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1.

Lê os materiais abaixo e analisa o conteúdo com a teoria de dimensão cultural de Hofstede

Observe este exemplo: Sarah, uma adolescente estadunidense, e sua família recentemente se

mudaram para o Japão, para onde seu pai foi transferido por motivos de trabalho. Sarah acha a

vida na cidade grande um pouco estressante, mas está tentando se adaptar e fazer amigos. Um de

seus maiores desafios está relacionado com a escola. São muitas regras novas e rituais –

consideravelmente mais do que nos Estados Unidos.

Por exemplo, no Japão ela deveria usar um uniforme, enquanto que nos Estados Unidos, não.

Em sua escola japonesa, não só usam o mesmo uniforme, mas todos os alunos de uma mesma

classe também usam os mesmos sapatos. Seus colegas parecem gostar de usar as mesmas roupas

que os demais, mas Sarah sente que perdeu uma parte significativa de sua habilidade de se

expressar. Outro desafio para Sarah é o fato de que todos os dias depois da aula, todos os

estudantes trabalham juntos para limpar a sala de aula e os corredores da escola. Sarah geralmente

não se incomoda de limpar, mas é a última coisa que ela deseja fazer depois de um longo dia na

escola e frequentemente se sente frustrada e irritada pela atividade adicional.

Além de tudo, o ano escolar começou com uma cerimônia de uma hora. Foi extremamente

ritualizada e os colegas de Sarah lhe disseram que era exatamente igual ano após ano. Seus

colegas pareciam desfrutar verdadeiramente da cerimônia, mesmo quando tinha que ficar de pé

durante os 60 minutos completos. Sarah se aborreceu porque se sentia cansada de estar parada por

tanto tempo e não entendia porque seus colegas esperavam por esta cerimônia todos os anos.

O Japão tende para o coletivismo em comparação com os EUA, uma vez que
todos usam as mesmas roupas e sapatos nas escolas japonesas, perdendo muitas
oportunidades para se expressarem. O Japão tem uma maior preferência pela restrição
e uma orientação de curto prazo, uma vez que todos os estudantes precisam de limpar
os corredores juntos depois da escola e Sarah precisa de sacrificar a sua pausa para
fazer algo que ela não quer fazer. Há um grau muito maior de evitar a incerteza no
Japão, há muito mais rituais e regras do que nos EUA e há uma cerimónia de uma
hora antes do início do ano lectivo que é muito ritualista em termos de regras e
regulamentos.

2. Lê o excerto do romance ‘‘A China Fica ao Lado’’ de Maria Ondina Braga e analisa os

estereótipos da imagem das mulheres chinesas.

Natal Chinês

  A senhora Tung chegava dois dias antes da consoada(圣诞晚餐). Costumava vê-la logo de


manhã, com a irmã jardineira, no pátio maior, a admirar as laranjeiras anãs nos vasos de loiça.

Via-a casualmente a contemplar, embevecida, o presépio do convento. Encontrava-a por fim à

mesa.

         A senhora Tung viajava todos os anos da Formosa para Macau, na época do Natal, a fim de

festejar o nascimento de Cristo na companhia da sua primogénita, a irmã Chen-Mou.

         Nesses dias, com as meninas em férias, o refeitório do colégio parecia maior e mais

desconfortável: só eu e Miss Lu nos sentávamos à mesa comprida das professoras. Daí a presença

da senhora Tung, que noutra ocasião passaria talvez despercebida (estirada a sala entre pátios de

cimento e plantas verdes), se tornar nessa altura notável.

         Baixa, seca de carnes, de olhos atenciosos, pensativos, a senhora Tung sorria

constantemente, falava inglês, gostava de comer, de fumar, de jogar ma-jong. As

criadas cortejavam-na(追) nos corredores, preparavam-lhe pratos especiais, levavam-lhe chá

ao quarto. Além de ser mãe da subdirectora, tinha fama de rica e distribuía moedas de prata a todo

o pessoal na noite de festa.

          Nessa noite assistiam três freiras ao nosso jantar (a regra não lhes permitia comer

connosco): a directora, a subdirectora e a mestra dos estudos. E muito empertigada(杰出的),

segurando com ambas as mãos um tabuleiro de laca coberto com um pano de seda, a senhora Tung

recebia-as à porta do refeitório, entregando cerimoniosamente o presente à filha, que por sua vez o

oferecia à directora. Eram bolos de farinha fina de arroz amassada com óleo de sésamo. Toda de

vermelho, de sapatos bordados e ganchos de jade no cabelo, a senhora Tung, quando a superiora

colocava o tabuleiro dos bolos na mesa, dobrava-se quase até ao chão. Rezava-se, depois. Para lá

dos pátios, à porta da cozinha, as criadas espreitavam, curiosas.


          Nem no primeiro, nem no segundo, nem no terceiro Natal que passei em Macau, a senhora

Tung era cristã, mas todos os anos se nomeava catecúmena. A seguir ao jantar falava-se nisso. A

directora, uma francesa de mãos engelhadas que noutros tempos frequentara a Universidade de

Pequim, perguntava em chinês formal quando era o baptizado. Inclinando a cabeça para o peito, a

senhora Tung balbuciava ( 喃 喃 自 语 ) , indicando a irmã Chen-Mou. A filha... a filha sabia.

Talvez se pudesse chamar cristã pelo espírito, mas o coração atraiçoava-a. O coração continuava

apegado a antigas devoções... Todavia, vestira-se de gala para a festividade da meia-noite, tinha no

quarto o Menino Jesus cercado de flores, e a alma transbordava-lhe de alegria como se cristã

verdadeiramente fosse.

         Com um sorriso meio complacente ( 洋 洋 自 得 )   meio contrariado, a irmã Chen-

Mou desconversava, passando a bandeja dos bolos à superiora, que separava uns tantos para o

convento. Os restantes comê-los-iamos nós, ao fim da Missa do Galo, com chocolate quente.

         O chocolate era a esperada surpresa da directora. A senhora Tung chamava-lhe, em  ar de

gracejo, «chá de Paris». No fim das três missas vinham outra vez as três freiras ao refeitório do

colégio para trocarem connosco o beijo da paz e nos oferecerem a tigela fumegante do chocolate.

Vinham e partiam logo (tarde de mais para se demorarem), e Miss Lu, fanática ( 狂 热 的 )  

terceira-franciscana(圣方济会), sempre atenta aos passos das monjas(修女), sorvia à pressa

( 匆 匆 啜 饮 ) o líquido escaldante ( 滚 烫 的 ) , como quem cumprisse um dever, e saía atrás

delas.

         Ficávamos, assim, a senhora Tung e eu, uma em frente da outra. À luz das velas olorosas do

centro de mesa, os seus olhos eram dois riscos tremulantes(颤抖的). Sorríamos. Finalmente,

o reposteiro ao fundo da sala apartava-se. Uma das criadas entrava, silenciosa. Servia-se vinho de

arroz.

         Creio que o vinho de arroz figurava entre as bebidas proibidas no colégio e que chegava ali

por portas travessas. O certo, contudo, é que ambas o bebíamos, a acompanhar os bolos de

sésamo, no grande e deserto(空旷的) refeitório, na noite de Natal.

         O vinho de arroz queimava-me a garganta e fazia-me vir lágrimas aos olhos. Quanto à

senhora Tung, saboreava-o devagar, molhando nele o bolo, e, como mal provara o «chá de Paris»,

bebia dois cálices.


         Entretanto, Aldegundes, a criada macaense mais antiga do colégio, aparecia com as

especialidades da terra: aluares, fartes e coscorões, dizendo que aluá era o colchão

do Minino  Jesus, farte almofada, coscorão lençol. E eu traduzia em inglês para a senhora Tung,

que achava isto enternecedor e gratificava(使...欣慰) a velha generosamente.

         Quando por fim atravessávamos a cerca a caminho de casa, sob uma lua branca, espantada,

anunciadora do Inverno para a madrugada, a senhora Tung abria-se em confidências.

         A menina sabia... ― a «menina» era a irmã Chen-Mou, a subdirectora do colégio ―, sabia

que ela continuava a venerar a Deusa da Fecundidade. Tratava-se de uma pequena divindade, toda

nua e toda de oiro. Fora ela quem lhe dera filhos. Estéril durante sete anos, a senhora Tung

recorrera à sua intercessão ( 代祷 )   divina quando o marido já se preparava para receber nova

esposa. Não podia portanto deixar de a amar. Toda a felicidade lhe provinha daí, dessa afortunada

hora em que a deusa a escutara.

        Parava a meio do largo átrio enluarado(月光下的, de olhar meditabundo(冥想的), mãos

cruzadas no colo. E as palavras saíam-lhe lentas e soltas, como se falasse sozinha.

        ... E aquele mistério da virgindade de Nossa Senhora! Virgem e mãe ao mesmo tempo... Não

se lia no Génesis: «O homem deixará o pai e a mãe para se unir a sua mulher e os dois serão uma

só carne?» Não era essa a lei do Senhor? Porquê então a Mãe de Cristo diferente das outras, num

mundo de homens e de mulheres onde o Filho havia de vir pregar o amor? A Deusa da

Fecundidade, patrona dos lares, operava milagres, sim, mas racionalmente, atraindo a vontade do

homem à da sua companheira e exaltando essa atracção. Como o Céu alagando a Terra na estação

própria.

       Retomávamos a marcha em direcção aos nossos aposentos. Difícil para mim responder às

dúvidas da senhora Tung, nem ela parecia esperar resposta. Mudava, rápida, de

assunto, aludindo ( 暗指 )   ao tempo, à viagem de regresso, às saborosas guloseimas da criada

macaísta.

       Já em casa, convidava-me a ir ver o seu presépio. O quarto cheirava fortemente

a incenso(香). Em cima da cómoda, entre flores, lá estava o Menino Jesus, de cabaia(长袖长

袍) de seda encarnada, sapatinhos de veludo preto, feições chinesas.

        ·····, timidamente, a senhora Tung abria a gaveta... e surgia a deusa.


        O Menino Jesus era de marfim. A Deusa da Fecundidade era de oiro. O Menino, de pé, de um

palmo de altura, trajando ricamente. A deusa, sentada, pequenina, nua.

         Os olhos da senhora Tung atentavam nos meus, como se à procura de compreensão, mas as

suas palavras prontas (a deter as minhas?) eram de autocensura (自我检讨 ). Não, não devia

fazer aquilo. A filha asseverara ( 曾说过 )  que o Menino Jesus entristecia, em cima da cómoda,

por causa da deusa, na gaveta. E quem sabia mais do que a filha ?

         Eu já sentia frio, apesar da aguardente de arroz. O Inverno, ali, chegava de repente. A

senhora Tung, no entanto, tinha as mãos quentes e as faces afogueadas(红的,火烧火燎的).

        Despedíamo-nos. Eu sempre me apetecia dizer-lhe que estivesse sossegada, que de certeza o

Menino Jesus não havia de se entristecer, em cima da cómoda, por causa da deusa, na gaveta. Mas

nunca lho disse nos três anos que passei o Natal com ela. Palpitava-me ( 使 我 心 悸 )   que a

senhora Tung se enervava com o assunto. E que, de qualquer jeito, não me acreditaria.

O autor daí a presença da senhora Tung, que noutra ocasião passaria talvez
despercebida. O autor argumenta que na China as mulheres são sempre ignoradas na
vida quotidiana, não têm as suas próprias carreiras e estatuto e estão sempre numa
posição inferior e raramente mencionadas.
O artigo descreve a senhora Tung como baixa e seca de carnes e gostava de fumar
e jogar mahjong é um estereótipo das mulheres chinesas., Até hoje, os estrangeiros
ainda têm uma visão estereotipada da aparência da mulher chinesa, acreditando que
olhos pequenos e um corpo seco são características chinesas. Hoje, isto pode ser visto
no retrato das mulheres chinesas em muitos anúncios estrangeiros. Embora jogar
mahjong e fumar sejam passatempos para algumas mulheres chinesas, não são
habituais na China.
O artigo mostra a senhora Tung segurando um tabuleiro de verniz com ambas as
mãos e quando a superiora colocava o tabuleiro dos bolos na mesa, dobrava-se quase
até ao chão. Rezava-se, depois. Estes são estereótipos do lugar da mulher na família,
como se a mulher fosse submissa e necessitasse de respeitar e servir os homens.
“Toda de vermelho, de sapatos bordados e ganchos de jade no cabelo” este é o
estereótipo do autor do vestido de mulher chinesa, embora seja o vestido tradicional
das mulheres chinesas, Há muito tempo, as mulheres chinesas terem mais liberdade
para se vestir, as mulheres não tinham um vestido fixo, podiam vestir-se de forma
mais simples e individual.
“A senhora Tung balbuciava, indicando a irmã Chen-Mou. A filha... a filha sabia.
Talvez se pudesse chamar cristã pelo espírito, mas o coração atraiçoava-a. O coração
continuava apegado a antigas devoções...” A senhora Tung não teve forma de manter
as suas confissões religiosas internas e estereótipos de que as mulheres chinesas
devem ser dependentes dos seus maridos e que não são independentes e devem ser
subservientes aos seus maridos e filhos, mesmo nas suas próprias confissões religio.
“Estéril durante sete anos, a senhora Tung recorrera à sua intercessão divina
quando o marido já se preparava para receber nova esposa.” Na mente de muitas
pessoas, a fertilidade é uma atribuição da mulher, e uma mulher sem filhos é culpada
e vergonhosa para o seu marido e família. Esta é uma visão completamente errada. A
fertilidade é uma continuação do amor entre os dois cônjuges, uma responsabilidade
que precisa de ser partilhada por ambos, e a culpa não pode ser inteiramente imputada
à mulher. E as mulheres têm o direito de decidir se querem ou não ter filhos.

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