O documento descreve a trajetória de cursos pré-universitários para negros e excluídos em Itabuna, Bahia, começando pelo Curso João Candido em 1999. Posteriormente, em 2002, foi criado o PRUNE (Pré-Universitário para Negros e Excluídos), que chegou a 400 alunos e ajudou na entrada da primeira turma desses alunos na UESC, gerando polêmicas. O documento também menciona o projeto PRODAPE de acompanhamento desses alunos na universidade.
O documento descreve a trajetória de cursos pré-universitários para negros e excluídos em Itabuna, Bahia, começando pelo Curso João Candido em 1999. Posteriormente, em 2002, foi criado o PRUNE (Pré-Universitário para Negros e Excluídos), que chegou a 400 alunos e ajudou na entrada da primeira turma desses alunos na UESC, gerando polêmicas. O documento também menciona o projeto PRODAPE de acompanhamento desses alunos na universidade.
O documento descreve a trajetória de cursos pré-universitários para negros e excluídos em Itabuna, Bahia, começando pelo Curso João Candido em 1999. Posteriormente, em 2002, foi criado o PRUNE (Pré-Universitário para Negros e Excluídos), que chegou a 400 alunos e ajudou na entrada da primeira turma desses alunos na UESC, gerando polêmicas. O documento também menciona o projeto PRODAPE de acompanhamento desses alunos na universidade.
Boa tarde a todas, todes e todos Eu sou Daniela Gaudino e sou professora da UNEB. Antigamente eu dizia que eu sou cria da UESC, agora eu não digo mais. Agora eu digo que sou cria do mundo. Mas eu fiz graduação na UESC, graduação em letras. Trabalhei na UESC como docente durante 4 anos, professora substituta, desde 2011 sou professora da UNEB e sou doutorada em estudo étnicos e africanos pela UFBA, conclui o doutorado ano passado e estou feliz com esse reencontro aqui com vocês e com o grupo. 2. Fala Daniela 49:05 a 1:09:00 (19min55s) Quero dizer que eu estou muito emocionada, foi bom começar ouvindo vocês, porque eu sei que é um lugar comum, o que eu vou falar, mas realmente passou um filme na minha cabeça, porque vocês falaram do UPT, do PRUNE, do Bantu-IÊ, do PRODAPE. E aquelas fotos que Danilo mostrou, então eu fiquei profundamente emocionada e não acho que erramos ao acreditar na potência das ações afirmativas. Começo dizendo isso. Então... eu já me apresentei, falei que a minha formação acadêmica inicial foi na UESC. Esqueci de acrescentar que eu sou uma mulher itabunense, então eu quero destacar minha fala em dois momentos que não daria para dar conta dessa trajetória, dessa historicidade (em apenas um momento?). A primeira parte da fala é destacar os três cursos pré-universitários, principalmente os daqui de Itabuna, porque são os que acompanhei como colaborada ou fazendo parte da coordenação. As ações que antecederam dentro da UESC a aprovação da resolução das cotas. E deixar uma provocação final sobre o risco da descontinuidade das ações afirmativas. Então eu quero que fui inserida nesse movimento de cursos pré-universitários quando eu era graduanda em letras na UESC, eu participei como professora voluntária do curso João Candido. Acho que o marco desse movimento, pelo menos aqui em Itabuna, precisa ser o curso João Candido. Em 1999 ele funcionou aqui no São Caetano, em uma sala emprestada de uma escola privada e ele foi pensado e tocado por quadros do movimento estudantil da UESC. Bom, pelo menos na linha histórica que eu faço, acho que a gênese desse movimento social dos cursos pré-universitários, é o curso joão candido, que não tem esse nome por acaso, faz referencia ao almirante negro. E lá, nós sofremos uma descontinuidade, o curso não foi concluído porque faltava uma estrutura que garantisse o material didático, o deslocamento dos professores que eram todos e todas estudantes da UESC e não teriam condições de se bancar para uma ação voluntária. Então já demarco a gênese teve essa interrupção por uma questão estrutural. E aí em 2002, nós tivemos uma articulação grande em Itabuna, que desaguou na criação do PRUNE, o Pré-Pniversitário para negros e excluídos. Onde Rafael Bertoldo estudou e Danilo transitou porque Danilo veio do Universidade para todos. E foi outro marco nessa trajetória, pois a primeira vez que um curso pré-universitário articulou a institucionalização da secretária municipal de Educação de Itabuna, que era onde eu atuava como profissional e os movimentos sociais, o ação negra, a pastoral da juventude e tantos outros movimentos que se articularam entorno dessa luta pelo acesso à universidade. O PRUNE chegou até 400 alunos, o PRUNE já nasceu gerando polêmica, porque ele não era consenso no âmbito municipal, da institucionalidade de um governo municipal e na formulação das políticas. Com PRUNE eu quero dizer que todo esse movimento que desaguou nas cotas da UESC e que chega até esse grupo de pesquisa do qual estamos discutindo hoje, é um movimento muito de fora para dentro. De fora das instituições para dentro e houve o momento de forte embate dentro da gestão municipal, na formulação das políticas publicas e aos poucos o PRUNE se consolidou como uma importante política publica pensada, coordenada e desenvolvida com os movimentos sociais. Então o PRUNE se inspirou muito no EDUCAFRO, na Rede PVNC da baixada fluminense, no instituto Steve Biko de Salvador e ele veio para comprovar isso que Rafael falou, que Danilo falou. Danilo disse uma fala emblemática, que ele enquanto egresso da UPT dialogando no BANTU-IE com egressos do PRUNE, sentiu a diferença, e essa diferença foi o currículo que formou esses sujeitos que entraram na universidade. Em 2002, antes da aprovação da lei 10.639, já havia uma articulação para repensar as bases monoculturais de um currículo. Lembro que a gente pautava muito isso: que preparar para o vestibular era algo que a gente não queria, a gente queria uma formação política para ingresso na universidade pública. Então não é o “aprovar para o vestibular”, naquela época não existia o ENEM ainda. Pelo menos já implementado. Mas é pensar o para além da prova. O que esse estudante vai fazer quando chegar na universidade, que tem essa estrutura conservadora como é a UESC e que podemos dizer isso pois estamos nela ou passamos por ela. A chegada do primeiro grupo de estudantes do PRUNE, encontrei até uma revista aqui que tem uma foto da primeira turma e relendo essa página hoje, eu fiquei aqui pensando os embates que a gente viveu dentro da gestão municipal que não tinha como prioridade a democratização do acesso à universidade pública, porque o âmbito municipal trata da educação básica, mas a gente fez essa provocação articular e terminou sendo. São várias páginas sobre as políticas de educação e o PRUNE tem meio paragrafo e uma foto. Não sei se vai dar para ver, mas eu reencontrei nessa foto a primeira turma de egresso do PRUNE, que era bem maior, mas aqui na foto tem 5 estudantes. Lembro que aqui tem uma foto do nosso querido Gilvan do bairro Maria Pinheiro e ele disse “graças ao PRUNE realizei o sonho de entrar na universidade, vou retribuir sendo útil a comunidade onde moro.” Esse é o diferencial, o diferencial é o currículo! Não é uma aprovação individual, é o ingresso coletivo na universidade. Sujeitos que veem de família que eles e elas são as primeiras pessoas a entrar no ensino superior. Lembro de Egnaldo França que defendeu o mestrado recentemente na UFSB, eu participei da banca. Egnaldo fez, se eu não me engano, eu não sei se foram 7 ou 10 vestibulares até entrar na universidade. Então é uma história de exclusão ao sistema educacional. É evadido do ensino superior por ter que trabalhar cedo, é interromper a trajetória de estudo. Eu lembro que no PRUNE, os estudantes e as estudantes organizaram a formatura do PRUNE. Aquelas e aqueles que tinham já três anos de curso e não tinha conseguido ingressar na UESC porque não era uma concorrência democrática. Se é que existe concorrência democrática! Não existia posição de igualdade no vestibular. Eles concorriam com grupos de jovens e pessoas adultas com história de privilégios. De acesso à internet, a computador, a biblioteca, a livros, à uma regularidade na educação, que esses estudantes vindos desses bairros periféricos de Itabuna não tinham. O PRUNE chegou até 400 estudantes, ele teve financiamento da fundação Ford, da Unesco. Ele compôs a rede da PPCOR, programa de políticas da Cor, do laboratório de políticas publicas da UERJ e vocês falando aí eu fiquei pensando na audácia. Eu não me recordo exatamente o ano, mas em 2002 ou 2003, nós estando fora da UESC, realizamos dentro da UESC um seminário chamado Desigualdade Raciais na Sociedade Brasileira, com recursos dessa rede da UERJ, trazendo pesquisadores das relações étnicos-raciais de vários lugares do Brasil para dentro da UESC, para provocar a UESC a pensar nas ações afirmativas e fomos execrades, execrados e execradas. Naquele momento não me recordo o ano, nossa rede foi acusada de inaugurar o racismo dentro da universidade. Eu quero dizer isso para vocês, não vai dar tempo de falar as outras coisas, mas eu preciso dizer: o primeiro ponto é o curso joão candido que sobre uma interrupção por não ter condições estruturais de garantir a regularidade das aulas. Nós não terminamos o ano de 1999. O segundo é o PRUNE que acessa dois financiamentos internacionais e chega com essa potência de dialogar com os movimentos Sociais. Quando o PRUNE ganha uma visibilidade, até porque ele passa por uma política pública municipal pensada e desenvolvida com os movimentos sociais, gerou uma polêmica em Itabuna. Eu lembro de artigos no jornal A Região dizendo que nós estávamos criando racismo dentro da universidade. Que não era possível que tinha um grupo fazendo um curso para negros e excluídos. Por que um curso que não seja para todo mundo, mas só para negros e excluídos. E ali, indiretamente, porque não era nosso objetivo, mas nós demos visibilidade a discussão sobre a política de cotas. Aquele limiar de 2002 para 2003, a UERJ, a UNEB já avançadas nessas discussões, e outras universidades depois. A gente mirou no curso pré-universitário e acertou na polêmica das cotas aqui na nossa cidade. Então quando essa primeira turma chega à universidade, ela encontra na universidade docentes da UESC que já tinham passado pelo PRUNE, como formadores dos educadores e das educadoras, nós tínhamos um recurso de formação continuada e quem fazia eram docentes da UESC, esse grupo que colaborava com o PRUNE, começou a pensar em uma forma de acompanhamento dos egressos do PRUNE e aí, nós fomos para o embate da isenção da taxa do vestibular para os estudantes do PRUNE. O Universidade Para Todos já tinha isenção depois que o PRUNE conseguiu a isenção. Aqui estou resumindo, porque foram muitas polêmicas. O acompanhamento que foi o PRODAPE, um projeto que foi escrito em 2004, a várias mãos, mas a maioria das mãos de pessoas que estavam fora da universidade, como a professora Larissa, a professora Gislene, que não eram do quadro institucional da UESC. Eu mesmo era do quadro transitório porque era uma professora substituta. Nós pensamos um projeto de permanência dos estudantes egressos, porque nós sabíamos que a sociedade que nos execrou nos acusando de inaugurar o racismo, era uma sociedade que também estava institucionalizada na UESC. Foram vários ataques protagonizados por estudantes e professores da UESC nos acusando, a primeira que nós fizemos para professores do PRUN, selecionando estudantes do curso de licenciatura na UESC, pedimos autorização. Foi um momento tenso, pois espalharam cartazes falando mal. Nós fizemos cartazes a mão sinalizando os locais das entrevistas, conseguimos o apoio do departamento de educação da UESC para usar as salas e fazer as entrevistas. Havia cartazes rasgados, questionamentos sobre a inauguração do racismo na UESC. Já falei que a gente enquanto rede de curso pré-universitário e depois quando o PRUNE se instigue enquanto política no final do ano de 2004, o pré-afro decide se constituir como um curso independente no bairro maria pinheiro, mas o encartarte, que eu queria acrescentar, já fazia parte, junto com a ação negra, pastoral da juventude e o MNU, como membros da coordenação geral do PRUNE. Tudo isso que nós fizemos provocou dissidências no campo educacional, na institucionalidade do ensino superior na região. Só havia UESC naquele momento, não havia UFSB. As faculdades privadas estavam chegando em Itabuna, mas a gente não tinha interesse em preparar e promover o ingresso às instituições privadas. O que fica dessa história, já para concluir, é que a eficácia das políticas de ações afirmativas elas só são alcançadas, se essas ações forem pensadas e desenvolvidas como ações integradas. Não dá para pensar no acesso e abandonar essas presenças na universidade e não pensar na política de permanência. Pensar o acesso implica pensar a permanência e nós pensamos o acesso e permanência na graduação e na pós. Porque o PRODAPE e o BANTU-IE foram também muito revolucionários. Nós criamos na UESC o primeiro curso de pós-graduação gratuito, porque até então as especializações da UESC eram pagas. Uma taxa simbólica, mas havia pagamentos de taxa. E com o apoio do programa UNE AFRO, nós escrevemos e desenvolvemos, formamos não sei agora se foram duas ou três turmas, porque nesse processo eu sai da UESC e fui para UNEB como professora, das especializações da educação e relações étnicos-raciais. Então precisamos pensar a continuidade e não sofrer a descontinuidade dessas políticas. E termino fazendo uma reflexão de Carlos Morre, um intelectual negro, no livro Racismo e Sociedade diz: O racismo não retrocede nunca e cada vez que nós avançamos, o racismo avança também. Isso é para nós desistir? Não! Ele diz que o racismo só pode ser combatido processualmente com ações contundentes e integradas, porque se a gente alcança uma conquista e recua, o racismo avança, ele se realimenta e avança com um poder maior sobre as instituições. Queria falar da constituição antidemocrática da UESC, enquanto uma instituição que nasceu atrelada a monocultura do cacau e uma mentalidade, um local que passou por um coronelismo e que se habituou a apropriar na riqueza e não pensar na mínima de uma justa distribuição dessa riqueza gerada pelas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais dessa região na sua maioria negros e, não vamos esquecer, indígenas também. Acho que o PRUNE pautar ações afirmativas, trazer a rede PPCOR para região, incomodou muito porque entrou em choque com essa mentalidade. Parecia que estava tudo assentado na universidade e de repente chega um grupo tresloucado, estou ironizando, de fora da universidade, para dizer que a universidade não era democrática. Nós cursos de grandes de grande prestígio social da UESC, historicamente a presença negra e indígena era mínima ou nula, o que prova que não só a Uesc, mas todas as universidades brasileiras nascem de projetos antidemocráticos, mas estou falando especificamente dela, que nasce a partir da FESP que é a congregação das federações de escolas superiores de Ilhéus e Itabuna. E tem relação, tem uma intencionalidade que foi registrada em artigos de opinião de formar uma elite pensante para ocupar espaços nas instituições de poder da região. Isso não sou eu que estou dizendo, há artigos que depois eu posso passar para vocês. Artigos da década de 80, artigos da época da estadualização da UESC, dizendo que precisávamos de uma universidade pública para formamos os futuros A, B e C ocupantes dos cargos A, B, C da região. Então eu concluo dizendo que é uma instituição que nasce para migrar do poder do latifúndio para o poder da institucionalidade e outros campos da vida política, da vida social da região. E aí, as ações afirmativas realmente vem para desestabilizar essa calmaria. Segundo bloco 1 parte Daniela: 1:23:34 a 1:27:41 (4min07s) Foi um projeto escrito por 5 pessoas que só duas pertenciam ao quadro institucional da UESC, então ficou a professora Alba sozinha e na verdade o PRODAPE pelo que se transformou, depois com o BANTU-IE que teve financiamento do programa UNE- AFRO do MEC, que não existe mais esse programa neste contexto fascista. O PRODAPE tinha que ter sido institucionalizado, tinha que ter virado uma política da universidade no campo das ações afirmativas, deveria ter sido transformado em uma política de permanência, mas ele foi aprovado como um projeto de extensão de autoria de dois colegas professoras e o restante que se desvinculou da colaboração com a UESC, e não foi uma política institucionalizada. Venceu o prazo do projeto de extensão. Esse é o risco da descontinuidade que eu falei a pouco. A gente precisa pensar as ações afirmativas no caráter transversal e continuo. Eu não posso adotar uma política de permanência por 4 anos e no quinto ano essa política deixa de existir. Porque a partir do momento que eu aprovo uma resolução das cotas, todo ano vai entrar cotistas na universidade. Eu não sei como está o cenário na UESC hoje, pois tenho dialogado pouco com a UESC por conta das atividades intensas da UNEB, a UNEB é um mundo! Mas eu posso falar das experiencias da UNEB. A UNEB tem uma pró-reitora de ações afirmativas e hoje como docente eu oriento iniciação cientifica voltada para estudantes cotistas. Neste mês agora de outubro, os estudantes cotistas vão concluir os seus artigos. Recebem a mesma bolsa no valor do programa de IC da UNEB, a bolsa de 400 reais e desenvolvem pesquisas voltadas para esse campo. Há várias formas de políticas de permanência. Chegou um momento que o PRODAPE chegou a trabalhar com assistencialismo, foi chocante a primeira turma egressa do PRUNE que chega à universidade, a gente passa a acompanhar fora da universidade e sabe que a menina que passou em segundo lugar para matemática, não tinha um tênis para ir a UESC, ela só tinha uma calça jeans que no ano anterior ela usava como farda escolar. Tivemos que atuar nesse campo, o acompanhamento feito pelo PRUNE antes de virar PRODAPE. Tivemos que garantir essa condição mínima de dignidade para que estudantes fossem para universidade com um calçado e com uma calça jeans que não fosse a do uniforme que durante dois anos ela usou para ir à escola no ensino médio. Chegou um ano que a dificuldade era gritante. Era não ter o dinheiro do ônibus, Vércio falou sobre isso, era não ter como se alimentar e passar o dia todo na universidade, o curso era a tarde, mas tinha que está pela manhã fazendo alguma atividade. Tivemos que atuar lá no básico para garantir essa estrutura, mas volto a dizer que foi uma falha institucional da UESC em não institucionalizar a proposta do PRODAPE, a proposta de acompanhamento e de permanência de estudantes oriundos desses cursos pré- universitários. Segunda parte Daniela: 1:43:20 a 1:44:07 (adendo) (3min47s) Aproveitando o que Vércio acrescentou porque realmente foram dois nomes que deveria ter citado, a professora Elis e o professor Carlão. Eu só queria corrigir a minha fala, pois naquele momento eu estava me referindo ao grupo que escreveu a proposta inicial, que fez tramitar no conselho, no consepe, então os dois representantes da UESC foram Wagner e Alba, mas Carlão e Elis tiveram papel fundamental quando avançou para o BANTU-IE, então agradeço a Vércio pelo lembrete. Terceiro bloco Daniela: 1:59:39 a 2:07:16 (7min37s) Na verdade, nesse debate de hoje a minha narrativa só pode ir até 2006 porque no final de 2006, eu já estava na transição para a UNEB, então há aspectos do BANTU-IE na reta final que eu não participei. Queria destacar uma questão que terminou passando batida que foram as realizações dos fóruns pro lei 10.639 que foram realizados aqui na região com essa equipe que criou PRODAPE, BANTU-IE e eu lembro de ter participado em Itacaré, em Ipiau e em algumas cidades aqui da região e como foi um momento importante, fazer essa formação sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira, dialogando com educadoras e educadores das escolas públicas nessas cidades. E os estudantes e as estudantes bolsistas que estavam ligadas a esses projetos que nós citamos aqui e ao programa PRODAPE, tinham uma atuação muito forte nessas escolas. Desenvolviam oficinas, atividades formativas. Por que estou dando exemplo do fórum? Porque vou encerrar minha fala dizendo isso: a importância de um processo formativo! O Rafael trouxe a informação que a bolsa de permanência, que eu não sei se ela é especificamente para estudantes ou se abre para outras categorias, não sei como está funcionando, como já disse, não estou mais na UESC. Me chamou atenção a fala de Rafael que a bolsa de permanência mais que não necessariamente está vinculada a uma formação, a um projeto de extensão, a um projeto de pesquisa. Acho que a política de permanência deve está atrelada a uma política de formação dos estudantes cotistas, pois o maior problema enfrentado na universidade pelos cotistas, é a formação baseada em um currículo monocultural e epistemicida. E aí não estou falando da UESC, mas nas instituições de ensino superior que se fundam em currículos silenciadores de tudo que não passa pela europa, uma filosofia, uma sociologia, uma antropologia, uma teoria literária e por aí vai. Então inserir estudantes cotistas em políticas de permanência que estejam atreladas a formação da conta de algumas lacunas desses currículos dos cursos de licenciaturas e de bacharelado. Gostaria de elogiar o grupo de pesquisa, elogiar as falas de todo mundo que se pronunciou. O primeiro passo vocês já estão dando que é recuperar uma historicidade e recuperar uma linha que se rompeu, mas que pode ser reatada. A segundo é, acho que merece reativar os ânimos na comunidade acadêmica da UESC a retomar essa discussão de políticas afirmativas. Não o projeto da professora A, B ou C que na universidade estão desenvolvendo essas ações, mas políticas de permanência. Mapear! Aí na universidade temos muitas companheiras, muitos companheiros. Temos pesquisadoras e pesquisadores negros, quando a gente iniciou essa trajetória não havia essa presença tão numericamente como agora de pesquisadores e pesquisadoras negros nos cursos da UESC. Precisamos articular e fazer uma provocação de pensar uma política de permanência para estudantes ingressos pelo sistema de cotas, pois a luta não termina no ingresso, outra luta se inicia com o ingresso! O que Vércio falou da UNEB, a UNEB aprovou a resolução das cotas no inicio dos anos 2000, mas ela reformulou e nessa reformulação ela ampliou as categorias. Colocou cigano, pessoas trans e foi ampliando as categorias. Foi o que eu disse no inicio da minha fala, não podemos retroceder, tem que ser daqui para frente, ampliar as políticas de acesso e permanência e sempre pensar nessa junção do acesso articulado com a permanência. Ainda há na UESC professores e professoras que atuaram nessa época. A professora Elis que o Vércio lembrou muito bem e outros nomes que chegaram. Temos professoras no departamento de educação de filosofia e ciências humanas discutindo essas questões e seria importante se articular. Queria agradecer por me provocarem a recuperar essa linha do tempo. Alguém perguntou se houve pesquisa com egressos, mas isso não posso responder, pois como já disse, em 2006 eu já estava em transição saindo da UESC. Egressos do PRUNE nós fizemos acompanhamento enquanto existia o PRODAPE, mas sabemos porque conhecemos esses sujeitos porque tem muita gente como o Danilo, o Rafael que entraram na pós-graduação, que concluíram a pós-graduação, são docentes da UNEB, tenho colegas na UNEB que são egressos desse momento. São docentes da rede publica de ensino, da REDE IFBA, do IFBAIANO, mas eu não sei dizer se o BANTU-IE fez essa pesquisa, pois eu já não estava na UESC. Só agradecimentos, estou disponível. e indicaria que vocês conversassem, convidassem também em um outro dia as professora Larissa Pereira e a Girlene (professora do IFBA) que está no IFBA e, quem sabe, a professora Elis que está na UESC.
Ações Políticas Educacionais Inclusivas para os Estudantes com Deficiência no Ensino Superior Presentes nos Planos de Desenvolvimento Institucional do Sudoeste Goiano