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Preparação Augusto Iriarte


Revisão Tulio Kawata
Maria Fernanda Alvares
Revisão técnica Paulo Estêvão Silva
Diagramação Caio Cardoso
Ilustrações Andrew Pinder
Capa Caio Cardoso
Adaptação para eBook Hondana

ISBN 978-85-5717-061-2
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057

Goldsmith, Mike
Do zero ao infinito (e além) : tudo o que você sempre quis saber sobre matemática e
tinha vergonha de perguntar / Mike Goldsmith ; tradução de Fabio Storino. – São Paulo :
Benvirá, 2016.
152 p. : il.
ISBN 978-85-5717-061-2
Título original: From zero to infinity (and beyond) – Cool maths stuff you need to
know.
1. Matemática - Curiosidades e miscelânea 2. Matemática recreativa I. Título II.
Storino, Fabio

CDD 510
16-0882 CDU 51

Índices para catálogo sistemático:


1. Matemática : Obras populares : Curiosidades

Copyright © Buster Books, 2012


Título original: From zero to infinity (and beyond) – Cool maths stuff you need to know.
Publicado primeiramente na Grã-Bretanha em 2012 por Buster Books, um selo da Michael
O’Mara Books Limited, 9 Lion Yard, Tremadoc Road, London SW4 7NQ.
Todos os direitos reservados à Benvirá,
um selo da Saraiva Educação.
www.benvira.com.br

1a edição, 2016

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a
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estabelecido na lei no 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

548.979.001.001
SUMÁRIO

Aprenda a gostar de números

NÚMEROS ELEGANTES

Números da Antiguidade
Tudo sobre nada
Como conversar com computadores
Operações complicadas
O nome dos números
Números indivisíveis
Os números na natureza
Um número mortal
Porções justas
Grana, grana, grana
Um depois do outro
Simplesmente enorme
Para além do infinito

FORMAS SURPREENDENTES
De todas as formas
Triângulos extraordinários
Tudo sobre áreas
Em terceira dimensão
Espaço interior
Simetria perfeita
Estruturas matemáticas
A arte da matemática
Música em números
Uma questão de graus
A escala das medidas

MEDIDAS INCRÍVEIS

Medidas reais
Unidades curiosas
Precisamente acurado
“Chute informado”
Autoengano
Entendendo os movimentos
Não pode piscar
Cronometrado
Quando faltam dias
Indo de A até B
X indica o local

DADOS COMOVENTES
Gráficos fantásticos
Fazendo uma média com os números
Organizando os números
A armadilha de números de Venn
Uma deliciosa fatia de pizza
O que acontece depois?

MATEMÁTICA DE MESTRE

Ultrassecreto!
Resolvendo o enigma
O fator x
Boa, Sherlock
Uma máquina de matemática
Prove
Argumento circular
Mestres dos números

GÊNIO DA MATEMÁTICA

Vários truques com números


Dicas e atalhos
Técnicas de memorização matemática
APRENDA A GOSTAR DE NÚMEROS

Você tem dificuldade com frações? Números o enlouquecem? Não se


preocupe: este livro o levará a uma jornada pelo fascinante mundo da
matemática, ao final da qual você estará habituado com porcentagens
e achará os decimais divinos!
Não se trata apenas da mecânica por trás das operações
matemáticas. Há seções neste livro sobre como a matemática afeta
tudo, do comportamento dos animais à maneira como escutamos
música. Muitos dos grandes pensadores da história gostavam de
matemática e a usavam para inventar coisas interessantes e fazer
descobertas.
Seja ajudando na sua lição de casa ou ensinando novas coisas para
que você surpreenda seus amigos, este livro fará com que você aprenda
a gostar de matemática – eu garanto.
NÚMEROS DA ANTIGUIDADE
Muito antes de as calculadoras e os computadores terem sido
inventados, quando as pessoas queriam manter um registro das coisas
que contavam, elas faziam pequenos cortes em um graveto ou pedaço
de osso. Uma das primeiras formas conhecidas desse tipo de contagem
foi descoberta em uma caverna na África do Sul. Era o osso de um
babuíno com 29 linhas talhadas nele. Testes indicaram que essas
marcas foram feitas há cerca de 35 mil anos.

VAMOS CONTAR!
Essas linhas, ou entalhes, podem ter sido usadas para contar qualquer
coisa, de animais a pessoas ou a passagem dos dias.
No começo, o único símbolo numérico usado era o 1. Mas, na
verdade, essas eram apenas marcas feitas em ossos. Então, se as
pessoas quisessem contar até mil, precisavam juntar um monte de
ossos de babuíno e fazer mil vezes a marca 1.
Atualmente, há dez diferentes dígitos, ou numerais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,
7, 8 e 9. Esses dígitos formam o chamado sistema decimal – do latim
decimus, que significa “dez”.
O sistema decimal é uma maneira bastante lógica de contar: a
maioria das pessoas aprende a contar usando os dez dedos das mãos.
De fato, a palavra “dígito” também significa “dedo”. Foi provavelmente
assim que você aprendeu a contar, e é provável que os primeiros
humanos também tenham aprendido dessa forma.

CONTE COMO UM EGÍPCIO


O mais antigo sistema de contagem baseado no número dez de que se
tem notícia era usado há 5 mil anos, no Egito. Os egípcios usavam
conjuntos de linhas para números até nove. Mais ou menos assim:
Seu símbolo para 10 era , e números grandes usavam uma
combinação de s e s. Portanto, 22 era escrito assim: . Para
100, eles usavam , para 1.000, , até 1.000.000: .
Como um milhão parecia um número imenso aos egípcios antigos, o
símbolo também era usado para se referir a qualquer número enorme.

NUMERAIS ETERNOS
Os romanos também contavam em grupos de dez, usando letras para
números: I (1), V (5), X (10), L (50) e C (100). Mais tarde, D (500) e M
(1.000) foram acrescentados.
Para escrever um número, letras eram agrupadas e depois somadas
ou subtraídas, de acordo com a ordem. Por exemplo: se I é colocado
antes de uma letra que representa um número com valor maior,
significa “um a menos”. IX é 9, um a menos que dez. Os símbolos CL
eram usados para escrever 150 – ou 100 mais 50. Juntas, portanto, as
letras CCLVII significam 257.
Podemos encontrar algarismos romanos em alguns relógios, ou ao
final de alguns programas de tevê, uma referência ao ano em que estes
foram produzidos.
TUDO SOBRE NADA
As pessoas vinham usando sistemas de contagem havia séculos até se
darem conta de que faltava algo – o zero! Embora um grego antigo
chamado Ptolomeu tenha feito experiências com ele, o zero só passou
a ser comumente usado a partir do final do século IX.

CONTE COMIGO
Sem o zero, não há como diferenciar, digamos, 166 de 1.066 e 166.000.
Ele também é um conveniente ponto de partida para, por exemplo,
cronômetros, réguas e termômetros.
Para essa diferenciação, foi desenvolvido um novo sistema de
contagem de notação posicional, usando a posição relativa de cada
algarismo na composição do número. Esse sistema divide os números
em colunas, começando com as unidades à direita, depois as dezenas,
depois as centenas, depois os milhares, e daí em diante. Veja o número
3.975, por exemplo: você pode observar facilmente que há três
milhares, nove centenas, sete dezenas e cinco unidades.

Nesse sistema, depois que você chega ao 9, coloca 1 na casa das


dezenas e volta ao 0 na coluna das unidades. Depois do 19, o 1 na casa
das dezenas muda para 2, e a casa das unidades volta novamente para
o 0, e por aí vai até chegar ao 99. Então, é colocado um 1 nas centenas e
tanto as dezenas quanto as unidades voltam a ser 0.
COMO CONVERSAR COM
COMPUTADORES
O sistema decimal pode ser chamado de base 10. Mas também há
outras bases. A mais simples é a base 2, ou sistema binário, que usa
apenas dois dígitos: 1 e 0.
Em binário, em vez de escrever “0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7” e daí em diante,
você escreveria “0, 1, 10, 11, 100, 101, 110, 111” para representar os
mesmos números. Isso acontece porque, assim como na base 10, os
números binários também têm suas colunas. Em vez de unidades,
dezenas, centenas e milhares, contados da direita para a esquerda, o
valor das colunas dobra toda vez. Da direita para a esquerda, a primeira
coluna é a do 1, a coluna à esquerda é a do 2, depois a do 4, depois a do
8, depois a do 16, e por aí vai. Por exemplo, o número 17 é escrito como
10001, que significa: um 16, nenhum 8, nenhum 4, nenhum 2 e um 1:

Essa pode não parecer uma maneira útil de contar, mas é perfeita
para a computação. Todo computador é composto por milhões de
componentes eletrônicos chamados transistores, que podem estar
ligados ou desligados.
Para o computador, um transistor ligado representa 1, e um
transistor desligado representa 0.
Um conjunto de transistores pode armazenar um número binário. O
número 5, por exemplo, seria armazenado como na ilustração abaixo –
bem, seria se existissem duendes dentro do computador:
Computadores usam o sistema binário para armazenar e trabalhar
com todo tipo de dados, não apenas números. Tudo, de palavras a sons
e imagens, bem como números, pode ser convertido para código
binário.
VOCÊ SABIA?
Há muitas outras bases além da base 10 e da base 2. A base 8, ou octal, e a base 64 também
são usadas na computação, bem como a base 16, ou hexadecimal, que é usada para se referir
às áreas da memória do computador. Ela usa os dígitos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 e as letras A,
B, C, D, E e F.

OPERAÇÕES COMPLICADAS
Quando está contando, adicionando ou subtraindo, você está fazendo
uma operação. Não do tipo que os médicos fazem – e sim do tipo que
os matemáticos fazem quando praticam aritmética.
A palavra “aritmética” vem do grego antigo e significa “a arte dos
números”. É usada na adição, subtração, multiplicação e divisão,
também conhecidas como as quatro operações.

FORMEM UMA FILA!


Retas numéricas são uma boa maneira de visualizar números e
operações. A reta numérica a seguir mostra a adição 2+2. A resposta,
conhecida por soma em adição, é, claro, 4:
A subtração também é bastante simples. Para calcular 10 – 4, conte
de trás para a frente ao longo da reta numérica, a partir do primeiro
número, 10, usando o segundo número, 4.
A resposta é a diferença entre os dois números. Neste caso, 6:

A multiplicação é uma adição repetida. Por exemplo, para calcular


3×4 usando a reta numérica, simplesmente conte, começando do 0, o
primeiro fator, ou número, a quantidade de vezes indicada pelo
segundo fator. Em multiplicação, o resultado é conhecido como
produto. Neste caso, o produto é 12.
A divisão é uma subtração repetida. O exemplo a seguir mostra 6÷3.
A reta numérica é delimitada entre 0 e o dividendo – o primeiro número
–, depois dividida em partes iguais equivalentes ao segundo número – o
divisor. O comprimento de cada segmento é o quociente, que é como a
resposta é conhecida na divisão. Neste caso, é 2:

Para a adição e a multiplicação, não importa como a fórmula é


escrita: 2+3 é igual a 3+2. No entanto, é importante lembrar que o
mesmo não vale para a divisão e a subtração: 7–2 não é igual a 2–7, e
12÷3 não é igual a 3÷12.

O NOME DOS NÚMEROS


Você já deve ter percebido que os números recebem muitos nomes
impressionantes. Surpreenda seus professores de matemática
mostrando que sabe a diferença entre números inteiros e irracionais.
Continue lendo para saber mais.
COMO ASSIM, INTEIRO?
Até aqui, este livro usou retas numéricas que começavam pelo 0
seguido de 1, 2, 3 etc. Esses números, incluindo os números negativos –
aqueles à esquerda do zero na reta numérica –, são conhecidos como
inteiros. Os números à direita do zero na reta numérica são conhecidos
como inteiros positivos. Assim como os números à esquerda do zero são
conhecidos como inteiros negativos.

AS FORMAS DOS NÚMEROS


Você provavelmente já ouviu falar de números quadrados. São
números que podem ser obtidos a partir da multiplicação de um
número inteiro por ele mesmo, como o 4, que é 2×2, ou o 9, que é 3×3.
Mas você sabia que também existem números triangulares? São
números na série 1, 3, 6, 10 e daí por diante (ver página 22).
NÚMEROS IRRACIONAIS
Os números racionais são aqueles que podem ser obtidos dividindo-se
um número inteiro por outro inteiro que não seja zero. Dessa forma,
0,5, 8 e 4,25 podem ser escritos como 1 ÷ 2, 64 ÷ 8 e 17 ÷ 4,
respectivamente. São todos, portanto, números racionais. Já os
números irracionais, como a raiz quadrada de 2[1] (ver página 24), cuja
notação é , ou como , não podem ser escritos assim.
NÚMEROS INDIVISÍVEIS
A maior parte dos números pode ser decomposta em números inteiros
menores, ou fatores (ver página 16). Por exemplo, 4 pode ser dividido
em dois lotes de 2.
Entretanto, alguns números não podem ser decompostos dessa
maneira e possuem apenas quatro divisores: -1, 1, -p e p, sendo p o
próprio número a ser dividido. Por exemplo, o número 13 não pode ser
dividido por nenhum número exceto 1 e 13. Esses números indivisíveis
são chamados de números primos. Os menores primos são 2, 3, 5, 7, 11
e 13, mas há números primos muito maiores do que esses e que,
surpreendentemente, só podem ser divididos por si mesmos ou por 1.

VOCÊ SABIA?
Os matemáticos adoram os números primos e, embora estes sejam fáceis de compreender,
são muito misteriosos. Isso acontece porque não seguem nenhum padrão regular, então não
há outra maneira de encontrá-los senão por tentativa e erro.
Alguns matemáticos competem entre si para ver quem consegue ser o próximo a
encontrar o maior número primo. O último encontrado tem mais de 12,9 milhões de dígitos.
É tão grande que levaria mais de dois meses para escrevê-lo à mão!
OS NÚMEROS NA NATUREZA
Uma maneira de descrever os números é dizer que são ímpares (1, 3, 5,
em diante) ou pares (2, 4, 6, em diante). Dois números pares ou dois
números ímpares possuem o que se chama de mesma paridade; se
você tem um número ímpar e um par, eles possuem paridade diferente.
Uma das curiosidades sobre paridade é que não é uma invenção
humana; ela também aparece na natureza.

ESTRANHAMENTE PARES
A maioria dos animais possui um número par de membros do corpo.
Humanos são bípedes, o que significa que possuem duas pernas.
Cavalos e cachorros são quadrúpedes, o que significa que possuem
quatro patas, enquanto insetos possuem seis patas, e aranhas, oito.
Um milípede (ou diplópode), cujo nome, em grego, quer dizer “que
possui mil pés”, possui na verdade apenas trezentos pés, mas, ainda
assim, um número par.

A natureza é tão organizada que mesmo o DNA – o mapa de como


um animal se desenvolve – é normalmente ordenado em pares de
cromossomos. A maioria dos humanos possui 46 cromossomos,
dispostos em 23 pares.

SEM PAR
No mundo das frutas e legumes, as regras são diferentes, e muitos dos
números relativos às plantas são ímpares. Por exemplo, muitas flores
possuem cinco pétalas, e algumas frutas têm como base uma forma de
cinco pontas, como você pode observar ao cortar uma maçã ao meio
na horizontal.
No entanto, embora nem todos os números relativos às plantas
possuam a mesma paridade, eles têm algo em comum. O abacaxi e a
pinha possuem espinhos dispostos em dois conjuntos de espirais, um
ordenado no sentido horário e o outro no anti-horário.
Dependendo do tamanho do abacaxi, haverá ou 5 e 8 espirais, ou 8 e
13 espirais, ou 13 e 21 espirais. Esses números são conhecidos como
números de Fibonacci (para saber mais, ver página 34).
Os números também são importantes no mundo dos cristais. Muitas
coisas – de sal a flocos de neve – são compostas de cristais de formas
regulares, com um número fixo de lados.
UM NÚMERO MORTAL
Pitágoras foi um matemático grego nascido por volta de 580 a.C.
Odiava lentilhas e amava triângulos e é considerado por muitos um dos
matemáticos mais importantes que já existiu. Pouco se sabe sobre ele,
exceto que um teorema leva seu nome, muito embora Pitágoras não o
tenha inventado de fato.[2]

TRIÂNGULOS ADORÁVEIS
Grande parte da obra de Pitágoras gira em torno dos triângulos. Ele
tinha fascinação por números triangulares, como 3, 6 e 10, que podem
ser dispostos em forma triangular, assim:
O TEOREMA DE PITÁGORAS
Pitágoras é conhecido por conta de um teorema relativo a triângulos. É
um teorema que só se aplica aos triângulos retângulos, que possuem
uma linha horizontal e uma vertical. O teorema afirma que se você
elevar ao quadrado os comprimentos dos dois lados mais curtos, os
catetos, e somá-los, o resultado será igual ao quadrado do
comprimento do lado mais longo – a hipotenusa.

Neste exemplo, os lados do triângulo têm 3, 4 e 5 centímetros de


comprimento. Os quadrados dos catetos são 9, que é 3×3, e 16, que é
4×4. Se você somar 9 com 16, obterá 25, que é 5×5. Portanto, a
hipotenusa tem 5 centímetros de comprimento.
Isso é bastante conveniente, pois permite que você descubra o
comprimento de um dos lados de um triângulo retângulo caso saiba o
dos outros dois. Há até mesmo uma prática fórmula para demonstrar
esse raciocínio: a2 + b2 = c2.
LENTILHAS? NÃO, OBRIGADO
Embora o teorema leve seu nome, acredita-se que Pitágoras tenha
ouvido falar sobre ele no Egito. Os egípcios e os babilônios vinham
usando o princípio havia séculos. Seja como for, Pitágoras formulou
outras teorias incríveis. Entre elas, a ciência básica do som, a ideia de
que a Terra gira e de que “tudo é número”.

Pitágoras e seus seguidores eram tão reservados que muitas de suas


práticas e ideias não são conhecidas. Mas os historiadores sabem que,
além de não gostarem de lentilha, os pitagóricos não se sentavam em
potes de determinados tamanhos e não permitiam que andorinhas
fizessem ninho debaixo de seus telhados.
A CRISE DOS DOIS
Pitágoras e seus seguidores eram famosos por gostar de coisas simples,
que se encaixavam em regras. Também estavam convencidos de que
todos os números podiam ser expressos como razão – por exemplo, um
quarto é a razão de 1 para 4, que pode ser escrita como ¼. Porém,
depois descobriu-se algo que colocou isso em questão.
Veja este triângulo:

Parece uma simples e inocente forma geométrica, não?


No entanto, se você usar a fórmula do teorema para descobrir o
comprimento da hipotenusa, as coisas se complicam um pouco.
Isso porque 1×1 é apenas 1. Se somar os quadrados dos dois lados
para chegar ao quadrado da hipotenusa, você obterá 2. Não há uma
maneira simples de mostrar o número que, multiplicado por si mesmo,
resulta em 2. Esse número, conhecido como a raiz quadrada de dois, ou
, não pode ser descrito como uma razão – é um número que começa
com 1,4142… e não chega ao fim.
Isso irritou bastante os pitagóricos, que tentaram manter esses
números sem fim, irracionais, em segredo. Quando um de seus
seguidores, Hipaso, começou a falar sobre eles sem parar, foi lançado
para a morte.
SUPERSTIÇÕES
Os pitagóricos não são os únicos que não gostam de alguns números
em particular. Ao longo dos séculos e em diversas partes do planeta,
foram atribuídos diferentes significados a determinados números. Na
China, por exemplo, o oito é considerado um número da sorte. Em
outros países, é o sete. Algumas pessoas acreditam que o treze dá azar
– há até mesmo um nome para o medo do número treze:
triscaidecafobia.
DE QUEBRAR A CABEÇA
Acredita-se que os quebra-cabeças numéricos conhecidos como
quadrados mágicos tenham se originado na China. Ao longo dos
séculos, algumas pessoas acreditavam que pudessem ser usados para
fazer previsões, o que não é muito provável. Mas eles são bons quebra-
cabeças, isso é inegável!
Em um quadrado mágico, a soma dos números em cada linha,
coluna ou diagonal é sempre igual, ou seja, resulta em uma constante.
No exemplo a seguir, a soma de toda linha, coluna e diagonal é igual
a 15:
PORÇÕES JUSTAS
Imagine que é seu aniversário e você chamou sete amigos para ir à sua
casa. Como você cortaria o bolo em oito porções iguais, garantindo que
todo mundo recebesse uma fatia justa? É mais fácil do que parece, se
souber como…

BELAS FATIAS
Na matemática, porções são chamadas de frações; então, para dividir
seu bolo de aniversário entre oito pessoas, ele precisa ser cortado em
oito fatias iguais. Ou seja, também se pode dizer que cada fatia será
equivalente a um oitavo do bolo. Como fração, isso seria escrito assim:
⅛. O número de cima é o numerador, e o de baixo é o denominador.

CORTANDO O BOLO
Veja como as frações podem ajudar na divisão do seu bolo de
aniversário:

1. Primeiro, corte o bolo na metade (½), para ficar com duas partes
iguais.
2. Corte cada metade novamente ao meio, de maneira que você fique
com quatro pedaços iguais, cada um agora representando ¼ do
bolo.
3. Por fim, corte cada quarto do bolo na metade, de maneira que você
fique com oito fatias. Cada fatia agora representa ⅛ do bolo – o
bastante para satisfazer você e seus sete amigos, sem gerar briga.

Você deve ter percebido mais uma coisa. Viu como as frações
interagem entre si? Se você divide uma metade em dois, fica com um
quarto: ½ × ½ = ¼; já se divide um quarto em dois, fica com um oitavo:
½ × ¼ = ⅛.

FRAÇÕES PESADAS
Na maioria das frações, o numerador é menor do que o denominador.
Elas são conhecidas como frações próprias.
No entanto, de vez em quando, você pode se deparar com uma
fração incomum, como esta: . Essa é uma fração imprópria, porque o
numerador é maior do que o denominador. A fração é outra maneira
de dizer que há “onze metades”.

Imagine que essas sejam metades de bolo; se elas fossem


combinadas para formar bolos inteiros, você teria cinco bolos e meio,
ou 5½. Isso é conhecido como um número misto, que é um número
inteiro seguido de uma fração.

PORCENTAGENS PERFEITAS
E se você pudesse dividir seu bolo em cem fatias em vez de apenas
oito? Se quisesse ¼ do bolo, teria que pegar 25 fatias, ou . Isso
também pode ser escrito como 25 por cento ou 25%, que significa “25
de 100” – de fato, 25% é só outro jeito de dizer ¼.

DESMISTIFICANDO OS DECIMAIS
Outra maneira de pensar sobre frações é como um cálculo de divisão.
Se você usar o exemplo do bolo, ¼ quer dizer “dividir um bolo em
quatro fatias”. Se você digitasse 1÷4 em uma calculadora, a resposta
seria 0,25. Isso é conhecido como um número decimal – às vezes,
chamado apenas de decimal.
Se você colocar 1÷3 em uma calculadora, a resposta será
0,3333333…, um número que não acaba. Isso é chamado de dízima
periódica. Para economizar espaço, esses números são escritos com
um traço sobre o período (a parte que se repete); então, ⅓ também
pode ser escrito como 0,3.

E O ARREDONDAMENTO?
Às vezes, um número tem muitos dígitos depois da vírgula. Por
exemplo, o número 0,4567 possui quatro dígitos – ou seja, neste caso,
estamos trabalhando com quatro casas decimais. Esses dígitos podem
ser encurtados “arredondando-se” o número para baixo ou para cima.
Se, em vez de quatro, você quisesse trabalhar com duas casas
decimais, teria que olhar para o dígito na terceira casa decimal – se
fosse maior do que 5, como no caso do número 0,4567, você
arredondaria para cima (0,46); se fosse menor do que 5, como no caso
do número 0,6543, você arredondaria para baixo (0,65).
GRANA, GRANA, GRANA
Na Antiguidade, as pessoas não usavam dinheiro; elas faziam escambo,
trocavam coisas entre si, como gado. Mas, convenhamos, como gado
não é uma coisa fácil de transportar, era preciso encontrar uma
alternativa.

Nos primórdios do dinheiro, as pessoas usavam como moeda


objetos naturais razoavelmente raros e pequenos o bastante para
serem carregados com facilidade – desde conchas até penas. As
moedas de metal começaram a ser usadas mais ou menos em 700 a.C.,
na Lídia, que hoje é parte da Turquia, e na China. Então, quando essas
pessoas tinham que viajar longas distâncias, ou comprar e vender em
grande quantidade, eram obrigadas a carregar consigo grandes e
pesados sacos de moeda. Na China do século XII, esse problema foi
resolvido com a invenção do papel-moeda.

PLÁSTICO FANTÁSTICO
Esse não é o final da história. Atualmente, a maior parte do dinheiro do
planeta está armazenada em computadores e é transferida
eletronicamente entre bancos, lojas e pessoas por meio de cartões de
crédito e de débito.

QUE INTERESSANTE!
Você já deve possuir sua própria conta bancária, e talvez sua poupança
esteja rendendo juros. E como esses juros se relacionam com a
inflação? O que são esses dois termos?
A ideia de juros é bem simples. Você coloca uma quantia em uma
caderneta de poupança e o banco a utiliza para ganhar dinheiro para
ele. Em troca, você recebe um dinheiro extra, os juros. Se pega dinheiro
emprestado de um banco, você paga juros sobre o empréstimo, o que
significa que terá que pagar mais do que tomou emprestado.
O montante de juros que você recebe ou paga depende de três
coisas: a quantidade de dinheiro que você depositou ou pegou
emprestado do banco, a taxa de juros oferecida pelo banco e o tempo
pelo qual o dinheiro fica na conta ou é emprestado. Digamos que o
banco ofereça uma taxa de juros de 10% ao ano sobre a poupança e
que você tenha depositado R$ 200 e deixado o dinheiro lá por um ano.
Ao final de um ano, o dinheiro terá rendido 10% de R$ 200, ou seja, R$
20. Isso significa que, após um ano, haverá na sua conta R$ 220.

PARA O ALTO, SEMPRE


Quase tudo fica mais caro com o passar do tempo. Da mesma forma
que a taxa de juros, a inflação também é descrita por meio de uma
porcentagem – digamos, 5% ao ano. Então, se uma barra de chocolate
custa R$ 1 hoje, pode custar R$ 1,05 daqui a um ano.
Felizmente, o salário de muitas pessoas também aumenta a uma
taxa parecida, diminuindo o impacto dos aumentos de preço.

UM DEPOIS DO OUTRO
Na matemática, uma linha ordenada de números é chamada de
sequência. Sequências normalmente possuem um padrão, ou uma
regra, que permite deduzir o próximo número. Uma contagem coloca
os números na sequência mais simples que existe. Na sequência a
seguir, é adicionado 1 ao número anterior:

1, 2, 3, 4…

Quando os números numa sequência são somados de forma infinita,


o resultado é chamado de série:

½+¼+⅛+ …

Essa série se encaminha para o número 1. A soma dos dois primeiros


termos é ¾. Adicionando o seguinte, ⅛, a ¾, obtém-se ⅞. Depois, ⅞ +
= , e daí em diante.

A VIDA DE UM RATO
Séries e sequências também existem no mundo real. Por exemplo, o
número de ratos após certo número de gerações é representado por
uma série. Ratos normalmente têm dez filhos por ninhada. Os números
em cada geração são obtidos multiplicando-se o número de ratos da
geração anterior por dez:

1, 10, 100, 1.000…


O número total de ratos após o nascimento dos tataranetos é:

1 + 10 + 100 + 1.000 = 1.111

O número de roedores em cada geração pode ser obtido


adicionando-se um zero à direita do número anterior. Portanto, na
décima geração, haveria 1.000.000.000 de ratos. Assustador, né? Esse
tipo de conta leva rapidamente a números enormes. No entanto, você
precisa tomar cuidado ao aplicar a matemática no mundo real – nesse
caso, você está assumindo que cada rato bebê viverá o bastante para
produzir sua própria ninhada, mas, no mundo real, nem todos eles
chegarão a se reproduzir. Felizmente.

A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI
Outra sequência que pode ser aplicada na natureza é conhecida como
sequência de Fibonacci, que é a seguinte:

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34…


Há uma regra simples para formar essa sequência. Você consegue
descobrir? (A resposta está no final deste tópico.)
Essa sequência aparece em alguns lugares curiosos. Os abacaxis da
página 21 possuem dois números de Fibonacci consecutivos em suas
espirais. Ela também aparece na maneira como os galhos de uma
árvore crescem, na disposição das sementes do girassol e no número
de abelhas nas sucessivas gerações de uma colmeia.

PADRÕES NOS CENTAVOS


É possível que existam números de Fibonacci até mesmo em seu bolso.
Se tiver algumas moedas de 5 e de 10 centavos, de quantas
maneiras diferentes você consegue formar 15 centavos? Você poderia
ter:

Há três maneiras de formar 15 centavos. E 20 centavos? Você


poderia ter:

Há cinco maneiras de formar 20 centavos com moedas de 5 e de 10


centavos. E, como você já imaginou, há oito maneiras de formar 25
centavos, treze de formar 30 centavos e 21 de formar 35 centavos. Não
é legal?[3]

SIMPLESMENTE ENORME
O Universo é absolutamente enorme. Uma simples gota d’água contém
cerca de 10 sextilhões de átomos, ou 10.000.000.000.000.000.000.000.
Se você acha que isso é muito, saiba que o número de átomos no
oceano é cerca de um septilhão (um trilhão de trilhões) de vezes maior.
Não surpreende, portanto, que os matemáticos tenham criado uma
maneira bem mais fácil de representar esses números gigantes. Por
exemplo, 1 septilhão é escrito como 10 24, que significa “10 à potência
24”, ou 10 multiplicado por si mesmo 24 vezes, ou 1 seguido de 24
zeros. Isso é chamado de notação científica.

O COMPLEXO GOOGOLPLEX
Alguns números muito grandes possuem nomes especiais. Por
exemplo, 10100 é um googol – o nome sugerido por um garoto de 9 anos
chamado Milton Sirotta, em 1938. Mas isso não é tudo: também há o
googolplex, que é 10 elevado a googol, ou 1010 .
100

MUITA AREIA
A primeira pessoa a estudar números enormes foi o grego antigo
Arquimedes. Em sua obra Arenarius [O contador de areia], ele estimou o
tamanho do Universo e a quantidade de grãos de areia que seria
necessária para preenchê-lo. Partindo de uma miríade, o maior número
em uso à época – 10.000 –, e multiplicando-o por si mesmo repetidas
vezes, Arquimedes calculou que no Universo inteiro caberiam 8 ×1063
grãos de areia. Como o Universo provavelmente é infinito, ele errou
feio, mas, ainda assim, foi uma obra impressionante para a época.

PARA ALÉM DO INFINITO


Imagine uma reta numérica (como aquelas nas páginas 16 e 17), depois
imagine-a estendendo-se em ambas as direções. Isso é o infinito. Não
há um número máximo, porque você pode sempre somar um para criar
um número ainda maior.
Em muitos aspectos, o infinito é como o zero, que não pode ser
dividido. Por exemplo, a metade de infinito é infinito, e mesmo um
trilionésimo de infinito ainda é infinito, sempre.

INFINITAMENTE COMPLICADO
O infinito significa alguma coisa? Bem, pode ser que sim, porque talvez
o Universo em que você vive seja infinito. Se isso for verdade, o número
de estrelas pode ser infinito. Se houvesse, digamos, apenas uma estrela
em um trilhão com um planeta similar à Terra orbitando ao redor dela,
isso significaria que haveria um número infinito de planetas como a
Terra, porque um trilionésimo de infinito é infinito. Se houvesse um
número infinito de planetas como a Terra, haveria um número infinito
de planetas habitados por humanos, e um número infinito desses
humanos poderia ter seu nome, sua idade, seus pais – haveria um
número infinito de pessoas exatamente como você. É o bastante para
fazer você pirar!
DE TODAS AS FORMAS
Muito da matemática trata de simplificar as coisas, do comportamento
humano ao movimento dos planetas. A geometria – a matemática das
formas – não é exceção.

MARAVILHAS NATURAIS
Muitas coisas na natureza, como as árvores e os humanos, possuem
formas complicadas e irregulares, difíceis de serem descritas.
Formas regulares não aparecem com muita frequência na natureza,
mas elas existem, como o disco do Sol, ou a forma hexagonal dos favos
de mel de uma colmeia. No caso dos favos de mel, isso maximiza a área
de cada alvéolo, ao mesmo tempo que minimiza os espaços entre eles.
Caso a forma fosse circular, seria necessário usar mais cera para
preencher os intervalos entre os alvéolos. Esperta a natureza, não?
ONDE ESTÁ POLLY?
Formas simples e regulares podem ser divididas em formas com linhas
retas, como os quadrados, e formas com linhas curvas, como os
círculos. Formas com linha reta são chamadas de polígonos.
Aqueles que têm lados e ângulos com medidas congruentes (lados e
ângulos iguais) são chamados de polígonos regulares. Entre eles, estão:
Depois do quadrado, o nome dos polígonos segue um padrão
regular. Cada forma contém a palavra grega para o número
correspondente de lados, seguida de “-gono” – a palavra grega para
“ângulo”.
TRIÂNGULOS EXTRAORDINÁRIOS
Depois dos círculos, os triângulos são provavelmente as formas que os
matemáticos mais adoram. Tanto que o estudo dos triângulos tem um
nome próprio: trigonometria.

A FORMA MAIS FORTE


O triângulo é uma das formas mais simples porque possui o menor
número de linhas retas – e a matemática adora simplicidade. É também
uma das formas mais úteis para construir estruturas. Em locais de
clima úmido, muitos telhados são inclinados, ou triangulares, para que
a chuva possa escorrer facilmente. Guindastes, pontes e muitas outras
estruturas também têm um formato triangular. A razão é simples: é a
forma mais forte.

TIPOS DE TRIÂNGULO
Os triângulos podem ser agrupados em três tipos:

A soma dos ângulos formados pelos três vértices é sempre 180°, não
importa o tipo de triângulo.
VOCÊ SABIA?
Ângulos de menos de 90° são agudos. Ângulos entre 90° e 180° são conhecidos como obtusos.
E aqueles entre 180° e 360° são côncavos.

TRIÂNGULOS SEMELHANTES
Se você quisesse descobrir a altura de algo muito grande, precisaria de
uma longa escada e uma trena bastante comprida, certo?
Errado. Você só precisaria encontrar uma vara de madeira
suficientemente grande e reta e algo para medir – uma imensa e linda
árvore, por exemplo. Coloque a vara de pé no chão a certa distância da
árvore. Depois, encontre uma posição no chão onde o topo da árvore se
alinhe com o topo da vara do seu ponto de vista. Isso formará dois
triângulos: um, dos seus olhos até a vara, e outro, dos seus olhos até a
árvore. Ambos possuem os mesmos ângulos, muito embora sejam de
tamanhos diferentes. São o que chamamos de triângulos semelhantes.
Os comprimentos dos lados de triângulos semelhantes também são
proporcionais entre si. Por isso, com algumas poucas medições, você
poderá descobrir a altura da árvore comparada à da vara.
Para fazê-lo, você precisará medir a distância de A a D e a distância
de A a B. Depois, divida o comprimento da reta AB pelo comprimento
da reta AD para descobrir a razão, que seria 4 no exemplo abaixo.
Multiplicando a altura da vara pela razão, você chega à altura da
árvore.
Nesse caso, 4×1,5 = 6, então a árvore deve ter 6 metros de altura.
Tudo isso sem precisar subir uma escada bamba!
DE OUTRO MUNDO
Algumas distâncias são mais difíceis de medir diretamente – a distância
até a Lua, por exemplo –, mas, ainda assim, os triângulos podem ser
usados para calculá-las. Você só precisa medir o comprimento de um
lado de um triângulo imaginário, entre os pontos A e B, para obter uma
linha de base. Depois, meça os ângulos formados pelas linhas
imaginárias até a Lua em A e B. Como a Terra e a Lua estão em
movimento, isso precisa ser feito quando a Lua estiver exatamente
entre esses dois pontos. Depois que você souber esses ângulos, o
comprimento das retas AC e BC pode ser calculado, o que também
fornecerá a distância da Terra até a Lua. Esse processo é conhecido por
triangulação.
ATÉ AS ESTRELAS
Se você tentasse triangular uma estrela usando a mesma linha de base
do exemplo anterior, ela seria estreita demais devido à grande
distância. Mas há uma solução engenhosa para aumentar o tamanho
do triângulo.
Ao medir o ângulo A primeiro e o ângulo B seis meses depois –
quando a Terra está do lado oposto de sua órbita ao redor do Sol –, a
distância entre os pontos A e B será o dobro da distância entre a Terra e
o Sol. Usando esse triângulo interestelar, você consegue descobrir a
distância da estrela. Simples!
TUDO SOBRE ÁREAS
Calcular a área de polígonos regulares simples, como quadrados, e não
regulares, como retângulos, é fácil. Basta multiplicar a largura pelo
comprimento. Para um quadrado com 4 centímetros de lado, basta
multiplicar 4×4. A resposta é 16, ou seja, o quadrado possui uma área
de 16 centímetros quadrados (cm2). Um retângulo de 4 centímetros por
2 centímetros de lado possui uma área de 8 centímetros quadrados.
De maneira similar, se você quiser saber a medida do contorno de
seu quadrado ou retângulo – o perímetro –, basta somar os
comprimentos dos quatro lados. Mas como você mediria um círculo?
Não há lados para multiplicar, e há situações em que é bastante útil
saber sua área ou circunferência, nome especial que se dá para o
perímetro de um círculo.

FÁCIL COMO PI
A resposta é mais simples do que você imagina. Por muitos séculos, as
pessoas consideraram que, para qualquer círculo, a circunferência é
pouco mais do que três vezes a medida do diâmetro – a distância entre
dois pontos do círculo passando pelo centro dele. Essa razão é sempre
a mesma, não importa o tamanho do círculo:

Com o passar do tempo, o cálculo foi aperfeiçoado, e concluiu-se


que, na verdade, a circunferência de um círculo mede
aproximadamente 3,141592654 vezes seu diâmetro. Esse número é
chamado de pi, que também pode ser escrito usando o símbolo π e
costuma ser arredondado para 3,1416. Ele também é um número
irracional (ver páginas 18 e 24-25) e não tem fim.

A ÁREA DE UM CÍRCULO
Descobrir a área de um círculo também envolve o número pi, mas,
dessa vez, usando o raio, que é a metade do diâmetro. Você só precisa
de uma fórmula especial: πr2, ou “pi vezes o quadrado do raio”, ou seja,
a área de um círculo é igual a pi × (raio × raio). Por exemplo, se um
círculo tem um raio de 4 centímetros, o quadrado do raio é 16. Se
multiplicar isso por π, você obtém a área do círculo: π ×16 = 50,272
centímetros quadrados.
Para visualizar melhor a área de um círculo, tente cortar um círculo
de papel, assim:

1. Dobre o círculo na metade e depois na metade novamente,


dividindo-o em quatro partes iguais, como mostra a figura abaixo.
2. Agora, abra o círculo e dobre-o de maneira que os quatro vincos se
encostem. Repita o processo num ângulo reto. Seu círculo ficará
dividido em oito segmentos iguais.

3. Corte as fatias e disponha-as em duas fileiras de quatro.

4. Gire uma das fileiras horizontalmente e encaixe na outra, de maneira


a formar um retângulo levemente irregular chamado paralelogramo,
com a mesma área do círculo.
O lado mais comprido desse paralelogramo mede π×r, e a altura é r.
Em outras palavras, π×r×r, ou πr2. Em quanto mais fatias iguais você
cortar o círculo, mais ele se parecerá com um retângulo.

EM TERCEIRA DIMENSÃO
Formas planas, como triângulos, quadrados e retângulos, podem ser
combinadas de diversas maneiras, de modo a compor figuras
tridimensionais, ou poliedros. Por exemplo, um cubo é composto por
seis quadrados; um paralelogramo reto-retângulo pode ser formado
por três pares de retângulos.

O QUE TEM LÁ DENTRO?


O espaço interno dessas formas tridimensionais é chamado de volume.
Você pode calcular o volume de um cubo ou paralelogramo reto-
retângulo multiplicando sua altura pela largura e comprimento.

Por exemplo, para descobrir o volume de um cubo cujas arestas


medem 3 centímetros cada, você multiplica o número 3 três vezes:
3×3×3. A primeira parte, 3×3, dá 9, e 9×3 dá 27, o que significa que o
cubo possui um volume de 27 centímetros cúbicos (cm3).

Um paralelogramo reto-retângulo com lados de 2, 3 e 5 centímetros


terá um volume de 2×3×5, ou 30 centímetros cúbicos.

SIMPLES CILINDROS
Para a maioria das pessoas, a forma de um cilindro é parecida com a de
uma lata de refrigerante. No entanto, as bases podem assumir vários
raios, desde que ela mantenha a mesma secção transversal ao longo da
altura da figura.
Se as bases das extremidades do cilindro são paralelas, o volume
sempre será a área de uma base multiplicada pela altura.
Para descobrir o volume de um cilindro circular, você precisa da
fórmula πr2h – que é a fórmula da área de um círculo (ver páginas 48 e
49) multiplicada pela altura h. Portanto, um cilindro circular com 5
centímetros de altura e com bases cujo raio é de 3 centímetros teria um
volume de π×3×3×5, ou 141,372 centímetros cúbicos.
ESFERICAMENTE FALANDO
Humanos podem até gostar de formas como os paralelogramos reto-
retângulos, mas a natureza prefere a esfera – o sólido mais regular
possível –, desde estrelas, planetas e muitas luas até bolhas, globos
oculares e átomos. Isso acontece porque uma esfera é capaz de conter
o volume máximo usando a menor área de superfície possível.
Para descobrir o volume de uma esfera, você precisa saber o raio – a
medida do centro exato da esfera até sua superfície. Depois, eleve o
raio ao cubo, multiplique-o por 4π e então divida por 3. Essa fórmula é
normalmente escrita como πr3. Uma esfera com um raio de 3
centímetros, por exemplo, terá um volume de 27× × π, ou 36π, que é
113,097 centímetros cúbicos.
FORMAS NO ESPAÇO
Há apenas cinco formas tridimensionais com todas as arestas, ângulos
e faces iguais. Elas são conhecidas como poliedros regulares ou sólidos
platônicos. Os gregos antigos interessavam-se bastante por formas
geométricas – na verdade, gostavam tanto dos sólidos platônicos que
acreditavam que estes podiam ser usados para explicar como o
Universo foi construído.
Os gregos antigos acreditavam que tudo na Terra era composto a
partir de quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Também
acreditavam que cada um desses elementos era formado de átomos
cuja forma era um dos sólidos platônicos, da seguinte maneira:

TOPOLOGIA IMPRESSIONANTE
Para estudar formas mais complexas do que os poliedros regulares,
usa-se a topologia.
A topologia estuda o que acontece com as formas quando você as
comprime, estica ou torce. Quando as formas podem ser esticadas ou
torcidas para dar origem a novas formas, são descritas como
topologicamente equivalentes. Por exemplo, uma rosquinha e uma
agulha podem ser descritas como topologicamente equivalentes
porque ambas possuem um buraco passando por elas. No entanto,
nenhuma delas pode ser descrita como topologicamente equivalente a
um copo porque um copo não possui um buraco atravessando-o.
MÖBIUS DESNORTEADOR
A topologia já resultou em algumas estranhas descobertas sobre as
formas. Por exemplo, achava-se que objetos tridimensionais possuíam
um lado de dentro e um lado de fora, mas, em 1858, o matemático
alemão August Möbius criou algo que tinha apenas uma superfície
contínua, que ficou conhecido como a fita de Möbius.
Você pode fazer sua própria fita de Möbius facilmente. Pegue uma
tira de papel, gire uma das extremidades e fixe-a à outra, de forma que
fique assim:

Pegue uma caneta e desenhe uma linha ao longo do meio da fita


sem tirar a ponta do papel. Sua linha irá passar por toda a superfície da
fita, até se encontrar com o ponto inicial, provando que a fita de Möbius
possui uma única superfície.
GARRAFAS DESCONCERTANTES
Um homem chamado Felix Klein teve uma ideia ainda mais incrível. A
garrafa que leva seu nome é uma forma com apenas um lado – um
cilindro contínuo com uma única superfície, de certa maneira. Na
verdade, uma garrafa de Klein legítima seria tetradimensional (com
quatro dimensões), já que precisaria atravessar a si mesma sem fazer
buraco, o que é impossível em três dimensões.

ESPAÇO INTERIOR
A garrafa de Klein da página anterior é um exemplo de modelo
tetradimensional – bem, de um modelo tridimensional de uma forma
tetradimensional. Mas o que isso realmente significa?
Uma forma sem dimensões se parece com… … bem, com nada.
Figuras adimensionais não ocupam espaço, então não há nada para
ver.

AS PRIMEIRAS TRÊS DIMENSÕES


Figuras unidimensionais também não podem ser vistas, pois são
apenas linhas sem espessura. No entanto, na matemática, é normal
imaginar que linhas são grossas o bastante para serem desenhadas.
Esta é uma forma unidimensional:

Ao estendê-la lateralmente, você pode formar uma figura


bidimensional. Este é um losango ou paralelogramo:

Se você adicionar algumas linhas verticais e outro paralelogramo, a


figura se torna uma representação de uma forma tridimensional – um
romboide (ou paralelepípedo).

E a quarta dimensão, com o que ela se pareceria?


A QUARTA DIMENSÃO
Para entender a quarta dimensão e daí para a frente, imagine um
quadrado. Um quadrado bidimensional é composto por quatro arestas
– um cubo tridimensional é composto de doze arestas. A próxima forma
quadrada – na quarta dimensão – possui 32 arestas e é conhecida como
tesseract ou hipercubo.
A melhor maneira de imaginar um tesseract é imaginar dois cubos
tridimensionais, um dentro do outro, de maneira que cada face do cubo
se transforma em uma figura tridimensional, assim:

VOCÊ SABIA?
O tempo também é uma dimensão. Você se desloca de manhã até a noite, assim como você
se desloca da e para a escola. Embora, claro, voltar no tempo ou pará-lo não seja possível –
ainda!

ESPAÇO-TEMPO
Tempo e espaço estão sempre interligados – são conhecidos como
espaço-tempo. O cientista mais conhecido por trabalhar com o
conceito de espaço-tempo foi Albert Einstein. Ele descobriu que,
quando as coisas viajam numa velocidade muito rápida, elas mudam
de forma.
Imagine que houvesse uma grande bomba viajando pelo espaço.
Einstein provou que, se ela viajasse rápido o bastante, mudaria de
forma:

QUE ESPECIAL!
Outra parte das teorias de espaço-tempo de Einstein diz que o tempo
transcorre em ritmos diferentes dependendo de como a pessoa que o
está medindo se movimenta. Se você tiver o azar de estar naquela
bomba, pode perceber o tempo que o detonador leva para explodi-la
como um minuto. Se alguém no solo observar você (e a bomba)
passando rápido pelo céu e resolver cronometrar, pode perceber o
tempo como dois minutos. Outro exemplo: imagine uma nave espacial
viajando numa velocidade próxima à da luz; se os astronautas a bordo
viajassem por um ano segundo sua própria medição, perceberiam,
quando retornassem, que um período muito mais longo teria se
passado na Terra – talvez milhares de anos.
UMA DIMENSÃO EXTRA, OU TRÊS?
O mundo tem mesmo apenas quatro dimensões? Claro que não, isso
seria tolice. Na verdade, cientistas acreditam que haja onze!
A Teoria-M – a ideia de onze dimensões – sugere que existam dez
dimensões de espaço e uma de tempo.
Mas como é que ninguém nunca percebeu todas essas dimensões
“extras”? A resposta é que elas são pequenas demais, ou compactadas,
para serem vistas. Talvez seja melhor assim: o equivalente ao cubo de
dez dimensões, chamado de dekeract, é composto de 5.120 arestas.
Imagine só!
SIMETRIA PERFEITA
Muitas formas e também outros objetos possuem simetria, o que
significa que, se você cortá-los ao meio de cima para baixo, as duas
metades serão muito similares, quando não idênticas.
Até mesmo as pessoas possuem simetria. Se você desenhar uma
linha passando pela metade do seu corpo, da cabeça aos pés, as duas
metades serão bastante parecidas. Essa linha é chamada de eixo de
simetria.

QUANTOS EIXOS?
Muitas formas regulares possuem vários eixos de simetria. Esse
quadrado, por exemplo, possui quatro eixos de simetria. Você consegue
descobrir quantos eixos de simetria tem um círculo? A resposta está na
lateral desta página.
ESPELHO, ESPELHO MEU
Pegue uma foto do seu rosto e apoie um espelho em um ângulo de 90º
bem na metade, dividindo seu rosto em dois, de maneira que a metade
esquerda do seu rosto esteja refletida no espelho. Vire o espelho e faça
o mesmo com a metade direita. As imagens são iguais ou diferentes?
Quanto mais similares, mais simétrico é o seu rosto.

Um círculo possui um número


infinito de eixos de simetria.
ESTRUTURAS MATEMÁTICAS
Estruturas feitas pelo homem têm as mais diferentes formas e
tamanhos. Algumas são agradáveis aos olhos, outras completamente
horrendas. Parte da razão pela qual algumas delas parecem mais
bonitas pode ser demonstrada matematicamente.

A PROPORÇÃO ÁUREA
Tanto o edifício das Nações Unidas, em Nova York, quanto o Parthenon,
em Atenas, possuem a mesma razão entre comprimento e altura:
1:1,618. Ela é conhecida como proporção áurea e pode ser
representada pela letra grega phi, ou Ф (não confundir com pi!). Além
de na arquitetura, ela também aparece nas artes. É frequentemente
usada em fotos, livros e cartões-postais.
A proporção áurea possui algumas propriedades matemáticas
interessantes. Se você pegar um retângulo com a proporção áurea,
como este a seguir, e dividi-lo em um quadrado e outro retângulo, o
retângulo menor também terá a proporção áurea. Isso pode ser
repetido indefinidamente.

E mais: se desenhar uma curva entre as quinas opostas de cada


quadrado, você terá uma espiral.

A ARTE DA MATEMÁTICA
Quanto mais distantes as coisas estão de você, menores elas parecem.
A regra básica é que, se algo está ao dobro da distância, parece ter a
metade da largura e altura. Para artistas, aprender a desenhar ou
pintar as coisas em perspectiva – para que elas pareçam ter o tamanho
certo – é uma habilidade importante.

O PONTO DOS PONTOS DE FUGA


Imagine que você esteja no meio de uma rua reta e plana. Olhando
para um dos sentidos, os lados da pista parecerão se aproximar até se
encontrar em um ponto. Nas artes, isso é chamado de ponto de fuga.
COLOCANDO EM PERSPECTIVA
Se você olhar para qualquer pintura de antes do século XV,
provavelmente a achará um tanto estranha – os artistas daquele
período ainda não haviam dominado a técnica da perspectiva.
Se estiver desenhando uma figura que possui muitas retas paralelas
– uma estrada reta e plana cheia de casas, por exemplo –, todos os
objetos irão desaparecer no mesmo ponto de fuga. Isso significa que
você pode esboçar linhas-guias para ajudá-lo a verificar se sua
perspectiva está correta.
MÚSICA EM NÚMEROS
A matemática também é bastante útil na música. Na verdade, são os
números que fazem a diferença entre música e ruído.
Eis o que acontece quando você dedilha a corda de um instrumento
como o violão:

Ao fazer isso, o som que a corda produz fica mais alto na escala,
mais agudo, mas continua soando parecido. Na música, esses dois sons
estão ligados a uma mesma nota – dó, por exemplo. Essas duas notas
dó são descritas como estando a uma oitava de distância – o intervalo
de oito notas: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si e dó. Um intervalo é a distância
entre duas notas.
Os sons que a corda produz são na verdade ondas, um pouco como
as ondas que se formam quando atiramos uma pedra num lago, com a
diferença de que as ondas de som se propagam em todas as direções
pelo ar.
PERFEITA HARMONIA
Notas em harmonia soam de maneira agradável aos nossos ouvidos
quando tocadas juntas porque formam razões simples. Em notas a uma
oitava de distância, a razão é de dois para um. As notas mais altas
possuem um comprimento de onda que é exatamente a metade
daquelas uma oitava abaixo, o que faz sentido se lembrarmos que elas
são produzidas pressionando-se a corda na metade do comprimento.
Quando duas notas a uma oitava de distância são tocadas juntas,
elas nos soam agradáveis. Outras combinações também são agradáveis
aos nossos ouvidos. Por exemplo, o intervalo de uma quinta é um par
de notas no qual uma possui um comprimento de onda uma vez e meia
maior do que a outra. Notas que soam de maneira desagradável juntas
possuem diferentes comprimentos de onda, que se chocam porque não
possuem razões simples – assim como o som que produzem.

PITÁGORAS E OS PLANETAS
Seu velho amigo Pitágoras (ver páginas 22 e 23) foi o primeiro a
observar que os sons harmônicos ou desarmônicos que as diferentes
combinações de notas produzem envolvem razões. Pitágoras estava
tão obcecado por suas ideias sobre razão que achava que o Universo
inteiro poderia ser explicado com números. Ele e seus seguidores
acreditavam que as distâncias entre os planetas seguiam proporções
simples e que produziam sons harmoniosos quando se moviam. Essa
ideia, chamada de harmonia das esferas, foi popular por muitos
séculos.
UMA QUESTÃO DE GRAUS
De acordo com muitas pessoas – especialmente as que precisam subi-
la –, a Baldwin Street, em Dunedin, Nova Zelândia, é a rua mais íngreme
do mundo. Isso tem sido objeto de muita discussão, sobretudo porque
há muitas maneiras de medir seu gradiente – ou declividade.

COMO MEDIR?
A declividade pode ser medida usando uma razão. A razão da Baldwin
Street é de 1:2,86. Isso significa que, para cada 2,86 metros deslocados
horizontalmente, a rua sobe 1 metro.
Às vezes são usadas porcentagens para medir um gradiente. O
gradiente da Baldwin Street é 35%, o que significa que, para cada
metro deslocado, a rua sobe 35 centímetros. O gradiente também pode
ser expresso como um ângulo em graus, conhecido como “ângulo de
elevação” – o quanto ela sobe em relação a um horizonte imaginário no
começo da rua. O ângulo de elevação da Baldwin Street é de 19,3°.
A ESCALA DAS MEDIDAS
Filmes antigos de ficção científica eram repletos de insetos gigantes
assassinos e outros monstros. Mas por que eles são tão pequenos na
vida real? A resposta é, obviamente, matemática.

UM EXPERIMENTO COM FORMIGAS


Diferentemente de você, insetos, como as formigas, não possuem um
esqueleto. Possuem uma carapaça rígida, ou exoesqueleto, que
protege seu corpo. Um inseto também é capaz de respirar pelo
exoesqueleto, mas há um limite para a quantidade de ar que pode
absorver. Essa quantidade depende de sua área de superfície. Já a
quantidade de ar de que um inseto precisa depende de seu volume. O
problema é que o volume e a área não aumentam na mesma
proporção. Veja a tabela a seguir para ver o que aconteceria se uma
formiga tivesse 10 centímetros de comprimento, ou até mesmo 100
centímetros:

O volume e a área da formiga pequena são ótimos: ela consegue


absorver a quantidade de ar de que precisa através de seu
exoesqueleto. No entanto, à medida que o tamanho da formiga
aumenta, o volume aumenta muito mais do que a área da sua
superfície. No caso da formiga tamanho monstruoso, seu volume é mil
vezes maior do que a área de sua superfície. Isso significa que a formiga
não teria uma área de superfície grande o bastante para garantir o
oxigênio de que seu corpo precisaria. (Mais sobre volume nas páginas
50 e 51.)

AUMENTANDO AS COISAS
Olhe para a figura a seguir de um musaranho-elefante e um elefante.
Embora pareçam do mesmo tamanho aqui, você sabe
automaticamente que o musaranho-elefante é muito menor do que o
elefante. E se um matemático de outro planeta olhasse para a mesma
figura?

Surpreendentemente, é provável que o alienígena também saberia


disso, por causa das pequenas patas do musaranho. Elas são muito
finas em proporção a seu corpo se comparadas com as patas do
elefante.

NÃO CAIA!
Quando algo cai – digamos, um elefante –, o ar exerce uma pressão na
direção contrária. Essa força, chamada de resistência, depende da área
do objeto em queda, mas a força para baixo depende de seu peso. O
peso do objeto depende de seu volume e também de quão denso [1] ele
é. Quanto menor o objeto, maior a resistência do ar por quilograma, o
que significa que ele sofre uma desaceleração maior do que um objeto
maior.
Isso significa que, se você tiver o azar de cair de uma altura de 4
metros, terá que ir para o hospital. Uma aranha mal sentiria, enquanto
um elefante… bem, não se preocupe com formigas gigantes, mas
cuidado com elefantes cadentes!
MEDIDAS REAIS
Não faz muito tempo, as pessoas não mediam as coisas em metros e
centímetros. Na verdade, a abordagem era bastante diferente. Algumas
medidas eram baseadas nas partes do corpo, motivo pelo qual a altura
dos cavalos ainda é medida em mãos em alguns países anglo-saxônicos
e a altura das pessoas é dada em pés e polegadas em alguns poucos
países, sobretudo nos Estados Unidos.

MEDIDAS PALPÁVEIS
No Egito Antigo, as coisas eram medidas usando o cúbito, que era o
comprimento do antebraço do faraó em exercício somado à largura da
mão. A medida era esculpida em um bloco de granito, e cópias em
madeira ou pedra eram distribuídas para os construtores. Isso
funcionava bem durante o tempo de vida do faraó, porém as medidas
mudavam com as sucessões de faraós, o que provavelmente era
bastante irritante quando se estava no meio de uma construção.
Ainda havia uma dúzia de outras unidades de comprimento usadas
no mundo antigo que também eram chamadas de cúbito, o que deve
ter gerado muita confusão.

AVANÇOS MILIMÉTRICOS
Ao longo dos séculos seguintes, muitos sistemas de medida foram
usados ao redor do mundo, os quais, às vezes, podiam variar dentro de
um mesmo país. Na Inglaterra, por exemplo, foi apenas no século XIII
que as pessoas tentaram padronizar as unidades de medida utilizadas
no país, quando se decretou que uma polegada (2,54 cm) era o
comprimento de três grãos de cevada. Com o passar do tempo, a
Inglaterra adotou o sistema imperial de polegadas, pés (12 polegadas),
jardas (3 pés) e milhas (1.760 jardas). O sistema vigorou até ser
gradualmente substituído pelo sistema métrico de centímetros, metros
e quilômetros. Mas quem decidiu que deveríamos todos usar esse
sistema?

UNIDADES CURIOSAS
Em 1960, chegou-se a um acordo quanto a um sistema internacional de
unidades de medida. Elas são chamadas de unidades SI, sigla do
francês Système International.

OS SETE INCRÍVEIS
Há sete unidades básicas do SI. Há o metro para distância, o
quilograma para massa e o segundo para tempo. Também há o ampere
para corrente elétrica, o kelvin para temperatura, o mol para
quantidade de matéria e a candela para intensidade luminosa. Essas
unidades são usadas como ponto de partida para todos os outros tipos
de unidades métricas.
Além disso, para todas as coisas que gostaríamos de medir – como
ruído, nebulosidade, maciez e nitidez –, as sete unidades SI básicas dão
conta delas, graças à matemática.

MUITO GRANDE OU MUITO PEQUENO?


O que fazer quando se quer medir algo muito grande ou muito pequeno
usando as unidades SI? Afinal, o metro é particularmente útil para
medir a altura de uma árvore, mas não é tão bom para medir o
tamanho de suas folhas. Já se quiser medir o tamanho de uma floresta
inteira, você precisará de algo muito maior.
QUAL É A MELHOR UNIDADE?
Usando as sete principais unidades SI como ponto de partida, você
pode mudar a escala de cada tipo de unidade para cima ou para baixo
para medir todo tipo de coisa.[1] Tudo o que você precisa fazer é
adicionar um “prefixo” diferente ao começo do nome da unidade, para
indicar que uma medida maior ou menor será usada. Por exemplo, o
“quilo-” de quilômetro significa “mil”; o “centi-” de centímetro significa
“a centésima parte”; e o “mili-” de milímetro significa “a milésima
parte”.

Se você quisesse, poderia medir distância viajada em centímetros,


mas seria difícil para um motorista saber que saída pegar numa
estrada. O melhor a fazer é tentar escolher a medida mais apropriada
para o que se está medindo.

ENVERGONHADO NO PLANETA VERMELHO


As unidades SI foram adotadas pela maioria dos países. Isso significa
que, quando as pessoas de um país trabalham em conjunto com as de
outro, todas estão usando as mesmas unidades de medida. Pode não
parecer tão importante, mas, quando ninguém tem certeza sobre qual
unidade de medida está sendo usada, os resultados podem ser
caóticos, e as consequências podem sair caras!
Em 1999, por exemplo, a sonda espacial Mars Climate Orbiter, da
NASA, que custou 125 milhões de dólares para ser construída, havia
completado com sucesso quase toda a sua jornada. Chegava o
momento da aproximação final à atmosfera marciana… e foi aí que as
coisas deram errado. Uma equipe estava trabalhando com a antiga
unidade imperial, e a outra com o sistema métrico. O resultado foi que
a órbita foi calculada errado, e a sonda, destruída. Uma vergonha!

PRECISAMENTE ACURADO
As palavras “acurado” e “preciso” podem parecer intercambiáveis. Mas,
na verdade, possuem significados ligeiramente distintos.

BEM NO ALVO!
Um arqueiro atirou cinco flechas em cada um dos alvos abaixo:

No primeiro alvo, as flechas estão próximas entre si, então o


arqueiro foi altamente preciso. No entanto, elas não estão próximas do
centro do alvo, então a acurácia dele foi baixa.
No segundo alvo, o arqueiro atingiu um alto nível de acurácia, já que
todas as flechas estão próximas do centro do alvo. Mas, nesse caso, seu
nível de precisão foi baixo, já que as flechas não estão tão próximas
entre si.
Como você pode ver, no último alvo, o arqueiro atirou as flechas
tanto com acurácia quanto com precisão.

“CHUTE INFORMADO”
Ser capaz de fazer estimativas é uma habilidade importante, e a
maioria dos humanos é até que boa nisso. Por exemplo: você sabia que,
ao tentar julgar se algo está ou não num ângulo reto, a maioria dos
humanos consegue identificar erros de menos de 1°?
A capacidade de estimar também ajuda nas tarefas cotidianas,
como atravessar a rua. Ao estimar a velocidade e distância dos
veículos, você pode julgar se tem ou não tempo suficiente para
atravessar a rua com segurança.
No entanto, as pessoas não pensam naturalmente em termos de
unidades. Em vez de pensar “Aquele carro está se movendo a cerca de
20 quilômetros por hora”, é mais provável que você pense “Está rápido
demais” ou “Dá tempo de atravessar”.

SIMPLES AMOSTRAS
Estimar também pode economizar tempo. Caso você precise, por
exemplo, descobrir o tipo e a quantidade de diferentes criaturas que
vivem no gramado de um campo de futebol. Contá-las levaria um
tempo enorme. Em vez disso, você poderia estimar a resposta usando
um processo chamado amostragem.
Para colher a amostra de uma área, a primeira coisa necessária é
uma quadrícula – um quadrado feito de quatro hastes unidas, cada
uma com cerca de 1 metro. Ela é colocada no gramado, e todas as
criaturas encontradas naquela área são coletadas e catalogadas. Você
pode encontrar, por exemplo, 4 minhocas, 16 formigas, 3 besouros e 1
lesma.
Agora, digamos que o campo de futebol meça 100 metros por 70
metros. Se multiplicar esses números, você terá a área total: 100 × 70 =
7.000 metros quadrados.
Para estimar quantas criaturas existem, simplesmente multiplique
os números encontrados da quadrícula por 7.000, obtendo:

28.000 minhocas,
112.000 formigas,
21.000 besouros,
7.000 lesmas.

Obviamente, esse tipo de abordagem deve ser usado com cuidado.


Caso você também tivesse encontrado uma moeda no quadrado, seria
muito improvável que houvesse uma fortuna espalhada pelo resto do
campo.
PALPITES SURPREENDENTES
Fazer estimativas pode levar a alguns fatos incríveis e, até mesmo,
perturbadores. Por exemplo, o último suspiro de Shakespeare em 1616
provavelmente conteve cerca de 1.000.000.000.000.000.000.000 de
moléculas de ar. Nos quatro séculos seguintes, essas moléculas se
espalharam pelo mundo e pela atmosfera, que contém cerca de
1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de
moléculas de ar (um tredecilhão, ou um milhão de bilhões de bilhões
de bilhões de bilhões).
Se dividir o número maior pelo menor, você obterá
1.000.000.000.000.000.000.000. Isso significa que você pode estimar que
uma em cada 1.000.000.000.000.000.000.000 moléculas no ar vem do
último suspiro de Shakespeare. No entanto, esse também é o número
de moléculas que você absorve a cada inspiração, então há uma boa
chance de que sua próxima respiração inclua uma molécula da última
de Shakespeare!
Esses números imensos são grandes demais para uma calculadora,
mas há uma maneira rápida de fazer cálculos com eles. Como visto na
página 36, números grandes como 1.000 podem ser expressos como
potências de dez, de modo que 1.000 pode ser expresso como 103 –
porque equivale a 10 × 10 × 10. O número de moléculas no último
suspiro de Shakespeare pode ser reduzido para 1021. O número de
moléculas na atmosfera é 1042.
Felizmente, dividir esses números é a mesma coisa que subtrair suas
potências de dez. Assim, a questão da página anterior também pode
ser calculada como1042÷1021, que é 1021.

UM CHUTE INFORMADO
Estimativas também são úteis quando usamos calculadoras e planilhas
de cálculo. Se você tem uma vaga ideia de quanto será o total, é bem
mais fácil identificar um erro e verificar se pressionou algum botão por
engano ou digitou uma fórmula errada.

AUTOENGANO
O fato de que o cérebro humano pode estimar todo tipo de coisa
significa que ele precisa fazer suposições. Por exemplo, você pode
perceber um ponto no horizonte que vai ficando maior até se
transformar em uma pessoa pequenininha. Se a pessoa vai ficando
maior, você presume que ela esteja se aproximando e que seja
aproximadamente do seu tamanho. Uma vez que você faz tais
suposições, seu cérebro pode usar as leis da perspectiva (ver página 62)
para estimar a distância da pessoa e sua velocidade de aproximação.
O problema das suposições é que às vezes elas estão erradas, o que
pode resultar em uma ilusão de óptica como esta:
Seu cérebro irá fazer o possível para entender o que você está
olhando.
Em princípio, pode parecer que você está olhando para a imagem de
uma caixa vista de cima. No entanto, depois de um tempo, uma nova
perspectiva surge, e parece que você está olhando uma caixa vista de
baixo. Qual está correta?
Ambas estão corretas. A imagem da caixa é uma ilusão de óptica
conhecida como Cubo de Necker. O cérebro humano tenta entendê-lo
quando, na verdade, não há informação suficiente, motivo pelo qual
você percebe duas perspectivas.

ENTENDENDO OS MOVIMENTOS
Na matemática e na física, há dois tipos de medidas, chamadas de
escalar e vetorial. Uma grandeza escalar é simplesmente um número
que pode aumentar ou diminuir. Um vetor é um número que pode
aumentar ou diminuir, mas que também possui uma direção.
A velocidade de um carro – 20 quilômetros por hora (km/h), por
exemplo – é uma grandeza escalar, o que significa que pode apenas
aumentar ou diminuir. No entanto, para a física, a “velocidade” do
carro é um vetor, pois significa a rapidez do carro em uma direção
específica – digamos, 20 quilômetros por hora ao sul.

A TRAJETÓRIA DE UM AVIÃO
Se um avião precisasse ir de Londres a Los Angeles – uma distância de
cerca de 8.800 quilômetros – em 10 horas, a que velocidade ele teria de
voar? Logicamente, você imaginou que ele precisaria voar a 880
quilômetros por hora a oeste, mas e se o vento estivesse soprando na
direção contrária a 100 quilômetros por hora?
Voar contra o vento torna a viagem mais lenta. Então, para fazer o
cálculo, você precisa subtrair a velocidade do vento da velocidade do
avião:

880 – 100 = 780 km/h a oeste

É também por isso que um avião às vezes chega antes do esperado –


se o vento está a seu favor, a velocidade aumenta.

O PRIMEIRO CIENTISTA DE VERDADE


Muitos dos primeiros trabalhos relacionados ao movimento foram
conduzidos há quatrocentos anos pelo cientista italiano Galileu Galilei.
Sob vários aspectos, Galileu foi o primeiro cientista de verdade, no
sentido de que ele tentava explicar, com a ajuda dos números, o
Universo e as leis que descrevem seus fenômenos.

A LEI DA QUEDA DOS CORPOS


Galileu percebeu que a gravidade da Terra puxa tudo para baixo,
motivo pelo qual as coisas caem se estiverem soltas. Ao caírem, a Terra
as continua puxando, fazendo com que elas caiam cada vez mais
rápido.
Uma das sacadas geniais de Galileu foi perceber que a presença do
ar na Terra afeta a maneira como as coisas se movem. Na verdade,
objetos em queda livre atingem uma velocidade constante após um
tempo, chamada velocidade terminal. Isso ocorre porque a resistência
que o ar exerce sobre eles impede o aumento da velocidade, motivo
pelo qual as penas caem mais lentamente do que as bolas de canhão.
Se você soltasse uma pena e uma bola de canhão na Lua, onde
praticamente não há atmosfera, elas cairiam na mesma velocidade.
Ao imaginar como as coisas cairiam se não houvesse ar, Galileu
reconheceu que as leis dos objetos em queda livre eram bastante
simples. Ele percebeu que elas podiam ser descritas matematicamente
de maneira bastante direta:
Os objetos caem com uma aceleração “constante”. Portanto, se um objeto cai a uma
determinada velocidade, após 1 segundo, cairá duas vezes mais rápido; após 2
segundos, três vezes mais rápido; após 3 segundos, quatro vezes mais rápido, e assim
por diante.

E mais:

Se um objeto cai por uma determinada distância em 1 segundo, terá percorrido quatro
vezes aquela distância após 2 segundos, nove vezes a distância após 3 segundos, e
dezesseis vezes a distância após 4 segundos.

Percebeu como os dois conjuntos de números estão relacionados?


As distâncias – 1, 4, 9 e 16 – são os quadrados dos tempos – 1, 2, 3 e 4.
Quanto maior a duração da queda, mais rápido o objeto cai.

VOCÊ SABIA?
Você pode estar pensando: “De que adiantam essas noções e descobertas se a resistência do
ar significa que elas não se aplicam?”. Bem, na Terra, ajustes podem ser feitos às equações
matemáticas para levar isso em consideração. E, se você viajasse para o espaço, logo
perceberia sua utilidade – as naves espaciais obedecem a essas regras porque não há ar para
desacelerá-las.

NÃO PODE PISCAR


Os intervalos mais breves de tempo são medidos em menos de um
trilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de “nanossegundo”
(bilionésimo de segundo). Um nanossegundo é tão rápido que um
piscar de olhos leva 100 milhões de nanossegundos, então não é uma
medida particularmente útil no dia a dia.
UMA QUESTÃO DE TEMPO
Você provavelmente não perceberia facilmente um nanossegundo, mas
o tempo é algo sobre o qual você está bastante consciente. Sejam os
minutos que não passam durante uma aula muito chata ou as horas
que voam durante uma festa de aniversário muito legal. O que
exatamente é o tempo? Como ele é medido?
Os primeiros humanos mediam a passagem do tempo de diversas
maneiras – incluindo a mudança das estações ou as fases da Lua ao
longo do mês. No fim das contas, no entanto, as pessoas queriam uma
maneira mais precisa de medir o tempo. Para isso, inventaram-se
algumas unidades de medida muito úteis.

MINUTO A MINUTO
Você já sabe que há sessenta segundos em um minuto, e sessenta
minutos em uma hora, e que há 24 horas em um dia, sete dias em uma
semana e 365 dias em um ano. Mas por que os meses não seguem um
padrão? Alguns possuem trinta dias, outros 31, ou mesmo 28 ou 29.
Para descobrir o porquê, você precisa voltar no tempo e entender como
eles eram medidos.

CRONOMETRADO
Uma das primeiras maneiras de medir a passagem do dia foi
desenvolvida no Egito Antigo, há cerca de 3.500 anos. O relógio de
sombra, como era chamado, baseava-se na sombra projetada pelo Sol
quando se movia pelo céu. Funcionava porque o comprimento e a
direção da sombra mudavam conforme a posição do Sol.
BRINCANDO COM AS SOMBRAS
O relógio de sombra era bastante simples e dividia as horas do dia em
dez, mais uma hora de crepúsculo no início da manhã e uma no fim da
tarde. Consistia em uma barra elevada que lançava uma sombra sobre
outra barra, na qual as “horas” eram marcadas. Durante as manhãs, a
barra elevada apontava para o leste, de maneira que a sombra era
projetada na barra das horas a oeste. Ao meio-dia, o relógio era girado
na direção oposta e seguia o Sol à medida que ele se deslocava de leste
a oeste. Relógios de sombra eram portáteis, embora tivessem que ser
alinhados corretamente toda vez que eram deslocados.

No entanto, um relógio de sombra não podia ser usado para indicar


as horas à noite e, caso o céu estivesse encoberto durante o dia, você
não conseguiria saber se estava no horário ou muito atrasado. Outro
problema era que, quanto mais longe da Linha do Equador você
estivesse, mais a duração dos dias variava ao longo do ano. Isso
significava que, no inverno, o relógio de sombra dividia o dia no mesmo
número de horas, mas elas passavam mais rápido.
Embora ninguém tenha certeza sobre onde ou quando foram
usados os primeiros relógios de sol, eles se parecem muito com os
relógios circulares de parede e de pulso que temos hoje. Os relógios de
sol representaram um grande avanço em relação aos relógios de
sombra, já que as horas medidas tinham a mesma duração ao longo do
ano. No entanto, ainda havia o problema de terem que ser
adequadamente ajustados e dependerem da luz solar para indicar as
horas.

RELÓGIOS PARA OS DIAS NUBLADOS


Era necessário um relógio que pudesse medir o tempo dentro e fora de
casa, não importando a previsão do tempo ou se era dia ou noite.
Os egípcios antigos testaram relógios de água (clepsidras). O
exemplar mais antigo conhecido data de aproximadamente 1500 a.C.
Esses relógios funcionavam por gravidade: a água num recipiente mais
alto pingava a uma taxa constante em um recipiente mais baixo, que
continha a marcação das horas. No entanto, eles também não eram
muito precisos.
A medição do tempo finalmente melhorou com a invenção do
relógio mecânico, por volta do século XIV. Ele funcionava graças a um
peso que caía gradualmente, acionando um sistema de engrenagens.
Mas mesmo esses relógios ainda não eram muito precisos.
Era necessário algo que garantisse que a velocidade do peso que
caía fosse constante, para que as engrenagens girassem também a uma
velocidade constante. Sabe-se que Galileu (ver página 137) havia
rascunhado alguns protótipos de relógio usando um pêndulo em 1582,
mas o primeiro foi feito por um homem chamado Christiaan Huygens,
em 1657. O relógio de pêndulo oscilante de Huygens tornou-se o
instrumento mais preciso de medição do tempo até o século XX.

CHEGANDO LÁ!
No século XVII, as pessoas sabiam que a Terra girava 360° em um dia, e
15° em uma hora. Se você velejasse para o leste por uma hora, sabia
que sua localização estaria 15° mais ao leste em relação ao ponto de
partida. Se errasse por alguns minutos, no entanto, sua localização
também estaria errada. Relógios de pêndulo, embora precisos na terra,
não funcionariam no mar. Em 1760, John Harrison resolveu esse
problema com seu modelo H4, um relógio de bolso grande, porém
preciso.
Enquanto isso, em terra firme, muitos relógios eram ajustados para
o horário local. Quando o Sol estava sobre a cabeça, era meio-dia, mas
isso muda de lugar para lugar, então o tempo era diferente em cada
cidade. No século XIX, chegaram as redes ferroviárias e, com elas, uma
padronização do tempo.

FUSO, NÃO CONFUSO


Em 1884, o Observatório Real de Greenwich, nos arredores de Londres,
foi escolhido como o local do meridiano principal. Isso significava que
as linhas verticais de longitude em um mapa sempre começariam com
o 0° em Greenwich. Também era uma localização conveniente porque,
quando é meio-dia em Greenwich, é meia-noite do lado oposto do
planeta, no meio do oceano Pacífico. Isso significava que um número
mínimo de pessoas seria afetado pela mudança na data – na linha
conhecida como a Linha Internacional de Data.

ATÔMICO
Os instrumentos mais precisos de medição do tempo atualmente
baseiam-se nas oscilações regulares dos átomos. São tão precisos que
um deles, localizado no Laboratório Nacional de Física do Reino Unido,
ficará defasado em menos de um segundo em 138 milhões de anos!

QUANDO FALTAM DIAS


Séculos atrás, medir a passagem de um ano era um desafio ainda maior
do que medir as horas do dia. Muitas pessoas baseavam-se no Sol ou
na Lua para manter um controle dos dias. No Egito Antigo, os
agricultores baseavam seus calendários no nível do rio Nilo. Na Roma
Antiga, o calendário do exército usava o mês lunar – o tempo que
levava para a Lua passar por todas as suas fases. O ano era então
dividido em treze partes.

Nenhum desses sistemas funcionava muito bem. Por exemplo, a Lua


leva cerca de 29,5 dias para passar pelas quatro fases, então o
calendário do exército romano de treze ciclos durava 383,5 dias, já que
13 × 29,5 = 383,5. Era mais longo, portanto, do que um ano verdadeiro,
que é o tempo que leva para a Terra girar em torno do Sol – um ano
solar.

VOLTA AO SOL EM POUCO MAIS DE 365 DIAS


Por que era tão difícil dividir um ano? A resposta é que a Terra leva
365,25 dias para girar em torno do Sol, menos onze minutos, então não
é possível dividir um ano em partes iguais. Com o passar dos anos, esse
¼ de dia extra começa a se acumular. Um dia, nosso ano ficaria tão
dessincronizado que celebraríamos o ano-novo no inverno.

CALENDÁRIO CAÓTICO
Os romanos antigos tinham percebido o problema havia muitos anos,
e, em 45 a.C., o ditador Júlio César promoveu mudanças no calendário.
O problema foi que isso bagunçou completamente o ano – os dias
estavam tão errados que Júlio César adicionou noventa dias extras ao
ano 46 a.C. para corrigir o problema. Não é à toa que aquele foi
considerado o “ano da confusão”!

QUERIDOS ANOS BISSEXTOS


Para evitar que o problema se repetisse, os romanos decidiram
acumular o ¼ de dia extra por três anos, adicionando um dia inteiro no
quarto ano, de maneira que ele tivesse 366 dias. Esses são anos
bissextos. No entanto, o calendário ainda não estava certo – o ano
ainda estava onze minutos mais longo! Com os anos, esses onze
minutos se acumularam novamente e, em meados do século XVI, o
calendário estava defasado em dez dias.
Então, em 1582, o papa Gregório anunciou que esses dez dias seriam
omitidos para corrigir novamente o calendário. Também foi decidido
que os anos múltiplos de cem, como 1600, 1700 e 1800, não deveriam
ser anos bissextos, a não ser que também fossem múltiplos de
quatrocentos. Em alguns países, a correção só foi feita muito mais
tarde. Na Inglaterra, por exemplo, a correção foi feita em 1752, quando
foram omitidos onze dias. Dizem que isso gerou distúrbios no país, com
algumas pessoas alegando que o governo havia roubado onze dias de
suas vidas!
INDO DE A ATÉ B
Cálculos e fórmulas são ótimos quando temos muita informação
matemática, mas, às vezes, uma figura é muito mais útil. Pegue o caso
de um trajeto, por exemplo. É bem simples dizer: “Passe a Colina do
Poço dos Desejos e atravesse a Floresta do Lobo Mau para chegar à
Casa da Vovó”, mas e se você tivesse que ajudar alguém a viajar por
uma distância maior? É mais fácil fazer isso desenhando um mapa.

ACERTANDO O TAMANHO
Desenhar um mapa é melhor do que nada, mas não diz muita coisa em
relação à distância entre os lugares, ou ao tamanho das coisas em
relação a outras. O melhor seria um mapa desenhado em escala.
Este mapa está em escala, exibida como uma razão, de 1:10.000.
Isso significa que 1 centímetro no mapa equivale a 10.000 centímetros –
ou 100 metros – no mundo real. Você pode usar a escala em um mapa
para ajudá-lo a calcular distâncias.
Para calcular uma distância em linha reta, você só precisa de um
pedaço de papel. Faça marcas no comprimento da escala – no caso,
marcas de 1 centímetro – em seu pedaço de papel, depois coloque-o
sobre o mapa para calcular as distâncias entre os lugares. Por exemplo,
a distância entre o Castelo da Rainha Malvada e a Casa da Vovó é de 4
centímetros. Na escala 1:10.000, isso equivale a 40.000 centímetros, ou
400 metros.
Se você quiser medir uma distância que não seja uma linha reta,
pode usar um pedaço de barbante para seguir a curva de sua rota –
contornando a Colina do Poço dos Desejos, por exemplo. Depois, pode
comparar a quantidade de barbante com a sua escala.

A ESCALA DAS ALTURAS


Os mapas podem mostrar até mesmo as elevações e os declives do solo
usando as chamadas curvas de nível. Cartógrafos marcam pontos em
uma colina ou vale que possuem a mesma altura e os unem em uma
série de anéis. Os anéis mostram a forma e as alturas relativas de
colinas e montanhas e a profundidade de vales. Ladeiras íngremes são
exibidas em um mapa com linhas paralelas próximas; ladeiras mais
suaves possuem linhas mais espaçadas. Neste mapa, os anéis da Colina
do Poço dos Desejos estão bastante próximos, indicando que ele é
muito íngreme – talvez seja melhor contorná-lo!

ONDE FICA O NORTE?


Para poder ler um mapa, você também precisa ter conhecimento sobre
direção. Ela é mostrada por meio de uma flecha apontada para o topo
do mapa, indicando o norte. Ao consultar o mapa com o auxílio de uma
bússola, você pode se certificar de que está indo na direção correta. É
útil porque funciona sob qualquer condição.
GRADES MARAVILHOSAS

A maioria dos mapas possui linhas de grade horizontais e verticais que


seguem a escala. Neste mapa, cada quadrado na grade possui 1
centímetro de largura. Como você sabe que a escala é de 1:10.000,
então também sabe que cada quadrado representa 100 metros no solo.
As linhas de grade nos ajudam a localizar um ponto exato no mapa
usando as referências da grade. Por exemplo, você pode pedir a seus
amigos que o encontrem em 2317. Para encontrar o local exato do
ponto de encontro, eles precisarão saber o que esses números
significam. No caso, os primeiros dois dígitos dizem onde olhar na
horizontal (linhas verticais), e os dois últimos onde olhar na vertical
(linhas horizontais).
Todos os seus amigos então o encontrarão na margem do rio ao
norte da Ilha do Pirata – no cruzamento da linha vertical 23 com a linha
horizontal 17.
X INDICA O LOCAL
Talvez você tenha que indicar um local mais exato que fique entre as
linhas de grade – o Castelo da Rainha Malvada, por exemplo. Nesse
caso, você vai precisar fornecer como referência um número de seis
dígitos para ajudar seus amigos a localizá-lo. O número 216205 mostra
a localização exata do castelo. Os dois primeiros dígitos mostram a
linha vertical 21, e o quarto e quinto dígitos, a linha horizontal 20.

216205

Você então precisa imaginar que cada quadrado está dividido em


cem quadrados menores, cada um com 10 metros de largura – dez na
horizontal e dez na vertical. O terceiro dígito mostra a posição
horizontal exata: 6. O sexto dígito mostra a posição vertical exata: 5.
Isso indica que o castelo está a 60 metros ao leste e 50 metros ao
norte do canto do quadrado 2120.

COORDENADAS ESPERTAS
Se souber as coordenadas, ou referências da grade, de duas
localidades, você pode calcular a distância entre elas. No mapa a
seguir, um explorador aparece na referência 212173 – e ele quer chegar
à Casa da Vovó, que está em 252204.

Para calcular a distância entre os dois pontos, você pode desenhar


um triângulo retângulo sobre o mapa e usar o teorema de Pitágoras,
segundo o qual a soma dos quadrados dos catetos (os lados mais
curtos) é igual ao quadrado da hipotenusa (o lado mais longo). (Para
saber mais sobre Pitágoras, ver páginas 22 e 23.) Então, para encontrar
a distância até a Casa da Vovó – o lado longo do triângulo –, você
primeiro precisa calcular os comprimentos dos dois lados mais curtos.
Aqui, a linha horizontal mostra quão a leste está a Casa da Vovó em
relação à posição atual do explorador. Ele está a 20 metros a leste da
linha vertical 21, e a casa está a 20 metros a leste da linha vertical 25.
Cada quadrado é igual a 100 metros, então a reta horizontal A tem 400
metros de comprimento.
A linha vertical mostra quão ao norte está a Casa da Vovó em
relação ao explorador. Ele está a 30 metros ao norte da linha horizontal
17, e a casa está a 40 metros ao norte da linha horizontal 20, portanto a
reta vertical B tem 310 metros de comprimento.
Agora você pode aplicar o teorema de Pitágoras:

400 × 400 = 160.000 metros e


310 × 310 = 96.100 metros
Se a2 + b2 é igual ao quadrado da distância até a Casa da Vovó, e
essa soma é igual a 256.100, então a casa está a aproximadamente 500
metros do explorador (há um botão de raiz quadrada em algumas
calculadoras, com o símbolo “√”, para ajudá-lo no cálculo!).
GRÁFICOS FANTÁSTICOS
A maneira mais fácil de organizar muitas informações, ou dados, pode
ser usando um diagrama. Diagramas podem apresentar dados de
maneira clara e inteligível e torná-los mais fáceis de ser entendidos –
podem ser utilizados até mesmo para prever valores futuros.
Matemáticos usam muitos tipos de diagrama – gráficos de barra, de
pizza e diagramas de Venn são apenas alguns deles. É importante
escolher o tipo certo de diagrama para a informação, ou ela poderá não
fazer sentido.

COLOQUE NUM GRÁFICO


Um gráfico de linha pode ser usado para representar graficamente
informações que variam ao longo do tempo. Por exemplo, o gráfico a
seguir mostra a altura de um menino de seu nascimento até os 18 anos,
ano a ano:
O canto inferior esquerdo mostra o início da escala horizontal –
também conhecida como eixo x – e o da escala vertical – também
conhecida como eixo y.
Ao unir os pontos referentes a cada ano, pode-se observar o padrão
de crescimento do nascimento até quando o garoto atinge a idade
adulta. Fica claro que o garoto cresceu rapidamente em seu primeiro
ano e que a taxa de crescimento desacelerou à medida que ele se
aproximava dos 18 anos.

PROJETANDO O FUTURO
No gráfico de linha da página anterior, todas as informações
necessárias estavam incluídas. E se você quisesse usar um gráfico para
tentar descobrir o que poderia acontecer depois?
Por exemplo, imagine que um carro viaja por uma estrada e que um
passageiro está marcando o tempo a cada 200 metros. Os dados estão
apresentados na seguinte tabela:
Distância Tempo
(metros) (segundos)
0 0
200 22
400 35
600 57
800 84
1.000 96
1.200 123

Essa informação pode ser representada em um gráfico com o tempo


no eixo x e a distância no eixo y, assim:

A velocidade do carro está mudando o tempo todo, então, em vez


de ligar todos os pontos, uma linha de tendência foi desenhada,
passando pelo maior número de pontos possível. Ela fornece a
velocidade média do carro (ver páginas 81 a 83).
Você pode usar essa linha de tendência para calcular quanto tempo
o carro levaria para viajar 1.400 metros. No gráfico, você verá que a
linha mostra que, se o carro continuasse viajando na mesma
velocidade média, levaria 132 segundos para viajar 1.400 metros.

ACOMPANHANDO TENDÊNCIAS
Os gráficos também podem olhar para o que chamamos de tendências.
Uma tendência é a direção geral na qual algo está se movendo. O
gráfico ao lado apresenta a expectativa de vida média dos habitantes
da Inglaterra de 1960 até 2010 e mostra que a expectativa de vida no
país está aumentando.
Se você desenhar uma linha de tendência sobre as observações do
gráfico, ele mostrará uma tendência de aumento na expectativa de
vida. Em 1960, a média era de 71 anos e, em 2010, era de pouco mais de
80 anos. Portanto, em cinquenta anos, a expectativa de vida aumentou
nove anos.
Você pode “extrapolar”[1] (ou prever) como a informação se
comportaria no futuro estendendo a linha de tendência pelos dez anos
seguintes. Você pode ver que, em 2020, a média da expectativa de vida,
mostrada aqui com uma linha tracejada, deve girar em torno de 81
anos.

ERROS E MAL-ENTENDIDOS
Às vezes, os dados em um gráfico podem parecer um pouco estranhos.
Veja o caso de um gráfico sobre o Cure-O, um medicamento que se
propõe a curar soluços.

O primeiro gráfico mostra a linha de tendência para os dados.


Parece sugerir que, se você tomasse vinte doses de Cure-O, não teria
mais soluços.
No entanto, quando se olha para as observações individuais das
dosagens, elas aparecem tão dispersas no gráfico que não há de fato
uma tendência clara.

Na verdade, se você omitir algumas das observações, a linha de


tendência muda, fazendo parecer que, quanto mais Cure-O você tomar,
mais soluços terá!
Isso mostra a importância de se analisar os dados com bastante
cuidado.
É fácil tirar conclusões precipitadas quando você começa a
extrapolar, e isso pode produzir resultados estranhos!
Quando você apresentar os dados em um gráfico, especialmente se
estiver usando um programa de computador para adicionar a linha de
tendência, certifique-se de que seus resultados façam sentido!

FAZENDO UMA MÉDIA COM OS NÚMEROS


Os gráficos são apenas uma das maneiras de explorar dados. Assim
como os métodos a seguir, eles fazem parte de uma área da
matemática chamada estatística.

TIRANDO A MÉDIA
Se você toma o mesmo ônibus todos os dias, pode querer descobrir
quanto tempo em média dura o trajeto. A primeira coisa que você
precisa fazer é anotar quantos minutos leva cada viagem. Seus dados
vão se parecer com algo deste tipo:

12, 11, 12, 12, 9, 9, 13, 15, 13, 13, 13, 13, 10, 10, 10

Mas como esses dados podem ajudá-lo? Para descobrir a duração


média do trajeto, você só precisa somar os números e depois dividir o
total pelo número de viagens que fez. Há quinze números no total, cuja
soma é igual a 175, portanto:

175 ÷ 15 = 11,7

Isso nos diz que seu trajeto de ônibus leva em média 11,7 minutos.
O QUE TEM NO MEIO?
Em vez de calcular a média, você pode querer calcular a mediana. Esse
é o dado que aparece no centro do grupo de observações. A primeira
coisa que você precisa fazer é colocar os dados em ordem crescente. Há
quinze observações, portanto a mediana é o oitavo número – 12 –,
mostrado abaixo em negrito:

9, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15

Se houver um número par de observações, a mediana será formada


pelos dois números do meio somados e divididos por 2:

9, 10, 11, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15

Nesse caso, 12 e 13 são os números do meio, que somam 25,


portanto a mediana é 25 ÷ 2 = 12,5.

NA MODA
Uma terceira coisa que pode ser calculada é o dado que aparece com
maior frequência, ou moda.

9, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15

Nessa lista, a moda é 13, porque ele aparece cinco vezes.

DADOS DISTORCIDOS
O que aconteceria se, um dia, houvesse muito trânsito e sua viagem de
ônibus levasse 80 minutos em vez de 12? A soma das durações das
quinze viagens seria 243 em vez de 175, de forma que a média
aumentaria para 16,2 minutos. Isso enviesa sua duração média da
viagem. É aqui que a mediana e a moda podem ser úteis, já que ambos
os valores permanecem os mesmos e podem ser usados como guias.
Isso mostra quão importante é analisar bem seus dados antes de tirar
qualquer conclusão.

ORGANIZANDO OS NÚMEROS
Imagine que foi medida a altura de mil homens.
Mil números é bastante número para trabalhar. No entanto, você
pode classificá-los em ordem crescente, depois agrupá-los em
intervalos – 140 a 144,9 centímetros, 145 a 149,9 centímetros, e assim
por diante. Você pode então contar o número de pessoas em cada
intervalo e projetar o resultado em um histograma, ou gráfico de
barras, assim:
Essa forma curva é conhecida como distribuição normal. Em uma
distribuição normal de dados como essa, a média, a mediana e a moda
estão todas no mesmo lugar, bem no meio.
Ao agrupar os dados dessa maneira, você pode ver que, dos mil
homens, há poucos nos intervalos de altura mais baixa e mais alta e
mais agrupados em torno da média.

A ARMADILHA DE NÚMEROS DE VENN


Gráficos de linha e de barra nem sempre são a maneira mais efetiva de
exibir dados. Se você precisa mostrar a relação entre diferentes
conjuntos de dados, um diagrama de Venn pode ser útil. O diagrama
recebe o nome de John Venn, que teve a ideia em 1881, e consiste em
círculos que se sobrepõem. A área comum aos círculos sobrepostos
representa o que os dois conjuntos de dados têm em comum.
SORVETE COM ERVILHA
Se você perguntasse a vinte amigos se eles gostam de sorvete e de
ervilha, poderia apresentar o resultado em um diagrama de Venn de
acordo com as respostas deles. Nesse exemplo, 18 amigos disseram
gostar de sorvete, dos quais 8 disseram também gostar de ervilha, e os
últimos 2 gostam de ervilha, mas não de sorvete:
O círculo A mostra os amigos que gostam de sorvete. O círculo B
mostra os amigos que gostam de ervilha.
A área C, onde os dois círculos se sobrepõem, representa as pessoas
que gostam tanto de sorvete quanto de ervilha – essas pessoas são
comuns a ambos os conjuntos.

MUITAS PREFERÊNCIAS
Um inventor chamado Professor X criou um robô e espera que ele se
torne bastante popular. Gizmoide sabe jogar futebol e tênis e pode
cuidar de seu cachorro de estimação enquanto você está na escola.
Parece uma ideia brilhante: futebol e tênis são esportes bem populares,
e muitas pessoas possuem cães de estimação.
Para se certificar, o Professor X conduz uma pesquisa de opinião,
perguntando a cem pessoas se elas jogam futebol ou tênis e se
possuem um cachorro de estimação. Seus dados mostram que 54
pessoas gostam de jogar futebol, 32 jogam tênis e 46 possuem um
cachorro. Apenas 3 pessoas não gostam de futebol ou tênis nem
possuem cachorro.
O resultado parece promissor, mas a coisa realmente útil dos
diagramas de Venn é que eles podem mostrar a relação entre dois ou
mais conjuntos de dados. Se alguém não gosta de nenhuma dessas três
coisas, elas aparecem fora dos círculos. Então o Professor X usa esse
diagrama para mostrar quão popular o Gizmoide seria.
Rapidamente, o Professor X consegue visualizar o número de
pessoas em cada preferência.
Portanto, das cem pessoas pesquisadas pelo Professor X, apenas
uma faria uso de todas as funcionalidades do Gizmoide!

UMA DELICIOSA FATIA DE PIZZA


Lembra-se da pesquisa arrepiante da página 77? Ela encontrou 4
minhocas, 16 formigas, 3 besouros e 1 lesma. Em vez de simplesmente
escrever esses dados na forma de lista, você poderia mostrá-lo
visualmente usando um gráfico de pizza, com fatias de diferentes
tamanhos representando a informação.

FAZENDO A PIZZA
Se você tiver um computador, ele deve ser capaz de gerar um gráfico de
pizza. Basta digitar os dados, apertar alguns botões, sentar e relaxar.
No entanto, se você estiver desenhando um gráfico de pizza à mão, sua
primeira tarefa é calcular quantos graus cada inseto e ser rastejante
representa na pizza.
Primeiro, você precisa somar todos esses animais para obter o total
– 24. Depois, precisa calcular a fração do total que cada animal
representa.

As 16 formigas podem ser escritas como , que é a mesma coisa


que ⅔, ou 0,66 em decimal. (Ver páginas 27 a 29 para refrescar a
memória sobre o assunto.) Multiplique 0,66 pelos 360° de um círculo, e
você saberá quantos graus deverá ter a fatia dada às formigas – 240°. As
minhocas precisam de 60°, os besouros, de 45°, e as lesmas, de 15°.
Agora você pode dividir seu círculo em fatias para cada um deles.
Observe que, se você somar todos esses ângulos, o total será 360°.

O QUE ACONTECE DEPOIS?


Às vezes, seria bastante útil saber o que poderia acontecer no futuro.
Por exemplo, você pode querer descobrir se vai chover no fim de
semana ou se fará sol no feriado. Embora seja difícil ter certeza, é
possível calcular a probabilidade de que algo aconteça e expressar isso
em números.

IMPROVÁVEL
Um grupo de matemáticos, os estatísticos – pessoas que estudam
estatística –, passa a vida toda calculando a chance de algo acontecer.
Por exemplo, as chances de ganhar na loteria são de cerca de uma
em 14 milhões – ou seja, você teria muita sorte se ganhasse. As chances
de você ser atingido por um raio é de uma em 3 milhões – um grande
azar, mas ainda assim muito improvável!
SERÁ POSSÍVEL?
Há um truque para prever as chances de algo acontecer. Talvez você
queira saber qual é a chance de jogar um dado e conseguir o número
seis, por exemplo. Para calcular isso, você precisa contar o número de
resultados possíveis – quantos números diferentes podem aparecer no
dado – e que fração disso o seis seria.
Quando se joga um dado, há seis possíveis resultados, porque ele
possui seis faces. No entanto, apenas uma delas é a que você quer. Isso
significa que as chances de tirar um determinado número são de uma
em seis.
Se você quisesse descobrir as chances de tirar um número par em
vez de um específico, precisaria saber quantos lados há com número
par em relação ao total de faces do dado. Há três números pares, ou
seja, as chances de tirar um número par são de três em seis – o
equivalente a uma em duas. Obviamente, as chances de tirar um
número ímpar são as mesmas.

QUE PREVISÍVEL!
Os estatísticos estão mesmo interessados é em probabilidade. A escala
abaixo, que vai de 0 a 1, mostra qual é a probabilidade de algo
acontecer:

Por exemplo, a probabilidade de um peixinho de aquário vir a


morrer é de 1, já que todo peixinho um dia morre. Você também pode
expressar essa probabilidade como porcentagem: a probabilidade de
um peixinho de aquário morrer um dia é de 100%.
PARA SER PRECISO
Quando se fala de probabilidade, é importante lembrar que a maneira
como você a expressa pode mudar o sentido; por isso, você deve ser
preciso na descrição do que está sendo medido. Por exemplo, a
probabilidade de um peixinho morrer em um momento específico, ou
em um dia específico, é bem diferente da probabilidade de um peixinho
morrer algum dia.

UMA HIPÓTESE RAZOÁVEL


Você se lembra do Cure-O, o medicamento para soluço da página 104?
Se fosse um remédio de verdade, os cientistas teriam que ter certeza
absoluta da sua eficácia antes que ele pudesse ser usado para tratar as
pessoas.
Os cientistas que testam um novo medicamento formulam o que é
chamado de hipótese: uma teoria que precisa ser comprovada ou
refutada. Para fazê-lo, eles coletam e analisam dados de experimentos
para calcular se os resultados são genuínos ou fruto do acaso. A partir
daí, podem decidir se o dado é estatisticamente significativo ou não. Se
a probabilidade de que o medicamento seja efetivo é de 0,99, ou 99%,
então podem dizer com confiança que ele é efetivo – diferentemente do
fictício Cure-O, que não funcionava. Mesmo se o medicamento curar,
ainda é preciso conduzir testes para se certificar de que ele é seguro em
humanos!
ULTRASSECRETO!
As pessoas vêm usando mensagens cifradas há mais de 4 mil anos.
Algumas técnicas envolviam trocar letras do alfabeto ou usar símbolos,
mas muitas se baseavam na matemática. Essa ciência dos códigos
secretos (e da tentativa de decifrá-los) é conhecida como criptografia.

O CÓDIGO DE CÉSAR
Mais de 2 mil anos atrás, Júlio César desenvolveu uma simples técnica
de criptografia chamada de cifra de substituição. Nela, você substitui
cada letra em sua mensagem por outra letra do alfabeto algumas casas
depois. Em geral, César deslocava três casas para a direita – então A se
tornava D, B virava E, e daí em diante.

FALHAS FREQUENTES
O problema com as cifras de substituição é que são fáceis de serem
quebradas. Isso acontece porque algumas letras aparecem com uma
frequência maior do que outras e produzem padrões, que também
apareceriam na sua mensagem cifrada. Por exemplo, em inglês, a letra
mais comum é E. Ao analisar uma mensagem cifrada, é bastante fácil
perceber qual é a letra que mais aparece, essa letra, provavelmente, foi
trocada pelo E. Se a letra H for a mais frequente, você pode afirmar que
é bastante provável que cada letra da mensagem tenha sido
substituída por outra que fica três casas adiante no alfabeto.
Em 1465, um italiano chamado Leon Alberti publicou a primeira
tabela de frequência de que se tem notícia, que mostrava com que
frequência as letras apareciam e ajudava as pessoas a decifrar códigos
simples.

É O POLÍBIO?
Um método um pouco mais efetivo do que a cifra de substituição foi
criado por um grego chamado Políbio. Sua técnica envolvia dispor as
letras do alfabeto em uma matriz:

Para criptografar uma mensagem com o quadrado de Políbio, você


substitui cada letra por dois números – o número da linha seguido do
número da coluna. A letra H, por exemplo, torna-se 23. Tente usar o
quadrado para decodificar a seguinte mensagem (a solução é mostrada
abaixo):

51, 34, 13, 15 13, 34, 33, 43, 15, 22, 45, 24, 45,
43, 45, 35, 15, 42, 14, 15, 44, 15, 44, 24, 51, 15!

DESVENDANDO O QUADRADO
Ainda assim, é fácil quebrar o código, uma vez percebido que a letra
mais frequente, E, é representada pelo número 15. No entanto, você
poderia adicionar uma “chave” – uma palavra que muda a disposição
do alfabeto em seu quadrado de Políbio – para tornar o código mais
difícil. Assim, quando alguém lhe enviasse uma mensagem, e tanto
você quanto a pessoa possuíssem a mesma chave – “zebra”, por
exemplo –, essas letras seriam colocadas no alfabeto primeiro,
seguidas pelo resto do alfabeto. Uma pessoa que tentasse quebrar o
código teria que saber a chave para conseguir colocar as letras no lugar
certo do quadrado e então decifrar a mensagem.

RESOLVENDO O ENIGMA
Uma máquina de criptografia parecida com uma máquina de escrever,
conhecida como Enigma, foi inventada nos anos 1920 e usada pela
Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Quando a mensagem era
digitada, uma série de rotores a transformava em um texto cifrado para
manter a comunicação em segredo.
A máquina Enigma era extremamente complexa, com tantas
combinações possíveis que muitas pessoas acreditavam que fosse
indesvendável. E mais: a chave mudava diariamente à meia-noite. No
entanto, um grupo de pessoas trabalhou de maneira incansável para
tentar desvendar o código. Alan Turing (ver página 141) e seus colegas
de Bletchley Park, na Inglaterra, possuíam uma máquina Enigma e uma
máquina eletromecânica chamada de Bomba.

Ao colocar pequenos trechos de uma mensagem que já havia sido


decifrada, que eles chamavam de cola, o grupo foi capaz de usar a
Bomba para desconsiderar configurações incorretas e encontrar as
corretas para decifrar a mensagem inteira. Acredita-se que esse projeto
ultrassecreto que desvendou a Enigma tenha ajudado a encurtar a
duração da Segunda Guerra Mundial.

CRIPTOGRAFIA DE COMPUTADOR
Atualmente, as informações podem ser criptografadas e
descriptografadas num piscar de olhos com o uso de computadores. A
internet, informações bancárias, tudo é criptografado de maneira cada
vez mais complexa. Às vezes, esses códigos são quebrados por hackers,
que usam meios sempre muito engenhosos para obter as informações.
O FATOR X
Uma área da matemática chamada de álgebra pode ser usada para
calcular quantidades quando você já possui parte das informações de
que precisa. Tudo o que você tem de fazer é equilibrar a equação – um
cálculo que equilibra os dois lados de uma balança. Veja como:

EQUAÇÃO FÁCIL
Uma equação, como x = 2+1, pode parecer estranha num primeiro
momento, mas há uma maneira fácil de enxergar as equações que o
ajudará a resolvê-las. Imagine uma balança antiga, daquelas com um
prato pendente em cada extremidade, e que em cada um deles esteja
um dos lados da equação. Tudo o que está à esquerda do sinal de igual
precisa estar em equilíbrio com o que está à direita. A solução – o valor
de x – terá que ter o mesmo valor de tudo o que está do outro lado.
Você sabe que 2+1 é igual a 3, então, para que as escalas estejam
equilibradas, x também precisa ser 3.

3=2+1
SUBTRAÇÃO SIMPLES
Você também pode se deparar com equações como x + 1 = 2. Parece um
pouco mais difícil do que a equação anterior, mas a regra de que ambos
os lados devem estar em equilíbrio ainda se aplica. Para descobrir o
valor de x dessa vez, você precisa reordenar a equação para que x fique
isolado em um dos lados do sinal de igual:

“x + 1 = 2” é o mesmo que “x = 2 – 1”

Em outras palavras, x = 1, de maneira que a equação é


simplesmente 1 + 1 = 2.

MÚLTIPLAS CONFUSÕES
Às vezes, você pode se deparar com uma equação em que tem que
multiplicar para achar a resposta:

x × 3 = 10 × 2 + 1

A maneira como o lado direito da equação foi escrito está confusa.


Seria 10 × 2 = 20 + 1 = 21, ou 10 × 3 = 30? Os matemáticos evitam essa
confusão usando parênteses e calculando primeiro o que aparece entre
eles. Então, em

x × 3 = 10 × (2+1)

é fácil ver que x × 3 = 10 × (3), que é igual a 30.


Como x × 3 = 30, para descobrir x, você precisa dividir a resposta do
lado direito pelo 3 da esquerda. Então:

x × 3 = 30
é a mesma coisa que dizer que x = 30 ÷ 3. Portanto, x precisa ser 10.

PARA QUE SERVE A ÁLGEBRA?


Você deve estar olhando para essas equações e se perguntando para
que serve a álgebra. Parece muito trabalho para descobrir
simplesmente que x = 1 ou x = 10, mas a álgebra pode ser útil para
vários outros assuntos além da matemática.
Na física, por exemplo, muitas leis importantes, como a lei da queda
dos corpos de Galileu (ver páginas 82 e 83), são simplificadas em uma
equação. As equações também são usadas na química, na economia e
até na geografia.
BOA, SHERLOCK
A lógica é uma área da matemática que, como muitas outras, teve
origem na Grécia Antiga. Ela é usada para provar teorias e ideias
usando métodos e sistemas estritamente formais.

LOGICAMENTE FALANDO
Tradicionalmente, a lógica era vista como um ramo da filosofia – o
estudo do pensamento e das ideias. Um dos exemplos mais conhecidos
de lógica é um silogismo – raciocínio composto por duas proposições e
uma conclusão – envolvendo o pensador grego Sócrates:
Todas as pessoas são mortais.
Sócrates é uma pessoa.
Portanto, Sócrates é mortal.

A lógica não garante que as afirmações sejam verdadeiras, mas


pode ser usada para analisar a ideia por trás das afirmações e a
conclusão que se segue caso fossem. Por exemplo, caso se descobrisse
que Sócrates não era uma pessoa, mas uma estátua, então a conclusão
seria falsa. Seria mais correto escrever as afirmações assim:
Se é verdade que
todas as pessoas são mortais.
E se é verdade também que
Sócrates é uma pessoa.
Então, só pode ser verdade que
Sócrates seja mortal.

Agora, a conclusão está correta, seja Sócrates uma pessoa ou uma


estátua.

APLICANDO A LÓGICA
Uma abordagem lógica como essa pode ser útil na matemática. Faz
você olhar para a estrutura do que está sendo dito e ajuda a identificar
problemas por meio de afirmações. Você também pode usá-la para
garantir que todo o seu raciocínio esteja sendo expresso corretamente.

A LÓGICA REINVENTADA
No século XIX, um matemático chamado George Boole percebeu que a
maneira como a lógica vinha sendo usada na filosofia também poderia
ser adotada pela álgebra. Isso ficou conhecido como álgebra booliana.
O trabalho de Boole foi retomado no século XX por três matemáticos
notáveis – Gottlob Frege, Bertrand Russell e Alfred Whitehead. Eles
queriam demonstrar que, empregando um determinado conjunto de
regras, qualquer teoria matemática poderia ser provada utilizando a
lógica.

UMA MÁQUINA DE MATEMÁTICA


O primeiro instrumento de cálculo foi o ábaco, usado há mais de 4 mil
anos. Nos séculos seguintes, muitas outras máquinas de cálculo foram
desenvolvidas – incluindo a máquina diferencial de Charles Babbage,
de 1822, a qual, usando uma série de rodas dentadas, podia fazer
cálculos e armazenar dados.

LIGADO, DESLIGADO
O desenvolvimento do tipo de computador usado atualmente foi
possível graças à lógica e começou com o acionamento de uma chave.
O flip-flopé um tipo de componente eletrônico que pode ser usado
para armazenar informação, e foi inventado no início do século XX.
Se um impulso elétrico fosse enviado por um circuito com o flip-flop,
ele fazia com que uma lâmpada se acendesse.
Um segundo impulso, e a lâmpada se apagava. Não impressiona
muito, né? No entanto, isso permitia ao circuito armazenar informação
– o fato de que o impulso havia sido recebido – da maneira mais
simples possível.
Pode não parecer uma grande descoberta hoje – e à época também
não foi motivo de muita empolgação. Mas, ao se agruparem vários
dispositivos como esse, era possível armazenar uma sequência de
impulsos em uma fileira de lâmpadas, algumas acesas e outras
apagadas.
DE VOLTA AO BINÁRIO
É aqui que os flip-flops ficam interessantes. Se você atribuir às
lâmpadas acesas e apagadas os números “1” e “0”, respectivamente, a
coisa começa a se parecer cada vez mais com código binário (ver
páginas 13 e 14). Aqui, a sequência de lâmpadas é:

ou 1001, em binário. Se você se lembra das colunas do 1, do 2, do 4 e do


8, isso significa um 8 e um 1, ou 9:
Ao interligar circuitos eletrônicos, as sequências de luzes em duas
fileiras de lâmpadas poderiam ser somadas – em outras palavras, elas
poderiam ser usadas para efetuar cálculos. Diferentes componentes
também podem ser incluídos para realizar outras funções. Por
exemplo, eles poderiam se conectar de tal forma que, se um deles ou
ambos estivessem acesos, uma terceira lâmpada se acendesse.

Se nenhuma lâmpada estive acesa, então a terceira também estaria


desligada, assim:
Esse tipo de circuito é conhecido como circuito lógico. Ele
representa a ideia de que, se uma ou outra coisa é verdadeira, então
uma terceira coisa também é verdadeira (ver páginas 126 e 127).

OS PRIMÓRDIOS
Há um grande debate sobre qual foi o primeiro computador a ser
construído. Só se sabe que os primeiros modelos ocupavam salas
inteiras de tão enormes, eram muito caros e precisavam de diversas
pessoas para operá-los.
UM COMPUTADOR EM SEU BOLSO
No final dos anos 1960, o desenvolvimento de um circuito integrado,
conhecido como microchip, permitiu que fossem construídos
computadores muito menores. Surgia assim o computador pessoal. Os
primeiros eram bastante limitados em termos de memória – meros 16
KB –, e os programas eram gravados e lidos em fitas cassete. Apenas
quatro décadas depois, as pessoas podem usar telefones celulares com
muitos gigabytes de memória para navegar pela internet.
PROVE
Todo novo teorema precisa ser provado para que possa ser aceito – e
há muitas maneiras de prová-los.
PENSANDO DE CABEÇA PARA BAIXO
Para descobrir se uma afirmação é verdadeira, faça uma afirmação
oposta. Se esta pode ser refutada, a primeira afirmação precisa ser
verdadeira. Isso é chamado de prova por contradição.
Um dos melhores exemplos de prova por contradição foi um desafio
resolvido pelo matemático suíço Leonhard Euler. O desafio perguntava
se era possível passar por todos os quatro distritos de Königsberg, na
Rússia, cruzando cada uma de suas sete pontes apenas uma vez. Tentar
cada rota possível levaria muito tempo, mas Euler conseguiu chegar à
resposta usando a prova por contradição – sem sair do conforto de sua
poltrona.
O primeiro passo foi formular a hipótese de que havia com certeza
uma rota na qual cada ponte pudesse ser atravessada somente uma
vez. Ele logo raciocinou que, para que cada ponte fosse atravessada
apenas uma vez, precisaria haver um número par de pontes. Se
houvesse apenas uma ponte, você não poderia entrar e sair de um
distrito sem atravessá-la duas vezes – se houvesse três, você poderia
entrar por uma e sair por outra, mas a terceira não seria atravessada.
Como eram sete pontes, Euler tinha provado por contradição que não
havia uma rota possível na qual as pontes pudessem ser atravessadas
apenas uma vez.
ARGUMENTO CIRCULAR

Este aviso incomum é um exemplo de paradoxo – algo absurdo, que se


contradiz. É impossível obedecer a ele. Existem muitos paradoxos por
aí. Alguns deles foram criados por pura diversão, outros para testar os
limites da matemática.

O PARADOXO DO BARBEIRO
“O barbeiro faz a barba de todos os homens
que não barbeiam a si mesmos.”

Essa afirmação é um paradoxo atribuído a Bertrand Russell. É absurdo


porque leva a uma contradição: se o barbeiro fizesse a própria barba,
isso faria dele um homem que se barbeia e, portanto, ele não poderia
ser um barbeiro.

O TEOREMA INCOMPLETO
Em 1931, um matemático austríaco chamado Kurt Gödel publicou seu
teorema da incompletude. Ele provava que em qualquer sistema lógico
complexo deve haver algumas afirmações impossíveis de serem
provadas ou refutadas e que o sistema terá lacunas que não podem ser
preenchidas. Também demonstrou que a matemática é um desses
sistemas. Isso significa que deve haver partes da matemática que não
podem ser provadas e outras que nunca serão descobertas. Se não
podem ser descobertas, ninguém nem sabe quais são – que confuso!

MESTRES DOS NÚMEROS


Você já ouviu falar sobre o trabalho de alguns dos mais brilhantes
matemáticos na história. Agora, conheça um pouco mais da história de
algumas das pessoas que fizeram descobertas incríveis ao longo dos
séculos.

PITÁGORAS (c. 580 a.C.-c. 500 a.C.)


Matemático grego a quem se atribui o teorema que leva seu nome. Pitágoras e seus
seguidores acreditavam que tudo poderia ser descrito com números. Ele também
descobriu os números irracionais. Pouco se sabe sobre ele e seus seguidores, fora o
fato de que não podiam comer lentilhas nem carne! (Para saber mais sobre
Pitágoras, ver páginas 22 a 24.)
EUCLIDES (c. 325 a.C.-c. 265 a.C.)
Euclides foi um matemático grego que escreveu um guia de treze volumes sobre
geometria chamado Os elementos, considerado até hoje uma obra-prima de lógica
matemática. O ramo da geometria que estudou leva seu nome, geometria
euclidiana, mas pouco se sabe sobre a vida de Euclides.

ARQUIMEDES (c. 287 a.C.-c. 212 a.C.)


O matemático grego Arquimedes calculou pi com uma precisão fantástica para a
época. Também mediu a área de figuras geométricas e era um inventor.

LEONARDO PISANO FIBONACCI (1170-1250)


Matemático italiano que dá nome à famosa sequência de números. Passou muitos
anos viajando e, uma vez de volta à sua terra natal, encorajou as pessoas a adotar
boas práticas desenvolvidas por ele, como o uso dos dígitos 0 a 9, com sua famosa
obra Liber Abaci [Livro de cálculo].

GALILEU GALILEI (1564-1642)


Galileu foi provavelmente o primeiro cientista a perceber que as leis do Universo são
matemáticas. Ajudou a provar que os planetas giram em torno do Sol, descreveu a
maneira como os objetos oscilam e caem e usou um dos primeiros telescópios para
estudar o céu estrelado. Suas ideias eram tão radicais que foi levado a julgamento
em 1634 e condenado à prisão domiciliar pelo resto de sua vida.
JOHANNES KEPLER (1571-1630)
Kepler descreveu as leis que regem a maneira como os planetas giram ao redor do
Sol. Percebeu que os planetas se movem em órbitas elípticas e que sua velocidade
não é constante.

RENÉ DESCARTES (1596-1650)


René Descartes não apenas inventou o sistema moderno de gráficos e coordenadas,
como também foi o primeiro a usar letras para representar quantidades
desconhecidas em cálculos.
SIR ISAAC NEWTON (1642-1717)
Junto com Albert Einstein, Sir Isaac Newton é considerado um dos maiores cientistas
de todos os tempos. Descreveu as leis matemáticas que explicam como os objetos se
movem e como são afetados pela gravidade. Como resultado, pôde calcular os
movimentos da Lua, dos planetas e de cometas. Muitas de suas teorias foram
publicadas em sua obra mais importante: Princípios matemáticos da filosofia natural
(Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica).

GOTTFRIED LEIBNIZ (1646-1716)


Leibniz ajudou a desenvolver várias novas áreas da matemática, incluindo lógica e
“cálculo” – um ramo da matemática relacionado à álgebra e à geometria. Passou
vários anos discutindo com Sir Isaac Newton sobre quem havia inventado o cálculo e
também inventou uma das primeiras máquinas mecânicas de calcular.

LEONHARD EULER (1707-1783)


Matemático suíço, Leonhard Euler publicou muitos trabalhos e livros cobrindo todas
as áreas da matemática, da álgebra à trigonometria. Mesmo após perder a visão, em
1766, continuou a produzir trabalhos matemáticos até o fim da vida.

CARL FRIEDRICH GAUSS (1777-1855)


O talento de Carl Friedrich para a matemática surgiu logo cedo. Ele fez importantes
descobertas em muitas áreas, incluindo estatística, teoria dos números e geometria
– também calculou corretamente a aparição seguinte do planeta-anão Ceres.
ALBERT EINSTEIN (1879-1955)
O físico alemão, posteriormente naturalizado americano, Albert Einstein, sempre
reclamava que não era bom em matemática. Apesar disso, desenvolveu a teoria
matemática da gravidade, aperfeiçoando o trabalho de Sir Isaac Newton. Também
demonstrou como o tempo pode se desacelerar ou acelerar e foi o autor da mais
famosa equação do mundo, E = mc2. Nada mal para quem achava que não era bom
em matemática!
SRINIVASA RAMANUJAN (1887-1920)
O matemático indiano Srinivasa Ramanujan demonstrava incrível talento para a
matemática desde criança. Na adolescência, já desenvolvia teorias próprias.
Infelizmente, faleceu jovem, aos 32 anos, mas não sem antes ter publicado muitos
trabalhos.

KURT GÖDEL (1906-1978)


Além de demonstrar que a matemática continha lacunas impossíveis de serem
preenchidas e afirmações impossíveis de serem provadas ou refutadas, Kurt Gödel
explorou a ideia de viagem no tempo.

ALAN TURING (1912-1954)


Durante a Segunda Guerra Mundial, a máquina Enigma foi usada pela Alemanha
para criptografar mensagens (ver páginas 121 e 122). Valendo-se do trabalho de
matemáticos poloneses, como Marian Rejewski, Turing e seus colegas conseguiram
quebrar o código, até então considerado indecifrável por muitos. Esse trabalho
ajudou a pôr fim à guerra.
SIR ANDREW WILES (1953 até o presente)
Professor de matemática em Princeton, nos Estados Unidos, Wiles conseguiu provar
o último teorema de Fermat, em 1995. A solução levou dez anos e uma publicação de
mais de cem páginas.
VÁRIOS TRUQUES COM NÚMEROS
Se quer impressionar seus amigos com suas habilidades mágicas e seus
professores com suas espantosas habilidades matemáticas, as páginas
seguintes foram feitas para você!
Há uma seleção de truques incríveis envolvendo números, atalhos e
dicas de matemática e uma coleção de técnicas mnemônicas para
ajudá-lo a memorizar informações matemáticas úteis.

TRUQUE 1: COMO LER MENTES


Para esse truque, você só precisa de um amigo e uma calculadora.

1. Peça para seu amigo pensar em um número de três algarismos cuja


diferença entre o primeiro e o último dígito seja de pelo menos 2.
Por exemplo: 923 seria um bom número, porque 9 menos 3 dá 6; mas
253 não, porque 2 e 3 estão muito próximos.
2. Agora, peça para seu amigo inverter os dígitos. O número 923, por
exemplo, viraria 329.
3. Agora, peça que subtraia o número menor do maior, usando a
calculadora se necessário. 923 – 329 = 594.
4. Depois, peça para ele inverter os dígitos novamente. O número 594
vira 495. Observe que, agora, o par de números deve sempre ser
múltiplo de 3.
5. Por fim, peça para somar ambas as respostas: 594 + 495. Erga as
mãos e diga: “Não me conte, eu sei a resposta!”.
6. Faça uma pausa para aumentar o efeito dramático. Depois, diga:
“Sua resposta por acaso é 1.089?”, e espere a reação de espanto de
seu amigo.
TRUQUE 2: ASSISTENTE SECRETO
Esse truque requer um assistente secreto na plateia, alguém que
consiga fazer cálculos de cabeça e consiga parecer surpreso. Você
também precisará de pelo menos três outras pessoas para
impressionar. Será preciso fazer alguns preparativos para que o truque
funcione bem. Eis o que você precisa fazer:

Os preparativos
Antes de os membros da plateia chegarem, escolha junto com seu
assistente um número que seja maior do que 6.000 para ser colocado
no envelope do passo 1.
Seu assistente precisará ser capaz de subtrair do número no
envelope os números escolhidos nos passos 3, 4 e 5 – é aí que será
necessário fazer cálculos de cabeça.
No passo 6, eles terão essa resposta à mão para usar como o ano
“escolhido” e poderão escrever junto ao número que vocês dois
combinaram e escreveram por baixo.
A execução
1. Comece o truque dizendo, com uma expressão dramática: “Estou
pensando em um número”. Dramatizando, escreva o número
combinado com seu assistente – 7.684, por exemplo – e coloque
num envelope, lacrando-o no final.
2. Deixe o envelope à vista da plateia pelo resto da duração do truque.
Certifique-se de que todos possam vê-lo a todo momento.
3. Pergunte para um membro da plateia o ano em que ele nasceu e
escreva a resposta em um pedaço grande de papel – 1973, por
exemplo.
4. Agora, peça para outro membro da plateia dizer um ano memorável
em sua vida – 2009, por exemplo – e escreva esse número no mesmo
papel.
5. Peça para uma terceira pessoa dizer a você um ano importante na
história – 1500, por exemplo – e escreva esse número também.
6. Anuncie que você irá aumentar a dificuldade pedindo que alguém da
plateia escolha outro ano, do passado ou do futuro, e que o anote no
final da lista, mas sem que você possa vê-lo. Você deve escolher seu
assistente secreto para essa tarefa! Ele precisará calcular o número
usando aquele escolhido por vocês previamente e os números dos
passos 3, 4 e 5. O ano precisará ser 2202, porque 1973 + 2009 + 1500
+ 2202 dá 7684.
7. Agora peça para seu assistente “somar” os quatro números de sua
lista para poder anunciar o total. Enquanto ele estiver somando,
entregue o envelope lacrado para outro membro da plateia.
8. Depois que seu assistente anunciar que o número é 7.684, sua
plateia ficará espantada quando o envelope for aberto e descobrir
que os números são iguais!

DICAS E ATALHOS
Quando você mexe com números, há sempre atalhos úteis para ajudá-
lo a encontrar rapidamente uma solução. Estes são apenas alguns
deles.

DIVIDINDO POR CINCO


Pode parecer complicado dividir por cinco, a menos que você decore
todas as respostas, mas dividir por dez é bem mais fácil. Qualquer
número que você precise dividir por cinco pode ser dividido por dez e
depois dobrado para encontrar a resposta, pois 5 = 10 ÷ 2.
Por exemplo, 90 ÷ 5 pode parecer difícil à primeira vista, mas 90 ÷ 10
é muito mais fácil: a resposta é 9.
Depois, você pode simplesmente dobrar a resposta, obtendo 18.
Portanto:

90 ÷ 5 = 18

Tente fazer o mesmo para números maiores: 280 ÷ 5, por exemplo.


Também dá certo: 280 ÷ 10 = 28, e 28 × 2 = 56, portanto 280 ÷ 5 = 56.

É DIVISÍVEL?
Quer chutar por quais outros números um número pode ser dividido?
Há alguns truques simples para ajudá-lo a calcular.
Se um número é divisível por…
… 3, a soma de seus dígitos também será um múltiplo de 3. Por
exemplo: você sabe que 8.904 é divisível por 3 porque 8 + 9 + 4 é igual a
21.
… 4, os últimos dois dígitos serão ou dois zeros, ou serão divisíveis
por quatro.
… 10, sempre terminará em zero.

ONZE
Para multiplicar um número por onze, primeiro multiplique por dez.
Por exemplo, 425 × 10 = 4.250. Depois adicione o primeiro número à sua
resposta. Portanto, 4.250 + 425 = 4.675.

MAIS NOVE, POR FAVOR


Quando você multiplica por nove, há um truque para obter a resposta
rapidamente.
1. Erga as mãos com as palmas abertas voltadas para você.
2. Dobre os dedos correspondentes ao número que você quer
multiplicar por nove. Para 9×4, abaixe o quarto dedo da sua mão
esquerda.
3. Conte os dedos à esquerda daquele abaixado. Nesse caso, três. Esse
é o número da dezena da resposta.
4. Agora, conte os dedos à direita. Nesse caso, seis. Esse é o número da
unidade. A resposta, portanto, é 36.

CÁLCULOS RÁPIDOS
Somar uma lista de números pode ser uma tarefa difícil, especialmente
quando os números não são inteiros. Considere a seguinte lista, por
exemplo:

73,4 + 98,0 + 61,9 + 83,1 + 3,6 + 56,6 + 64,1 + 50,0 = 490,7

Se você quiser apenas uma resposta aproximada, tente arredondá-


los para o número mais próximo antes de somá-los. A diferença será
menor do que você pensa:

73 + 98 + 62 + 83 + 4 + 57 + 64 + 50 = 491

Se você quiser realmente economizar tempo, pode arredondá-los


para o múltiplo de 10 mais próximo, obtendo um total aproximado. A
diferença da resposta abaixo é de menos de 3%:

70 + 100 + 60 + 80 + 0 + 60 + 60 + 50 = 480

QUAL É A MINHA IDADE?


O truque a seguir permitirá a você estimar a idade de alguém usando
apenas os poderes de uma calculadora. O truque funciona com
qualquer pessoa com mais de 10 anos, então é perfeito para
impressionar seus professores ou pais. Eis o que você precisa fazer:

1. Peça para a pessoa multiplicar o primeiro número da idade dela por


cinco, mas não contar a você. Por exemplo, se a pessoa tiver 23
anos, ela multiplicará 2 × 5, obtendo 10.
2. Peça para ela adicionar três ao número que acabou de calcular. Essa
pessoa de 23 anos somaria 10 + 3, obtendo 13. Todos esses cálculos
devem ser mantidos em segredo por ela; você não pode ver os
cálculos que ela está fazendo.
3. Peça para ela dobrar o número obtido. Essa pessoa de 23 anos,
então, multiplicaria 13 × 2, obtendo 26.
4. Em seguida, peça para ela somar o segundo dígito da idade dela ao
número obtido no passo 3. A pessoa do nosso exemplo somaria 26 +
3, obtendo 29. Peça para ela lhe dizer esse número.
5. Agora, tudo o que você precisa fazer é subtrair seis do número que
ela revelou e, voilà, essa será a idade da pessoa!

Esse truque deve funcionar com todas as pessoas com mais de 10


anos – como mágica!

TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO
MATEMÁTICA
A mnemônica é uma técnica para ajudar a se lembrar das coisas. Às
vezes, é uma rima, ou um “acrônimo” – uma palavra criada abreviando
a primeira letra de cada palavra em uma lista. LER, por exemplo, é um
acrônimo de Lesão por Esforço Repetitivo.
COMO EU GOSTARIA DE LEMBRAR DO PI!
Lembrar de mais de algumas poucas casas decimais do número pi pode
ser menos difícil do que parece à primeira vista. Você só precisa de uma
rima ou sentença onde cada palavra tem o número correspondente de
letras dos números em pi. Por exemplo, “Sim, é útil e fácil memorizar
um número muito mas muito colossal usando-se técnica mnemônica”
revela catorze casas decimais de pi:

3,14159265358979

PARA LEMBRAR FRAÇÕES


Em uma fração (ver páginas 27 a 29), qual número é o numerador e qual
é o denominador? Use isso para se lembrar:
O numerador nas nuvens,
e o denominador debaixo.

MÉDIA, MODA OU MEDIANA?


Quando você está lidando com dados e médias (ver páginas 106 e 107),
como se lembrar do que é média, moda e mediana? Os termos podem
confundir um pouco.
“Era uma vez uma média,
que tinha uma mediana no meio,
e com frequência queria estar na moda.”

DIREÇÕES DA BÚSSOLA
Para fazer bom uso dos mapas das páginas 92 a 99, você precisará
saber onde é o norte, sul, leste e oeste. Use essa técnica mnemônica
para se lembrar dos pontos cardeais em sentido horário, começando
por cima, onde fica o norte:
“Não Leio Sem Óculos”
1. A raiz quadrada é um número que, multiplicado por ele mesmo, resulta em determinado
número. Por exemplo, 4 é a raiz quadrada de 16 porque 4 × 4 = 16.
2. As relações entre os lados de um triângulo retângulo já eram conhecidas pelos egípcios e
babilônios (3000 a.C.-260 d.C.). Nas tábuas matemáticas (conhecidas como YBC7289) ou nos
papiros de Rhind já se encontravam relações do triângulo retângulo. Porém, coube a
Pitágoras a sua demonstração. A tradição é unânime em atribuir a ele a descoberta do
teorema. [N. do RT.]
3. De acordo com o Princípio Fundamental da Contagem (PFC), formular 15 centavos
utilizando-se moedas de 5 e 10 centavos resulta em dois modos apenas, já que não importa
a ordem dos elementos. O mesmo ocorre com 20 centavos: apenas três modos. [N. do RT.]
1. A densidade está relacionada com a massa – um objeto do tamanho de uma bola de pingue-
pongue, mas feito de ferro, teria uma densidade maior do que um objeto de mesmo
tamanho feito de queijo.
1. Para facilitar o cálculo, você pode recorrer à escadinha ao lado. Para cima você tem as
unidades de transformação maior e para baixo as unidades de transformação menor. [N. do
RT.]
1. É importante tomar cuidado com extrapolação: se você fizesse a mesma coisa para trás, por
exemplo, com a expectativa de vida diminuindo em nove anos a cada cinquenta anos, em
dado momento, a expectativa média de vida seria zero!

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