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e tsunamis
no Japão
Fábio Ramos Dias de Andrade
FÁBIO RAMOS
DIAS DE ANDRADE
é professor do
Departamento
de Mineralogia
e Geotectônica
do Instituto de
Geociências da USP.
RESUMO
ABSTRACT
Japan is the nation with the most recorded tsunamis in the world. The event of March
2011 was seen all around the world practically in real time and in high-definition pic-
tures; and that shows clearly the destructive power of this kind of natural catastrophe.
The earthquake that unleashed that tsunami occurred on the ocean floor, close to
Sendai Bay. It was the most powerful seismic event to have hit Japan, and of the most
powerful ever recorded across the world. In this article we will discuss how earthquakes
trigger tsunami waves, the so-called seismogenic tsunamis. We will see that there are
other possible causes for tsunamis, and not all earthquakes on the ocean floor can
generate that kind of wave. The shape and speed of tsunami waves are different from
those of common breakers. Finally, a comment is made on risk areas, drawn from the
comparison of tsunamis throughout historical time and geological time. As phenomena
of such magnitude are rare in historical time, it is necessary to search for evidences of
tsunamis in geological records – when time is measured in millions or hundreds of
millions of years – so as to have a more in-depth assessment of possibilities of occur-
rence of big tsunamis.
FIGURA 1
Localização do epicentro do terremoto principal
42o
pão
Sendai
do ja
38o
fossa
hu
ns
ho
36o
TOKYO
0 100 km
0 100 mi
34o
138o 140o 142o 144o 146o
Fonte: adaptado de http://soundwaves.usgs.gov/2011/03/TsuLocnMap8LG.jpg
FIGURA 2
Propagação da onda de tsunami a partir do Japão ( ) através do Oceano Pacífico.
A posição da frente de onda é indicada em função do tempo em horas após o terremoto
6h
30o 3h
0o
9h
12h
-30o
18h
21h
15h
-60o
placa placa
placa em placa em arrastada flexionada soerguimento
subducção subducção para baixo para cima brusco afundamento
tsunami brusco
0,079 ppm; K = 240 ppm), o volume total Vale mencionar a lenda urbana do man-
do manto é muito maior que o da crosta e to líquido. Segundo ela, a crosta terrestre
permite significativa geração de calor. Uma estaria flutuando sobre um manto líquido e
parte importante desse calor está retida o vulcanismo seria o extravasamento desse
no interior da Terra porque as rochas são líquido através de fraturas abertas na crosta.
isolantes térmicos eficientes. Apesar de ser um modelo intuitivo e, por
Evidências geológicas e geofísicas in- esse motivo, bastante popular, as evidências
dicam que a Terra é dividida em domínios sísmicas e geológicas indicam que o manto
aproximadamente esféricos e concêntricos. está no estado sólido, ainda que possa conter
O núcleo, composto por ferro e níquel, é pequenas frações de rochas fundidas e em
divido em uma parte interna sólida e outra estado líquido, que são os magmas. A pro-
externa líquida. Em torno do núcleo se lo- pagação de ondas de cisalhamento (ondas
caliza o manto, o maior dos compartimentos secundárias ou tipo S) no manto é uma
internos da Terra, formado principalmente evidência de que ele é sólido, já que ondas
por silicatos de magnésio e ferro, e subdivi- desse tipo não se propagam em meio líquido.
dido em manto superior e inferior. O manto O movimento dos continentes, ou deriva
se estende desde a periferia do núcleo até a continental, foi inicialmente reconhecido
base das crostas continental e oceânica. Os pelo geógrafo e glaciologista Alfred Wege-
limites entre essas várias porções internas ner em 1912, mas se consagrou como para-
foram determinados por meio de dados digma apenas na década de 1960, a partir
sísmicos, que trazem informações sobre o de estudos geológicos e paleomagnéticos
estado físico, a reologia e, indiretamente, da crosta terrestre nos fundos oceânicos.
as condições de pressão e temperatura das O movimento dos continentes é lento, da
regiões profundas da Terra. A lenta cris- ordem de milímetros a poucos centímetros
talização do núcleo externo líquido libera por ano, mas provocou mudanças radicais
calor, que é dissipado pelas correntes de ao longo do tempo geológico.
convecção no manto. Essas correntes de O movimento das placas tectônicas se
convecção se dão em estado sólido, com dá a partir de cadeias de vulcões existentes
as rochas se movendo por deformação em nos fundos oceânicos. Esses vulcões são
alta temperatura. alimentados por magmas basálticos forma-
FIGURA 5
Grande Onda de Kanagawa, xilogravura de Hokusai (por volta de 1831),
da série As Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:The_Great_Wave_off_Kanagawa.jpg
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