Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract
The objective of this study is to determine which of the effects of caffeine (CAF) on
anaerobic performance, since it is a stimulant very present in the lives of athletes,
effective in increasing metabolism, and its administration is accompanied by risks
and effects. The use of CAF is performed in a natural way, as it is in many foods,
such as tea, coffee, soft drinks, chocolate, mate, among others. However, only in the
late nineteenth century its effect on the organism has been investigated as a result of
acting on the Central Nervous System (CNS). Among the main characteristics, this
substance acts as antagonist of adenosine receptor, increasing the excitability of
CNS and changing the perception of effort and pain as well as reduces the sensitivity
of the sarcoplasmic reticulum calcium release. The methodology used for the
elaboration of this study consists of a literature review, based on academic websites,
database SciELO, Lilacs and Pubmed using the following descriptors: CAF and
anaerobic exercise performance. The results presented in this study clearly show the
importance of the need for further research to be done in order to investigate the
effects of ingestion of CAF on anaerobic exercise.
Este estudo visa fazer uma abordagem sobre os efeitos da cafeína (CAF) no
desempenho anaeróbio, tendo em vista que, em diversos esportes, vencer ou perder
é questão de segundos. Por isso, o uso de CAF, como um recurso ergogênico 1,
pode definir o vencedor de uma competição. A CAF é capaz de mudar o rendimento
no exercício, impedindo ou retardando a fadiga.
Segundo Dooley et al., (2007), a CAF é encontrada em grandes
concentrações em produtos naturais, como nas folhas da planta do mate, nos grãos
de café e nas sementes de guaraná. É também encontrada em medicamentos,
reduzindo o efeito calmante de certos fármacos.
Quando consumida em pequenas doses (2-10mg/kg), há aumento da
respiração, da liberação de catecolaminas, da frequência cardíaca, da secreção
gástrica, do metabolismo, da diurese, do estado de vigília, além de reduzir o sono e
acalmar a fadiga. Em altas doses (15mg/kg) causa nervosismo, insônia, tremores
musculares, taquicardia, cefaleia, irritabilidade e desidratação (CONLEE, 1991).
Vários estudos surgiram para descobrir o efeito da ingestão de CAF no
exercício, ficando evidente o resultado positivo dessa droga no exercício com
prevalência do metabolismo aeróbio (GRAHAM, 2001; BURKE, 2008).
Em contrapartida, menor foco foi dado aos resultados da ingestão de CAF em
exercícios prevalentemente anaeróbios. Ultimamente surgiram muitas pesquisas
indicando que relações entre ingestão de CAF e desempenho no treinamento
anaeróbio não têm sido claramente estabelecidas. Isso devido à falta de
especificidade na mensuração de componentes que integram os princípios do
treinamento desportivo, tais como: interdependência entre volume e intensidade e,
logo, os protocolos de avaliação; individualidade biológica, incluindo a tolerância à
CAF; quantidade de substância ministrada (NEHLIG e DEBRY, 1994).
A relevância deste estudo tem um grande destaque entre os acadêmicos de
Educação Física, cientistas, atletas, praticantes de exercício físico e a sociedade
como um todo, já que nessa última tem uma quantidade expressiva de usuários de
produtos com CAF.
1
Recurso ergogênico é todo mecanismo que atua na melhora do desempenho no exercício físico
(BARROS NETO, 2001).
Para atingir o objetivo deste estudo, pretende-se responder ao seguinte
questionamento: quais os efeitos da CAF no desempenho anaeróbio?
DESCREVENDO A CAFEÍNA
Souza Junior et al. (2012) garantem que o uso oral de CAF, comparado ao
café regular, café descafeinado, café descafeinado + cápsulas de CAF e placebo, foi
mais eficaz para aumentar o desempenho de endurance com doses baixas e
moderadas de CAF (3 e 6 mg/kg). A pesquisa desses autores confirmou aumento da
distância percorrida em 2-3 km em relação aos quatro outros tratamentos nos
corredores.
Segundo Pereira et al. (2010), movimentos cíclicos, como corrida, ciclismo,
remo e natação têm mostrado aprazíveis quanto ao uso da CAF. Verificou-se
aumento da potência máxima gerada no minuto final do teste e reduziu a percepção
subjetiva de esforço.
Utilizando a quantidade de 5 mg/kg de CAF em atletas amadores de esportes
coletivos, Souza Júnior et al. (2012) perceberam que a capacidade de realização de
sprints repetidos, melhorou bastante. Perceberam também um aumento do
desempenho em exercícios de endurance utilizando uma dose baixa (3 mg/kg) e
moderada (6 mg/kg) de CAF, mas não para uma dose elevada (9 mg/kg).
Descobertas essas de extrema relevância para se determinar a dose ideal de CAF.
Na concepção de Soares e Fonseca (2005), a CAF produz muitos efeitos
favoráveis em diferentes tipos de atletas. A resistência em atividades físicas que
precisam de um contínuo uso energético é maior. No atletismo, os corredores que
tomaram 3 mg/kg de CAF uma hora antes do exercício, correram 15 minutos mais
do que quando eles se exercitavam sem essa substância.
Conforme os autores supramencionados, uma pesquisa realizada com um
grupo de ciclistas que usou 2,5 mg/kg de CAF, evidenciou que eles se exercitaram
29% a mais que o grupo controle sem ela, o que vem mostrar a importância dessa
droga nos esportes de endurance, pois exigem exercício de alta intensidade e por
muito tempo, como atletismo, ciclismo e futebol. Nesses esportes, os indivíduos
precisam de um enorme vigor físico para conseguirem competir.
Alves & Lima (2009) acreditam que a CAF pode melhorar o desempenho dos
atletas em razão da mobilização de ácidos graxos livres do tecido adiposo,
maximizando o suprimento de gordura ao músculo, diminuindo a utilização de
glicogênio, melhorando a função neuromuscular, a contratilidade do músculo
cardíaco e prolongando o tempo de exercício.
Boa parcela dos estudos tem como objetivo pesquisar o efeito da ingestão de
CAF no exercício, deixando evidente o efeito positivo dessa substância no exercício
predominando o metabolismo aeróbio. Em contrapartida, menor atenção foi dada
aos efeitos da ingestão de CAF em exercícios predominantemente anaeróbios.
Entretanto, nos últimos tempos, surgiram diversas pesquisas neste tipo de exercício,
apesar dos resultados encontrados serem muito divergentes (WILLIAMS et al.,
1988).
Uma diversidade de estudos empregou o protocolo anaeróbio de Wingate2
para analisar o efeito da ingestão de CAF em exercícios anaeróbios, em indivíduos
fisicamente não ativos, não tendo sido encontrado efeito positivo da administração
de CAF na potência pico, potência média e índice de fadiga (COLLOMP et al., 1992;
HOFFMAN et al.,, 2007). Por outro lado, os estudos de Kang, Kim e Kim (1988)
apresentaram o contrário.
Em se tratando de atletas, Kang, Kim e Kim (1998), Woolf, Bidwell e Carlson
(2008), asseguram que a ingestão de CAF melhora, expressivamente, o
desempenho no protocolo de Wingate na potência pico e potência média.
Williams et al. (1988) alteraram o protocolo de Wingate para um tiro máximo
de 15 segundos em ciclo ergômetro e não comprovaram melhora alguma depois de
ter administrado a CAF na potência máxima, índice de fadiga e trabalho total em
pessoas não treinadas.
Atualmente, Glaister et al. (2012) investigaram o efeito de diferentes doses (2,
4, 6, 8 e 10 mg/ kg de massa corporal) de CAF sobre um esforço máximo de 10
segundos em ciclo ergômetro. No entanto, não foi possível observar efeitos positivos
da CAF quanto ao placebo neste tipo de atividade.
Dessa forma, em pessoas não treinadas, excetuando os resultados de Kang,
Kim e Kim (1998), o tratamento com CAF parece não ocasionar melhoras no
desempenho no protocolo de Wingate (COLLOMP et al., 1992; HOFFMAN et al.,
2007), esforço máximo de 15 segundos (WILLIAMS et al. 1988) e 10 segundos
(GLAISTER et al., 2012).
Alguns protocolos mais próprios para esportes cíclicos demonstraram efeito
positivo da ingestão de CAF em atletas. Wiles et al. (2006) utilizaram a prova de 1
km contra-relógio no ciclismo, percebendo melhora depois do tratamento com CAF
2
O teste anaeróbio de Wingate foi desenvolvido em Israel, objetivando obter-se mais informações
sobre o desempenho anaeróbio, uma vez que em algumas atividades diárias e, principalmente, nas
modalidades esportivas há a necessidade da realização de movimentos com grande potência,
instantaneamente ou em poucos segundos (BAR-OR, 1987; INBAR, BAR-OR e SKINNER, 1996).
no tempo de prova (2,3 segundos), velocidade média (1,6 km/h), potência média
(18,1W) e potência pico (75,5W).
Na natação, Collomp et al. (1992) descobriram efeito positivo da
administração de CAF na capacidade anaeróbia (aceito na pesquisa como a
velocidade média) em competição de 100 m somente em nadadores capacitados, e
não foi possível observar o mesmo efeito similar em pessoas inativas, fisicamente.
Doherty et al. (2004), fazendo uso de um protocolo em que os ciclistas
pedalaram por dois minutos a 100% VO2max e, logo após, realizaram um tiro
máximo com duração de um minuto, verificaram que a ingestão de CAF teve como
resultados menores taxas de percepção subjetiva de esforço aos 30, 60 e 120
segundos e maior potência média no tiro final (794±164W) que a condição placebo
(750±163W).
Resumindo, acredita-se que a ingestão de CAF melhora o desempenho em
atividades cíclicas predominando o metabolismo anaeróbio, com duração
aproximada de 1 minuto a 1,5 minutos em pessoas, independentemente de serem
ou não atletas. Além do mais, excluindo a pesquisa de Doherty (1998), que
examinou o efeito da CAF no teste de máximo déficit acumulado de oxigênio
(MAOD)3 no tempo da corrida, os achados abordaram, somente, o efeito da ingestão
de CAF no ciclismo e natação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
3
Protocolo indireto e não-invasivo utilizado para avaliar a capacidade anaeróbia.
Tudo isso aponta a necessidade de novos estudos que analisem o papel
desse alcaloide em atividades anaeróbias, utilizando amostras de pessoas
adaptadas ao treinamento anaeróbio, assim como protocolos semelhantes ao de
esportes cíclicos, com o intuito de clarear os resultados controversos.
REFERÊNCIAS
COLLOMP, K.; AHMAIDI, S.; CHATARD, J. C.; AUDRAN, M.; PREFAUT, C. Benefits
of caffeine ingestion on sprint performance in trained and untrained swimmers. Eur J
Appl Physiol Occup Physiol 1992;64(4):377-80.
DAVIS, J. M.; ZHAO, Z.; STOCK, H. S.; MEHL, K. A.; BUGGY, J.; HAND, G. A.
Central nervous system effects of caffeine and adenosine on fatigue. Am J Physiol
Regul Integr Comp Physiol 284: 399-404. 2003.
DOHERTY, M.; SMITH, P.; HUGHES, M.; DAVISON, R. Caffeine lowers perceptual
response and increases power output during high-intensity cycling. J Sports Sci
2004;22(7):637-43.
DOOLEY, J. M.; GORDON, K. E.; WOOD, E. P.; BRNA, P. M.; MACSWEEN, J.;
FRASER, A. Caffeine as an adjuvant to ibuprofen in treating childhood headaches.
Pediatr Neurol. 2007 Jul;37(1):42-6.
GLAISTER, M.; PATTERSON, S. D.; FOLEY, P.; PEDLAR, C. R.; PATTISON, J. R.;
McINNES, G. Caffeine and sprinting performance: dose responses and efficacy. J
Strength Cond Res 2012;26(4):1001-5.
HOFFMAN, J. R.; KANG, J.; RATAMESS, N. A.; JENNINGS, P. F.; MANGINE, G. T.;
FAIGENBAUM, A. D. Effect of nutritionally enriched coffee consumption on aerobic
and anaerobic exercise performance. J Strength Cond Res 2007;21(2):456-9.
INBAR, O.; BAR-OR, O.; SKINNER, J. S. The Wingate anaerobic test. Champaign, I.
L. Human Kinetics, 1996.
KANG, H.; KIM, H.; KIM, B. Acute effects of caffeine intake on maximal anaerobic
power during 30s Wingate cycling test [abstract]. J Exerc Physiol Online 1998:1.
LOPES, J. M.; AUBIER, M.; JARDIM, J.; ARANDA, J. V.; MACKLEM, P. T. Effect of
caffeine on skeletal muscle function before and after fatigue. J Appl Physiol 54:
1303-1305. 1983.
NEHLIG, A.; DEBRY, G. Caffeine and sports activity: a review, Int. J Sports Med
15:215-223, 1994.
PEREIRA, L. A.; CYRINO, E. S.; AVELAR, A.; SEGANTIN, A. Q.; ALTIMARI, J. M.;
TRINDADE, M. C. C.; ALTIMARI, L. R. A ingestão de CAF não melhora o
desempenho de atletas de judô. Motriz-Jornal de educação física, 2010, jul./set;
(16)3:714-722.
SNYDER, S. H.; KATIMS, J. J.; ANNAU, Z.; BRUNS, R. F.; DALY, J. W. Adenosine
receptors and behavioral actions of methyl-xanthines. Proc Natl Acad Sci 78: 3260-
3264. 1981.
SOUZA JUNIOR, T. P.; CAPITANI, C. D.; LOTURCO FILHO, I. L.; VIVEIROS, L.;
AOKI, M. S. A CAF potencializa o desempenho em atividades de endurance?
Brazilian journal of biomotricity, 2012 set; (6)3: 144-152.
WILES, J. D.; COLEMAN, D.; TEGERDINE, M.; SWAINE, I. L. The effects of caffeine
ingestion on performance time, speed and power during a laboratory-based 1 km
cycling time-trial. J Sports Sci 2006;24(11):1165-71.