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Manoel Bandeira foi um autor que que fez parte da primeira geração do

Modernismo no Brasil. Autor de alguns poemas autobiográficos, com teor


melancólico e triste, Manuel Bandeira imprimia em suas obras a sua rebeldia,
desejo de liberdade, saudades da infância, permeado por temas profundos
sobre doenças (tuberculose).
O poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, em tom irônico, faz uma crítica ao
poeta parnasiano. O parnasianismo, estilo de época de finais do século XIX, é
marcado pelo rigor formal (metrificação e rima), alienação social, culto à beleza
e à objetividade. É, portanto, acadêmico, o que se opõe aos ideais da primeira
geração modernista. Daí o fato de ser declamado durante a Semana de Arte
Moderna.
Na primeira estrofe, os sapos mostram-se com seus papos enfunados, ou seja,
inflados. Quando inflam o papo, na verdade fazem isso para coaxar. O macho
quem vocaliza e esta é uma forma de defender territórios. No caso, eles são
os poetas parnasianos: vaidosos e orgulhosos. A estrofe finaliza com a
indicação de que a luz deslumbra-os, pois eles (os parnasianos) gostam de
chamar atenção, de estarem sob os holofotes.

O cuidado formal pode ser lido também como uma ironia: como se o eu
lírico estivesse imitando (zombando) o estilo de fazer poesia dos poetas
parnasianos. O poema carrega métrica regular e preocupação com a
sonoridade.

Os sapos mencionados (o boi, o tanoeiro, o pipa) são metáforas dos


diferentes tipos de poetas. O sapo-tanoeiro é um típico exemplar do poeta
parnasiano, que destila as regras de composição

Assim, na estrofe quatro, o sapo (o poeta parnasiano) orgulha-se de escrever


sem “hiato”, e de não rimar termos cognatos (de mesma origem) — isso quer
dizer que ele só faz rimas ricas.

Hiato: é um vicio de linguagem chamada cacofonia está relacionada ao som


desagradável ou indesejado gerado pela sequência de duas ou mais
palavras. nesse caso do hiato, é a repetição sequencial de vogais.

Rimas ricas: rimas feitas por palavras de classes gramaticais diferentes.


Na estrofe seis, o eu lírico menciona o tempo de existência
do parnasianismo: “cinquenta anos”. O estilo é conhecido pela defesa da
rigidez na composição de poemas, por isso ele está pautado pela norma, pela
regra. Assim, o eu lírico acusa esse poeta parnasiano de colocar o poema em
uma fôrma|1|, isto é, a “forma” (estrutura) foi reduzida a uma “fôrma” (um
molde), o que limitaria a criação poética.

Na sequência, o poema continua expondo características parnasianas, como:


“A grande arte é como/ Lavor de joalheiro” (pois o poeta parnasiano defendia
que o poema deveria ser “lapidado”, em busca da perfeição).

E finaliza com a menção a certo sapo-cururu,, por sua vez, é


uma representação do poeta modernista que aspira por liberdade e
reivindica a simplicidade e o uso de uma linguagem cotidiana. que estaria
“Longe dessa grita” de sapos parnasianos, “[...], fugido ao mundo”, “Sem glória,
sem fé”, “solitário”, “Transido de frio”, possivelmente o próprio Manuel
Bandeira.

Os versos de Manuel Bandeira são metalinguísticos porque falam da própria


poesia, ou melhor, daquilo que a poesia não deveria ser. Os sapos refletem
sobre o que supostamente é a arte e o bom poema.

Outra característica importante do poema é a presença de fortes traços de


humor.

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