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Do Zero Ao Infinito (E Além) - Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Matemática e Tinha Vergonha de Perguntar (Mike Goldsmith)
Do Zero Ao Infinito (E Além) - Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Matemática e Tinha Vergonha de Perguntar (Mike Goldsmith)
das Nações Unidas, 7221, 1o Andar, Setor B Pinheiros – São Paulo – SP – CEP:
05425-902
0800-0117875
SAC De 2a a 6a, das 8h às 18h
www.editorasaraiva.com.br/contato
ISBN 978-85-5717-061-2
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057
Goldsmith, Mike
Do zero ao infinito (e além) : tudo o que você sempre quis saber sobre matemática e
tinha vergonha de perguntar / Mike Goldsmith ; tradução de Fabio Storino. – São Paulo :
Benvirá, 2016.
152 p. : il.
ISBN 978-85-5717-061-2
Título original: From zero to infinity (and beyond) – Cool maths stuff you need to
know.
1. Matemática - Curiosidades e miscelânea 2. Matemática recreativa I. Título II.
Storino, Fabio
CDD 510
16-0882 CDU 51
1a edição, 2016
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a
prévia autorização da Saraiva Educação. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei no 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
548.979.001.001
SUMÁRIO
NÚMEROS ELEGANTES
Números da Antiguidade
Tudo sobre nada
Como conversar com computadores
Operações complicadas
O nome dos números
Números indivisíveis
Os números na natureza
Um número mortal
Porções justas
Grana, grana, grana
Um depois do outro
Simplesmente enorme
Para além do infinito
FORMAS SURPREENDENTES
De todas as formas
Triângulos extraordinários
Tudo sobre áreas
Em terceira dimensão
Espaço interior
Simetria perfeita
Estruturas matemáticas
A arte da matemática
Música em números
Uma questão de graus
A escala das medidas
MEDIDAS INCRÍVEIS
Medidas reais
Unidades curiosas
Precisamente acurado
“Chute informado”
Autoengano
Entendendo os movimentos
Não pode piscar
Cronometrado
Quando faltam dias
Indo de A até B
X indica o local
DADOS COMOVENTES
Gráficos fantásticos
Fazendo uma média com os números
Organizando os números
A armadilha de números de Venn
Uma deliciosa fatia de pizza
O que acontece depois?
MATEMÁTICA DE MESTRE
Ultrassecreto!
Resolvendo o enigma
O fator x
Boa, Sherlock
Uma máquina de matemática
Prove
Argumento circular
Mestres dos números
GÊNIO DA MATEMÁTICA
VAMOS CONTAR!
Essas linhas, ou entalhes, podem ter sido usadas para contar qualquer
coisa, de animais a pessoas ou a passagem dos dias.
No começo, o único símbolo numérico usado era o 1. Mas, na
verdade, essas eram apenas marcas feitas em ossos. Então, se as
pessoas quisessem contar até mil, precisavam juntar um monte de
ossos de babuíno e fazer mil vezes a marca 1.
Atualmente, há dez diferentes dígitos, ou numerais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,
7, 8 e 9. Esses dígitos formam o chamado sistema decimal – do latim
decimus, que significa “dez”.
O sistema decimal é uma maneira bastante lógica de contar: a
maioria das pessoas aprende a contar usando os dez dedos das mãos.
De fato, a palavra “dígito” também significa “dedo”. Foi provavelmente
assim que você aprendeu a contar, e é provável que os primeiros
humanos também tenham aprendido dessa forma.
NUMERAIS ETERNOS
Os romanos também contavam em grupos de dez, usando letras para
números: I (1), V (5), X (10), L (50) e C (100). Mais tarde, D (500) e M
(1.000) foram acrescentados.
Para escrever um número, letras eram agrupadas e depois somadas
ou subtraídas, de acordo com a ordem. Por exemplo: se I é colocado
antes de uma letra que representa um número com valor maior,
significa “um a menos”. IX é 9, um a menos que dez. Os símbolos CL
eram usados para escrever 150 – ou 100 mais 50. Juntas, portanto, as
letras CCLVII significam 257.
Podemos encontrar algarismos romanos em alguns relógios, ou ao
final de alguns programas de tevê, uma referência ao ano em que estes
foram produzidos.
TUDO SOBRE NADA
As pessoas vinham usando sistemas de contagem havia séculos até se
darem conta de que faltava algo – o zero! Embora um grego antigo
chamado Ptolomeu tenha feito experiências com ele, o zero só passou
a ser comumente usado a partir do final do século IX.
CONTE COMIGO
Sem o zero, não há como diferenciar, digamos, 166 de 1.066 e 166.000.
Ele também é um conveniente ponto de partida para, por exemplo,
cronômetros, réguas e termômetros.
Para essa diferenciação, foi desenvolvido um novo sistema de
contagem de notação posicional, usando a posição relativa de cada
algarismo na composição do número. Esse sistema divide os números
em colunas, começando com as unidades à direita, depois as dezenas,
depois as centenas, depois os milhares, e daí em diante. Veja o número
3.975, por exemplo: você pode observar facilmente que há três
milhares, nove centenas, sete dezenas e cinco unidades.
Essa pode não parecer uma maneira útil de contar, mas é perfeita
para a computação. Todo computador é composto por milhões de
componentes eletrônicos chamados transistores, que podem estar
ligados ou desligados.
Para o computador, um transistor ligado representa 1, e um
transistor desligado representa 0.
Um conjunto de transistores pode armazenar um número binário. O
número 5, por exemplo, seria armazenado como na ilustração abaixo –
bem, seria se existissem duendes dentro do computador:
Computadores usam o sistema binário para armazenar e trabalhar
com todo tipo de dados, não apenas números. Tudo, de palavras a sons
e imagens, bem como números, pode ser convertido para código
binário.
VOCÊ SABIA?
Há muitas outras bases além da base 10 e da base 2. A base 8, ou octal, e a base 64 também
são usadas na computação, bem como a base 16, ou hexadecimal, que é usada para se referir
às áreas da memória do computador. Ela usa os dígitos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 e as letras A,
B, C, D, E e F.
OPERAÇÕES COMPLICADAS
Quando está contando, adicionando ou subtraindo, você está fazendo
uma operação. Não do tipo que os médicos fazem – e sim do tipo que
os matemáticos fazem quando praticam aritmética.
A palavra “aritmética” vem do grego antigo e significa “a arte dos
números”. É usada na adição, subtração, multiplicação e divisão,
também conhecidas como as quatro operações.
VOCÊ SABIA?
Os matemáticos adoram os números primos e, embora estes sejam fáceis de compreender,
são muito misteriosos. Isso acontece porque não seguem nenhum padrão regular, então não
há outra maneira de encontrá-los senão por tentativa e erro.
Alguns matemáticos competem entre si para ver quem consegue ser o próximo a
encontrar o maior número primo. O último encontrado tem mais de 12,9 milhões de dígitos.
É tão grande que levaria mais de dois meses para escrevê-lo à mão!
OS NÚMEROS NA NATUREZA
Uma maneira de descrever os números é dizer que são ímpares (1, 3, 5,
em diante) ou pares (2, 4, 6, em diante). Dois números pares ou dois
números ímpares possuem o que se chama de mesma paridade; se
você tem um número ímpar e um par, eles possuem paridade diferente.
Uma das curiosidades sobre paridade é que não é uma invenção
humana; ela também aparece na natureza.
ESTRANHAMENTE PARES
A maioria dos animais possui um número par de membros do corpo.
Humanos são bípedes, o que significa que possuem duas pernas.
Cavalos e cachorros são quadrúpedes, o que significa que possuem
quatro patas, enquanto insetos possuem seis patas, e aranhas, oito.
Um milípede (ou diplópode), cujo nome, em grego, quer dizer “que
possui mil pés”, possui na verdade apenas trezentos pés, mas, ainda
assim, um número par.
SEM PAR
No mundo das frutas e legumes, as regras são diferentes, e muitos dos
números relativos às plantas são ímpares. Por exemplo, muitas flores
possuem cinco pétalas, e algumas frutas têm como base uma forma de
cinco pontas, como você pode observar ao cortar uma maçã ao meio
na horizontal.
No entanto, embora nem todos os números relativos às plantas
possuam a mesma paridade, eles têm algo em comum. O abacaxi e a
pinha possuem espinhos dispostos em dois conjuntos de espirais, um
ordenado no sentido horário e o outro no anti-horário.
Dependendo do tamanho do abacaxi, haverá ou 5 e 8 espirais, ou 8 e
13 espirais, ou 13 e 21 espirais. Esses números são conhecidos como
números de Fibonacci (para saber mais, ver página 34).
Os números também são importantes no mundo dos cristais. Muitas
coisas – de sal a flocos de neve – são compostas de cristais de formas
regulares, com um número fixo de lados.
UM NÚMERO MORTAL
Pitágoras foi um matemático grego nascido por volta de 580 a.C.
Odiava lentilhas e amava triângulos e é considerado por muitos um dos
matemáticos mais importantes que já existiu. Pouco se sabe sobre ele,
exceto que um teorema leva seu nome, muito embora Pitágoras não o
tenha inventado de fato.[2]
TRIÂNGULOS ADORÁVEIS
Grande parte da obra de Pitágoras gira em torno dos triângulos. Ele
tinha fascinação por números triangulares, como 3, 6 e 10, que podem
ser dispostos em forma triangular, assim:
O TEOREMA DE PITÁGORAS
Pitágoras é conhecido por conta de um teorema relativo a triângulos. É
um teorema que só se aplica aos triângulos retângulos, que possuem
uma linha horizontal e uma vertical. O teorema afirma que se você
elevar ao quadrado os comprimentos dos dois lados mais curtos, os
catetos, e somá-los, o resultado será igual ao quadrado do
comprimento do lado mais longo – a hipotenusa.
BELAS FATIAS
Na matemática, porções são chamadas de frações; então, para dividir
seu bolo de aniversário entre oito pessoas, ele precisa ser cortado em
oito fatias iguais. Ou seja, também se pode dizer que cada fatia será
equivalente a um oitavo do bolo. Como fração, isso seria escrito assim:
⅛. O número de cima é o numerador, e o de baixo é o denominador.
CORTANDO O BOLO
Veja como as frações podem ajudar na divisão do seu bolo de
aniversário:
1. Primeiro, corte o bolo na metade (½), para ficar com duas partes
iguais.
2. Corte cada metade novamente ao meio, de maneira que você fique
com quatro pedaços iguais, cada um agora representando ¼ do
bolo.
3. Por fim, corte cada quarto do bolo na metade, de maneira que você
fique com oito fatias. Cada fatia agora representa ⅛ do bolo – o
bastante para satisfazer você e seus sete amigos, sem gerar briga.
Você deve ter percebido mais uma coisa. Viu como as frações
interagem entre si? Se você divide uma metade em dois, fica com um
quarto: ½ × ½ = ¼; já se divide um quarto em dois, fica com um oitavo:
½ × ¼ = ⅛.
FRAÇÕES PESADAS
Na maioria das frações, o numerador é menor do que o denominador.
Elas são conhecidas como frações próprias.
No entanto, de vez em quando, você pode se deparar com uma
fração incomum, como esta: . Essa é uma fração imprópria, porque o
numerador é maior do que o denominador. A fração é outra maneira
de dizer que há “onze metades”.
PORCENTAGENS PERFEITAS
E se você pudesse dividir seu bolo em cem fatias em vez de apenas
oito? Se quisesse ¼ do bolo, teria que pegar 25 fatias, ou . Isso
também pode ser escrito como 25 por cento ou 25%, que significa “25
de 100” – de fato, 25% é só outro jeito de dizer ¼.
DESMISTIFICANDO OS DECIMAIS
Outra maneira de pensar sobre frações é como um cálculo de divisão.
Se você usar o exemplo do bolo, ¼ quer dizer “dividir um bolo em
quatro fatias”. Se você digitasse 1÷4 em uma calculadora, a resposta
seria 0,25. Isso é conhecido como um número decimal – às vezes,
chamado apenas de decimal.
Se você colocar 1÷3 em uma calculadora, a resposta será
0,3333333…, um número que não acaba. Isso é chamado de dízima
periódica. Para economizar espaço, esses números são escritos com
um traço sobre o período (a parte que se repete); então, ⅓ também
pode ser escrito como 0,3.
E O ARREDONDAMENTO?
Às vezes, um número tem muitos dígitos depois da vírgula. Por
exemplo, o número 0,4567 possui quatro dígitos – ou seja, neste caso,
estamos trabalhando com quatro casas decimais. Esses dígitos podem
ser encurtados “arredondando-se” o número para baixo ou para cima.
Se, em vez de quatro, você quisesse trabalhar com duas casas
decimais, teria que olhar para o dígito na terceira casa decimal – se
fosse maior do que 5, como no caso do número 0,4567, você
arredondaria para cima (0,46); se fosse menor do que 5, como no caso
do número 0,6543, você arredondaria para baixo (0,65).
GRANA, GRANA, GRANA
Na Antiguidade, as pessoas não usavam dinheiro; elas faziam escambo,
trocavam coisas entre si, como gado. Mas, convenhamos, como gado
não é uma coisa fácil de transportar, era preciso encontrar uma
alternativa.
PLÁSTICO FANTÁSTICO
Esse não é o final da história. Atualmente, a maior parte do dinheiro do
planeta está armazenada em computadores e é transferida
eletronicamente entre bancos, lojas e pessoas por meio de cartões de
crédito e de débito.
QUE INTERESSANTE!
Você já deve possuir sua própria conta bancária, e talvez sua poupança
esteja rendendo juros. E como esses juros se relacionam com a
inflação? O que são esses dois termos?
A ideia de juros é bem simples. Você coloca uma quantia em uma
caderneta de poupança e o banco a utiliza para ganhar dinheiro para
ele. Em troca, você recebe um dinheiro extra, os juros. Se pega dinheiro
emprestado de um banco, você paga juros sobre o empréstimo, o que
significa que terá que pagar mais do que tomou emprestado.
O montante de juros que você recebe ou paga depende de três
coisas: a quantidade de dinheiro que você depositou ou pegou
emprestado do banco, a taxa de juros oferecida pelo banco e o tempo
pelo qual o dinheiro fica na conta ou é emprestado. Digamos que o
banco ofereça uma taxa de juros de 10% ao ano sobre a poupança e
que você tenha depositado R$ 200 e deixado o dinheiro lá por um ano.
Ao final de um ano, o dinheiro terá rendido 10% de R$ 200, ou seja, R$
20. Isso significa que, após um ano, haverá na sua conta R$ 220.
UM DEPOIS DO OUTRO
Na matemática, uma linha ordenada de números é chamada de
sequência. Sequências normalmente possuem um padrão, ou uma
regra, que permite deduzir o próximo número. Uma contagem coloca
os números na sequência mais simples que existe. Na sequência a
seguir, é adicionado 1 ao número anterior:
1, 2, 3, 4…
½+¼+⅛+ …
A VIDA DE UM RATO
Séries e sequências também existem no mundo real. Por exemplo, o
número de ratos após certo número de gerações é representado por
uma série. Ratos normalmente têm dez filhos por ninhada. Os números
em cada geração são obtidos multiplicando-se o número de ratos da
geração anterior por dez:
A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI
Outra sequência que pode ser aplicada na natureza é conhecida como
sequência de Fibonacci, que é a seguinte:
SIMPLESMENTE ENORME
O Universo é absolutamente enorme. Uma simples gota d’água contém
cerca de 10 sextilhões de átomos, ou 10.000.000.000.000.000.000.000.
Se você acha que isso é muito, saiba que o número de átomos no
oceano é cerca de um septilhão (um trilhão de trilhões) de vezes maior.
Não surpreende, portanto, que os matemáticos tenham criado uma
maneira bem mais fácil de representar esses números gigantes. Por
exemplo, 1 septilhão é escrito como 10 24, que significa “10 à potência
24”, ou 10 multiplicado por si mesmo 24 vezes, ou 1 seguido de 24
zeros. Isso é chamado de notação científica.
O COMPLEXO GOOGOLPLEX
Alguns números muito grandes possuem nomes especiais. Por
exemplo, 10100 é um googol – o nome sugerido por um garoto de 9 anos
chamado Milton Sirotta, em 1938. Mas isso não é tudo: também há o
googolplex, que é 10 elevado a googol, ou 1010 .
100
MUITA AREIA
A primeira pessoa a estudar números enormes foi o grego antigo
Arquimedes. Em sua obra Arenarius [O contador de areia], ele estimou o
tamanho do Universo e a quantidade de grãos de areia que seria
necessária para preenchê-lo. Partindo de uma miríade, o maior número
em uso à época – 10.000 –, e multiplicando-o por si mesmo repetidas
vezes, Arquimedes calculou que no Universo inteiro caberiam 8 ×1063
grãos de areia. Como o Universo provavelmente é infinito, ele errou
feio, mas, ainda assim, foi uma obra impressionante para a época.
INFINITAMENTE COMPLICADO
O infinito significa alguma coisa? Bem, pode ser que sim, porque talvez
o Universo em que você vive seja infinito. Se isso for verdade, o número
de estrelas pode ser infinito. Se houvesse, digamos, apenas uma estrela
em um trilhão com um planeta similar à Terra orbitando ao redor dela,
isso significaria que haveria um número infinito de planetas como a
Terra, porque um trilionésimo de infinito é infinito. Se houvesse um
número infinito de planetas como a Terra, haveria um número infinito
de planetas habitados por humanos, e um número infinito desses
humanos poderia ter seu nome, sua idade, seus pais – haveria um
número infinito de pessoas exatamente como você. É o bastante para
fazer você pirar!
DE TODAS AS FORMAS
Muito da matemática trata de simplificar as coisas, do comportamento
humano ao movimento dos planetas. A geometria – a matemática das
formas – não é exceção.
MARAVILHAS NATURAIS
Muitas coisas na natureza, como as árvores e os humanos, possuem
formas complicadas e irregulares, difíceis de serem descritas.
Formas regulares não aparecem com muita frequência na natureza,
mas elas existem, como o disco do Sol, ou a forma hexagonal dos favos
de mel de uma colmeia. No caso dos favos de mel, isso maximiza a área
de cada alvéolo, ao mesmo tempo que minimiza os espaços entre eles.
Caso a forma fosse circular, seria necessário usar mais cera para
preencher os intervalos entre os alvéolos. Esperta a natureza, não?
ONDE ESTÁ POLLY?
Formas simples e regulares podem ser divididas em formas com linhas
retas, como os quadrados, e formas com linhas curvas, como os
círculos. Formas com linha reta são chamadas de polígonos.
Aqueles que têm lados e ângulos com medidas congruentes (lados e
ângulos iguais) são chamados de polígonos regulares. Entre eles, estão:
Depois do quadrado, o nome dos polígonos segue um padrão
regular. Cada forma contém a palavra grega para o número
correspondente de lados, seguida de “-gono” – a palavra grega para
“ângulo”.
TRIÂNGULOS EXTRAORDINÁRIOS
Depois dos círculos, os triângulos são provavelmente as formas que os
matemáticos mais adoram. Tanto que o estudo dos triângulos tem um
nome próprio: trigonometria.
TIPOS DE TRIÂNGULO
Os triângulos podem ser agrupados em três tipos:
A soma dos ângulos formados pelos três vértices é sempre 180°, não
importa o tipo de triângulo.
VOCÊ SABIA?
Ângulos de menos de 90° são agudos. Ângulos entre 90° e 180° são conhecidos como obtusos.
E aqueles entre 180° e 360° são côncavos.
TRIÂNGULOS SEMELHANTES
Se você quisesse descobrir a altura de algo muito grande, precisaria de
uma longa escada e uma trena bastante comprida, certo?
Errado. Você só precisaria encontrar uma vara de madeira
suficientemente grande e reta e algo para medir – uma imensa e linda
árvore, por exemplo. Coloque a vara de pé no chão a certa distância da
árvore. Depois, encontre uma posição no chão onde o topo da árvore se
alinhe com o topo da vara do seu ponto de vista. Isso formará dois
triângulos: um, dos seus olhos até a vara, e outro, dos seus olhos até a
árvore. Ambos possuem os mesmos ângulos, muito embora sejam de
tamanhos diferentes. São o que chamamos de triângulos semelhantes.
Os comprimentos dos lados de triângulos semelhantes também são
proporcionais entre si. Por isso, com algumas poucas medições, você
poderá descobrir a altura da árvore comparada à da vara.
Para fazê-lo, você precisará medir a distância de A a D e a distância
de A a B. Depois, divida o comprimento da reta AB pelo comprimento
da reta AD para descobrir a razão, que seria 4 no exemplo abaixo.
Multiplicando a altura da vara pela razão, você chega à altura da
árvore.
Nesse caso, 4×1,5 = 6, então a árvore deve ter 6 metros de altura.
Tudo isso sem precisar subir uma escada bamba!
DE OUTRO MUNDO
Algumas distâncias são mais difíceis de medir diretamente – a distância
até a Lua, por exemplo –, mas, ainda assim, os triângulos podem ser
usados para calculá-las. Você só precisa medir o comprimento de um
lado de um triângulo imaginário, entre os pontos A e B, para obter uma
linha de base. Depois, meça os ângulos formados pelas linhas
imaginárias até a Lua em A e B. Como a Terra e a Lua estão em
movimento, isso precisa ser feito quando a Lua estiver exatamente
entre esses dois pontos. Depois que você souber esses ângulos, o
comprimento das retas AC e BC pode ser calculado, o que também
fornecerá a distância da Terra até a Lua. Esse processo é conhecido por
triangulação.
ATÉ AS ESTRELAS
Se você tentasse triangular uma estrela usando a mesma linha de base
do exemplo anterior, ela seria estreita demais devido à grande
distância. Mas há uma solução engenhosa para aumentar o tamanho
do triângulo.
Ao medir o ângulo A primeiro e o ângulo B seis meses depois –
quando a Terra está do lado oposto de sua órbita ao redor do Sol –, a
distância entre os pontos A e B será o dobro da distância entre a Terra e
o Sol. Usando esse triângulo interestelar, você consegue descobrir a
distância da estrela. Simples!
TUDO SOBRE ÁREAS
Calcular a área de polígonos regulares simples, como quadrados, e não
regulares, como retângulos, é fácil. Basta multiplicar a largura pelo
comprimento. Para um quadrado com 4 centímetros de lado, basta
multiplicar 4×4. A resposta é 16, ou seja, o quadrado possui uma área
de 16 centímetros quadrados (cm2). Um retângulo de 4 centímetros por
2 centímetros de lado possui uma área de 8 centímetros quadrados.
De maneira similar, se você quiser saber a medida do contorno de
seu quadrado ou retângulo – o perímetro –, basta somar os
comprimentos dos quatro lados. Mas como você mediria um círculo?
Não há lados para multiplicar, e há situações em que é bastante útil
saber sua área ou circunferência, nome especial que se dá para o
perímetro de um círculo.
FÁCIL COMO PI
A resposta é mais simples do que você imagina. Por muitos séculos, as
pessoas consideraram que, para qualquer círculo, a circunferência é
pouco mais do que três vezes a medida do diâmetro – a distância entre
dois pontos do círculo passando pelo centro dele. Essa razão é sempre
a mesma, não importa o tamanho do círculo:
A ÁREA DE UM CÍRCULO
Descobrir a área de um círculo também envolve o número pi, mas,
dessa vez, usando o raio, que é a metade do diâmetro. Você só precisa
de uma fórmula especial: πr2, ou “pi vezes o quadrado do raio”, ou seja,
a área de um círculo é igual a pi × (raio × raio). Por exemplo, se um
círculo tem um raio de 4 centímetros, o quadrado do raio é 16. Se
multiplicar isso por π, você obtém a área do círculo: π ×16 = 50,272
centímetros quadrados.
Para visualizar melhor a área de um círculo, tente cortar um círculo
de papel, assim:
EM TERCEIRA DIMENSÃO
Formas planas, como triângulos, quadrados e retângulos, podem ser
combinadas de diversas maneiras, de modo a compor figuras
tridimensionais, ou poliedros. Por exemplo, um cubo é composto por
seis quadrados; um paralelogramo reto-retângulo pode ser formado
por três pares de retângulos.
SIMPLES CILINDROS
Para a maioria das pessoas, a forma de um cilindro é parecida com a de
uma lata de refrigerante. No entanto, as bases podem assumir vários
raios, desde que ela mantenha a mesma secção transversal ao longo da
altura da figura.
Se as bases das extremidades do cilindro são paralelas, o volume
sempre será a área de uma base multiplicada pela altura.
Para descobrir o volume de um cilindro circular, você precisa da
fórmula πr2h – que é a fórmula da área de um círculo (ver páginas 48 e
49) multiplicada pela altura h. Portanto, um cilindro circular com 5
centímetros de altura e com bases cujo raio é de 3 centímetros teria um
volume de π×3×3×5, ou 141,372 centímetros cúbicos.
ESFERICAMENTE FALANDO
Humanos podem até gostar de formas como os paralelogramos reto-
retângulos, mas a natureza prefere a esfera – o sólido mais regular
possível –, desde estrelas, planetas e muitas luas até bolhas, globos
oculares e átomos. Isso acontece porque uma esfera é capaz de conter
o volume máximo usando a menor área de superfície possível.
Para descobrir o volume de uma esfera, você precisa saber o raio – a
medida do centro exato da esfera até sua superfície. Depois, eleve o
raio ao cubo, multiplique-o por 4π e então divida por 3. Essa fórmula é
normalmente escrita como πr3. Uma esfera com um raio de 3
centímetros, por exemplo, terá um volume de 27× × π, ou 36π, que é
113,097 centímetros cúbicos.
FORMAS NO ESPAÇO
Há apenas cinco formas tridimensionais com todas as arestas, ângulos
e faces iguais. Elas são conhecidas como poliedros regulares ou sólidos
platônicos. Os gregos antigos interessavam-se bastante por formas
geométricas – na verdade, gostavam tanto dos sólidos platônicos que
acreditavam que estes podiam ser usados para explicar como o
Universo foi construído.
Os gregos antigos acreditavam que tudo na Terra era composto a
partir de quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Também
acreditavam que cada um desses elementos era formado de átomos
cuja forma era um dos sólidos platônicos, da seguinte maneira:
TOPOLOGIA IMPRESSIONANTE
Para estudar formas mais complexas do que os poliedros regulares,
usa-se a topologia.
A topologia estuda o que acontece com as formas quando você as
comprime, estica ou torce. Quando as formas podem ser esticadas ou
torcidas para dar origem a novas formas, são descritas como
topologicamente equivalentes. Por exemplo, uma rosquinha e uma
agulha podem ser descritas como topologicamente equivalentes
porque ambas possuem um buraco passando por elas. No entanto,
nenhuma delas pode ser descrita como topologicamente equivalente a
um copo porque um copo não possui um buraco atravessando-o.
MÖBIUS DESNORTEADOR
A topologia já resultou em algumas estranhas descobertas sobre as
formas. Por exemplo, achava-se que objetos tridimensionais possuíam
um lado de dentro e um lado de fora, mas, em 1858, o matemático
alemão August Möbius criou algo que tinha apenas uma superfície
contínua, que ficou conhecido como a fita de Möbius.
Você pode fazer sua própria fita de Möbius facilmente. Pegue uma
tira de papel, gire uma das extremidades e fixe-a à outra, de forma que
fique assim:
ESPAÇO INTERIOR
A garrafa de Klein da página anterior é um exemplo de modelo
tetradimensional – bem, de um modelo tridimensional de uma forma
tetradimensional. Mas o que isso realmente significa?
Uma forma sem dimensões se parece com… … bem, com nada.
Figuras adimensionais não ocupam espaço, então não há nada para
ver.
VOCÊ SABIA?
O tempo também é uma dimensão. Você se desloca de manhã até a noite, assim como você
se desloca da e para a escola. Embora, claro, voltar no tempo ou pará-lo não seja possível –
ainda!
ESPAÇO-TEMPO
Tempo e espaço estão sempre interligados – são conhecidos como
espaço-tempo. O cientista mais conhecido por trabalhar com o
conceito de espaço-tempo foi Albert Einstein. Ele descobriu que,
quando as coisas viajam numa velocidade muito rápida, elas mudam
de forma.
Imagine que houvesse uma grande bomba viajando pelo espaço.
Einstein provou que, se ela viajasse rápido o bastante, mudaria de
forma:
QUE ESPECIAL!
Outra parte das teorias de espaço-tempo de Einstein diz que o tempo
transcorre em ritmos diferentes dependendo de como a pessoa que o
está medindo se movimenta. Se você tiver o azar de estar naquela
bomba, pode perceber o tempo que o detonador leva para explodi-la
como um minuto. Se alguém no solo observar você (e a bomba)
passando rápido pelo céu e resolver cronometrar, pode perceber o
tempo como dois minutos. Outro exemplo: imagine uma nave espacial
viajando numa velocidade próxima à da luz; se os astronautas a bordo
viajassem por um ano segundo sua própria medição, perceberiam,
quando retornassem, que um período muito mais longo teria se
passado na Terra – talvez milhares de anos.
UMA DIMENSÃO EXTRA, OU TRÊS?
O mundo tem mesmo apenas quatro dimensões? Claro que não, isso
seria tolice. Na verdade, cientistas acreditam que haja onze!
A Teoria-M – a ideia de onze dimensões – sugere que existam dez
dimensões de espaço e uma de tempo.
Mas como é que ninguém nunca percebeu todas essas dimensões
“extras”? A resposta é que elas são pequenas demais, ou compactadas,
para serem vistas. Talvez seja melhor assim: o equivalente ao cubo de
dez dimensões, chamado de dekeract, é composto de 5.120 arestas.
Imagine só!
SIMETRIA PERFEITA
Muitas formas e também outros objetos possuem simetria, o que
significa que, se você cortá-los ao meio de cima para baixo, as duas
metades serão muito similares, quando não idênticas.
Até mesmo as pessoas possuem simetria. Se você desenhar uma
linha passando pela metade do seu corpo, da cabeça aos pés, as duas
metades serão bastante parecidas. Essa linha é chamada de eixo de
simetria.
QUANTOS EIXOS?
Muitas formas regulares possuem vários eixos de simetria. Esse
quadrado, por exemplo, possui quatro eixos de simetria. Você consegue
descobrir quantos eixos de simetria tem um círculo? A resposta está na
lateral desta página.
ESPELHO, ESPELHO MEU
Pegue uma foto do seu rosto e apoie um espelho em um ângulo de 90º
bem na metade, dividindo seu rosto em dois, de maneira que a metade
esquerda do seu rosto esteja refletida no espelho. Vire o espelho e faça
o mesmo com a metade direita. As imagens são iguais ou diferentes?
Quanto mais similares, mais simétrico é o seu rosto.
A PROPORÇÃO ÁUREA
Tanto o edifício das Nações Unidas, em Nova York, quanto o Parthenon,
em Atenas, possuem a mesma razão entre comprimento e altura:
1:1,618. Ela é conhecida como proporção áurea e pode ser
representada pela letra grega phi, ou Ф (não confundir com pi!). Além
de na arquitetura, ela também aparece nas artes. É frequentemente
usada em fotos, livros e cartões-postais.
A proporção áurea possui algumas propriedades matemáticas
interessantes. Se você pegar um retângulo com a proporção áurea,
como este a seguir, e dividi-lo em um quadrado e outro retângulo, o
retângulo menor também terá a proporção áurea. Isso pode ser
repetido indefinidamente.
A ARTE DA MATEMÁTICA
Quanto mais distantes as coisas estão de você, menores elas parecem.
A regra básica é que, se algo está ao dobro da distância, parece ter a
metade da largura e altura. Para artistas, aprender a desenhar ou
pintar as coisas em perspectiva – para que elas pareçam ter o tamanho
certo – é uma habilidade importante.
Ao fazer isso, o som que a corda produz fica mais alto na escala,
mais agudo, mas continua soando parecido. Na música, esses dois sons
estão ligados a uma mesma nota – dó, por exemplo. Essas duas notas
dó são descritas como estando a uma oitava de distância – o intervalo
de oito notas: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si e dó. Um intervalo é a distância
entre duas notas.
Os sons que a corda produz são na verdade ondas, um pouco como
as ondas que se formam quando atiramos uma pedra num lago, com a
diferença de que as ondas de som se propagam em todas as direções
pelo ar.
PERFEITA HARMONIA
Notas em harmonia soam de maneira agradável aos nossos ouvidos
quando tocadas juntas porque formam razões simples. Em notas a uma
oitava de distância, a razão é de dois para um. As notas mais altas
possuem um comprimento de onda que é exatamente a metade
daquelas uma oitava abaixo, o que faz sentido se lembrarmos que elas
são produzidas pressionando-se a corda na metade do comprimento.
Quando duas notas a uma oitava de distância são tocadas juntas,
elas nos soam agradáveis. Outras combinações também são agradáveis
aos nossos ouvidos. Por exemplo, o intervalo de uma quinta é um par
de notas no qual uma possui um comprimento de onda uma vez e meia
maior do que a outra. Notas que soam de maneira desagradável juntas
possuem diferentes comprimentos de onda, que se chocam porque não
possuem razões simples – assim como o som que produzem.
PITÁGORAS E OS PLANETAS
Seu velho amigo Pitágoras (ver páginas 22 e 23) foi o primeiro a
observar que os sons harmônicos ou desarmônicos que as diferentes
combinações de notas produzem envolvem razões. Pitágoras estava
tão obcecado por suas ideias sobre razão que achava que o Universo
inteiro poderia ser explicado com números. Ele e seus seguidores
acreditavam que as distâncias entre os planetas seguiam proporções
simples e que produziam sons harmoniosos quando se moviam. Essa
ideia, chamada de harmonia das esferas, foi popular por muitos
séculos.
UMA QUESTÃO DE GRAUS
De acordo com muitas pessoas – especialmente as que precisam subi-
la –, a Baldwin Street, em Dunedin, Nova Zelândia, é a rua mais íngreme
do mundo. Isso tem sido objeto de muita discussão, sobretudo porque
há muitas maneiras de medir seu gradiente – ou declividade.
COMO MEDIR?
A declividade pode ser medida usando uma razão. A razão da Baldwin
Street é de 1:2,86. Isso significa que, para cada 2,86 metros deslocados
horizontalmente, a rua sobe 1 metro.
Às vezes são usadas porcentagens para medir um gradiente. O
gradiente da Baldwin Street é 35%, o que significa que, para cada
metro deslocado, a rua sobe 35 centímetros. O gradiente também pode
ser expresso como um ângulo em graus, conhecido como “ângulo de
elevação” – o quanto ela sobe em relação a um horizonte imaginário no
começo da rua. O ângulo de elevação da Baldwin Street é de 19,3°.
A ESCALA DAS MEDIDAS
Filmes antigos de ficção científica eram repletos de insetos gigantes
assassinos e outros monstros. Mas por que eles são tão pequenos na
vida real? A resposta é, obviamente, matemática.
AUMENTANDO AS COISAS
Olhe para a figura a seguir de um musaranho-elefante e um elefante.
Embora pareçam do mesmo tamanho aqui, você sabe
automaticamente que o musaranho-elefante é muito menor do que o
elefante. E se um matemático de outro planeta olhasse para a mesma
figura?
NÃO CAIA!
Quando algo cai – digamos, um elefante –, o ar exerce uma pressão na
direção contrária. Essa força, chamada de resistência, depende da área
do objeto em queda, mas a força para baixo depende de seu peso. O
peso do objeto depende de seu volume e também de quão denso [1] ele
é. Quanto menor o objeto, maior a resistência do ar por quilograma, o
que significa que ele sofre uma desaceleração maior do que um objeto
maior.
Isso significa que, se você tiver o azar de cair de uma altura de 4
metros, terá que ir para o hospital. Uma aranha mal sentiria, enquanto
um elefante… bem, não se preocupe com formigas gigantes, mas
cuidado com elefantes cadentes!
MEDIDAS REAIS
Não faz muito tempo, as pessoas não mediam as coisas em metros e
centímetros. Na verdade, a abordagem era bastante diferente. Algumas
medidas eram baseadas nas partes do corpo, motivo pelo qual a altura
dos cavalos ainda é medida em mãos em alguns países anglo-saxônicos
e a altura das pessoas é dada em pés e polegadas em alguns poucos
países, sobretudo nos Estados Unidos.
MEDIDAS PALPÁVEIS
No Egito Antigo, as coisas eram medidas usando o cúbito, que era o
comprimento do antebraço do faraó em exercício somado à largura da
mão. A medida era esculpida em um bloco de granito, e cópias em
madeira ou pedra eram distribuídas para os construtores. Isso
funcionava bem durante o tempo de vida do faraó, porém as medidas
mudavam com as sucessões de faraós, o que provavelmente era
bastante irritante quando se estava no meio de uma construção.
Ainda havia uma dúzia de outras unidades de comprimento usadas
no mundo antigo que também eram chamadas de cúbito, o que deve
ter gerado muita confusão.
AVANÇOS MILIMÉTRICOS
Ao longo dos séculos seguintes, muitos sistemas de medida foram
usados ao redor do mundo, os quais, às vezes, podiam variar dentro de
um mesmo país. Na Inglaterra, por exemplo, foi apenas no século XIII
que as pessoas tentaram padronizar as unidades de medida utilizadas
no país, quando se decretou que uma polegada (2,54 cm) era o
comprimento de três grãos de cevada. Com o passar do tempo, a
Inglaterra adotou o sistema imperial de polegadas, pés (12 polegadas),
jardas (3 pés) e milhas (1.760 jardas). O sistema vigorou até ser
gradualmente substituído pelo sistema métrico de centímetros, metros
e quilômetros. Mas quem decidiu que deveríamos todos usar esse
sistema?
UNIDADES CURIOSAS
Em 1960, chegou-se a um acordo quanto a um sistema internacional de
unidades de medida. Elas são chamadas de unidades SI, sigla do
francês Système International.
OS SETE INCRÍVEIS
Há sete unidades básicas do SI. Há o metro para distância, o
quilograma para massa e o segundo para tempo. Também há o ampere
para corrente elétrica, o kelvin para temperatura, o mol para
quantidade de matéria e a candela para intensidade luminosa. Essas
unidades são usadas como ponto de partida para todos os outros tipos
de unidades métricas.
Além disso, para todas as coisas que gostaríamos de medir – como
ruído, nebulosidade, maciez e nitidez –, as sete unidades SI básicas dão
conta delas, graças à matemática.
PRECISAMENTE ACURADO
As palavras “acurado” e “preciso” podem parecer intercambiáveis. Mas,
na verdade, possuem significados ligeiramente distintos.
BEM NO ALVO!
Um arqueiro atirou cinco flechas em cada um dos alvos abaixo:
“CHUTE INFORMADO”
Ser capaz de fazer estimativas é uma habilidade importante, e a
maioria dos humanos é até que boa nisso. Por exemplo: você sabia que,
ao tentar julgar se algo está ou não num ângulo reto, a maioria dos
humanos consegue identificar erros de menos de 1°?
A capacidade de estimar também ajuda nas tarefas cotidianas,
como atravessar a rua. Ao estimar a velocidade e distância dos
veículos, você pode julgar se tem ou não tempo suficiente para
atravessar a rua com segurança.
No entanto, as pessoas não pensam naturalmente em termos de
unidades. Em vez de pensar “Aquele carro está se movendo a cerca de
20 quilômetros por hora”, é mais provável que você pense “Está rápido
demais” ou “Dá tempo de atravessar”.
SIMPLES AMOSTRAS
Estimar também pode economizar tempo. Caso você precise, por
exemplo, descobrir o tipo e a quantidade de diferentes criaturas que
vivem no gramado de um campo de futebol. Contá-las levaria um
tempo enorme. Em vez disso, você poderia estimar a resposta usando
um processo chamado amostragem.
Para colher a amostra de uma área, a primeira coisa necessária é
uma quadrícula – um quadrado feito de quatro hastes unidas, cada
uma com cerca de 1 metro. Ela é colocada no gramado, e todas as
criaturas encontradas naquela área são coletadas e catalogadas. Você
pode encontrar, por exemplo, 4 minhocas, 16 formigas, 3 besouros e 1
lesma.
Agora, digamos que o campo de futebol meça 100 metros por 70
metros. Se multiplicar esses números, você terá a área total: 100 × 70 =
7.000 metros quadrados.
Para estimar quantas criaturas existem, simplesmente multiplique
os números encontrados da quadrícula por 7.000, obtendo:
28.000 minhocas,
112.000 formigas,
21.000 besouros,
7.000 lesmas.
UM CHUTE INFORMADO
Estimativas também são úteis quando usamos calculadoras e planilhas
de cálculo. Se você tem uma vaga ideia de quanto será o total, é bem
mais fácil identificar um erro e verificar se pressionou algum botão por
engano ou digitou uma fórmula errada.
AUTOENGANO
O fato de que o cérebro humano pode estimar todo tipo de coisa
significa que ele precisa fazer suposições. Por exemplo, você pode
perceber um ponto no horizonte que vai ficando maior até se
transformar em uma pessoa pequenininha. Se a pessoa vai ficando
maior, você presume que ela esteja se aproximando e que seja
aproximadamente do seu tamanho. Uma vez que você faz tais
suposições, seu cérebro pode usar as leis da perspectiva (ver página 62)
para estimar a distância da pessoa e sua velocidade de aproximação.
O problema das suposições é que às vezes elas estão erradas, o que
pode resultar em uma ilusão de óptica como esta:
Seu cérebro irá fazer o possível para entender o que você está
olhando.
Em princípio, pode parecer que você está olhando para a imagem de
uma caixa vista de cima. No entanto, depois de um tempo, uma nova
perspectiva surge, e parece que você está olhando uma caixa vista de
baixo. Qual está correta?
Ambas estão corretas. A imagem da caixa é uma ilusão de óptica
conhecida como Cubo de Necker. O cérebro humano tenta entendê-lo
quando, na verdade, não há informação suficiente, motivo pelo qual
você percebe duas perspectivas.
ENTENDENDO OS MOVIMENTOS
Na matemática e na física, há dois tipos de medidas, chamadas de
escalar e vetorial. Uma grandeza escalar é simplesmente um número
que pode aumentar ou diminuir. Um vetor é um número que pode
aumentar ou diminuir, mas que também possui uma direção.
A velocidade de um carro – 20 quilômetros por hora (km/h), por
exemplo – é uma grandeza escalar, o que significa que pode apenas
aumentar ou diminuir. No entanto, para a física, a “velocidade” do
carro é um vetor, pois significa a rapidez do carro em uma direção
específica – digamos, 20 quilômetros por hora ao sul.
A TRAJETÓRIA DE UM AVIÃO
Se um avião precisasse ir de Londres a Los Angeles – uma distância de
cerca de 8.800 quilômetros – em 10 horas, a que velocidade ele teria de
voar? Logicamente, você imaginou que ele precisaria voar a 880
quilômetros por hora a oeste, mas e se o vento estivesse soprando na
direção contrária a 100 quilômetros por hora?
Voar contra o vento torna a viagem mais lenta. Então, para fazer o
cálculo, você precisa subtrair a velocidade do vento da velocidade do
avião:
E mais:
Se um objeto cai por uma determinada distância em 1 segundo, terá percorrido quatro
vezes aquela distância após 2 segundos, nove vezes a distância após 3 segundos, e
dezesseis vezes a distância após 4 segundos.
VOCÊ SABIA?
Você pode estar pensando: “De que adiantam essas noções e descobertas se a resistência do
ar significa que elas não se aplicam?”. Bem, na Terra, ajustes podem ser feitos às equações
matemáticas para levar isso em consideração. E, se você viajasse para o espaço, logo
perceberia sua utilidade – as naves espaciais obedecem a essas regras porque não há ar para
desacelerá-las.
MINUTO A MINUTO
Você já sabe que há sessenta segundos em um minuto, e sessenta
minutos em uma hora, e que há 24 horas em um dia, sete dias em uma
semana e 365 dias em um ano. Mas por que os meses não seguem um
padrão? Alguns possuem trinta dias, outros 31, ou mesmo 28 ou 29.
Para descobrir o porquê, você precisa voltar no tempo e entender como
eles eram medidos.
CRONOMETRADO
Uma das primeiras maneiras de medir a passagem do dia foi
desenvolvida no Egito Antigo, há cerca de 3.500 anos. O relógio de
sombra, como era chamado, baseava-se na sombra projetada pelo Sol
quando se movia pelo céu. Funcionava porque o comprimento e a
direção da sombra mudavam conforme a posição do Sol.
BRINCANDO COM AS SOMBRAS
O relógio de sombra era bastante simples e dividia as horas do dia em
dez, mais uma hora de crepúsculo no início da manhã e uma no fim da
tarde. Consistia em uma barra elevada que lançava uma sombra sobre
outra barra, na qual as “horas” eram marcadas. Durante as manhãs, a
barra elevada apontava para o leste, de maneira que a sombra era
projetada na barra das horas a oeste. Ao meio-dia, o relógio era girado
na direção oposta e seguia o Sol à medida que ele se deslocava de leste
a oeste. Relógios de sombra eram portáteis, embora tivessem que ser
alinhados corretamente toda vez que eram deslocados.
CHEGANDO LÁ!
No século XVII, as pessoas sabiam que a Terra girava 360° em um dia, e
15° em uma hora. Se você velejasse para o leste por uma hora, sabia
que sua localização estaria 15° mais ao leste em relação ao ponto de
partida. Se errasse por alguns minutos, no entanto, sua localização
também estaria errada. Relógios de pêndulo, embora precisos na terra,
não funcionariam no mar. Em 1760, John Harrison resolveu esse
problema com seu modelo H4, um relógio de bolso grande, porém
preciso.
Enquanto isso, em terra firme, muitos relógios eram ajustados para
o horário local. Quando o Sol estava sobre a cabeça, era meio-dia, mas
isso muda de lugar para lugar, então o tempo era diferente em cada
cidade. No século XIX, chegaram as redes ferroviárias e, com elas, uma
padronização do tempo.
ATÔMICO
Os instrumentos mais precisos de medição do tempo atualmente
baseiam-se nas oscilações regulares dos átomos. São tão precisos que
um deles, localizado no Laboratório Nacional de Física do Reino Unido,
ficará defasado em menos de um segundo em 138 milhões de anos!
CALENDÁRIO CAÓTICO
Os romanos antigos tinham percebido o problema havia muitos anos,
e, em 45 a.C., o ditador Júlio César promoveu mudanças no calendário.
O problema foi que isso bagunçou completamente o ano – os dias
estavam tão errados que Júlio César adicionou noventa dias extras ao
ano 46 a.C. para corrigir o problema. Não é à toa que aquele foi
considerado o “ano da confusão”!
ACERTANDO O TAMANHO
Desenhar um mapa é melhor do que nada, mas não diz muita coisa em
relação à distância entre os lugares, ou ao tamanho das coisas em
relação a outras. O melhor seria um mapa desenhado em escala.
Este mapa está em escala, exibida como uma razão, de 1:10.000.
Isso significa que 1 centímetro no mapa equivale a 10.000 centímetros –
ou 100 metros – no mundo real. Você pode usar a escala em um mapa
para ajudá-lo a calcular distâncias.
Para calcular uma distância em linha reta, você só precisa de um
pedaço de papel. Faça marcas no comprimento da escala – no caso,
marcas de 1 centímetro – em seu pedaço de papel, depois coloque-o
sobre o mapa para calcular as distâncias entre os lugares. Por exemplo,
a distância entre o Castelo da Rainha Malvada e a Casa da Vovó é de 4
centímetros. Na escala 1:10.000, isso equivale a 40.000 centímetros, ou
400 metros.
Se você quiser medir uma distância que não seja uma linha reta,
pode usar um pedaço de barbante para seguir a curva de sua rota –
contornando a Colina do Poço dos Desejos, por exemplo. Depois, pode
comparar a quantidade de barbante com a sua escala.
216205
COORDENADAS ESPERTAS
Se souber as coordenadas, ou referências da grade, de duas
localidades, você pode calcular a distância entre elas. No mapa a
seguir, um explorador aparece na referência 212173 – e ele quer chegar
à Casa da Vovó, que está em 252204.
PROJETANDO O FUTURO
No gráfico de linha da página anterior, todas as informações
necessárias estavam incluídas. E se você quisesse usar um gráfico para
tentar descobrir o que poderia acontecer depois?
Por exemplo, imagine que um carro viaja por uma estrada e que um
passageiro está marcando o tempo a cada 200 metros. Os dados estão
apresentados na seguinte tabela:
Distância Tempo
(metros) (segundos)
0 0
200 22
400 35
600 57
800 84
1.000 96
1.200 123
ACOMPANHANDO TENDÊNCIAS
Os gráficos também podem olhar para o que chamamos de tendências.
Uma tendência é a direção geral na qual algo está se movendo. O
gráfico ao lado apresenta a expectativa de vida média dos habitantes
da Inglaterra de 1960 até 2010 e mostra que a expectativa de vida no
país está aumentando.
Se você desenhar uma linha de tendência sobre as observações do
gráfico, ele mostrará uma tendência de aumento na expectativa de
vida. Em 1960, a média era de 71 anos e, em 2010, era de pouco mais de
80 anos. Portanto, em cinquenta anos, a expectativa de vida aumentou
nove anos.
Você pode “extrapolar”[1] (ou prever) como a informação se
comportaria no futuro estendendo a linha de tendência pelos dez anos
seguintes. Você pode ver que, em 2020, a média da expectativa de vida,
mostrada aqui com uma linha tracejada, deve girar em torno de 81
anos.
ERROS E MAL-ENTENDIDOS
Às vezes, os dados em um gráfico podem parecer um pouco estranhos.
Veja o caso de um gráfico sobre o Cure-O, um medicamento que se
propõe a curar soluços.
TIRANDO A MÉDIA
Se você toma o mesmo ônibus todos os dias, pode querer descobrir
quanto tempo em média dura o trajeto. A primeira coisa que você
precisa fazer é anotar quantos minutos leva cada viagem. Seus dados
vão se parecer com algo deste tipo:
12, 11, 12, 12, 9, 9, 13, 15, 13, 13, 13, 13, 10, 10, 10
175 ÷ 15 = 11,7
Isso nos diz que seu trajeto de ônibus leva em média 11,7 minutos.
O QUE TEM NO MEIO?
Em vez de calcular a média, você pode querer calcular a mediana. Esse
é o dado que aparece no centro do grupo de observações. A primeira
coisa que você precisa fazer é colocar os dados em ordem crescente. Há
quinze observações, portanto a mediana é o oitavo número – 12 –,
mostrado abaixo em negrito:
9, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15
9, 10, 11, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15
NA MODA
Uma terceira coisa que pode ser calculada é o dado que aparece com
maior frequência, ou moda.
9, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15
DADOS DISTORCIDOS
O que aconteceria se, um dia, houvesse muito trânsito e sua viagem de
ônibus levasse 80 minutos em vez de 12? A soma das durações das
quinze viagens seria 243 em vez de 175, de forma que a média
aumentaria para 16,2 minutos. Isso enviesa sua duração média da
viagem. É aqui que a mediana e a moda podem ser úteis, já que ambos
os valores permanecem os mesmos e podem ser usados como guias.
Isso mostra quão importante é analisar bem seus dados antes de tirar
qualquer conclusão.
ORGANIZANDO OS NÚMEROS
Imagine que foi medida a altura de mil homens.
Mil números é bastante número para trabalhar. No entanto, você
pode classificá-los em ordem crescente, depois agrupá-los em
intervalos – 140 a 144,9 centímetros, 145 a 149,9 centímetros, e assim
por diante. Você pode então contar o número de pessoas em cada
intervalo e projetar o resultado em um histograma, ou gráfico de
barras, assim:
Essa forma curva é conhecida como distribuição normal. Em uma
distribuição normal de dados como essa, a média, a mediana e a moda
estão todas no mesmo lugar, bem no meio.
Ao agrupar os dados dessa maneira, você pode ver que, dos mil
homens, há poucos nos intervalos de altura mais baixa e mais alta e
mais agrupados em torno da média.
MUITAS PREFERÊNCIAS
Um inventor chamado Professor X criou um robô e espera que ele se
torne bastante popular. Gizmoide sabe jogar futebol e tênis e pode
cuidar de seu cachorro de estimação enquanto você está na escola.
Parece uma ideia brilhante: futebol e tênis são esportes bem populares,
e muitas pessoas possuem cães de estimação.
Para se certificar, o Professor X conduz uma pesquisa de opinião,
perguntando a cem pessoas se elas jogam futebol ou tênis e se
possuem um cachorro de estimação. Seus dados mostram que 54
pessoas gostam de jogar futebol, 32 jogam tênis e 46 possuem um
cachorro. Apenas 3 pessoas não gostam de futebol ou tênis nem
possuem cachorro.
O resultado parece promissor, mas a coisa realmente útil dos
diagramas de Venn é que eles podem mostrar a relação entre dois ou
mais conjuntos de dados. Se alguém não gosta de nenhuma dessas três
coisas, elas aparecem fora dos círculos. Então o Professor X usa esse
diagrama para mostrar quão popular o Gizmoide seria.
Rapidamente, o Professor X consegue visualizar o número de
pessoas em cada preferência.
Portanto, das cem pessoas pesquisadas pelo Professor X, apenas
uma faria uso de todas as funcionalidades do Gizmoide!
FAZENDO A PIZZA
Se você tiver um computador, ele deve ser capaz de gerar um gráfico de
pizza. Basta digitar os dados, apertar alguns botões, sentar e relaxar.
No entanto, se você estiver desenhando um gráfico de pizza à mão, sua
primeira tarefa é calcular quantos graus cada inseto e ser rastejante
representa na pizza.
Primeiro, você precisa somar todos esses animais para obter o total
– 24. Depois, precisa calcular a fração do total que cada animal
representa.
IMPROVÁVEL
Um grupo de matemáticos, os estatísticos – pessoas que estudam
estatística –, passa a vida toda calculando a chance de algo acontecer.
Por exemplo, as chances de ganhar na loteria são de cerca de uma
em 14 milhões – ou seja, você teria muita sorte se ganhasse. As chances
de você ser atingido por um raio é de uma em 3 milhões – um grande
azar, mas ainda assim muito improvável!
SERÁ POSSÍVEL?
Há um truque para prever as chances de algo acontecer. Talvez você
queira saber qual é a chance de jogar um dado e conseguir o número
seis, por exemplo. Para calcular isso, você precisa contar o número de
resultados possíveis – quantos números diferentes podem aparecer no
dado – e que fração disso o seis seria.
Quando se joga um dado, há seis possíveis resultados, porque ele
possui seis faces. No entanto, apenas uma delas é a que você quer. Isso
significa que as chances de tirar um determinado número são de uma
em seis.
Se você quisesse descobrir as chances de tirar um número par em
vez de um específico, precisaria saber quantos lados há com número
par em relação ao total de faces do dado. Há três números pares, ou
seja, as chances de tirar um número par são de três em seis – o
equivalente a uma em duas. Obviamente, as chances de tirar um
número ímpar são as mesmas.
QUE PREVISÍVEL!
Os estatísticos estão mesmo interessados é em probabilidade. A escala
abaixo, que vai de 0 a 1, mostra qual é a probabilidade de algo
acontecer:
O CÓDIGO DE CÉSAR
Mais de 2 mil anos atrás, Júlio César desenvolveu uma simples técnica
de criptografia chamada de cifra de substituição. Nela, você substitui
cada letra em sua mensagem por outra letra do alfabeto algumas casas
depois. Em geral, César deslocava três casas para a direita – então A se
tornava D, B virava E, e daí em diante.
FALHAS FREQUENTES
O problema com as cifras de substituição é que são fáceis de serem
quebradas. Isso acontece porque algumas letras aparecem com uma
frequência maior do que outras e produzem padrões, que também
apareceriam na sua mensagem cifrada. Por exemplo, em inglês, a letra
mais comum é E. Ao analisar uma mensagem cifrada, é bastante fácil
perceber qual é a letra que mais aparece, essa letra, provavelmente, foi
trocada pelo E. Se a letra H for a mais frequente, você pode afirmar que
é bastante provável que cada letra da mensagem tenha sido
substituída por outra que fica três casas adiante no alfabeto.
Em 1465, um italiano chamado Leon Alberti publicou a primeira
tabela de frequência de que se tem notícia, que mostrava com que
frequência as letras apareciam e ajudava as pessoas a decifrar códigos
simples.
É O POLÍBIO?
Um método um pouco mais efetivo do que a cifra de substituição foi
criado por um grego chamado Políbio. Sua técnica envolvia dispor as
letras do alfabeto em uma matriz:
51, 34, 13, 15 13, 34, 33, 43, 15, 22, 45, 24, 45,
43, 45, 35, 15, 42, 14, 15, 44, 15, 44, 24, 51, 15!
DESVENDANDO O QUADRADO
Ainda assim, é fácil quebrar o código, uma vez percebido que a letra
mais frequente, E, é representada pelo número 15. No entanto, você
poderia adicionar uma “chave” – uma palavra que muda a disposição
do alfabeto em seu quadrado de Políbio – para tornar o código mais
difícil. Assim, quando alguém lhe enviasse uma mensagem, e tanto
você quanto a pessoa possuíssem a mesma chave – “zebra”, por
exemplo –, essas letras seriam colocadas no alfabeto primeiro,
seguidas pelo resto do alfabeto. Uma pessoa que tentasse quebrar o
código teria que saber a chave para conseguir colocar as letras no lugar
certo do quadrado e então decifrar a mensagem.
RESOLVENDO O ENIGMA
Uma máquina de criptografia parecida com uma máquina de escrever,
conhecida como Enigma, foi inventada nos anos 1920 e usada pela
Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Quando a mensagem era
digitada, uma série de rotores a transformava em um texto cifrado para
manter a comunicação em segredo.
A máquina Enigma era extremamente complexa, com tantas
combinações possíveis que muitas pessoas acreditavam que fosse
indesvendável. E mais: a chave mudava diariamente à meia-noite. No
entanto, um grupo de pessoas trabalhou de maneira incansável para
tentar desvendar o código. Alan Turing (ver página 141) e seus colegas
de Bletchley Park, na Inglaterra, possuíam uma máquina Enigma e uma
máquina eletromecânica chamada de Bomba.
CRIPTOGRAFIA DE COMPUTADOR
Atualmente, as informações podem ser criptografadas e
descriptografadas num piscar de olhos com o uso de computadores. A
internet, informações bancárias, tudo é criptografado de maneira cada
vez mais complexa. Às vezes, esses códigos são quebrados por hackers,
que usam meios sempre muito engenhosos para obter as informações.
O FATOR X
Uma área da matemática chamada de álgebra pode ser usada para
calcular quantidades quando você já possui parte das informações de
que precisa. Tudo o que você tem de fazer é equilibrar a equação – um
cálculo que equilibra os dois lados de uma balança. Veja como:
EQUAÇÃO FÁCIL
Uma equação, como x = 2+1, pode parecer estranha num primeiro
momento, mas há uma maneira fácil de enxergar as equações que o
ajudará a resolvê-las. Imagine uma balança antiga, daquelas com um
prato pendente em cada extremidade, e que em cada um deles esteja
um dos lados da equação. Tudo o que está à esquerda do sinal de igual
precisa estar em equilíbrio com o que está à direita. A solução – o valor
de x – terá que ter o mesmo valor de tudo o que está do outro lado.
Você sabe que 2+1 é igual a 3, então, para que as escalas estejam
equilibradas, x também precisa ser 3.
3=2+1
SUBTRAÇÃO SIMPLES
Você também pode se deparar com equações como x + 1 = 2. Parece um
pouco mais difícil do que a equação anterior, mas a regra de que ambos
os lados devem estar em equilíbrio ainda se aplica. Para descobrir o
valor de x dessa vez, você precisa reordenar a equação para que x fique
isolado em um dos lados do sinal de igual:
“x + 1 = 2” é o mesmo que “x = 2 – 1”
MÚLTIPLAS CONFUSÕES
Às vezes, você pode se deparar com uma equação em que tem que
multiplicar para achar a resposta:
x × 3 = 10 × 2 + 1
x × 3 = 10 × (2+1)
x × 3 = 30
é a mesma coisa que dizer que x = 30 ÷ 3. Portanto, x precisa ser 10.
LOGICAMENTE FALANDO
Tradicionalmente, a lógica era vista como um ramo da filosofia – o
estudo do pensamento e das ideias. Um dos exemplos mais conhecidos
de lógica é um silogismo – raciocínio composto por duas proposições e
uma conclusão – envolvendo o pensador grego Sócrates:
Todas as pessoas são mortais.
Sócrates é uma pessoa.
Portanto, Sócrates é mortal.
APLICANDO A LÓGICA
Uma abordagem lógica como essa pode ser útil na matemática. Faz
você olhar para a estrutura do que está sendo dito e ajuda a identificar
problemas por meio de afirmações. Você também pode usá-la para
garantir que todo o seu raciocínio esteja sendo expresso corretamente.
A LÓGICA REINVENTADA
No século XIX, um matemático chamado George Boole percebeu que a
maneira como a lógica vinha sendo usada na filosofia também poderia
ser adotada pela álgebra. Isso ficou conhecido como álgebra booliana.
O trabalho de Boole foi retomado no século XX por três matemáticos
notáveis – Gottlob Frege, Bertrand Russell e Alfred Whitehead. Eles
queriam demonstrar que, empregando um determinado conjunto de
regras, qualquer teoria matemática poderia ser provada utilizando a
lógica.
LIGADO, DESLIGADO
O desenvolvimento do tipo de computador usado atualmente foi
possível graças à lógica e começou com o acionamento de uma chave.
O flip-flopé um tipo de componente eletrônico que pode ser usado
para armazenar informação, e foi inventado no início do século XX.
Se um impulso elétrico fosse enviado por um circuito com o flip-flop,
ele fazia com que uma lâmpada se acendesse.
Um segundo impulso, e a lâmpada se apagava. Não impressiona
muito, né? No entanto, isso permitia ao circuito armazenar informação
– o fato de que o impulso havia sido recebido – da maneira mais
simples possível.
Pode não parecer uma grande descoberta hoje – e à época também
não foi motivo de muita empolgação. Mas, ao se agruparem vários
dispositivos como esse, era possível armazenar uma sequência de
impulsos em uma fileira de lâmpadas, algumas acesas e outras
apagadas.
DE VOLTA AO BINÁRIO
É aqui que os flip-flops ficam interessantes. Se você atribuir às
lâmpadas acesas e apagadas os números “1” e “0”, respectivamente, a
coisa começa a se parecer cada vez mais com código binário (ver
páginas 13 e 14). Aqui, a sequência de lâmpadas é:
OS PRIMÓRDIOS
Há um grande debate sobre qual foi o primeiro computador a ser
construído. Só se sabe que os primeiros modelos ocupavam salas
inteiras de tão enormes, eram muito caros e precisavam de diversas
pessoas para operá-los.
UM COMPUTADOR EM SEU BOLSO
No final dos anos 1960, o desenvolvimento de um circuito integrado,
conhecido como microchip, permitiu que fossem construídos
computadores muito menores. Surgia assim o computador pessoal. Os
primeiros eram bastante limitados em termos de memória – meros 16
KB –, e os programas eram gravados e lidos em fitas cassete. Apenas
quatro décadas depois, as pessoas podem usar telefones celulares com
muitos gigabytes de memória para navegar pela internet.
PROVE
Todo novo teorema precisa ser provado para que possa ser aceito – e
há muitas maneiras de prová-los.
PENSANDO DE CABEÇA PARA BAIXO
Para descobrir se uma afirmação é verdadeira, faça uma afirmação
oposta. Se esta pode ser refutada, a primeira afirmação precisa ser
verdadeira. Isso é chamado de prova por contradição.
Um dos melhores exemplos de prova por contradição foi um desafio
resolvido pelo matemático suíço Leonhard Euler. O desafio perguntava
se era possível passar por todos os quatro distritos de Königsberg, na
Rússia, cruzando cada uma de suas sete pontes apenas uma vez. Tentar
cada rota possível levaria muito tempo, mas Euler conseguiu chegar à
resposta usando a prova por contradição – sem sair do conforto de sua
poltrona.
O primeiro passo foi formular a hipótese de que havia com certeza
uma rota na qual cada ponte pudesse ser atravessada somente uma
vez. Ele logo raciocinou que, para que cada ponte fosse atravessada
apenas uma vez, precisaria haver um número par de pontes. Se
houvesse apenas uma ponte, você não poderia entrar e sair de um
distrito sem atravessá-la duas vezes – se houvesse três, você poderia
entrar por uma e sair por outra, mas a terceira não seria atravessada.
Como eram sete pontes, Euler tinha provado por contradição que não
havia uma rota possível na qual as pontes pudessem ser atravessadas
apenas uma vez.
ARGUMENTO CIRCULAR
O PARADOXO DO BARBEIRO
“O barbeiro faz a barba de todos os homens
que não barbeiam a si mesmos.”
O TEOREMA INCOMPLETO
Em 1931, um matemático austríaco chamado Kurt Gödel publicou seu
teorema da incompletude. Ele provava que em qualquer sistema lógico
complexo deve haver algumas afirmações impossíveis de serem
provadas ou refutadas e que o sistema terá lacunas que não podem ser
preenchidas. Também demonstrou que a matemática é um desses
sistemas. Isso significa que deve haver partes da matemática que não
podem ser provadas e outras que nunca serão descobertas. Se não
podem ser descobertas, ninguém nem sabe quais são – que confuso!
Os preparativos
Antes de os membros da plateia chegarem, escolha junto com seu
assistente um número que seja maior do que 6.000 para ser colocado
no envelope do passo 1.
Seu assistente precisará ser capaz de subtrair do número no
envelope os números escolhidos nos passos 3, 4 e 5 – é aí que será
necessário fazer cálculos de cabeça.
No passo 6, eles terão essa resposta à mão para usar como o ano
“escolhido” e poderão escrever junto ao número que vocês dois
combinaram e escreveram por baixo.
A execução
1. Comece o truque dizendo, com uma expressão dramática: “Estou
pensando em um número”. Dramatizando, escreva o número
combinado com seu assistente – 7.684, por exemplo – e coloque
num envelope, lacrando-o no final.
2. Deixe o envelope à vista da plateia pelo resto da duração do truque.
Certifique-se de que todos possam vê-lo a todo momento.
3. Pergunte para um membro da plateia o ano em que ele nasceu e
escreva a resposta em um pedaço grande de papel – 1973, por
exemplo.
4. Agora, peça para outro membro da plateia dizer um ano memorável
em sua vida – 2009, por exemplo – e escreva esse número no mesmo
papel.
5. Peça para uma terceira pessoa dizer a você um ano importante na
história – 1500, por exemplo – e escreva esse número também.
6. Anuncie que você irá aumentar a dificuldade pedindo que alguém da
plateia escolha outro ano, do passado ou do futuro, e que o anote no
final da lista, mas sem que você possa vê-lo. Você deve escolher seu
assistente secreto para essa tarefa! Ele precisará calcular o número
usando aquele escolhido por vocês previamente e os números dos
passos 3, 4 e 5. O ano precisará ser 2202, porque 1973 + 2009 + 1500
+ 2202 dá 7684.
7. Agora peça para seu assistente “somar” os quatro números de sua
lista para poder anunciar o total. Enquanto ele estiver somando,
entregue o envelope lacrado para outro membro da plateia.
8. Depois que seu assistente anunciar que o número é 7.684, sua
plateia ficará espantada quando o envelope for aberto e descobrir
que os números são iguais!
DICAS E ATALHOS
Quando você mexe com números, há sempre atalhos úteis para ajudá-
lo a encontrar rapidamente uma solução. Estes são apenas alguns
deles.
90 ÷ 5 = 18
É DIVISÍVEL?
Quer chutar por quais outros números um número pode ser dividido?
Há alguns truques simples para ajudá-lo a calcular.
Se um número é divisível por…
… 3, a soma de seus dígitos também será um múltiplo de 3. Por
exemplo: você sabe que 8.904 é divisível por 3 porque 8 + 9 + 4 é igual a
21.
… 4, os últimos dois dígitos serão ou dois zeros, ou serão divisíveis
por quatro.
… 10, sempre terminará em zero.
ONZE
Para multiplicar um número por onze, primeiro multiplique por dez.
Por exemplo, 425 × 10 = 4.250. Depois adicione o primeiro número à sua
resposta. Portanto, 4.250 + 425 = 4.675.
CÁLCULOS RÁPIDOS
Somar uma lista de números pode ser uma tarefa difícil, especialmente
quando os números não são inteiros. Considere a seguinte lista, por
exemplo:
73 + 98 + 62 + 83 + 4 + 57 + 64 + 50 = 491
70 + 100 + 60 + 80 + 0 + 60 + 60 + 50 = 480
TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO
MATEMÁTICA
A mnemônica é uma técnica para ajudar a se lembrar das coisas. Às
vezes, é uma rima, ou um “acrônimo” – uma palavra criada abreviando
a primeira letra de cada palavra em uma lista. LER, por exemplo, é um
acrônimo de Lesão por Esforço Repetitivo.
COMO EU GOSTARIA DE LEMBRAR DO PI!
Lembrar de mais de algumas poucas casas decimais do número pi pode
ser menos difícil do que parece à primeira vista. Você só precisa de uma
rima ou sentença onde cada palavra tem o número correspondente de
letras dos números em pi. Por exemplo, “Sim, é útil e fácil memorizar
um número muito mas muito colossal usando-se técnica mnemônica”
revela catorze casas decimais de pi:
3,14159265358979
DIREÇÕES DA BÚSSOLA
Para fazer bom uso dos mapas das páginas 92 a 99, você precisará
saber onde é o norte, sul, leste e oeste. Use essa técnica mnemônica
para se lembrar dos pontos cardeais em sentido horário, começando
por cima, onde fica o norte:
“Não Leio Sem Óculos”
1. A raiz quadrada é um número que, multiplicado por ele mesmo, resulta em determinado
número. Por exemplo, 4 é a raiz quadrada de 16 porque 4 × 4 = 16.
2. As relações entre os lados de um triângulo retângulo já eram conhecidas pelos egípcios e
babilônios (3000 a.C.-260 d.C.). Nas tábuas matemáticas (conhecidas como YBC7289) ou nos
papiros de Rhind já se encontravam relações do triângulo retângulo. Porém, coube a
Pitágoras a sua demonstração. A tradição é unânime em atribuir a ele a descoberta do
teorema. [N. do RT.]
3. De acordo com o Princípio Fundamental da Contagem (PFC), formular 15 centavos
utilizando-se moedas de 5 e 10 centavos resulta em dois modos apenas, já que não importa
a ordem dos elementos. O mesmo ocorre com 20 centavos: apenas três modos. [N. do RT.]
1. A densidade está relacionada com a massa – um objeto do tamanho de uma bola de pingue-
pongue, mas feito de ferro, teria uma densidade maior do que um objeto de mesmo
tamanho feito de queijo.
1. Para facilitar o cálculo, você pode recorrer à escadinha ao lado. Para cima você tem as
unidades de transformação maior e para baixo as unidades de transformação menor. [N. do
RT.]
1. É importante tomar cuidado com extrapolação: se você fizesse a mesma coisa para trás, por
exemplo, com a expectativa de vida diminuindo em nove anos a cada cinquenta anos, em
dado momento, a expectativa média de vida seria zero!