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Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES
(FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011.
Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Índice
Guia executivo
Nota: Considera os segmentos aromáticos; derivados do butadieno e isopreno; poliuretanos e poliamidas; derivados de C1
Fonte: Abiquim, Nexant, Aliceweb, Análise Bain / Gas Energy
4
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
1. Escopo
PS Embalagens, eletro.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
2. Situação atual
Tolueno
Propeno
P-Xileno
Benzeno
Butadieno
Nota: Eteno e o-xileno não foram incluído porque registraram pequeno volume e valor financeiro na balança comercial, com déficit em alguns anos
Fonte: Abiquim, Aliceweb, Análise Bain / Gas Energy
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Outros
segmentos
Der. Butadieno
e Isopreno
Tensoativos
Poliéster alta
tenacidade
Poliamidas
especiais
Poliuretanos
Aromáticos
Fertilizantes
Além da elevada contribuição dos fertilizantes para o déficit, este tem ocorrido devido à
ausência de novos investimentos necessários para atender ao crescimento econômico do país
e pelo fechamento de algumas plantas, como, por exemplo:
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
O preço do gás natural praticado no Brasil é mais elevado do que na Europa e mais de três
vezes maior do que o praticado nos Estados Unidos, como mostra a Figura 5. Dessa forma, a
competitividade das matérias-primas petroquímicas baseadas no gás natural,
principalmente o metano, é prejudicada.
Devido ao elevado custo do transporte, tanto no estado gasoso, por gasodutos, quanto no
estado líquido, em navios específicos, a precificação do gás natural possui uma característica
regional, com baixo nível de influência entre diferentes regiões1 . O Japão e China, com
poucos recursos de gás natural, são os maiores importadores do mundo e acabam mantendo
os preços na Ásia acima do resto do mundo.
No Brasil, o volume de produção de gás natural foi suficiente para atender apenas 53% da
demanda local em 2013 2 , conforme demonstrado no Anexo E. Além disso, por razões
constitucionais, há incidência obrigatória de custos de distribuição3 que podem alcançar até
US$ 4/MMbtu (2013).
1 Em 2009, os preços europeus foram influenciados pela queda da cotação do Henry Hub (Estados
Unidos) em decorrência da oferta em larga escala do shale gas, mas voltaram a se elevar,
permanecendo em níveis altos até hoje
2 Demanda excedente é atendida pela importação de GNL e de gás natural da Bolívia.
3 O custo da distribuição é obrigatório por este serviço ser monopólio em cada Estado da federação.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
A política de combustíveis reduz a oferta de nafta local para a indústria química. O impacto
dessa política ocorre de duas formas:
Com isso, cada vez mais a indústria química tende a utilizar em seus produtos de 1ª geração,
a nafta importada, que possui um custo 5 a 7%6superior à nafta local, devido aos custos de
transporte. Tal valor tem contribuído como mais uma barreira para a garantia de
fornecimento do insumo a custos competitivos em contratos de longo prazo. Com o
vencimento do contrato atual de suprimento de nafta entre a Petrobras e Braskem em 2014,
por exemplo, este custo adicional de importação se tornou um fator de intensa negociação
entre as duas partes.
4 A nafta utilizada para balancear a mistura possui octanagem e preço inferiores ao da gasolina.
5 Fonte: Abiquim, 2014, “O Impacto da Regulamentação do Mercado de combustíveis
do Ciclo Otto na Oferta de Nafta Petroquímica “.
6 Custo de importação e internação.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Nota: Como escala global foram consideradas as menores plantas do 1º quartil da curva de capacidade global de 2013
Fonte: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy
Figura 8: Comparação das plantas de petroquímicos de 1ª geração no Brasil com escala global
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
A projeção de oferta gás natural seco considerou tanto a produção local quanto a capacidade
de importação através de terminais de gás natural liquefeito (GNL) e o contrato de
importação de gás natural da Bolívia.
Para a produção local, utilizou-se a projeção de oferta de gás natural bruto disponível nas
unidades de processamento de gás natural (UPGN). Essa foi estimada a partir do volume
esperado de produção nacional deduzido das parcelas de: reinjeção, fornecimento de
energia das plataformas, queima nas plataformas e perdas em transporte.
O gás natural bruto enviado para as UPGNs é processado e são produzidos o gás natural
seco e os líquidos de gás natural.
A separação inicial segrega o GN bruto em frações leves e pesadas7. As frações mais leves,
compostas de metano e etano, podem ainda passar por um processo de separação desses dois
componentes. Esse fracionamento adicional, no entanto, não ocorre em todas as UPGNs. Em
geral, isto é viável apenas em regiões que possuam mercado suficientemente grande e
quantidade de etano suficiente para viabilizar o investimento na escala de uma planta de 1ª
geração.
Este relatório tem como foco o metano (gás natural seco) e duas frações líquidas do gás
natural, a saber: etano (quando segregado do metano) e propano. O etano é atualmente de
grande importância para a produção de petroquímicos, devido a sua maior competitividade
para a produção do eteno, um importante precursor de diversos produtos petroquímicos.
Para as projeções de produção de gás natural bruto, foram considerados dois cenários,
designados como: Conservador e Base8, de acordo com as premissas demonstradas no Anexo C.
O primeiro é compatível com a projeção da Petrobras9, enquanto a oferta disponível no segundo,
maior do que no cenário Conservador, está muito próxima da descrita no PDE 2013-202210.
A oferta de gás natural seco para a indústria química deve ser apresentada em conjunto com
seus demais usos, uma vez que há prioridade ao atendimento de outros mercados, como o
das termelétricas, para a utilização do gás natural seco. Os usos doméstico, industrial,
comercial e veicular também são considerados prioritários em relação ao petroquímico.
Desta forma, a oferta de gás natural seco para a indústria química é apenas aquela
excedente, após o atendimento das demandas citadas anteriormente.
A Figura 9 demonstra estas ofertas, a inflexível mais a flexível potencial, com a demanda
total, nos dois cenários: Base e Conservador.
8 Há um terceiro cenário, designado Otimista, que considera premissas ainda mais favoráveis para a
projeção de oferta de gás natural. Entretanto, ele não foi considerado por ser pouco aderente ao das
previsões da Petrobras e do Plano Decenal de Expansão de Energia ( 2013 -2022), da EPE (Empresa de
Pesquisa Energética ligada ao Ministério de Minas e Energia).
9 Petrobras - Plano Estratégico 2030 e Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 (2014).
10 PDE – Plano Decenal de Expansão de Energia, 2013 -2022 da EPE – Empresa de Pesquisa Energética
ligada ao Ministério de Minas e Energia. É válido ressaltar que o PDE anterior (2012-2021) mostrava
uma projeção da oferta de gás natural mais otimista do que na publicação utilizada (2013-2022).
11 Inclui gás natural associado (dissolvido no petróleo, ou sob a forma de capa de gás no reservatório)
requerido pela inflexibilidade estabelecida nos leilões de energia promovidos pela ANEEL; médio:
volume médio estatisticamente requerido para o despacho das termelétricas (dependente de fatores
como pluviosidade e crescimento da economia); máximo: volume máximo requerido quando a
capacidade total das termelétricas é utilizada.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco
Cenário Conservador Cenário Base
(Mm3/dia) (Mm3/dia)
Demanda
Termelétrica
Desp. Máxi.1
Químicos 20133
Termelétrica
Desp. Médio1,2
Outros usos
exceto petroq.
Oferta
Oferta Flexível
Oferta Inflexível
Notas: 1 – A demanda de gás para termelétricas é dividido em 3 níveis de despacho: mínimo: volume mínimo requerido pela inflexibilidade estabelecida
nos leilões de energia promovidos pela ANEEL; médio: volume médio estatisticamente requerido para o despacho das termelétricas
(dependente de fatores como pluviosidade e crescimento da economia); máximo: volume máximo requerido quando a capacidade total das
termelétricas é utilizada.
2 – Considera demanda real em 2013 e estimativa de demanda firme em 2020, 2025 e 2030 com despacho médio das termelétricas. Demanda
potencial máxima seria atendida pela oferta inflexível.
3 – Considera 3,1Mm3 de demanda para produção de fertilizantes, 0,3Mm3 para metanol e 2,1Mm3 para outros químicos.
Fonte: ANP, MME (PDE), Análise Bain / Gas Energy.
Figura 9: Potencial de oferta e demanda de gás natural seco – Cenário Conservador e Base
A Figura 9 mostra que, no cenário Base de oferta de gás, haveria um excedente potencial de
oferta inflexível para suprir um aumento na produção local de químicos com base em metano15.
No cenário Conservador, no entanto, este excedente estaria disponível apenas após 2020.
15 Assume que a demanda das termelétricas superior ao despacho médio deva ser atendida pela oferta
flexível.
16 A composição do gás natural só é divulgada quando o campo é declarado em produção. A
Com base nas premissas apresentadas, estima-se, para 2030, um potencial de produção de etano
5 a 10 vezes superior ao produzido em 2013 (Figura 10). O volume potencial de 2030 é de 2,4 a
3,9 milhões de toneladas por ano em comparação a uma produção de 0,4 milhões de toneladas
em 2013. O cenário para o propano é muito semelhante, conforme demonstrado na Figura 10. É
importante ressaltar que o projeto da UPGN Maricá já prevê uma produção de
aproximadamente 0,8 milhões de toneladas por ano de etano e de propano para uso
petroquímico.
Potencial oferta de etano e propano no Brasil Potencial oferta de etano e propano no Brasil
Cenário Conservador Cenário Base
(Mta) (Mta)
Não Alocado
Maricá
Cabiúnas
Figura 10: Potencial oferta de etano e propano no Brasil - Cenário Conservador e Base
17 Os gasodutos para escoamento do gás produzido na Bacia de Campos e no pré-sal são conhecidos
por “Rota”. As rotas atuais e projetadas são a Rota 1, que fornece GN para UPGN de Caraguatatuba, a
Rota 2, que fornecerá para a UPGN de Cabiúnas e a Rota 3, que irá suprir a UPGN Maricá.
18 Cabiúnas: utilização da capacidade máxima das linhas de turbo-expansão de 16,2 Mm³/d para
separação do etano; Maricá: separação de todo o etano e propano enviado pela Rota 3. Não alocados:
novas UPGNs ou ampliação de UPGNs existentes na região sudeste para absorver a produção de gás
natural do pré-sal, excedente à capacidade das Rotas 1, 2 e 3.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
O petróleo não é um insumo petroquímico direto, mas a sua disponibilidade possui uma
influência na oferta de nafta e outros derivados. A União será proprietária de importante
parcela do petróleo produzido, no médio e longo prazo, devido à utilização do regime de
partilha para os leilões dos novos blocos do pré-sal. A Figura 11 mostra a projeção da
produção nacional de petróleo, com a participação do pré-sal e a parcela da União.
Parcela União
(Libra)
Produção Pré-Sal
(sem União)
Produção
exc. Pré-Sal
Apesar de as projeções utilizarem tais perfis de produção, cumpre mencionar que, segundo
especialistas da indústria, o volume de nafta a ser produzido nas novas refinarias tende a ser
superior àquele divulgado. As projeções são ilustradas na Figura 12. O Anexo D apresenta as
principais premissas para esta projeção.
Nafta para
gasolina2
Notas: 1- Não considera a nafta direcionada para a gasolina. Esta é representada na linha abaixo do gráfico. Para os anos de entrada das novas
refinarias, considera as datas divulgadas no PNG 2014-2018 da Petrobras. Os perfis de produção estão de acordo com informações
divulgadas no site da Petrobras
2- A nafta para gasolina não aumenta após 2020 porque não é previsto aumento de produção local de gasolina. Projeção assume que a
gasolina importada após 2020 não teria adição de nafta produzida localmente.
Fontes: Petrobras PNG 2014-2018, Petrobras website (Fatos e Dados), ANP, Análise Bain / Gas Energy
Essa projeção demonstra que, considerando que a demanda de 13,1 milhões de metros
cúbicos de nafta petroquímica por ano20, volume de carga da Braskem em 2013, se mantenha
constante, existirá, em 2030, uma oferta excedente da ordem de 6,5 milhões de metros
cúbicos ao ano em relação à demanda atual. Ou seja, considerando que não haja novos
investimentos em crackers ou reforma, em 2030 haveria uma disponibilidade de nafta
aproximadamente 50% superior à demanda. No momento, não há decisão sobre a
destinação de tal excedente, nem a garantia que ele poderá ser destinado à petroquímica.
Outro fator relevante a ser considerado diz respeito ao percentual de etanol adicionado à
gasolina C21. Eventuais mudanças no percentual de etanol anidro na gasolina C tende a
impactar o volume de nafta utilizado nesse combustível e, com isso, a disponibilidade de
nafta para a petroquímica.
Notas: 1 – Demanda dos petroquímos 1ª ger. considera a demanda potencial calculada a partir da demanda local dos petroquímicos de 2ª geração.
2 – Considera produção potencial a partir do excedente de gás natural dos projetos atuais (Rotas 1, 2 e 3) e de parcela não alocada
3 – Considera produção potencial do excedente de nafta das refinarias previstas
* – Oferta considera a diferença entre a oferta inflexível e soma das demandas no cenário de despacho médio das termelétricas; A demanda
apresentada equivale a demanda petroquímica potencial de gás natural seco adicionada da demanda química adicional, ou seja, não
petroquímica. Para a demanda química adicional foi utilizada a demanda real de 0,6 Mta em 2013.
Fontes: Abiquim, Nexant, Braskem, Petrobras, Análise Bain / Gas Energy
A produção de gás natural no cenário base seria suficiente para atender a demanda não só
por eteno, uma das principais matérias-primas da petroquímica, mas também por metano
(Figura 13). Contudo, para a consecução de tal cenário, é necessário:
líquidos de Cabiúnas e a construção de uma nova UNIB com líquidos fornecidos pela Petrobras ,
provenientes da nova UPGN de Maricá.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• Que o etano proveniente dessas novas rotas seja segregado em seu potencial máximo;
• Novos investimentos para o transporte e tratamento do gás produzido no pré-sal e bacia
de Campos que vão além das rotas 1, 2 e 3;
• Novos investimentos na 1ª geração petroquímica para processamento do etano e
propano produzidos.
Atendidas tais condições, haveria fornecimento de longo prazo de gás proveniente da oferta
inflexível de gás.
Muitos países, para os quais a petroquímica é uma das bases do desenvolvimento industrial
sustentado, desenvolveram políticas de estado específicas, visando incentivar investimentos
e produção locais, assim como assegurar a competitividade da indústria no mercado
mundial. Neste rol, encontram-se países industrializados, como os EUA; países ricos em
matérias-primas, como a Arábia Saudita e países em desenvolvimento, como México e Índia.
Na Figura 14, são apresentados pontos relevantes das políticas adotadas por estes países. Em
seguida, são descritas as propostas do Consórcio para incentivar a indústria petroquímica
local.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• Utilizar a parcela de petróleo e gás natural do pré-sal da União como alavanca para
aumentar a disponibilidade de MP petroquímica (por refino local ou swap internacional);
o Leilão do petróleo e gás natural da União;
o Leilão de produtos petroquímicos de 1ª geração;
• Regulamentar o fracionamento do etano do gás natural nas UPGNs que concentram
maiores volumes de tratamento desse gás;
• Alinhar, gradualmente, a política de preços e de misturas de combustíveis
(compreendendo a nafta, gasolina e. etanol) para preservar a oferta de nafta
petroquímica para o mercado doméstico.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Para industrializar o petróleo do pré-sal, a União poderá fazer uso de parte desta produção,
que é de sua propriedade, pelo regime de partilha dos leilões do pré-sal23, direcionando-a
para a indústria petroquímica. A Figura 15 revela a projeção de produção de petróleo e gás
da União pelo regime de partilha24.
Projeção de oferta inflexível local de gás natural1 Projeção de oferta de petróleo no Brasil
(Mm3/dia) (Mbbl/dia)
6% 6%
Parcela
União
(Libra)
Produção
Extra
Cenário Parcela
Base2 União
Produção (Libra)
Cenário Produção
Conservador2 Pré-Sal
(s/ União)
Produção
Real Produção
exceto
Bolívia TOP3
Pré-Sal
Notas: 1- A oferta de gás natural ao mercado deduz da produção os consumos para reinjeção, fornecimento de energia das plataformas,
queima em plataforma, perdas em transporte e extração de líquidos nas UPGNs
2 – Mesmos cenários apresentados no capítulo de projeção de oferta e demanda de matérias-primas
3 - Contrato com a Bolívia é de 30 Mm3/dia com o mínimo de 24 Mm3/dia de take-or-pay
Fontes: ANP, Análise Bain / Gas Energy
O momento é oportuno para se definir como será utilizado o petróleo e o gás da União, uma
vez que o tempo de maturação de projetos, como os que envolvem atividades de refino e
produção de petroquímicos de 2ª geração, é de aproximadamente 10 anos. Tal prazo
equivale ao período de tempo entre a conclusão deste Estudo (2014) e a disponibilidade em
larga escala do petróleo e gás da União, extraídos dos campos do pré-sal (2025).
23 O primeiro leilão sob este regime foi o do campo de Libra em Outubro/2013, com parcela do
Governo definida em 41,65% do excedente (volume após o reembolso dos custos de produção do
consórcio vencedor) em óleo e gás.
24 Nessa projeção não foram considerados os volumes da cessão onerosa e seu excedente.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Na Figura 16, são apresentados os requisitos destinados a garantir que o petróleo e o gás da
União gerem os benefícios esperados em todos os elos da cadeia química e dos demais
segmentos da economia, relacionados a tal cadeia.
Requisitos para que o petróleo e gás da União gerem desenvolvimento de toda a cadeia
Petróleo Refinaria,
UPGN, Indústrias
Petroquímicos Plantas Petroquímicos
Gás Natural reforma e 1ª geração 2ª geração diversas
petroquímicas
cracker
diversas
Figura 16: Requisitos para que o petróleo e gás da União gerem desenvolvimento de toda a cadeia
A União pode utilizar sua parcela do petróleo e gás para desenvolver a indústria química de
diferentes formas, por meio de leilões. Neste relatório, são abordadas duas alternativas:
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Petróleo Refinaria,
UPGN, Indústrias
Petroquímicos Plantas Petroquímicos
Gás Natural reforma e 1ª geração 2ª geração diversas
petroquímicas
cracker
diversas
Nesse modelo, a União leiloa o petróleo e o gás para fornecimento de longo prazo para a
iniciativa privada com regras pré-estabelecidas, de forma a desenvolver novos projetos
petroquímicos locais. A seguir são apresentadas algumas sugestões de regras que poderiam ser
adotadas:
Com tais regras, os investidores do 2º elo deverão exigir preços mais competitivos para os
produtos do 1º elo, seja para as vendas no mercado interno, devido à redução nos impostos
de importação, seja para as exportações.
Com essa pressão sobre seus preços de venda para o 2º elo, os potenciais investidores no 1º
elo definiriam o preço máximo que poderiam pagar pelo petróleo e gás da União para
garantir o retorno dos seus investimentos.
Esse modelo exige que os potenciais investidores do 1º elo articulem previamente a venda ou o
uso dos petroquímicos do 1º elo, o que pode levá-los a organizar consórcios com um conjunto
de empresas responsáveis pelas diferentes cadeias do 2º elo. A participação de uma única
empresa operando todas as plantas de 1ª e 2ª geração é menos provável tanto devido à
multiplicidade de cadeias da segunda geração petroquímica, como pelos riscos e valores
envolvidos em um investimento conjunto. Entretanto, é possível que uma empresa responsável
pelo 1º elo também opere ou atue em consórcios em uma ou mais plantas do 2º elo.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Nesse modelo, cabe à União não apenas estruturar e realizar o leilão com regras que
garantam o desenvolvimento da cadeia, mas também acompanhar a execução dos
investimentos e garantir aderência às exigências contratuais.
• Menor risco operacional para União: após a realização do leilão, a União não teria
responsabilidade com a coordenação e execução dos investimentos e das operações
subsequentes;
• Possibilidade de integração dos dois elos: consórcios ou empresas poderiam ter
participações integradas nos dois elos;
• Flexibilidade na configuração do 2º elo: iniciativa privada tenderia a definir a configuração
mais competitiva otimizando economicamente a alocação dos produtos da 1ª geração.
Nesse modelo, a União, com o apoio de uma terceirização do processamento do seu petróleo
e gás, realiza um leilão de contratos de longo prazo de fornecimento de petroquímicos de 1ª
geração para novos projetos locais de 2ª geração petroquímica, com garantia de
fornecimento. O modelo possui duas partes:
Esse modelo separa as operações dos dois elos, permitindo que investidores atuem focados
em suas áreas de especialização. A operação da 1ª geração possuirá um baixo risco, visto que
sua remuneração será garantida pela União por volume de petróleo e gás processados,
independente das condições de mercado. Na 2ª geração, o leilão tende a atrair investidores
para as plantas de seu interesse, com a garantia de fornecimento dos insumos pela União.
Além dos dois modelos apresentados, modelos alternativos podem ser estruturados com o
objetivo de aumentar a atratividade para investidores privados e de minimizar riscos e
complexidade para a União.
A proposta de utilização do petróleo de gás da União foi avaliada sob o aspecto econômico-
financeiro para investidores, governo e sociedade. Para isso, o Consórcio: (i) configurou um
polo petroquímico alinhado aos objetivos de desenvolvimento da cadeia petroquímica; (ii)
avaliou a competitividade das plantas do 2º elo no cenário global para estimar o desconto
necessário nos produtos petroquímicos de 1ª geração; (iii) estimou o desconto equivalente,
necessário no petróleo da União, para garantir atratividade do investimento no 1º elo e (iv)
avaliou o impacto econômico destes investimentos para governo e sociedade.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
A Figura 18 demonstra a configuração inicial proposta para o polo com um balanço de massa
simplificado para o 1º e 2º elos.
25 A UPGN não foi considerada na análise de impacto. O fornecimento de propano e etano da UPGN
foi considerado como custo a partir dos preços de mercado destes insumos.
26 Cenário considerado com oferta de 7,0 Mm³/d de gás natural GN, que pode variar entre 5 Mm³/d
Estudo.
25
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Dessa forma foi possível definir o desconto necessário nos petroquímicos de 1ª geração para
tornar o País competitivo em relação às importações de produtos químicos dos Estados
Unidos. Para avaliar a competitividade dos dois investimentos (no Brasil e nos Estados
Unidos), foram considerados dois cenários para o imposto de importação:
28 Para o cálculo valor financeiro do custo de capital considerou-se: estrutura de fixa de capital com 40%
de dívida; custos de capital de 8,8% em dólar; e fluxo de caixa de 20 anos com valor terminal igual a
zero.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Para a análise do retorno financeiro, foram calculadas as taxas internas de retorno (TIR) dos
investimentos considerando preços de venda internacionais dos produtos petroquímicos
acrescidos dos custos de internação.
(b) Custos totais de um investimento em capacidade produtiva efetuado nos EUA, com sua
produção destinada ao Brasil e incorrendo nos custos de internação com os impostos de
importação atuais reduzidos em 50%.
(e) Custos totais de produção descritos na situação (d) adicionados do lucro econômico
decorrente de um preço de venda baseado nos preços internacionais adicionados do
custo de internação com impostos de importação atuais reduzidos em 50%29.
29Para os casos em que o mercado interno médio estimado para o período de operação da planta
(2025 a 2040) não absorve a totalidade da produção de petroquímicos de 2ª geração indicados na
Figura 18, considerou-se como preço de venda o valor internacional sem acréscimo do custo de
internação. Estes casos são apresentados no Anexo H.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Lucro econômico
Imp. de Importação
Internação2
Custo capital
IR
Custos Fixos
Outros Insumos
PQ 1ªG. Leilão
PQ 1ª G. Leilão a
preço de mercado3
Notas: 1 – WACC Brasil: 8,8%; WACC EUA: 7,4% ; Capex total no Brasil de 9,5 bilhões de dólares.
2 – Internação: Frete + Seguro + ARFMM + Capatazia
3 – Preços de referência: Propeno e Benzeno: preço FOB USGC; Eteno: preço FOB Europa NWE para Brasil e USGC para EUA
4 – Preços internacionais em 2014 adicionados de custo de internação e impostos de importação reduzido em 50%
Fonte: EIA, ICIS, USGC, Aliceweb, Nexant, Análise Bain/Gas Energy
Figura 19: Custo total, incluindo custo de capital1, e lucro econômico do 2º elo
Comparando as situações (a) e (c), se observa que, apesar dos custos adicionais de
internação para suprir o mercado local com os petroquímicos de 2ª geração indicados na
Figura 189 com base da produção de uma planta americana, esta ainda alcançaria um custo
total inferior ao de uma planta local. Para igualar estes custos, seria necessário um desconto
de cerca de 4% no preço dos produtos de 1ª geração no Brasil.
Comparando a situação (c) com a (b), onde se prevê uma redução de 50% no imposto de
importação dos produtos petroquímicos, o que permitiria maior competitividade para as
cadeias químicas e outros setores da economia a jusante, seria necessário um desconto de
aproximadamente 14% no preço dos produtos de 1ª geração para igualar o nível de
competitividade de custos entre o Brasil e os EUA.
Na situação (d) é demonstrado o custo final com o desconto de 14% nos produtos
petroquímicos de 1ª geração leiloados e, na situação (e), é indicado o lucro econômico da
situação (d) em um cenário com os preços internacionais. Nesta última situação, a TIR
agregada dos investimentos no 2º elo da cadeia petroquímica seria de 15,4%.
30 Empresas classificadas como empresas químicas segundo Industry Classification Benchmark (ICB),
que é um sistema de classificação das atividades industriais utilizado pela Bloomberg, fonte dos
dados para esta análise.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Classificação ICB1 Subclassificação ICB 2013 2012 2011 2010 2009 Média
Indústria Química Commodity 8,3 10,4 12,6 13,3 10,5 11,0
Especialidade 11,6 14,0 16,4 13,4 11,4 13,3
Ambos 10,6 12,4 15,0 13,3 11,0 12,5
Nota: 1- Industry Classification Benchmark (ICB), que é um sistema de classificação das
atividades industriais utilizado pela Bloomberg.
Fonte: Bloomberg e análises Bain / Gas Energy.
Figura 20: Retorno sobre capital investido de empresas químicas (ROIC – 1º quartil)
(ii) Receita dos combustíveis e demais produtos do refino que não serão leiloados para a 2ª
geração. O valor deste último componente foi baseado no valor de mercado desses
produtos a preços em paridade com a importação (preços FOB mais custos logísticos e
impostos de importação).
Para a análise do retorno ao investidor, utilizou-se como base de comparação uma taxa
interna de retorno para o projeto, de 11%. Tal taxa se pautou no histórico de 2009 a 2013 de
retornos sobre capital investido no 1º quartil de empresas de commodities químicas32 com
faturamento acima de 1 bilhão de dólares. O histórico pode ser observado na Figura 20.
Esta análise, representada na Figura 20, demonstra que, para tornar o investimento no 1º elo
atrativo a investidores, é necessário reduzir o custo do fornecimento do petróleo da União
entre 11% e 16%, o que representaria um custo de oportunidade33 de 0,8 a 1,2 bilhões de
dólares por ano, para a União.
internacional.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
A taxa de retorno de 11%, utilizada como base para definição do retorno esperado para o
investidor, aplica-se, conforme explicado anteriormente, a empresas produtoras de
commodities químicas. No modelo 2 de leilão, no entanto, o perfil de risco do investimento no
1º elo é inferior àquele esperado por empreendimentos em commodities químicas. Isto ocorre
porque a União garante o fornecimento e remunera o investidor pelo volume processado de
matéria-prima, retirando dele o risco de mercado.
34 Tal taxa se pautou no histórico de 2009 a 2013 de retorno sobre capital investido do 1º quartil de
empresas classificadas no setor “Gás, água e serviços múltiplos” do ICB (Industry classification
benchmark) e com receita acima de 1 bilhão de dólares.
30
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Figura 22: Receita do 1º elo (perfil de risco de empresas de utilidades) e custo para União
Ao custo econômico para a viabilização destas cadeias químicas no País, representado pelo
custo de oportunidade de venda do petróleo bruto, é necessário comparar o impacto sócio-
econômico total dos Modelos para as contas do Governo e para a sociedade. Com esse
objetivo, calculou-se o valor adicionado35 do polo proposto, que equivale ao seu impacto no
produto interno bruto (PIB) do País.
Esse valor adicionado pode ser dividido em: excedente operacional bruto (EOB)36, impostos
e salários. Tais componentes do valor agregado tendem a impulsionar a economia e o PIB
por meio de novos consumos. Para o presente Estudo, no entanto, considerou-se apenas o
impacto direto do projeto no PIB, mas não o efeito multiplicador que os salários, os impostos
e o excedente operacional bruto gerariam no restante da economia de forma indireta.
Impacto recorrente
O impacto recorrente esperado para o PIB é de 5,5 bilhões de dólares, sendo 1,1 bilhões sob a
forma de arrecadação adicional para a União (
Figura 23).
Excedente oper.
bruto (EOB)
2,8 - -
Impostos de
renda
- 0,8 -
Salários1 - - 0,2
Insumos e
serviços2
0,9 0,3 0,6
Petróleo da
União
- - -
Figura 23: Cálculo do valor adicionado bruto anual da receita do polo petroquímico
O impacto recorrente direto foi definido com base no resultado financeiro agregado do polo
e do valor agregado estimado para as receitas dos fornecedores diretos de produtos e
serviços. O petróleo foi único insumo para o qual não foi calculado o valor agregado. Esse
valor não foi considerado, pois ocorreria mesmo sem a construção do polo petroquímico.
As três primeiras linhas da Figura 23 retratam o impacto direto da operação do polo no PIB
em termos de EOB, impostos e salários, de acordo com a estimativa de resultado financeiro
agregado do polo. Já a quarta linha, presume o impacto no PIB pelas atividades dos
fornecedores diretos, com base em valores médios da economia brasileira, segundo o IBGE37.
Impacto não-recorrente
O valor total do impacto desse investimento em valor agregado chega a US$ 9,1 bilhões, dos
quais cerca de R$ 1,0 bilhão representam impostos para o Governo39, como indicado na Figura 24.
Serviços
diversos
0,4 0,2 0,7
Serviços
inform.
0,1 0,0 0,1
Máquinas e
Equip.
0,1 0,1 0,2
39 Estimativa baseada na composição dos investimentos por setor, no valor agregado de cada setor e
na distribuição em EOB, impostos e salários. Fonte: tabelas de Recursos e Usos (TRU) do IBGE.
33
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Figura 25: Análise de retorno para investidor, União e País em diferentes cenários de desconto
É importante ressaltar que a análise apresentada não considera o impacto adicional no País
do efeito indireto que renda, impostos e excedente operacional bruto geram na forma de
novos consumos em outros setores da economia. Esta análise também não considera a
redução de receita da União, proveniente dos impostos de importação que seriam recolhidos
caso os produtos petroquímicos de 2ª geração fossem importados, ao invés de produzidos
localmente.
Para investimentos no 1º elo, foram identificados dois perfis principais de empresa, descritos
abaixo:
• International Oil Companies (IOCs) – o polo proposto é atrativo para essas empresas sob
dois pontos de vista: o financeiro e o estratégico. Com relação ao primeiro, há potencial de
capturar margens atrativas devido ao possível desconto a ser aplicado no petróleo da União.
Quanto ao segundo, a entrada no mercado local pode contribuir para construir vantagens
competitivas para oportunidades futuras no mercado brasileiro. Há, ainda, alternativas de
integração com as cadeias do 2º elo, nas quais algumas destas empresas já atuam em outros
países, mas não no Brasil. Exemplos de empresas: Exxon, Shell, BP, Ecopetrol e Total;
• National Oil Companies (NOCs) – para as NOCs, o investimento neste polo representa,
além das vantagens pontuadas para as IOCs, um aumento da capacidade produtiva de
combustíveis, a realização de novas parcerias com empresas petroquímicas de 2ª
geração do país de origem das NOCs e potenciais vendas cruzadas para outras
empresas.. Esta última possibilidade é particularmente atrativa para NOCs chinesas.
34
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Para IOCs e NOCs, o investimento no 1º elo pode apresentar maior convergência estratégica
para aquelas empresas que já estão no País nas operações de exploração e produção de petróleo.
Figura 26: Lista não exaustiva de empresas por cadeia petroquímica de 2ª geração
Como mencionado no capítulo 3, uma maior disponibilidade de gás natural não garante
necessariamente a sua utilização como insumo para a indústria petroquímica, visto a
concorrência para seu uso energético.
35
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Nos Estados Unidos, onde a capacidade petroquímica baseada em gás natural é muito
expressiva, existe uma especificação rígida para o poder calorífico do gás natural
movimentado nos dutos de transporte40. Essa regra, praticamente, obriga a separação prévia
do etano, que é, então, usado em crackers para produção de eteno.
No Brasil, o etano, mesmo em gás natural com elevado teor de líquidos, não precisa ser
separado porque há uma especificação mais ampla sobre o poder calorífico e porque o valor
máximo de etano no gás natural seco é superior à composição média do gás produzido
localmente. Dessa forma, a separação dessa fração depende apenas da atratividade do
investimento. Com a concorrência pelo uso do gás para fins energéticos e pelo preço do gás
natural no mercado interno, novos investimentos para separação e venda do etano não têm
se viabilizado. Na Figura 27, é possível verificar que o Brasil separa apenas 20% do etano
contido no gás natural consumido.
40 O objetivo, na época da definição de tal especificação, foi padronizar o combustível para atender a
indústria de equipamentos.
36
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• A separação do etano reduz a oferta de gás natural seco, podendo provocar aumento no
preço do gás.
Uma situação favorável tanto à indústria quanto aos produtores de gás ocorreria se o preço
de vendas local do etano como matéria prima petroquímica fosse competitivo e, ao mesmo
tempo, igual ou superior ao do gás natural acrescido do custo de separação na UPGN.
Essa medida também teria um efeito positivo para o setor sucroalcooleiro. O aumento da
demanda por etanol hidratado como combustível provocaria um aumento na demanda total por
etanol, impulsionando, assim, um setor em que o Brasil tem grande diferencial competitivo.
É importante notar que esta medida não é suficiente para garantir a disponibilidade de
nafta no longo prazo, visto que e demanda por combustíveis crescerá e as condições de
mercado podem voltar a tornar o etanol hidratado menos atrativo que a gasolina do
ponto de vista econômico. Isto reforça a necessidade da segunda proposta apresentada, o
estabelecimento de uma política de abastecimento de matérias primas petroquímicas.
Esta segunda proposta visa garantir o suprimento de nafta no longo prazo em
consonância com mudanças nas políticas de combustíveis.
Esta política deve estar alinhada a um plano de crescimento da petroquímica local e deve
considerar um plano de suprimento com múltiplas fontes para o fornecimento de nafta em
condições competitivas. Esta variedade de fontes permitiria uma maior flexibilidade de
suprimento de forma a adequá-lo às diferentes condições de mercado e mudanças na
política de combustíveis e, com isso, dar maior garantia de disponibilidade, o que é condição
indispensável para atração de investimentos.
38
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• Química do C1: acetato de vinila, ácido acético, DAP, MAP, metanol, nitrato de amônia,
sulfato de amônia, amônia e ureia;
• Resinas termoplásticas: cloreto de polivinila (PVC), EVA, HDPE, LDPE, LLDPE,
polipropileno (PP);
• Estirênicos: ABS, EPS, poliestireno (PS), RAC estirenada, resina SAN, SBR, látices de
SBR, TR, UPR;
• Tensoativos: álcoois etoxilados, aminas graxas etoxiladas, LAS, LESS, nonilfenol
etoxilado, outros etoxilados, oolietilenoglicóis;
• Poliamidas: poliamida 6, poliamida 6.6;
• Poliuretanos: MDI, poliésteres polióis, poliéteres polióis e TDI;
• PET: PET fibra, PET garrafa;
• Diversos: ácido acrílico (SAP, acrilatos), acrilonitrila, anidrido ftálico, anidrido maleico,
borracha butadieno (BR), EPDM, fenol, oxo-álcoois, polibutileno tereftalato (PBT),
policarbonato (PC) e propelentes.
Nafta
39
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
As frações de gás natural bruto são importantes insumos petroquímicos para a 2ª geração,
principalmente: metano para a produção de fertilizantes42 e metanol; etano e propano para a
produção de eteno e propeno e seus polímeros e derivados.
O gás natural seco e os seus líquidos (etano, propano, butano) são fracionados do gás
natural bruto nas UPGNs, e é consumido, predominantemente, como combustível. O
etano, quando não é separado e utilizado como insumo dos crackers, é comercializado
como combustível junto com o metano. Uma pequena quantidade do propano produzido
no Brasil é utilizada como carga do cracker do Rio de Janeiro, e o volume restante, junto
com o butano, é consumido como GLP.
Devido à abundância de gás natural nos Estados Unidos (shale gas) e Oriente Médio e ao
consequente baixo custo de etano e propano, a produção de olefinas nessas regiões tornou-
se muito competitiva, afetando diversas cadeias produtivas, principalmente a do eteno.
No Brasil, o etano e propano extraídos do gás natural e utilizados para fins petroquímicos
são separados na UPGB de Cabiúnas (Norte Fluminense) e utilizados pela Braskem para a
produção de eteno no Rio de Janeiro (UNIB 4). A estimativa de produção de etano e
propano pela UPGN de Cabiúnas em 2013 e fornecidos à Braskem é de 395 mil toneladas43
de cada.
O butano tem menor uso como petroquímico, exceto em regiões com produção elevada e
menor consumo de GLP, como Oriente Médio e Estados Unidos, onde é usado como carga
de crackers. O principal consumo mundial de butano é para a produção de gasolinas
alquiladas (no Brasil, pela RPBC, em Cubatão). Para a petroquímica, a demanda de butano
chegou a 66 mil toneladas em 2013 e cresceu 14,4% ao ano de 2007 a 2013, para a produção
de propelentes.
A oferta brasileira de gás natural seco alcançou, em 2013, cerca de 92 milhões de metros
cúbicos por dia (m³/d), sendo 47 milhões de m3/d de produção doméstica, 30 milhões de
m³/d importados da Bolívia e 15 milhões de m³/d importados como GNL. Dessa demanda,
a indústria química nacional consumiu efetivamente 5,5 milhões de m3/d, sendo 3,1 milhões
de m3/d direcionados para fertilizantes e 2,4 milhões de m3/d para outros usos químicos.
A Figura 28 resume a oferta das matérias primas petroquímicas no Brasil em 2013. Nesta
tabela, a oferta de metano (gás natural seco) é equivalente à demanda para petroquímica e
representa apenas uma fração reduzida da oferta de gás natural no Brasil.
Eteno
No Brasil, a Braskem produz a totalidade do eteno. Perto de 80% é fabricado nos crackers de
nafta localizados em Camaçari (UNIB 1 - BA), São Paulo (UNIB 3 - SP) e Canoas (UNIB 2 -
RS). Cerca de 15% do eteno é produzido com base em líquidos de gás natural (etano e
propano), no cracker de Duque de Caxias (UNIB 4 - RJ). Perto de 5% da produção de eteno é
baseada em etanol, no Rio Grande do Sul, destinada, especificamente, para a fabricação de
“polietileno verde”. A capacidade nominal total de produção dessa empresa, no Brasil, é de
3,95 milhões de toneladas por ano44.
Em 2013, a produção nacional de eteno alcançou cerca de 3,4 milhões de toneladas com
demanda efetiva de 3,3 milhões de toneladas. Tal demanda cresceu 5,1% ao ano de 2007
a 2013, sendo 2/3 deste valor em função do seu uso para a produção de resinas
termoplásticas (polietileno).
44 ABIQUIM
41
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
No mundo, cerca de 46% do eteno produzido e consumido é fabricado com base na nafta e cerca
de 36%com base em líquidos de gás natural (etano e propano. Atualmente, estão surgindo novas
rotas com base no gás natural (MTO – “Methane to Olefins”), ainda com competitividade
limitada. A capacidade instalada mundial de produção de eteno alcançou, em 2013, cerca de 130
milhões de toneladas para uma demanda da ordem de 133 milhões de toneladas.
Propeno
No Brasil, o propeno é produzido nos crackers de nafta da Braskem (60%) e nas refinarias da
Petrobras (40%) e, em pequeno volume, como co-produto do cracker de líquidos de gás
natural do Rio de Janeiro. Como existe tendência à escassez desse insumo, devido à redução
de novos investimentos em crackers de nafta e das refinarias, estão surgindo novas rotas
tecnológicas, com destaque para a desidrogenação de propano e a rota MTO indicada acima.
A capacidade de produção de propeno, no Brasil, é de cerca de 2,8 milhões de toneladas, das
quais 1,6 mil são produzidas nas quatro UNIBs da Braskem e 1,2 mil nas refinarias REDUC,
RLAM e REPLAN, da Petrobras.
Em 2013, a produção nacional de propeno alcançou cerca de 2,2 milhões de toneladas com
demanda efetiva local de 2 milhões de toneladas. Tal demanda cresceu 3,1% ao ano de 2007
a 2013, sendo 2/3 pela produção de polipropileno (PP).
Butadieno
Em 2013, a produção nacional de butadieno alcançou 390 mil toneladas, com demanda
aparente nacional de 334mil toneladas.Tal demanda cresceu 0,6%ao ano de 2007 a 2013, para
a produção de borrachas (SBR e BR).
O butadieno tende a se tornar escasso pelas mesmas razões do propeno, e estão surgindo
novas rotas, principalmente a desidrogenação do butano, além de rotas naturais de
fermentação de açúcares. O percentual de butadieno fabricado por essas rotas específicas já
alcança cerca de 5% da produção mundial e deverá alcançar 23% até 202345.
No Brasil, os aromáticos são produzidos pela Braskem nos seus crackers e reformas de nafta e,
limitadamente, na Refinaria RPBC da Petrobras (Cubatão). A maior parte da produção de o-
xileno é isomerizada a p-xileno, seu produto mais nobre. O tolueno, com mercado reduzido
e representado sobretudo, por solventes, é parcialmente desproporcionado em benzeno e p-
xileno ou exportado. Além disso, o tolueno e xilenos mistos são utilizados no refino como
boosters de gasolina.
Benzeno
Em 2013, a produção nacional de benzeno alcançou 868 mil toneladas, para uma demanda
aparente nacional de 1 milhão de toneladas. Tal demanda cresceu 2,7%ao ano de 2007 a 2013,
sendo que a principal (1/3 do total) advém da produção de poliestireno (PS).
Tolueno
No Brasil, a capacidade de produção de tolueno é de 280 mil toneladas por ano, sendo 195
mil da Braskem, 7 mil da Unigel e 78mil da Petrobras (RPBC), não incluindo o que é
consumido na refinaria como booster.
Em 2013, a produção nacional de tolueno alcançou 201 mil toneladas, advinda somente da
Braskem, com demanda aparente nacional de 175 mil toneladas. Tal demanda diminuiu
0,9%ao ano de 2007 a 2013, para a produção de TDI e solventes.
p-Xileno
Em 2013, a produção nacional de p-xileno alcançou 126 mil toneladas, para uma demanda
aparente nacional de 441 mil toneladas. Tal demanda cresceu 4%ao ano de 2007 a 2013, para
a produção de PTA.
o-Xileno
Em 2013, a produção nacional de o-xileno alcançou 65 mil toneladas, com demanda aparente
nacional de 94 mil toneladas. Tal demanda cresceu 2,3% ao ano de 2007 a 2013, para a
produção de anidrido ftálico.
43
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
No mundo, cerca de 46% de todos os petroquímicos de 1ª geração são obtidos com base na
nafta, enquanto, no Brasil, esse percentual é bem maior, alcançando 86%. Considerando
apenas o eteno, o principal em volume entre os petroquímicos de 1ª geração, 47% são
obtidos por craqueamento de nafta no mundo, enquanto, no Brasil, esse percentual alcança
80%.
Capacidade e oferta dos principais petroquímicos de 1a geração e metano no Brasil (Kta; 2013)
Capacidade
Petroquímico 1a Oferta
geração e Metano Braskem Braskem Braskem Braskem 1 2013 3
Unigel Total
UNIB 1-BA UNIB 2- RS UNIB 3-SP UNIB 4-RJ Petrobras
Figura 30: Capacidade e oferta dos principais petroquímicos de 1a geração e metano no Brasil
44
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Nota: * – Total de Gás Natural Seco equivale a 12,4 Mm3/dia (fator de conversão 0,717 kg/m3); não considera demanda de
metano por químicos fora da petroquímíca.
Fonte: ABIQUIM, Nexant, AliceWeb, Análise Bain/Gas Energy
46Existe também um terceiro cenário, designado Otimista, que considera premissas mais favoráveis
para a projeção de oferta de gás natural. No entanto, essa projeção é muito diversa das previsões da
Petrobras e do PDE (Plano Decenal de Expansão de Energia, 2013 -2022 da EPE – Empresa de
Pesquisa Energética ligada ao Ministério de Minas e Energia) e, portanto, não foi considerado neste
relatório.
45
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• Volume líquido de produção do gás natural devido ao alto teor de CO2 verificado nos
campos do Pré-sal, incluindo o campo de Libra;
• Volume de gás natural para o mercado (transportada via gasoduto) devido à decisão
estratégica e/ou técnica de aumentar o volume de reinjeção nesses campos.
Essa incerteza é menor nos campos que já se encontram em desenvolvimento e que vão
direcionar o gás natural para as UPGNs do Sudeste por meio dos gasodutos conhecidos por
Rota 1 (Caraguatatuba), Rota 2 (Cabiúnas) e Rota 3 (Maricá).
Apesar das incertezas, pode ser constatado que a projeção da oferta de gás natural, no
cenário Conservador, é aderente à projeção oferecida pela Petrobras47, enquanto, no cenário
Base, é muito próxima da projeção do PDE 2013-202248 (Figura 33).
Notas: * - A partir de 2022, foi considerado o crescimento progressivo até a média de 168 Mm3/d entre 2020 e 2030
Fonte: PDE (MME), Petrobras, Análise Bain / Gas Energy
47
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• Refinarias atuais:
o Substituição parcial de petróleo pesado por leve (+1,3 Mm³ por ano de nafta);
o Aumento da oferta de condensados como carga de cracker de nafta (+0,8 Mm3 por
ano de nafta);
o Aumento do direcionamento para gasolina: reforma de nafta e maior participação
de nafta na gasolina (- 3,3 Mm³ por ano de nafta).
• RNEST – Abreu e Lima (PE): perfil de uma refinaria Premium com otimização da
produção de diesel 10. Primeiro trem iniciando produção no 4º trimestre de 2014 e o
segundo no 2º trimestre de 2015;
• Comperj 1º Trem – 1T (RJ): perfil de refinaria com perfil clássico. Início de produção em
2016;
• Premium I 1º Trem – 1T (MA): perfil de refinaria com produção voltada para
combustíveis de alta qualidade. Início de produção em 2018;
• Premium II (CE): perfil de refinaria Premium replicável, porém com maior produção de
diesel 10. Início de produção em 2019;
• Premium I 2º Trem – 2T (MA) e Comperj 2º Trem – 2T (RJ): perfil de refinaria
Premium replicável, seguindo o mesmo perfil da Premium I, 1º trem. Início de produção
em 2024 e 2026, respectivamente50.
A projeção de nafta considerou a capacidade das refinarias atuais e novas planejadas (RNEST,
Premium I e II, Comperj) - Anexo D. Para a projeção de gás natural e seus derivados diretos -
metano, etano e propano – utilizou-se a produção esperada das UPGNs atuais e novas
planejadas e o volume excedente de gás natural a ser produzido com potencial máximo de
separação.
As projeções de demanda potencial de petroquímicos foram realizadas pelo Consórcio com base
na projeção de demanda dos produtos petroquímicos de 2ª geração e os yields de produção.
Estas refinarias permanecem em avalição e ainda não existe previsão de data para construção,
50
embora o Plano Estratégico 2030 da Petrobras preveja a sua construção antes de 2030.
48
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Conforme mencionado no capítulo 3.1, a oferta de gás natural seco para a indústria
petroquímica deve ser, preferencialmente, proveniente da parcela inflexível, pois, assim, é
possível maior garantia de fornecimento a longo prazo e melhor competitividade, condições
necessárias para investimentos na 1ª geração petroquímica. Com isso, os cenários de oferta,
representados na Figura 34, não consideram a parcela flexível da oferta.
Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco Potencial de oferta e demanda1 de gás natural seco
Cenário Conservador Cenário Base
(Mm3/dia) (Mm3/dia)
Demanda
potencial
máxima
Metanol2
Fertilizantes2
Demanda
inflexível
Metanol2
Fertilizantes2
Termelétricas
(real/média)
Outros demandas
Oferta
inflexível
Parcela União
(Libra)
Produção Pré-Sal
Produção outros
Bolívia TOP
Notas: 1 - Considera demanda real em 2013 e estimativa de demanda firme em 2020, 2025 e 2030 com despacho médio das termelétricas. Demanda
termelétrica máxima seria atendida pela oferta flexível
2 - Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
Fonte: ANP, Petrobras, Abiquim, Análise Bain / Gas Energy
Figura 34: Potencial de oferta e demanda de gás natural seco – Cenários Conservador e Base
No cenário Conservador, o volume disponível de gás natural seco ainda não seria suficiente
para atender a demanda potencial máxima brasileira no ano de 2030. Já no cenário Base,
seria possível atender essa demanda máxima a partir de 2025.
Eteno
49
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Potencial oferta e demanda1 de eteno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de eteno no Brasil
Cenário Conservador Cenário Base
(Mt) (Mt)
Demanda
Outros
PE/Resinas
Termoplásticas
Oferta via gás
(Pré-Sal2)
Não Alocado3
Projetos
Atuais4
Oferta via nafta
Não Alocado3
Crackers atuais
Notas: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
2 – Inclui também a bacia de Campos
3 – Produção de eteno via nafta (cracker cargas líquidas) é menos competitiva do que via gás natural (cracker cargas leves)
4 – Projetos atuais incluem Cabiúnas (Rota 2) e Maricá (Rota 3)
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy
No cenário Conservador, a oferta potencial de eteno não seria suficiente para atender a
demanda potencial no ano de 2030. Já no cenário Base, seria possível a partir de 2020.
Propeno
O propeno é, normalmente, produzido nos crackers de nafta ou refinarias 51 com FCC para
produção de gasolina. Com a redução dos investimentos nesses dois processos, o propeno tende
a ficar escasso no mundo para atender a demanda sempre crescente, inclusive no Brasil onde
não estão previstas novas unidades de refinarias com FCC, não existe expectativa de ampliação
dos atuais crackers de nafta da Braskem. O balanço apresentado na Figura 36 considera a
premissa de aproveitamento potencial máximo de etano e propano para a produção de eteno,
com propeno adicional sendo produzido nos crackers de cargas leves. A oferta via gás natural
inclui, também, a parcela da Bacia de Campos, recebida pela UPGN, de Cabiúnas.
51 As refinarias atuais que produzem propeno via FCC são: REDUC, RLAM, RECAP, RPBC e
REPLAN.
50
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Potencial oferta e demanda1 de propeno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de propeno no Brasil
Cenário Conservador Cenário Base
(Mt) (Mt)
Demanda
Outros
Poliéteres
Polióis
Polipropileno
Oferta via gás
(Pré-Sal2)
Não Alocado3
Projetos
Atuais4
Oferta via nafta
Não Alocado3
Crackers atuais
(Braskem)
Oferta via refino5
Refinarias atuais
(Petrobras)
Notas: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
2 – Inclui também a bacia de Campos
3 – Produção de eteno via nafta (cracker cargas líquidas) é menos competitiva do que via gás natural (cracker cargas leves)
4 – Projetos atuais incluem Cabiúnas (Rota 2) e Maricá (Rota 3)
5 – Não há perspectiva de nova produção de propeno via refinaria
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy
Tanto no cenário Conservador quanto no cenário Base, a oferta potencial de propeno não
seria suficiente para atender a demanda potencial até o ano de 2030.
Deve ser notado que existe a possibilidade de oferta adicional de propeno nas refinarias da
Petrobras, entre 2018 e 2021, quando a produção de GLP ultrapassar a demanda do mercado
interno. Atualmente, a Petrobras adiciona o propeno não entregue à Braskem ao pool de GLP.
O propeno é produzido nas refinarias nas unidades de FCC e nas de coque verde (CVP).
Neste relatório, estima-se ser possível uma oferta adicional de propeno de 0,3 milhões de
toneladas por ano com pequenos investimentos pontuais em refinarias, alinhamento das
unidades de CVP e FCC e desgargalamento dos splitters de propeno.
Aromáticos e Butadieno
Potencial oferta e demanda1 de benzeno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de xilenos2 no Brasil
(Mt) (Mt)
Notas: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
2 – Não considera demanda de xilenos mistos para produção de solventes
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy
A Figura 37 mostra, também, que a oferta potencial de benzeno e xilenos não seria suficiente
para atender toda a demanda potencial até o ano de 2030.
Potencial oferta e demanda1 de tolueno no Brasil Potencial oferta e demanda1 de butadieno no Brasil
(Kt) (Kt)
Nota: 1 – Demanda potencial considera demanda direta e volume contido nos petroquímicos de 2ª geração importados
Fontes: Abiquim, Nexant, Análise Bain / Gas Energy
A Figura 38 mostra que a oferta potencial de tolueno atenderia sua demanda, enquanto a de
butadieno não seria suficiente para atender sua demanda a partir de 2020.
Estados Unidos
Foram observadas duas políticas principais nos EUA com impacto na disponibilidade de
matéria-prima petroquímica: a proibição da exportação de gás e petróleo e a especificação
do poder calorífico do gás natural transportado nos dutos de transporte.
A proibição de exportação de gás e petróleo teve suas razões iniciais, na década de 1970,
devido a dois fatores principais:
53
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
México
55 As empresas Pioneer Natural Resources Co. e Enterprise Products Partners LP tiveram a permissão
concedida para exportar pequenas quantidades de petróleo ultra leve, da formação Eagle Ford no
Texas, em Agosto de 2014.
54
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
O principal resultado dessa nova política foi o desenvolvimento do Projeto Etileno XXI de US$ 3
bilhões, envolvendo as parceiras Braskem (Brasil) e IDESA (México). Em 2011, essas duas
empresas concordaram em investir na produção de um cracker de eteno com capacidade de 1
milhão de tonelada por ano de, utilizando como carga um suprimento de 66 mil barris por dia
de etano. Esse acordo foi possível por causa da garantia de suprimento de 20 anos desse insumo
pela PEMEX em termos competitivos. Esse projeto permitirá substituir importações de
polietilenos equivalentes a US$ 2 bilhões ao ano, gerando de 6 a 8 mil empregos durante a
construção e 800 empregos diretos durante a operação56 do empreendimento.
Índia
Até recentemente, as plantas químicas da Índia estavam dispersas por todo o país devido
aos incentivos oferecidos pelos respectivos governos estaduais. Assim, o governo indiano,
por meio do Departamento de Químicos e Petroquímicos (DoC&PC) do Ministério de
Químicos e Fertilizantes, identificou a necessidade de formar clusters com fornecimento de
instalações comuns de infraestrutura para lidar com as limitações, também comuns, de
tratamento de efluentes, transporte e estradas, fornecimento de energia, instalações de água,
etc.
O programa PCPIR (Petroleum, Chemicals & Petrochemical Investment Regions) teve início em
2006, para promover o investimento nacional e estrangeiro no setor químico, por meio da
criação de grandes clusters, com forte apoio de infraestrutura, para impulsionar a produção,
a exportação e o emprego. Os PCPIRs devem capturar os benefícios da integração e
compartilhamento de serviços comuns de infraestrutura e apoio.
Visakhapatnam
(Andhra Pradesh)
Mangalore
(Karnataka) PCPIRs em construção/
Cuddalore comissionados
(Tamil Nadu) PCPIRs planejados,
mas não implementados
Embora a Índia tenha suprimento garantido e suficiente de nafta, existe escassez de vários
petroquímicos de 1ª e 2ª geração, como tolueno, metanol, naftaleno, óxido de eteno, etc.
Além disso, o país também possui limitações com a disponibilidade de matérias-primas
inorgânicas, como enxofre, fosfato e cloreto de potássio.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Desse modo, o governo delineou várias maneiras para melhorar a disponibilidade e alocação
da matéria-prima e produtos de 1ª geração petroquímica. Especificamente em relação aos
PCPIRs, o Consórcio Cracker é a iniciativa mais importante:
De acordo com esse conceito, o principal produto de 1ª geração seria produzido pelo cracker,
e as empresas privadas a jusante seriam encorajadas a manter uma participação nessa
unidade, dependendo da necessidade dos produtos a serem utilizadas. Tais empresas, então,
assinariam contratos de longo prazo para garantir o fornecimento de matéria-prima.
58Recomendação da Federation of Indian Chambers of Commerce and Industry (FICCI) visto que a alocação
e precificação da matéria-prima do cracker para as cadeias a jusante tem sido litigiosas com menores
investimentos em capacidade do que o previsto.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Para minimizar o problema de transição entre a situação atual de uma unidade âncora e o
modelo de cluster praticado internacionalmente, o DoC&PC propõe-se a atingir a posição
desejada por meio de um processo de três fases:
Além disso, o governo indiano também desenvolveu outras políticas nacionais para reforçar
a garantia de disponibilidade de matérias-primas, como:
Arábia Saudita
No fim da década de 1970, com os choques do petróleo (1973/78), o preço do crude salta de
US$ 2 para US$30 por barril, levando o governo saudita a utilizar o gás associado, antes
queimado, para a geração de energia elétrica e fabricação de petroquímicos.
58
Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Assim, em 1976, a SABIC59 é criada com o objetivo de agregar valor ao gás e diversificar a
economia. Nesse momento, a empresa faz investimentos em joint ventures com IOCs e
grandes empresas estrangeiras para ter acesso à tecnologia e mercados. A matéria-prima era
fornecida pela NOC Saudi Aramco, com etano e gás natural a preço fixo, e LPG e nafta
indexados a preços internacionais, mas vendidos com descontos. Além disso, técnicos foram
enviados para os Estados Unidos para treinamento durante a construção das plantas. Com
isso, a empresa visava aprender a operar e comercializar seus produtos de forma
independente.
Em 1984, a SABIC faz um IPO, mas o governo mantém 70% de participação na empresa. A
partir de 1985, a empresa inicia projetos sem participação estrangeira e com tecnologia licenciada.
Dessa forma, a evolução da capacidade de eteno obtido por craqueamento na Arábia Saudita
saltou de 2,3 Mt em 1994 para 5,7 Mt em 2002 e 10,7 Mt em 2010, com aproximadamente 60%
dos crackers situados no 1º quartil de escala global60, atingindo o menor custo de produção
do mundo devido à oferta de matéria prima petroquímica extremamente barata. Assim, a
indústria petroquímica do país se desenvolveu em dois polos importantes - Yanbu e Jubail –
e, atualmente, é exportadora baseada em gás associado de baixo custo61.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
O cracker de cargas leves tem como insumos principais o etano e o propano, produzindo
predominantemente eteno e quantidades reduzidas de propeno como subproduto. Não
produz nem aromáticos nem butadieno.
Esta é a alternativa atualmente mais competitiva para produzir eteno, desde que etano e
propano possam ser adquiridos por preços também competitivos. O preço do etano é
formado, conceitualmente, pelo preço do gás natural acrescido do custo de separação na
UPGN e da margem do operador, podendo ser influenciado (pelo menos no mercado
americano) por condições de oferta e demanda. O propano, com preços anteriormente
indexados ao preço do petróleo, passa a ser regulado principalmente pela oferta e demanda,
sofrendo a influência do excesso de produção norte-americana (consequência do shale gas). A
Figura 40 mostra o diagrama de um cracker de cargas leves, com valores exemplificativos.
Por essa razão, cerca de 50% da produção dos produtos de 1ª geração petroquímica do
mundo continuam a ser feitas via cracker de nafta e, embora em ritmo menor, novos crackers
também continuam sendo construídos.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Processo PDH
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Esse processo pode utilizar como carga o propano ou GLP, produzindo propeno ou propeno
e butenos (i-buteno e n-buteno). A alternativa de usar GLP como carga é a preferida por
refinadores, pois o i-buteno é insumo para produção de gasolina alquilada (o n-buteno
produzido é facilmente isomerizado a i-buteno).
No Brasil, esse processo pode ser uma opção para produção de propeno com base no
propano, mais eficiente do que o craqueamento de propano, ou ainda para produção de
gasolina alquilada e pode ser utilizado em conjunto com qualquer uma das alternativas. A
Figura 43 apresenta um modelo de uma Planta Oleflex (tecnologia UOP) para
desidrogenação de propano e butano, com um arranjo possível conjugado a um cracker de
cargas leves, com números apenas exemplificativos.
Refinaria petroquímica
Essa refinaria produz também um elevado volume de combustíveis (diesel, querosene, GLP
e coque verde de petróleo), de modo que precisa conter unidades típicas de uma refinaria de
combustível (HDT e seus subsistemas, unidade de coque retardado, etc.). O conceito que
utiliza esses combustíveis como carga do cracker reduz valor e torna a refinaria petroquímica
menos competitiva. Por essa razão, essa refinaria clássica e convencional, maximiza a
produção de petroquímicos. A Figura 45 mostra um arranjo possível, com os valores
indicados representando apenas um exemplo entre numerosas possibilidades.
Petróleo Etano
200 kbbl/d 360 Kta
Propano
240 Kta
Eteno
Gasóleo Gasóleo 470Kta
HDT
UDA UDV PFCC
(HVGO) Propeno
700 Kta
Nafta
Resíduo GLP
UCR
HDT Nafta
Mercado Nafta Nafta Nafta
2,3 Mta
CVP
Diesel
2,1 Mta
Diesel 3,5 Mta
HDT
Diesel
Mercado
GLP
GLP
Notas: Nem todas as conexões e saídas foram ilustradas 600 Kta
Fonte: Análise Bain/Gas Energy
Esta alternativa conjuga a produção de três unidades: cracker de cargas leves para a
produção de eteno, PDH para a produção de propeno e reforma para a produção de
aromáticos. Essa configuração utiliza a entrada de: etano e propano para o cracker de cargas
leves, propano para o PDH e nafta para a reforma. A Figura 46 ilustra esta alternativa e os
volumes produzidos de produtos de 1ª geração petroquímica.
Propano Propeno
PDH
Propano (UPGN) Eteno
600 Kta 520 Kta
Propano + etano Cracker
Etano (UPGN) Cargas Leves Propeno
530 Kta 400 Kta
Benzeno
Fracionamento 630 Kta
Nafta Reforma de
e Tratamento
2,4 Mta Nafta
de BTX1 Tolueno
0 Kta
P-Xileno
1,0 Mta
• Produz eteno utilizando etano e propano, que são mais competitivos do que a nafta;
• Menor volume de Capex dentre as três alternativas avaliadas.
Esta alternativa conjuga a produção de três unidades: cracker de cargas mistas para a
produção de eteno e aromáticos, PDH para a produção de propeno e reforma para a
produção de BTX. Essa configuração utiliza a entrada de nafta para a reforma (entrada do
cracker de cargas mistas), propano para o PDH e BTX e etano para o cracker de cargas mistas.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
• Menor rendimento do cracker para produção de eteno (menos competitivo do que via
etano e propano);
• Necessita de nafta para carga de entrada (necessita de swap ou processamento de petróleo).
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
Etano
Propano Eteno
Gasóleo Gasóleo Eteno 1,3 Mta
HDT Cracker
UDA UDV PFCC
(HVGO) Propeno Cargas Leves Propeno
780 Kta
Nafta
Resíduo GLP
Fracionamento BTX Benzeno
Fracionamento 650 Kta
de Nafta
UCR e Tratamento
Nafta craqueada Tolueno
de BTX
0 Kta
HDT Nafta Reforma de
P-Xileno
Mercado Nafta Nafta Nafta Reformado
1,0 Mta
CVP
Diesel
2,1 Mta Mercado
Diesel 3,5 Mta
HDT
Rafinado
Diesel
Mercado 210 Kta
GLP
GLP
600 Kta
Notas: Nem todas as conexões e saídas foram ilustradas; Volumes de BTX considerando isomerização e desproporcionamento
Fonte: Análise Bain/Gas Energy
• Não necessita de nafta para carga de entrada (carga de entrada direta de petróleo da
União);
• Não necessita, obrigatoriamente, de gás natural (etano e propano) como carga de
entrada;
• Produz eteno complementar via etano + propano mais competitiva do que via nafta.
A opção pela refinaria petroquímica deve ser a mais vantajosa para a União, principalmente
porque essa configuração independe da disponibilidade de gás natural. Dessa forma, a
oferta de gás natural complementa a produção para reduzir o custo das MPs petroquímicas,
mas sua ausência não inviabiliza o projeto, como nas alternativas de crackers de cargas leves
e mistas. Além disso, como a carga de entrada principal é o petróleo, não há a necessidade
de fazer um swap por nafta de outra região/país, otimizando a logística operacional e
reduzindo custos. Assim, a refinaria também produziria, sem destruição de valor,
combustíveis que ajudariam a diminuir o deficit doméstico, diminuindo a necessidade de
investimentos para esse fim.
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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6
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