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Roteiro

Formação Básica: Facilitador de Círculos de Construção de Paz em Aplicações


de Menor Complexidade (Círculos de Diálogo)

(20h – Cinco turnos – dois dias e meio)

TURNO UM

Confecção dos Crachás: À medida que as pessoas chegam, pede-se que


confeccionem seu crachá.

Boas vindas: combinar horários/saídas antecipadas devem ser avisadas/lanche


coletivo

Atividade I: Dinâmica das Bolinhas “Dos bichos”:

Objetivo: Integração, desenvolvimento e percepção das habilidades que serão


desenvolvidas durante o curso.

Material necessário: 5 ou mais bolinhas ou bichinhos de pelúcia.

Disposição: Todos devem já estar de crachá, de pé e em círculo. Pede-se que todos


ergam um dos braços.

1) O instrutor inicia chamando o nome de uma pessoa e jogando a bolinha para a


mesma. Quem recebe baixa a mão, chama o nome de outra e joga a bolinha. Assim
sucessivamente, até que todos os participantes tenham recebido a bolinha. O último a
receber joga de volta para o instrutor chamando-o pelo nome.

2) O instrutor expõe para o grupo que esta primeira rodada era um teste. Diz que irão
repetir o exercício dando mais movimento/rapidez jogando a bolinha para a mesma
pessoa, chamando-a pelo nome. A partir desta etapa não é necessário levantar a
mão, pois todos já saberão quem escolheram. Conforme a rodada vai acontecendo o
instrutor vai introduzindo as demais bolinhas.
3) quando duas ou três bolinhas já tiverem retornado para o instrutor, este pede para
que o grupo pare, e solicita que a atividade seja feita no sentido inverso. Os
participantes devem devolver as bolinhas de quem receberam, voltando todas para as
mãos do instrutor.

4) conversar com o grupo sobre a dinâmica, através dos questionamentos:

- O que acharam da atividade?

- Que habilidades foram necessárias para realizá-la?

- É possível fazer alguma comparação com nossa vida?

5) Expor para o grupo que a atividade foi realizada por todos os motivos que os
participantes trouxeram e também para convidar o grupo a administrar suas “bolinhas”
da melhor forma possível nos dias do curso. Pedir que cuidem do corpo, e que fiquem
à vontade se precisarem levantar, ir ao banheiro...

Atividade II: Apresentação e check-in: (já com o objeto da palavra)

Objetivo: Conhecer os participantes, já utilizando o objeto da palavra que deve ser


apresentado neste momento ao grupo como um dos elementos fundamentais da
metodologia dos Círculos de Construção de Paz.

Pergunta utilizada: Conte-nos quem você é, e suas expectativas com a


formação?

Atividade III: Dinâmica da Construção Coletiva

Objetivo: Desenvolver a partir da vivência a percepção das habilidades necessárias


para ser um facilitador de Círculos de Construção de Paz, tais como: tolerância,
paciência, olhar sensível, não julgamento, escuta qualificada, respeito ao tempo de
cada um, ...

Material necessário: Jogos de montar LEGO ou Elementos da Natureza

Disposição: Todos sentados em círculo, com uma mesa ou cadeira no meio do círculo
com os materiais.
Observação: Dependendo do tempo disponível para a atividade e o tempo
utilizado pelo grupo, pode dividir as atividades e deixar os momentos B e/ou C
para o outro turno.

Metodologia:

Momento A) expor ao grupo que a atividade tem três regras:

1) deve ser feita em silêncio, sem utilizar a fala;

2) cada participante pode fazer o que quiser com o material disponibilizado no centro
do Círculo, quando chegar a sua vez, será respeitado a ordem que foi utilizada com o
objeto da palavra no momento da apresentação/check-in;

3) A atividade só finaliza quando todos os participantes estiverem confortáveis e ou se


sentindo representados com o que for ou não construído pelo grupo. Essa percepção
será feita a partir do momento que durante uma rodada inteira nenhum dos
participantes levante.

Obs: Se o grupo não finalizar espontaneamente em 1 hora, o instrutor interrompe a


atividade trazendo o tempo que durou e que 60 minutos é tempo suficiente para
conversarem sobre os motivos da realização da dinâmica. (Não informar sobre o
tempo máximo da atividade aos participantes. Somente ao final)

Momento B) passar o objeto da palavra para que os participantes possam expor


como foi participar desta atividade. Utilizar as seguintes perguntas: Como se sentiu
com a dinâmica? O que queria fazer? O que foi mais difícil? O que foi mais fácil?
Quais sentimentos teve?

Momento C) expor ao grupo os objetivos da atividade, fazendo as seguintes


reflexões:

- O que foi mais difícil: manter-se em silêncio ou não poder expressar a sua opinião
verbalmente?

- Contar a história do policial que se retirou da sala onde estava sendo realizado o
treinamento com a sacola dos elementos da natureza e voltou com duas fotos: 1º foto,
sacola atrás das grades e uma 2º foto da
sacola sobre uma lápide no cemitério da
cidade. E disse: “Isso é o que acontece com
nossos jovens quando desistimos deles”.

- Quando todos têm voz, os participantes não


permitem que UM tome decisões PELO grupo,
mas o grupo decide junto, não isoladamente,
não individualmente.

- O facilitador não é o líder, só participante


como todos, encarregado de manter o espaço
seguro e o ambiente respeitoso.

- O facilitador deve ter paciência e calma,


mesmo que ocorram situações
desconfortáveis e difíceis; o facilitador tem de
aguardar e transmitir serenidade.

- Não se pode vir para o círculo com ideias


prontas sobre o que fazer, como será o final
antes dos outros trazerem as suas
contribuições; os rumos podem mudar a toda
hora.

- Nada é definitivo, nada é absolutamente


certo.

- A importância do significado nessa


atividade: o que eu entendo que o outro está
fazendo, pode estar totalmente distante da
ideia que ele está tentando transmitir.
TURNO DOIS

Atividade IV: Construção do Espaço do Círculo: Tapete/Centro (foco,


concentração...)

Organizar o círculo sempre só com cadeiras, sem outros móveis;

Explicar: Por que usar uma peça de centro e que elementos pode-se colocar?

O que colocar no Centro? Flor e os livros de JR.

Pode fazer exercício com o grupo, questionando quais objetos usaria para círculos em
outros espaços... ex. escola

Importante: Observar a utilização de todos os objetos do círculo com a realidade de


onde será utilizado.

Introduzir as origens do Círculo de Construção de Paz.

LEMBRAR: Tudo nos círculos é um convite e não uma ordem. É muito


importante que nos cuidemos, podendo decidir em não fazer, contanto que isso
não nos distancie do grupo.

Atividade V: Construção dos valores:

(Existem valores que ajudam as pessoas a estarem no seu melhor).

Pense em dois valores de que você precisa que estejam presentes neste curso para
você estar no seu melhor?

Ou

Quais valores para você são importantes para uma boa convivência?
Ex: Empatia. Generosidade. Amorosidade. Respeito. Responsabilidade. Honestidade.
Gentileza. Carinho. Sinceridade. Humildade. Ponderação. Paciência. Simpatia.
Gratidão. Sensibilidade. Coerência. Solidariedade. Amizade. Espiritualidade.

Importante: Há maneiras diferentes de construir os valores: pode ser escrita por cada
participante, pode ser escrita pelo facilitador após a fala dos participantes
(principalmente quando se imagina que alguém possa ter dificuldades com a
escrita – melhor escrever para todos, a fim de não constranger ninguém). Ainda,
levar cartelas com alguns valores prontos e as pessoas escolherem, levando sempre
cartelas em branco para o caso de alguém pensar em um valor que não esteja escrito
nas cartelas prontas.

Explicação: Com o uso do objeto da palavra, o grupo constrói os valores, que serão
especialmente observados durante o círculo.

Exemplo de perguntas norteadoras para construção dos valores:

- Que valor você gostaria de oferecer para este espaço que estamos compartilhando?

- Quando você está no seu melhor, o que você é? Expresse em uma palavra.

- O que você sempre busca em sua vida?

- Que valores para você são importantes para uma boa convivência?

- O que lhe dá esperança?

- O que você mais admira em uma pessoa?

- Qual sua maior qualidade?

- Como seu melhor amigo descreveria você?

Atividade VI: Construção das diretrizes:

Normas/combinações que organizarão o nosso curso e estarão presentes durante a


semana; - O que eu preciso para me sentir seguro / bem durante a semana?
Importante: Expor ao grupo que todos os CCP terão a construção de diretrizes e a
importância desta etapa no processo circular. Deve ser realizada sempre de forma
coletiva, mas que os facilitadores podem trazer/expor/sugerir as quatros principais:

- Respeito ao objeto da palavra;

- Confidencialidade: Os aprendizados saem, os nomes e as histórias não.

- Não julgamento;

- Falar na primeira pessoa (falar de si e não do outro);

Atividade VII: Elementos essenciais e as etapas do Círculo de Construção de


Paz:

Utilizando um quadro branco ou cartolinas, apresentar os elementos essenciais e as


etapas dos C.C.P, fazendo referência ao que já foi desenvolvido durante o dia.

Ver arquivo Origem dos Círculos ou arquivo apresentação Teoria.

Elementos essenciais:

Objeto da Palavra: É o objeto que dá poder a todos os participantes. Quem o tem


nas mãos tem o poder da fala, e os demais o poder da escuta. Ao passar de pessoa
para pessoa em volta do perímetro do círculo, garante a cada participante a
oportunidade de falar e ser escutado. Oportuniza um espaço seguro de fala e escuta
para expressão de verdades.

Kay Pranis acrescenta que a maioria dos círculos tem um propósito já definido. As
pessoas sabem qual é o propósito, mas sempre que alguém está com a peça de fala
na mão, poderá haver surpresas.

O facilitador pode falar sem a pedra da fala se percebe que há algo importante no
grupo que precisa cuidar. Ex: uma pessoa que está com a peça de fala e está há
muito tempo falando. Então o facilitador poderá dizer: “A gente quer muito lhe
entender, será que você pode resumir em duas frases, para que possamos entendê-
la? ”. Este momento é muito delicado, sendo importante cuidar para não desconectar
a pessoa do grupo. Se o facilitador interromper é necessário que depois vá procurar a
pessoa e verificar como está.

Sempre circular o objeto da palavra. Não atravessar de um lado para o outro


do círculo. Se alguém chegou atrasado não entregar o objeto para a pessoa.
Apenas oportuniza a fala, porque senão deveria ir passando de mão em mão
até chegar na pessoa atrasada e aí eu estaria abrindo chance para cada um
falar novamente.

Claro que em círculos menores até poderia passar novamente por todos do
grupo...

Se alguém se emocionar e preferir falar depois, também não devolve o objeto,


só perguntar: gostaria de falar agora?

● Reforçando: apenas utilizar o objeto da palavra e não seguir todas as etapas


não é fazer círculo de construção de paz, mas sim PRÁTICA RESTAURATIVA.

● Para ser CÍRCULO DE CONSTRUÇÃO DE PAZ tem que SEGUIR TODAS AS


ETAPAS.

● O círculo não pode se tornar uma palestra por parte do facilitador. Se precisar
falar de um assunto, usar a contação de histórias ou interromper antes o
círculo e depois fazer a palestra ou então somente faz uma prática restaurativa.

● O facilitador não dá lição de moral, por isso só falar na primeira pessoa. Eu


posso falar de mim, mas não posso falar do outro...

Peça de Centro: Geralmente fica no chão, no centro do espaço. Pode-se colocar no


centro algum objeto que tenha significado especial para o grupo, como inspiração,
algo que traga nos participantes valores e bases comuns.

Sobre o centro no círculo: é uma forma de representar conceitos importantes de


circularidade. Ajuda as pessoas tímidas a falarem. Outras pessoas dizem que lhes
ajuda a focar no que os outros estão falando. Ele representa a comunidade e os
valores compartilhados.
Na visão da Kay Pranis é importante, mas não é obrigatório. Se for prejudicar a
entrega e compreensão das pessoas não precisa utilizar. Colocar peças mais
neutras no centro. Peças que não causem estranhamento às pessoas,
especialmente em ambientes mais formais (juízes, promotores) ... também
tomar cuidado com objetos de referência religiosa.
O nome não pode ser mais importante que o processo. Vale para a peça de
centro. Estar ou não estar ali não é o mais importante. Se for atrapalhar, então
não devemos usar.

Facilitadores: De preferência sempre atuar em duas pessoas, porque uma


sempre complementa a outra. Claro que nos círculos menos complexos pode
ser apenas um facilitador.

Local Seguro: Importância do local seguro, sem interferências.

Etapas:

1- Cerimônia de Abertura
2- Check-in
3- Construção de Valores
4- Construção de Diretrizes
5- Contação de História
6- Check-out
7- Cerimônia de Encerramento

EXPLICAÇÕES DETALHADAS:

1- CERIMÔNIA DE ABERTURA: para ajudar as pessoas a entrarem nesse espaço


seguro que é o círculo. Exemplos de atividades de cerimônia: meditação, cerimônia
com as fitas onde as pessoas foram convidadas a honrarem algum mentor ou
professor de suas vidas.
Objetivo:

▪ Unidade
▪ Conexão
▪ Liberdade
▪ Sensibilização (estar aberto a novas ideias)
▪ Dar boas vindas
▪ Criar vínculo
▪ Afetividade
▪ Relaxamento
▪ Ajudar as pessoas a estarem plenamente presentes
▪ Criar foco
▪ Limpar a energia negativa que possa existir (a respiração favorece para isso)

O importante é que a pessoa respeite o grupo e que já faça parte da vida da


comunidade.

É muito importante saber quem é o grupo ao planejar a cerimônia.

2- CHECK-IN: Apresentação pessoal e expectativa com o curso/círculo.

O check-in é muito importante para enxergar como o grupo está. Como estão se
sentido. É o momento em que percebo se o que eu planejei para o círculo está de
acordo com o sentimento do grupo. Se os participantes trazem histórias difíceis no
check-in devemos logo reprogramar a contação de histórias, propondo uma atividade
mais leve.

Quando estamos atuando como facilitadores estamos no nosso melhor. As


pessoas têm essa percepção. Mas não somos donos da verdade. Quanto mais
círculos a gente fizer, mais vamos desenvolver nosso melhor.

3- VALORES:

Os VALORES trazem ao grupo:

● EMPATIA
● SENSO DE COMUNIDADE
● SENSO DE PERTENCIMENTO

É importante já trazer uma pergunta sobre VALORES voltada para o grupo que se vai
trabalhar. Mas sempre fazer uma pergunta positiva. É importante fazer a pergunta
certa. E SEMPRE USAR LINGUAGEM SIMPLES. E não corrigir se a pessoa
escreveu errado...

Pode fazer a CONSTRUÇÃO DE VALORES pedindo aos participantes (1) para


escrever na hora, (2) ou o facilitador já trazendo pronto por escrito ou (3) o facilitador
escrevendo o que as pessoas disserem. Isso tudo para não desrespeitar alguém que
não saiba escrever, por exemplo. Também o facilitador pode (4) trazer imagens ou (5)
desenhos ou (6) trazer revistas para as pessoas escolherem imagens e depois
explicarem porque as escolheram.

Podemos ajudar as pessoas a entenderem de quais valores estamos falando, citando


exemplos.

Os VALORES são pessoais. Não necessitam da concordância dos demais. Não se


passa o objeto da palavra novamente para os demais dizerem se concordam ou não.
Isso se faz apenas nas DIRETRIZES.

Os VALORES são o MEU MELHOR, o MEU SENTIMENTO, diferente das


DIRETRIZES que são coletivas.

VALORES: é o que eu trago de mim.

Ao final sempre agradecer pelo compartilhamento. Essa pergunta é muito importante


porque nos lembra do nosso melhor e nos faz querer identificar o melhor nos outros
também.

4- DIRETRIZES:

É o que eu preciso para ficar bem dentro do círculo. São as combinações do grupo.

Quando se constroem as diretrizes com o grupo o facilitador não é mais o


responsável sozinho pelo funcionamento do círculo.
Se no círculo alguma coisa não está funcionando, o facilitador tem a responsabilidade
de trazer isso para o grupo e não tentar ele mesmo resolver o conflito. Nesse caso, o
facilitador não está pondo o controle sobre o grupo, mas sim tentando ajudá-lo a
perceber se eles estão se respeitando.

Esta é uma etapa muito importante.

As DIRETRIZES são construídas coletivamente e são móveis, não são fixas. Podem
ser alteradas.

Relembrar a cada novo dia de curso as diretrizes.

Quatro DIRETRIZES não devem faltar nunca:

1- Respeito ao objeto da palavra


2- Confidencialidade (o aprendizado sai do círculo, as histórias e os nomes ficam)
3- Falar em primeira pessoa
4- Não Julgamento

Outros exemplos:

▪ Falar com respeito


▪ Escutar com respeito
▪ Focar no que ocorre aqui e não se dispersar fazendo outra coisa
▪ A responsabilidade com o que foi acordado aqui
▪ Ouvir a história do outro
▪ Leveza e bom humor que contribuem para bons resultados
▪ Não tem problema de passar sua vez de fala

Uma vez apresentada estas linhas-guias pergunta-se para o grupo sua opinião sobre
as mesmas, se estão de acordo, se querem acrescentar algo.

5- CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS:

● Objetivo de criar sensibilização; empatia; conexão entre as pessoas

● Nos círculos essa parte de contar histórias é onde se encontra o


compartilhamento de experiências, a visão em comum. Constrói uma empatia.
Nesse momento, usa-se de outra abordagem de contar histórias: é o
compartilhamento de experiências positivas, da humanidade de cada um.

● Sempre deixar preparadas mais de uma pergunta na contação de histórias


para sentir o momento. De repente precisa trocar a perguntar, fazer mais de
uma...

● Podemos usar o círculo para falar de temas específicos na contação de


histórias. Ex: círculo para mulheres vítimas de violência falarem o que pensam
sobre a situação, sobre machismo, violência, sexualidade, bulliyng com
respeito a alunos, etc...

6- CHECK-OUT

7- CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO:

Objetivo:

▪ Celebrar o consenso (ou não)


▪ A presença das pessoas
▪ Comprometimento das pessoas
▪ A aceitação das diferenças
▪ O esforço de cada um
▪ Marcar a transição do encerramento daquele momento e retorno à realidade

Esta cerimônia é menos complexa e mais curta. Pode-se ler um poema, usar a dança,
vídeo, música etc.

Os dois momentos (tanto na abertura como no encerramento) delimitam o espaço do


circulo.

O princípio da voluntariedade: Kay Pranis explica que isso geralmente inclui algum
tipo de escolha. Seja no sistema judiciário, seja na escola. Por exemplo, você sempre
faz uma escolha: pode ir para o círculo ou ir para a sala do diretor. Na comunidade, os
círculos são oferecidos para qualquer pessoa e a partir daí eles escolhem se querem
fazer isso ou não. Para fazer as pessoas se voluntariarem, é preciso conhecê-las.
● A voluntariedade diz respeito ao fato de que escolher ir ao círculo não significa
se comprometer com todo o processo e você pode, ao longo do processo,
decidir não participar.
● A voluntariedade do círculo não conflitivo se dá muito com o objeto da palavra:
é uma oportunidade de fala; se estiver à vontade para falar, fala!!

● CADA UM TEM O SEU TEMPO! Se a pessoa não quiser falar, tudo bem!

Atividade VIII: Vídeo e Chuva de Ideias: (ver vídeo pesquisa Howard Zehr no YOU
TUBE)

Apresentar um vídeo de sua preferência, conversar com o grupo a partir de uma


chuva de ideias, falar sobre Princípios Básicos do CCP:

1. Dentro de cada um de nós está o verdadeiro eu: bom, sábio e poderoso...

2. O mundo está profundamente interconectado

3. Todos os seres humanos têm um profundo desejo de estarem em bons


relacionamentos

4. Todos os seres humanos têm dons; cada um é necessário pelo dom que traz

5. Tudo de que precisamos para fazer mudanças positivas já está aqui…

6. Seres humanos são holísticos

7. Nós Precisamos de práticas para criar hábitos de viver a partir do eu verdadeiro.

Esclarecer que esses são entendimentos que nem todos aceitamos completamente,
mas que devem nos orientar em nosso dia-a-dia. São um objetivo a alcançar.

Atividade IX: Check-out: O que você leva desse dia para sua vida?

Atividade X: Cerimônia de encerramento:

Tarefa: Pedir para que tragam para o próximo encontro um objeto pessoal que
represente um pouco do que eles são.
Tarefa: Perguntar se alguém se sente à vontade para fazer a cerimônia de abertura
no dia seguinte. Mas sempre ter uma cerimônia preparada para o caso de a pessoa
não fazer....

TURNO TRÊS

Atividade XI: Cerimônia de Abertura:

Atividade XII: Check-in: Como você chega no dia de hoje?

Atividade XIII: Contação de História: História do objeto pessoal

Atividade XIV: Rodada sobre como foi participar da Contação de História: Como
você se sentiu participando da atividade de contação de história?

Atividade XV: Explicação da Etapa da Contação de História

Pela fala e escuta das histórias cada um dos participantes do círculo constrói seus
significados.

Exemplos de perguntas:

- Compartilhe uma lembrança feliz de sua infância;

- Conte-nos uma história engraçada de sua vida (trabalho);

- Como seu melhor amigo descreveria você?

- Se você pudesse ser um super-herói que superpoderes você teria e por quê?

- Conte-nos uma experiência em sua vida que você fez de um limão uma limonada.

- Compartilhe uma experiência que você descobriu que alguém era muito diferente da
imagem negativa que você tinha dela.

- Quem você admira e por quê?

- O que te assusta ou assustava, e como você lidou com isso?


Atividade XVI: Papel do Facilitador e importância da dupla: Círculo é conduzido
por um facilitador, que tem como responsabilidade ajudar os participantes a criarem
um espaço seguro para a conversa, monitorar a qualidade do espaço do coletivo e
estimular as reflexões do grupo através de perguntas ou pausas.

Atividade XVII: Roda da Medicina: Lembrar sobre a importância da busca do


equilíbrio entre as 4 dimensões para que o facilitador esteja em condições de “cuidar
do grupo”.

Não importa de que parte estejamos falando.

O importante é ter um equilíbrio.

Atividade XVIII: Círculo dividido


em 4 etapas

ESPIRITUAL MENTAL

EMOCIONAL FÍSICO

Utilizando um quadro branco ou cartolina apresentar o círculo dividido em quatro


etapas. Lembrar que o facilitador não deve gastar mais tempo / energia em uma
etapa do que na outra e nem pular etapas. Expor que o Círculo Não-Conflitivo
(Menos Complexo) fica nas duas primeiras partes: Se Conhecer e Se Relacionar.

Um Círculo de Construção de Paz é dividido em 4 partes.

A energia investida deve ser a mesma em todas as partes / etapas.

A sequência das etapas é o que garante a construção de um espaço seguro.

Um Círculo de Construção de Paz é dividido em 4 partes.

1- SE CONHECER
2- SE RELACIONAR
3- FALAR DOS PROBLEMAS
4- FAZER PLANOS

TURNO QUATRO

Ver material nos arquivos PDF:

1- Apresentação Teoria
2- Tipos de Círculos de Construção de Paz
3- Habilidades dos Facilitadores
4- Origem dos Círculos

Atividade XIX: Teoria Utilizando recursos como data show, quadro, apresentar
alguns conceitos teóricos sobre:

- Conceito de Justiça Restaurativa;

- Diferença entre JR e a Justiça Tradicional;

- Bússola da Vergonha: No centro do círculo pode estar qualquer situação difícil, ou


trauma que alguém tenha passado. Normalmente iremos apontar para uma destas
direções:
- Isolamento

- Agressão contra outros

- Autoagressão

- Evasão

“CNV: Atrás de um ato violento existe uma necessidade não atendida”.

- Práticas restaurativas: utilização do objeto da palavra, check-in, check-out,


cerimônias...

- Janelas da Disciplina Social

- Diálogo com enfoque restaurativo:

Situação A

O professor entra na sala do 8º ano e vê Pedro xingar Mateus. Chama Pedro para
conversar no corredor e pede para que essa atitude não se repita, quando Pedro
tenta explicar onde tudo começou o professor chama então Mateus e reitera sua
posição para os dois alunos e deseja que as brigas parem de ambos os lados. A aula
continua, Mateus e Pedro continuam zangados um com o outro.

Situação B

O professor entra na sala do 8º ano e vê Pedro xingar Mateus. Leva-os para o


corredor e diz que quer conversar com ambos logo após o almoço na sala de aula.

O professor pergunta o que está acontecendo. Pedro conta que Mateus estava
sempre roubando seu caderno e o escondendo. Sabia que era brincadeira, pediu que
parasse, mas Mateus continuou, e ontem tinha se encrencado, pois não fez a lição
que estava no caderno escondido por Mateus. Pedro se sentiu prejudicado, xingou
Mateus e o professor escutou.

Mateus admite que exagerou e não sabia da lição do inglês, mas que Pedro não tem
o direito de humilhá-lo na frente de todos.
Os dois pedem desculpas, que ambos exageraram e desejaram não continuar com as
brigas.

Atividade XX: Vivendo os Círculos de Construção de Paz Não-Conflitivos

A) Dividir a turma em grupos 5 ou 6 pessoas; Solicitar que cada grupo escolha dois
facilitadores, que receberão um roteiro de círculo pronto (Autocuidado ou
Relacionamento – retirar do livro no Coração da Esperança) para desenvolver com
este grupo que foram divididos. Disponibilizar aproximadamente 1h para que a dupla
se organize.

B) Enquanto as duplas se preparam, solicitar que o restante da turma (em grupos que
foram divididos) realize um planejamento de CCP Não-Conflitivo a partir de um
público-alvo de sua preferência.

Obs: Esta atividade não será executada, e não tem ligação com o planejamento que
os facilitadores estarão realizando. O objetivo é a experiência de vivenciar um
planejamento em grupo. Os planejamentos serão apresentados para a turma.

Check-out: Como você está se sentindo ao final desses dois dias?

Obs: Pedir para que alguém faça a Cerimônia de Abertura e Encerramento para o
terceiro dia.

Cerimônia de encerramento:
TURNO CINCO

Cerimônia de Abertura: Realizada por participantes.

Check–in: Pedir que o participante que realizou a cerimônia conduza também o


check-in.

Continuidade Atividade XX: Vivendo os Círculos de Construção de Paz Não-


Conflitivos

C) Vivência dos C.C.P organizados pelos facilitadores/participantes. Disponibilizar


1h30min para o desenvolvimento desta atividade. Os círculos acontecem ao mesmo
tempo. Sugestão de que os instrutores não participem dos círculos e não entrem nas
salas.

D) no grande círculo, fazer duas rodadas sem o objeto da palavra. Primeiro


solicitando que os facilitadores relatem como foi a experiência. Após as participantes
expõe como foi a participação. Apenas ao final das duas rotadas os instrutores fazem
os comentários necessários.

E) solicitar que um participante de cada grupo apresente de forma objetiva os roteiros


planejados pelos grupos. Após cada apresentação os instrutores fazem os
comentários necessários.

Atividade XXI: Apresentação dos Tipos de Círculos de Construção de Paz


Menos Complexos: Utilizar o recurso que preferir.

Círculo de Construção de Paz de Celebração: Viabiliza o compartilhamento de


momentos de alegrias, conquistas ou senso de realização.

Círculo de Construção de Paz de Diálogo: Oportuniza que os participantes explorem


uma questão a partir de vários pontos de vista, garantindo que todas as vozes sejam
ouvidas.

Círculo de Construção de Paz de Fortalecimento de Vínculos Familiares: Proporciona


a empatia e conexão entre os familiares, possibilitando o fortalecimento dos
relacionamentos familiares.
Círculo de Construção de Paz de Fortalecimentos de Vínculos de Equipe de Trabalho:
Propicia a criação ou fortalecimento dos vínculos entre a equipe de trabalho,
desenvolvendo a empatia e conexão entre os membros da equipe. Permite que todas
as vozes sejam ouvidas.

Círculo de Construção de Paz de Senso de Comunidade: Viabiliza a coesão entre as


comunidades, proporcionando diálogo sobre temas de interesse comum,
responsabilidade mútua e apoio a ações coletivas.

NOÇÕES BÁSICAS DE COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA

O/A Intrutor/a esclarecerá que os ensinamentos e vivências compartilhados até aqui


tem sua principal base metodológica e teórica em Kay Pranis, que sistematizou os
Círculos de Construção de Paz. Desde 2010, quando ela esteve no Brasil pela
primeira vez, esta sabedoria e estas aprendizagens foram amplamente
compartilhadas e seguem sendo utilizadas nas mais diversas instituições.

Importante lembrar que também há outras metodologias de Justiça Restaurativa. Em


meados de 2005, por exemplo, um grupo de pessoas também vinha estudando e
praticando a metodologia dos Círculos Restaurativos, fundamentados na
Comunicação Não Violenta (CNV). A principal referência neste tema é Marshal
Rosemberg, autor do livro Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e
Profissionais. Para ele a CNV é mais do que um processo de linguagem e poderia ser
chamada de linguagem da compaixão. A CNV, em um nível mais profundo, é um
lembrete permanente para mantermos nossa atenção centrada no que é essencial:
autoconhecimento, presença, consciência, autenticidade...

Resumidamente, apenas para uma primeira aproximação, podemos dizer que a CNV
se estrutura em quatro componentes:

1. Observação: observar sem julgar


2. Sentimentos: nomear os sentimentos envolvidos e distinguir o que sentimos do
que pensamos
3. Necessidades: identificar e expressar as necessidades ligadas aos sentimentos
nomeados
4. Pedidos: formular pedido claros e possíveis
Refletimos que a CNV e as práticas restaurativas se encontram e se comunicam em
muitos aspectos: foco nos sentimentos e necessidades, assumir responsabilidades,
observação sem avaliação e julgamento moral, expressão de forma clara e específica
do que é importante para nós.

Convidamos os presentes para conhecer, aprofundar e praticar os conhecimentos em


CNV. No TJRS haverá um curso específico para este tema, que poderá contribuir com
nosso autodesenvolvimento e com nossas práticas restaurativas.

Atividade XXII: Check-out:

Após o check-out pedir para os participantes preencherem no GOOGLE FORMs a


ficha de avaliação, bem como as informações sobre como planeja realizar as práticas
restaurativas de menor complexidade (se integrará algum projeto específico, em que
período e em que local).

Atividade XXIII: Cerimônia de Encerramento:

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