora pino ou agachamento com barra) sobre o desempenho
antes da realização dos testes. de produção de força, assim como nos níveis de energia,
Fukuda et al.47 examinaram os efeitos de um su- foco e fadiga. Os resultados indicaram um aumento sig-
plemento pré-treino contendo cafeína, creatina e ami- nificativo no número de repetições (aproximadamente
noácidos na velocidade crítica (VC), na capacidade de 3 repetições) e na média do pico de potência (aproxi-
corrida anaeróbia (CCA) e no tempo limite para atingir madamente 40 W) gerada durante os exercícios, com-
a exaustação em 10 sujeitos que realizaram corridas in- parado ao grupo controle. Os indivíduos não relataram
termitentes e de alta intensidade em esteira. Os pesqui- diferenças nas sensações de fadiga, energia e foco quan-
sadores concluíram que os sujeitos suplementados apre- do suplementados.
sentaram um aumento significativo de 10,8% na CCA e Spradley et al.40 submeteram indivíduos a diversos
12% no tempo limite para atingir a exaustão em relação testes de tempo de reação, desempenho muscular, capa-
ao grupo placebo. Entretanto, nenhuma diferença signi- cidades aeróbica e anaeróbica e percepção de fadiga, a
ficativa foi observada na VC entre os grupos. fim de verificar os possíveis efeitos ergogênicos de uma
Smith et al.39 examinaram os efeitos de um suplemen- mistura de substâncias, tais como cafeína, vitaminas
to pré-treino (contendo cafeína, creatina e aminoácidos) do complexo B, aminoácidos, creatina e beta-alanina
combinado com 3 semanas de treinamento de corrida (AssaultTM – MusclePharm, Denver, Colorado, EUA),
intervalada e de alta intensidade na composição corpo- ingerida 10 minutos antes dos exercícios propostos.
ral, no volume de treino e no desempenhos aeróbico e Como resultado, os autores constataram superioridade
anaeróbico das corridas. Os pesquisadores verificaram significativa em relação ao grupo placebo no desempe-
que o grupo suplementado aumentou significativamente nho de produção de força no exercício de leg press (2
a VC (2,9%) e o volume de treino (11,6%), enquanto repetições), no tempo de reação (até 5%) e nos níveis de
o grupo controle não apresentou melhoras significativas. energia, alerta e foco, apesar de nenhuma diferença ter
Ainda, apesar de não ter apresentado diferenças signi- sido constatada nos exercícios de corrida de alta inten-
ficativas, aumentos positivos na massa corporal magra sidade. Tal diminuição da percepção de fadiga devido a
(2,8%) e no VO2máx (10,3%) também foram relatados. um aumento dos níveis de energia corrobora os resul-
Os autores concluíram que a combinação das respectivas tados apresentados no estudo de Kedia et al.36, mas vão
substâncias consumida antes do treino, mesmo que em na direção oposta aos resultados de Gonzalez et al.35,

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96 SILVA R. S. N., TOIGO A. M.

que encontraram dados similares em ambos os grupos et al.35, Kedia et al.36, Ormsbee et al38, Smith et al.39,
analisados. Spradley et al.40 e Fukuda et al.47, torna impossível
Ormsbee et al.38 propuseram investigar a eficácia identificar qual ou quais substâncias realmente podem
de compostos pré e pós-treinos contendo mistura de estar proporcionando os possíveis efeitos ergogênicos
substâncias ditas ergogênicas (NO-Shotgun®, contendo observados nos respectivos estudos, do mesmo modo
proteína extraída do soro do leite, caseína, aminoácidos que dificultam a homogeneidade de testes aplicados,
de cadeia ramificada, creatina, beta-alanina e cafeína; e bem como a quantidade (dosagem) de substâncias
NO-Synthesize®, contendo proteína extraída do soro do existentes em cada um dos compostos. Outro ponto
leite, caseína, aminoácidos de cadeia ramificada, creati- importante a destacar é que estudos mais atuais48 pa-
na e beta-alanina – Vital Pharmaceuticals, Inc., Davie, recem esclarecer que protocolos antigos da suplemen-
FL, EUA) nos níveis de hormônios anabólicos, na com- tação de creatina, principalmente os que administram
posição corporal e no desempenho muscular de sujei- sobrecargas de dosagem (aproximadamente 20 g/dia
tos que participaram de um protocolo de treinamento mais manutenção de 3-5 g/dia por aproximadamente
resistido periodizado durante 6 semanas. Verificou-se 28 dias)31,44,49 não são mais eficientes do que doses de
que os indivíduos do grupo controle apresentaram ga- manutenção de aproximadamente 5 g/dia por períodos
nhos muito similares aos dos sujeitos suplementados maiores. Essa variação de protocolos talvez possa alte-
em todas as variáveis analisadas (níveis de hormônios rar a farmacocinética da cafeína em relação à creatina.
catabólicos, composição corporal, teste de força isomé-
trica e isocinética, potência e força muscular). As únicas
variáveis que se destacaram com diferenças estatistica- Considerações finais
mente significativas em relação ao grupo controle fo-
ram a composição corporal (aumento de massa magra Os poucos estudos sobre o uso concomitante de cre-
em 4,7% em relação ao período pré-suplementação) e atina com cafeína que se diferenciam bastante nos testes
a produção de potência no teste de Wingate (aumento e protocolos de suplementação aplicados tornam difícil
de 16,2% no pico de potência anaeróbica). Os autores evidenciar se o uso de tais substâncias pode realmente
concluíram que os suplementos pré e pós-treino estu- proporcionar efeitos benéficos aos seus consumidores.
dados pareceram não apresentar vantagens ergogênicas Os resultados de três artigos realmente evidenciaram um
em medidas de força muscular absoluta ou relativa e efeito anulador da cafeína sobre os efeitos ergogênicos
nos níveis hormonais, mas incitam ganhos na potência da creatina, principalmente em testes de desempenho
anaeróbica e no aumento da massa magra. muscular caracterizados por exercícios resistidos inter-
Kedia et al.36 propuseram estudar os efeitos de um mitentes. Os demais estudos apresentaram evidências
composto de substâncias ergogênicas (CrazeTM – Driven contraditórias sobre as variáveis analisadas, principal-
Sports, NY, EUA) consumidas diariamente por meio da mente quando a creatina e a cafeína foram administra-
segurança de biomarcadores sanguíneos e da hemodi- das em conjunto com outras substâncias. Sugerimos,
nâmica aguda (pressão arterial sistêmica e frequência assim, que, em estudos futuros, protocolos de suple-
cardíaca) no desempenho muscular, na composição mentação sejam mais atualizados e homogeneizados, ca-
corporal e nas percepções de esforço em dois grupos racterizados por análises de combinações mais exclusivas
submetidos a um protocolo periodizado de treinamento em testes mais objetivos, para que os efeitos ergogênicos
resistido por 6 semanas. Como resultado, os avaliado- sinérgicos possam ser mais bem elucidados.
res constataram diferenças significativas entre os grupos
apenas na percepção dos níveis de esforço e atenção
(percepção de capacidade de trabalho). Assim, os auto- Referências
res concluíram que a suplementação estudada parece ser
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Como citar este artigo:


Silva RSN, Toigo AM. Os efeitos do uso concomitante de cafeína e creatina nos exercícios físicos. Rev. Aten. Saúde. 2016;14(47):
89-98.

Rev. Aten. Saúde., São Caetano do Sul, v. 14, n. 47, p. 89-98, jan./mar., 2016

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