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Relatório 6 – Matéria-prima petroquímica

.
Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES
(FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011.
Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou
parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Autoria e Edição de Bain & Company


1ª Edição
Outubro 2014

Bain & Company Gas Energy


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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Índice

Guia executivo ...................................................................................................................................... 4


1. Escopo ............................................................................................................................................ 5
2. Situação atual ................................................................................................................................ 6
3. Projeção de oferta e demanda de petroquímicos de 1ª geração .......................................... 11
3.1 Projeção de oferta de matérias-primas petroquímicas.................................................. 11
3.1.1 Gás natural seco e suas frações líquidas ................................................................. 11
3.1.2 Petróleo e nafta ........................................................................................................... 15
3.2 Projeção do balanço oferta x demanda ........................................................................... 17
4. Diagnóstico e linhas de ação..................................................................................................... 18
4.1 Propostas de linhas de ação .............................................................................................. 19
5. Proposta 1: Petróleo e gás natural da União .......................................................................... 20
5.1 Alternativas de utilização de petróleo e gás da União ................................................. 21
5.2 Análise de impacto econômico-financeiro...................................................................... 24
5.2.1 Configuração do polo ................................................................................................ 24
5.2.2 Análise financeira do 2º elo ...................................................................................... 26
5.2.3 Análise financeira do 1º elo ...................................................................................... 29
5.2.4 Impacto sócio-econômico .......................................................................................... 31
5.2.5 Resumo dos impactos econômico-financeiros ....................................................... 33
5.3 Potenciais investidores ...................................................................................................... 34
6. Proposta 2: Política de utilização do gás natural ................................................................... 35
7. Proposta 3: Alinhamento da Política de Combustíveis ........................................................ 37
Anexo A. Petroquímicos de 2ª geração avaliados ................................................................... 39
Anexo B. Detalhamento da situação atual ............................................................................... 39
Anexo C. Premissas para projeção de gás natural .................................................................. 45
Anexo D. Premissas para projeção de produção local de nafta ............................................ 48
Anexo E. Projeção de oferta e demanda dos produtos de 1ª geração .................................. 48
Anexo F. Benchmark para produção de matéria-prima petroquímica ................................... 53
Anexo G. Rotas tecnológicas para os petroquímicos de 1ª geração...................................... 60
Anexo H. Premissas para análise financeira do polo petroquímico ..................................... 67
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 68
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Guia executivo

A matéria-prima é um fator de produção fundamental na indústria química, principalmente nas


primeiras etapas das cadeias de valor, como ocorre nos segmentos de químicos básicos. No caso
de produtos petroquímicos básicos, a participação do custo das matérias-primas no custo direto
de produção é geralmente muito elevada (vide Figura 1). Por essa razão, a disponibilidade e
competitividade de matéria-prima são fundamentais para o desenvolvimento da indústria.

Participação do custo de matérias-primas NÃO EXAUSTIVO


no custo total de produção (%)

Nota: Considera os segmentos aromáticos; derivados do butadieno e isopreno; poliuretanos e poliamidas; derivados de C1
Fonte: Abiquim, Nexant, Aliceweb, Análise Bain / Gas Energy

Figura 1: Participação do custo de matérias-primas no custo total de produção de petroquímicos

Este relatório apresenta as características dos primeiros elos da cadeia petroquímica no


Brasil, identifica os principais desafios de suprimento e propõe politicas públicas com o
objetivo, não apenas de aumentar a competitividade da indústria petroquímica nacional e
atrair novos investimentos, mas também de propagar tal competitividade para suas cadeias
a jusante.

A abordagem utilizada se concentra nos produtos petroquímicos de 1ª geração (eteno,


propeno, butadieno, benzeno, tolueno e p-xileno) e no metano, principais insumos para a 2ª
geração petroquímica e elo fundamental para o desenvolvimento da cadeia.

O capítulo 1 define o escopo deste relatório e apresenta os conceitos básicos utilizados ao


longo do estudo.

O capítulo 2 explica o cenário atual de disponibilidade local dos petroquímicos de 1ª geração.

O capítulo 3 apresenta as projeções de oferta e demanda dos petroquímicos de 1ª geração e


identifica as potencias lacunas de fornecimento local.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

O capítulo 4 sumariza um diagnóstico da situação, apresenta políticas públicas adotadas por


países com uma indústria petroquímica desenvolvida ou em desenvolvimento e propõe
linhas de ação para impulsionar esse segmento no Brasil.

Os capítulos 5, 6 e 7 detalham as linhas de ação propostas no capítulo 4.

1. Escopo

Para analisar o balanço de oferta e demanda dos petroquímicos de 1ª geração, de forma


abrangente, este relatório considerou também algumas cadeias químicas que não fizeram
parte do foco primário do Estudo como por exemplo: resinas termoplásticas e fertilizantes. A
Figura 2 mostra, de forma simplificada, as principais cadeias petroquímicas utilizadas nas
análises deste relatório.

E&P REFINO 1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO NÃO EXAUSTIVO

Recursos Matéria prima Petroquímicos Intermediários Petroquímicos


Usos
Fósseis Petroquímica 1ª geração Petroquímicos 2ª Geração

Metano1 Amônia Uréia Fertilizantes, adubos

Metanol Ácido Acético Acetato Vinila Plástico, película, spray

Gás Natural Propano Propeno PP Plástico, emb., fibras


Óxido Propeno PG/PPG
PE Plástico, embalagens
Etano Eteno
Óxido Eteno MEG/PEG PVC Tubos, cabos, plástico

Fenol PC Aeronáutica, automotiva


Cumeno
Acetona BR Pneus, calçados

Butadieno SBR Pneus, calçados

PS Embalagens, eletro.

Etilbenzeno Estireno EPS Embalagens, construção

ABS Automotiva, eletro.

Petróleo Nafta Benzeno LAB LAS Surfactantes Produtos de limpeza

Ácido adípico Nylon 6,6 Plásticos de eng., pneus


Ciclohexano
Caprolactama Nylon 6 Fibras têxteis

Nitrobenzeno Anilina MDI Espumas, isolantes

Tolueno Dinitrotolueno Diaminotolueno TDI Espumas, isolantes

P-Xileno PTA PET Poliéster Ind. têxtil, embalagens

Recursos Insumos Matéria-prima Química Resinas


Diversos Estirênicos Tensoativos Poliamidas Poliuretanos PET
Fósseis Petroquímicos Petroquímica do C1 Termoplásticas

Nota: 1 – Metano também é matéria-prima petroquímica


Fonte: Análise Bain/Gas Energy

Figura 2: Principais cadeias petroquímicas e foco do Estudo de Diversificação da Indústria Química

A lista completa de petroquímicos de 2ª geração pode ser encontrada no Anexo A.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

2. Situação atual

Ao avaliar a balança dos produtos petroquímicos de 1ª geração, sob a ótica de mercado


efetivo (Figura 3), verifica-se que o País é exportador nesse elo da cadeia. Em 2012, o Brasil
exportou excedente de butadieno, benzeno, p-xileno, propeno e tolueno, totalizando 946
milhões de dólares em 696 mil toneladas em produtos.

Excedente da balança comercial dos petroquímicos de 1ª geração


(US$ B)

Tolueno
Propeno
P-Xileno
Benzeno
Butadieno

Nota: Eteno e o-xileno não foram incluído porque registraram pequeno volume e valor financeiro na balança comercial, com déficit em alguns anos
Fonte: Abiquim, Aliceweb, Análise Bain / Gas Energy

Figura 3: Excedente da balança comercial dos petroquímicos de 1ª geração

Apesar do superávit no comércio internacional dos produtos petroquímicas de 1ª geração, o


País apresentou, no mesmo ano, déficit nos produtos de 2ª geração, como mostrado na
Figura 4. Isto pode indicar que a produção local não vem acompanhando o crescimento da
demanda. Como resultado, em 2012, o déficit destes produtos foi de 21,6 milhões de
toneladas, alcançando um valor aproximado de 15 bilhões de dólares.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Déficit da balança comercial dos petroquímicos de 2ª geração


(US$ B)

Outros
segmentos
Der. Butadieno
e Isopreno
Tensoativos
Poliéster alta
tenacidade
Poliamidas
especiais
Poliuretanos
Aromáticos
Fertilizantes

Fonte: Abiquim, Aliceweb, Análise Bain / Gas Energy

Figura 4: Déficit da balança comercial dos petroquímicos de 2ª geração

A situação do valor do superávit em petroquímicos de 1ª geração de 0,7 milhões de


toneladas associada ao déficit de petroquímicos de 2ª geração de aproximadamente 21,6
milhões de toneladas evidencia um déficit elevado no conjunto da 1ª geração. Esse déficit
decorre do volume de produtos de 1ª geração contidos nos petroquímicos de 2ª geração
importados. À demanda que inclui os petroquímicos de 1ª geração incluídos nos produtos
de 2ª geração importados, referencia-se como demanda potencial neste relatório.

Além da elevada contribuição dos fertilizantes para o déficit, este tem ocorrido devido à
ausência de novos investimentos necessários para atender ao crescimento econômico do país
e pelo fechamento de algumas plantas, como, por exemplo:

• Planta de Caprolactama da Braskem, de 49 mil toneladas por ano de capacidade,


paralisada em 2009;
• Planta de látices de SBR da IQT, de 28 Kt por ano de capacidade, hibernando desde 2009;
• Planta de TDI da Dow, de 60 Kt por ano de capacidade, fechada em 2010.

Além da paralização de importantes plantas locais de produção, há uma ausência de novos


investimentos no setor. Entre os fatores que tem inibido os investimentos locais estão a
limitada competitividade das matérias-primas petroquímicas e dos petroquímicos de 1ª
geração no mercado local e a dificuldade de obtenção de garantias de fornecimentos no
longo prazo. Essas deficiências decorrem, principalmente, de fatores como:

• Preço do gás natural local;


• Política de combustíveis que favorece o direcionamento da nafta para a produção de
gasolina, o que dificulta a garantia de fornecimento daquele insumo com previsibilidade
e custos competitivos para as cadeias a jusante;
• Concentração de mercado em poucos produtores na 1ª geração petroquímica;
• Elevada idade e escala limitada de algumas plantas da primeira geração.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

O preço do gás natural praticado no Brasil é mais elevado do que na Europa e mais de três
vezes maior do que o praticado nos Estados Unidos, como mostra a Figura 5. Dessa forma, a
competitividade das matérias-primas petroquímicas baseadas no gás natural,
principalmente o metano, é prejudicada.

Preço do gás natural no Brasil versus Mundo


(US$/MBtu)

Nota: * - Preço do gás doméstico Petrobras City Gate (Commodity + Transporte)


Fontes: MME, ANP, EIA, IndexMundi, Ycharts, Petrobras, Análise Bain / Gas Energy

Figura 5: Preço do gás natural no Brasil versus Mundo

Devido ao elevado custo do transporte, tanto no estado gasoso, por gasodutos, quanto no
estado líquido, em navios específicos, a precificação do gás natural possui uma característica
regional, com baixo nível de influência entre diferentes regiões1 . O Japão e China, com
poucos recursos de gás natural, são os maiores importadores do mundo e acabam mantendo
os preços na Ásia acima do resto do mundo.

No Brasil, o volume de produção de gás natural foi suficiente para atender apenas 53% da
demanda local em 2013 2 , conforme demonstrado no Anexo E. Além disso, por razões
constitucionais, há incidência obrigatória de custos de distribuição3 que podem alcançar até
US$ 4/MMbtu (2013).

1 Em 2009, os preços europeus foram influenciados pela queda da cotação do Henry Hub (Estados
Unidos) em decorrência da oferta em larga escala do shale gas, mas voltaram a se elevar,
permanecendo em níveis altos até hoje
2 Demanda excedente é atendida pela importação de GNL e de gás natural da Bolívia.
3 O custo da distribuição é obrigatório por este serviço ser monopólio em cada Estado da federação.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

A política de combustíveis reduz a oferta de nafta local para a indústria química. O impacto
dessa política ocorre de duas formas:

• Percentual de etanol anidro na gasolina: a adição direta de etanol anidro na gasolina C


aumenta a octanagem da mistura e permite o acréscimo de maior volume de nafta4 para
respeitar as especificações da gasolina. Por exemplo, para cada 1% de etanol adicionado na
gasolina C, a Petrobras pode adicionar, por ano, cerca de 1 milhão de toneladas de nafta5;
• Política de preço da gasolina controlado pelo governo. Com os preços atuais, o consumo
de etanol não é economicamente atrativo, o que aumenta a demanda por gasolina e,
consequentemente, o volume de nafta utilizado para a fabricação de gasolina. Além
disso, o equilíbrio econômico da operação incentiva a adição de nafta de reforma à
gasolina para substituir parte das importações deste último.

Com isso, cada vez mais a indústria química tende a utilizar em seus produtos de 1ª geração,
a nafta importada, que possui um custo 5 a 7%6superior à nafta local, devido aos custos de
transporte. Tal valor tem contribuído como mais uma barreira para a garantia de
fornecimento do insumo a custos competitivos em contratos de longo prazo. Com o
vencimento do contrato atual de suprimento de nafta entre a Petrobras e Braskem em 2014,
por exemplo, este custo adicional de importação se tornou um fator de intensa negociação
entre as duas partes.

A falta de contratos de longo prazo que garantam o fornecimento de nafta a custo


competitivo inviabiliza também os investimentos em plantas de 2ª geração, que também
dependem de previsibilidade de fornecimento e de condições comerciais.

A redução da produção anual de nafta, ilustrada na Figura 6, favorece a produção de


gasolina.
Comparação entre a produção anual de gasolina e nafta no Brasil
(Mta)

Fontes: ANP, Análise Bain / Gas Energy

Figura 6: Comparação entre a produção anual de gasolina e nafta no Brasil

4 A nafta utilizada para balancear a mistura possui octanagem e preço inferiores ao da gasolina.
5 Fonte: Abiquim, 2014, “O Impacto da Regulamentação do Mercado de combustíveis
do Ciclo Otto na Oferta de Nafta Petroquímica “.
6 Custo de importação e internação.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

A concentração de mercado nos primeiros elos da petroquímica, ilustrada na


Figura 7, tem reduzido a concorrência em preços e também os incentivos aos investimentos
para aumento de capacidade na 2a geração.

Produção local de recursos fósseis, MP petroquímica e petroquímicos de 1ª geração


(MBbl/d, Mm3/d, Mta, 2013)

Recursos Fósseis MPs Petroquímicas Petroquímicos de 1a geração


Notas: Recursos Fósseis: * - Petróleo em Milhões de barris por dia (MBbl/d);
** - Gás natural em Milhões de metros cúbicos por dia (Mm3/d);
MP petroquímica e Petroquímicos de 1a geração: em milhões de tonelada por ano (Mta).
Fonte: ANP, Abiquim, Nexant, Braskem, Petrobras, Análise Bain / Gas Energy

Figura 7: Produção local de recursos fósseis, MP petroquímica e petroquímicos de 1ª geração

A escala das plantas brasileiras de produção de petroquímicos de 1ª geração é inferior à


escala global, como mostra a Figura 8, que descreve a capacidade relativa das plantas locais
em comparação a das atuais plantas de escala mundial, o que também influencia na redução
da competitividade local.

Comparação das plantas de petroquímicos de 1ª geração no Brasil com escala global


(%, 2013)

Nota: Como escala global foram consideradas as menores plantas do 1º quartil da curva de capacidade global de 2013
Fonte: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy

Figura 8: Comparação das plantas de petroquímicos de 1ª geração no Brasil com escala global
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

O detalhamento da situação atual de oferta e demanda das matérias-primas petroquímicas e


dos petroquímicos de 1ª geração se encontra no Anexo B.

3. Projeção de oferta e demanda de petroquímicos de 1ª geração

A projeção de oferta e demanda dos produtos petroquímicos de 1ª geração considerou o


potencial da oferta das matérias-primas petroquímicas e a demanda potencial pelos
petroquímicos de 1ª geração até 2030. O presente capítulo está estruturado em duas partes:

• Projeção da disponibilidade de matérias-primas petroquímicas com base em premissas e


cenários de oferta de recursos fósseis e seu processamento;
• Projeção de demanda potencial de petroquímicos de 1ª geração baseada nas projeções
de demanda de petroquímicos de 2ª geração.

3.1 Projeção de oferta de matérias-primas petroquímicas

3.1.1 Gás natural seco e suas frações líquidas

A projeção de oferta gás natural seco considerou tanto a produção local quanto a capacidade
de importação através de terminais de gás natural liquefeito (GNL) e o contrato de
importação de gás natural da Bolívia.

Para a produção local, utilizou-se a projeção de oferta de gás natural bruto disponível nas
unidades de processamento de gás natural (UPGN). Essa foi estimada a partir do volume
esperado de produção nacional deduzido das parcelas de: reinjeção, fornecimento de
energia das plataformas, queima nas plataformas e perdas em transporte.

O gás natural bruto enviado para as UPGNs é processado e são produzidos o gás natural
seco e os líquidos de gás natural.

A separação inicial segrega o GN bruto em frações leves e pesadas7. As frações mais leves,
compostas de metano e etano, podem ainda passar por um processo de separação desses dois
componentes. Esse fracionamento adicional, no entanto, não ocorre em todas as UPGNs. Em
geral, isto é viável apenas em regiões que possuam mercado suficientemente grande e
quantidade de etano suficiente para viabilizar o investimento na escala de uma planta de 1ª
geração.

No Brasil, a segregação do etano e do metano se realiza apenas na UPGN de Cabiúnas (RJ).


A fração com metano, possuindo etano ou não, é chamada de gás natural seco.

7 As frações leves são o C1 (metano) e o C2 (etano); as pesadas são o C3 (propano), o C4 (butano) e o

C5+ (gasolina natural).


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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Este relatório tem como foco o metano (gás natural seco) e duas frações líquidas do gás
natural, a saber: etano (quando segregado do metano) e propano. O etano é atualmente de
grande importância para a produção de petroquímicos, devido a sua maior competitividade
para a produção do eteno, um importante precursor de diversos produtos petroquímicos.

Para as projeções de produção de gás natural bruto, foram considerados dois cenários,
designados como: Conservador e Base8, de acordo com as premissas demonstradas no Anexo C.
O primeiro é compatível com a projeção da Petrobras9, enquanto a oferta disponível no segundo,
maior do que no cenário Conservador, está muito próxima da descrita no PDE 2013-202210.

Gás natural seco

A oferta de gás natural seco para a indústria química deve ser apresentada em conjunto com
seus demais usos, uma vez que há prioridade ao atendimento de outros mercados, como o
das termelétricas, para a utilização do gás natural seco. Os usos doméstico, industrial,
comercial e veicular também são considerados prioritários em relação ao petroquímico.
Desta forma, a oferta de gás natural seco para a indústria química é apenas aquela
excedente, após o atendimento das demandas citadas anteriormente.

A oferta de gás natural também depende de duas características:

• Oferta inflexível: que independe das condições da demanda. No Brasil, ela é


constituída por produção de gás natural11 e pelo gás natural boliviano até o limite do
contrato take-or-pay12. Esta oferta depende de uma demanda também inflexível, pois o
seu armazenamento não é viável;
• Oferta flexível: que pode ser modificada para se adequar às condições da demanda. No
Brasil, esta oferta é constituída principalmente pela importação do gás natural boliviano
acima do limite do contrato take-or-pay e pela importação de GNL (gás natural liquefeito)13.
Esta oferta é mais cara que a oferta inflexível e é destinada, principalmente, para atender a
demanda flexível das termelétricas, que é aquela que excede ao despacho médio14.

A Figura 9 demonstra estas ofertas, a inflexível mais a flexível potencial, com a demanda
total, nos dois cenários: Base e Conservador.

8 Há um terceiro cenário, designado Otimista, que considera premissas ainda mais favoráveis para a
projeção de oferta de gás natural. Entretanto, ele não foi considerado por ser pouco aderente ao das
previsões da Petrobras e do Plano Decenal de Expansão de Energia ( 2013 -2022), da EPE (Empresa de
Pesquisa Energética ligada ao Ministério de Minas e Energia).
9 Petrobras - Plano Estratégico 2030 e Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 (2014).
10 PDE – Plano Decenal de Expansão de Energia, 2013 -2022 da EPE – Empresa de Pesquisa Energética

ligada ao Ministério de Minas e Energia. É válido ressaltar que o PDE anterior (2012-2021) mostrava
uma projeção da oferta de gás natural mais otimista do que na publicação utilizada (2013-2022).
11 Inclui gás natural associado (dissolvido no petróleo, ou sob a forma de capa de gás no reservatório)

e não-associado (livre do petróleo e da água no reservatório).


12 Atualmente, o volume take-or-pay corresponde a 80% do volume total contratado de 30 Mm3/d.
13 Eventualmente, o País também pode importar gás natural da Argentina via gasodutos existentes.
14 A demanda de gás para termelétricas é dividida em 3 níveis de despacho: mínimo: volume mínimo

requerido pela inflexibilidade estabelecida nos leilões de energia promovidos pela ANEEL; médio:
volume médio estatisticamente requerido para o despacho das termelétricas (dependente de fatores
como pluviosidade e crescimento da economia); máximo: volume máximo requerido quando a
capacidade total das termelétricas é utilizada.
12
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco
Cenário Conservador Cenário Base
(Mm3/dia) (Mm3/dia)

Demanda
Termelétrica
Desp. Máxi.1
Químicos 20133

Termelétrica
Desp. Médio1,2
Outros usos
exceto petroq.

Oferta
Oferta Flexível
Oferta Inflexível

Notas: 1 – A demanda de gás para termelétricas é dividido em 3 níveis de despacho: mínimo: volume mínimo requerido pela inflexibilidade estabelecida
nos leilões de energia promovidos pela ANEEL; médio: volume médio estatisticamente requerido para o despacho das termelétricas
(dependente de fatores como pluviosidade e crescimento da economia); máximo: volume máximo requerido quando a capacidade total das
termelétricas é utilizada.
2 – Considera demanda real em 2013 e estimativa de demanda firme em 2020, 2025 e 2030 com despacho médio das termelétricas. Demanda
potencial máxima seria atendida pela oferta inflexível.
3 – Considera 3,1Mm3 de demanda para produção de fertilizantes, 0,3Mm3 para metanol e 2,1Mm3 para outros químicos.
Fonte: ANP, MME (PDE), Análise Bain / Gas Energy.

Figura 9: Potencial de oferta e demanda de gás natural seco – Cenário Conservador e Base

A Figura 9 mostra que, no cenário Base de oferta de gás, haveria um excedente potencial de
oferta inflexível para suprir um aumento na produção local de químicos com base em metano15.
No cenário Conservador, no entanto, este excedente estaria disponível apenas após 2020.

Líquidos de gás natural

A modelagem da disponibilidade de líquidos de gás natural depende, além da capacidade


de produção de gás natural bruto, abordada anteriormente, de duas variáveis: (i)
composição do gás natural produzido e (ii) separação do gás natural transportado às
UPGNs.

Para a composição do gás natural produzido, foi considerada a composição média do GN do


campo de Lula16.

15 Assume que a demanda das termelétricas superior ao despacho médio deva ser atendida pela oferta
flexível.
16 A composição do gás natural só é divulgada quando o campo é declarado em produção. A

composição média do campo de Lula utilizada é: C1 – 79,0%; C2 – 10,2%; C3 – 6,6%; C4 – 3,0%; C5 –


1,2%.lll
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Para a separação do GN em etano e propano, foi considerado não apenas o volume


planejado de separação para as UPGNs de Cabiúnas (Rota 2) e Maricá (Rota 3) mas
também o potencial máximo de separação para a produção de gás, projetada para os
campos do pré-sal e da bacia de Campos, ainda sem uma rota específica, bem como a
UPGN17 planejada para transporte e processamento. O volume ainda sem capacidade
planejada é tratado como “gás não alocado”18.

Não se consideraram potenciais produções de etano e propano em UPGNs em outras


regiões devido, principalmente: (i) ao volume necessário para abastecer um cracker de escala
mundial e (ii) à dificuldade de escoamento da produção: é necessário estar próximo a um
complexo petroquímico, ou possuir infraestrutura de distribuição suficientemente
abrangente.

Com base nas premissas apresentadas, estima-se, para 2030, um potencial de produção de etano
5 a 10 vezes superior ao produzido em 2013 (Figura 10). O volume potencial de 2030 é de 2,4 a
3,9 milhões de toneladas por ano em comparação a uma produção de 0,4 milhões de toneladas
em 2013. O cenário para o propano é muito semelhante, conforme demonstrado na Figura 10. É
importante ressaltar que o projeto da UPGN Maricá já prevê uma produção de
aproximadamente 0,8 milhões de toneladas por ano de etano e de propano para uso
petroquímico.

Potencial oferta de etano e propano no Brasil Potencial oferta de etano e propano no Brasil
Cenário Conservador Cenário Base
(Mta) (Mta)

Não Alocado

Maricá

Cabiúnas

Notas: E – Etano; P – Propano


Fonte: ANP, Análise Bain / Gas Energy

Figura 10: Potencial oferta de etano e propano no Brasil - Cenário Conservador e Base

17 Os gasodutos para escoamento do gás produzido na Bacia de Campos e no pré-sal são conhecidos
por “Rota”. As rotas atuais e projetadas são a Rota 1, que fornece GN para UPGN de Caraguatatuba, a
Rota 2, que fornecerá para a UPGN de Cabiúnas e a Rota 3, que irá suprir a UPGN Maricá.
18 Cabiúnas: utilização da capacidade máxima das linhas de turbo-expansão de 16,2 Mm³/d para

separação do etano; Maricá: separação de todo o etano e propano enviado pela Rota 3. Não alocados:
novas UPGNs ou ampliação de UPGNs existentes na região sudeste para absorver a produção de gás
natural do pré-sal, excedente à capacidade das Rotas 1, 2 e 3.
14
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

3.1.2 Petróleo e nafta

O petróleo não é um insumo petroquímico direto, mas a sua disponibilidade possui uma
influência na oferta de nafta e outros derivados. A União será proprietária de importante
parcela do petróleo produzido, no médio e longo prazo, devido à utilização do regime de
partilha para os leilões dos novos blocos do pré-sal. A Figura 11 mostra a projeção da
produção nacional de petróleo, com a participação do pré-sal e a parcela da União.

Projeção de oferta de petróleo no Brasil


(Mbbl/dia)
Projeção

Parcela União
(Libra)

Produção Pré-Sal
(sem União)

Produção
exc. Pré-Sal

Fontes: ANP, Análise Bain / Gas Energy

Figura 11: Projeção da oferta de petróleo no Brasil

Essa projeção de crescimento da oferta de petróleo garantirá o abastecimento das refinarias


atuais (2,1 Mbbl/d) e das novas, anunciadas até a data de publicação deste relatório (1,6
Mbbl/d). Além dessa parcela, haverá excedente de petróleo que poderá ser exportado.

Para construir a projeção de oferta de nafta petroquímica, consideraram- se mudanças na


produção das refinarias atuais e, para as novas refinarias, os perfis divulgados pela
Petrobras19.

Apesar de as projeções utilizarem tais perfis de produção, cumpre mencionar que, segundo
especialistas da indústria, o volume de nafta a ser produzido nas novas refinarias tende a ser
superior àquele divulgado. As projeções são ilustradas na Figura 12. O Anexo D apresenta as
principais premissas para esta projeção.

19 Blog Fatos e Dados do site da Petrobras.


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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Projeção de oferta1 de nafta petroquímica no Brasil


(Mm3/ano)

Nafta para
gasolina2
Notas: 1- Não considera a nafta direcionada para a gasolina. Esta é representada na linha abaixo do gráfico. Para os anos de entrada das novas
refinarias, considera as datas divulgadas no PNG 2014-2018 da Petrobras. Os perfis de produção estão de acordo com informações
divulgadas no site da Petrobras
2- A nafta para gasolina não aumenta após 2020 porque não é previsto aumento de produção local de gasolina. Projeção assume que a
gasolina importada após 2020 não teria adição de nafta produzida localmente.
Fontes: Petrobras PNG 2014-2018, Petrobras website (Fatos e Dados), ANP, Análise Bain / Gas Energy

Figura 12: Projeção de oferta de nafta petroquímica no Brasil

Essa projeção demonstra que, considerando que a demanda de 13,1 milhões de metros
cúbicos de nafta petroquímica por ano20, volume de carga da Braskem em 2013, se mantenha
constante, existirá, em 2030, uma oferta excedente da ordem de 6,5 milhões de metros
cúbicos ao ano em relação à demanda atual. Ou seja, considerando que não haja novos
investimentos em crackers ou reforma, em 2030 haveria uma disponibilidade de nafta
aproximadamente 50% superior à demanda. No momento, não há decisão sobre a
destinação de tal excedente, nem a garantia que ele poderá ser destinado à petroquímica.

Outro fator relevante a ser considerado diz respeito ao percentual de etanol adicionado à
gasolina C21. Eventuais mudanças no percentual de etanol anidro na gasolina C tende a
impactar o volume de nafta utilizado nesse combustível e, com isso, a disponibilidade de
nafta para a petroquímica.

20Inclui demanda de condensados utilizados como carga para crackers de nafta.


21No cenário apresentado na
Figura 12, é considerado um percentual de 25% de etanol na gasolina.
16
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

3.2 Projeção do balanço oferta x demanda

A projeção do balanço entre a oferta e a demanda de produtos petroquímicos de 1ª geração


foi elaborada de acordo com as seguintes premissas:

• Oferta: foram consideradas as capacidades instaladas da Braskem e Petrobras,


atualmente os únicos produtores de petroquímicos de 1ª geração, com os projetos já
divulgados de ampliação22. Também foi considerado o potencial de produção de eteno
com base nos líquidos de gás natural “não alocados”, conforme definição no capítulo 3.1.

• Demanda: a projeção da demanda de petroquímicos de 1ª geração está baseada na


demanda potencial desses produtos para atender ao mercado de petroquímicos de 2ª
geração.

Para identificar necessidades de investimento na 1ª geração a fim de suprir as demandas da


2ª geração, atendendo a todo o potencial da demanda no Brasil, foi elaborado um balanço
com base nas projeções de oferta e demanda de cada matéria-prima. Essas projeções,
detalhadas no Anexo E, podem ser conferidas na Figura 13.

Balanço de oferta e demanda1 de petroquímicos de 1ª geração e metano


(Mta, 2030)
Oferta atual
Oferta potencial adicional
Via GN cenário Conservador2
Via GN adicional do cenário Base2
Via Nafta3
Demanda
Demanda potencial 2013
Demanda potencial adicional 2030

Notas: 1 – Demanda dos petroquímos 1ª ger. considera a demanda potencial calculada a partir da demanda local dos petroquímicos de 2ª geração.
2 – Considera produção potencial a partir do excedente de gás natural dos projetos atuais (Rotas 1, 2 e 3) e de parcela não alocada
3 – Considera produção potencial do excedente de nafta das refinarias previstas
* – Oferta considera a diferença entre a oferta inflexível e soma das demandas no cenário de despacho médio das termelétricas; A demanda
apresentada equivale a demanda petroquímica potencial de gás natural seco adicionada da demanda química adicional, ou seja, não
petroquímica. Para a demanda química adicional foi utilizada a demanda real de 0,6 Mta em 2013.
Fontes: Abiquim, Nexant, Braskem, Petrobras, Análise Bain / Gas Energy

Figura 13: Balanço de oferta e demanda de petroquímicos de 1ª geração e metano

A produção de gás natural no cenário base seria suficiente para atender a demanda não só
por eteno, uma das principais matérias-primas da petroquímica, mas também por metano
(Figura 13). Contudo, para a consecução de tal cenário, é necessário:

22 Projetos divulgados considerados: possível ampliação da produção de eteno na UNIB 4 com

líquidos de Cabiúnas e a construção de uma nova UNIB com líquidos fornecidos pela Petrobras ,
provenientes da nova UPGN de Maricá.
17
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

• Que o etano proveniente dessas novas rotas seja segregado em seu potencial máximo;
• Novos investimentos para o transporte e tratamento do gás produzido no pré-sal e bacia
de Campos que vão além das rotas 1, 2 e 3;
• Novos investimentos na 1ª geração petroquímica para processamento do etano e
propano produzidos.

Atendidas tais condições, haveria fornecimento de longo prazo de gás proveniente da oferta
inflexível de gás.

A produção de nafta - esperada para as novas refinarias e excedente ao volume atualmente


contratado pela Braskem - complementaria a oferta de eteno, propeno e BTX, conforme
representado na Figura 13. Esse volume potencial depende de previsibilidade sobre o
direcionamento da nafta para a produção de gasolina e com isso, de contratos de longo
prazo de fornecimento de nafta que viabilizem investimentos na 1ª e 2ª gerações
petroquímicas.

4. Diagnóstico e linhas de ação

As projeções de oferta e demanda aliadas à inexistência de novos projetos para produção de


petroquímicos de 1ª geração demonstram que a indústria não poderá crescer se não forem
criadas alternativas que assegurem o fornecimento de matérias-primas com custos
suficientemente baixos e durante prazos suficientemente longos que sejam aceitáveis pelos
investidores.

As alternativas requerem uma boa coordenação entre os elos de matérias-primas e da 1ª e 2ª


gerações petroquímicas, o que é imprescindível para que se reduzam os riscos dos
investimentos, ao se garantir o fornecimento local a custos competitivos e a demanda local.

O planejamento de necessidades de insumos para a indústria petroquímica precisa ser


efetuado em conjunto com o da matriz energética brasileira, uma vez que decisões relativas
ao uso de gás natural seco para fins energéticos e a política de combustíveis influenciam a
disponibilidade de insumos como: etano, propano, metano e nafta.

Muitos países, para os quais a petroquímica é uma das bases do desenvolvimento industrial
sustentado, desenvolveram políticas de estado específicas, visando incentivar investimentos
e produção locais, assim como assegurar a competitividade da indústria no mercado
mundial. Neste rol, encontram-se países industrializados, como os EUA; países ricos em
matérias-primas, como a Arábia Saudita e países em desenvolvimento, como México e Índia.
Na Figura 14, são apresentados pontos relevantes das políticas adotadas por estes países. Em
seguida, são descritas as propostas do Consórcio para incentivar a indústria petroquímica
local.

18
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Figura 14: Benchmark de políticas públicas para matéria prima petroquímica

4.1 Propostas de linhas de ação

Com base no diagnóstico da situação atual da indústria química brasileira e, observando


também os benchmarks apresentados, o Consórcio propôs 3 linhas de ação com o objetivo de
aumentar a disponibilidade de MP petroquímica no longo prazo e reduzir o seu custo:

• Utilizar a parcela de petróleo e gás natural do pré-sal da União como alavanca para
aumentar a disponibilidade de MP petroquímica (por refino local ou swap internacional);
o Leilão do petróleo e gás natural da União;
o Leilão de produtos petroquímicos de 1ª geração;
• Regulamentar o fracionamento do etano do gás natural nas UPGNs que concentram
maiores volumes de tratamento desse gás;
• Alinhar, gradualmente, a política de preços e de misturas de combustíveis
(compreendendo a nafta, gasolina e. etanol) para preservar a oferta de nafta
petroquímica para o mercado doméstico.

Estas três linhas de ação são tratadas nos capítulos 5, 6 e 7.

19
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

5. Proposta 1: Petróleo e gás natural da União

Com a descoberta e o desenvolvimento das reservas do pré-sal, a oferta de petróleo e gás


natural no Brasil deverá crescer em cerca de 6% ao ano, até 2030, conforme mostrado na
Figura 15. O país se tornará superavitário tanto em energia como em combustíveis e terá
duas alternativas de utilização destes excedentes: sua exportação ou industrialização no país,
que poderia promover o desenvolvimento da indústria química local, uma significativa
agregação de valor e a criação de empregos qualificados no país.

Para industrializar o petróleo do pré-sal, a União poderá fazer uso de parte desta produção,
que é de sua propriedade, pelo regime de partilha dos leilões do pré-sal23, direcionando-a
para a indústria petroquímica. A Figura 15 revela a projeção de produção de petróleo e gás
da União pelo regime de partilha24.

Projeção de oferta inflexível local de gás natural1 Projeção de oferta de petróleo no Brasil
(Mm3/dia) (Mbbl/dia)

6% 6%

Parcela
União
(Libra)
Produção
Extra
Cenário Parcela
Base2 União
Produção (Libra)
Cenário Produção
Conservador2 Pré-Sal
(s/ União)
Produção
Real Produção
exceto
Bolívia TOP3
Pré-Sal

Notas: 1- A oferta de gás natural ao mercado deduz da produção os consumos para reinjeção, fornecimento de energia das plataformas,
queima em plataforma, perdas em transporte e extração de líquidos nas UPGNs
2 – Mesmos cenários apresentados no capítulo de projeção de oferta e demanda de matérias-primas
3 - Contrato com a Bolívia é de 30 Mm3/dia com o mínimo de 24 Mm3/dia de take-or-pay
Fontes: ANP, Análise Bain / Gas Energy

Figura 15: Projeção de oferta de gás natural e petróleo no Brasil

O momento é oportuno para se definir como será utilizado o petróleo e o gás da União, uma
vez que o tempo de maturação de projetos, como os que envolvem atividades de refino e
produção de petroquímicos de 2ª geração, é de aproximadamente 10 anos. Tal prazo
equivale ao período de tempo entre a conclusão deste Estudo (2014) e a disponibilidade em
larga escala do petróleo e gás da União, extraídos dos campos do pré-sal (2025).

23 O primeiro leilão sob este regime foi o do campo de Libra em Outubro/2013, com parcela do
Governo definida em 41,65% do excedente (volume após o reembolso dos custos de produção do
consórcio vencedor) em óleo e gás.
24 Nessa projeção não foram considerados os volumes da cessão onerosa e seu excedente.

20
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

5.1 Alternativas de utilização de petróleo e gás da União

Para incentivar o desenvolvimento de uma indústria química competitiva que impulsione


seus segmentos à jusante e outras indústrias no país, atraindo novos investimentos em
plantas de escala mundial, a União deve ofertar matérias-primas para a indústria, com
preços competitivos, garantias de disponibilidade e regras estáveis, por pelo menos 30 anos.

Na Figura 16, são apresentados os requisitos destinados a garantir que o petróleo e o gás da
União gerem os benefícios esperados em todos os elos da cadeia química e dos demais
segmentos da economia, relacionados a tal cadeia.

Requisitos para que o petróleo e gás da União gerem desenvolvimento de toda a cadeia

Refino + 1ª elo 2º elo


petroquímica

Combustível e óleo base


Cadeia

Petróleo Refinaria,
UPGN, Indústrias
Petroquímicos Plantas Petroquímicos
Gás Natural reforma e 1ª geração 2ª geração diversas
petroquímicas
cracker
diversas

• Produção de • Preço que • Novas plantas • Preço com


Petroquímicos viabilize com escala e competitivi-
Requisitos

de 1ª geração plantas 2ª competitividade dade global


para a indústria geração global de no mercado
local produtos de local
alto valor
agregado

Fonte: Consórcio Bain/Gas Energy

Figura 16: Requisitos para que o petróleo e gás da União gerem desenvolvimento de toda a cadeia

A União pode utilizar sua parcela do petróleo e gás para desenvolver a indústria química de
diferentes formas, por meio de leilões. Neste relatório, são abordadas duas alternativas:

• Modelo 1: leilão do petróleo e do gás natural (P&G) da União. Nesse modelo, os


investidores competem por um volume de gás e óleo da União, com o compromisso de
produzirem volumes mínimos de petroquímicos de 1ª geração a serem vendidos em
contratos de longo prazo, para novas plantas petroquímicas locais de 2ª geração;
• Modelo 2: Leilão de produtos petroquímicos de 1ª geração de propriedade da União.
Nesse modelo, a União contrata e remunera uma empresa para transformar o seu
petróleo e gás em petroquímicos de 1ª geração e os vende, também por meio de leilões,
para uso como insumo em novas plantas locais de 2ª geração (2º elo);

As duas alternativas de modelo avaliadas neste relatório são representadas na


Figura 17.

21
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Alternativas avaliadas para uso do petróleo e gás da União

Refino + 1ª elo 2º elo


petroquímica

Combustível e óleo base


Cadeia

Petróleo Refinaria,
UPGN, Indústrias
Petroquímicos Plantas Petroquímicos
Gás Natural reforma e 1ª geração 2ª geração diversas
petroquímicas
cracker
diversas

• Produção de volumes mínimos de petroquímicos de 1ª • Redução imposto


Leilão geração para serem vendidos localmente para novos de importação
1 P&G da projeto
União

Licitação • “Tolling” para processar Leilão de


• A União seleciona • Redução imposto
P&G da União projetos no leilão de importação
2 proces- PQ 1ªG.
samento da União

Fonte: Consórcio Bain/Gas Energy

Figura 17: Alternativas avaliadas para uso do petróleo e gás da União

Modelo 1 - Leilão do petróleo e gás natural da União

Nesse modelo, a União leiloa o petróleo e o gás para fornecimento de longo prazo para a
iniciativa privada com regras pré-estabelecidas, de forma a desenvolver novos projetos
petroquímicos locais. A seguir são apresentadas algumas sugestões de regras que poderiam ser
adotadas:

• Definição de volumes mínimos de petroquímicos de 1ª geração a serem vendidos, em


contratos de longo prazo, para novas plantas locais. O investidor do 1º elo definiria a
composição de volumes para os projetos individuais de investimentos do 2º elo,
garantindo os volumes mínimos - totais ou parciais - definidos no leilão, balanceando
sua produção com outros produtos provenientes do refino como, por exemplo,
combustíveis;
• Para garantir o aumento da competitividade da indústria local, transferindo o benefício
do desconto no preço dos petroquímicos de 1ª geração para os elos a jusante das cadeias
petroquímicas, seria pré-definido um cronograma de redução de impostos de
importação dos produtos do 2º elo.

Com tais regras, os investidores do 2º elo deverão exigir preços mais competitivos para os
produtos do 1º elo, seja para as vendas no mercado interno, devido à redução nos impostos
de importação, seja para as exportações.

Com essa pressão sobre seus preços de venda para o 2º elo, os potenciais investidores no 1º
elo definiriam o preço máximo que poderiam pagar pelo petróleo e gás da União para
garantir o retorno dos seus investimentos.

Esse modelo exige que os potenciais investidores do 1º elo articulem previamente a venda ou o
uso dos petroquímicos do 1º elo, o que pode levá-los a organizar consórcios com um conjunto
de empresas responsáveis pelas diferentes cadeias do 2º elo. A participação de uma única
empresa operando todas as plantas de 1ª e 2ª geração é menos provável tanto devido à
multiplicidade de cadeias da segunda geração petroquímica, como pelos riscos e valores
envolvidos em um investimento conjunto. Entretanto, é possível que uma empresa responsável
pelo 1º elo também opere ou atue em consórcios em uma ou mais plantas do 2º elo.
22
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Nesse modelo, cabe à União não apenas estruturar e realizar o leilão com regras que
garantam o desenvolvimento da cadeia, mas também acompanhar a execução dos
investimentos e garantir aderência às exigências contratuais.

As principais vantagens em relação ao modelo 2 são:

• Menor risco operacional para União: após a realização do leilão, a União não teria
responsabilidade com a coordenação e execução dos investimentos e das operações
subsequentes;
• Possibilidade de integração dos dois elos: consórcios ou empresas poderiam ter
participações integradas nos dois elos;
• Flexibilidade na configuração do 2º elo: iniciativa privada tenderia a definir a configuração
mais competitiva otimizando economicamente a alocação dos produtos da 1ª geração.

Modelo 2 - Leilão de produtos petroquímicos de 1ª geração

Nesse modelo, a União, com o apoio de uma terceirização do processamento do seu petróleo
e gás, realiza um leilão de contratos de longo prazo de fornecimento de petroquímicos de 1ª
geração para novos projetos locais de 2ª geração petroquímica, com garantia de
fornecimento. O modelo possui duas partes:

• Operação do 1º elo: leilão reverso para processamento do petróleo e gás natural da


União, ou seja, o ganhador será aquele que cobrar o menor preço pela atividade;
• Fornecimento para o 2º elo: leilão de petroquímicos de 1ª geração.

O leilão dos petroquímicos de 1ª geração e a operação de processamento do óleo da União


podem ser configurados de diferentes formas para melhor atender aos requisitos de
desenvolvimento da indústria petroquímica (Figura 16), bem como para garantir a
atratividade do investimento para a iniciativa privada. A seguir, é apresentada uma
alternativa de modelo.

• 1º elo – a operação do 1º elo seria de responsabilidade de um investidor privado


remunerado pela União (em um regime de tolling). Tal investidor administraria o
processamento e conversão do petróleo e gás natural da União em combustíveis e
produtos de 1ª geração petroquímica por um período pré-determinado. A receita da
União adviria dos contratos de MP leiloados e daqueles de venda de combustíveis e
demais coprodutos produzidos no 1º elo;
• 2º elo - a União prospectaria o interesse dos investidores para o 2º elo por meio de
chamada pública, na qual seriam informadas as faixas de volume de disponibilidade
por produto de 1ª geração, assim como a descrição das cadeias químicas prioritárias
para investimentos na 2ª geração. Com base nessas informações, os investidores
submeteriam seus projetos de investimentos em petroquímicos de 2ª geração a serem
produzidos, volumes de produtos de 1ª geração necessários e valores estimados para
esses produtos. Na sequência, a União definiria a configuração do polo que melhor
atendesse aos objetivos de União e à iniciativa privada e leiloaria os produtos de 1ª
geração para os interessados em investir nas plantas do 2º elo definidas para o polo;
• Assim como no Modelo 1, para garantir o aumento da competitividade da indústria
local, transferindo o benefício do desconto no preço do petroquímico de 1ª geração para
os elos a jusante das cadeias petroquímicas, seria pré-definido um cronograma de
redução de impostos de importação dos produtos do 2º elo.
23
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Esse modelo separa as operações dos dois elos, permitindo que investidores atuem focados
em suas áreas de especialização. A operação da 1ª geração possuirá um baixo risco, visto que
sua remuneração será garantida pela União por volume de petróleo e gás processados,
independente das condições de mercado. Na 2ª geração, o leilão tende a atrair investidores
para as plantas de seu interesse, com a garantia de fornecimento dos insumos pela União.

Contudo, esse modelo é de maior complexidade de implantação e execução por parte do


governo, tanto na definição dos projetos para a 2ª geração, na realização do leilão de um
maior número de produtos, como pela coordenação da execução dos investimentos nos dois
elos. Essa coordenação requereria um órgão competente para gerenciar as atribuições da
União e implicaria em riscos associados aos cronogramas de construção e à administração
dos diversos fluxos de materiais (petróleo, gás, insumos para a 2ª geração e coprodutos).

As principais vantagens em relação ao modelo 1 são:

• Manutenção da propriedade do produto petroquímico com a União: permite a melhor


utilização destes produtos como instrumento de política pública, garantindo
transparência e transferência de margem para o 2º elo, possibilitando, ainda, maior
influência na definição das cadeias petroquímicas desse elo;
• Financiabilidade e eficiência econômica: a garantia da União na operação do 1º elo
viabiliza modelos financeiros mais alavancados e com menor custo de capital,
resultando em menores descontos no leilão dos recursos fósseis da União.

Além dos dois modelos apresentados, modelos alternativos podem ser estruturados com o
objetivo de aumentar a atratividade para investidores privados e de minimizar riscos e
complexidade para a União.

5.2 Análise de impacto econômico-financeiro

A proposta de utilização do petróleo de gás da União foi avaliada sob o aspecto econômico-
financeiro para investidores, governo e sociedade. Para isso, o Consórcio: (i) configurou um
polo petroquímico alinhado aos objetivos de desenvolvimento da cadeia petroquímica; (ii)
avaliou a competitividade das plantas do 2º elo no cenário global para estimar o desconto
necessário nos produtos petroquímicos de 1ª geração; (iii) estimou o desconto equivalente,
necessário no petróleo da União, para garantir atratividade do investimento no 1º elo e (iv)
avaliou o impacto econômico destes investimentos para governo e sociedade.

Para a análise, foi utilizado o Modelo 2: leilão de produtos de 1ª geração da União.

5.2.1 Configuração do polo

O polo petroquímico está dividido em dois elos:

• 1º elo: compreende a produção dos petroquímicos de 1ª geração, por meio da operação


de uma refinaria e uma central petroquímica de 1ª geração, utilizando como principais
insumos o petróleo e gás natural da União;
• 2º elo: compreende a produção de petroquímicos diversificados de 2ª geração com base
nas matérias-primas produzidas pelo 1º elo.

24
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Para a configuração do 1º elo, considerou-se uma refinaria convencional, acoplada a um


cracker de cargas leves e de uma unidade de reforma catalítica. As demais alternativas
avaliadas constam no Anexo G.

A alternativa selecionada é independente do fornecimento de gás natural, o que a torna sólida


frente às incertezas atuais na disponibilidade desse recurso fóssil para a petroquímica.
Entretanto, como a utilização do etano e propano (via gás natural) confere melhor rendimento
técnico para a alternativa e com a disponibilidade de gás natural no cenário base de GN
descrito neste relatório, considerou-se ainda, para a analise do 1o elo, o fornecimento de etano e
propano de uma UPGN25 com capacidade de processamento de 7 milhões de metros cúbicos
por dia26.

O dimensionamento das plantas do 1º elo foi feito em função da projeção de déficit do


balanço de oferta e demanda potencial dos produtos petroquímicos de 1ª geração27 em 2030,
e das escalas consideradas competitivas globalmente.

A configuração do 2º elo foi realizada em duas etapas. Na primeira, foram considerados


os produtos petroquímicos estudados na Fase III deste Estudo. No entanto, com a escala
global das plantas do 1º elo, haveria um volume excedente de petroquímicos de 1ª
geração. Com isso, na segunda etapa da configuração, foram incluídos outros
petroquímicos que, além de proporcionarem escala ao projeto, também possuem
mercado local, como algumas resinas termoplásticas.

A Figura 18 demonstra a configuração inicial proposta para o polo com um balanço de massa
simplificado para o 1º e 2º elos.

25 A UPGN não foi considerada na análise de impacto. O fornecimento de propano e etano da UPGN
foi considerado como custo a partir dos preços de mercado destes insumos.
26 Cenário considerado com oferta de 7,0 Mm³/d de gás natural GN, que pode variar entre 5 Mm³/d

(possivelmente a dimensão mínima para uma UPGN de turbo-expansão) e 11 Mm³/d (máxima


disponibilidade de gás natural da União).
27 Demanda potencial necessária para atender as cadeias petroquímicas analisadas na Fase III deste

Estudo.
25
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Figura 18: Configuração do polo petroquímico

5.2.2 Análise financeira do 2º elo

A avaliação financeira do 2º elo foi realizada com o objetivo de verificar a atratividade do


investimento local. Esta atratividade foi avaliada de 2 formas: (i) análise da competitividade
dos custos locais e (ii) retorno financeiro ao investidor com os atuais preços do mercado.

A análise da competitividade dos custos locais visou mensurar a solidez do investimento,


independente dos ciclos econômicos. Para isso, estimou-se o custo de produção local dos
petroquímicos de 2ª geração do polo, somado ao custo de capital do empreendimento28. O
custo total foi comparado ao de um investimento hipotético em plantas equivalentes, nos
Estados Unidos, que exportassem seus produtos para o mercado brasileiro.

Dessa forma foi possível definir o desconto necessário nos petroquímicos de 1ª geração para
tornar o País competitivo em relação às importações de produtos químicos dos Estados
Unidos. Para avaliar a competitividade dos dois investimentos (no Brasil e nos Estados
Unidos), foram considerados dois cenários para o imposto de importação:

• Alíquota atual (14%para a maioria dos produtos petroquímicos);


• Alíquota atual reduzida em 50% (equivalente a 7%).

28 Para o cálculo valor financeiro do custo de capital considerou-se: estrutura de fixa de capital com 40%

de dívida; custos de capital de 8,8% em dólar; e fluxo de caixa de 20 anos com valor terminal igual a
zero.
26
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Para a análise do retorno financeiro, foram calculadas as taxas internas de retorno (TIR) dos
investimentos considerando preços de venda internacionais dos produtos petroquímicos
acrescidos dos custos de internação.

Importa observar que as análises consideraram unicamente investimentos greenfield. Dessa


forma, em áreas com infraestrutura para um polo petroquímico, como, por exemplo, a do
Comperj, o investimento necessário seria menor.

As principais premissas para a análise financeira são apresentadas no Anexo H.

Análise de competitividade e retorno financeiro

As análises foram efetuadas em etapas, sequencialmente e considerando 5 situações:

(a) Custos totais (incluindo o custo do capital empregado), de um investimento em


capacidade produtiva efetuado nos EUA, com sua produção destinada ao Brasil e
incorrendo nos custos de internação com os impostos de importação atuais.

(b) Custos totais de um investimento em capacidade produtiva efetuado nos EUA, com sua
produção destinada ao Brasil e incorrendo nos custos de internação com os impostos de
importação atuais reduzidos em 50%.

(c) Custos totais de produção de um investimento efetuado no Brasil.

(d) Custos totais de produção de um investimento efetuado no Brasil com o desconto


necessário nas matérias primas petroquímicas de 1ª geração que permitisse igualar os
custos totais de um investimento efetuado nos EUA, adicionados dos custos de
internação com impostos de importação atuais reduzidos em 50%, indicados na situação
(b).

(e) Custos totais de produção descritos na situação (d) adicionados do lucro econômico
decorrente de um preço de venda baseado nos preços internacionais adicionados do
custo de internação com impostos de importação atuais reduzidos em 50%29.

29Para os casos em que o mercado interno médio estimado para o período de operação da planta
(2025 a 2040) não absorve a totalidade da produção de petroquímicos de 2ª geração indicados na
Figura 18, considerou-se como preço de venda o valor internacional sem acréscimo do custo de
internação. Estes casos são apresentados no Anexo H.
27
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Custo total, incluindo custo de capital1, e lucro econômico do 2º elo


(US$B/ano)

Lucro econômico
Imp. de Importação
Internação2
Custo capital
IR
Custos Fixos
Outros Insumos
PQ 1ªG. Leilão
PQ 1ª G. Leilão a
preço de mercado3

Notas: 1 – WACC Brasil: 8,8%; WACC EUA: 7,4% ; Capex total no Brasil de 9,5 bilhões de dólares.
2 – Internação: Frete + Seguro + ARFMM + Capatazia
3 – Preços de referência: Propeno e Benzeno: preço FOB USGC; Eteno: preço FOB Europa NWE para Brasil e USGC para EUA
4 – Preços internacionais em 2014 adicionados de custo de internação e impostos de importação reduzido em 50%
Fonte: EIA, ICIS, USGC, Aliceweb, Nexant, Análise Bain/Gas Energy

Figura 19: Custo total, incluindo custo de capital1, e lucro econômico do 2º elo

Comparando as situações (a) e (c), se observa que, apesar dos custos adicionais de
internação para suprir o mercado local com os petroquímicos de 2ª geração indicados na
Figura 189 com base da produção de uma planta americana, esta ainda alcançaria um custo
total inferior ao de uma planta local. Para igualar estes custos, seria necessário um desconto
de cerca de 4% no preço dos produtos de 1ª geração no Brasil.

Comparando a situação (c) com a (b), onde se prevê uma redução de 50% no imposto de
importação dos produtos petroquímicos, o que permitiria maior competitividade para as
cadeias químicas e outros setores da economia a jusante, seria necessário um desconto de
aproximadamente 14% no preço dos produtos de 1ª geração para igualar o nível de
competitividade de custos entre o Brasil e os EUA.

Na situação (d) é demonstrado o custo final com o desconto de 14% nos produtos
petroquímicos de 1ª geração leiloados e, na situação (e), é indicado o lucro econômico da
situação (d) em um cenário com os preços internacionais. Nesta última situação, a TIR
agregada dos investimentos no 2º elo da cadeia petroquímica seria de 15,4%.

Esta TIR de 15,4% se enquadra dentro do 1º quartil da distribuição de retornos sobre o


capital investido de empresas químicas30 com faturamento acima de 1 bilhão de dólares
(Figura 20), o que deveria atrair vários investidores para o projeto, aumentando a competição
no leilão, o que permitiria reduzir o desconto concedido pela União.

30 Empresas classificadas como empresas químicas segundo Industry Classification Benchmark (ICB),

que é um sistema de classificação das atividades industriais utilizado pela Bloomberg, fonte dos
dados para esta análise.
28
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Retorno sobre capital investido de empresas químicas (ROIC; 1º quartil)


(%; empresas com faturamento acima de 1 bilhão de dólares)

Classificação ICB1 Subclassificação ICB 2013 2012 2011 2010 2009 Média
Indústria Química Commodity 8,3 10,4 12,6 13,3 10,5 11,0
Especialidade 11,6 14,0 16,4 13,4 11,4 13,3
Ambos 10,6 12,4 15,0 13,3 11,0 12,5
Nota: 1- Industry Classification Benchmark (ICB), que é um sistema de classificação das
atividades industriais utilizado pela Bloomberg.
Fonte: Bloomberg e análises Bain / Gas Energy.

Figura 20: Retorno sobre capital investido de empresas químicas (ROIC – 1º quartil)

5.2.3 Análise financeira do 1º elo

Para a análise de atratividade do investimento no 1º elo (refinaria + cracker de cargas leves +


reforma) e o consequente cálculo do desconto necessário no petróleo da União, considerou-
se: (i) o investimento necessário, de 12 a 15 bilhões de dólares31 ; (ii) o custo de capital
associado a este investimento; (iii) os custos fixos e variáveis e (iv) a receita potencial do elo.

A receita potencial do 1º elo possui dois componentes:

(i) Receita do leilão dos produtos petroquímicos de 1ª geração, discutida no capítulo


anterior como preço de mercado com um desconto destinado a viabilizar os
investimentos das empresas da 2ª geração. Foi considerada a receita do leilão nos dois
cenários de desconto, apresentados anteriormente, com os impostos de importação
atuais e com a redução de 50% no imposto de importação;

(ii) Receita dos combustíveis e demais produtos do refino que não serão leiloados para a 2ª
geração. O valor deste último componente foi baseado no valor de mercado desses
produtos a preços em paridade com a importação (preços FOB mais custos logísticos e
impostos de importação).

Para a análise do retorno ao investidor, utilizou-se como base de comparação uma taxa
interna de retorno para o projeto, de 11%. Tal taxa se pautou no histórico de 2009 a 2013 de
retornos sobre capital investido no 1º quartil de empresas de commodities químicas32 com
faturamento acima de 1 bilhão de dólares. O histórico pode ser observado na Figura 20.

Esta análise, representada na Figura 20, demonstra que, para tornar o investimento no 1º elo
atrativo a investidores, é necessário reduzir o custo do fornecimento do petróleo da União
entre 11% e 16%, o que representaria um custo de oportunidade33 de 0,8 a 1,2 bilhões de
dólares por ano, para a União.

31 Investimento greenfield com 500 milhões de capital de giro.


32 Empresas classificadas como empresas químicas de commodity segundo Industry Classification
Benchmark (ICB), que é um sistema de classificação das atividades industriais utilizado pela
Bloomberg, fonte dos dados para esta análise.
33 Custo equivalente à alternativa de vender o petróleo pelo valor do petróleo Brent, uma referência

internacional.
29
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Receita do 1º elo e custo para União


(US$B/ano)
Diferença de 0,8B a 1,2B
Desconto equivalente no
petróleo: 11 a 16%

Lucro econômico (TIR 11%2)


Custo capital (WACC: 8,8%2)
IR
Custos Fixos
Outros Insumos
Petróleo
PQ 1ªG. Leilão com desconto
Diferença para desconto mín.
PQ 1ªG. 2º elo c/ desconto máx.
Combustíveis + p-Xileno FOB1

Notas: 1 –Preço FOB importação + internação


2 – Custo de capital e taxa de retorno em dólar e sem inflação
Fonte: EIA, ICIS, USGC, Aliceweb, Nexant, Análise Bain/Gas Energy

Figura 21: Receita do 1º elo e custo para União

A taxa de retorno de 11%, utilizada como base para definição do retorno esperado para o
investidor, aplica-se, conforme explicado anteriormente, a empresas produtoras de
commodities químicas. No modelo 2 de leilão, no entanto, o perfil de risco do investimento no
1º elo é inferior àquele esperado por empreendimentos em commodities químicas. Isto ocorre
porque a União garante o fornecimento e remunera o investidor pelo volume processado de
matéria-prima, retirando dele o risco de mercado.

Considerando que a operação do 1º elo no modelo 2 de leilão apresenta um perfil de


risco semelhante àquele de operações de serviços públicos (utilidades) como, por
exemplo, saneamento e distribuição de gás, a taxa interna de retorno exigida seria de
aproximadamente 8%34. Com essa taxa, o custo de oportunidade para a União seria de
300 a 700 milhões de dólares (Figura 22).

34 Tal taxa se pautou no histórico de 2009 a 2013 de retorno sobre capital investido do 1º quartil de

empresas classificadas no setor “Gás, água e serviços múltiplos” do ICB (Industry classification
benchmark) e com receita acima de 1 bilhão de dólares.
30
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Receita do 1º elo (perfil de risco de empresas de utilidades) e custo para União


(US$B/ano)

Diferença de 0,3B a 0,7B


Desconto equivalente no
petróleo: 4 a 9%

Lucro econômico (TIR 8,0%2)


Custo capital (WACC: 6,6%2)
IR
Custos Fixos
Outros Insumos
Petróleo
PQ 1ªG. Leilão com desconto
Diferença para desconto mín.
PQ 1ªG. 2º elo c/ desconto máx.
Combustíveis + p-Xileno FOB1

Notas: 1 –Preço FOB importação + internação


2 – Custo de capital e taxa de retorno em dólar e sem inflação
Fonte: EIA, ICIS, USGC, Aliceweb, Nexant, Análise Bain/Gas Energy

Figura 22: Receita do 1º elo (perfil de risco de empresas de utilidades) e custo para União

5.2.4 Impacto sócio-econômico

Ao custo econômico para a viabilização destas cadeias químicas no País, representado pelo
custo de oportunidade de venda do petróleo bruto, é necessário comparar o impacto sócio-
econômico total dos Modelos para as contas do Governo e para a sociedade. Com esse
objetivo, calculou-se o valor adicionado35 do polo proposto, que equivale ao seu impacto no
produto interno bruto (PIB) do País.

Esse valor adicionado pode ser dividido em: excedente operacional bruto (EOB)36, impostos
e salários. Tais componentes do valor agregado tendem a impulsionar a economia e o PIB
por meio de novos consumos. Para o presente Estudo, no entanto, considerou-se apenas o
impacto direto do projeto no PIB, mas não o efeito multiplicador que os salários, os impostos
e o excedente operacional bruto gerariam no restante da economia de forma indireta.

O cálculo do impacto foi segmentado em dois tipos: recorrente e não-recorrente. O primeiro


deriva da produção anual do polo, enquanto o segundo traduz o impacto do investimento
na construção das plantas industriais. O cálculo de tais impactos é apresentado a seguir.

35Valor bruto da produção menos o consumo intermediário. Fonte: IBGE.


36Saldo resultante do valor adicionado deduzido das remunerações pagas aos empregados, dos
rendimentos dos autônomos e dos impostos líquidos de subsídios incidentes sobre a produção. É uma
medida do excedente gerado pela produção, antes da dedução de quaisquer encargos na forma de
juros, rendas ou outros rendimentos de propriedade a pagar sobre ativos financeiros, terrenos ou
outros ativos tangíveis. Fonte: IBGE.
31
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Impacto recorrente

O impacto recorrente esperado para o PIB é de 5,5 bilhões de dólares, sendo 1,1 bilhões sob a
forma de arrecadação adicional para a União (
Figura 23).

Cálculo do valor adicionado bruto anual do polo petroquímico


Receita anual do 1º e 2º elos
(US$B/ano)
Impacto PIB (US$B)
EOB Impostos Salário1

Excedente oper.
bruto (EOB)
2,8 - -

Impostos de
renda
- 0,8 -

Salários1 - - 0,2

Insumos e
serviços2
0,9 0,3 0,6

Petróleo da
União
- - -

TOTAL 3,7 1,1 0,8

TOTAL: US$ 5,5B


Notas: 1- Salário líquido de imposto de renda; 2 - Valor agregado médio da economia: 51%
Fonte: EIA, ICIS, USGC, Aliceweb, Nexant, IBGE, Análise Bain/Gas Energy

Figura 23: Cálculo do valor adicionado bruto anual da receita do polo petroquímico

O impacto recorrente direto foi definido com base no resultado financeiro agregado do polo
e do valor agregado estimado para as receitas dos fornecedores diretos de produtos e
serviços. O petróleo foi único insumo para o qual não foi calculado o valor agregado. Esse
valor não foi considerado, pois ocorreria mesmo sem a construção do polo petroquímico.

As três primeiras linhas da Figura 23 retratam o impacto direto da operação do polo no PIB
em termos de EOB, impostos e salários, de acordo com a estimativa de resultado financeiro
agregado do polo. Já a quarta linha, presume o impacto no PIB pelas atividades dos
fornecedores diretos, com base em valores médios da economia brasileira, segundo o IBGE37.

Impacto não-recorrente

O impacto não-recorrente do investimento no polo petroquímico foi calculado considerando


os diversos setores da economia demandados, a saber: construção civil, máquinas e
equipamentos, serviços de informação e serviços diversos38.

O valor total do impacto desse investimento em valor agregado chega a US$ 9,1 bilhões, dos
quais cerca de R$ 1,0 bilhão representam impostos para o Governo39, como indicado na Figura 24.

37Tabela de Usos de bens e serviços de 2009 do IBGE.


38Para calcular o impacto do investimento no valor adicionado bruto, foi considerada a divisão
percentual entre os setores, utilizando o projeto da Petroquímica Suape como referência.
32
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Cálculo do valor adicionado bruto do investimento no polo petroquímico


Capex do 1º e 2º elos
(US$B/ano)
Impacto PIB (US$B)
EOB Impostos Salário1
Máq., equip. e
serviços import.
- - -

Outros 0,3 0,1 0,2

Serviços
diversos
0,4 0,2 0,7

Serviços
inform.
0,1 0,0 0,1

Máquinas e
Equip.
0,1 0,1 0,2

Const. Civil 2,6 0,6 3,5

TOTAL 3,4 1,0 4,7

TOTAL: US$ 9,1B


Notas: 1- Salário líquido de imposto de renda
Fonte: EIA, ICIS, USGC, Aliceweb, Nexant, IBGE, Análise Bain/Gas Energy

Figura 24: Cálculo do valor adicionado bruto do investimento no polo petroquímico

O efeito não-recorrente dos investimentos está limitado ao período de construção do polo,


quando os setores mencionados são demandados. Terminada a construção, somente o
recorrente, calculado anteriormente, permanecerá.

5.2.5 Resumo dos impactos econômico-financeiros

Na Figura 25 são apresentados o retorno esperado aos investidores, o impacto no orçamento


do governo e os efeitos sócio-econômicos para o país diante de diferentes níveis de desconto
na matéria prima petroquímica e no petróleo da União.

39 Estimativa baseada na composição dos investimentos por setor, no valor agregado de cada setor e

na distribuição em EOB, impostos e salários. Fonte: tabelas de Recursos e Usos (TRU) do IBGE.
33
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Análise de retorno para investidor, União e País em diferentes cenários de desconto


Desconto no petroquímico de 1a geração % 4% 14%
Desconto equivalente no petróleo da União % 6% 11% 16% 6% 11% 16%
Custo para União US$B/ano 0,5 0,8 1,2 0,5 0,8 1,2
Ganho fiscal US$B/ano 1,1 1,2 1,3 1,1 1,2 1,3
TIR 1o elo (1) 8,7% 11,0% 13,1% 6,1% 8,5% 11,0%
TIR 2o elo (1) 12,2% 12,2% 12,2% 15,4% 15,4% 15,4%
Impacto no PIB US$B/ano 5,6 5,9 6,3 5,6 5,9 6,3
Impacto na balança US$B/ano 5,1 5,1
Impacto em emprego direto # 3.483 3.483
(1) as referência de retorno sobre capital investido é de 11% para empresas de commodities químicas e 8,0% para empresas de utilidade.
Esta referência se pautou no histórico de 2009 a 2013 de retorno sobre capital investido do 1º quartil de empresas classificadas nestes
setores segndo o ICB (Industry classification benchmark) e com receita acima de 1 bilhão de dólares.
Fonte: análises Bain e Gas Energy.

Figura 25: Análise de retorno para investidor, União e País em diferentes cenários de desconto

É importante ressaltar que a análise apresentada não considera o impacto adicional no País
do efeito indireto que renda, impostos e excedente operacional bruto geram na forma de
novos consumos em outros setores da economia. Esta análise também não considera a
redução de receita da União, proveniente dos impostos de importação que seriam recolhidos
caso os produtos petroquímicos de 2ª geração fossem importados, ao invés de produzidos
localmente.

5.3 Potenciais investidores

Na indústria petroquímica, há empresas com diferentes perfis de integração, tanto vertical


quanto horizontal. O investimento no polo proposto neste relatório pode ser atrativo para
diversos perfis de empresa, tanto pela convergência com seu escopo original de atuação
como pelas possibilidades de combinação por meio de alianças entre empresas de diferentes
segmentos. Esse capítulo não só aponta os perfis empresariais, mas também ressalta as
características que tornam esse investimento atrativo para as empresas citadas.

Para investimentos no 1º elo, foram identificados dois perfis principais de empresa, descritos
abaixo:

• International Oil Companies (IOCs) – o polo proposto é atrativo para essas empresas sob
dois pontos de vista: o financeiro e o estratégico. Com relação ao primeiro, há potencial de
capturar margens atrativas devido ao possível desconto a ser aplicado no petróleo da União.
Quanto ao segundo, a entrada no mercado local pode contribuir para construir vantagens
competitivas para oportunidades futuras no mercado brasileiro. Há, ainda, alternativas de
integração com as cadeias do 2º elo, nas quais algumas destas empresas já atuam em outros
países, mas não no Brasil. Exemplos de empresas: Exxon, Shell, BP, Ecopetrol e Total;
• National Oil Companies (NOCs) – para as NOCs, o investimento neste polo representa,
além das vantagens pontuadas para as IOCs, um aumento da capacidade produtiva de
combustíveis, a realização de novas parcerias com empresas petroquímicas de 2ª
geração do país de origem das NOCs e potenciais vendas cruzadas para outras
empresas.. Esta última possibilidade é particularmente atrativa para NOCs chinesas.

34
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Exemplos: CNOOC, Petrobras, PetroChina, Saudi Aramco, Sinochem, Sinopec e Statoil.

Para IOCs e NOCs, o investimento no 1º elo pode apresentar maior convergência estratégica
para aquelas empresas que já estão no País nas operações de exploração e produção de petróleo.

Para investimentos no 2º elo, é apresentada uma lista não-exaustiva de empresas


identificadas como players relevantes em cada uma das cadeias petroquímicas sugeridas
para o polo, que atuam mundialmente ou também no Brasil. É de se notar que há poucas
empresas, dentre as identificadas, com atuação em mais de uma das cadeias petroquímicas
do 2º elo propostas para o polo (Figura 26).

Estirênicos Poliuretanos Tensoativos Poliamidas Resinas Termoplásticas


Americas Styrenics Arch Chemicals AkzoNobel Ascend Borealis
BASF BASF BASF BASF Borouge
Cheil Industries Bayer CEPSA Changle Creator Nylon Braskem
Chi Mei Borsodchem Clariant Changle Liheng Chevron Phillips
Formosa Carpenter Dow DSM Dow
INEOS Styrenics CNOOC & Shell Formosa Group DuPont Dushanzi Petrochemical
Jiangsu Xingda Foam Dow Fushun Petrochemical FCFC Equistar/LYB
Kumho Petrochemical Huntsman Huntsman Honeywell ExxonMobil
Mundo

Laidun Baofu Jinhua INEOS Invista Formosa


LG Chem KPX ISU Chemical KuibyshevAzot Honam Petrochemical
Loyal Chemical Lyondell Basell Jin Tung Petrochemical Li Peng INEOS
Ningbo LG-Yongxing Mitsui Jinling Petrochemical Radici LyondellBasell
SABIC Innovative Plastics Nippon PU Reliance Industries Rhodia NOVA Chemicals
Sinopec Repsol SABIC Shaw Industries Prime Polymer
Styrolution Shanghai Lianhang Sasol Shenma Reliance
Styron Corp Shell Shell Toray SABIC Europe
Taita Chemical Sinopec Shanghai Sinopec Xin Hui Meida Sharq
Total Petrochemicals Yantai Wanhua Stepan Zig-Sheng Total Petrochemicals
BASF Bayer AkzoNobel BASF Braskem
Unigel Dow BASF Invista -
Brasil

Videolar-Innova - Clariant Rhodia -


Lanxess - Deten - -
- - Oxiteno - -
- - Stepan - -

Figura 26: Lista não exaustiva de empresas por cadeia petroquímica de 2ª geração

Além das empresas citadas acima, construtoras e refinadoras independentes também


poderiam participar de consórcios para a construção e operação do 1º elo ou 2º elo.

6. Proposta 2: Política de utilização do gás natural

Como mencionado no capítulo 3, uma maior disponibilidade de gás natural não garante
necessariamente a sua utilização como insumo para a indústria petroquímica, visto a
concorrência para seu uso energético.

No Brasil, esse uso energético tem se sobressaído ao químico na utilização do etano e do


propano, conforme destacado na Figura 27.

35
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Nos Estados Unidos, onde a capacidade petroquímica baseada em gás natural é muito
expressiva, existe uma especificação rígida para o poder calorífico do gás natural
movimentado nos dutos de transporte40. Essa regra, praticamente, obriga a separação prévia
do etano, que é, então, usado em crackers para produção de eteno.

No Brasil, o etano, mesmo em gás natural com elevado teor de líquidos, não precisa ser
separado porque há uma especificação mais ampla sobre o poder calorífico e porque o valor
máximo de etano no gás natural seco é superior à composição média do gás produzido
localmente. Dessa forma, a separação dessa fração depende apenas da atratividade do
investimento. Com a concorrência pelo uso do gás para fins energéticos e pelo preço do gás
natural no mercado interno, novos investimentos para separação e venda do etano não têm
se viabilizado. Na Figura 27, é possível verificar que o Brasil separa apenas 20% do etano
contido no gás natural consumido.

Parcela de etano e propano no gás natural produzido no Brasil


(%)

Fonte: ANP, MME e análises Bain / GasEnergy

Figura 27: Parcela de etano e propano no gás natural produzido no Brasil

No ano de 2013, o fracionamento do etano ocorreu apenas na UPGN de Cabiúnas, localizada no


Estado do Rio de Janeiro, que fornece etano para a UNIB 4 da Braskem, no mesmo estado. Todo
o etano restante foi mantido na composição do gás natural seco e “queimado” como combustível.

Uma das formas de aumentar a competitividade do setor petroquímico brasileiro seria,


então, regulamentar o fracionamento do etano contido no gás natural processado nas
UPGNs, o que limitaria a utilização, menos nobre, desse produto como combustível.
Entretanto, algumas condições também precisariam ser atendidas:

40 O objetivo, na época da definição de tal especificação, foi padronizar o combustível para atender a

indústria de equipamentos.
36
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

• A separação do etano só é economicamente viável em UPGNs de turbo-expansão de alta


capacidade41 e em regiões próximas de um mercado potencialmente consumidor do
eteno derivado. Diferentemente do que acontece hoje nos EUA, a escassez de dutos de
transporte de etano até aos centros consumidores nem sempre permite sua separação do
gás natural. Portanto, uma rede de dutos de transporte ou a proximidade a polos
petroquímicos é condição indispensável para poder concentrar, em um único ponto,
demanda suficiente para escoar a produção de eteno de crackers de escala econômica.
No caso de crackers de cargas leves, esta escala deveria ser de aproximadamente 700 mil
toneladas de eteno por ano ou superior.

A regulamentação desta medida deve considerar as consequências a seguir de forma a


minimizar o impacto nos demais setores:

• O menor poder calorífico do gás, devido a separação do etano, pode representar um


maior custo para os setores consumidores do gás como energia, se considerados os
casos em que não há correção do preço do gás em função do seu poder calorífico;

• A separação do etano reduz a oferta de gás natural seco, podendo provocar aumento no
preço do gás.

A interligação das UPGNs, existentes e em construção, é uma medida importante que


poderia garantir o abastecimento de gás a um menor custo e com maior regularidade. Tal
medida poderia ser implementada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo;
onde existe maior concentração de produção e consumo de gás.

Uma situação favorável tanto à indústria quanto aos produtores de gás ocorreria se o preço
de vendas local do etano como matéria prima petroquímica fosse competitivo e, ao mesmo
tempo, igual ou superior ao do gás natural acrescido do custo de separação na UPGN.

7. Proposta 3: Alinhamento da Política de Combustíveis

A política de combustíveis tem grande influência na disponibilidade de nafta local para a


indústria química. Como explicitado, a garantia de fornecimento de nafta local no longo
prazo é essencial para a segurança dos investimentos na 1ª e 2ª gerações petroquímicas.

Com isso, são propostas as linhas de ação a seguir:

• Estabelecimento de uma política de preços para a gasolina A consistente com o mercado


internacional, com o objetivo de equilibrar os fatores econômicos decisórios;
• Estabelecimento de uma política nacional de suprimento de matéria-prima
petroquímica que considere fontes competitivas de suprimento (produção local ou
importação) e integrada à política de suprimento e abastecimento de combustíveis.

41Alta capacidade considerada é acima de 15 milhões de m³/d de gás natural associado.


37
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

A primeira proposta tende a equilibrar o preço da gasolina comparado ao do etanol de tal


forma que se reduza o consumo de gasolina em favor do etanol hidratado (combustível).
Consequentemente, o volume de nafta destinado à produção de gasolina também seria
reduzido, aumentando a disponibilidade deste produto para a petroquímica.

Essa medida também teria um efeito positivo para o setor sucroalcooleiro. O aumento da
demanda por etanol hidratado como combustível provocaria um aumento na demanda total por
etanol, impulsionando, assim, um setor em que o Brasil tem grande diferencial competitivo.

É importante notar que esta medida não é suficiente para garantir a disponibilidade de
nafta no longo prazo, visto que e demanda por combustíveis crescerá e as condições de
mercado podem voltar a tornar o etanol hidratado menos atrativo que a gasolina do
ponto de vista econômico. Isto reforça a necessidade da segunda proposta apresentada, o
estabelecimento de uma política de abastecimento de matérias primas petroquímicas.
Esta segunda proposta visa garantir o suprimento de nafta no longo prazo em
consonância com mudanças nas políticas de combustíveis.

Esta política deve estar alinhada a um plano de crescimento da petroquímica local e deve
considerar um plano de suprimento com múltiplas fontes para o fornecimento de nafta em
condições competitivas. Esta variedade de fontes permitiria uma maior flexibilidade de
suprimento de forma a adequá-lo às diferentes condições de mercado e mudanças na
política de combustíveis e, com isso, dar maior garantia de disponibilidade, o que é condição
indispensável para atração de investimentos.

38
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Anexo A. Petroquímicos de 2ª geração avaliados

Lista completa de petroquímicos de 2ª geração considerados neste relatório para projetar


demanda potencial por produtos petroquímicos de 1ª geração:

• Química do C1: acetato de vinila, ácido acético, DAP, MAP, metanol, nitrato de amônia,
sulfato de amônia, amônia e ureia;
• Resinas termoplásticas: cloreto de polivinila (PVC), EVA, HDPE, LDPE, LLDPE,
polipropileno (PP);
• Estirênicos: ABS, EPS, poliestireno (PS), RAC estirenada, resina SAN, SBR, látices de
SBR, TR, UPR;
• Tensoativos: álcoois etoxilados, aminas graxas etoxiladas, LAS, LESS, nonilfenol
etoxilado, outros etoxilados, oolietilenoglicóis;
• Poliamidas: poliamida 6, poliamida 6.6;
• Poliuretanos: MDI, poliésteres polióis, poliéteres polióis e TDI;
• PET: PET fibra, PET garrafa;
• Diversos: ácido acrílico (SAP, acrilatos), acrilonitrila, anidrido ftálico, anidrido maleico,
borracha butadieno (BR), EPDM, fenol, oxo-álcoois, polibutileno tereftalato (PBT),
policarbonato (PC) e propelentes.

Anexo B. Detalhamento da situação atual

B.1. Matérias-primas petroquímicas

Nafta

A nafta é ainda a principal matéria prima petroquímica, responsável pela produção de


aproximadamente 47% dos produtos petroquímicos no mundo e de 86% no Brasil.

A nafta é produzida nas operações de refino, sendo a derivada da destilação atmosférica a


mais importante para a petroquímica. Existem vários tipos de naftas. As leves e as olefínicas
são as melhores para a produção de eteno e as naftênicas para os aromáticos. Enquanto as
olefinas são produzidas com maior competitivamente de custo por meio de líquidos de gás
natural ao invés de nafta, os aromáticos são produzidos à base de nafta, em crackers ou
reformas.

A Petrobras, em suas refinarias, produz a totalidade da nafta produzida no Brasil. Em 2013,


a produção nacional de nafta para uso petroquímico alcançou 3,8 milhões de toneladas (5,4
milhões de metros cúbicos) e estima-se que um volume adicional aproximado de 1,4 milhões
de toneladas tenha sido utilizado na produção de gasolina. No mesmo ano, a demanda
petroquímica por nafta totalizou 8,7 milhões de toneladas, sendo necessário importar um
volume de 4,9 milhões, ou seja, 57% da demanda local para a petroquímica.

39
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Considerando a capacidade das novas refinarias planejadas (RNEST, Premium I e II,


Comperj), a produção nacional de nafta deve suprir a demanda petroquímica local e a
demanda para o pool de gasolina entre 2020 e 2025.

Gás natural e suas frações

As frações de gás natural bruto são importantes insumos petroquímicos para a 2ª geração,
principalmente: metano para a produção de fertilizantes42 e metanol; etano e propano para a
produção de eteno e propeno e seus polímeros e derivados.

O gás natural seco e os seus líquidos (etano, propano, butano) são fracionados do gás
natural bruto nas UPGNs, e é consumido, predominantemente, como combustível. O
etano, quando não é separado e utilizado como insumo dos crackers, é comercializado
como combustível junto com o metano. Uma pequena quantidade do propano produzido
no Brasil é utilizada como carga do cracker do Rio de Janeiro, e o volume restante, junto
com o butano, é consumido como GLP.

Devido à abundância de gás natural nos Estados Unidos (shale gas) e Oriente Médio e ao
consequente baixo custo de etano e propano, a produção de olefinas nessas regiões tornou-
se muito competitiva, afetando diversas cadeias produtivas, principalmente a do eteno.

No Brasil, o etano e propano extraídos do gás natural e utilizados para fins petroquímicos
são separados na UPGB de Cabiúnas (Norte Fluminense) e utilizados pela Braskem para a
produção de eteno no Rio de Janeiro (UNIB 4). A estimativa de produção de etano e
propano pela UPGN de Cabiúnas em 2013 e fornecidos à Braskem é de 395 mil toneladas43
de cada.

O butano tem menor uso como petroquímico, exceto em regiões com produção elevada e
menor consumo de GLP, como Oriente Médio e Estados Unidos, onde é usado como carga
de crackers. O principal consumo mundial de butano é para a produção de gasolinas
alquiladas (no Brasil, pela RPBC, em Cubatão). Para a petroquímica, a demanda de butano
chegou a 66 mil toneladas em 2013 e cresceu 14,4% ao ano de 2007 a 2013, para a produção
de propelentes.

A oferta brasileira de gás natural seco alcançou, em 2013, cerca de 92 milhões de metros
cúbicos por dia (m³/d), sendo 47 milhões de m3/d de produção doméstica, 30 milhões de
m³/d importados da Bolívia e 15 milhões de m³/d importados como GNL. Dessa demanda,
a indústria química nacional consumiu efetivamente 5,5 milhões de m3/d, sendo 3,1 milhões
de m3/d direcionados para fertilizantes e 2,4 milhões de m3/d para outros usos químicos.

Resumo da oferta e demanda das matérias-primas petroquímicas

A Figura 28 resume a oferta das matérias primas petroquímicas no Brasil em 2013. Nesta
tabela, a oferta de metano (gás natural seco) é equivalente à demanda para petroquímica e
representa apenas uma fração reduzida da oferta de gás natural no Brasil.

42 Principalmente amônia e ureia.


43Valor estipulado em contrato entre Petrobras e Braskem.
40
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Oferta das matérias-primas petroquímicas no Brasil


Oferta 2013
MP petroquímica Unidades
Petrobras Importado Total
Nafta Mta 4,0 4,9 8,9
1
Etano Mta 0,4 - 0,4
1
Propano Mta 0,4 - 0,4
2
Gás Natural (Metano) Mta 1,4 - 1,4
Notas: 1 - Suprimento à UNIB 4 (Braskem)
2 - Suprimento para indústria química, incluindo FAFENs
Fonte: ANP, Análise Bain/Gas Energy

Figura 28: Oferta das matérias-primas petroquímicas no Brasil (2013)

A produção local dos principais insumos para os petroquímicos de 2ª geração de acordo


com seus insumos está demonstrada na Figura 29.

Produção local de petroquímicos de 1a geração e metano por insumo (Mta; 2013)


Petroquímico 1a Insumo
Total
geração e Metano Nafta
1
Metano
2
Petróleo
3
Etanol Etano Propano
Metano - 1,4 - - - - 1,4
Eteno 2,7 - - 0,2 0,3 0,2 3,4
Propeno 1,5 - 0,7 - 0,0 0,0 2,2
BTX 1,3 - - - - - 1,3
Notas: 1 - Não inclui nafta para reforma de gasolina
2 - Suprimento para indústria química, incluindo FAFENs
3 - Produzido diretamente nas refinarias da Petrobras em unidades de FCC e UCR
Fonte: ANP, Análise Bain / Gas Energy

Figura 29: Produção local de petroquímicos de 1ª geração e metano por insumo

B.2. Produtos petroquímicos de 1ª geração

Eteno

No Brasil, a Braskem produz a totalidade do eteno. Perto de 80% é fabricado nos crackers de
nafta localizados em Camaçari (UNIB 1 - BA), São Paulo (UNIB 3 - SP) e Canoas (UNIB 2 -
RS). Cerca de 15% do eteno é produzido com base em líquidos de gás natural (etano e
propano), no cracker de Duque de Caxias (UNIB 4 - RJ). Perto de 5% da produção de eteno é
baseada em etanol, no Rio Grande do Sul, destinada, especificamente, para a fabricação de
“polietileno verde”. A capacidade nominal total de produção dessa empresa, no Brasil, é de
3,95 milhões de toneladas por ano44.

Em 2013, a produção nacional de eteno alcançou cerca de 3,4 milhões de toneladas com
demanda efetiva de 3,3 milhões de toneladas. Tal demanda cresceu 5,1% ao ano de 2007
a 2013, sendo 2/3 deste valor em função do seu uso para a produção de resinas
termoplásticas (polietileno).

44 ABIQUIM
41
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

No mundo, cerca de 46% do eteno produzido e consumido é fabricado com base na nafta e cerca
de 36%com base em líquidos de gás natural (etano e propano. Atualmente, estão surgindo novas
rotas com base no gás natural (MTO – “Methane to Olefins”), ainda com competitividade
limitada. A capacidade instalada mundial de produção de eteno alcançou, em 2013, cerca de 130
milhões de toneladas para uma demanda da ordem de 133 milhões de toneladas.

Propeno

No Brasil, o propeno é produzido nos crackers de nafta da Braskem (60%) e nas refinarias da
Petrobras (40%) e, em pequeno volume, como co-produto do cracker de líquidos de gás
natural do Rio de Janeiro. Como existe tendência à escassez desse insumo, devido à redução
de novos investimentos em crackers de nafta e das refinarias, estão surgindo novas rotas
tecnológicas, com destaque para a desidrogenação de propano e a rota MTO indicada acima.
A capacidade de produção de propeno, no Brasil, é de cerca de 2,8 milhões de toneladas, das
quais 1,6 mil são produzidas nas quatro UNIBs da Braskem e 1,2 mil nas refinarias REDUC,
RLAM e REPLAN, da Petrobras.

Em 2013, a produção nacional de propeno alcançou cerca de 2,2 milhões de toneladas com
demanda efetiva local de 2 milhões de toneladas. Tal demanda cresceu 3,1% ao ano de 2007
a 2013, sendo 2/3 pela produção de polipropileno (PP).

A demanda mundial de propeno alcançou cerca de 83 milhões de toneladas em 2013, sendo


55% oriundo de crackers de nafta, 31% de refino e 14% de processos específicos
(desidrogenação, GTO, metathesis, etc.).

Butadieno

A totalidade do butadieno é produzida pela Braskem no Brasil, nos crackers de nafta,


principalmente nos estados da Bahia e Rio Grande do Sul. As refinarias da Petrobras não
separam o butadieno da corrente C4, hidrogenando-o ao butano para incorporação ao GLP.
A capacidade de produção de butadieno da Braskem, nas suas UNIBs 1, 2 e 3 alcança 461
Kta.

Em 2013, a produção nacional de butadieno alcançou 390 mil toneladas, com demanda
aparente nacional de 334mil toneladas.Tal demanda cresceu 0,6%ao ano de 2007 a 2013, para
a produção de borrachas (SBR e BR).

O butadieno tende a se tornar escasso pelas mesmas razões do propeno, e estão surgindo
novas rotas, principalmente a desidrogenação do butano, além de rotas naturais de
fermentação de açúcares. O percentual de butadieno fabricado por essas rotas específicas já
alcança cerca de 5% da produção mundial e deverá alcançar 23% até 202345.

45 IHS – World Petrochemical 2014


42
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Aromáticos (Benzeno, tolueno, p-xileno e o-xileno)

No Brasil, os aromáticos são produzidos pela Braskem nos seus crackers e reformas de nafta e,
limitadamente, na Refinaria RPBC da Petrobras (Cubatão). A maior parte da produção de o-
xileno é isomerizada a p-xileno, seu produto mais nobre. O tolueno, com mercado reduzido
e representado sobretudo, por solventes, é parcialmente desproporcionado em benzeno e p-
xileno ou exportado. Além disso, o tolueno e xilenos mistos são utilizados no refino como
boosters de gasolina.

Benzeno

No Brasil, a capacidade de produção de benzeno é de 1 milhão de toneladas por ano, sendo


957mil toneladas fabricadas por ano pela Braskem, 35mil toneladas por ano pela Petrobras
(RPBC) e 12 mil toneladas por ano pela Gerdau (Carboquímica).

Em 2013, a produção nacional de benzeno alcançou 868 mil toneladas, para uma demanda
aparente nacional de 1 milhão de toneladas. Tal demanda cresceu 2,7%ao ano de 2007 a 2013,
sendo que a principal (1/3 do total) advém da produção de poliestireno (PS).

Tolueno

No Brasil, a capacidade de produção de tolueno é de 280 mil toneladas por ano, sendo 195
mil da Braskem, 7 mil da Unigel e 78mil da Petrobras (RPBC), não incluindo o que é
consumido na refinaria como booster.

Em 2013, a produção nacional de tolueno alcançou 201 mil toneladas, advinda somente da
Braskem, com demanda aparente nacional de 175 mil toneladas. Tal demanda diminuiu
0,9%ao ano de 2007 a 2013, para a produção de TDI e solventes.

p-Xileno

No Brasil, o p-xileno é totalmente produzido pela Braskem, no cracker de nafta UNIB 1 da


Bahia, com 203 mil toneladas por ano.

Em 2013, a produção nacional de p-xileno alcançou 126 mil toneladas, para uma demanda
aparente nacional de 441 mil toneladas. Tal demanda cresceu 4%ao ano de 2007 a 2013, para
a produção de PTA.

o-Xileno

No Brasil, o o-xileno é totalmente produzido pela Braskem, no cracker de nafta UNIB 1 da


Bahia com 76 mil toneladas por ano e UNIB 3 de São Paulo com 48 mil toneladas por ano,
totalizando 124 mil toneladas por ano.

Em 2013, a produção nacional de o-xileno alcançou 65 mil toneladas, com demanda aparente
nacional de 94 mil toneladas. Tal demanda cresceu 2,3% ao ano de 2007 a 2013, para a
produção de anidrido ftálico.

43
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Resumo da oferta e demanda de produtos petroquímicos de 1ª geração

No mundo, cerca de 46% de todos os petroquímicos de 1ª geração são obtidos com base na
nafta, enquanto, no Brasil, esse percentual é bem maior, alcançando 86%. Considerando
apenas o eteno, o principal em volume entre os petroquímicos de 1ª geração, 47% são
obtidos por craqueamento de nafta no mundo, enquanto, no Brasil, esse percentual alcança
80%.

A Figura 30 mostra a distribuição das capacidades nominais dos petroquímicos de 1ª geração


no Brasil de acordo com as empresas produtoras e localização de suas plantas. Além disso, a
figura mostra o total da oferta desses produtos em 2013.

Capacidade e oferta dos principais petroquímicos de 1a geração e metano no Brasil (Kta; 2013)
Capacidade
Petroquímico 1a Oferta
geração e Metano Braskem Braskem Braskem Braskem 1 2013 3
Unigel Total
UNIB 1-BA UNIB 2- RS UNIB 3-SP UNIB 4-RJ Petrobras

Eteno 1.280 1.452 700 520 3.952 3.373


Propeno 550 660 300 75 1.160 2.745 2.181
Butadieno 175 206 80 461 390
2
Benzeno 427 275 255 35 992 868
Tolueno 42 75 78 78 7 280 201
O-Xileno 76 48 124 65
P-Xileno 203 203 126
4
Gás natural seco 24.180 24.180 1.439
Notas: 1 - Propeno: Refinarias RLAM (205 Kta), REDUC (100 kta), REVAP (150 Kta), REPLAN (300 Kta),
REPAR (125 Kta) e REFAP (130 Kta)
2 - Não inclui cerca de 12 Kta provenientes das Coquerias
3 - Volumes entregues pelos produtores ao 2º elo da cadeia
4 - Oferta considera somente suprimento para Indústrias Químicas (conversão de m3 para tonelada de 0,717)
Fonte: Abiquim, ANP, Braskem, Petrobras Análise Bain / Gas Energy

Figura 30: Capacidade e oferta dos principais petroquímicos de 1a geração e metano no Brasil

A Figura 31 mostra a demanda potencial dos petroquímicos de 1ª geração e do metano


em 2013 em função da demanda local pelos produtos petroquímicos de 2ª geração e
finais que os consomem.

44
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Demanda potencial de petroquímicos de 1ª geração e do metano no Brasil


(Mt, 2013)

Nota: * – Total de Gás Natural Seco equivale a 12,4 Mm3/dia (fator de conversão 0,717 kg/m3); não considera demanda de
metano por químicos fora da petroquímíca.
Fonte: ABIQUIM, Nexant, AliceWeb, Análise Bain/Gas Energy

Figura 31: Demanda potencial de petroquímicos de 1ª geração e do metano no Brasil

Anexo C. Premissas para projeção de gás natural

Os cenários de projeção da oferta de gás natural levam em consideração vários fatores e


premissas provenientes de diferentes fontes e empresas como o Plano de Negócios e Gestão
2014-2018 da Petrobras e a previsão de produtores independentes. Baseado nessas fontes, o
Consórcio definiu dois cenários para a projeção de oferta de gás natural, designados por
Conservador e Base46, de acordo com as premissas mostradas na Figura 32.

46Existe também um terceiro cenário, designado Otimista, que considera premissas mais favoráveis
para a projeção de oferta de gás natural. No entanto, essa projeção é muito diversa das previsões da
Petrobras e do PDE (Plano Decenal de Expansão de Energia, 2013 -2022 da EPE – Empresa de
Pesquisa Energética ligada ao Ministério de Minas e Energia) e, portanto, não foi considerado neste
relatório.
45
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Premissas das projeções de oferta de gás natural


Cenário Conservador Cenário Base
Não Pré-Sal Curva de produção típica com taxa de declínio gradual de 20% até 10%

Plataformas in 2030: 61 Plataformas in 2030: 78


GOR3: 200 m3 gás/ m3 petróleo GOR: 220 m3 gás/ m3 petróleo
Taxa de declínio: 15% Taxa de declínio: 15%
Produção Pré-Sal
Reinjeção: Gradual (50% até 10%) Reinjeção: 15%
Doméstica Queima: 6% Queima: 6%
E&P: 15% E&P: 15%
Análise de risco sobre as perspectivas
Novas Descobertas 80% do Base Case de produção dos blocos exploratórios
com descobertas declaradas

Não é considerada expansão do gasoduto


Importação Bolívia2
24 Mm3/d de oferta inflexível (take or pay) e 6 Mm³/d de flexível
Importação
(somente p/ Total em 2030: 61 Mm3/d
Total em 2030: 47 Mm3/d
RJ: 20 Mm³/d
gás natural RJ: 20 Mm³/d
CE: 7 Mm³/d
seco1) Importação GNL CE: 7 Mm³/d
BA: 14 Mm³/d em 2013
BA: 14 Mm³/d em 2014
ES: 14 Mm³/dia em 2020
RS: 6 Mm³/d in 2018
Nota: (1) A importação de gás natural é considerada apenas para a projeção de gás natural seco, já que o gás natural importado da Bolívia e via GNL é
composto quase totalmente de metano, ou seja, já fracionado. Dessa forma, esta importação de gás natural não influencia os cenários das
frações líquidas;
(2) Em ambos os cenários, admite-se que o contrato take-or-pay entre o Brasil e a Bolívia será renovado sem alterações de volume. Esta
premissa também é prevista pela Petrobras e pelo Ministério de Minas e Energia e se deve à importância do contrato para ambos os países;
(3) GOR – Gas Oil Ratio: razão entre o volume de gás dissolvido que sai da solução produzida, sobre o volume de petróleo em condições normais
de temperatura e pressão
Fonte: Análise Bain / Gas Energy

Figura 32: Premissas das projeções de oferta de gás natural

É importante ressaltar que os cenários de oferta de gás natural contêm incertezas e


considerações passíveis de alterações futuras. As duas principais incertezas desses cenários
estão nas estimativas de:

• Volume líquido de produção do gás natural devido ao alto teor de CO2 verificado nos
campos do Pré-sal, incluindo o campo de Libra;
• Volume de gás natural para o mercado (transportada via gasoduto) devido à decisão
estratégica e/ou técnica de aumentar o volume de reinjeção nesses campos.

Essa incerteza é menor nos campos que já se encontram em desenvolvimento e que vão
direcionar o gás natural para as UPGNs do Sudeste por meio dos gasodutos conhecidos por
Rota 1 (Caraguatatuba), Rota 2 (Cabiúnas) e Rota 3 (Maricá).

Apesar das incertezas, pode ser constatado que a projeção da oferta de gás natural, no
cenário Conservador, é aderente à projeção oferecida pela Petrobras47, enquanto, no cenário
Base, é muito próxima da projeção do PDE 2013-202248 (Figura 33).

47 Petrobras - Plano Estratégico 2030 e Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 (2014)


48PDE – Plano Decenal de Expansão de Energia, 2013 -2022 da EPE – Empresa de Pesquisa Energética
ligada ao Ministério de Minas e Energia. É válido ressaltar que o PDE anterior (2012-2021) mostrava
uma projeção da oferta de gás natural mais otimista do que na publicação utilizada (2013-2022).
46
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Comparação das projeções de oferta disponível de gás natural seco


(Mm3/d)

Notas: * - A partir de 2022, foi considerado o crescimento progressivo até a média de 168 Mm3/d entre 2020 e 2030
Fonte: PDE (MME), Petrobras, Análise Bain / Gas Energy

Figura 33: Comparação das projeções da oferta disponível de gás natural

47
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Anexo D. Premissas para projeção de produção local de nafta

Para construir a projeção de oferta de nafta petroquímica, foram consideradas as mudanças


na produção das refinarias atuais e, para as novas refinarias, os perfis divulgados pela
Petrobras49. Essas mudanças e perfis estão listados abaixo:

• Refinarias atuais:
o Substituição parcial de petróleo pesado por leve (+1,3 Mm³ por ano de nafta);
o Aumento da oferta de condensados como carga de cracker de nafta (+0,8 Mm3 por
ano de nafta);
o Aumento do direcionamento para gasolina: reforma de nafta e maior participação
de nafta na gasolina (- 3,3 Mm³ por ano de nafta).
• RNEST – Abreu e Lima (PE): perfil de uma refinaria Premium com otimização da
produção de diesel 10. Primeiro trem iniciando produção no 4º trimestre de 2014 e o
segundo no 2º trimestre de 2015;
• Comperj 1º Trem – 1T (RJ): perfil de refinaria com perfil clássico. Início de produção em
2016;
• Premium I 1º Trem – 1T (MA): perfil de refinaria com produção voltada para
combustíveis de alta qualidade. Início de produção em 2018;
• Premium II (CE): perfil de refinaria Premium replicável, porém com maior produção de
diesel 10. Início de produção em 2019;
• Premium I 2º Trem – 2T (MA) e Comperj 2º Trem – 2T (RJ): perfil de refinaria
Premium replicável, seguindo o mesmo perfil da Premium I, 1º trem. Início de produção
em 2024 e 2026, respectivamente50.

Anexo E. Projeção de oferta e demanda dos produtos de 1ª geração

As projeções de oferta de petroquímicos de 1ª geração foram fundamentadas no potencial de


produção destes produtos com base nas projeções de produção de nafta e gás natural.

A projeção de nafta considerou a capacidade das refinarias atuais e novas planejadas (RNEST,
Premium I e II, Comperj) - Anexo D. Para a projeção de gás natural e seus derivados diretos -
metano, etano e propano – utilizou-se a produção esperada das UPGNs atuais e novas
planejadas e o volume excedente de gás natural a ser produzido com potencial máximo de
separação.

As projeções de demanda potencial de petroquímicos foram realizadas pelo Consórcio com base
na projeção de demanda dos produtos petroquímicos de 2ª geração e os yields de produção.

Blog Fatos e Dados do site da Petrobras.


49

Estas refinarias permanecem em avalição e ainda não existe previsão de data para construção,
50

embora o Plano Estratégico 2030 da Petrobras preveja a sua construção antes de 2030.
48
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

A seguir são apresentadas a projeções de oferta de demanda de metano, eteno, propeno,


benzeno, xilenos, tolueno e butadieno.

Metano (gás natural seco)

O gás natural seco é matéria-prima fundamental para a produção de fertilizantes e de


metanol, com forte influência no atual deficit da balança comercial. Atualmente, não existe
disponibilidade de gás natural no Brasil para aumentar essa produção, apenas uma previsão
de disponibilidade a médio/longo prazo devido ao Pré-sal.

Conforme mencionado no capítulo 3.1, a oferta de gás natural seco para a indústria
petroquímica deve ser, preferencialmente, proveniente da parcela inflexível, pois, assim, é
possível maior garantia de fornecimento a longo prazo e melhor competitividade, condições
necessárias para investimentos na 1ª geração petroquímica. Com isso, os cenários de oferta,
representados na Figura 34, não consideram a parcela flexível da oferta.

Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco
Cenário Conservador Cenário Base
(Mm3/dia) (Mm3/dia)
Demanda
potencial
máxima
Metanol2
Fertilizantes2
Demanda
inflexível
Metanol2
Fertilizantes2
Termelétricas
(real/média)
Outros demandas
Oferta
inflexível
Parcela União
(Libra)
Produção Pré-Sal
Produção outros
Bolívia TOP

Notas: 1 - Considera demanda real em 2013 e estimativa de demanda firme em 2020, 2025 e 2030 com despacho médio das termelétricas. Demanda
termelétrica máxima seria atendida pela oferta flexível
2 - Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
Fonte: ANP, Petrobras, Abiquim, Análise Bain / Gas Energy

Figura 34: Potencial de oferta e demanda de gás natural seco – Cenários Conservador e Base

No cenário Conservador, o volume disponível de gás natural seco ainda não seria suficiente
para atender a demanda potencial máxima brasileira no ano de 2030. Já no cenário Base,
seria possível atender essa demanda máxima a partir de 2025.

Eteno

A projeção de balanço potencial de oferta e demanda do eteno, como mostra a


Figura 35, considera a premissa de aproveitamento potencial máximo de etano e propano
para a produção de eteno, visto que essa é a rota mais competitiva atualmente. A oferta via
gás natural inclui também a parcela da Bacia de Campos recebida pela UPGN, de Cabiúnas.
Como não há previsão de novos projetos de cracker de nafta, a produção de eteno por essa
via foi considerada estável até 2030.

49
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Potencial oferta e demanda1 de eteno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de eteno no Brasil
Cenário Conservador Cenário Base
(Mt) (Mt)

Demanda
Outros
PE/Resinas
Termoplásticas
Oferta via gás
(Pré-Sal2)

Não Alocado3
Projetos
Atuais4
Oferta via nafta
Não Alocado3
Crackers atuais

Notas: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
2 – Inclui também a bacia de Campos
3 – Produção de eteno via nafta (cracker cargas líquidas) é menos competitiva do que via gás natural (cracker cargas leves)
4 – Projetos atuais incluem Cabiúnas (Rota 2) e Maricá (Rota 3)
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy

Figura 35: Potencial oferta e demanda de eteno no Brasil

No cenário Conservador, a oferta potencial de eteno não seria suficiente para atender a
demanda potencial no ano de 2030. Já no cenário Base, seria possível a partir de 2020.

Propeno

O propeno é, normalmente, produzido nos crackers de nafta ou refinarias 51 com FCC para
produção de gasolina. Com a redução dos investimentos nesses dois processos, o propeno tende
a ficar escasso no mundo para atender a demanda sempre crescente, inclusive no Brasil onde
não estão previstas novas unidades de refinarias com FCC, não existe expectativa de ampliação
dos atuais crackers de nafta da Braskem. O balanço apresentado na Figura 36 considera a
premissa de aproveitamento potencial máximo de etano e propano para a produção de eteno,
com propeno adicional sendo produzido nos crackers de cargas leves. A oferta via gás natural
inclui, também, a parcela da Bacia de Campos, recebida pela UPGN, de Cabiúnas.

51 As refinarias atuais que produzem propeno via FCC são: REDUC, RLAM, RECAP, RPBC e

REPLAN.
50
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Potencial oferta e demanda1 de propeno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de propeno no Brasil
Cenário Conservador Cenário Base
(Mt) (Mt)
Demanda
Outros
Poliéteres
Polióis
Polipropileno
Oferta via gás
(Pré-Sal2)

Não Alocado3
Projetos
Atuais4
Oferta via nafta
Não Alocado3
Crackers atuais
(Braskem)
Oferta via refino5
Refinarias atuais
(Petrobras)

Notas: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
2 – Inclui também a bacia de Campos
3 – Produção de eteno via nafta (cracker cargas líquidas) é menos competitiva do que via gás natural (cracker cargas leves)
4 – Projetos atuais incluem Cabiúnas (Rota 2) e Maricá (Rota 3)
5 – Não há perspectiva de nova produção de propeno via refinaria
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy

Figura 36: Potencial oferta e demanda de propeno no Brasil

Tanto no cenário Conservador quanto no cenário Base, a oferta potencial de propeno não
seria suficiente para atender a demanda potencial até o ano de 2030.

Para aumentar a disponibilidade de propeno, a tendência mundial é a produção de propeno


on purpose, principalmente por desidrogenação de propano (processo PDH) e via metanol
(MTP – Methanol to Olefins”). Essa tendência pode ser seguida pelo Brasil.

Deve ser notado que existe a possibilidade de oferta adicional de propeno nas refinarias da
Petrobras, entre 2018 e 2021, quando a produção de GLP ultrapassar a demanda do mercado
interno. Atualmente, a Petrobras adiciona o propeno não entregue à Braskem ao pool de GLP.

O propeno é produzido nas refinarias nas unidades de FCC e nas de coque verde (CVP).
Neste relatório, estima-se ser possível uma oferta adicional de propeno de 0,3 milhões de
toneladas por ano com pequenos investimentos pontuais em refinarias, alinhamento das
unidades de CVP e FCC e desgargalamento dos splitters de propeno.

Aromáticos e Butadieno

Os aromáticos – benzeno, tolueno e xilenos – são produzidos por craqueamento de cargas


líquidas – nafta – ou por reforma de nafta; quanto ao butadieno, só pelo cracker de cargas
líquidas, atualmente. O DCC 52 , que opera de forma semelhante ao FCC 53 petroquímico,
apenas com cargas mais pesadas, também produz aromáticos. O cracker de cargas leves não
produz nem aromáticos nem butadieno.

52Deep catalyst cracking


53Fluidized catalyst cracking
51
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

A Figura 37 mostra o potencial balanço de oferta e demanda de benzeno e xilenos, notando-se


que, nos xilenos, o p-xileno é a MP predominante, dado que a maior parte do o-xileno
produzido é isomerizado a p-xileno ou exportado. Como não existem projetos anunciados de
crackers de cargas líquidas ou reformas de nafta, a oferta de aromáticos é mantida no nível atual.

Potencial oferta e demanda1 de benzeno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de xilenos2 no Brasil
(Mt) (Mt)

Notas: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
2 – Não considera demanda de xilenos mistos para produção de solventes
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy

Figura 37: Potencial oferta e demanda de benzeno e de xilenos

A Figura 37 mostra, também, que a oferta potencial de benzeno e xilenos não seria suficiente
para atender toda a demanda potencial até o ano de 2030.

Uma possível alternativa seria utilizar a capacidade de reforma da Petrobras para a


produção de booster de gasolina. Recentemente, foram construídas quatro unidades de
reforma totalizando cerca de 7 mil m3/d de carga. Se o mercado do ciclo Otto evoluir para
um cenário de maior demanda de etanol hidratado com a redução da demanda de gasolina,
essas unidades poderiam ficar bastante ociosas. Como estão localizadas em regiões próximas,
pode-se prever o aproveitamento da capacidade ociosa dos reformados, concentrando-os em
um único ponto onde seria feita a separação dos aromáticos e também as reações de
conversão para maximizar p-xileno e benzeno. Essa opção resultaria numa expressiva
economia no investimento e na construção de uma unidade de tratamento de BTX de escala
mundial.

A Figura 38 apresenta a projeção do potencial balanço da oferta e demanda de tolueno e


butadieno, feita com algumas considerações. A demanda de tolueno para fins químicos é
muito reduzida 54 , por isso uma fração expressiva da produção é desproporcionada em
benzeno e xileno. Embora, no mundo, os processos chamados on purpose de desidrogenação
de butanos para produção de butadieno, como rotas fermentativas, por exemplo, estejam
progredindo rapidamente, ainda não existe perspectiva de essa tecnologia ser implantada no
Brasil. Por essa razão, a oferta atual de butadieno é mantida sem alteração.

54 Atualmente, depois do encerramento da planta de TDI da Dow, só há demanda para ácidos

tolueno-sulfônicos para corantes.


52
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Potencial oferta e demanda1 de tolueno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de butadieno no Brasil
(Kt) (Kt)

Nota: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy

Figura 38: Potencial oferta e demanda de tolueno e butadieno

A Figura 38 mostra que a oferta potencial de tolueno atenderia sua demanda, enquanto a de
butadieno não seria suficiente para atender sua demanda a partir de 2020.

Anexo F. Benchmark para produção de matéria-prima petroquímica

A existência de políticas públicas de gás natural para produção de matéria-prima petroquímica e


para proteção das indústrias nacionais pode ser encontrada em países industrializados ou em
fase de desenvolvimento. A seguir, citam-se quatro exemplos relevantes.

Estados Unidos

Foram observadas duas políticas principais nos EUA com impacto na disponibilidade de
matéria-prima petroquímica: a proibição da exportação de gás e petróleo e a especificação
do poder calorífico do gás natural transportado nos dutos de transporte.

A proibição de exportação de gás e petróleo teve suas razões iniciais, na década de 1970,
devido a dois fatores principais:

• Controlar os preços de petróleo cru e derivados devido ao risco de inflação e


desabastecimento. Esse controle foi abolido em 1981 para os derivados, mas não para o
petróleo cru;
• Impedir que o petróleo descoberto e explorado no Alasca, com preço àquela época
subsidiado, fosse enviado ao Japão, que possuía um preço de venda maior que nos EUA.
Essa proibição foi abolida em 1996.

53
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Atualmente, a proibição de exportação de petróleo e gás está sendo discutida no Congresso


americano, por influência de produtores que desejam exportar excedentes a fim de balancear
os preços doméstico e internacional. Mais recentemente, alguns produtores encontraram
brechas na lei para exportar pequenos carregamentos de petróleo cru levemente
processado55, dessa forma enfraquecendo a proibição e permitindo que outras empresas
utilizassem os mesmos recursos legais.

Outra política pública americana importante para o desenvolvimento da produção de matéria-


prima petroquímica é a especificação rígida para o poder calorífico do gás natural lançado nos
dutos de transporte. Essa regra, praticamente, obriga a separação prévia do etano, que é, então,
usado em crackers para produção de eteno. Apesar de ser um efeito colateral, essa medida é
efetiva em garantir uma disponibilidade previsível dos líquidos de gás natural a um preço
competitivo para a indústria local. Dessa forma, a cadeia petroquímica desenvolveu-se ao longo
dos anos, atraindo investimentos para a produção de matérias-primas e de produtos
intermediários e finais.

México

O México tem, atualmente, algumas vantagens competitivas que influenciaram o


desenvolvimento de novas políticas para alavancar a produção de produtos de 1ª geração
petroquímica. A disponibilidade de reservas de hidrocarbonetos tem aumentado com a
exploração e desenvolvimento dos campos da Costa do Golfo e do interior do país e, assim
como nos EUA, existe um promissor potencial de shale gas no México. Outra vantagem
competitiva é o relativo baixo custo de produção dos produtos petroquímicos de 1ª geração. A
proximidade do sistema de refino americano do Texas e da Costa do Golfo americana
propiciou a elevada oferta de matéria prima petroquímica a preços competitivos para a
produção de produtos de 1ª geração. Atualmente, esse custo é somente 45% mais caro do que
nos EUA.

De posse dessas vantagens competitivas, o governo mexicano lançou o Plano Nacional de


Desenvolvimento 2007-2012 que foi devotado ao desenvolvimento sustentável e incluiu uma
estratégia energética nacional. O objetivo do plano foi promover a integração entre empresas
privadas do setor petroquímico com a empresa estatal produtora de matérias primas
petroquímicas, para atrair investimentos complementares para essa indústria. A estratégia
desse plano incluía:

• Modernização da estatal PEMEX Petroquímica, enfatizando novas tecnologias e cadeias


de valor rentáveis para redução de custo operacional, otimização de processos,
integração de elos da cadeia e promoção de proteção ambiental;
• Estabelecimento de mecanismos de regulação para assegurar contratos de longo prazo e
garantir o retorno sobre o investimento feito em novas unidades produtivas
complementares, permitindo a sustentabilidade da indústria local.

55 As empresas Pioneer Natural Resources Co. e Enterprise Products Partners LP tiveram a permissão

concedida para exportar pequenas quantidades de petróleo ultra leve, da formação Eagle Ford no
Texas, em Agosto de 2014.
54
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

O principal resultado dessa nova política foi o desenvolvimento do Projeto Etileno XXI de US$ 3
bilhões, envolvendo as parceiras Braskem (Brasil) e IDESA (México). Em 2011, essas duas
empresas concordaram em investir na produção de um cracker de eteno com capacidade de 1
milhão de tonelada por ano de, utilizando como carga um suprimento de 66 mil barris por dia
de etano. Esse acordo foi possível por causa da garantia de suprimento de 20 anos desse insumo
pela PEMEX em termos competitivos. Esse projeto permitirá substituir importações de
polietilenos equivalentes a US$ 2 bilhões ao ano, gerando de 6 a 8 mil empregos durante a
construção e 800 empregos diretos durante a operação56 do empreendimento.

Mais recentemente, em 2014, o México tem debatido amplamente no Congresso novas


reformas legislativas, que resultariam na quebra do monopólio de E&P e das MP
petroquímicas, visando aumentar a oferta de petróleo e gás e proporcionar novos
investimentos em produção de produtos de 1ª geração. Essa nova reforma tem como
principais pontos para a indústria petroquímica57:

• Preços domésticos de MP alinhados aos mercados internacionais. Subsídio de gasolina


diretamente pelo governo, com desobrigação da PEMEX em suprir MPs com subsídios;
• Redução de dividendos da PEMEX para o governo, liberando mais recursos para E&P, o
que, por sua vez, poderá aumentar a oferta de MP para a indústria petroquímica. Além
disso, a PEMEX contará com mais liberdade para investir em áreas ou segmentos com
maior potencial de retorno (campos mais produtivos);
• Atração de novos investidores estrangeiros e privados com redução do custo de
produção em fatores como MP, tecnologia e infraestrutura.

Índia

Até recentemente, as plantas químicas da Índia estavam dispersas por todo o país devido
aos incentivos oferecidos pelos respectivos governos estaduais. Assim, o governo indiano,
por meio do Departamento de Químicos e Petroquímicos (DoC&PC) do Ministério de
Químicos e Fertilizantes, identificou a necessidade de formar clusters com fornecimento de
instalações comuns de infraestrutura para lidar com as limitações, também comuns, de
tratamento de efluentes, transporte e estradas, fornecimento de energia, instalações de água,
etc.

O programa PCPIR (Petroleum, Chemicals & Petrochemical Investment Regions) teve início em
2006, para promover o investimento nacional e estrangeiro no setor químico, por meio da
criação de grandes clusters, com forte apoio de infraestrutura, para impulsionar a produção,
a exportação e o emprego. Os PCPIRs devem capturar os benefícios da integração e
compartilhamento de serviços comuns de infraestrutura e apoio.

56 Fonte: American Institute of Chemical Engineers (AIChE), 2012


57 Dependendo do resultado do processo legislativo, os principais pontos podem ser alterados.
55
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Inicialmente, seis PCPIRs foram planejadas em diferentes partes do país. No entanto, a


construção e o comissionamento parcial só começaram em quatro deles: Bharuch (no Estado
de Gujarat), Vishakhapatnam (Andhra Pradesh), Cuddalone (Tamil Nadu) e Paradip
(Odisha). O PCPIR em Haldia (West Bengal) foi aprovado em 2009, mas abandonado em
2012, quando o novo governo do Estado chegou ao poder e decidiu construir um parque
industrial, uma usina de energia e um parque de ecoturismo ao invés do PCPIR. O PCPIR de
Mangalore (Karnataka) não iniciou, devido a preocupações com a vida marinha e a
estabilidade ecológica do local. A Figura 39 mostra a localização dos PCPIRs no mapa da
Índia.

Bharuch (Gujarat) Haldia (West Bengal)


Paradip (Odisha)

Visakhapatnam
(Andhra Pradesh)
Mangalore
(Karnataka) PCPIRs em construção/
Cuddalore comissionados
(Tamil Nadu) PCPIRs planejados,
mas não implementados

Figura 39: Localização dos PCPIRs na Índia

Todos os PCPIRs têm boa conectividade doméstica e internacional, devido à proximidade


com os principais portos do país, estrategicamente localizados perto das mais importantes
fontes de matérias-primas.

Embora a Índia tenha suprimento garantido e suficiente de nafta, existe escassez de vários
petroquímicos de 1ª e 2ª geração, como tolueno, metanol, naftaleno, óxido de eteno, etc.
Além disso, o país também possui limitações com a disponibilidade de matérias-primas
inorgânicas, como enxofre, fosfato e cloreto de potássio.

Na Índia, o custo elevado de suprimento de matérias-primas escassas por parte de


fornecedores estrangeiros e nacionais desincentiva a expansão da produção de químicos.
Isso significa altos preços da nafta e, consequentemente, altos preços de produtos de 1ª
geração, o que desencoraja o investimento de empresas químicas na cadeia intermediária e a
jusante.

56
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Desse modo, o governo delineou várias maneiras para melhorar a disponibilidade e alocação
da matéria-prima e produtos de 1ª geração petroquímica. Especificamente em relação aos
PCPIRs, o Consórcio Cracker é a iniciativa mais importante:

• Todo PCPIR tem a obrigação de construção de um cracker como unidade âncora


petroquímica, por meio de uma entidade legal pública, privada ou de uma parceria
público-privada (PPP). Essa entidade é selecionada pelo governo do Estado de forma
transparente, usualmente um leilão;
• Esse cracker mandatório tem a obrigação de produzir todas os produtos de 1ª geração
petroquímica para diferentes interessados na criação da cadeia a jusante, mediante
contratos de longo prazo take-or-pay e distribuição dos custos, para assegurar
viabilidade econômica independente do cluster;
• Requisito de construção de planta de óxido de eteno, em casos de cluster dedicado a
especialidades químicas.

Por causa da desvalorização da moeda indiana, das questões de aquisição de terras e da


desaceleração econômica nos últimos anos, o investimento privado em PCPIRs tem sido
lento. Com base nos resultados das fases iniciais de implementação dos PCPIRs, identificou-
se maior necessidade de participação pública para a construção de crackers a fim de facilitar e
atrair investidores dos elos seguintes.

De acordo com esse conceito, o principal produto de 1ª geração seria produzido pelo cracker,
e as empresas privadas a jusante seriam encorajadas a manter uma participação nessa
unidade, dependendo da necessidade dos produtos a serem utilizadas. Tais empresas, então,
assinariam contratos de longo prazo para garantir o fornecimento de matéria-prima.

Em 2012, a Federação das Câmaras Indianas de Comércio e Indústria (FICCI) recomendou


que, ao ser anunciado um Consórcio Cracker, a entidade vencedora poderia realizar leilões
para alocação dos produtos de 1ª geração para potenciais plantas de 2ª geração com base em
um contrato de fornecimento de longo prazo. Os preços recomendados seriam transparentes
e orientados pelo mercado58.

Do ponto de vista do governo, o processo de ajuste da oferta e demanda petroquímicos de 1ª


geração no PCPIR está configurado da seguinte forma:

• O governo do Estado constitui um Conselho de Administração (Board) para o


desenvolvimento e gestão do PCPIR, com base em normas e regulamentos estabelecidos
pelo Departamento de Químicos e Petroquímicos (DoC&PC). O Conselho de
Administração deve incluir membros do DoC&PC, representantes do governo do
Estado e agentes privados;
• O Conselho de Administração desenvolve o plano mestre para cada PCPIR, delineando
o possível número e tipo de empresas participantes, com base em informações sobre a
disponibilidade de petroquímicos 1G com base na unidade âncora. O plano mestre é
atualizado, casando o fornecimento de matérias-primas e as exigências das novas
empresas participantes, que têm de ser aprovados pelo Conselho de Administração.

58Recomendação da Federation of Indian Chambers of Commerce and Industry (FICCI) visto que a alocação
e precificação da matéria-prima do cracker para as cadeias a jusante tem sido litigiosas com menores
investimentos em capacidade do que o previsto.
57
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Para minimizar o problema de transição entre a situação atual de uma unidade âncora e o
modelo de cluster praticado internacionalmente, o DoC&PC propõe-se a atingir a posição
desejada por meio de um processo de três fases:

• 1ª Fase: o cracker do PCPIR é configurado juntamente com uma equivalente capacidade


de produção de polímeros (polietileno, polipropileno, etc.). Dessa forma, todos os
petroquímicos de 1ª geração poderiam, tecnicamente, ser convertida em polímeros.
Como as MPs produzidas pelo Consórcio Cracker são, preferencialmente, utilizadas em
plantas diversificadas de 2ª geração, tudo o que não fosse usado nessas plantas seria
convertido em polímeros. O custo de subutilização da capacidade de polímero seria
recuperado com base no preço das MPs vendidas às plantas de 2ª geração. Dessa forma,
o Consórcio Cracker teria a garantia de mesma rentabilidade e as plantas de
polimerização permaneceriam como backup. Assim, as plantas de 2ª geração poderiam
planejar suas unidades sem, necessariamente, sincronizar seu desenvolvimento com o
do Consórcio Cracker. Como resultado, as empresas de 2ª geração teriam que pagar um
preço mais elevado pela matéria-prima para absorver a margem nas vendas abdicadas
de polímeros.
• 2ª Fase: uma unidade âncora - cracker– poderia ser criada com excedentes definidos e
descompasso planejado entre as capacidades de polímeros e de matérias- primas, com a
diferença dedicada às plantas de 2ª geração, por contratos take-or-pay. Dessa forma,
enquanto as plantas de 2ª geração teriam preços relativamente mais baratos de MPs,
estas teriam que garantir acordos take-or-pay com a unidade âncora.
• 3ª Fase: com a maturidade dos projetos e atração de grandes investidores estrangeiros, as
empresas privadas das plantas de 2ª geração seriam encorajadas a formar um Consórcio ou
manter uma participação na unidade âncora, dependendo da necessidade de uso de MPs.

Além disso, o governo indiano também desenvolveu outras políticas nacionais para reforçar
a garantia de disponibilidade de matérias-primas, como:

• Alocação estratégica de MP para os produtos mais adequados, ou seja, uma definição de


prioridades do país:
o Gás natural para fertilizantes, substituindo a nafta;
o Nafta para uso petroquímico;
o Carvão para uso em eletricidade;
• Importação de longo prazo de MPs a preço competitivo de países produtores, até que a
produção local de todos os insumos e MPs atendessem a demanda local;
• Isenção de impostos para MP tanto na produção como na importação;
• Investimento em tecnologias de capital intensivo e em matérias-primas de base
biológica (biomassa).

Arábia Saudita

No fim da década de 1970, com os choques do petróleo (1973/78), o preço do crude salta de
US$ 2 para US$30 por barril, levando o governo saudita a utilizar o gás associado, antes
queimado, para a geração de energia elétrica e fabricação de petroquímicos.

58
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Assim, em 1976, a SABIC59 é criada com o objetivo de agregar valor ao gás e diversificar a
economia. Nesse momento, a empresa faz investimentos em joint ventures com IOCs e
grandes empresas estrangeiras para ter acesso à tecnologia e mercados. A matéria-prima era
fornecida pela NOC Saudi Aramco, com etano e gás natural a preço fixo, e LPG e nafta
indexados a preços internacionais, mas vendidos com descontos. Além disso, técnicos foram
enviados para os Estados Unidos para treinamento durante a construção das plantas. Com
isso, a empresa visava aprender a operar e comercializar seus produtos de forma
independente.

Em 1984, a SABIC faz um IPO, mas o governo mantém 70% de participação na empresa. A
partir de 1985, a empresa inicia projetos sem participação estrangeira e com tecnologia licenciada.

A partir de 2000, o preço do petróleo sobe e aumenta a vantagem da matéria-prima no


Oriente Médio, levando a uma corrida por adições de capacidade. Aproveitando o momento,
a SABIC realiza aquisições internacionais na China e em outros países asiáticos. Além disso,
novos grupos privados surgem no país, com a mesma estratégia da SABIC nos anos 1970/80
– joint venture com empresas estrangeiras. Em 2006, o governo saudita lança um programa
para incentivar o desenvolvimento da indústria, juntamente com uma nova política de
emprego e renda para a população, gerando transformação no país. Ainda em 2006, a Saudi
Aramco também entra no ramo petroquímico com a estratégia de JV com empresas
estrangeiras.

Dessa forma, a evolução da capacidade de eteno obtido por craqueamento na Arábia Saudita
saltou de 2,3 Mt em 1994 para 5,7 Mt em 2002 e 10,7 Mt em 2010, com aproximadamente 60%
dos crackers situados no 1º quartil de escala global60, atingindo o menor custo de produção
do mundo devido à oferta de matéria prima petroquímica extremamente barata. Assim, a
indústria petroquímica do país se desenvolveu em dois polos importantes - Yanbu e Jubail –
e, atualmente, é exportadora baseada em gás associado de baixo custo61.

Atualmente, o governo saudita tem criado programas para diversificar a economia,


alavancando energia e matéria-prima de baixo custo, por meio de clusters para as indústrias:
automotiva, construção civil, processamento de metais, embalagens plásticas e bens de
consumo. A estratégia seguida para facilitar o desenvolvimento de indústrias foi: formação
de recursos humanos, melhoria do ambiente institucional, desenvolvimento de
infraestrutura, apoio à pesquisa de mercado e normas de produção.

Resumindo, a indústria petroquímica saudita se desenvolveu com base em uma estatal


monopolista que, com escala e boa posição de custos, foi atraindo JV estrangeiras e,
progressivamente, ganhando relevância mundial. Com isso, atraiu novos investidores,
desenvolvendo clusters industriais e uma indústria petroquímica exportadora. Essa
progressão foi possível por causa de insumos petroquímicos de baixo custo e políticas
governamentais voltadas para alavancar sua vantagem competitiva.

59 SABIC - SAudi Basic Industries Corporation.


60World scale. Fonte: OGJ, website das empresas e análise Bain / Gas Energy
61 Preços de gás natural e etano são estabelecidos pelo governo (US$ 0,75/MMBtu em 2013).

59
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Anexo G. Rotas tecnológicas para os petroquímicos de 1ª geração

As principais unidades e processos possíveis para produzir os produtos petroquímicos de 1ª


geração estão relacionadas a seguir.

H.1. Unidades e processos de produção de petroquímicos de 1ª geração

Cracker de cargas leves

O cracker de cargas leves tem como insumos principais o etano e o propano, produzindo
predominantemente eteno e quantidades reduzidas de propeno como subproduto. Não
produz nem aromáticos nem butadieno.

Esta é a alternativa atualmente mais competitiva para produzir eteno, desde que etano e
propano possam ser adquiridos por preços também competitivos. O preço do etano é
formado, conceitualmente, pelo preço do gás natural acrescido do custo de separação na
UPGN e da margem do operador, podendo ser influenciado (pelo menos no mercado
americano) por condições de oferta e demanda. O propano, com preços anteriormente
indexados ao preço do petróleo, passa a ser regulado principalmente pela oferta e demanda,
sofrendo a influência do excesso de produção norte-americana (consequência do shale gas). A
Figura 40 mostra o diagrama de um cracker de cargas leves, com valores exemplificativos.

Figura 40: Cracker de cargas leves

Cracker de cargas líquidas e mistas

A carga principal do cracker de carga líquida é a nafta, produzindo todos os produtos de 1ª


geração (incluindo aromáticos e butadieno). Para esse cracker, o custo de produção de eteno
não é competitivo com o de cargas leves nos Estados Unidos, Oriente Médio ou outras
regiões com abundância de gás natural associado. Por outro lado, é a rota dominante para
produção de aromáticos (a única alternativa é a reforma, também com base na nafta) e uma
rota competitiva para butadieno e propeno.

Por essa razão, cerca de 50% da produção dos produtos de 1ª geração petroquímica do
mundo continuam a ser feitas via cracker de nafta e, embora em ritmo menor, novos crackers
também continuam sendo construídos.

Uma das alternativas possíveis para melhorar a competitividade do eteno é a construção de


crackers de cargas mistas (utilizando tanto a nafta como líquidos do gás natural). Trata-se,
apenas, da integração de fornos para as diversas cargas com uma única área fria (área de
separação das frações produzidas nos fornos). Nesta alternativa, o custo médio do eteno
produzido é reduzido, mas, mesmo assim, seu rendimento é menor do que um de cargas

60
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

leves. A Figura 41 exemplifica o fluxo de um cracker de nafta, sendo os valores


exemplificativos para a produção de 1,0 Mt de eteno.

Figura 41: Cracker de cargas líquidas

A Figura 42 exemplifica o fluxo de um cracker de cargas mistas, sendo os números


exemplificativos para a produção de 1,6 Mt de eteno.

Figura 42: Cracker de cargas mistas

Processo PDH

O processo PDH (Propane De-Hydrogenation) é um processo clássico de produção de


propeno por desidrogenação de propano, considerado pouco competitivo até recentemente.
Com o preço do propeno aumentado e do propano reduzido no mercado mundial, essa rota
voltou a despertar interesse, e vários processos comerciais têm sido oferecidos para
licenciamento. O processo não produz outros petroquímicos de 1ª geração.

61
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Esse processo pode utilizar como carga o propano ou GLP, produzindo propeno ou propeno
e butenos (i-buteno e n-buteno). A alternativa de usar GLP como carga é a preferida por
refinadores, pois o i-buteno é insumo para produção de gasolina alquilada (o n-buteno
produzido é facilmente isomerizado a i-buteno).

No Brasil, esse processo pode ser uma opção para produção de propeno com base no
propano, mais eficiente do que o craqueamento de propano, ou ainda para produção de
gasolina alquilada e pode ser utilizado em conjunto com qualquer uma das alternativas. A
Figura 43 apresenta um modelo de uma Planta Oleflex (tecnologia UOP) para
desidrogenação de propano e butano, com um arranjo possível conjugado a um cracker de
cargas leves, com números apenas exemplificativos.

Figura 43: Processo PDH

Reforma catalítica de nafta

A reforma de nafta é um processo típico de refino para produção de booster de gasolina


(tolueno e xilenos) e de aromáticos (utilizado no Brasil pela Braskem). Entretanto, esse
processo só produz aromáticos e as proporções entre os três principais (benzeno, tolueno e
xilenos - BTX) dependem da qualidade da nafta utilizada na carga (proporção das frações C6,
C7 e C8). A Figura 44 mostra, esquematicamente, o fluxo de uma unidade de reforma
catalítica de nafta, que inclui, no tratamento de BTX, uma planta de TDP
(desproporcionamento de tolueno em benzeno e xileno) e outra de isomerização de o-xileno
a p-xileno.

Figura 44: Reforma catalítica de nafta


62
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Refinaria petroquímica

A refinaria petroquímica integra unidades para produção de produtos petroquímicos de 1ª


geração e de combustíveis, à base de uma carga de entrada de petróleo. A refinaria
petroquímica tem três elementos centrais:

• Uma unidade de destilação (destilação atmosférica (DA) + Destilação a Vácuo (DAV),


que fraciona os principais hidrocarbonetos que constituem a carga de petróleo;
• Uma planta PFCC (Petrochemical Fluidized Catalyst Cracking)62 que recebe como carga
um gasóleo de destilação a vácuo e que produz volumes consideráveis de eteno,
propeno e aromáticos. O PFCC é um processo muito semelhante ao FCC tradicional de
craqueamento de frações pesadas do petróleo em produtos leves mais valiosos. As
principais diferenças estão nas condições de operação e catalisador ;
• Unidades de HDT e UCR (e seus subsistemas) para refino e produção de combustíveis,
principalmente diesel e coque verde de petróleo.

Essa refinaria produz também um elevado volume de combustíveis (diesel, querosene, GLP
e coque verde de petróleo), de modo que precisa conter unidades típicas de uma refinaria de
combustível (HDT e seus subsistemas, unidade de coque retardado, etc.). O conceito que
utiliza esses combustíveis como carga do cracker reduz valor e torna a refinaria petroquímica
menos competitiva. Por essa razão, essa refinaria clássica e convencional, maximiza a
produção de petroquímicos. A Figura 45 mostra um arranjo possível, com os valores
indicados representando apenas um exemplo entre numerosas possibilidades.

Petróleo Etano
200 kbbl/d 360 Kta

Propano
240 Kta

Eteno
Gasóleo Gasóleo 470Kta
HDT
UDA UDV PFCC
(HVGO) Propeno
700 Kta
Nafta
Resíduo GLP

UCR

HDT Nafta
Mercado Nafta Nafta Nafta
2,3 Mta
CVP
Diesel
2,1 Mta
Diesel 3,5 Mta
HDT
Diesel
Mercado
GLP
GLP
Notas: Nem todas as conexões e saídas foram ilustradas 600 Kta
Fonte: Análise Bain/Gas Energy

Figura 45: Refinaria petroquímica (elementos centrais)

62 Dependendo da tecnologia, recebe outros nomes comoDCC (Deep Catalytic Craking) da

SINOPEC/S&W e PETROFCC da UOP.


63
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

H.2. Alternativas de configuração de produção dos petroquímicos de 1ª geração

Dadas as principais unidades e processos descritos, foram elaboradas três alternativas de


configurações para atingir o objetivo de produzir os principais petroquímicos de 1ª geração
em volume suficiente para incentivar a indústria petroquímica local. Para essa elaboração,
foi considerada a projeção do balanço de oferta e demanda nacional dos produtos de 1ª
geração, como mostrado no capítulo 3.2. Para a carga de entrada das unidades, foi assumida
a premissa de disponibilidade de petróleo e gás natural ou de seus derivados intermediários
como a nafta, o etano e o propano, conforme a projeção de oferta em 2025.

Cracker de cargas leves + PDH + Reforma

Esta alternativa conjuga a produção de três unidades: cracker de cargas leves para a
produção de eteno, PDH para a produção de propeno e reforma para a produção de
aromáticos. Essa configuração utiliza a entrada de: etano e propano para o cracker de cargas
leves, propano para o PDH e nafta para a reforma. A Figura 46 ilustra esta alternativa e os
volumes produzidos de produtos de 1ª geração petroquímica.

Propano Propeno
PDH
Propano (UPGN) Eteno
600 Kta 520 Kta
Propano + etano Cracker
Etano (UPGN) Cargas Leves Propeno
530 Kta 400 Kta

Benzeno
Fracionamento 630 Kta
Nafta Reforma de
e Tratamento
2,4 Mta Nafta
de BTX1 Tolueno
0 Kta

P-Xileno
1,0 Mta

Figura 46: Cracker de cargas leves + PDH + Reforma

As principais vantagens dessa configuração são:

• Produz eteno utilizando etano e propano, que são mais competitivos do que a nafta;
• Menor volume de Capex dentre as três alternativas avaliadas.

Suas principais desvantagens são:

• Não atinge a demanda necessária de eteno e propeno;


• Necessita de nafta para carga de entrada (necessita de swap ou processamento de
petróleo);
• Não produz butadieno.

Cracker de cargas mistas + PDH + Reforma

Esta alternativa conjuga a produção de três unidades: cracker de cargas mistas para a
produção de eteno e aromáticos, PDH para a produção de propeno e reforma para a
produção de BTX. Essa configuração utiliza a entrada de nafta para a reforma (entrada do
cracker de cargas mistas), propano para o PDH e BTX e etano para o cracker de cargas mistas.

64
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

A Figura 47 ilustra esta alternativa e os volumes produzidos de produtos de 1ª geração


petroquímica.

Figura 47: Cracker de cargas mistas + PDH + Reforma

A principal vantagem dessa configuração é produzir todas os produtos de 1ª geração


petroquímica, inclusive o butadieno.

Suas principais desvantagens são:

• Menor rendimento do cracker para produção de eteno (menos competitivo do que via
etano e propano);
• Necessita de nafta para carga de entrada (necessita de swap ou processamento de petróleo).

Refinaria Petroquímica + Cracker de cargas leves + Reforma

Essa alternativa utiliza a unidade integrada de refinaria petroquímica em conjunto com um


cracker de cargas leves e uma unidade de reforma. Nessa configuração, o petróleo entra para a
refinaria. No processo intermediário, a reforma utiliza a nafta advinda da destilação e do PFCC,
e o cracker de cargas leves utiliza tanto etano e propano como o próprio eteno e propeno advindo
do PFCC. Esse cracker pode complementar a produção de eteno e propeno com base em uma
entrada adicional de etano e propano, melhorando, economicamente, o rendimento de eteno. A
Figura 48 ilustra essa alternativa e os volumes produzidos de petroquímicos de 1ª geração.

65
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Petróleo Gás Natural Metano


200 kbbl/d 7,0 Mm3/d
UPGN
Etano + Propano Metano
Refinaria PFCC+ Cracker + Reforma 5,4 Mm3/d

Etano
Propano Eteno
Gasóleo Gasóleo Eteno 1,3 Mta
HDT Cracker
UDA UDV PFCC
(HVGO) Propeno Cargas Leves Propeno
780 Kta
Nafta
Resíduo GLP
Fracionamento BTX Benzeno
Fracionamento 650 Kta
de Nafta
UCR e Tratamento
Nafta craqueada Tolueno
de BTX
0 Kta
HDT Nafta Reforma de
P-Xileno
Mercado Nafta Nafta Nafta Reformado
1,0 Mta
CVP
Diesel
2,1 Mta Mercado
Diesel 3,5 Mta
HDT
Rafinado
Diesel
Mercado 210 Kta
GLP
GLP
600 Kta
Notas: Nem todas as conexões e saídas foram ilustradas; Volumes de BTX considerando isomerização e desproporcionamento
Fonte: Análise Bain/Gas Energy

Figura 48: Refinaria petroquímica + Cracker de cargas leves + Reforma

As principais vantagens dessa configuração são:

• Não necessita de nafta para carga de entrada (carga de entrada direta de petróleo da
União);
• Não necessita, obrigatoriamente, de gás natural (etano e propano) como carga de
entrada;
• Produz eteno complementar via etano + propano mais competitiva do que via nafta.

Suas principais desvantagens são:

• Maior volume de Capex dentre as três alternativas, em parte devido à produção


expressiva de combustíveis;
• Não produz butadieno.

Escolha da configuração de refinaria petroquímica

A opção pela refinaria petroquímica deve ser a mais vantajosa para a União, principalmente
porque essa configuração independe da disponibilidade de gás natural. Dessa forma, a
oferta de gás natural complementa a produção para reduzir o custo das MPs petroquímicas,
mas sua ausência não inviabiliza o projeto, como nas alternativas de crackers de cargas leves
e mistas. Além disso, como a carga de entrada principal é o petróleo, não há a necessidade
de fazer um swap por nafta de outra região/país, otimizando a logística operacional e
reduzindo custos. Assim, a refinaria também produziria, sem destruição de valor,
combustíveis que ajudariam a diminuir o deficit doméstico, diminuindo a necessidade de
investimentos para esse fim.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Anexo H. Premissas para análise financeira do polo petroquímico

As principais premissas utilizadas são apresentadas nas duas tabelas a seguir.

Premissas do polo: premissas do investimento


Item Unidade Refinaria e 1o elo 2o elo
Investimento Greenfield Greenfield
Capex inicial bi l hões de dól a res 13,3 8,4
Capex Brasil vs. EUA % - 140%
Capex renovação (anual) % Ca pex ISBL 2% 2%
Período de análise a nos 20 15
Valor terminal % Ca pex i ni ci al 10% 10%

Figura 49: Premissas do polo - premissas de investimento

Premissas do polo - detalhamento das plantas do 2o elo petroquímico


Produção/Capacidade* Output (considera inicio de operação em 2025)
Plantas
kt/ano Dentro do polo Mercado interno Exportação
Estirênicos
ABS 96 / 100 0% 90% 10%
EPS 144 / 150 0% 100% 0%
PS 144 / 150 0% 100% 0%
Poliuretanos
MDI 240 / 250 0% 80% 20%
TDI 192 / 200 0% 100% 0%
Poliéteres Polióis 302 / 315 0% 100% 0%
Tensoativos
LAS 288 / 300 0% 85% 15%
Óxido de Eteno 288 / 300 10% 90% 0%
Poliamidas
PA 6 / PA 6,6 154 / 160 0% 100% 0%
Resinas Termoplásticas
PP 576 / 600 0% 100% 0%
LL/HDPE 528 / 550 0% 80% 20%
LLDPE 528 / 550 0% 75% 25%
Intermediários
Etilbenzeno 336 / 350 100% 0% 0%
Estireno 322 / 335 100% 0% 0%
Nitrobenzeno 240 / 250 100% 0% 0%
Anilina 182 / 190 100% 0% 0%
Ácido Nítrico 307 / 320 100% 0% 0%
(*) Fator operacional de 96%.

Figura 50: Premissas do polo - detalhamento das plantas do 2o elo petroquímico

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

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