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Sob o aspecto criminal, antes do advento do atual Código de Trânsito Brasileiro, a condução de
veículo por pessoa inabilitada caracterizava tão somente contravenção penal, prevista no
artigo 32 do Decreto-lei nº 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais): “Dirigir, sem a devida
habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públicas”, passando tal
conduta a ser penalizada, desde 1998, como um crime de trânsito, constante do artigo 309 do
CTB.
Como o tipo penal exige, para a efetiva ocorrência do crime, da existência de um perigo de
dano, não haverá qualquer punição criminal ao condutor inabilitado que conduz o veículo de
maneira normal, sem colocar em risco os outros usuários da via (neste caso, caberá apenas a
sanção administrativa, pelo cometimento da infração de trânsito do artigo 162, inciso I).
O perigo de dano não pode ser apenas presumido*, mas deve ser comprovado; trata-se de
uma condução anormal, com exposição de outras pessoas a um dano real e concreto.
Podemos citar como exemplo as situações em que o condutor está sob influência de álcool,
transita na contramão de direção ou comete outras infrações de trânsito; quando há
envolvimento em ocorrências de trânsito; ou no caso de demonstrações de manobra perigosa.
Se o veículo pertencer a outra pessoa, também estará presente o crime do artigo 310:
“Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de
saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com
segurança”; o qual, entretanto, não necessita do perigo de dano, sendo crime de mera
conduta (isto é, basta que se comprove a permissão, confiança ou entrega da direção do
veículo).
*Presumido – Dizer que somente pelo fato dele estar sem CNH já basta.