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Parque Natural da Serra da Estrela

-Importância da área protegida para a preservação da natureza e da


biodiversidade:
-Muito importante para diversas espécies do género Festuca, caso das F. elegans e F.
henriquesii.
-Onde se observa o maior número de efetivos de Narcissus asturiensis.
-A região do Planalto Central é o único local de ocorrência em Portugal da lagartixa-de-
montanha, espécie endémica da Península Ibérica.
- Inclui linhas de água bem conservadas, de grande importância para a lontra, o lagarto-de-água
e para a salamandra-lusitânica, atendendo a que se trata de uma área de elevada diversidade
genética e de maior vulnerabilidade para a espécie. Engloba também locais importantes para a
conservação da toupeira-de-água.
-Ocorrem ainda invertebrados de distribuição reduzida, nomeadamente a cabra-loura, vaca-
loura, a borboleta Callimorpha quadripunctaria e a libélula Oxygastra curtisii.

-Mapa:

-Fauna:
-Distribui-se pelos cinco grandes meios que são facilmente reconhecíveis na serra da Estrela:
Meio Rural: Envolvendo a serra, que vai até aos 900 m de altitude, vamos encontrar uma zona
onde se situam as principais povoações e se pratica uma agricultura na pequena propriedade.
Este meio, onde os solos são mais férteis e há água em abundância, permite que, num espaço, a
fauna disponha, simultaneamente, de boas zonas de alimentação, bebedouros e áreas de abrigo e
reprodução. O búteo e a raposa refugiam-se em pequenos pinhais e caçam em áreas abertas,
enquanto o sapo-comum, que se esconde em muros e zonas arbustivas, alimenta se nas hortas e
vai acasalar em charcos e linhas de água. Por outro lado, a toupeira, que apareceu à superfície
da terra num lameiro, poderá constituir a próxima refeição da coruja-das-torres que habita o
velho pombal; a lagartixa-ibérica caça por entre as pedras do muro que limita a vinha onde
saltou uma lebre. Uma poupa que deixou a cavidade de uma velha oliveira e veio sondar com o
seu bico recurvado o solo de um pousio; na orla deste, um coelho espreita de dentro do giestal.
Um prolongamento do Meio Rural em altitude (900-1400 m) é o domínio das searas de centeio,
implantadas nos terrenos mais amplos e de solos pobres. Elas constituem um biótopo
homogéneo e estruturalmente simples que suporta um número de espécies reduzido das quais se
destacam o tartaranhão-caçador, a codorniz e a laverca.
Meio Florestal: Este meio abrange essencialmente os andares basal e médio, sendo constituído
pelas áreas cuja vegetação tem o estrato arbóreo como dominante. Nele podem diferenciar-se
por um lado, as matas de espécies autóctones – Carvalhais, Soutos / Castinçais e Azinhais – e
por outras matas de espécies introduzidas – Pinhais e Matas de espécies exóticas. As inúmeras
fendas e cavidades dos troncos dos grandes castanheiros constituem ótimos locais de abrigo e
reprodução para morcegos, a geneta, a fuinha, a coruja-do-mato, o estorninho-preto e o pardal-
francês – raro nesta região. Quanto ao carvalhal, o único vertebrado que vale a pena referir é a
felosa de Bonelli. Pode-se ainda observar em áreas de azinheiras, a imponente águia-cobreira
especializada na captura de ofídios como a cobra-de-ferradura. Será mais difícil avistar um
javali ou um dos vários mamíferos carnívoros que, sendo animais de atividade noturna ou
crepuscular, aproveitam a impenetrabilidade do azinhal para nele se refugiarem durante o dia.
No Pinhal concentram-se a maioria das espécies típicas do meio florestal, dai a sua importância.
Assim, rapinas como o gavião e o raro açor, pequenos passeriformes como os chapins e a
estrelinha-de-cabeça-listada e espécies de médio porte como o gaio, o pombo-torcaz ou os
picapaus têm no pinhal o seu principal domínio de existência.
Meio Arbustivo: Este meio é habitualmente muito denso e inclui zonas raramente visitadas
pelas pessoas, pelo que constitui um local de refúgio para inúmeros mamíferos, como o texugo e
suporta pequenas aves insetívoras como as toutinegras, a carriça e o pisco-de-peito-ruivo, bem
como répteis e anfíbios como a sardanisca-argelina e o sapo-parteiro. Aos matos juntam-se
elementos arbóreos e blocos rochosos, onde ainda se escondia num passado recente uma
população de lobo, outrora comum na serra.
Meio Subalpino: No maciço central, acima dos 1600 m, onde os solos são praticamente
inexistentes, a lagartixa-da-montanha é um animal bem-adaptado à vida nas rochas, sobre as
quais pode ser vista a caçar pequenos insetos. Este réptil é exclusivo da Península Ibérica onde
frequenta zonas de altitude sendo a serra da Estrela o único local onde ocorre em Portugal.
Algumas aves utilizam o meio rochoso apenas como abrigo e área de criação. É o caso da
gralha-de-bico-vermelho e do bufo-real.
Cursos de água: A fauna acompanha as modificações operadas nas margens dos rios e ribeiros,
o melro-de-água, a toupeira-de-água – um dos mamíferos mais raros de Portugal e considerado
como uma relíquia biológica, a rã-ibérica e uma salamandra de difícil observação – a
salamandra-lusitânica - frequentam preferencialmente as correntes de águas límpidas e frias. A
baixa altitude aumenta a capacidade de suporte dos cursos de água induzindo um maior número
de espécies animais, podendo encontrar-se o guarda-rios, a garça-real ou cinzenta, o rouxinol, a
alvéola-cinzenta, a lontra, o musaranho-de-água, o lagarto-de-água, entre outros.

-Flora:
A flora e a vegetação do Parque Natural da Serra da Estrela apresentam características únicas
em Portugal, que se traduzem, por um lado, na existência de cinco espécies, duas subespécies e
sete formas e variedades estritamente endémicas da serra da Estrela e, por outro, numa zonação
altitudinal muito característica, que é fruto da elevada altitude da serra. No que se refere à
zonação altitudinal, a vegetação da serra da Estrela encontra-se diferenciada em três andares,
cujos limites podem oscilar, sensivelmente, de acordo com o local considerado: andar basal (até
800-900 m); andar intermédio (de 800 a 1600 m); e andar superior (acima dos 1600 m).

O andar basal, de acentuada influência mediterrânica, está sujeito a um aproveitamento cultural


intenso por parte das populações, pelo que a vegetação natural é praticamente inexistente.
Contudo, subsistem ainda alguns vestígios da vegetação natural, nomeadamente os azinhais e as
comunidades de azereiro Prunus lusitanica. Nos vários tipos de aproveitamento agrícola
existentes no andar inferior salientam-se a cultura do milho, da vinha e da oliveira. O
aproveitamento florestal baseia-se principalmente na plantação de pinheiro-bravo, que atinge,
em vários locais, o andar intermédio.
O andar intermédio corresponde ao domínio climático do carvalho-negral. Os principais tipos de
vegetação natural e seminatural que se encontram neste andar são os carvalhais, os castinçais e
matos de vários tipos. Nas zonas onde o coberto arbóreo se apresenta degradado encontram-se
os matos. Os principais são os giestais de giesteira-brava, em que também ocorre o rosmaninho,
entre outros.
O andar superior corresponde, na atualidade, ao domínio do zimbro alpina. É admitido que, no
passado, o pinheiro-silvestre, o bidoeiro e o teixo tenham ocupado a parte superior da serra,
após o recuo dos glaciares. Em resultado da desflorestação, esta área encontra-se totalmente
desprovida do coberto arbóreo primitivo. Atualmente, a vegetação da parte superior da serra é
constituída por um mosaico que inclui zimbrais, cervunais, arrelvados, comunidades rupícolas e
comunidades lacustres.

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