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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS – DCT


CURSO: BACHAREL EM QUÍMICA
DISCIPLINA: ESTÁGIO CURRICULAR
DOCENTE: BARAQUIZIO BRAGA DO NASCIMENTO JUNIOR

RAFAEL BRAGA VIEIRA

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE TINTAS PLASTISOL PARA USO EM


SERIGRAFIA

JEQUIÉ – BA
JUNHO DE 2022
RAFAEL BRAGA VIEIRA

Estudo e desenvolvimento de tintas plastisol para uso em serigrafia

Relatório de Estágio Curricular apresentado


à Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, como parte das exigências do curso
de Graduação para a obtenção do título de
Bacharel em Química.

Orientador: Dr. Valfredo Azevedo Lemos

JEQUIÉ - BA
JUNHO 2022
“Acredite nos seus sonhos, insista. Se começar
foi fácil, difícil vai ser parar”. (O rappa)
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, a minha mãe,


Carla Souza Braga e a minhas tias,
Eliane Souza e Elcijane Souza, pelo
incentivo e apoio.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha mãe, Carla Souza Braga, pelo apoio em todos os
momentos de alegria, tristeza e não medir esforços para me incentivar a
estudar.
A minhas tias, Eliane Souza, Elcijane Souza e Edilza Souza que são as
melhores tias do mundo, que me criaram, custearam meus estudos e sempre
me ensinou o melhor caminho a seguir.
A minha avó Eleonora Souza, por sempre estar do meu lado, me
acompanhar nessa trajetória e ir fazer faxina na minha casa.
A meus amigos de curso, Anderson Melo, Rebeca Gonçalves, Kaylana
Souza e Rodney Andrade, por estar a todo momento me apoiando,
incentivando e ajudando nos estudos. Vivemos ótimos momentos juntos, de
brigas, lutas e alegrias, mas enfim, conseguimos o tão sonhado diploma.
A meus melhores amigos de infância, Renato Campos e Fernando
Oliveira, que nos momentos de estresse me chamavam para tomar uma e jogar
conversa fora. Além disso, os melhores parceiros de viagem que a vida podia
me dar.
Aos meus familiares, que são muitos, por serem minha base nos
momentos difíceis e me fazendo sempre acreditar no meu potencial.
Ao professor Valfredo Azevedo Lemos, o qual tenho enorme admiração
e me proporcionou muito conhecimento na iniciação científica. Além disso,
agradecer pela orientação, paciência neste trabalho e pela sua amizade nesses
anos de luta.
RESUMO
O presente relatório, refere-se ao estágio obrigatório, realizado na empresa
de tintas Tintol Bahia Comércio e Indústria Química LTDA na cidade de Jequié-
BA. As atividades do estágio foram realizadas no laboratório da empresa Tintol
Bahia Comércio e Indústria Química LTDA na cidade de Jequié-BA sob a
orientação de Paulo Sérgio da Cruz. Durante o período de 07 de fevereiro a 25
de março de 2022, foram realizadas as seguintes atividades: estudo e
desenvolvimento de tintas plastisol para uso em serigrafia e teste de cura em
alta temperatura. A empresa Tintol é responsável pela produção e
comercialização de tintas para calçados e materiais esportivos com excelência
e responsabilidade, visando o cumprimento das regulamentações determinadas
por lei, na garantia de um serviço sério e de qualidade. Como a Tintol não
trabalhava com tintas do tipo plastisol, foi proposto o desafio para o
desenvolvimento da mesma. Mesmo com algumas limitações de equipamentos
para testes na Tintol Bahia, obteve-se uma tinta plastisol aparentemente dentro
dos parâmetros estudados, com uma cura em alta temperatura, boa definição de
imagem e uma boa intensidade das cores. Após a realização do estágio,
podemos notar que essa experiência foi gratificante, pois, permitiu que o aluno
colocasse em prática seus conhecimentos adquiridos durante o curso,
vivenciando a realidade e os paradigmas de uma indústria, além de acrescentar
na formação, aprendizado e, crescimento profissional e pessoal.

Palvras-chave: Plastisol; Serigrafia; Tintas; Desenvolvimento de tinta


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fachada da sede da Tintol ............................................................ 141


Figura 2 – Volume de tintas fabricados no Brasil no ano de 2019/2020. ......... 14
Figura 3 – Aplicação tinta plastisol. ................................................................. 28
Figura 4 – Aplicação Flash Cure. .................................................................... 28
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................. 9
2 - APRESENTAÇÃO DA CONCEDENTE ...................................................... 10
2.1 - Missão e valores adotados .................................................................... 11
2.2 - Política de Qualidade ............................................................................. 11
2.3 - Responsabilidade socioambiental .......................................................... 12
3 - OBJETIVOS................................................................................................ 12
3.1 - OBJETIVO GERAL ................................................................................ 12
3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................. 12
4 – TINTAS: UMA BREVE HISTÓRIA ............................................................. 13
5 – O MERCADO DE TINTAS NO BRASIL..................................................... 13
6 – PLASTISOL ............................................................................................... 15
6.1 – Histórico ................................................................................................ 15
6.2 – Aplicações do plastisol .......................................................................... 16
6.3 – Matérias-primas..................................................................................... 17
7 – SERIGRAFIA ............................................................................................. 20
7.1 – Histórico ................................................................................................ 20
7.2 – CARACTERÍSTICAS DA SERIGRAFIA ................................................ 21
7.3 – PROCESSO DE SERIGRAFIA ............................................................. 22
7.3.1 - Tensionamento ............................................................................... 22
7.3.2 - Emulsionamento ............................................................................. 22
7.3.3 - Revelação ....................................................................................... 22
7.3.4 - Acabamento .................................................................................... 22
8 – MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 22
8.1 – Reagentes ............................................................................................. 22
8.2 – Equipamentos ....................................................................................... 25
8.2 – Metodologia ........................................................................................... 25
9 - RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 26
10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 28
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 29
9

1 – INTRODUÇÃO

A tinta é uma mistura de vários insumos que juntos passam por um


processo de cura (reações químicas que transformam a estrutura polimérica
linear em estrutura polimérica tridimensional), formando assim um filme opaco e
aderente. Esse filme formado tem como finalidades a proteção superficial de
materiais contra a corrosão, identificação de problemas em tubulações e
embelezamento de peças, acessórios e ambientes (FRANCISCO, 2012).
Desse modo, o avanço tecnológico refletiu diretamente no
desenvolvimento das tintas, cuja composição sofreu várias alterações e cada vez
mais novos componentes surgem com diferentes funções. No entanto, a
composição atual das tintas possui matérias-primas básicas que são
empregadas em todos os tipos de tintas. Os componentes básicos são: as
resinas, os pigmentos e os solventes (FRANCISCO, 2012).
As tintas plastisol é um composto derivado de resinas de policloreto de
vinila (PVC), diversos tipos de plastificantes, pigmentos e cargas (se necessário)
e aditivos para melhorar a qualidade do produto final. O Plastisol é um produto
com aproximadamente 99,5% de partes não voláteis, isento de solventes
orgânicos, água ou outros tipos de substâncias que volatilizam. As principais
vantagens deste tipo de tinta são a alta elasticidade e flexibilidade, alta definição
na imagem, poder de cobertura, rendimento, fácil manuseamento etc. (GÊNESIS
TINTAS, 2015).
A serigrafia é um método de impressão no qual a imagem é transferida
para a superfície a ser impressa por meio de tinta comprimida por um esfregador
de borracha através de um tecido, que serve como stencil, ou uma retícula de
fios metálicos esticados sobre uma armação. A impressão serigráfica pode ser
feita manual ou mecanicamente, posto que existem estênceis fotográficos e
impressoras automáticas e secadores. Ela permite uma aplicação pesada de
tinta na maioria dos materiais e é excelente para trabalhos de baixa tiragem,
especialmente posters. Displays de ponto de venda que necessitem de uma
grossa camada de tinta e/ou tintas fluorescentes são normalmente feitas neste
processo (ABRAFATI, 2013).
Sendo assim, este trabalho visa um estudo sobre o processo de
fabricação de tintas plastisol para serigrafia na empresa Tintol Bahia Indústria
10

Química LTDA a fim de se ter variedades de tipos de tintas e buscar novos


mercados.

2 - APRESENTAÇÃO DA CONCEDENTE

O estágio foi executado na empresa de tintas Tintol Bahia Indústria


Química LTDA (conhecida popularmente como Tintol) a qual teve sua fundação
em 2018, por Daniel Silva Braga e Paulo Sérgio da Cruz, no município de Jequié-
BA. A sede da Tintol encontra-se localizada no distrito industrial do município, N°
14, no bairro Mandacaru.
A empresa opera principalmente no município sede, porém comercializa
seus produtos para regiões de Cruz das Almas, Conceição de Almeida, Feira de
Santana, Itabuna, entre outras microrregiões da Bahia.
Fabrica e comercializa tintas para calçados, produtos esportivos, como
também alguns produtos de limpeza.
Atualmente conta com três funcionários Joilson Vaz, Fernando Silva de
Jesus e o químico responsável Salvador Rios. A organização possui uma grande
diversificação de clientes, como a indústria de calçados Ramarim localizada no
município de Jequié-BA, e também fornecedores de materiais esportivos da
empresa Penalty que atua na região de Ilhéus-BA.
A Tintol dispõe de uma sala de escritório/recepção; um almoxarifado; um
galpão de solventes; local separado e arejado para o estoque dos 14 tipos de
solventes utilizados; um laboratório de Controle de Qualidade que ficam
armazenados os demais padrões de cor requeridos pelos clientes, além das
balanças de precisão e materiais para controle de qualidade e o banco de dados
armazenados no computador; um espaço de teste de cor, onde verifica-se o
resultado da cor da tinta fabricada; um laboratório de misturador automático,
local a parte que possui o maquinário principal para a confecção das tintas; uma
copa, local de almoço dos funcionários e um vestiário/banheiro, local onde os
funcionários vestem seus EPI’s.
A Tintol Bahia Indústria Química LTDA, ainda é uma empresa de pequeno
porte, entretanto, já se destaca por sua fabricação de excelentes produtos,
demonstrando seu alto potencial de crescimento.
11

Na figura 1 encontra-se a fachada da sede da empresa na cidade de


Jequié-BA.

Figura 1 – Fachada da Tintol Bahia Indústria Química LTDA.

Fonte: Própria do autor

2.1 - Missão e Valores Adotados pela Empresa

A empresa tem por missão prestar serviços de produção e


comercialização de tintas para calçados e materiais esportivos com excelência
e responsabilidade, visando o cumprimento das regulamentações determinadas
por lei, na garantia de um serviço sério e de qualidade.
A Tintol apoia-se em valores éticos, transparência, valorização das
pessoas, responsabilidade socioambiental e comprometimento com os valores
e princípios que regem em uma sociedade bem como com os princípios e valores
da localidade onde estamos inseridos, todos esses são executados por pelos
seus colaboradores.
A empresa visa expandir sua produção de tintas, como também sua
diversificação, articulando essa expansão com responsabilidade socioambiental,
estando sempre em conformidade com as leis aplicáveis e que sejam
consistentes com as normas internacionais de comportamento ambientalmente
sustentável, além do compromisso com seu papel de responsabilidade social.
12

2.2 - Política de Qualidade

A política de qualidade da empresa se baseia em fabricar e comercializar


produtos e serviços que atendam ao padrão de qualidade e excelência do
mercado. Utilizando como parâmetro a melhoria contínua dos processos para a
tomada de decisões que impactam diretamente seus colaboradores, clientes e a
sociedade como um todo.
Para concretização da política de qualidade proposta, faz-se necessária
a modernização e a melhoria contínua dos processos de fabricação de tinta,
produtos e serviços, acompanhada da aquisição de matérias-primas de
excelência que atendam as especificações vigentes em leis, como também
garantia da segurança de todos os colaboradores envolvidos desde a produção
até a aquisição do produto. Apoiando-se nos princípios éticos, morais, e
transparência com os clientes, fornecedores e funcionários.

2.4 - Responsabilidade Socioambiental

A Tintol está sempre atenta a segurança dos seus funcionários e clientes,


bem como dos residentes do município, utiliza políticas de armazenamento e
descarte de resíduos de acordo com as normas estabelecidas por leis municipais
e ambientais.
Os excedentes das tintas que estejam dentro do padrão de qualidade
exigido pela empresa são reutilizados para a renovação da estética da própria
sede, como também para a comercialização em pequena escala.
A empresa segue as orientações para armazenamento seguro das
substâncias utilizadas, prezando sempre pela segurança de todos. A
organização possui extintores de incêndio e saídas de emergência de acordo
com as normas estabelecidas pelas autoridades.

3 – OBJETIVOS

3.1 - OBJETIVO GERAL

Esse relatório de estágio supervisionado tem como objetivo pesquisar e


desenvolver um novo tipo de tinta, chamada plastisol para uso em serigrafia
na Tintol Bahia Comércio e Indústria Química LTDA.
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3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

➢ Compreender o processo de fabricação utilizados nas empresas de tintas;


➢ Fazer levantamento bibliográfico dos processos envolvidos na confecção
das tintas plastisol, integrando assim os conhecimentos teóricos da
Química;
➢ Produção de tintas plastisol
➢ Aproximar o discente da realidade da sua área de formação;

4 – TINTAS: UMA BREVE HISTÓRIA

Acredita-se que as pinturas rupestres sejam os primeiros registros de


utilização das tintas pela humanidade. Geralmente, essas pinturas expressavam
hábitos triviais como cenas de pesca e caça, de guerra e até mesmo de sexo,
onde a população utilizava, na verdade, pigmentos de origem inorgânica
finamente triturados como: hematita (Fe2O3, óxido férrico) para a cor vermelha;
goethita (FeO(OH), óxido ferroso com água de constituição) para o amarelo; para
a coloração branca a caulinita [Al2Si2O5(OH)4] e para a coloração preta a
pirolusita (MnO2, óxido de manganês) (FRANCISCO, 2012).
Na Antiguidade, os egípcios já conheciam materiais que lhes davam uma
porção de cores fortes e brilhantes, e os chineses e japoneses já usavam
nanquim – a primeira tinta para escrever. Na Europa da Idade Média, tinta era
coisa de gente importante e rica, usada apenas em igrejas, edifícios públicos e
casas de autoridades. Os grandes artistas do Renascimento, como Michelangelo
e Leonardo da Vinci, criavam eles mesmos as cores de seus quadros e
guardavam o segredo a sete chaves (ABRAFATI, 2019).
Foi a partir da Revolução Industrial que a tinta passou a ser desenvolvida
como conhecemos hoje. O uso de resinas a base de copal (resinas duras, vítreas
e extraídas de certas árvores da floresta tropical) e âmbar despontaram na
Revolução Estadunidense e, em 1790, foram construídas as primeiras fábricas
de vernizes na França, Alemanha e Áustria. No entanto, foi na Grã-Bretanha e
na Holanda que despontou o emprego de produtos sintéticos na produção das
tintas e que começou a fazer parte de estudos científicos. Os primeiros
14

resultados concretos destas revoluções foram às sínteses de novos pigmentos,


como a púrpura de anilina, o branco de titânio, o negro de fumo, o anil de índigo,
o amarelo Hansa, o azul da Prússia, o verde ftalocianina (FRANCISCO, 2012).

5 – O MERCADO DE TINTAS NO BRASIL

O mercado brasileiro de tintas já é bastante consolidado. Embora muitas


vezes passem despercebidas, as tintas são produtos fundamentais onde quer
que se vá ou qualquer item que se fabrique: veículos automotivos, bicicletas,
capacetes, móveis, brinquedos, eletrodomésticos, vestuário, equipamentos,
artesanatos, em impressão e serigrafia e na construção civil, superando assim
a marca de um bilhão de litros de tintas produzidos anualmente. Este volume
coloca o Brasil como o quinto produtor mundial de tintas, com um mercado
formado por grandes empresas (nacionais e multinacionais) e fabricantes de
médio e pequeno porte, voltados para o consumo em geral e para segmentos
com necessidades específicas. Estima-se que mais de 400 indústrias operem
atualmente no País, responsáveis pela geração de quase 16 mil empregos
diretos (BAER, 1999; ABRAFATI, 2019)

Figura 2 – Volume de tintas fabricados no Brasil no ano de 2019/2020

Fonte: ABRAFATI, 2019


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6 – PLASTISOL

6.1 –HISTÓRICO

A história do plastisol começa com a descoberta da resina de PVC. O


desenvolvimento das resinas de PVC teve início em 1908, quando Fritz Klatte,
após o seu doutorado, começou a trabalhar na área de pesquisa num laboratório
industrial. Por meio das pesquisas, inventou a matéria plástica mais produzida
no mundo até hoje: o conhecido Policloreto de vinila (PVC) (RODOLFO JÚNIOR,
2006).
Em 1926, Waldo Lonsbury Semon, que foi um pesquisador da B.F.
Goodrich, descobriu que se misturasse o PVC com Tricresil fosfato ou dibutil
ftalato, conhecido atualmente como plastificante, poderia processá-lo e torná-lo
altamente elástico, com aspecto borrachoso. Com essa descoberta, Semon
inventou o primeiro elastômero termoplástico, que foi de extrema importância
para recobrimento de fios e cabos elétricos na crise da borracha durante a
Segunda Guerra Mundial. Sua aplicação neste segmento dura até hoje
(RODOLFO JÚNIOR, 2006).
A aplicação do PVC em sua forma de composto borrachoso (altamente
elástico) denominado como "plastisol", iniciou-se nos anos 30. Efetivamente.
podemos considerar que os anos 30 foram um divisor de águas para que hoje
fosse aprimorado o processo produtivo de plastisol fazendo com que o composto
fosse empregado em diversos segmentos, tais como recobrimento superficial de
objetos como cabo de ferramentas, halteres, correntes, chaveiros, produtos
marítimos, equipamento de parque infantil, isolação elétrica, serigrafia gráfica,
na área civil e automotiva (RODOLFO JÚNIOR, 2006).
As tintas Plastisol surgiram no mercado americano há mais de vinte
anos para suprir uma exigência específica do mercado: a produção das
estampas criadas pela empresa Harley Davison. Tais estampas eram
impossíveis de serem conseguidas com o uso das tintas existentes naquela
época. Essas criações tinham a necessidade de serem estampadas sobre
camisetas pretas, com desenhos reticulados com altíssimo grau de definição.
Isso exigiu uma tinta que tivesse grande capacidade de cobertura, secagem
retardada no quadro e alta viscosidade. O resultado dessa busca foi o
desenvolvimento da chamada tinta Plastisol. Ela obtém um resultado melhor do
16

que as tintas à base de água, principalmente em quadricromias e reticulados


de tom sobre tom (FREMPLAST, 2018).
Gradativamente as tintas Plastisol passaram a aumentar sua participação
no mercado americano e sua grande afirmação deu-se quando começaram a
surgir as primeiras máquinas automáticas para estamparia localizada. No
Brasil, as máquinas automáticas de estampar tipo carrossel começaram a ser
empregadas há mais de 15 anos nas grandes empresas, já com utilização da
tinta Plastisol (FREMPLAST, 2018).

O plastisol é um produto que pode ser amplamente usado por ser de fácil
manipulação. Não requer tecnologia de ponta para o seu processo produtivo, o
que diminui custos de produção facilitando a comercialização. O processo de
fabricação do plastisol é baseado principalmente na homogeneização e
solvatação das matérias-primas da sua formulação. É formado por uma mistura
de uma primeira resina de PVC substancialmente pura de peso molecular
relativamente alto dissolvida em um líquido plastificante de éster alquílico de
ácido adípico e com partículas minúsculas de uma segunda resina de PVC de
peso molecular relativamente baixo, ambas as resinas tendo pontos de
amolecimento entre 100° a cerca de 425° C, a primeira resina tendo uma
temperatura de ponto de amolecimento de pelo menos 25° C superior à da
segunda resina. A tinta também pode incluir outros aditivos, como agentes
gelificantes, agentes antiaderentes ou lubrificantes, como líquidos de silicone, e
corantes, como pigmentos ou corantes (JOAQUIM JÚNIOR, 2007).

6.2 – APLICAÇÕES DO PLASTISOL


Plastisóis são geralmente entendidos como dispersões de polímeros
orgânicos em líquidos orgânicos de alto ponto de ebulição, normalmente
referidos como plastificantes. A maioria dos plastisóis usados hoje são à base
de cloreto de polivinila (PVC) ou copolímeros de cloreto de vinila com acetato de
vinila.
Possui ampla difusão industrial de aplicação como compostos de vedação,
por exemplo, para vedação de costura de recipientes de metal ou como vedação
de costura de compostos ou adesivos em outras indústrias metalúrgicas. Eles
são amplamente utilizados como inibidores de corrosão de revestimentos para
17

metais, por exemplo, como revestimentos da parte inferior da carroçaria para


veículos automotores, como adesivos ou seladores de costura na construção de
carrocerias automotivas. Também é comumente utilizado para tintas de
impressão de tela e têxteis, porque não é solúvel em água e não necessita de
um processo de lavagem após a impressão e isolamentos de cabos etc.

6.3 – MATÉRIAS-PRIMAS
O plastisol é composto por matérias-primas especificas como: resina de
PVC, plastificantes, cargas minerais, estabilizantes, espessantes, pigmentos e
sistemas promotores de adesão.

➢ Resinas PVC
Conhecido pela sigla PVC, é a principal matéria-prima do plastisol, isto é,
sem ela não se obtêm o composto plástico denominado plastisol. Sua função é
formar o filme plástico quando misturado com o plastificante. A reação que ocorre
entre essa mistura denomina-se "gelificação". A resina de PVC é encontrada na
sua forma natural como um pó branco que ao ser disperso em um ou mais
plastificantes dá origem ao plastisol.
A absorção de plastificante está ligada à porosidade da resina. Porém, é
importante destacar que as características distintas da porosidade influenciam
na absorção de partículas extremamente finas, apresentando área superficial
específica elevada, podem aparentemente absorver maior quantidade de
plastificante que as resinas mais grossas, porém ainda porosas. A absorção
garante que o plastificante e os demais aditivos interagirão com as
macromoléculas de PVC durante as etapas do processo (RODOLFO JÚNIOR,
2006).

➢ Plastificantes
O plastificante é uma das matérias-primas mais importantes do plastisol. Ele
contribui na melhoria do processo de fabricação e auxilia juntamente com a
resina de PVC no aumento da flexibilidade do produto. Pode-se entender o
plastificante também como uma matéria-prima que ajusta outras características.
como a viscosidade, dureza, gelificação e temperaturas de transição vítrea
(RABELLO, 2000).
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Ao adicionar-se um plastificante na formulação de um polímero, é necessária


a definição do tipo (primário, secundário e extensores) e quantidade, pois isso
pode interferir significativamente nas propriedades finais do plastisol, como
flexibilidade, rigidez, dureza alongamento na ruptura e gelificação (RODOLFO
JÚNIOR, 2006).

➢ Cargas Minerais
As cargas minerais podem ter muitas funções em uma formulação de
plastisol como retardante de chamas, cor, viscosidade e reforço ao polímero,
pois algumas fibras apresentam características e propriedades reforçantes.
Porém, o uso excessivo de cargas minerais em uma formulação de plastisol pode
ter efeitos prejudiciais tais como trincas e alta dureza, diminuindo assim a vida
útil do material. Um polímero isento de cargas pode apresentar características
de resistência química e mecânica muito baixos.
A carga pode ser utilizada como um elemento que dá suporte a essa
característica de resistência mecânica e química quando tratadas em
quantidades adequadas e podendo baratear os custos da formulação. A escolha
de cargas minerais deve ser paralela ao tipo de polímero para que haja uma
compatibilidade entre os mesmos resultando em uma dispersão eficiente
(FORINI, 2008).

➢ Estabilizantes
Os materiais plásticos passam por processos de envelhecimento, e algumas
modificações ocorrem em suas estruturas. Essas modificações são
denominadas degradações, que são ocasionadas por agentes externos (vento,
chuvas, umidade, maresia, radiação ultravioleta) e diversos ataques químicos ao
material (RABELLO, 2000).
Estes efeitos podem ser reduzidos com o uso dos estabilizantes, que são
aditivos, e por diversos mecanismos de atuação, diminuindo a velocidade de
“envelhecimento” e “degradação” dos polímeros. Geralmente, a adição desta
substância é feita durante o processo de fabricação, porém, em alguns casos,
pode ser adicionada após a polimerização, dando certa estabilidade ao longo do
19

armazenamento. A dosagem deve ser verificada de acordo com a severidade do


processo e da vida útil desejável do plastisol (RABELLO, 2000).

➢ Espessantes
Os espessantes são substâncias químicas que alteram as propriedades
reológicas das pastas de PVC, proporcionando à formulação um elevado grau
de pseudoplasticidade (alta viscosidade em repouso ou sob baixa tensão de
cisalhamento). Esta propriedade é alcançada por meio da elevação da
viscosidade em baixa tensão de cisalhamento (RODOLFO JÚNIOR, 2006).
Em altas tensões de cisalhamento, a pasta de PVC deixa de apresentar
viscosidade elevada e passa a expor comportamento de um fluido de baixa
viscosidade. Com a adição de espessantes na formulação, os plastisóis passam
a exibir altíssimas viscosidades quando em repouso ou sob baixas tensões de
cisalhamento. Sílicas precipitadas, bentonitas especiais, sílica diatomácea,
estearatos de alumínio e fibras de asbestos são os espessantes mais utilizados
em plastisóis.
As sílicas, que possuem um tamanho menor de partícula, promovem
aumento de viscosidade e proferem a característica de tixotropia (fenômeno pelo
qual os plastisóis passam do estado de gel para o estado líquido, após certa
tensão de cisalhamento), devido à formação de rede de sílica através de ligações
por ligação de hidrogênio (NEVES, 2002).

➢ Pigmentos
São aditivos empregados para definir apenas tonalidades de cor ao plastisol.
Os pigmentos têm função decorativa e estética. Os pigmentos além de
proporcionar cor aos produtos, podem atuar também no brilho, opacidade e em
outra propriedade interessante, a estabilidade à radiação ultravioleta. Podem-se
dividir os pigmentos em quatro diferentes categorias as quais são os pigmentos
orgânicos (resistem no máximo até 200°C, exceto o negro de fumo que resiste a
maiores temperaturas), os pigmentos inorgânicos (os mais utilizados, podendo
resistir até 750°C), os pigmentos solúveis e os pigmentos especiais (os menos
utilizados) (RABELLO, 2000).

➢ Sistemas promotores de adesão


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São sistemas constituídos por uma ou mais substâncias naturais ou


sintéticas, que promovem a adesão entre as bases poliméricas e diversos
substratos. Em muitos casos, o sistema aderente é constituído da própria base
polimérica (RABELLO, 2000).

7– SERIGRAFIA

7.1 –HISTÓRICO

A impressão serigráfica, definida como impressão permeográfica, tem sua


origem no trabalho dos antigos artistas chineses no período da construção da
grande muralha e de artistas egípcios que usavam técnicas semelhantes na época
da construção das pirâmides. Existiam técnicas que deram origem à serigrafia,
em que os japoneses faziam desenhos muito delicados nos estêncis e que para
unir as partes delicadas dos recortes faziam tramas de cabelo humano, que na
fase moderna da serigrafia foi substituída pela seda e depois pelos tecidos
sintéticos (BAER, 1999).
No início do Século XX a técnica começa a ganhar relevância, em 1915 foi
registrada a primeira patente nos Estados Unidos, a impressão serigráfica começa
a se popularizar na indústria de móveis e papéis de parede “e tem como
característica a precisão na mancha impressa e cores chapadas”. Contudo, a
Segunda Guerra Mundial que efetivamente foi o grande marco para a difusão da
técnica, pois a serigrafia foi muito utilizada pelos norte-americanos na impressão
de uniformes e material bélico, inclusive na fuselagem dos aviões, provocando a
visibilidade em larga escala e o interesse pela técnica que se popularizou em seus
usos práticos e industriais e, logo depois, adentrou no fazer artístico. Por isso,
como no caso do estêncil, a técnica também se tornou mais conhecida pelo termo
em inglês Silk-Screen (SCHNEIDER, 2019).
A serigrafia se consolidou como uma técnica de excelente relação custo e
benefício destinados a processos que demandam composições gráficas de
qualidade. Neste processo, a impressão ocorre através da transferência da tinta
plastisol de uma malha, onde está gravado o desenho, para uma superfície
qualquer. Esta tinta fica inicialmente presa aos fios da malha e é forçada a sair
por uma espátula que pressiona a tela contra o local decorado (BAER, 1999).
21

Usado como tinta Plastisol para serigrafia, é mais comumente utilizado nas
tintas para a impressão de desenhos para roupas, e são particularmente úteis
para a impressão de gráficos opacos em tecidos escuros. A tinta é composta de
partículas de PVC em suspensão numa emulsão de plastificação, e não irá secar
se deixado na tela por períodos prolongados. Devido a conveniência de não ser
necessário lavar a tela, após uma impressão, as tintas de plastisóis não
necessitam de uma fonte de água corrente. Tintas plastisóis são recomendados
para impressão em tecido coloridos. Em tecido leve, plastisol é extremamente
opaco e pode reter uma imagem brilhante por muito tempo, com a devida
atenção.

7.2 - CARACTERÍSTICAS DA SERIGRAFIA


A serigrafia possui considerável versatilidade, não é restrita a apenas um
tipo de material, onde a imagem da matriz será impressa. Ela pode ser
trabalhada nas mais diversas superfícies, entre elas o papel, cerâmica, metal,
vidro e tecido por exemplo. Inclusive, também é possível trabalhar com a
impressão serigráfica em superfícies que não sejam completamente planas,
como por exemplo, copos, garrafas e utensílios domésticos. Esta capacidade de
imprimir em uma variedade de suportes permitiu que a prática constituísse um
caráter comercial, devido ao processo de reprodução da serigrafia ser capaz de
dialogar com o meio de produção industrial, o que incentiva a manter em
atividade o mercado de produtos químicos, tintas, objetos auxiliares como rodos
e calhas, para aplicação de tintas e emulsão, respectivamente. Além de
maquinário como mesas de luz à vácuo e o carrossel serigráfico, este um tipo de
impressora rotativa capaz de acoplar várias matrizes para cores diferentes que
automatizam, aceleram e aumentam a produção serigráfica. Além disso, a
serigrafia tem um caráter que também favorece o ensino em Artes Visuais, já
que é um processo que permite a criação artística que pode ser explorada em
escolas com ensino Médio, além de cursos técnicos especializantes, oficinas e
workshops (FERNANDES, 2018).
22

7.3 - PROCESSO DE SERIGRAFIA

7.3.1 Tensionamento
É a fase em que o tecido é esticado, para atingir a tensão ideal de trabalho.
Sendo que a tensão mínima é aquela suficiente para que o tecido, após sofrer
uma deformação, possa retornar ao estado original. E a tensão máxima é aquela
que causa o rompimento da malha. Para manter o tecido tensionado ele é fixado
(colado) em um suporte, onde ficará preso (SRS DO BRASIL COMERCIAL
LTDA, 2003)

7.3.2 Emulsionamento
Nesta fase, o tecido recebe uma camada de emulsão sensível à luz. Esta
emulsão é aplicada a úmido e depois de seca passa à próxima etapa do
processo. A homogeneidade e a constância na camada de emulsão são muito
importantes para a qualidade final da tela SRS DO BRASIL COMERCIAL LTDA,
2003).

7.3.3 Revelação
Nesta fase, a tela já emulsionada é exposta à luz ultravioleta e logo após
revelada. Sobre a tela, é colocada uma película de acetato que contém o
desenho a ser gravado na tela. Esta película é conhecida como “fotolito”. A
exposição da camada foto-sensível à luz UV causa o endurecimento das áreas
descobertas, deixando de ser solúvel em água. As áreas cobertas pelo desenho
do fotolito permanecem solúveis e podem ser lavadas posteriormente SRS DO
BRASIL COMERCIAL LTDA, 2003).

7.3.4 Acabamento
Depois da tela pronta é o momento de fazer os retoques finais, verificar a
presença de defeitos e aplicar o endurecedor de emulsão para dar durabilidade
à tela SRS DO BRASIL COMERCIAL LTDA, 2003).

8 – MATERIAIS E MÉTODOS

8.1 – REAGENTES
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Na formulação do plastisol foram utilizados dois tipos de cargas minerais. O


primeiro com o nome químico de Hidróxido de Cálcio, popularmente conhecido
como Cal Hidratada e, pode ser encontrado após industrialização no estado
físico de pó na coloração branca, inodoro, incombustível, com densidade a 23°C
de 2240 g/cm³. Sua temperatura de decomposição atinge 450°C, seu ponto de
fusão é de 580°C. O hidróxido de cálcio quando industrializado nestes formatos
é um produto barato e comumente utilizado para deixar as formulações as quais
ele integra mais baratas, devido a sua boa compatibilidade com óleos e
plastificantes.
A segunda carga tem como nome químico Óxido de Cálcio. Comumente
chamada de Cal virgem, possui como principais características o seu aspecto de
pó de coloração branca a amarelada e odor característico. É uma carga
incombustível onde sua densidade alta atinge os 3,35 g/cm³, seu ponto de fusão
é de 2572°C. Esta carga tem como função diminuir a higroscopia do plastisol,
uma vez que a resina de PVC e outras cargas minerais são altamente
higroscópicas.
O estabilizante utilizado é comercializado pela INBRA com o nome de
PLASTIBIL ICZ-221 e tem como nome químico tris-nonilfenilfosfito Cálcio/Zinco
e pode ser encontrado na forma líquida e amarelado, cujo odor é característico.
Seu teor de Cálcio respeita uma faixa de 0,24% a 0,44%, o teor de Zinco está na
faixa de 0,80 a 1,10%, a densidade a 25°C é de aproximadamente 0,995 g/cm³.
Esta mistura Cálcio/Zinco tem propriedades térmicas que aumentam a vida útil
da resina de PVC e plastificantes.
O plastificante utilizado nesta formulação de plastisol é fabricado pela
INBRA, tem como nome INBRAFLEX 3.5 e nome químico derivados vegetais
epoxidados. Pode ser encontrada na forma líquida, incolor. Sua densidade a
25°C é de aproximadamente 0,935 g/cm³. Tem boa compatibilidade com as
resinas de PVC e cargas minerais. Atua juntamente com o PVC para formação
do filme plástico do plastisol. Por outro lado, o plastificante interfere em algumas
propriedades reológicas como viscosidade e tixotropia. Para suavizar essa
desvantagem do plastificante, os espessantes entram com a função de fortalecer
as propriedades reológicas da formulação do plastisol.
O pigmento utilizado nesta pesquisa é o dióxido de titânio, fabricado pela
TRONOX e de nome comercial TIONA. Ele oferece maior poder de cobertura,
24

brilho e durabilidade, permitindo que as tintas modernas sejam mais eficientes,


mais fáceis de aplicar e tenham um baixo impacto ambiental. Possui densidade
a 25°C de 4,23 g/cm³ e ponto de fusão 1843 °C.
A resina de PVC fabricada pela VINNOLIT tem como nome químico poli
(cloreto de vinila) e pode ser encontrada no seu estado natural como um pó
branco, cujo odor é característico, com densidade a 23°C é de aproximadamente
1,40 g/cm³. Sua granulometria atende diversas malhas. A resina de PVC junto
com algumas cargas minerais auxilia nas propriedades reológicas e é um dos
principais polímeros utilizados no plastisol.
O espessante utilizado neste estudo tem como nome químico Dióxido de
Silício. O AEROSIL fabricado pela EVONIK pode ser encontrado como um pó
branco, inodoro, com faixa de pH entre 3,7 a 4,7, ponto de fusão de 1700°C e
densidade a 20°C é de 2,2 g/cm³. Na formulação do plastisol, o AEROSIL reforça
o comportamento reológico do sistema sem que haja alterações nas
características de adesão da formulação. Sua proporção dentro da formulação
geralmente é baixa devido ao seu alto desempenho.
A tabela abaixo mostra os reagentes utilizados e sua quantidade.

Tabela 1 – Reagentes utilizados


Reagentes Quantidade
Óxido de cálcio 8,22 g

Hidróxido de cálcio 87,78 g

Estabilizante cálcio/zinco 0,08 g

Plastificante 80,1 g

Resina PVC 28,4 g

Pigmento branco 2,5 g

Espessante 1,8 g

Total 208,88 g

Fonte: Própria do autor


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8.2 – EQUIPAMENTOS

Os equipamentos utilizados na fabricação do plastisol estão abaixo:


➢ Balança Analítica
➢ Peneira com malha 60 μm
➢ Agitador tipo cowles
➢ Flash Cure
➢ Tela Serigráfica
➢ Espátula

8.3 – METODOLOGIA
Para o processo de mistura de uma formulação de plastisol foi utilizado um
misturador do tipo cowles e iniciou adicionando toda a quantidade de
plastificante, estabilizante e pigmento:
Adicionou-se 80,1 g de plastificante Inbraflex 5.0, fabricado pela INBRA.
Pode ser encontrada na forma líquida, incolor a amarelado. Tem boa
compatibilidade com as resinas de PVC e cargas minerais. Atua juntamente com
o PVC para formação do filme plástico do plastisol.
Adicionou-se 0,08 g de estabilizante cálcio/zinco Plastibil ICZ-221, fabricado
pela INBRA. Pode ser encontrado na forma líquida de incolor a levemente
amarelado, cujo odor é característico. Esta mistura Cálcio/Zinco tem
propriedades térmicas que aumentam a vida útil da resina de PVC e
plastificantes.
Adicionou-se 2,5 g de pigmento branco, de nome químico dióxido de titânio,
fabricado pela TRONOX e de nome comercial TIONA. É um aditivo empregado
para definir apenas tonalidades de cor ao plastisol. Têm função decorativa e
estética. Os pigmentos além de proporcionar cor aos produtos, podem atuar
também no brilho, opacidade e em outra propriedade interessante, a estabilidade
à radiação ultravioleta.
Após ter adicionado toda a quantidade de plastificante, estabilizante e
pigmento, iniciou-se a agitação com baixa velocidade, que é expressa em rpm.
As matérias-primas como cargas minerais, resina de PVC e espessante foram
adicionadas aos poucos e em baixa rotação, a fim de não promover um
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aumento gradativo de temperatura (máximo atingível 40°C), o qual implicaria


na gelificação da pré-mistura já no início do processo.
Adicionou-se 8,22 g de óxido de cálcio, conhecido popularmente como cal
virgem. Esta carga tem como função diminuir a higroscopia do plastisol, uma vez
que a resina de PVC e outras cargas minerais são altamente higroscópicas.
Adicionou-se 87,78 g de hidróxido de cálcio, comumente chamada de cal
hidratada. O hidróxido de cálcio quando industrializado nestes formatos é um
produto barato e comumente utilizado para deixar as formulações as quais ele
integra mais baratas, devido a sua boa compatibilidade com óleos e
plastificantes.
Adicionou-se 1,8 g de espessante que tem como nome químico Dióxido de
Silício. O espessante reforça o comportamento reológico do sistema sem que
haja alterações nas características de adesão da formulação. Sua proporção
dentro da formulação geralmente é baixa devido ao seu alto desempenho.
Após ter adicionado toda a matéria-prima no recipiente, foram
homogeneizadas por 30 minutos utilizando um misturador cowles.
Depois da homogeneização a pasta passou pela filtração, que é feita em
peneira de malha de 60 μm. Por meio da peneira retém-se possíveis grumos
contidos no produto, obtendo uma pasta lisa.

9 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
As atividades referentes ao Estágio Supervisionado foram desenvolvidas
no laboratório da empresa Tintol Bahia.
Após todo o processo de fabricação da tinta plastisol, é preciso analisar se
a pasta lisa e sem grumos obtida está dentro dos parâmetros informados na
literatura como, por exemplo, cura em alta temperatura, não entope as matrizes
da tela, boa intensidade das cores etc.
Como a Tintol Bahia não dispõe de estufa, viscosímetro e nem reômetro,
os únicos testes possíveis que aconteceram foram o de cura em alta temperatura
através do equipamento denominado flash cure e aplicação em tecido através
da técnica de serigrafia.
O primeiro teste feito foi a aplicação em tecido através da técnica de
serigrafia.
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Esse teste consiste em vazar a tinta através da tela. Colocou-se o tecido


a ser estampado em uma bancada, encaixa-se a tela no tecido a receber a
gravação, põe-se uma pequena quantidade de tinta plastisol sobre a tela e
passa-se o rodo. Dessa forma, foi obtido uma boa definição de imagem e uma
ótima intensidade das cores.

Figura 3 – Aplicação tinta plastisol

Fonte: Fremplast tintas, 2020

Após a aplicação no tecido foi feito o segundo teste, que consiste em


analisar se a tinta tem uma cura em alta temperatura.
Passou-se sobre a tinta aplicada no tecido o flash cure, equipamento com
sistema de secagem por lâmpadas infra-vermelho a uma temperatura de
170 °C durante 5 segundos.

Figura 4 – Aplicação Flash Cure

Fonte: Karmutex

Por fim, puxou-se a estampa e esfregou o dedo sobre ela. Foi observado
que a estampa não trincou e nem esfarelou.
28

10 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi iniciado com a proposta de estudar e desenvolver tinta
plastisol para uso em serigrafia.
Mesmo com algumas limitações de equipamentos para testes na Tintol
Bahia, obteve-se uma tinta plastisol aparentemente dentro dos parâmetros
estudados, com uma cura em alta temperatura, boa definição de imagem e uma
boa intensidade das cores.
É de suma importância a parceria entre a Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia e a empresa Tintol Bahia através do Estágio Supervisionado,
sendo muito enriquecedor para o discente do curso de Bacharelado em Química,
pois concede a oportunidade de aplicar e confrontar os conhecimentos
adquiridos ao longo do tempo. O estágio possibilita ainda, a vivência com o meio
industrial, facilitando o desenvolvimento das competências profissionais e
pessoais.
Portanto, o estudante apresenta o sentimento do dever cumprido e
satisfação pelo trabalho que foi desenvolvido. O estágio permitiu o
desenvolvimento de uma visão empreendedora e crítica do modo de
administração de uma empresa. Dessa maneira, o referido estágio agregou
conhecimento e enriqueceu o currículo do estudante.
29

11 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAER, Lorenzo. Produção Gráfica. São Paulo: Editora SENAC, 1999.

BÁSICO DE SERIGRAFIA, Manual. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em:


<https://www.ceramicaindustrial.org.br/article/5876571b7f8c9d6e028b46a1/pdf/
ci-8-5-6-5876571b7f8c9d6e028b46a1.pdf>.

FERNANDES, EVANDSON. DESDOBRAMENTOS SOBRE A SERIGRAFIA


ARTÍSTICA POR MEIO DA PRODUÇÃO DE UMA CARTILHA. 2018. Trabalho
de conclusão de curso (Licenciatura em Artes Visuais) - UNIVERSIDADE
FEDERAL

FORINI, Sérgio Henrique. Estudo da dispersão e incorporação de argilas


esmecttitícas em plastisol. 2008. 127 p. Tese (Doutorado em Engenharia) –
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo.

FRANCISCO, Welington; JUNIOR, Wilmo Ernesto Francisco. A Química das


tintas e dos pigmentos. Um tema gerador para o ensino e a problematização de
aspectos científico-humanísticos. Educació química, p. 40-46, 2012.

GUIA TÉCNICO AMBIENTAL TINTAS E VERNIZES -SÉRIE P+L GUIA


TÉCNICO AMBIENTAL TINTAS E VERNIZES -SÉRIE P+L Tintas e Vernizes.
[s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://www.abrafati.com.br/wp-
content/uploads/2013/08/guia-produo--limpa.pdf>.

HISTÓRIA DAS TINTAS. In: HISTÓRIA DAS TINTAS. Digital. [S. l.]: ABRAFATI,
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JOAQUIM JÚNIOR, Celso Fernandes. et. al. Agitação e Mistura na Indústria.


1 ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007, 236 p.

NEVES, Érico Guimarães. Estudo para adesão de dispersões coloidais vinílicas


em substratos metálicos tratados. 2002. 55 p. Monografia (Conclusão do Curso
de Química) – Faculdade de Ciências Biológicas, Exatas e Experimentais;
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.
30

O setor de tintas no brasil – Abrafati. Abrafati.com.br. Disponível em:


<https://abrafati.com.br/o-setor-de-tintas-no-brasil/>. Acesso em: 11 abr. 2022.

RABELLO, Marcelo. Aditivação de polímeros. 1. ed. São Paulo: José Roberto


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RODOLFO JÚNIOR, Antonio; NUNES, Luciano Rodrigues; ORMANJI Wagner.


Tecnologia do PVC. 2. ed. ver, ampl., São Paulo: Vicente Wissenbach, 2006.
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SCHNEIDER, Joana; SACCO, Helene Gomes. Estêncil e serigrafia: os usos


tradicionais e artísticos da técnica de molde vazado. ESTÊNCIL E
SERIGRAFIA: OS USOS TRADICIONAIS E ARTÍSTICOS DA TÉCNICA DE
MOLDE VAZADO, Revista Seminário de História da Arte, v. 1, ed. 8, 2019.
Disponível em:
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/Arte/article/view/17912/10840.
Acesso em: 21 fev. 2022.

Tintas a Base de Plastisol - Gênesis Tintas para Serigrafia e Sublimação


Digital, Gênesis Tintas para Serigrafia e Sublimação Digital, disponível em:
<https://genesistintas.com.br/faq-custom/tintas-a-base-de-plastisol/>. acesso
em: 11 abr. 2022. CRAIG, James. Produção Gráfica. Sao Paulo: Nobel, 1987.
p.186

TINTAS A BASE DE PLASTISOL. Fremplast Tintas. Disponível em:


<https://fremplast.com.br/tintas-a-base-de-plastisol/>. Acesso em: 11 abr. 2022.

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