1) Em 30 de junho de 1908, uma explosão misteriosa devastou uma área de 900 km2 na Sibéria, derrubando milhões de árvores.
2) Pesquisadores soviéticos passaram décadas tentando explicar o fenômeno, propondo teorias como meteorito, cometa ou explosão nuclear.
3) Atualmente acredita-se que pode ter sido um bloco de antimatéria que explodiu ao entrar em contato com a atmosfera terrestre.
1) Em 30 de junho de 1908, uma explosão misteriosa devastou uma área de 900 km2 na Sibéria, derrubando milhões de árvores.
2) Pesquisadores soviéticos passaram décadas tentando explicar o fenômeno, propondo teorias como meteorito, cometa ou explosão nuclear.
3) Atualmente acredita-se que pode ter sido um bloco de antimatéria que explodiu ao entrar em contato com a atmosfera terrestre.
1) Em 30 de junho de 1908, uma explosão misteriosa devastou uma área de 900 km2 na Sibéria, derrubando milhões de árvores.
2) Pesquisadores soviéticos passaram décadas tentando explicar o fenômeno, propondo teorias como meteorito, cometa ou explosão nuclear.
3) Atualmente acredita-se que pode ter sido um bloco de antimatéria que explodiu ao entrar em contato com a atmosfera terrestre.
O dia 30 de junho de 1908 amanheceu tranquilo e sem nenhum
prenúncio de chuvas. O povo de Tunguska, na Sibéria, iniciava suas atividades cotidianas, quando de repente se ouviu violenta explosão. Alguns caçadores, de passagem pelo posto de trocas de Vanavara, viram uma coluna de fogo se elevando a grande altura sobre o horizonte, e em seguida ouviram um estouro sem prece- dentes. Perto da cidade de Kansk, a novecentos quilômetros de Vanavara, um maquinista freou o trem certo de que a caldeira da locomotiva tinha explodido. Instantes após, terrível furacão varreu as florestas, derrubou árvores e destelhou casas. A onda de choque circulou a Terra duas vezes e foi registrada em Lon- dres. Os rios da Sibéria se agitaram e pequenas embarcações afundaram.
Da Europa ao Extremo Oriente, os sismógrafos acusaram o
abalo e durante uma semana o mundo todo estranhou a extraordi- nária claridade das noites. Em Paris, lia-se, normalmente, sem o auxilio de luz artificial. Já em Moscou, puderam dispensar as lâmpadas de magnésio para fotografias noturnas, tal o brilho do céu. Gradativamente tudo voltou ao normal e o fenômeno foi es- quecido. Os estudiosos informaram que um "gigantesco bólido" tinha caído na Sibéria. Essa e muitas outras explicações têm sido, até hoje, motivo de controvérsia e discussões. Admitem alguns que a origem da catástrofe está ligada ao deslocamento de um bloco de antimatéria. Outros afirmam tratar-se de aerona- ve oriunda de regiões estranhas que explodiu no ar quando pre- tendia aterrissar.
A Rússia, por volta de 1921, atravessava uma fase finan-
ceira difícil, em decorrência da Guerra Civil. Nessas condi- ções, não havia verba para expedições cientificas. Apesar disso, Leonid Kulik, funcionário do museu mineralógico de Le- ningrado, conseguiu recursos para tentar a elucidação do mis- tério siberiano.
O acesso ao ponto onde se acreditava ter caído a "coisa"
era quase impraticável. A região de Tunguska, numa extensão de milhares de quilômetros, é formada de pântanos gelados e espessas Florestas. Além disso, Kulik e seus companheiros de- paravam com a oposição dos camponeses que negavam ajuda, con- victos de que o deus Ogdy, tendo descido naquele local, des- truiria pelo fogo quem se aproximasse dele. Todos os homens levados por Kulik o abandonaram depois de alguns meses de buscas infrutíferas e se recolheram para Vanavara, doentes e esgotados. Kulik, auxiliado apenas por um dos mais corajosos guias da região, continuou a pesquisa. Certa manhã de inverno de 1927, atingiram o monte Shakhorma e, deslumbrados, avista- ram a imensa floresta de pinheiros, bétalas e vidoeiros, to- talmente devastada. Arvores enormes, tombadas inexplicavel- mente numa mesma direão. Kulik teve certeza de que ali esta- vam os elementos para complementar seus estudos. Todavia, sua saúde, bastante abalada, o impedia de prosseguir. E forçado pelo guia, temeroso da vingança do deus Ogdy, ele regressou a Vanavara.
Na primavera de 1928, Kulik, seguido por novos companhei-
ros, retornou ao local. Examinando troncos tombados e verifi- cando que a área arrasada atingia a 9 mil quilômetros quadra- dos, convenceu-se de que somente a queda de um bólido desco- munal poderia ter provocado a explosão. Com essa certeza es- cavou a terra, buscando fragmentos para análise. Não encon- trou nada. Estranhou o fato de não existir nenhuma cratera No centro da suposta explosão existiam apenas pântanos cobertos em parte por várias árvores ainda em pé. Isso não fazia sen- tido, pois, se tivessem sido atingidas pelo impacto de um bó- lido, as árvores teriam sido pulverizadas. Embora não houves- se explicação lógica para detalhes e mesmo não dispondo de material para análises mais profundas, Kalik, teimosamente, manteve sua teoria. As primeiras fotos do local só foram con- seguidas entre 1938 e 1939, mas a Segunda Guerra Mundial pro- vocou a interrupção das pesquisas e Kulik, sem completar seu trabalho, morreu em combate.
A revista soviética Vokrug Sveta ( O Mundo ) publicou em
1945 uma história de ficção científica relatando a explosão de uma astronave de outro planeta, sobre a Sibéria. Segundo a revista, "o engenho explodiu no ar e volatilizou-se completa- mente". De certa forma, isso explica a ausência de fragmentos e justifica a presença de algumas árvores "em pé", provavel- mente aquelas localizadas sob o ponto da explosão. Essa hipó- tese, aceita apenas pelo astrônomo Felix Ziegel, foi combati- da por cientistas de renome, como Vassili Fesenkov e o secre- tário científico do Comitê de Meteoritos, Yevgeni Krinov. Em 1951, Krinov disse que a explosão do meteoro de Tunguska não tinha ocorrido a centenas de metros de altitude, mas sim quando o bólido atingiu o solo. A cratera formada ficou, de- pois, cheia de água e lama. "Não existe nenhum mistério sobre a explosão de Tanguska", concluiu Krinov. Quanto à ausência de detritos e a propósito das árvores "em pé", nada esclare- ceu.
Após a visita ao local, por diversos grupos de estudantes
de geologia e astronomia, em 1959, a discussão recomeçou. Eles descobriram novos fatos sobre o fenômeno. Todos, sem exceção, negaram a origem meteórica. Um dos grupos, chefiado por Ghea- nadi Plekhanov e Nicolai Vasiliev, falava em "aglomerado de poeira cósmica", enquanto outro, comandado por Alexei Zolotov, defendia a idéia de explosão nuclear. Resolvendo pôr fim a tantas explicações discordantes, o Comitê de Meteoritos da Aca- demia de Ciências da União Soviética organizou uma expedição liderada por Kyrill Florensky e a enviou a Tanguska. Depois de tantos anos de pesquisa, o relatório oficial concluiu: "A me- lhor explicação é aceitar que o meteoro explodiu no ar". Kri- nov, que em 1951 refutara a "louca hipótese" de que o meteoro tinha explodido no ar, agora apoiava tal afirmação. As explica- ções oficiais aumentavam, e com elas a confusão. Tanto mais confusos ficaram os meios científicos quando Fesenkov, presi- dente da Academia de Ciências, em 1953, e lançou a Teoria Co- metária. Segundo ela "ninguém mais pode duvidar que um cometa caiu na Sibéria".
Acreditava Fesenkov que um cometa teria penetrado na
atmosfera, com velocidade suficiente para nao se consumir pelo atrito. O professor Kyrill Stanyakovich, estudando essa hipóte- se concluiu que para um cometa atingir o solo deveria medir mi- lhares de metros de diâmetro e desenvolver velocidade de 28 quilômetros por segundo. De outro lado, o mapa elaborado pelo Comitê de Meteoritos mostrava todas as árvores tombadas em vol- ta de um ponto central, atestando que a "coisa" explodira ins- tantaneamente e não linearmente, como aconteceria a um comêta. Além disso nenhum observatório registrou a aproximação de qual- quer cometa, na ocasião.
Finalmente, transferidas todas as informações ao computa-
dor, em Moscou, as respostas foram contrárias à Teoria Cometá- ria, apurando-se que a velocidade desenvolvida pelo corpo es- tranho, caído na Sibéria, variava entre 750 a 1 800 metros por segundo, quando penetrou na atmosfera. Qualquer cometa, cami- nhando tão lentamente, seria desintegrado muito antes de atin- gir as camadas atmosféricas mais baixas e o solo nem sentiria os efeitos.
Quase no fim de 1965, os norte-americanos Willard Libby e
Clyde Vowan, detentores do Prémio Nobel, aceitavam como possí- vel a teoria levantada por outro norte-americano, Milton La Paz, sobre a antimatéria, encontrada no espaço, ainda que o seu aparecimento naquela parte do universo pudesse ocorrer raramen- te. O físico La Paz examinou a possibilidade de um bloco de an- timatéria, de apenas duzentos gramas, ter explodido ao entrar em contato com a atmosfera. Consequentemente, a liberação de enorme quantidade de energia teria causado a destruição em Tunguska. A revista Nature publicou artigo sobre essa teoria e reativou a polêmica. Consultado pela revista soviética Nedelya, o geólogo Kyrill Florenski negou-se a aceitar a opinião dos norte-ameri- canos e manteve sua Teoria Cometária, deixando assim indefinida a reportagem intitulada O Fim do Mistério de Tunguska.
Argumentava Florenski que não fora detectada radiação re-
sidual, no local. Nesse argumento foi considerado falho. É sabi- do que a radiação desaparece rapidamente do solo, decorridos al- guns anos da explosão nuclear, casos de Hiroshima, Nagasaki e mesmo o atol de Bikini. Assim, em Tunguska, também, a radiativi- dade estaria eliminada até 1965. Em reunião realizada no fim de 1965 pelos cientistas do Instituto de Pesquisas Nucleares da Academia de Ciências da União Soviética, Alexei Zolotov teve opinião contrária a Florenski e endossou a tese nuclear, firman- do seu ponto de vista em dois fatos: o florescimento mais rápido das árvores da região periférica à área atingida, segundo estu- dos efetuados a partir de 1908 e a semelhança do gráfico regis- trado pelo sismógrafo do Observatório de Greenwich, na Inglater- ra, em confronto com outros gráficos obtidos em experiências com explosões de bombas nucleares a seis quilômetros de altura.
O parecer de Zolotov encontrou apoio do acadêmico Bóris
Konstantinov que escreveu: "Precisamos encarar com seriedade a hipótese de que a catástrofe de Tunguska tenha sido causada por explosão artificial, nuclear". A análise das cinzas recolhidas confirma essa teoria, pois revelam sinais de detonação atômica, do tipo fusão, idênticos àqueles deixados pelas bombas de hi- drogênio com força de dez megatons.
É pouco provável que a explosão em Tunguska tenha sido
causada por um bloco de antimatéria, e, se foi nuclear, te- ve origem artificial e extraterrestre, pois a bomba atômica só foi testada pela primeira vez em 1943. No verão de 1967, o Instituto de Pesquisas Nucleares voltou a publicar, na Rússia, novo relatório oficial, assinado pelo físico Mekhe- dov que dizia: "... E novamente somos levados a aceitar a hipótese que nos parecia a mais absurda ! Aparentemente a explosão de Tunguska foi causada por uma astronave que fun- cionava com motores de desintegração atômica do tipo maté- ria/antimatéria". No momento, desse tipo de motor só exis- tem projetos e, dada a técnica avançada que o envolve, so- mente daqui a um século, aproximadamente, os países indus- trialmente mais evoluídos poderão produzí-lo. No entanto, o fenômeno ocorreu em 1908.
Mekhedov confirmou terem sido encontrados resíduos ra-
diativos nas árvores. Suas conclusões coincidem também com o resultado das pesquisas anteriores, feitas por Igor Zotkin e Mikhail Tsikulin, a respeito da trajetória do objeto. A maneira como caíram as árvores está de acordo com as infor- mações de algumas testemunhas, quanto à direção leste-oeste. Outras porém, insistiam em terem observado o rumo sul-norte. Visando a eliminar a dúvida, os dois cientistas reproduziram pequeno cilindro de metal dotado de uma bombinha na extremi- dade e o lançaram sobre miniatura do vale do Tunguska, em direção leste-oeste, e só assim obtiveram efeito semelhante ao apresentado pela "coisa". Analisados todos os pontos já discutidos, pesquisados e comprovados, o astrônomo Felix Ziegel admite como satisfatória a origem interplanetária do objeto que causou a explosão na Sibéria.