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UNIVERSIDADE POSITIVO

ALEXANDRE NAGAZAVA MALLER


THAYS STEINBERG DA SILVA
WILLIAN WALLACE VIEIRA

DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO PARA A PRODUÇÃO DE COGUMELOS


COMESTÍVEIS A PARTIR DO BAGAÇO DE MALTE

CURITIBA
2021
ALEXANDRE NAGAZAVA MALLER
THAYS STEINBERG DA SILVA
WILLIAN WALLACE VIEIRA

DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO PARA A PRODUÇÃO DE COGUMELOS


COMESTÍVEIS A PARTIR DO BAGAÇO DE MALTE

Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito


para a obtenção do título de bacharel em Engenharia
de Bioprocessos e Biotecnologia na Universidade
Positivo.
Orientador(a): Dr Marco Aurélio da Silva Carvalho
Filho.

CURITIBA
2021
CARTA DE ENCAMINHAMENTO DE TCC

Curso: Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia


Aluno(s): Alexandre Nagazava Maller
Thays Steinberg da Silva
Willian Wallace Vieira
Professor:
Marco Aurélio da Silva Carvalho Filho
Orientador:

Curitiba, 09 de dezembro de 2021.

Eu, Prof. Marco Aurélio da Silva Carvalho Filho, matrícula 28633, declaro que li,
revisei e autorizei a entrega do presente trabalho.

Assinatura Professor Orientador


www.up.edu.br

Rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300

81280 330

Curitiba PR

ALEXANDRE NAGAZAVA MALLER, THAYS STEINBERG DA SILVA eWILLIAN


WALLACE VIEIRA

DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO PARA A PRODUÇÃO DE


COGUMELOS COMESTÍVEIS A PARTIR DO BAGAÇO DE
MALTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Positivo como


requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Bioprocessos
e Biotecnologia.

Aprovado em 01/12/2021.

Orientador:
Prof. Dr Marco Aurelio da Silva Carvalho Filho
Universidade Positivo

Banca Examinadora:

Prof. Dra. Ligia Alvez da Costa Cardoso


Universidade Positivo

Prof. Dr. Luiz Gustavo Lacerda Universidade


Estadual de Ponta Grossa

Recredenciada pela Portaria Ministerial nº 169, de 03/02/2017, DOU nº 26, de 06/02/2017, seção 1, p. 15.
AGRADECIMENTOS

Esse trabalho representa a conclusão de uma jornada que permuta há 5 anos.


Seria muito difícil dizer todas as pessoas que influenciaram para que chegássemos até
aqui. Mas, em considerações gerais, agradecemos a todos os docentes de todas as
disciplinas lecionadas, aos familiares que forneceram apoio durante todo esse tempo,
aos colegas de classe que nos acompanharam na absorção do saber, e todas os
trabalhadores e pessoas que cruzaram nossa presença no imenso ambiente que é a
universidade.
O fechamento dessa jornada se provou um desafio, pela obrigatória adaptação
ao novo normal, num mundo assolado pela pandemia causada pelo coronavírus. Dentro
deste contexto, um longo esforço foi demandado no desenvolvimento do presente
trabalho ao decorrer do ano de 2021. Ao longo desse período, houve aqueles em que
temos uma branda gratidão quanto à influência no amadurecimento e refino de tal
dissertação, acompanhando-a desde seu nascimento até esta conclusão. Nisso,
gostaríamos de agradecer aos orientadores, corretores e banca, Marco Aurelio da Silva
Carvalho Filho, Ligia Alves da Costa Cardoso, Maura Harumi Sugai Guérios e Luiz
Gustavo Lacerda, pelo norteamento, críticas construtivas e reconhecimento. Além
desses, agradecemos também aos companheiros Natalie Erich, pela revisão do
trabalho e contribuição nos momentos mais sublimes, e Matheus Perotti, pelas
sugestões e apoio durante muitas de nossas reuniões. Outrossim, nossa gratidão aos
demais membros do grupo “Super Amigos”, que abrange todos aqueles que pelo menos
em algum momento participaram da nossa desenvoltura no ínterim desse ano.
Por fim, somos gratos ao nosso próprio companheirismo, que tornou possível
transformar os momentos de dificuldade em alegria, que nos dá forças para suportar
dores e, consequentemente, nos dar o azo de ir mais longe.
RESUMO

O bagaço de malte é um dos principais resíduos da indústria cervejeira, oriundo dos


restos de malte hidrolisado no processo da mosturação da cerveja. É um composto
fibroso e proteico, rico em celulose e hemicelulose, e seu principal método de descarte
é a destinação à alimentação animal na pecuária. Mas, nos últimos anos, vêm-se
buscando a utilização do bagaço de malte para a produção de produtos com valor
agregado. Um dos exemplos é a bioconversão por fermentação em estado sólido
(FES), que pode ser feita por cogumelos comestíveis a partir da degradação de
resíduos, que além de ser um produto de alto valor agregado que podem diminuir a
geração de resíduos orgânicos. Há um aumento na demanda de produção de
cogumelos pelo crescimento do mercado. No Brasil, boa parte dos cogumelos
comestíveis comercializados são importados, e a produção local é baseada em
agricultura familiar. O shitake é o segundo cogumelo mais comercializado, sua
produção atual no país baseia-se no método de toras, que consiste na inoculação da
cepa em troncos de eucalipto, uma opção que não exige muito processamento, mas
possui um tempo de cultivo maior que o do cultivo em substrato, e gera impacto
ambiental pela utilização de árvores. Outro método utilizado é o cultivo por substrato,
no qual pode-se utilizar resíduos compostos por fibras e celulose, como a serragem.
Propõe-se estudar a caracterização de processo de produção de cogumelos
comestíveis a partir do bagaço de malte, realizando também um escalonamento do
processo, a fim de aprimorar as tecnologias envolvidas na produção de cogumelos
comestíveis, além de se reutilizar resíduos e reduzir impactos ambientais. Foi realizada
uma revisão de literatura, buscando-se os métodos de produção de cogumelos
comestíveis, comparando os métodos utilizados nos tipos de cultivo e compilando as
condições de cada cultivo, bem como as características necessárias para o
desenvolvimento de um novo substrato. Além disso, foi desenvolvido um projeto de
indústria, baseando-se na revisão bibliográfica e feito uma análise de processo e custo
de mercado.

Palavras-chave: Substrato. shitake. FES. Tratamento de resíduos


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema do uso da economia circular na produção .................................. 13


Figura 2 - Kit para produção de cogumelos em substratos ......................................... 15
Figura 3 - Diagrama de alternativas de usos do bagaço de malte .............................. 16
Figura 4 - Tipos de Cogumelos comercializados mundialmente ................................. 20
Figura 5 - Corpo de frutificação do cogumelo shitake (Lentinus edodes) .................... 21
Figura 6 - Seleção das toras de eucalipto para a etapa de inoculação dos esporos. .. 22
Figura 7- Broca utilizada para efetuar os furos para etapa de inoculação. ................. 23
Figura 8- Cogumelos prontos para etapa de colheita por método de toras. ................ 24
Figura 9- Corpos de frutificação do cogumelo shitake em desenvolvimento no substrato.
.................................................................................................................................... 27
Figura 10- Logomarca da MUSHII............................................................................... 36
Figura 11- Projeção do mercado mundial de cogumelos (em bilhões de dólares). ..... 38
Figura 12- Fluxograma representativo da metodologia. .............................................. 41
Figura 13- Fluxograma de blocos da produção industrial de cogumelo ...................... 45
Figura 14 - Diagrama de Processo Industrial PFD ...................................................... 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Comparação dos gêneros de cogumelos e seus substratos de cultivo. ...... 18


Tabela 2- Condições de cultivo ao decorrer dos processos. ....................................... 28
Tabela 3- Comparativo dos métodos de produção de cogumelos L. edodes .............. 30
Tabela 4 - Composição de diferentes substratos para produção de shitakes ............. 34
Tabela 5- Produção brasileira de cogumelos comestíveis .......................................... 37
Tabela 6- Produção de cogumelos comestíveis no mundo ......................................... 37
Tabela 7- Estimativa média de parâmetros de processo ............................................ 40
Tabela 8 - Balanço de Massa e Escalonamento de processo ..................................... 42
Tabela 9 - Legenda de Equipamentos do PFD ........................................................... 47
Tabela 10 - Legenda das Correntes do PFD ............................................................... 47
Tabela 11- Análise econômica de equipamentos industriais ....................................... 50
Tabela 12 - Custo Capital ............................................................................................ 52
Tabela 13- Relação de insumos para produção de shitake ........................................ 54
Tabela 14 - Custos de Mão de Obra ........................................................................... 55
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPC Associação Nacional de produtores de Cogumelos


BDM Bagaço de malte
C/N Proporção de Carbono e Nitrogênio
EB Eficiência Biológica
ETE Estação de Tratamento de Efluentes
FES Fermentação em Estado Sólido
MS Massa Seca
PEBD Polietileno de Baixa Densidade
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
RC Resíduo cervejeiro
RUC Resíduo úmido de cervejarias
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
2 OBJETIVOS .................................................................................................... 12
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 12
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICOS ............................................................................... 12
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 13
3.1 A ECONOMIA CIRCULAR ................................................................................ 13
3.2 BAGAÇO DE MALTE........................................................................................ 15
3.3 PRODUÇÃO DE COGUMELOS COMESTÍVEIS.............................................. 17
3.4 O COGUMELO SHITAKE ................................................................................. 19
3.4.1 A produção de shitake em toras ..................................................................... 21
3.4.2 A produção de shitake em toras modificadas ............................................. 24
3.5 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS PARA O CULTIVO DE SHITAKE ............... 28
3.5.1 Impacto ambiental da plantação de eucaliptos ........................................... 28
3.5.2 Comparativos dos métodos .......................................................................... 30
3.6 CULTIVO DE SHITAKE EM SUBSTRATOS..................................................... 31
4 PROPOSTA DE PROJETO DE INDÚSTRIA ................................................... 36
4.1 A EMPRESA MUSHII ....................................................................................... 36
4.2 ANÁLISE DO MERCADO DE COGUMELOS ................................................... 36
4.3 DEFINIÇÃO DO PROCESSO ........................................................................... 39
4.3.1 Desenvolvimento do processo ..................................................................... 39
4.3.2 Compilação e análise de dados .................................................................... 39
4.3.3 Elaboração Do Método De Cultivo ................................................................ 40
4.3.4 Balanço de Massa .......................................................................................... 41
4.3.5 Fluxograma de Processo De Produção Do Shitake .................................... 43
4.4 ANÁLISE ECONÔMICA .................................................................................... 49
4.4.1 Estimativa do Custo Capital .......................................................................... 52
4.4.2 Estimativa do custo operacional .................................................................. 53
4.4.3 Análise de Lucro ............................................................................................ 56
4.5 LEGISLAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE ............................................... 57
4.6 TRATAMENTO DE RESÍDUOS........................................................................ 58
5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62
REFERÊNCIAS DE EQUIPAMENTOS ..................................................................... 66
REFERÊNCIAS DOS INSUMOS PARA PRODUÇÃO .............................................. 67
10

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com grande parte da economia voltada para a agricultura,


pecuária e agroindústrias. Com o aumento populacional desde as últimas décadas, a
quantidade de produção de resíduos, tanto domésticos como industriais, aumentou,
sendo que a maioria dos resíduos produzidos são destinados a aterros sanitários e
reciclagem. Entretanto, a bioconversão é um processo metabólico que envolve uma
ou várias reações enzimáticas, normalmente realizada por diversos microrganismos,
como os fungos, onde ocorre a transformação de compostos químicos complexos em
estruturas simples e moléculas orgânicas (SALES-CAMPOS, 2008).
Um resíduo com alto potencial para uso como substrato em fermentação em
estado sólido e bioconversão é o bagaço de malte, oriundo do processo de produção
da cerveja, representando 85% dos resíduos gerados pela indústria cervejeira (ALIYU,
2011). O bagaço de malte (BDM) é rico em fibras, e também possui níveis proteicos
significativos, tendo uma composição de: 29,93% de hemicelulose, 21,16% de
proteína, 20,80 de lignina total, 15,99% de celulose, 8,33% de extrativos e 3,76%
cinzas do material, em massa seca (MS) (MASSARDI, 2020), e sua relação
carbono/nitrogênio (C/N) de 12,1 (THIAGO et al., 2015).
Uma análise de resíduos úmidos de cervejarias (RUC) mostra que o BDM
representa a maior parte de subproduto gerado, porém na maioria das vezes ele é
descartado, ou é utilizado para alimentação animal. É estimado que a produção
mundial anual de resíduo cervejeiro (RC) seja de aproximadamente 30 milhões de
toneladas, sendo que a produção brasileira representa cerca de 1,7 milhões de
toneladas/ano (MUSSATTO, 2006).
De acordo com a lei nº 12.305/10, que descreve a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS), existe uma ordem de prioridade na gestão dos resíduos. A
lei regulamenta a destinação final dos lixos produzidos, proibindo seu descarte no
meio ambiente, em lixões ou aterros sanitários não normatizados e queima a céu
aberto, e assim incentivando a reciclagem, a compostagem, ou métodos alternativos,
como a geração de produtos a partir da FES, como o cultivo de cogumelos.
De acordo com a Associação Nacional de Produtores de Cogumelos (ANPC),
o consumo per capita de cogumelos no Brasil é baixo, sendo este em torno de 160
gramas, enquanto em países da Europa, como Alemanha, França e Itália, o consumo
11

pode chegar a 2 kg per capita (por pessoa). Os maiores consumidores de cogumelo


do mundo estão nos países da Ásia, o consumo per capita na China e na Coréia do
Sul pode chegar a 8 kg por ano. O mercado de fungos movimenta US $35 bilhões no
mundo ao ano. Os tipos de cogumelos comestíveis atualmente mais consumidos no
Brasil são as espécies Agaricus bisporus (Champignon de Paris), Pleurotus spp.
(Shimeji) e Lentinula edodes (shitake).
O shitake destaca-se, pela possibilidade de crescimento em substrato, que
possui ampla utilização de resíduos orgânicos que contêm na sua composição
celulose, hemicelulose e lignina, sendo eles bagaço de cana de açúcar, bagaço de
malte, resíduos de açaí, cascas de frutas de indústrias de sucos e entre outros. Além
de fonte das fontes de carbono, o fungo necessita de fonte de nitrogênio, por isso
muitas vezes o substrato precisa de suplementação desse composto essencial e
alguns resíduos encontrados na literatura são os farelos proteicos compostos por
casca de arroz e de trigo (QUEIROZ et al., 2004).
A prática da bioconversão para metabolizar compostos complexos, despertou
interesse nas indústrias alimentícias, com a possibilidade de reciclar resíduos
orgânicos que demoram uma larga faixa de tempo para serem degradados
completamente por meio de compostagem. Os resíduos agroindustriais, como BDM,
têm grande potencial para a produção de substratos, pois são ricos em vitaminas,
micro e macronutrientes, fibras e composição antioxidante que beneficiam o seu
reaproveitamento como fonte de C/N para a produção de cogumelos shitake (PIENIZ
et al., 2009).
12

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um processo para a produção de cogumelos comestíveis a partir


do bagaço de malte.

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICOS

Realizar uma revisão da literatura, com relação a produção de cogumelos


comestíveis em bagaço de malte.
Avaliar os parâmetros físicos e biológicos para melhoramento da produção de
substrato utilizando bagaço de malte.
Propor um escalonamento teórico para a produção do cogumelo em escala
industrial.
Comparar o método convencional de toras para produção do shitake com o
método de substrato proposto.
13

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 A ECONOMIA CIRCULAR

A principal definição para a economia circular foi desenvolvida pela


Organização Internacional de Normalização (ISO), sendo “um sistema econômico que
utiliza uma abordagem sistêmica para manter o fluxo circular dos recursos, por meio
da adição, retenção e regeneração de seu valor, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável" (ISO/TC 323). Na economia circular, pode-se notar uma contribuição para
o desenvolvimento de novos elos na cadeia produtiva, envolvendo: a otimização de
processos, o compartilhamento de informação, o aumento na vida útil do produto, e a
recuperação de recursos. Objetiva-se ter uma melhor gestão dos recursos naturais,
agregar valor e utilidade, dentro de um propósito relacionado ao desenvolvimento
sustentável. Na Figura 1, tem-se uma representação geral de como pode ser aplicada
a economia circular em empresas e indústrias, onde o processo inicia-se na indústria,
que gera seus resíduos além de seus produtos, uma metodologia sustentável é
encaminhá-los para local correto, ou para uma indústria terceirizada onde os mesmos
são selecionados e encaminhados para o mercado consumidor com o intuito de gerar
novos produtos, ou atribuir novas características aos produtos já existentes, isto pois
práticas sustentáveis dentro das empresas chamam atenção dos consumidores, isso
se deve pelas novas abordagens e práticas que vem sendo aplicadas no mundo
(Sauvé, Bernard e Sloan, 2016).

Figura 1 - Esquema do uso da economia circular na produção


14

Legenda: 1-Indústria primária (cervejaria); 2-Mercado consumidor; 3-Industria


terceirizada responsável pelo manejo de resíduos orgânicos (BDM) de interesse; 4-
Metodologia inovadora sustentável para reuso de recursos (produção de substratos);
5- Indústria secundária (Mushii) responsável por aplicar as metodologias inovadoras
para os resíduos serem processados em produtos agregados de interesse (produção
de cogumelos); 1-Retorno à indústria primária, como novos produtos de interesse de
mercado (substratos e cogumelos).
Fonte: Adaptado de Sauvé, Bernard & Sloan (2016).

A possibilidade de utilizar resíduos agroindustriais para o cultivo de cogumelos


em substrato, pode aos poucos ser englobado pelo conceito de economia circular, que
é uma tendência onde as indústrias reduzem perdas e custos produtivos, através da
utilização de matéria-prima secundária, diminuindo a extração de recursos e
aumentando a reutilização de insumos já existentes. Com base nisso, pode-se dizer
que é estratégico usufruir das oportunidades geradas pela economia circular, com um
melhor aproveitamento de resíduos, como na utilização do bagaço de malte para a
produção de cogumelos comestíveis — um resíduo agroindustrial utilizado para formar
um produto de valor agregado.
Os cogumelos de forma geral têm diversas utilidades além da mais comum,
para alimentação, eles podem ser usados para produção de ácidos orgânicos de
forma natural, produtos químicos, antibióticos e medicamentos, para obtenção de
proteínas e enzimas, como as lignocelulases e ainda por ter valores proteicos
nutricionalmente desejáveis é uma alternativa à carne. Além do valor de
comercialização dos cogumelos, o bagaço de malte é pouco valorizado pela indústria
cervejeira, mas os mesmos podem ser comercializados com valores próximos de 50
reais para 600 gramas de substrato produzido. Outra opção para os consumidores é
na forma de kit contendo os esporos do cogumelo, cal virgem, sacos plásticos próprios
para o cultivo e o substrato, tendo um valor variando de 50 a 190 reais, esta variação
está relacionada a quantidade de substrato, esporos e espécie de cogumelos
pretendidos, segundo os catálogos disponíveis em plataformas digitais. (Figura 2)
15

Figura 2 - Kit para produção de cogumelos em substratos.

1- Kit para produção de cogumelos de forma caseira, com todos os componentes; 2-


Substrato pronto inoculação dos esporos; 3- Inoculação dos esporos em forma sólida
no substrato.
Fonte: Mercado livre- Portexx, (2021).

3.2 BAGAÇO DE MALTE

O malte é um dos principais e mais importantes componentes para a produção


de cervejas. De acordo com a legislação brasileira, para ser considerada cerveja,
deve-se ter 55% de polissacarídeos provenientes do malte de cevada, na etapa de
mistura e os outros componentes denominados como aditivos ou adjuntos (Decreto
n° 6.871, 2009). Conforme Oliveira (2018), para a produção das cervejas, o malte de
cevada passa pelo processo de malteação, no qual ocorre a germinação dos cereais
que promove a ativação das enzimas como as amilases, proteases e betaglucanases,
presentes no endosperma. Nisso, ocorre uma etapa de aquecimento que impede
contaminações, e interrompe a germinação. Para algumas cervejas especiais
escuras, o malte passa por caramelização e torra. Em seguida, é feito a moagem e a
mosturação, onde as enzimas do malte transformam o amido da semente em
16

polissacarídeos menores, formando o mosto, no qual posteriormente são


incorporadas as leveduras que irão efetuar a fermentação anaeróbica e produção de
álcoois e compostos aromáticos fenólicos, em temperatura e pH adequados, para a
formação da cerveja. Porém, antes das etapas seguintes ocorre a filtração do mosto,
que faz a separação sólido-líquido, do bagaço de malte, onde são retirados os
resíduos, e armazenadas para seu destino final, que depende da indústria cervejeira.
Na Figura 3 estão demonstradas algumas alternativas de uso do BDM com
suas vantagens e desvantagens. O BDM pode ser utilizado para a produção de ração
animal, compostagem, produção de pães e farinhas, queima para produção de
energia, como substrato para FES e também produção de enzimas como amilases e
lipases e, por fim, a utilização para produzir cogumelos comestíveis (Adaptado de
BARBOSA, 2020).

Figura 3 - Diagrama de alternativas de usos do bagaço de malte

Fonte: Autores (2021)

Como o bagaço de malte (BDM) é um dos principais resíduos gerados pela


indústria cervejeira, sendo cerca de 85% dos resíduos totais em massa úmida, para a
produção de 1.000 litros de cerveja, cerca de 200 kg de bagaço é gerado
17

(MUSSATTO, 2009). O BDM é um resíduo agroindustrial fibroso rico em hemicelulose


e celulose, sua composição varia de acordo com a produção da cerveja desejada, o
malte normalmente é composto de cevada e cereais, ou ainda trigo, aveia e os menos
usuais são de milho e arroz. Pela variedade de composição, o bagaço de malte se
mostrou viável para produção de substratos de cogumelos, pelo alto teor de proteínas
(21,16% de proteína) e condições de fonte de carbono favoráveis para essa causa
(MASSARDI, 2020; OLIVEIRA,2018).
Além desta alternativa, há outras na literatura que também dão um valor
agregado maior ao bagaço de malte, porém, o método convencional de cultivo de
cogumelos mostrou-se auspicioso à situação, pelo apelo ao meio ambiente e pela
preocupação com a quantidade de resíduos produzido, pois para a produção de
substratos podem ser utilizados vários resíduos em conjunto (OLIVEIRA, 2018).

3.3 PRODUÇÃO DE COGUMELOS COMESTÍVEIS

Existem diversas variedades de cogumelos comestíveis muito utilizados na


culinária, cada um com sua peculiaridade e diferente composição de nutrientes, que
traz benefícios multivariados à saúde, os mais conhecidos e consumidos são o
champignon (cogumelo paris), o shimeji, o shitake, o “funghi secchi” (forma
desidratada de cogumelos) e o portobello (ZANIN, 2021). Os cogumelos comestíveis
são basidiomicetos que, para se desenvolver e formar os corpos de frutificação,
necessitam de substrato rico em compostos lignocelulósico, por isso, podem ser
cultivados em variados tipos de substratos derivados de resíduos agroindustriais,
como os exemplos apresentados no Tabela 1. Na literatura há comparações
nutricionais que afirmam que cogumelos produzidos em subprodutos industriais
oferecem grande valor nutricional, sendo assim uma boa fonte de proteínas, quitina e
compostos fenólicos (MANZI et al, 2004).
Nesta tabela, pode-se também ver quais resíduos podem ser utilizados para a
produção de cogumelos comestíveis, podendo concluir que os mais aderentes a uma
variedade maior de subprodutos agroindustriais são os do gênero Pleurotus, Lentinula
e Volvariella que estão no top 7 de cogumelos mais comercializados mundialmente.
O gênero no qual o shitake se encontra tem uma grande variedade de
compostos, porém todos têm uma granulosidade grande ou uma grande área de
18

contato para o estabelecimento das hifas (MELO, 2013). A maioria apresenta um pH


de cultivo entre 5,0 e 8,0, sendo uma faixa viável para utilização do bagaço de malte,
segundo a literatura de Fan (2008), que apresenta pH próximo de 5,7.

Tabela 1- Comparação dos gêneros de cogumelos e seus substratos de cultivo.

SUBPRODUTOS - MEIO DE CULTIVO FAMÍLIA DE COGUMELOS

Palha de arroz Volvariella, Pleurotus, Agaricus

Palha de trigo Pleurotus, Agaricus, Stropharia, Volvariella

Borra de café Pleurotus, Lentinula

Lentinus, Pleurotus, Hericium, Auricularis,


Serragem
Ganoderma, Grifola, Flammulina

Resíduos de algodão da indústria têxtil Pleurotus, Volvariella

Cascas de sementes de algodão Pleurotus, Lentinus

Toras Pholiota, Lentinula, Tremella

Farelo de serragem de arroz Pholiota, Auricularis, Coprinus, Flammulina, Lentinula

Espigas de milho Pleurotus, Hericium, Lentinula

Papel Pleurotus, Stropharia

Estrume de cavalo (fresco ou compostado) Agaricus

Bagaço triturado e resíduos de melaço da


Pleurotus
indústria açucareira

Aguapé/ Nenúfar Pleurotus, Volvariella

Resíduos de pericarpo de dendê Volvariella

Palha de feijão Pleurotus

Palha de algodão Pleurotus

Resíduo de casca de cacau Pleurotus

Coco Pleurotus

Folhas de banana Volvariella

Destiladores de resíduos de grãos Hericium

Fonte: Adaptado de FAN (2008).


19

3.4 O COGUMELO SHITAKE

O Lentinus edodes (shitake) possui uma concentração média de proteínas de


10 a 25% peso seco (CHANG, HAYES 1978), os cogumelos possuem todos os
aminoácidos essenciais (histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina,
treonina, triptofano e valina) para à nutrição humana e uma quantia de leucina e lisina
relevantes (CHANG, 1980). Conforme CHANG & HAYES (1978), sua composição
está entre 22,7% de proteínas, 3,2% de lipídeos, 10% de fibras e 4,7% de cinzas. O
shitake também apresenta cerca de 43 a 78% de carboidratos, 2,6 a 6,5% de minerais,
sendo os principais o cálcio, fósforo, ferro, sódio e potássio, e também contém
vitaminas do complexo B, além de vitaminas D, encontradas na forma de pró-vitamina
D2 (ergosterol) e com a presença de luz UV ou em contato com o calor, a pró-vitamina
D2 tem sua conversão para a vitamina D (MIZUNO, 1995). Porém, ocorre uma
diminuição nas vitaminas de complexo B, principalmente com a niacina, riboflavina e
tiamina (CHANG & MILES, 1984; JANES, 1995; TAKERECHI, et al, 1984).
O Japão desde meados do século 1980, foi um dos maiores produtores de L.
edodes, cultivados em toras naturais das árvores shii (Castanopsis cuspidata),
porém, a China foi a pioneira no cultivo de cogumelos em substrato com base
principalmente na serragem, que logo foi bem-vista na economia por ter um ciclo
menor da safra e aumento da eficiência da produção. Desta forma, a China tornou-se
um dos maiores produtores e exportadores de cogumelos shitake em 1990. Já entre
1995 a 2000 a China foi responsável por 95% da produção de cogumelos mais
consumidos na Ásia, sendo esta uma principal fonte de renda para comunidades
inteiras chinesas (CHANG 1999, 2005).
A produção de shitake em substrato torna-se interessante pois em 2009 o
Japão teve uma produção de 101 milhões de quilos, e o custo com toras afeta
fortemente o cultivo em larga escala dos mesmos. Além da fonte de renda através da
produção direta dos cogumelos, tem-se a possibilidade de venda do substrato para
inoculação posterior, assim como a China vem fazendo, exportando substratos a base
de serragem para o Estados Unidos, dados apontam que a produção de cogumelos
aumenta significativamente em solo estadunidense pelo preço relativamente baixo e
ótima qualidade dos cogumelos shitake (ROYSE, 2017).
20
Figura 4 - Tipos de Cogumelos comercializados mundialmente

Fonte: Royse (2013)

Pode-se verificar na Figura 4, que em 2013 a maior produtividade de cogumelos


comestíveis no mundo foi destinada ao gênero dos shitakes - Lentinula, com 22%
seguido dos cogumelos dos gêneros shimejis - Pleurotus com 19%.
Fonte: Royse (2013)
Conforme Dias (2010), o shitake apresenta um crescente potencial de mercado
no Brasil, tendo atualmente uma demanda maior do que a produção, sendo a
modernização um cerne para o desenvolvimento de sua economia. Seu cultivo
principal no país ainda é baseado em toras nativas de eucalipto, que embora seja uma
técnica mais simples e mais natural, o cultivo em toras nem sempre traz resultados
satisfatórios no desenvolvimento do corpo de frutificação (Figura 5), gerando uma
insegurança aos acordos de fornecimento entre produtores e compradores. Porém,
vem se destacando o uso do cultivo em substrato, que tem um maior rendimento e um
tempo de crescimento reduzido (Tabela 3). Entretanto, o método por substrato exige
um sofisticado controle de cultivo, pois acaba sendo mais suscetível à contaminantes,
tornando difícil a sua prática para produtores menores, sendo o processo de cultivo
do substrato muito difícil ao consumidor comum, principalmente nos cuidados com a
esterilização e inoculação, surge um mercado para fornecedores de substrato
inoculado prontos, que apenas precisam ser induzidos à frutificação. Este sistema
21

limita-se ao seu método axênico (cultivo em substrato), resultando muitas vezes em


contaminação. Nisso, o desenvolvimento de novos substratos seletivos para o
crescimento de shitake se faz necessário. Além disso, um dos problemas do cultivo
axênico (método por substrato) é a perda de umidade durante o crescimento em
temperatura constante, sendo interessante a análise de materiais com maior absorção
de água, o que pode permitir um maior número de flushes (novo crescimento em
mesmo substrato) sem a necessidade de imersão em água, que também é uma fonte
de contaminantes.

Figura 5 - Corpo de frutificação do cogumelo shitake (Lentinus edodes)

Fonte: DOCPLAYER (2018).

3.4.1 A produção de shitake em toras

O shitake consegue se adaptar em diversos tipos de madeira diferentes, mas


as madeiras não podem ser resinosas e aromáticas. Os principais exemplos de
madeiras utilizados para estes métodos são: carvalho, mangueira, nogueira e algumas
espécies de eucaliptos (EIRAS; BUENO, 2005). O eucalipto é principalmente utilizado
pelo Brasil, sendo a árvore mais utilizada em reflorestamentos, além disso, o eucalipto
apresenta um crescimento rápido, sendo que em 4-5 anos atinge 10 a 15 cm de
diâmetro, o que é ideal para a produção do shitake (EIRAS; MONTINI, 1997). A
espécie também apresenta uma baixa densidade de 0,49 𝑔/𝑐𝑚 3, pouco cerne, e um
conteúdo mínimo de fenóis (biotáticos naturais), sendo as espécies de eucalipto mais
utilizadas a Eucalyptus urophilus, E. saligna e E.grandis (ANGELIS et. al., 1998).
22

O diâmetro da tora necessita ser entre 10 a 15 cm e ter 1 metro de comprimento


(Figura 6), para que o manuseio seja mais fácil, sem danos na casca para que não
ocorra contaminação por outro fungo indesejável. Caso a mesma seja mais grossa,
maior será o diâmetro do cerne, e o tempo para colonização será maior, aumentando
as possibilidades de ocorrer contaminações nas pontas, devido ao apodrecimento da
tora. Entretanto, devido ao diâmetro maior, irá também demorar mais para que ocorra
todo o consumo dos nutrientes. Caso a tora seja mais fina (menor que 10 cm), terá
pouco cerne, ocorrerá a colonização mais rapidamente, mas sua produção será curta.
As toras devem ser utilizadas enquanto ainda estiverem verdes, e após serem
cortadas, necessitam de armazenamento na horizontal, para poder conservar o
máximo da umidade natural (CHANG; MILES,1989).

Figura 6 - Seleção das toras de eucalipto para a etapa de inoculação dos esporos.

Fonte: DOCPLAYER (2018)

Para a inoculação da tora, utiliza-se normalmente uma furadeira, com uma


broca especial de 2,5 cm para a inoculação do shitake (Figura 7). São feitos 6 furos
na tora, onde o primeiro começa após 5 cm da borda da tora, e os outros são
espaçados com 18 cm até o fim, onde o último furo deve estar a 5 cm do fim da tora.
Após isso, a tora será girada, e outra linha de furos vai ser feita com um espaçamento
de 3 a 5 cm da outra linha (será um espaçamento ideal para que a semente se espalhe
uniformemente), serão feitos 5 furos nessa linha, repetindo o ciclo até o início. Após a
etapa de furos, serão colocados os inóculos de shitake (geralmente feitas inoculando
a serragem com o fungo do shitake). Depois da inoculação, é realizada a
23

impermeabilização dos pontos onde foi realizada a semeadura, em que são colocados
uma mistura de breu com parafina (aquecidos a 130 °C), para se evitar que os esporos
percam a umidade, evitando que ocorra possíveis contaminações. Enfim, a tora deve
ser colocada para descansar por 8-12 meses (período de apodrecimento da madeira),
em um ambiente de sombra de floresta, fazendo com que não seja necessário fazer
a irrigação na tora devido ao clima úmido que a floresta irá trazer. As toras são então
empilhadas na horizontal em pilhas de até 2 metros. Posteriormente, a tora será
levada para passar por um choque térmico, onde a mesma é mergulhada em água
fria por uma noite, ativando assim a frutificação do shitake. Em seguida, as toras são
retiradas do local com água frio e colocadas de forma intercalada e inclinada, quase
em uma vertical em um local coberto sem incidência solar direta no tronco, porém,
este local deve ser bem iluminado para que o shitake não fique com um aspecto pálido
devida à falta de luz. Além disso, este local não deve ter muita circulação de ar, e as
toras devem ser molhadas em um tempo de até 48 horas após o choque térmico ter
ocorrido, mantendo assim sua umidade elevada (WEINGARTNER, 2007).

Figura 7- Broca utilizada para efetuar os furos para etapa de inoculação.

Fonte: Adaptado de DOSCPLAYER (2018)

Os primeiros cogumelos aparecem na superfície da tora entre dois a três dias


depois do processo de choque térmico, e a colheita ocorre de sete a dez dias depois,
dependendo da temperatura do ambiente, sendo que quanto mais quente, mais rápido
ocorre a colheita. Depois da primeira colheita não é necessária uma nova inoculação,
a tora será capaz de frutificar várias vezes até que os nutrientes acabem
(WEINGARTNER, 2007).
24

Por fim seu rendimento médio é de 150 gramas por colheita da tora (Figura 8),
podendo ser frutificada novamente mais 3 vezes (EIRAS & MONTINI, 1997).
Figura 8- Cogumelos prontos para etapa de colheita por método de toras.

Fonte: DOCPLAYER (2018)

3.4.2 A produção de shitake em toras modificadas

O método em toras, apesar de mais simples e sem a necessidade de muitos


cuidados (somente uma área florestal sombreada e úmida), ainda demora cerca
de 9 a 12 meses até a primeira cultivação, mas é possível melhorar a produtividade
em toras e até mesmo diminuir o período de colonização das toras, utilizando as
modificações nelas, chamadas de Câmara úmida e Pintura de cal (WEIL, 2009).

3.4.1.1 Câmara úmida

Pesquisas no Módulo de Cogumelos da FCA/UNESP, Botucatu (SP),


mostraram um método no qual é possível que a produção do shitake seja feita em um
período bem mais curto (de 2 a 3 meses). Nesse caso, necessita-se que a temperatura
média onde as toras se encontram seja mantido entre 25 e 28 °C, e as condições
umidade relativa elevadas (95% ou mais), reproduzido pela técnica da Câmara úmida
(EIRAS; MONTINI, 1997).
Este método utiliza-se de uma cobertura com lona plástica como sua base.
Durante o inverno, a lona necessita ser transparente, para que assim os raios solares
possam passar e alcançar as toras, mantendo o calor na tora, devido a lona dentro da
câmera. Durante o verão, a lona usada é a preta, evitando assim que se tenha
rebrotamentos na tora. A lona plástica deve cobrir toda a pilha de toras durante o
25

período de colonização inicial ou durante o período de choque térmico, porque


enquanto está nessas condições, o shitake é favorecido e se desenvolverá mais
rapidamente (EIRAS; MONTINI; 1997).

Porém, quando a câmera úmida é usada, os contaminantes naturais também


são favorecidos. Estudos não comprovaram o quanto isso prejudica na produtividade,
sendo possível ver que alguns contaminantes ajudam na decomposição da casca,
onde boa parte dos nutrientes da madeira se encontram (GONÇALVES, 1995).

3.4.1.2 Pintura de Cal

Este método engloba o uso de cal de pintura (hidróxido de cálcio), após a


inoculação da tora e a impermeabilização dos furos com parafina, a tora será
envolvida com a cal de pintura, e passará pelos passos:

I. Normalmente o pH da madeira é menor que 4,0, logo quando está relacionado


à produção de ácidos orgânicos do metabolismo fúngico, pode atingir níveis
que auto-limitam o crescimento, tendo isto em vista, a cal terá o papel de
neutralizar os resíduos metabólicos, aumentando assim o metabolismo geral.
A cal, quando hidratada, não é considerada um agrotóxico, fazendo com que
seu impacto ambiental seja mínimo, já que o hidróxido se converte
naturalmente em carbonato de cálcio (considerado como adubo);
II. Depois de fazer a primeira colheita, as toras irão passar pelo banho em cal
novamente e ficar um dia em um local onde não tenham contato com água,
então passará pelo método de ativação por choque térmico;
III. O recobrimento das “toras a cal” é um passo muito importante para que possa
ocorrer um controle dos contaminantes, que já se encontram instalados na
casca, ou seja, ela poderá ser usada como um recuperador de toras em
estágio avançado de contaminações superficiais. Tal passo irá ocasionar em
uma maior retenção da integridade da casca, onde está a maioria dos
nutrientes das toras (EIRAS; MONTINI,1997).
26

3.4.1.3 A produção de shitake em substrato

Uma das técnicas utilizadas no cultivo de shitake é o cultivo em substrato, que


faz o uso de sacolas de plástico esterilizadas, preenchidas com um substrato a base
de um composto ligno-celulósico, como serragem, farelo de arroz, resíduos de milho
e carbonato de cálcio (𝐶𝑎𝐶𝑂3) como aditivo. Consiste em preencher sacos e esterilizá-
los a vapor. As principais vantagens dessa técnica incluem a redução de impactos
ambientais, um menor custo de processo, altos rendimentos de produção (Tabela 2),
a utilização de diversos resíduos, e um crescimento total em um período de 6 meses,
sendo consideravelmente inferior ao tempo de cultivo das toras de madeira. A
serragem utilizada nesse tipo de cultivo compõe pelo menos 70% da composição do
substrato, sendo os tipos de serragem mais utilizados os das árvores dos gêneros
Quercus, Betula, Castanopsis, Castanea, e Carpinus, também podendo encontrar
cultivos em serragem de Eucalyptus. Outros gêneros de árvores também podem ser
utilizados, mas a presença de seiva pode aumentar o tempo de crescimento acima
dos 6 meses. O teor de umidade ideal para inoculação do substrato é de 55-65%, mas
alguns autores indicam que um substrato com alta capacidade de reter água, ao
mesmo tempo que mantém uma boa aeração, pode trazer ótimos resultados de
crescimento (OEI, 2005).
Demora-se de 1 a 4 meses para a colonização completa do substrato pelo
micélio. É necessário a presença de luz, num ciclo de dia/noite, na fase de frutificação,
para interromper a fase de colonização, embora alguns autores também utilizaram
salas iluminadas, com ciclos de dia/noite, durante todas as fases do cultivo. A
temperatura ideal para o desenvolvimento micelial seria de 25 ºC, podendo ser
necessário o uso de estufas para poder manter uma constante temperatura (OEI,
2005).
As fases de crescimento do shitake em substrato podem ser divididas em
algumas etapas:
I. A colonização do substrato e o crescimento do micélio, onde são
produzidas as enzimas para degradação da celulose, lignina e
hemicelulose em polissacarídeos menores;
27

II. A formação do corpo micelial, cadeia filamentosa que cobre a superfície


do substrato, sendo uma camada mais espessa em níveis maiores de
𝐶𝑂2;
III. A formação de aglomerados de micélio, que pode variar com a
concentração de 𝐶𝑂2 e temperatura;
IV. Então vem a fase de pigmentação, onde a aeração deve ser essencial
após a formação dos aglomerados, porém, em dose adequada para não
causar a desidratação. O micélio então se torna marrom-avermelhado
(Figura 9), mantendo-se a umidade em torno de 80% no interior do
substrato, porém, contaminantes podem se desenvolver na superfície
caso ela esteja relativamente úmida (OEI, 2005).

Na frutificação, mantêm-se os fatores influentes no cultivo de shitake pelo


método de toras de madeira, com a averiguação da temperatura, alta umidade,
remoção do 𝐶𝑂2 e o encharcamento de água. Os rendimentos biológicos podem ser
afetados, caso os plásticos sejam removidos no tempo errado, o que pode resultar em
corpos de frutificação deformados. O momento correto para remoção das sacolas
plásticas é quando a superfície do substrato se apresenta com até metade de seu
volume na coloração marrom. A cepas podem variar sua taxa de crescimento. A
Tabela 2 mostra a relação do tempo de cultivo, temperatura, luminosidade e umidade
relativa durante o cultivo (OEI, 2005).

Figura 9- Corpos de frutificação do cogumelo shitake em desenvolvimento no


substrato.

Fonte: Weil (2009)


28

Tabela 2- Condições de cultivo ao decorrer dos processos.

INTENSIDADE
TEMPERATURA UMIDADE
ESTÁGIO/ATIVIDADE DIAS LUMINOSA
(ºC) RELATIVA
(LUX)
Incubação 30-120 20-30 N/A 65-10%
Indução dos corpos de
2-4 10-20 500-1000 85-95%
frutificação
Colheita 7-14 12-18 500-1000 60-80%
Recuperação 7-21 20-30 N/A 65-70%
Indução da frutificação 95-95%
2-4 10-20 500-1000
com segundo flush
Fonte: Adaptado de OEI (2005)

Portanto, a utilização de agro-resíduos se deve pela composição dos nutrientes


relacionando-os com que o fungo necessita para o crescimento de seus corpos de
frutificação, ou seja, da parte comestível, além da reutilização de resíduos, o uso de
substrato no cultivo de cogumelos é, por si só, uma atitude sustentável. A composição
do substrato de cultivo para cada espécie de cogumelo é diferente, cada qual
necessita de uma demanda diferente de fonte de N/C e um pH normalmente básico,
logo isto explica o porquê do projeto ter foco em apenas um tipo específico de
cogumelos, os Lentinula edodes, conhecidos popularmente como cogumelo shitake
ou shiitake (OEI, 2005).

3.5 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS PARA O CULTIVO DE SHITAKE

3.5.1 Impacto ambiental da plantação de eucaliptos

A plantação de eucaliptos feita pelo homem, ou seja, de forma não natural, é


chamada de silvicultura, e seu rápido crescimento, proporcionou um interesse
econômico para a produção de papel, celulose e em forma de toras para a produção
de cogumelos (VITAL, 2007). O eucalipto é uma árvore nativa da Austrália, trazida ao
Brasil onde se adaptou fortemente às condições climáticas e ao solo brasileiro e se
propagou por diversos estados, porém esta espécie exótica confere alguns problemas
ambientais para determinadas áreas (DE VECHI, 2018).
29

A palavra chave para efetuar a plantação de Eucalyptus é cautela, pois se


executada sem planejamento prévio pode trazer malefícios ao meio ambiente, pois é
necessário delimitar os locais de plantio e ter medidas compensatórias que levam em
consideração o distanciamento da plantação das margens de rios, além de ter lugares
reservando espécies nativas, que são necessárias para fornecer reposição de
nutrientes ao solo com adubação, controle de pragas e ainda se possível rotação de
plantio, para evitar o empobrecimento e ressecamento do solo (VECHI, 2018). Em
contrapartida, muitas vezes não é feito o cuidado, fazendo assim com que o cultivo de
plantas exóticas aumenta, e acaba retirando a mata nativa, trazendo desequilíbrio a
flora e fauna local, pois os eucaliptos produzem componentes químicos que são
depositados no solo, que impedem o crescimento de outras espécies de plantas senão
os próprios eucaliptos. Segundo Lima (1987) os eucaliptos necessitam de uma
demanda muito alta de água o que pode ocasionar desertificação e não conseguem
repor os nutrientes retirados do solo. Os impactos são mais vastos quando falamos
de uma larga escala de plantação de eucaliptos, deixando uma espécie em
dominância com relação às outras, deixando de existir uma biodiversidade natural
harmônica (DE VECHI, 2018).
Para o uso dos eucaliptos em escala industrial, as plantações são maiores para
atingir a demanda de produção, isso leva ao surgimento dos Desertos verdes, nome
dado por ocorrência não rara de dominância de espécies exóticas plantadas
intencionalmente. A colheita dessas árvores normalmente é feita de forma automática
ou semi-automática, com auxílio de máquinas de grande porte, o peso dos transportes
degradam o solo em uso excessivo, deixando-o mais compacto, com menor aeração
e qualidade do ar diminui (SILVA et al., 2012). Outro problema relatado é quando estas
plantações são feitas perto de rios e mananciais se forma descuidada, que prejudicar
a qualidade da água, pelas propriedades oleaginosas e aromáticas presentes nas
folhas dos eucaliptos, os componentes descritos podem interferir na potabilidade da
água, no solo das margens dos rios e na vida aquática e terrestre remanescente (DE
VECHI, 2018).
30

3.5.2 Comparativos dos métodos

A Tabela 3 compila de forma comparativa as características, impactos e


necessidades dos métodos apresentados. A partir dele pode-se verificar que o
impacto dos métodos em toras como citado anteriormente é maior com relação ao
cultivo em substrato, pois a matéria orgânica resultante pode ser destinada a
compostagem e os sacos reutilizados. Com relação a área de produção dos
cogumelos a de substrato ocupa uma área total menor, de forma que pode estar
aderida a própria indústria fornecedora do subproduto, por exemplo indústrias
cervejeiras que forneceriam o bagaço de malte para o preparo dos substratos.
Com relação ao rendimento, também podemos verificar que no método de
substrato é mais interessante economicamente, se for comparar 1 kg de resíduos em
vista da quantidade que é produzido pelas indústrias mundialmente, que de acordo
com a Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e a Agricultura – FAO
(2013), tem-se uma produção de 1,3 bilhão de toneladas de resíduos por ano.

Tabela 3- Comparativo dos métodos de produção de cogumelos L. edodes.

TORAS
MÉTODOS: TORAS SUBSTRATO
MODIFICADAS
(WEINGARTNER,
Referências (EIRAS, MONTINI, 2007) (OEI, 2005)
2007)
Tempo de
9-12 meses 2-3 meses 2-4 meses
cultivação
Elevado devido à
compra de toras,
caso não consiga
fazer a compra
Elevado devido à compra de toras, caso não Médio, ao
delas, será
consiga fazer a custo em
Custo necessário uma
compra delas, será necessária uma área esterilização e
área para
para plantar estufa
plantar, além de ser
necessário a
compra de outros
materiais
800 g a cada
1 kg de
150 g por colheita substrato
Rendimento 150 g por colheita da tora
da tora (BONG-HUN
LEE
et al, 2006)
31

Tabela 4- Comparativo dos métodos de produção de cogumelos L. edodes.


(Continua)

Caso não seja colocado a Chances próximo de


Chance de As contaminações naturais
parafina, irá ocorrer nulas devido ao saco
contaminação são favorecidas
contaminação ser esterilizado

Galpão para o
armazenamento das toras,
Ocupação de Uma área com um grande Sacola esterilizada
com uma incidência solar,
espaço espaço com floresta com substrato
sem ser diretamente nas
toras

Alto devido ao uso das Alto devido ao uso das toras,


Impacto Resíduos de substrato
toras, desmatamento de desmatamento de uma área
Ambiental e sacolas plásticas
uma área para a plantação para a plantação

Local adequado para a


Local adequado para a
plantação, espera do
plantação, espera do Equipamentos para
apodrecimento das toras
apodrecimento das toras esterilização e
Exigências para efetuar o inóculo,
para efetuar o inóculo e armazenamento
necessita de aditivos como
maior adequado
cal, lonas e maior
trabalho braçal
trabalho braçal
Fonte: Autores (2021)

3.6 CULTIVO DE SHITAKE EM SUBSTRATOS

Alguns cogumelos são capazes de utilizar lignina, celulose e hemicelulose


como fonte de carbono, para conferir o desenvolvimento das hifas e do corpo de
frutificação (AGUIAR et al. 2009). Os mesmos possuem uma grande versatilidade com
relação aos substratos que podem ser usados para seu cultivo, desde que tenha uma
composição necessária para o desenvolvimento específico de cada cepa, que variam
de acordo com o pH, relação C/N, umidade, volume relativo e aditivos e boa eficiência
biológica (EIRAS; MONTINI, 1997).
Os cogumelos com maior valor agregado que podem ser cultivados em
substrato são os Lentinulas edodes, pois de acordo com a literatura, os cogumelos
podem ser cultivados em diversos tipos de resíduos agroindustriais pelas grandes
composições de lignina e hemicelulose, por exemplo, nos resíduos de açaí que não
precisam de suplementação, e na serragem de casca de coco suplementado com
farelos de trigo e arroz. Mesmo com diferentes subprodutos, ambos apresentam uma
produtividade bem considerável de crescimento e de eficiência biológica. Em
32

contrapartida, alguns resíduos agroindustriais utilizados para a produção de substrato


de cogumelos, necessitam de suplementação com farelo proteico, pois isolados, estes
não apresentam a composição completa para o desenvolvimento do produto fúngico,
este farelo pode ser complementado principalmente por trigo e arroz, pois em sua
composição apresentam nitrogênio, como observado por Regina (2001) e Queiroz et
al. (2004). Estudos realizados no Paraná ainda colocam o resíduo de mandioca e cana
de açúcar como fonte de carbono e nitrogênio (C/N) para a FES, na produção dos
cogumelos shitake (Lentinula edodes) e shimeji (Pleurotus sajor caju) (BEUX et al.,
1995; BARBOSA et al., 1995). O uso de um substrato específico para produção
diminui a competição do crescimento de contaminantes, comparada aos substratos
comuns e ao método convencional de inoculação de esporos em toras de madeira
(WEIL, 2009). Suplementar o substrato com uma maior fonte proteica específica, torna
a produção dos micélios muito mais rápida, e consequentemente com uma
produtividade maior, e ainda com cogumelos com teor proteico superior (EIRA, 2005).
Muitos estudos buscam analisar a viabilidade da utilização de resíduos
agroindustriais na produção de shitake. Nisso, são feitas várias análises comparativas,
no qual busca-se avaliar o potencial de utilização daquele resíduo como substrato
para cultivo do shitake. No Tabela 4, apresenta-se um comparativo de características
como o rendimento biológico, composição, aditivos, eficiência biológica, relação C/N,
pH, umidade, temperatura de cultivo e ciclo de crescimento. Foi possível notar que os
dados de umidade e temperatura são semelhantes na maioria dos cultivos, com faixas
de 60% a 80% e 21 ºC a 27 ºC respectivamente, sendo características mais
associadas à espécie de cultivo em questão. Os rendimentos e eficiências biológicas
encontradas variaram de acordo com a composição do substrato, com valores entre
41% e 88%, assim como a relação C/N e o ciclo de crescimento dos corpos de
frutificação (earliness), apresentados no quadro comparativo, que variaram de 20 a
93 C/N, e primeira colheita entre 55 dias e 180 dias.
Nos substratos pesquisados, foi possível notar que, em sua maioria, havia uma
combinação de pelo menos dois resíduos, apontando-se uma necessidade de
suplementação do resíduo base, para um melhor equilíbrio de nutrientes e relação
C/N. Além da suplementação adicional da fonte lignocelulósica e proteica, também foi
possível notar a adição de uma suplementação de cálcio, como carbonato de cálcio,
ou sulfato de cálcio, ou calcário. Em um estudo comparando diferentes composições
33

de substrato para o crescimento de shitake, Özcelik & Pekşen (2007) fizeram uma
análise estatística para determinar as correlações entre os constituintes químicos dos
substratos com o tempo de crescimento do micélio, tempo de crescimento dos
cogumelos, rendimento e eficiência biológica. Foi observado que a umidade e a
presença de fósforo e zinco podem influenciar diretamente os valores de eficiência
biológica. O fósforo e o zinco também influenciam positivamente no rendimento do
cultivo. A relação C/N está mais associada a um tempo mais rápido para a primeira
colheita.
Para o desenvolvimento de um substrato para shitake utilizando bagaço de
malte, é necessário levar em consideração os fatores que influenciam positivamente
no crescimento, como os componentes químicos adicionais e a suplementação que
equilibre a relação C/N, visto que a razão de C/N no bagaço de malte tem média de
12,1, e a maioria dos substratos para cultivo de shitake maior. Nisso, para se obter
melhores rendimentos em um cultivo eficiente de shitake, deve-se moldar uma
composição que combine as características já presentes no bagaço de malte com uma
suplementação equilibrada.
Além disso, existem outros fatores que podem influenciar no desenvolvimento
do micélio fúngico no substrato, como a dispersão dos sólidos no meio. Os principais
fatores que são influenciados pela densidade relativa e capacidade de absorção do
substrato são a umidade e a aeração. Como discutido anteriormente, a umidade
impacta positivamente na eficiência biológica do cultivo (OZCELIK & PEKSEN, 2007).
Por outro lado, para o crescimento do cogumelo em substrato, é essencial que tenha
luz adequada e aeração. Em trabalho de Oliveira (2018), foi demonstrado que
substratos usando uma composição acima de 80% de bagaço de malte, a ponto de
dificultar a aeração interna, não apresentou nenhum crescimento, tratando-se do
cultivo de cogumelos shimeji. Tratando-se do shitake, quando o cogumelo está perto
do seu período de frutificação, se houver uma aeração inadequada antes do processo
começar, o cogumelo terá uma maior chance de inibição na frutificação, se comparado
com um crescimento vegetativo, causado pelo acúmulo de CO 2 e, por ser um
regulador de frutificação, aumentará a inibição. (LEATHAM & STAHMANN, 1987).
34

Tabela 5 - Composição de diferentes substratos para produção de shitakes

RENDIMENTO EFICIÊNCIA RELAÇÃO UMIDADE UMIDADE TEMPERATURA


SUBSTRATO COMPOSIÇÃO+ADITIVOS PH CICLO REFERÊNCIA
BIOLÓGICO BIOLÓGICA C/N (COLONIZAÇÃO) (SPAWN) (COLONIZAÇÃO)
37.5% casca de semente
de girassol, 0.5% Curvetto, N.;
Casca de 20 g/kg
carbonato de cálcio 55 Figlas, D.;
semente de substrato 46% - - 60% 80-90% 25 °C
(𝐶𝑎𝐶𝑂3 ), 2% sulfato de dias Delmastro, S.,
girassol (seco)
cálcio (𝐶𝑎𝑆𝑂4 ), e 60% (2002)
água.
60% lascas de madeira Ozcelik, E.;
Lascas de 233.92 g/kg 80, 33
Faia 20% Palha de trigo 87,73% 93,19 6.73 69,94% 80–90% 22 ± 2 °C Peksen, A.,
Faia substrato dias
20% Farelo de Trigo (2007).
75% casca de avelã:15% Ozcelik, E.;
Casca de 202.96 g/kg 82,67
lascas de madeira de 56,41% 53,79 7,8 61,93% 80–90% 22 ± 2 °C Peksen, A.,
avelã substrato dias
faia:10% farelo de trigo (2007).

Serragem de
88 kg de serragem; 18,4 kg 5,5 60 e
eucalipto + Weil, A. E. L.,
de farelo de soja; 0,32 kg - - 28,96% a 60 % 60 a 80%, 21 e 27 °C. 90
casca + (2009)
de fosfato; 1 kg de calcário 6,0 dias
farelo de soja
50% Serragem de Carvalho
Philippoussis, A.;
25% Palha de Trigo 10%
Serragem de 86 Diamantopoulou,
quirela 10% Farelo de Trigo - 41,07% 54,36 - 60–65% 90% 25 °C
carvalho dias P.; Israilides, C.,
4% Farinha de soja 1%
(2007).
𝐶𝑎𝐶𝑂3
35

Tabela 6 - Composição de diferentes substratos para produção de shitakes


(Continua)

25% serragem de Carvalho 50% palha de Philippoussis, A.;


60– 52
Trigo 10% quirela 10% Farelo de trigo 4% - 75,23% 45,63 - 90% 25 °C Diamantopoulou, P.;
Palha de trigo 65% dias
Farinha de soja 1% 𝐶𝑎𝐶𝑂3 Israilides, C., (2007).

25% serragem de Carvalho 50% espiga de Philippoussis, A.;


60– 76
Espigas de milho milho 10% quirela 10% farelo de trigo 4% - 80,64% 41,57 - 90% 25 °C Diamantopoulou, P.;
65% dias
Farinha de soja 1% 𝐶𝑎𝐶𝑂3 Israilides, C. (2007).

110
Bagaço de açaí 98% Caroço de açaí e 2% 𝐶𝑎𝐶𝑂3 - 44,65% - 6,8 75% 75% Teixeira, N. De S., (2016)
dias

Serragem de coco +
60% Serragem de coco; 20% Farelo de trigo entre 20 25 ± 180 Mariano, R. H.;
farelo de arroz ou - - - 70% 40%
20% Farelo de arroz e 25:1 3°C. dias Abreu, L. D. De, (2009).
trigo
Eira, F. C. da;
Espiga de milho (90%) + farelo de arroz 396,79 g/kg 22- 180
Espiga de milho 43,87% - 80,00% 80,00% Meirelles, W. F; Paccola-
(10%) substrato 25°C. dias
Meirelles, L. D., (2005)

Fonte: Autores (2021)


36

4. PROPOSTA DE PROJETO DE INDÚSTRIA

4.1 A EMPRESA MUSHII

A empresa MUSHII (Figura 10) é uma produtora de cogumelos comestíveis,


que pode abranger diferentes cepas de produção, com a missão de aproveitar a
economia circular para reutilizar resíduos agroindustriais na produção de alimentos. A
visão da empresa é poder contribuir com uma sociedade mais sustentável, com
o desenvolvimento de alimentos nutritivos e proteicos sem origem animal, a partir da
reutilização de resíduos e adoção de práticas de produção de cogumelos mais
ambientalmente amigáveis. Um exemplo disso é o escalonamento da produção de
shitake em substrato à base de bagaço de malte, substituindo o método convencional
de produção em toras de madeira, que carrega um alto impacto ambiental. O principal
produto da empresa é a comercialização do cogumelo shitake fatiado e desidratado.

Figura 10- Logomarca da MUSHII.

Fonte: Os Autores (2021)

4.2 ANÁLISE DO MERCADO DE COGUMELOS

De acordo com a ANPC, os cogumelos comestíveis são alimentos ricos em


muitos nutrientes, com baixo teor de gorduras totais e alta proporção de ácidos graxos
e proteínas. Hoje em dia, no Brasil, estima-se que existam mais de 300 produtores de
cogumelos comestíveis, sendo em sua maioria pequenos agricultores familiares. Os
37

principais produtores de cogumelos se concentram em São Paulo e Paraná, mas


ocorrem também cultivos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, e Rio
Grande do Sul. Entretanto, a fungicultura nacional acaba por ser ofuscada pelas
importações de cogumelos oriundos da China, a atual maior produtora de cogumelos
do mundo. Em contrapartida, na Tabela 5 mostra a produção de cogumelos
comestíveis no Brasil, pode-se analisar que as espécies mais comercializadas são os
champignon, por segundo os shimeji e em terceiro os shitake, isso se deve pelo modo
de produção e importação de produtos de origem europeia e asiática. Há poucos
produtores de cogumelos em território brasileiro, logo uma forma de custear as
importações desse fungos e com a elaboração de métodos mais baratos, desta forma
o preço de produção e comercialização é menor, isso se deve porque produtos
nacionais têm menor custo que produtos importados por causa das taxas de translado
internacional, em seguida na Tabela 6 tem-se a comparação com outros países, nota-
se que o Brasil não está entre os 10 países mais consumidores, ressaltando que isto
é uma consequência direta da baixa produção de cogumelos no país, podemos
concluir isto pois China é um dos maiores produtores de cogumelos comestíveis de
forma geral e se encontra nos primeiros lugares com relação ao consumos também.

Tabela 7- Produção brasileira de cogumelos comestíveis


ESPÉCIES DE COGUMELOS CULTIVADAS PRODUÇÃO ESTIMADA
NO BRASIL (TONELADAS/ANO)
Agaricus bisporus (Champignon) 8.000
Pleurotus spp (Shimejis) 2.000
Lentinula edodes (Shitake) 1.500
Agaricus blazei (Murrill) 500
Outros 50
Fonte: ANPC (2013)

Tabela 8- Produção de cogumelos comestíveis no mundo


PAÍS QUANTIDADE (TONELADAS/ANO)
China 5.008.850
Itália 761.858
Estados Unidos 390.902
Holanda 304.000
Polônia 198.235
Espanha 148.000
França 115.669
Canadá 78.930
Reino Unido 69.300
Irlanda 67.063
Fonte: ANPC (2013)
38

Ainda assim, o mercado de cogumelos comestíveis está em ascensão. De


acordo com Gomes (2018), o mercado de fungos movimenta 35 bilhões de dólares no
mundo ao ano, e deve crescer em 9% até 2021.
Outra projeção que demonstra o alto crescimento do mercado de cultivo de
cogumelos está no relatório de pesquisa de mercado publicado pela
MarketsandMarkets™ (2020), que mostra uma previsão global do mercado de
cogumelos até o ano de 2025 (Figura 11). Pelo relatório, o mercado atual de cultivo
de cogumelos é estimado em 16,7 bilhões de dólares, com previsão para alcançar o
marco de 20,4 bilhões em 2025. O mercado tem ascendido principalmente pelo
aumento no número consumidores de flexitarianos e vegetarianos de países
desenvolvidos, no qual buscam os cogumelos comestíveis como uma alternativa ao
consumo de carne. Em países em desenvolvimento, o custo-efetivo da produção de
cogumelos tem despertado interesse de produtores locais, pela possibilidade de
utilização dos resíduos agroindustriais.

Figura 11- Projeção do mercado mundial de cogumelos (em bilhões de dólares).

Fonte: MarketsandMarkets™ (2020)

Todavia, o mercado de cogumelos comestíveis no Brasil apresenta uma maior


demanda a longo prazo, visto que o alimento não é muito culturalmente consumido,
comparado a países da Europa e Ásia. Ainda assim, um dos fatores influentes na
39

cultura de consumo dos cogumelos é o seu alto preço de mercado, sendo o


desenvolvimento de novos substratos e processos de cultivo, um método que pode
baratear sua produção, reduzindo seu custo e aumentando seu consumo (ANPC,
2013).

4.3 DEFINIÇÃO DO PROCESSO

4.3.1 Desenvolvimento do processo

Para o desenvolvimento do estado da arte, utilizamos artigos da literatura


científica, referências bibliográficas e sites. Foram levantados dados referentes aos
impactos econômicos do mercado de cogumelos comestíveis, características do
resíduo bagaço de malte e do cogumelo shitake e os principais métodos de cultivo
utilizados para produção de shitake. Estudou-se avaliar a possibilidade de utilização
do bagaço de malte como base para o crescimento de shitake através do método de
cultivo em substrato. O desenvolvimento do processo foi realizado através da análise
dos resíduos já utilizados no cultivo dos cogumelos comestíveis, seguidos da
comparação entre diferentes composições de substratos para o cultivo da espécie
escolhida, podendo-se ter uma noção das condições ideais de cultivo e das
características base para o desenvolvimento do substrato.

4.3.2 Compilação e análise de dados

Para definir as características necessárias para o desenvolvimento do


substrato e método de cultivo de shitake em bagaço de malte, foi pesquisado
diferentes tipos de cultivo e composições de substrato, considerando os seguintes
parâmetros:

● Composição e aditivos;
● Rendimento biológico;
● Eficiência biológica;
● Relação C/N;
● pH;
40

● Umidade (colonização e spawn);


● Temperatura (colonização);
● Tempo para primeira colheita.

Os parâmetros obtidos de diversas pesquisas foram compilados, na Tabela


7, para a analisar-se dos padrões da Tabela 4 e concluir em uma composição de
substrato teórico embasado em bagaço de malte. Foi então desenvolvido
buscando características em comum dos métodos que obtiveram maiores
rendimentos. Buscou-se montar um substrato definido a partir do bagaço de malte,
utilizando as necessidades de cultivo pesquisadas para o shitake.

4.3.3 Elaboração do método de cultivo

Para o desenvolvimento do método de cultivo, utilizou-se dos parâmetros


comuns na maioria dos cultivos descritos na compilação. As características do
substrato como relação C/N e densidade relativa (distribuição dos sólidos) foi
estimada com base nas características dos componentes que irão formar o substrato
teórico. Dados do substrato teórico referentes aos parâmetros pH, rendimento
biológico, eficiência biológica e tempo de colheita foram estimados a partir de uma
análise estatística dos resultados compilados. Os valores estimados para o
desenvolvimento do shitake no substrato teórico foram utilizados para a descrição de
protocolo e escalonamento do processo

Tabela 9- Estimativa média de parâmetros de processo

Parâmetro Estimativa média


Composição seca 50% BDM + 2% CaCO3 + 48% Palha de trigo
Rendimento 200 g/kg
Eficiência biológica 65%
Relação C/N 29,065
pH 6,5
Umidade Colonização 65%
Umidade Spawn 85%
Temperatura Colonização 25 ºC
41

Tempo 90 dias
Fonte: Os autores, 2021.
Figura 12- Fluxograma representativo da metodologia.

Fonte: Autores (2021)

4.3.4 Balanço de massa


Conforme depoimentos publicados em pesquisa de Bett e Perondi (2011),
produtores locais, com cultivo em tora, costumam produzir cerca de 700 kg de shitake
por mês. Para o início do nosso balanço de massa, fizemos a escolha de desenvolver
uma indústria que produz 1000 kg de shitake mensalmente
42

A lei da conservação das massas implica que a massa de entrada na reação


deve ser a mesma de saída (DORAN, 1985). Nisso, a partir de um dos parâmetros, é
possível determinar as massas de cada componente utilizado no processo.
Normalmente, utiliza-se da reação estequiométrica para balancear os produtos e
reagentes, entretanto, na literatura, as reações estequiométricas relacionadas ao
cultivo de fungos filamentosos remetem apenas à estequiometria referente ao
desenvolvimento do micélio. Como nosso produto são os cogumelos, a estrutura
reprodutiva do fungo, a reação estequiométrica não foi utilizada. Nisso, partimos dos
valores de rendimento teórico de 0,2 cogumelo/kg de substrato seco, obtido pelas
médias de rendimentos do cultivo de shitake em diversos substratos, apresentados
na Tabela 7. Partindo desse rendimento, utilizou-se das porcentagens de massa dos
componentes do substrato para escalonar a produção de 1000 kg de shitake.
Com o balanço de massa (Tabela 8), foi possível obter os valores escalonados
para cada componente a ser utilizado no substrato. A porcentagem e inóculo utilizada
para o início do cultivo foi de 5% do valor de massa seca do substrato. Os valores de
saída referente aos resíduos do cultivo estão aproximados, por conta da incerteza de

O₂ consumido no cultivo e transformado em micélio e cogumelo.

Tabela 10 - Balanço de Massa e Escalonamento de processo

RENDIMENTO [kg/kg]
SUBSTRATO
1 [kg] COGUMELO 0,2 [kg]
SECO

Objetivo de produção: 1000 kg de cogumelo/cultivo


BALANÇO DE MASSA

BASE ESCALONAMENTO BASE ESCALONAMENTO


ENTRADA SAÍDA
[kg] [kg] [kg] [kg]

BDM 0,475 2375 Substrato + Micélio

2,66* 13285,71*
CaCO3 0,019 95 CO2

Palha de trigo 0,456 2280 H2O[s]

Água 1,86 9285,71 Cogumelo 0,2 1000

O2 - -

Total parcial 2,81 14035,71


43

Inóculo 0,050 250,00

Total 2,86 14285,71 Total 2,86 14285,71


*Valores aproximados
Fonte: Os autores (2021).

Através do escalonamento pelo balanço de massa, para produzir 1000 kg de


shitake por mês, será necessário preparar 14.285,71 kg de substrato. Os
equipamentos para o processo produtivo da indústria foram escolhidos com base
nessa demanda mensal.

4.3.5 Fluxograma de processo de produção do shitake

Para o início do escalonamento do processo de produção de cogumelos,


tomou-se a alternativa de realizar um fluxograma em forma de bloco com as possíveis
etapas de operações unitárias conhecidas através da literatura (Figura 6) para ter uma
melhor visualização do processo como um todo, ou seja, além da produção do
substrato para a inoculação dos futuros cogumelos. Analisando o mesmo pode-se
identificar as etapas principais de um processo industrial que são o upstream,
processo fermentativo e downstream, cada qual representada respectivamente
(Figura 13).
Na etapa de upstream (seção destacada em amarelo), ocorre a preparação do
bagaço de malte para a produção do substrato, podendo passar por um processo de
secagem se a produção dos substratos for feita em outro local, pois necessita ser
transportado e na forma seca tem-se maior facilidade, e também aumenta a vida útil
desse bagaço. Em contrapartida, se o processo for feito anexo a indústria cervejeira
pode apenas passar por um processo de prensagem para retirada do excesso de água
e deixá-lo apenas úmido. A água retirada passa por um tratamento de efluentes (ETE)
que poderá ser reutilizada e os sólidos presentes direcionados para a compostagem.
Em seguida o BDM pode ir para a etapa de processamento do substrato com aditivos
controle de pH como o carbonato de cálcio, outros componentes para promover uma
concentração de C/N necessária para os cogumelos metabolizar, após o preparo da
composição do substrato, o mesmo é alocado em sacos plásticos de polietileno
(PEBD) para em seguida passarem de forma íntegra pela etapa de esterilização. A
44

pasteurização é o processo necessário para que ocorra a esterilização por


temperatura do substrato sem perder sua composição deve-se considerar uma
temperatura entre 0°C a 40°C, que tem como finalidade evitar o crescimento de outros
microrganismos que possam interferir no desenvolvimento e crescimento saudável
dos cogumelos shitake.
Ao final da esterilização, tem-se os substratos prontos para a etapa de
midstream (seção em vermelho) onde ocorre a inoculação dos esporos fúngicos,
dessa forma inicia-se a etapa de fermentação que é a etapa mais importante e
delicada do processo, pois todo o processo de inoculação deve ser em ambiente
estéril para priorizar apenas o fungo no substrato. O substrato é inoculado e então
incubado para o crescimento micelial, no qual a cepa de cultivo se reproduz,
colonizando completamente o substrato. Após a colonização, vem então a etapa de
indução dos corpos de frutificação, um estímulo para o ciclo reprodutivo do fungo, em
que ocorre a produção do nosso produto, os cogumelos. Para isso, o substrato recebe
calor e umidade específicos, em uma sala de acondicionamento. Posterior ao
crescimento dos corpos frutificados ocorre a colheita, sendo esses cogumelos levados
para o complexo de etapas de downstream. O substrato colonizado pode ser
reutilizado na etapa de Flush, que é a submersão do substrato em água fria, com o
objetivo de induzir novamente a produção de mais cogumelos, em um ciclo que pode
ser repetido algumas vezes dependendo da espécie cultivada. O substrato usado e
descartado dos Flush é utilizado para compostagem.
No downstream (seção em verde), tem-se a seleção dos cogumelos afim de
haver uma padronização do produto, a lavagem, e a conservação, que pode ser
realizada de diferentes formas, de acordo com o objetivo final do produto, como
cogumelos em conserva, fresco ou seco. A água da lavagem é tratada, e os resíduos
sólidos são misturados na compostagem, juntamente com os cogumelos descartados.
O produto pode então ser embalado e distribuído.
45

Figura 13- Fluxograma de blocos da produção industrial de cogumelo

Fonte: Os autores (2021)


46

.
Figura 14 - Diagrama de Processo Industrial PFD

Fonte: Os autores (2021)


47

Tabela 11 - Legenda de Equipamentos do PFD Vaporizador -


FE-201A
Estufa 1 A
TIPO DO Vaporizador -
CÓDIGO FE-201B
EQUIPAMENTO Estufa 1 B
M-101 Misturador Vaporizador -
FE-301A
Estufa 2 A
FE-101 Extrusora Vaporizador -
FE-301B
Estufa 2 B
Transportador de Câmara Fria
C-101 GR-201
correia Gallant
Seladora Processador de
SA-101 F-401
Automática Alimentos
E-101 Caldeira Desidratador de
D-101
Alimentos
JC-101 Compressor L-101 Embaladora

A-101 Autoclave Fonte: Os autores (2021).

LC-201 Fluxo Laminar Tabela 12 - Legenda das Correntes do PFD

Refrigerador - CÓDIGO COMPONENTE


G-201A
Estufa 1 A
Refrigerador - S-1 Substrato misturado
G-201B
Estufa 1 B
Refrigerador - S-2 Sacos Plásticos
G-301A
Estufa 2 A
Refrigerador - Substrato
G-301B S-3
Estufa 2 B empacotado
48

S-4 Vapor

S-5 Substrato estéril

S-6 Substrato inoculado

Substrato
S-7
colonizado
Substrato usado
S-8
(flush)

S-9 Cogumelos

S-10 Cogumelos secos

S-11 Cogumelos fatiados

S-12 Produto embalado

Fonte: Os Autores (2021).


49

A partir do fluxograma de blocos (Figura 13), foi possível ter uma base para o
desenvolvimento do fluxograma de processo industrial, que detalha os equipamentos
utilizados na produção (Figura 14). O fluxograma de processo industrial é objetivo,
contendo códigos para equipamentos e correntes de fluxo. A Tabela 9 e 10 indicam
as legendas para o entendimento do fluxograma.

4.4 ANÁLISE ECONÔMICA

A partir do fluxograma do processo de produção (Figura 13), foi possível listar


os principais equipamentos a serem utilizados e seus respectivos preços (Tabela 9),
para ser feita a análise econômica inicial, ou seja, a que conclui o valor total de entrada
que deve ser investido para a construção da indústria desenvolvedora de substratos
de BDM para produção de shitakes

Em pesquisa realizada por Bett e Perondi (2011), sobre a análise de mercado de


cogumelos comestíveis em agricultura familiar na região do Paraná, foram coletados
os depoimentos de alguns produtos, com dados referentes a produção mensal,
valores de venda a atacado e varejo de shitake in natura e desidratado. Em um dos
depoimentos, um produtor anunciava a venda na forma desidratada pelo valor médio
de R$ 200,00 por kg. Cerca de 80% do shitake comercializado no mercado nacional
é feito na forma desidratada, mas normalmente ele é importado, sendo o principal
importador a China, e os outros 20% os mesmos são comercializados in natura no
mercado brasileiro, que podem ser oriundos tanto de importação como de produção
nacional.
Quanto à comercialização de shitake atualmente, os preços podem ter diferentes
variações de acordo com o produto e a empresa a comercializá-lo. A empresa Zona
Cerealista Online® é um armazém cerealista virtual, no qual é encontrada como
fornecedor na compra de shitake em outros portais online destinados à
comercialização do produto ao consumidor final. Nessa distribuidora, é possível
comprar o shitake seco fatiado pelo valor de R$ 205,90 o kg.
A partir da análise de mercado, a MUSHII utilizará na análise econômica o
preço médio de venda de R$ 200,00 o kg de shitake seco fatiado
50

Tabela 13- Análise econômica de equipamentos industriais

Nº DO TIPO DO ESPECIFICAÇÕES DO VALOR PADRONIZAÇÃO


QUANTIDADE REFERÊNCIA
EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO APROXIMADO MONETÁRIA **(BRL)

1 Caldeira padrão 1 $666,67 R$ 3.720,00 [1]


2 Extrusora Com vazão de 15 kg/h 1 $108.500 R$ 108.500,00 [2]
Contínua Vertical SA 900
3 Seladora Automática 1 R$ 2.490,00 R$ 2.490,00 [3]
LW
4 Capela Tipo Fluxo Laminar 220V 1 R$ 4.090,97 R$ 4.090,97 [4]
Processador de Robot Coupe CL50 Ultra
5 1 R$ 11.010,50 R$ 11.010,50 [5]
Alimentos 5 discos
6 Embaladora Flow Pack Invertida 1 R$ 95.000,00 R$ 95.000,00 [6]
Desidratador de – Modelo DS-800 (9 Bandejas Normais) – CERTIFICADO
7 1 R$2.484,20 R$2.484,20 [7]
Alimentos INMETRO
08R-DSP 5x5 Painéis Resfriado Standard sem Piso Pain R$
8 Câmara Fria Gallant 1 R$ 52.183,38 [8]
com Cond Danf 220V/3F 52.183,38
Domínio do site R$ 50,00
9 - R$ 50,00 a/a [9]
mushiirooms.com a/a
R$
10 Estufa - 1 R$ 2.000,00 [10]
2.000,00
Ar-condicionado R$
11 - 4 R$ 1.625,82 [11]
Electrolux 6.503,28
R$
12 Vaporizador - 1 R$ 5.401,00 [12]
5.401,00
13 Lâmpadas - 20 R$ 69,00 R$1.380,00 [13]
51

Tabela 14- Análise econômica de equipamentos industriais

(Continua)
Misturador sigma de
14 Consumo de energia de 5,6 kW 1 $ 48.804,00* R$ 272.326,32
braço duplo
Transportador de
15 Conter uma correia de 3 m de comprimento 1 $ 14.850,00* R$ 82.863,00
correia [14]
16 Autoclave Capacidade de 2,5 m³ 1 $ 42.366,00* R$ 233.013,00
Motor compressor
17 Com capacidade requerida de 9,2 kW 1 $ 12.545,00* R$ 70.001,10
centrífugo
TOTAL R$ 549.314,70

Legenda

Preço de equipamentos em dólares, em janeiro


*
de 2021; CE index=702,3

Conversão de dólares para reais de acordo com a


**
BCB, 2021 (1 dólar ~ 5,58 reais)

Fonte: Os autores (2022)


52

4.4.1 Estimativa do Custo Capital

A estimativa do custo capital, quando feita para a análise econômica de


iniciação de uma nova empresa, pode ser dividida em: capital fixo direto, capital de
giro, custo de inicialização e validação. O capital fixo direto é calculado com base nos
equipamentos, instalações fixas, instalações físicas (área de máquinas, estoques e
área administrativa), podendo ser assim tirado como base para a definição do
investimento inicial. Com base na Tabela 12, foi possível estimar os gastos para a
produção de cogumelo shitake, os cálculos foram baseados na projeção encontrada
no livro Bioseparations Science and Engineering (2015), em que os principais custos
da empresa são valores derivados do custo total de equipamentos, calculados na
Tabela 11.

Tabela 15 - Cálculo do custo capital

CUSTO DO ITEM MULTIPLICADOR MÉDIO


Total de Custos Diretos da Planta (TPDC) R$ 549.314,70
Custo total de equipamentos (PC) R$ 82.800,00
Instalação de equipamentos 0,50 X PC R$ 41.400,00
Tubulação de processo 0,40 X PC R$ 33.120,00
Instrumentação 0,35 X PC R$ 28.980,00

Isolamento 0,03 X PC R$ 2.484,00


Instalações Elétricas 0,15 X PC R$ 12.420,00
Instalações físicas 0,45 X PC R$ 37.260,00
Instalações Externas 0,15 X PC R$ 12.420,00
Instalações auxiliares 0,50 X PC R$ 41.400,00
Total de Custos Indiretos da planta
R$ 329.588,82
(TPIC)
Engenharia 0,25 x TPDC R$ 137.328,68
Construção 0,35 X TPDC R$ 192.260,15
Total de Custo da Planta (TPC) R$ 7.522.871,10
Taxa de contratação 0,05 X TPC R$ 37.078,74
Contingência 0,10 x TPC R$ 74.157,48
TPC + Contractor’s fee and
Capital Fixo Direto R$ 852.811,07
contingency
Capital de Giro R$ 127.921,66
Custo de inicialização e de validação R$ 213.202,77
Estimativa do custo capital R$ 1.193.935,50
53

Fonte: Petrides et al (2000)

O capital de giro é uma reserva que a empresa deve ter para caso aconteça
algum imprevisto e mais investimento tenha que ser utilizado. Normalmente esse
investimento é estimado entre 10 a 20% do valor do capital fixo. No nosso projeto
estimamos que 12% do capital fixo direto seria usado, ou seja, R$ 102.337,32
Por fim, o cálculo do custo de inicialização e de validação, eles são estimados
em 20 a 30% do capital fixo direto. No nosso projeto usaremos 25% para estes itens,
ou seja, R$ 213.202,7

4.4.2 Estimativa do custo operacional

A estimativa do custo operacional de um projeto é feita com base da soma de


todos os gastos vindos do processo de produção, esses gastos são providos de:
matéria-prima, mão de obra, aluguel, manutenção de equipamentos, impostos, e
outras despesas gerais.
Primeiramente foi realizado um levantamento do custo dos insumos utilizados
na produção, sendo estes representados na Tabela 13.
54

Tabela 16- Relação de insumos para produção de shitake

UNIDADE DE VALOR GASTO PARA PRODUÇÃO DE


INSUMOS QUANTIDADE PREÇO REFERÊNCIAS
MEDIDA 1000 KG

Sacos plásticos 60x40 3000 - R$89,71(100 unidades) R$ 2691,30 [a]

Serragem - Kg Sem custo -


Sem custo
(muita sobra de
- Kg
produtores de
Palha de trigo trigo e eles doam) -

Água 9.285,71 L 43,11 reais a cada 5m³ (5.000L) R$ 80,06 [b]

- Kg Sem custo (indústria cervejeira)


BDM -

CaCO3 95 Kg R$ 183,11 (a cada 25 kg) R$ 732,44 [c]

Rótulo 1000 - R$ 0,10 R$ 100,00 [d]

Bandeja de Isopor 1000 - R$ 0,16 R$ 169,80 [e]

Custo Total R$ 3.503,08

Fonte: Autores (2021).


55

A tabela 14 mostra o custo de funcionários, com quantidades de trabalhadores


estimadas para funcionamento básico da fábrica, e salários estimados com base na
média salarial do mercado, considerando também o custo para empresa com plano
de saúde, vale transporte e vale alimentação, calculados a partir da “Calculadora De
Custo De Funcionário Para a Empresa”, pelo site iDinheiro.com.br.

Tabela 17 - Custos de Mão de Obra

CARGO QUANTIDADE SALÁRIO CUSTO CUSTO TOTAL

Gerente 1 R$ 10.000,00 R$ 15.222,22 R$ 15.222,22

Técnico de produção 1 R$ 2.000,00 R$ 3.844,44 R$ 3.844,44

Auxiliar de produção 7 R$ 1.400,00 R$ 2.991,11 R$ 20.937,77

Controle de qualidade 1 R$ 1.600,00 R$ 3.275,56 R$ 3.275,56

Logística 4 R$ 1.500,00 R$ 3.133,33 R$ 12.533,32

Limpeza 1 R$ 1.500,00 R$ 3.133,33 R$ 3.133,33

Administrativo 3 R$ 2.500,00 R$ 4.555,56 R$ 13.666,68

Total 18 Total Mensal: R$ 72.613,32

Total Anual: R$ 871.359,84


Fonte: Os autores (2021).

Para o aluguel do galpão, pesquisamos na região de São José dos Pinhais,


tendo em consideração que será necessário um galpão de 3500m², encontrando um
valor médio de R$ 17.000 ao mês, com manutenção dos equipamentos será
necessário um investimento em média de R$ 8.500 ao mês e com com insumos o
gasto será de R$ 3.500 a cada 1.000 kg produzidos.
Os outros gastos inseridos no cálculo do custo operacional tiveram como base
nas porcentagens estimadas para análise de custo pelo Petrides et al. (2000). A
relação completa dos custos para o funcionamento anual da indústria está
representada na Tabela 15.
56

Tabela 18- Cálculo do custo operacional

FATOR DE
CUSTO ANUAL CONSIDERAÇÕES REFERÊNCIA
CUSTO
Insumos R$ 42.036,96 Tabela 13

Mão de obra R$ 871.359,84 Tabela 14

Controle de Dedicação de R$ 4000,00 mensais ao


R$ 48.000,00 Estimativa
Qualidade controle de qualidade
Galpão 3500 m² com aluguel de R$ Imovelweb.com
Aluguel R$ 204.000,00
17000,00 mensal (2021)
Tratamento de Aproximadamente 20% do valor dedicado
R$ 21.061,25
resíduos ao tratamento de resíduos
Aproximadamente 30% do valor dedicado
Utilidades R$ 31.591,87 aos gastos com eletricidade,
aquecimento, resfriamento Petrides et al.
(2000)
Manutenção R$ 43.945,18 8% do custo dos equipamentos
Outras
R$ 23.878,71 5% do custo do capital fixo
operações
Custo Total: R$ 1.285.873,81
Fonte: Os autores (2021).

4.4.3 Análise de Lucro

Na equação abaixo, pode-se obter o custo unitário de produção, sendo este


inversamente proporcional a taxa de produção, podendo assim ser obtido o custo de
produção unitária em R$/kg (PETRIDES et al., 2000).

Custo operacional anual [R$]


Custo de Produção Unitário =
Taxa de produção anual [kg]

Na análise de lucro do nosso projeto usamos como base o valor de R$200 por
kg, e considerando que toda a demanda de produção será atendida, a receita anual
pode chegar a uma média de R$ 2.400.000,00. Utilizando-se da margem bruta,
podemos calcular a rentabilidade descobrindo qual foi o percentual de lucro de cada
venda. Abaixo é possível observar o cálculo da fórmula de margem bruta utilizando a
equação abaixo, sendo o resultado de 45,43% (PETRIDES et al., 2000):
57

Lucro bruto anual


Margem Bruta =
Receita anual

O Payback em anos pode ser obtido pela relação do custo capital e do lucro
líquido anual, sendo o lucro líquido anual o valor da receita anual descontando-se a
depreciação e o valor dos impostos, sendo esses também valores estimados com
uma porcentagem em relação ao custo capital (PETRIDES et al., 2000).

Custo capital
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =
Lucro líquido anual
O nosso lucro anual é de R$ 1.114.126,19. Já o lucro líquido é calculado com
base no lucro anual menos o valor de R$ 54.941,47, sendo esse o valor de 10% dos
equipamentos, também será diminuído no cálculo R$ 167.118,92 (15% do lucro bruto),
resultando em R$ 892.065,80. O nosso retorno capital é representado por 81,32% e
a lucratividade é de 40,45%, concluindo então matematicamente que o tempo de
payback da Mushii é de aproximadamente 1 ano e 2 meses.

Tabela 19- Análise de lucro

Valores base Valores calculados

Custo operacional anual R$ 1.285.873,81 Custo de produção unitário R$ 107,16


Preço de venda R$ 200,00 Lucro por kg R$ 92,84
Produção anual R$ 12.000,00 Lucro anual R$ 1.114.126,19
Custo capital R$ 1.193.935,50 Lucro líquido anual R$ 970.853,93
Impostos R$ 23.878,71 Retorno de Investimento 81,32%
Depreciação R$ 119.393,55 Lucratividade 40,45%
Payback 1,23 anos
Fonte: Os autores (2021).

4.5 LEGISLAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE

A produção de cogumelos comestíveis é descrita pela Instrução Normativa n°


37, atualizada em 2 de agosto de 2011, elaborada pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), na mesma são citados os padrões estabelecidos
pelo Instrução Normativa Conjunta MMA/IBAMA/ICMBIO nº 1, de 12 de abril de 2021,
58

onde consta a descrição aceita pela inspeção da qualidade com relação à produção,
processamento, armazenagem e transporte de insumos orgânicos comestíveis. Estas
normas e legislações de acordo com o Art.1° “aplica-se a toda pessoa física ou jurídica
que processe, armazene e transporte produtos obtidos em sistemas orgânicos de
produção ou oriundos de processo extrativista sustentável orgânico, desde que não
prejudicial ao ecossistema local”.
Com relação ao processamento de produto, deve ser prezada as boas práticas
de fabricação, padronização e ter um protocolo a ser seguido pelos operadores e
contratados, para que sempre que for necessário ser consultado, o mesmo deve estar
atualizado e seguindo as normas regulamentadas de procedimento operacional
padrão (POP). Propõe também que os ingredientes devem ter um grau de
rastreabilidade para garantir a qualidade do produto desde as primeiras etapas e que
a fabricação de produtos não-orgânicos seja realizada separada dos orgânicos, não
sendo possível a utilização dos mesmos equipamentos para ambos. De acordo com
o Art. 6º “Serão proibidos o emprego de radiações ionizantes, emissão de micro-ondas
e nanotecnologia em qualquer etapa do processo produtivo”, todos os ingredientes
utilizados devem ser obtidos do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade
Orgânica, se os mesmos estiverem indisponíveis pode ser incorporado matéria-prima
de origem não-orgânica com quantidade inferior a 5%.
Faz-se necessário a análise do produto, para verificar os níveis de metais
pesados no substrato produzido, o substrato deve estar dentro do regulamentado na
Instrução Normativa de produtos de origem animal e vegetal, com relação ao
percentual de resíduos utilizados, sendo autorizados apenas aqueles que possam ser
destinados a fertilização do solo, como adubo e compostagem.

4.6 TRATAMENTO DE RESÍDUOS

De acordo com a lei nº 12.305/10, que descreve a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS), existe uma ordem de prioridade na gestão dos resíduos. A
lei regulamenta a destinação final dos lixos produzidos, proibindo seu descarte no
meio ambiente, em lixões ou aterros sanitários não normatizados e queima a céu
aberto, e assim incentivando a reciclagem, a compostagem, ou métodos alternativos,
como a geração de produtos a partir da FES, como o cultivo de cogumelos.
59

Os resíduos sólidos produzidos pela empresa MUSHII são itens que já estão
sendo reutilizados de outras áreas (resíduo úmido cervejeiro), sendo ele o bagaço de
malte, e o resíduo que será produzido pela MUSHII o nosso substrato irá ser utilizado
na compostagem e virará adubo, a água retirada do bagaço de malte úmido e a água
da lavagem, passam por uma purificação e podem ser reutilizadas novamente.
60

5. CONCLUSÃO

A partir dos levamentos teóricos e da revisão da literatura, conclui-se que cerca


de 80% da comercialização brasileira tem da sua produção dependente da importação
para o consumo de cogumelos, tendo a China e países asiáticos periféricos como
suas principais fontes de insumos, o que torna relevante o desenvolvimento industrial
nacional para produção de cogumelos comestíveis.
Para a produção de cogumelos em substrato, o mesmo deverá estar dentro
das regulamentações presentes na Instrução Normativa descrita pelo MAPA referente
à produção e comercialização de produtos orgânicos para consumo, visando a
qualidade e padronização de produtos. Levar o custo dos produtos, os cogumelos, ao
barateamento a partir de uma produção nacional escalonada tende a ser uma via
promissora, aproveitando-se também da tendência de busca por alimentos diferentes
de carne como fonte de proteína na alimentação.
Também podemos afirmar que, a partir da literatura, resíduos e subprodutos
agroindustriais têm grandes potenciais para a produção de cogumelos de forma
alternativa, por métodos mais sustentáveis e menos agressivos à fauna e flora
nacional, com a inserção de espécies exóticas de outros países, como a produção de
micélio fúngico em substratos, além da redução dos custos de produção, aproveitados
pela economia circular, no qual o resíduo bagaço de malte serve como a principal
matéria prima para o shitake, produto alimentício de alto valor agregado.
A partir do desenvolvimento do processo e no planejamento da indústria, foi
possível obter um fluxograma de produção, que serviu como base para o fluxograma
industrial, contendo os principais equipamentos do processo e, a partir da análise de
custo dos principais equipamentos, foi possível realizar uma análise econômica, que
teve como resultado uma empresa com 81,32% de retorno de investimento, um
payback de 1,23 anos e lucratividade de 40,45%, sendo estes valores promissores,
considerando o mercado em alta expansão. Acredita-se que, com uma análise
econômica ainda mais detalhada quanto ao funcionamento da indústria, seria possível
reduzir ainda mais o custo operacional, o que resultaria em números ainda melhores
de lucratividade e retorno de investimento.
Por fim, analisando o crescente mercado de comercialização de cogumelos e
o custo industrial de produção, o projeto desenvolvido tem um ótimo potencial de
61

aplicação. Entretanto, vale ressaltar que os valores de rendimento de produção foram


estimados pelas médias encontradas na literatura. Logo, para conclusões mais
realistas, seria ideal a realização de uma análise experimental, com o rendimento real
de shitake no substrato teórico desenvolvido. Além disso, o rendimento leva em
consideração diferentes variáveis, então, além da análise experimental para o teste
do substrato teórico, seria necessário um teste de otimização. Ainda assim, os valores
médios calculados para a formulação do substrato teórico utilizado como base do
projeto podem trazer um panorama geral quanto ao desenvolvimento de uma indústria
para comercialização de shitake.
62

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67

[7] DESIDRATADOR DE ALIMENTOS – MODELO DS-800 (9 BANDEJAS NORMAIS)


– CERTIFICADO INMETRO, 2017. Disponível em <
https://dasdesidratadores.com.br/produto/desidratador-de-alimentos-modelo-ds-800-
9-bandejas-
normais/?gclid=Cj0KCQjw8eOLBhC1ARIsAOzx5cEmihQgkL0syVuerVKaioEsc43qZL
Ev-wKTMLIrpk6bFvzwr-ZUUCoaAiTkEALw_wcB >Acesso em 26 de outubro de 2021.

[8] Câmara Fria Gallant 08R-DSP 5x5 Painéis Resfriado Standard sem Piso Pain com
Cand Danf 220V/3F. Disponível < https://www.leroymerlin.com.br/camara-fria-gallant-
08r-dsp-5x5-paineis-resfriado-standard-sem-piso-pain-com-cond-danf-220v-
3f_1566688860 > Acesso em 26 de outubro de 2021.

[9] Growing Mushrooms in Greenhouse - A Full Guide. Gardening Tips. Diponível em


< https://gardeningtips.in/growing-mushrooms-in-greenhouse-a-full-guide >Acesso
em 26 de outubro de 2021.

[10] Ar-Condicionado Electrolux Split 12.000 Btus Frio Linha Ecoturbo (VI12F/VE12F)
- Ar-Condicionado Split 12.000 Btus Frio Linha Ecoturbo (VI12F/VE12F). Electrolux.
Disponível em < https://loja.electrolux.com.br/ar-condicionado-split-12000btus-btus-
frio-ecoturbovi12f-ve12f-
electrolux/p?idsku=2001044&utm_source=google&utm_campaign=googlepla&utm_
medium=shopping&gclid=Cj0KCQiA4b2MBhD2ARIsAIrcB-
Ry0ouKTAXhUD6CMITqIn9qavVPGSrMaDa3eXviiAZklJTP_eXP2AgaAq_CEALw_w
cB > Acesso em 13 de novembro de 2021.

[11] Gerador de Vapor Instantâneo Turbo Vapor - EDG. Dentalcremer. Disponível em


< https://www.dentalcremer.com.br/gerador-de-vapor-instantaneo-turbo-vapor-edg-
658545.html?gclid=Cj0KCQiA4b2MBhD2ARIsAIrcB-
TvQEYqsj6VOnaxd4nizcaKTwmI8_MJw1Spi-6EByAIFU4fEXaqlrQaAs55EALw_wcB
>Acesso em 13 de novembro de 2021.

[12] Kit 3x Lâmpada Full Spectrum Grow Cultivo Indoor - 220v 110v. Green indoor-
Mercado livre. Disponível em < https://gardeningtips.in/growing-mushrooms-in-
greenhouse-a-full-guide >Acesso em 26 de outubro de 2021.

[13] HARRISON, R. G.; TODD, P., RUDGE, S. R., PETRIDES, D. P. Bioseparations


science and engineering; Chemical Engineering Plant Cost Index by Chemical
Engineering magazine. New York: Oxford University Press, 2015.

REFERÊNCIAS DOS INSUMOS PARA PRODUÇÃO

[a] Embalagem a Vácuo 60x40 - 100 Unidades. Centro. Disponível em <


https://www.cetro.com.br/embalagem-a-vacuo-60x40-100-
unidades/p?idsku=344&gclid=Cj0KCQiA4b2MBhD2ARIsAIrcB-S236stLeM-
IXWrnYC_xgEhYvqXObFvQ000kdVzUyYXp1NECY4zn7waAjJmEALw_wcB >Acesso
em 13 de novembro de 2021.

[b] MARQUES, G. Cobrança de tarifa mínima de água no Paraná pode acabar em


2022. Tribuna, 2021. Disponível em < https://tribunapr.uol.com.br/noticias/curitiba-
68

regiao/cobranca-de-tarifa-minima-de-agua-no-parana-pode-acabar-em-2022/
>Acesso em 13 de novembro de 2021.

[c] Carbonato De Cálcio - 25 kg. Ingredientes Online - Mercado livre. Disponível em


<https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1594054829-carbonato-de-calcio-25kg-
ingredientes-online-
_JM?matt_tool=80867436&matt_word=&matt_source=google&matt_campaign_id=1
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1405370248783&gclid=Cj0KCQiA4b2MBhD2ARIsAIrcB-
SWHfdyzNmeiul_xpj78k83cUwU5o-JFE_rqDxqWyup5Y8GqPjiYoUaAoudEALw_wcB
> Acesso em 13 de novembro de 2021.

[e] Bandeja Isopor B2 c/ 50 Unidades. Disponível em <https://shopee.com.br/Bandeja-


Isopor-B2-c--50-Unidades-i.477170171.6597263400> Acesso em 13 de novembro
2021.

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