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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

Silvio Maciel
Aula 19

ROTEIRO DE AULA

Tema: Crimes de Trânsito

O objeto de estudo da aula será o Código de Trânsito Brasileiro, Parte Criminal, arts. 291 ao 312-B.
1. INTRODUÇÃO
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) contém normas administrativas e penais. A parte criminal (objeto do presente
trabalho) é dividida em duas seções: a) disposições gerais (arts. 291 a 301 e 312-A e 312-B); b) crimes em espécie (arts.
302 a 312).

2. APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 (ART. 291)


Dos onze crimes tipificados no CTB, sete deles são infrações de menor potencial ofensivo: artigos 304, 305, 307, 309, 310,
311 e 312. Aplica-se integralmente a Lei 9.099/95, salvo nas exceções nela previstas: art. 60, parágrafo único, art. 66,
parágrafo único e art. 77, §2º
O homicídio culposo (art. 302) não é infração de menor potencial ofensivo, não se aplicando a ele nenhum instituto da Lei
9.099/95, nem mesmo a suspensão condicional do processo
A embriaguez ao volante (art. 306) e o racha (art. 308) também não são infrações de menor potencial ofensivo, mas
admitem a suspensão condicional do processo.
Quadro comparativo:

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Aplicação Lei 9099/95 NÃO aplicação da Lei 9099/95
Art. 304 do CTB: Deixar o condutor do veículo, na ocasião do Todos os demais.
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo Obs.1: NÃO CABE NENHUM INSTITUTO DA LEI 9099/95:
fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio Art. 302 do CTB: “Praticar homicídio culposo na direção de
da autoridade pública: veículo automotor:”
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato Obs. 2: NÃO SÃO IMPO, MAS CABE SCP:
não constituir elemento de crime mais grave. Art. 306 do CTB: “Conduzir veículo automotor com capacidade
Art. 305 do CTB: Afastar-se o condutor do veículo do local do psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe outra substância psicoativa que determine dependência:”
possa ser atribuída: (Vide ADC 35) Art. 308 do CTB: “Participar, na direção de veículo
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
Art. 307 do CTB: Violar a suspensão ou a proibição de se obter a competição automobilística ou ainda de exibição ou

permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor demonstração de perícia em manobra de veículo

imposta com fundamento neste Código: automotor, não autorizada pela autoridade competente,
gerando situação de risco à incolumidade pública ou
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova
privada:”
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de
proibição.
Art. 309 do CTB: Dirigir veículo automotor, em via pública, sem
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 310 do CTB: Permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem,
por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez,
não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 311 do CTB: Trafegar em velocidade incompatível com a
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de
embarque e desembarque de passageiros, logradouros
estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração
de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 312 do CTB: Inovar artificiosamente, em caso de acidente
automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim
de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

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Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não
iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o
inquérito ou o processo aos quais se refere.
Salvo:
Art. 60, parágrafo único, da Lei 9099/99: “Na reunião de
processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri,
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência,
observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição
dos danos civis.”
Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: “Não encontrado o
acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.”
Art. 77, §2º, da Lei 9099/95: “Se a complexidade ou
circunstâncias do caso não permitirem a formulação da
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo
único do art. 66 desta Lei.”
E a lesão corporal culposa?
O delito de lesão corporal culposa (art. 303): Aplica-se ou não a Lei 9.099 a depender de determinadas circunstâncias
conforme quadro seguinte:

Respondendo à questão do item 6 (à esquerda do quadro acima):


1ª corrente: SIM, a lesão corporal culposa do § 1º continua sendo IMPO porque a pena não passa de 2 anos, apenas não
são cabíveis os institutos da Lei 9099/95; (Consequência: competência do JECRIM)
2ª corrente: NÃO, a lesão corporal do § 1º deixa de ser IMPO. (Consequência: competência do JUÍZO COMUM)

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3. SUSPENSÃO E PROIBIÇÃO DO DIREITO DE DIRIGIR (ARTS. 292 A 296)
3.1. Distinção
A suspensão é aplicada ao condutor que já possui permissão ou habilitação para dirigir; a proibição é aplicada ao condutor
que ainda não possui habilitação ou permissão.
3.2. Natureza jurídica
No CTB a suspensão e a proibição do direito de dirigir possuem duas naturezas jurídicas distintas: a) penas na sentença
condenatória por delito de trânsito; b) como medidas cautelares durante o inquérito ou a ação penal.
3.2.1. Penas de suspensão e de proibição do direito de dirigir
a) Aplicação
Crimes dos artigos 302, 303, 306, 307 e 308: aplicação obrigatória e cumulativa com a prisão e a multa (se houver
cominação de multa)
Demais crimes: aplicação obrigatória e cumulativa se houver reincidência específica (art. 296). Obs.: art. 292.
Quadro comparativo:
Aplicação obrigatória e cumulativa: Aplicação obrigatória e cumulativa, se houver
reincidência específica:

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo Todos os demais crimes.
automotor: Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
dirigir veículo automotor. automotor, sem prejuízo das demais sanções penais
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de cabíveis.
veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois Atenção: existe uma incoerência na redação a seguir,
anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou porque a despeito do legislador possibilitar aplicação
a habilitação para dirigir veículo automotor. isolada, na verdade, somente cumulativamente, conforme
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade determina os demais artigos já mencionados:
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a
de outra substância psicoativa que determine permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras
multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão penalidades.
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Dica: em provas você precisa ler com atenção o enunciado,
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a se ele mencionar “nos termos do art. 292”, a resposta é
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor que é possível a aplicação isolada ou cumulativa. Por outro
imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, lado, em uma questão aberta, você precisa mencionar a
de seis meses a um ano e multa, com nova imposição contradição.
adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

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Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em
via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada
pela autoridade competente, gerando situação de risco à
incolumidade pública ou privada:
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa
e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.

(STEPHANIE? PERGUNTAR PARA O PROF?)


O STJ já decidiu que não viola o art. 44, § 1º do CP a aplicação de duas penas restritivas de direitos substitutivas da
prisão acumuladas com a restritiva de direitos de suspensão ou de proibição do direito de dirigir:
“Não afronta o art. 44, § 1o, do Código Penal, a aplicação de duas penas restritivas de direito, substitutivas da pena
privativa de liberdade, cumuladas com a pena de suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor”. (STJ, REsp
628.730/SP, 5ª Turma, rel. Min. Gilson Dipp, j. 24.05.05)
DÚVIDA: Stephanie, por favor da uma olhadinha, acho que deveria perguntar para o prof. Silvio, pq acredito que ele
está se referindo ao § 2º do CP, porque o §1º foi vetado:
Art. 44 do CP: “As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de
direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e
multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)”
Além disso, quando vc lê a ementa do Resp. 628.730 ela se refere ao parágrafo único do art. 44, que na verdade não
existe:
EMENTA
CRIMINAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL
POR UMA RESTRITIVA DE DIREITOS CUMULADA COM MULTA. OMISSÃO VERIFICADA. ALEGAÇÃO NÃO
APRECIADA NO ACÓRDÃO RECORRIDO. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS
SEM EFEITOS INFRINGENTES.
I. Evidenciado omissão no acórdão embargado a respeito da alegação de afronta ao art. 44, parágrafo
único, do Código Penal, torna-se necessária sua análise nesta via.
II. A possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por apenas uma restritiva de direitos,
cumulada com multa, prevista na primeira parte do parágrafo único do art. 44 do Código Penal, não foi
objeto de análise por parte do Tribunal a quo, nem o recorrente, ao opor embargos declaratórios,
cuidou de suscitá-la, a fim de provocar a discussão acerca da questão federal que pretendia ver
submetida a esta Corte.
III. Incidência das Súmula 282 e 356 do STF.
IV. Embargos acolhidos, sem efeito modificativo, para não conhecer do recurso especial no tocante à
alegação de afronta ao art. 44, parágrafo único, do Código Penal.

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Se o réu foi condenado há 3 anos de prisão por homicídio culposo, e o juiz substituiu a pena privativa por 2 restritivas de
direitos (PSC e LFDS), assim como suspensão do direito de dirigir, logo, o juiz aplicou 3 penas restritivas de direitos, há
violação ao §2º do art. 44 do CP?
NÃO, porque o juiz aplicou 2 penas restritivas de direito como substitutivas da prisão, tal como prevê o § 2º do art. 44, e
1 restritiva (suspensão do direito de dirigir) como pena principal. Conclusão: 2 são restritivas e 1 é principal.
b) Prazo de duração
A pena de suspensão ou proibição do direito de dirigir é cominada entre dois meses e cinco anos (art. 293, caput)1, exceto
no crime do art. 3072.
O STJ vem decidindo que a pena de suspensão/proibição do direito de dirigir deve ser aplicada de acordo com a gravidade
concreta do fato e as peculiaridades do caso concreto.
“A jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de que a norma não estabelece os critérios a fim de fixar o
lapso com objetivo de suspender a habilitação para dirigir, devendo o juiz estabelecer o prazo de duração da medida
considerando as peculiaridades do caso concreto, tais como a gravidade do delito e o grau de censura do agente, não
ficando adstrito à análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal” (STJ, AgRg no AREsp 1709618/DF,
16.11.20). E ainda: STJ, AgRg no REsp 1882632/SC, j. 22.09.2020.
c) Suspensão da execução
A suspensão ou proibição do direito de dirigir não começa a ser executada enquanto o condenado estiver preso por força
da condenação penal (art. 293, § 2º).
c) Aplicação para motoristas profissionais
Há dois posicionamentos a respeito do tema:
a) NÃO pode ser aplicada porque viola o direito ao trabalho, ao sustento próprio e da família e, consequentemente, atinge
a dignidade humana.
b) PODE e deve ser aplicada porque trata-se de pena cominada na lei, que não excepciona os motoristas profissionais.
Além disso, é justamente dos motoristas profissionais que se deve exigir maior cuidado no trânsito. É o posicionamento
do STJ (AgRg no REsp 1894333/CE, j. 02.02.2021) e do STF no RE 607.107 (Repercussão Geral).
3.2.2. Medidas cautelares de suspensão ou proibição do direito de dirigir (art. 294 do CTB)
Cabíveis na fase investigativa e na fase da ação penal.
Só podem ser decretadas para garantia da ordem pública, ou seja, para garantia da ordem no trânsito (requisito da
referibilidade).
A medida pode ser decretada de ofício pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da
autoridade policial. Juiz pode mesmo decretar de ofício?

1 Art. 293 do CTB: “A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a
duração de dois meses a cinco anos.”
2 Art. 307 do CTB: “Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento

neste Código: Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.”
(PODERÁ ULTRAPASSAR O PRAZO DA REGRA GERAL PREVISTA NO ART. 293)

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-em prova de 1ª fase, responda que: PODE porque expressamente previsto no art. 294 do CTB3;
-demais fases, responda que: segundo alguns entendimentos, todas as leis especiais que autorizam ao juiz decretar
medidas cautelares de ofício, estão tacitamente revogadas pelo CPP.
Contra a decisão que decreta a cautelar ou indefere o requerimento do Ministério Público, cabe Recurso em Sentido
Estrito sem efeito suspensivo (art. 294, parágrafo único). Obs.: a decisão que não acolhe a representação do delegado de
polícia é irrecorrível. Obviamente, como a autoridade policial não é parte processual, não tem legitimidade ou interesse
recursal para se opor à negativa do juiz.

4. MULTA REPARATÓRIA (art. 297)


Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou
seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo
material resultante do crime.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal.
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.
a) Natureza jurídica
Há três posicionamentos:
a.1) trata-se de efeito extrapenal secundário da condenação (art. 91, I, do CP)4;
a.2.) trata-se de pena criminal;
a.3.) trata-se de sanção civil, com nítido caráter indenizatório. (majoritária)
b) Danos materiais
A multa reparatória só pode ser fixada para reparação de danos materiais, conforme previsão expressa do art. 297, caput,
estando, pois, excluídos os danos morais, que devem ser discutidos em ação civil. A fixação da multa reparatória não
exclui a possibilidade da vítima ingressar com ação civil para pleitear um valor maior de indenização por dano material.
Mas obviamente que na condenação civil por dano material será descontado o valor da multa reparatória (art. 297, § 3º)
para não haver locupletamento ilícito.
Diferente do CPP, que é mais abrangente:
Art. 387 do CPP: “O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
(...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido;” (segundo entendimento do STJ, inclui danos materiais e morais)

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Art. 294 do CTB: “Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como
medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá
recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.”
4 Art. 91 do CP: “São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;”

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c) Cálculo e execução
É calculada e executada da mesma forma da multa penal, ou seja, de acordo com os artigos 50 a 52 do CP5.

5. PERDÃO JUDICIAL
Art. 300 (vetado) (CTB não prevê perdão judicial)
Se o perdão judicial é uma causa extintiva de punibilidade, prevista no art. 107, IX, CP, que só cabe nos casos expressos
em leis, e o CTB não prevê, em um primeiro momento, poderia se afirmar que não cabe perdão judicial no homicídio/lesão
corporal culposos no trânsito. Todavia, é cabível porque se deve aplicar por analogia benéfica o perdão judicial do
homicídio/lesão corporal culposos no CP, que são mais amplos.

6. PRISÃO EM FLAGRANTE E FIANÇA (art. 301)


Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em
flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

7. HOMICÍDIO CULPOSO (art. 302)


Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.

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Art. 50 do CP - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme
as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
Conversão da Multa e revogação
Art. 51 do CP. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Suspensão da execução da multa
Art. 52 do CP: É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.

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a) Inconstitucionalidade do preceito primário e do preceito secundário?
Quanto ao preceito primário:
A dúvida se deve ao fato de a redação do dispositivo prevê como conduta “praticar homicídio culposo”, diferente do CP,
no qual a conduta é “matar alguém”. Portanto, para alguns autores, o art. 302 seria inconstitucional. Entretanto, para o
STF NÃO há inconstitucionalidade porque, a despeito de a redação ser defeituosa, é perfeitamente possível identificar
qual é a conduta objeto da punição, já que é público e notório o significado de homicídio culposo.
Quanto ao preceito secundário:
No CP a pena é de 1 a 3 anos, cabível SCP. Por sua vez, no CTB a pena é de 2 a 4 anos, e não cabe a SCP. Por isso, alguns
entendem que, a diferença de pena para o homicídio culposo do CP e do CTB, viola o princípio da isonomia, logo, se deve
desconsiderar a pena do CTB, e aplicar a pena do CP. Todavia, para o STF/STJ NÃO há inconstitucionalidade porque a
diferença de pena se deve aos altos índices de mortes no trânsito. Sendo assim, são situações desiguais que merecem
tratamento desiguais.
b) Elemento normativo: “na direção de veículo automotor”

Anexo I prevê conceitos importantes em ordem alfabética, se precisar, consta no final do material.
c) Incidência em vias particulares?
Atenção: vias internas de condomínios e áreas de estacionamentos privados de uso coletivo são vias públicas (art. 2º do
CTB).
d) Elemento subjetivo
É exclusivamente a culpa. Se o agente, dolosamente, matar alguém atropelado responderá por homicídio doloso do CP.
e) Concorrência de culpas e princípio da confiança.
Nos termos da jurisprudência desta Corte, "No crime de homicídio culposo ocorrido em acidente de veículo automotor, a
culpa concorrente ou o incremento do risco provocado pela vítima não exclui a responsabilidade penal do acusado, pois,
na esfera penal não há compensação de culpas entre agente e vítima“ (STJ, AgRg no REsp 1894333/CE, 08.02.2021)
Então, o motorista só não responde quando houver culpa exclusiva da vítima, ou seja, não tem culpa nenhuma.
Princípio da confiança?
É uma cláusula excludente de culpa. Segundo o princípio, não há culpa quando o agente atua na confiança de que o outro
agirá como normalmente se age. Ex.: sinal de PARE escrito no chão, assim como em placa, se o motociclista não obedece
ao comando, e colide com outro condutor que vinha em sentido contrário, em velocidade normal permitida, este não tem
culpa alguma.
f) Causas de aumento de pena (§ 1º)

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I – não possuir permissão ou habilitação para dirigir.
Pergunta: O fato do condutor não possuir habilitação ou permissão para dirigir autoriza presumir que ele agiu com culpa
no acidente? NÃO, porque no Brasil não se admite a culpa presumida (in re ipsa).
II – praticá-lo em faixa de pedestre ou na calçada.
Não incide a majorante se o delito ocorrer próximo à faixa ou calçada, mas não sobre ela. Nesse sentido:
“A causa de aumento prevista no art. 302, parágrafo único, II, do Código de Trânsito Brasileiro só pode ser aplicada se o
homicídio culposo ocorreu na faixa de pedestres ou na calçada, pouco importando, para sua incidência, que tenha
ocorrido há poucos metros dela, uma vez que o direito penal não admite interpretação extensiva em prejuízo do réu”.
(STJ, HC 164.467/AC, 5ª Turma, rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima, j. 18.05.10)
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente.
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Caminhoneiros/Motoristas de carro forte/Motoristas que transportam cargas; (NÃO)
Motoristas profissionais clandestinos; (SIM)
Motorista fora do exercício da profissão; (NÃO)
Veículo sem passageiros. (SIM)
g) Homicídio de trânsito em situação de embriaguez (302, § 3º) (QUALIFICADORA)
Evolução histórica:
1ª corrente: responde por homicídio culposo, que absorve embriaguez ao volante;
2ª corrente: responde por homicídio culposo em concurso material com embriaguez ao volante;
3ª corrente: responde por homicídio doloso (dolo eventual).
Dessa forma, para acabar com a insegurança jurídica entre as 3 correntes, o legislador acrescentou mais uma causa de
aumento ao art. 302, qual seja, homicídio culposo com causa de aumento de pena, que posteriormente foi revogada,
entrando em seu lugar a qualificadora de embriaguez ao homicídio culposo no trânsito:
Art. 302, § 3º, do CTB: “Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.” (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Não cabimento de penas restritivas de direitos (art. 312-B)6.
É cabível arrependimento posterior no homicídio culposo?
“Esta Corte possui firme entendimento de que, para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no
art. 16 do Código Penal, faz-se necessário que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais.
Precedentes. Inviável o reconhecimento do arrependimento posterior na hipótese de homicídio culposo na direção de
veículo automotor, uma vez que o delito do art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro não pode ser encarado como crime
patrimonial ou de efeito patrimonial. Na espécie, a tutela penal abrange o bem jurídico mais importante do ordenamento

6Art. 312-B do CTB: “Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o disposto no inciso I do caput do art.
44 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).”(Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020)

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jurídico, a vida, que, uma vez ceifada, jamais poderá ser restituída, reparada. Precedente”. (STJ, AgRg no HC 510052/RJ,
04.02.2020)

8. LESÃO CORPORAL CULPOSA (ART. 303 DO CTB)


Aplica-se o que foi explicado em relação ao homicídio culposo.
Perguntas:
1ª) Não havendo representação pelo delito de lesão culposa com a causa de aumento da falta de habilitação, subsiste
o crime do art. 309? SIM, porque segundo STJ: “não há que falar e aplicação do princípio da consunção, pois apesar de
o delito de dirigir sem a devida habilitação ter sido praticado em conjunto com o de lesão culposa, tutelam bens jurídicos
diversos e o primeiro não é meio para o cometimento do segundo.” (STJ, AgRg no AREsp 1742630 / SE, j. 01.06.2021)
2ª) Qual crime comete motorista embriagado que causa lesão no trânsito? DEPENDE:
-se causar lesão leve: concurso material do art. 303, caput (lesão corporal simples) + 306 (embriaguez ao volante).
Atenção: “Os crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e de embriaguez ao volante tutelam
bens jurídicos distintos, de forma que, além de configurarem delitos autônomos, por tutelarem bens jurídicos diversos,
também possuem momentos consumativos diferentes, motivo pelo qual o concurso de crimes amolda-se à hipótese
contida no art. 69 do CP - concurso material”. (STJ, AgRg no AREsp 1048627/RS, 28.05.20)
-se causar lesão grave/gravíssima: art. 303, § 2º (lesão corporal qualificada).
3ª) Cabível penas restritivas para motorista embriagado que causa lesão no trânsito?
Não cabimento de penas restritivas de direitos (art. 312-B).

9. OMISSÃO DE SOCORRO (art. 304)


Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo
fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por
terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Qual o sujeito ativo deste crime? Condutor do veículo envolvido no acidente.
Pode o motorista responder pelo crime de homicídio/lesão corporal culposos com a pena aumentada pela omissão de
socorro mais o crime de omissão de socorro?
NÃO, porque seria bis in idem.
Ademais, precisam ser consideradas 3 situações:
-motorista culpado = art. 302 ou 303 com a causa de aumento de pena, tudo do CTB;
-motorista NÃO culpado = art. 304 do CTB;
-motorista NÃO envolvido = art. 135 do CP.
Hipóteses do parágrafo único:
-ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros;

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-ainda que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

10. FUGA DO LOCAL DO ACIDENTE (art. 305)


Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa
ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
a) Objetividade jurídica
De acordo com a doutrina o tipo penal tutela a administração da justiça, na medida em que a saída do infrator do local
do acidente compromete a apuração da infração. Tutela ainda os interesses econômicos da vítima.
b) Tipo objetivo
A lei pune a conduta de se afastar do local do acidente, ou seja, fugir. A conduta, entretanto, tem de ser praticada com a
finalidade de escapar de responsabilização penal ou civil, de tal forma que se a fuga ocorrer por qualquer outra razão não
há o crime em estudo.
Assim sendo, se o infrator não é o responsável pelo acidente não há o delito em estudo se ele se fugir do local. Poderá
existir, por exemplo, o delito de omissão de socorro do art. 304 caso alguém tenha se ferido no acidente.
c) Sujeitos do crime
O sujeito ativo é o condutor, tratando-se de delito de mão própria (crime de atuação pessoal ou de mandato infungível).
É possível, entretanto, a participação de terceiro que induz, instiga, ou auxilia o condutor a fugir. Nesse sentido:
“Conquanto não seja possível a coautoria no delito de afastamento do local do acidente (CTB, art. 305), posto tratar-se de
crime próprio do condutor do veículo, é perfeitamente admissível a participação, nos termos do Código Penal, art. 29”.
(STJ, HC 14.021/SP, 5ª Turma, rel. Min. Edson Vidigal, j. 28.11.00)
O sujeito passivo é a administração pública e a vítima cujo interesse civil de reparação é atingido.
d) Consumação e tentativa
A consumação se dá com a fuga, ainda que o infrator não consiga efetivamente livrar-se da responsabilização. A tentativa
é perfeitamente possível, se o agente não consegue fugir por razões alheias à sua vontade, por exemplo, se o automóvel
não ligar ou se o condutor for detido por populares.
e) Constitucionalidade
O STF julgou a ADC n. 35 em 13.10.2020 e, por maioria de votos, decidiu que o dispositivo é constitucional.

11. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DO CTB)

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Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de
álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei
nº 12.760, de 2012)
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico,
perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
(Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de
caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
- INMETRO - para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Julgado importante:
“O STJ entende que a demonstração, por teste de etilômetro, de que o réu dirigia veículo automotor com a concentração
de álcool por litro de ar alveolar superior à permitida pela legislação é, entre outras provas, suficiente para ensejar sua
condenação pela prática do crime previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, como no caso, mesmo que não
tenham sido invocados outros elementos para tanto”. (STJ, AgRg no AREsp 1943818/SE, 22.03.22)

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12. CORRIDA, COMPETIÇÃO OU DISPUTA NÃO AUTORIZADA – “RACHA” OU “PEGA” (art. 308)
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística
ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de
2017)
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem
que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3
(três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
a) Conduta
O tipo penal pune a conduta de participar de corrida, disputa ou competição e exibição ou demonstração de perícia em
manobra.
Atenção: não há o crime, entretanto, se não existir uma competição ou disputa. Assim sendo, se o agente, sozinho, realiza
manobras radicais para se exibir para pessoas que o assistem, não há o delito em estudo.
b) Requisitos para a configuração do delito
Só há o delito se:
1) for corrida, disputa ou competição automobilística, ou seja, na condução de veículo automotor, cujo conceito já foi
analisado. Exige a participação de no mínimo 2 agentes.
2) for corrida, disputa ou competição não autorizada pela autoridade competente;
3) ocorrer em via pública. O “racha” em vias particulares pode configurar o delito do art. 132 do CP;
4) gerar situação de risco à incolumidade pública ou privada. Perigo concreto.
c) Sujeitos do crime
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Trata-se, entretanto, de delito de concurso necessário ou
obrigatório que exige no mínimo dois infratores participantes da disputa, corrida ou competição. É perfeitamente possível
a participação por induzimento, instigação ou auxílio. Por exemplo, aquele que empresta o automóvel para o amigo
participar do “racha” é cúmplice por auxílio material.
Sujeito passivo é a coletividade.
d) Racha qualificado pela lesão corporal e pela morte (art. 308, §§ 1º e 2º)
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem
que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3
(três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.

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§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
Podem ocorrer as seguintes hipóteses:
1ª) Racha com lesão leve: haverá concurso de crimes de racha (art. 308, caput) [e] lesão corporal culposa (art. 303);
2ª) Racha com lesão grave ou gravíssima: haverá o crime de racha qualificado (art. 308, § 1º) [ou] lesão grave ou gravíssima
dolosa se ficar demonstrado dolo direto ou eventual;
3ª) Racha com morte: haverá crime de racha qualificado pela morte (art. 308, § 2º) [ou] homicídio doloso se ficar
demonstrado dolo direto ou eventual.
-Racha qualificado pela morte x Homicídio qualificado pelo racha.
“Doutrina sustenta que a pretensa diferença da descrição dos fatos não interfere na adequação típica da conduta, sendo
os dois tipos penais, na verdade, idênticos. Não se trata de um conflito aparente de normas que possam ser solucionadas
pelos critérios clássicos de solução de antinomias, mas sim de uma norma autofágica, que dentro de si mesma cria
incongruência e impede sua aplicação integral. Dentro desse quadro, a doutrina leciona que a norma penal mais branda
deve ser aplicada, prestigiando o princípio penal do favor rei”. (STJ, AgRg no HC 602009/SP, 18.12.2020)

13. DIREÇÃO SEM HABILITAÇÃO, SEM PERMISSÃO OU COM O DIREITO DE DIRIGIR CASSADO (ART. 309 DO CTB)
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
a) Conduta
A conduta consiste em conduzir veículo automotor, cujo conceito já foi analisado. É necessário que o agente o coloque
em circulação para existir o crime.
Para a condução de ciclomotores não é necessária habilitação ou permissão, bastando uma autorização da autoridade de
trânsito (art. 141 do CTB), razão pela qual não haverá este crime. Além disso, o ciclomotor não é veículo automotor.
b) Via pública
Só há o delito se a condução ocorrer em via pública. Dirigir veículo automotor em via particular sem a devida habilitação
ou permissão ou com o direito de dirigir cassado pode configurar o delito do art. 132 do CP.
c) Elementos normativos do tipo
Está na expressão: “sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir”
No caso de com habilitação vencida há o crime? Duas correntes:
1ª) Sim, se vencida há mais de 30 dias (art. 162, V, CTB)
2ª) Não, pois habilitação vencida não pode ser equiparada com a falta de habilitação (STJ, REsp 1188333/SC, 5ª Turma,
rel. Min. Gilson Dipp, j. 16/12/10). Obs.: o próprio art. 162 diferencia essas situações nos incisos I e V.
Também não há o crime se o condutor não porta o documento de habilitação ou permissão.

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O tipo ainda contém o elemento normativo “gerando perigo de dano” (Súmula 720 do STF) (“O art. 309 do Código de
Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no
tocante à direção sem habilitação em vias terrestres”). Conclusão:
-dirigir sem habilitação e sem gerar perigo de dano = infração administrativa;
-dirigir sem habilitação e gerar perigo de dano = art. 309 do CTB.
Pergunta: o agente que entrega o veículo para pessoa que dirige sem habilitação e sem gerar perigo de dano comete o
crime do art. 310?
Súmula 575 do STJ: “Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa
que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente
da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.”
e) Concurso de crimes
-Falsidade documental e falta de habilitação
Se o agente apresentar documento falso de habilitação ou permissão à autoridade, responderá pelo delito deste art. 309
(se causou perigo) e pelo delito de falsidade documental, em concurso material, não havendo que se falar em absorção
de um delito pelo outro tendo em vista a diversidade de bens jurídicos protegidos.
-Embriaguez ao volante e falta de habilitação
“O Tribunal de origem afastou a aplicação da consunção e condenou o agravante pela prática, em concurso material, dos
crimes previstos pelos arts. 306 e 309 do CTB, em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior, segundo a qual
o delito de embriaguez ao volante não se constitui em meio necessário para o cometimento da direção de veículo
automotor sem a devida habilitação, sequer como fase de preparação, tampouco sob o viés da execução do crime na
direção de veículo automotor. Os crimes em causa possuem momentos consumativos também distintos, na medida em
que o art. 306 do CTB (embriaguez ao volante) é de perigo abstrato, de mera conduta, enquanto o art. 309 do CTB (direção
de veículo automotor sem a devida habilitação) é de perigo concreto” (STJ, EDcl no HC 700764 / SC, 25.02.22)

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ANEXO I
DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Para efeito deste Código adotam-se as seguintes definições:
ACOSTAMENTO - parte da via diferenciada da pista de rolamento destinada à parada ou estacionamento de veículos, em
caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim.
AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - agente de trânsito e policial rodoviário federal que atuam na fiscalização, no
controle e na operação de trânsito e no patrulhamento, competentes para a lavratura do auto de infração e para os
procedimentos dele decorrentes, incluídos o policial militar ou os agentes referidos no art. 25-A deste Código, quando
designados pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via, mediante convênio, na forma prevista neste
Código. (Redação dada pela Lei nº 14.229, de 2021)
AGENTE DE TRÂNSITO - servidor civil efetivo de carreira do órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário, com
as atribuições de educação, operação e fiscalização de trânsito e de transporte no exercício regular do poder de polícia
de trânsito para promover a segurança viária nos termos da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 14.229, de
2021)
AR ALVEOLAR - ar expirado pela boca de um indivíduo, originário dos alvéolos pulmonares. (Incluído pela Lei nº
12.760, de 2012)
ÁREA DE ESPERA - área delimitada por 2 (duas) linhas de retenção, destinada exclusivamente à espera de motocicletas,
motonetas e ciclomotores, junto à aproximação semafórica, imediatamente à frente da linha de retenção dos demais
veículos. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) (Vigência)
AUTOMÓVEL - veículo automotor destinado ao transporte de passageiros, com capacidade para até oito pessoas,
exclusive o condutor.
AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de órgão ou entidade executivo integrante do Sistema Nacional de Trânsito
ou pessoa por ele expressamente credenciada.
BALANÇO TRASEIRO - distância entre o plano vertical passando pelos centros das rodas traseiras extremas e o ponto mais
recuado do veículo, considerando-se todos os elementos rigidamente fixados ao mesmo.
BICICLETA - veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para efeito deste Código, similar à
motocicleta, motoneta e ciclomotor.
BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao estacionamento de bicicletas.
BONDE - veículo de propulsão elétrica que se move sobre trilhos.
BORDO DA PISTA - margem da pista, podendo ser demarcada por linhas longitudinais de bordo que delineiam a parte da
via destinada à circulação de veículos.
CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada
ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.
CAMINHÃO-TRATOR - veículo automotor destinado a tracionar ou arrastar outro.
CAMINHONETE - veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto total de até três mil e quinhentos quilogramas.
CAMIONETA - veículo misto destinado ao transporte de passageiros e carga no mesmo compartimento.
CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento, eventualmente substituído
por marcas viárias (canteiro fictício).
CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO - máximo peso que a unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo fabricante,
baseado em condições sobre suas limitações de geração e multiplicação de momento de força e resistência dos elementos
que compõem a transmissão.
CARREATA - deslocamento em fila na via de veículos automotores em sinal de regozijo, de reivindicação, de protesto
cívico ou de uma classe.
CARRO DE MÃO - veículo de propulsão humana utilizado no transporte de pequenas cargas.
CARROÇA - veículo de tração animal destinado ao transporte de carga.
CATADIÓPTRICO - dispositivo de reflexão e refração da luz utilizado na sinalização de vias e veículos (olho-de-gato).
CHARRETE - veículo de tração animal destinado ao transporte de pessoas.
CICLO - veículo de pelo menos duas rodas a propulsão humana.
CICLOFAIXA - parte da pista de rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica.
CICLOMOTOR - veículo de 2 (duas) ou 3 (três) rodas, provido de motor de combustão interna, cuja cilindrada não exceda
a 50 cm 3 (cinquenta centímetros cúbicos), equivalente a 3,05 pol 3 (três polegadas cúbicas e cinco centésimos), ou de
motor de propulsão elétrica com potência máxima de 4 kW (quatro quilowatts), e cuja velocidade máxima de fabricação
não exceda a 50 Km/h (cinquenta quilômetros por hora). (Redação dada pela Lei nº 14.071, de 2020) (Vigência)
CICLOVIA - pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum.
CIRCULAÇÃO - movimentação de pessoas, animais e veículos em deslocamento, conduzidos ou não, em vias públicas ou
privadas abertas ao público e de uso coletivo. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021)
CONVERSÃO - movimento em ângulo, à esquerda ou à direita, de mudança da direção original do veículo.
CRUZAMENTO - interseção de duas vias em nível.

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DISPOSITIVO DE SEGURANÇA - qualquer elemento que tenha a função específica de proporcionar maior segurança ao
usuário da via, alertando-o sobre situações de perigo que possam colocar em risco sua integridade física e dos demais
usuários da via, ou danificar seriamente o veículo.
ESTACIONAMENTO - imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para embarque ou desembarque de
passageiros.
ESTRADA - via rural não pavimentada.
ETILÔMETRO - aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
FAIXAS DE DOMÍNIO - superfície lindeira às vias rurais, delimitada por lei específica e sob responsabilidade do órgão ou
entidade de trânsito competente com circunscrição sobre a via.
FAIXAS DE TRÂNSITO - qualquer uma das áreas longitudinais em que a pista pode ser subdividida, sinalizada ou não por
marcas viárias longitudinais, que tenham uma largura suficiente para permitir a circulação de veículos automotores.
FISCALIZAÇÃO - ato de controlar o cumprimento das normas estabelecidas na legislação de trânsito, por meio do poder
de polícia administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e entidades executivos de trânsito e de acordo
com as competências definidas neste Código.
FOCO DE PEDESTRES - indicação luminosa de permissão ou impedimento de locomoção na faixa apropriada.
FREIO DE ESTACIONAMENTO - dispositivo destinado a manter o veículo imóvel na ausência do condutor ou, no caso de
um reboque, se este se encontra desengatado.
FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR - dispositivo destinado a diminuir a marcha do veículo no caso de falha do freio de
serviço.
FREIO DE SERVIÇO - dispositivo destinado a provocar a diminuição da marcha do veículo ou pará-lo.
GESTOS DE AGENTES - movimentos convencionais de braço, adotados exclusivamente pelos agentes de autoridades de
trânsito nas vias, para orientar, indicar o direito de passagem dos veículos ou pedestres ou emitir ordens, sobrepondo-se
ou completando outra sinalização ou norma constante deste Código.
GESTOS DE CONDUTORES - movimentos convencionais de braço, adotados exclusivamente pelos condutores, para
orientar ou indicar que vão efetuar uma manobra de mudança de direção, redução brusca de velocidade ou parada.
ILHA - obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma interseção.
INFRAÇÃO - inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do
Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do trânsito.
INTERSEÇÃO - todo cruzamento em nível, entroncamento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais
cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações.
INTERRUPÇÃO DE MARCHA - imobilização do veículo para atender circunstância momentânea do trânsito.
LICENCIAMENTO - procedimento anual, relativo a obrigações do proprietário de veículo, comprovado por meio de
documento específico (Certificado de Licenciamento Anual).
LOGRADOURO PÚBLICO - espaço livre destinado pela municipalidade à circulação, parada ou estacionamento de veículos,
ou à circulação de pedestres, tais como calçada, parques, áreas de lazer, calçadões.
LOTAÇÃO - carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas para
os veículos de carga, ou número de pessoas, para os veículos de passageiros.
LOTE LINDEIRO - aquele situado ao longo das vias urbanas ou rurais e que com elas se limita.
LUZ ALTA - facho de luz do veículo destinado a iluminar a via até uma grande distância do veículo.
LUZ BAIXA - facho de luz do veículo destinada a iluminar a via diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou incômodo
injustificáveis aos condutores e outros usuários da via que venham em sentido contrário.
LUZ DE FREIO - luz do veículo destinada a indicar aos demais usuários da via, que se encontram atrás do veículo, que o
condutor está aplicando o freio de serviço.
LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (pisca-pisca) - luz do veículo destinada a indicar aos demais usuários da via que o condutor
tem o propósito de mudar de direção para a direita ou para a esquerda.
LUZ DE MARCHA À RÉ - luz do veículo destinada a iluminar atrás do veículo e advertir aos demais usuários da via que o
veículo está efetuando ou a ponto de efetuar uma manobra de marcha à ré.
LUZ DE NEBLINA - luz do veículo destinada a aumentar a iluminação da via em caso de neblina, chuva forte ou nuvens de
pó.
LUZ DE POSIÇÃO (lanterna) - luz do veículo destinada a indicar a presença e a largura do veículo.
MANOBRA - movimento executado pelo condutor para alterar a posição em que o veículo está no momento em relação
à via.
MARCAS VIÁRIAS - conjunto de sinais constituídos de linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e cores diversas,
apostos ao pavimento da via.
MICROÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para até vinte passageiros.
MOTOCICLETA - veículo automotor de duas rodas, com ou sem side-car, dirigido por condutor em posição montada.
MOTONETA - veículo automotor de duas rodas, dirigido por condutor em posição sentada.
MOTOR-CASA (MOTOR-HOME) - veículo automotor cuja carroçaria seja fechada e destinada a alojamento, escritório,
comércio ou finalidades análogas.
NOITE - período do dia compreendido entre o pôr-do-sol e o nascer do sol.

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ÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais de vinte passageiros, ainda que, em virtude
de adaptações com vista à maior comodidade destes, transporte número menor.
OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA - imobilização do veículo, pelo tempo estritamente necessário ao carregamento ou
descarregamento de animais ou carga, na forma disciplinada pelo órgão ou entidade executivo de trânsito competente
com circunscrição sobre a via.
OPERAÇÃO DE TRÂNSITO - monitoramento técnico baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições de
fluidez, de estacionamento e parada na via, de forma a reduzir as interferências tais como veículos quebrados,
acidentados, estacionados irregularmente atrapalhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informações aos
pedestres e condutores.
PARADA - imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo estritamente necessário para efetuar embarque ou
desembarque de passageiros.
PASSAGEM DE NÍVEL - todo cruzamento de nível entre uma via e uma linha férrea ou trilho de bonde com pista própria.
PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO - movimento de passagem à frente de outro veículo que se desloca no mesmo sentido,
em menor velocidade, mas em faixas distintas da via.
PASSAGEM SUBTERRÂNEA - obra de arte destinada à transposição de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso de pedestres
ou veículos.
PASSARELA - obra de arte destinada à transposição de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso, separada por pintura ou elemento físico
separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
PATRULHAMENTO - função exercida pela Polícia Rodoviária Federal com o objetivo de garantir obediência às normas de
trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes.
PATRULHAMENTO OSTENSIVO - função exercida pela Polícia Rodoviária Federal com o objetivo de prevenir e reprimir
infrações penais no âmbito de sua competência e de garantir obediência às normas relativas à segurança de trânsito, de
forma a assegurar a livre circulação e a prevenir acidentes. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021)
PATRULHAMENTO VIÁRIO - função exercida pelos agentes de trânsito dos órgãos e entidades executivos de trânsito e
rodoviário, no âmbito de suas competências, com o objetivo de garantir a segurança viária nos termos do § 10 do art. 144
da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021)
PERÍMETRO URBANO - limite entre área urbana e área rural.
PESO BRUTO TOTAL - peso máximo que o veículo transmite ao pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação.
PESO BRUTO TOTAL COMBINADO - peso máximo transmitido ao pavimento pela combinação de um caminhão-trator mais
seu semirreboque ou do caminhão mais o seu reboque ou reboques.
PISCA-ALERTA - luz intermitente do veículo, utilizada em caráter de advertência, destinada a indicar aos demais usuários
da via que o veículo está imobilizado ou em situação de emergência.
PISTA - parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos, identificada por elementos separadores ou por
diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.
PLACAS - elementos colocados na posição vertical, fixados ao lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo mensagens
de caráter permanente e, eventualmente, variáveis, mediante símbolo ou legendas pré-reconhecidas e legalmente
instituídas como sinais de trânsito.
POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO - função exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de prevenir e reprimir
atos relacionados com a segurança pública e de garantir obediência às normas relativas à segurança de trânsito,
assegurando a livre circulação e evitando acidentes.
PONTE - obra de construção civil destinada a ligar margens opostas de uma superfície líquida qualquer.
REBOQUE - veículo destinado a ser engatado atrás de um veículo automotor.
REGULAMENTAÇÃO DA VIA - implantação de sinalização de regulamentação pelo órgão ou entidade competente com
circunscrição sobre a via, definindo, entre outros, sentido de direção, tipo de estacionamento, horários e dias.
REFÚGIO - parte da via, devidamente sinalizada e protegida, destinada ao uso de pedestres durante a travessia da mesma.
RENACH - Registro Nacional de Condutores Habilitados.
RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automotores.
RETORNO - movimento de inversão total de sentido da direção original de veículos.
RODOVIA - via rural pavimentada.
SEMI-REBOQUE - veículo de um ou mais eixos que se apoia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de
articulação.
SINAIS DE TRÂNSITO - elementos de sinalização viária que se utilizam de placas, marcas viárias, equipamentos de controle
luminosos, dispositivos auxiliares, apitos e gestos, destinados exclusivamente a ordenar ou dirigir o trânsito dos veículos
e pedestres.
SINALIZAÇÃO - conjunto de sinais de trânsito e dispositivos de segurança colocados na via pública com o objetivo de
garantir sua utilização adequada, possibilitando melhor fluidez no trânsito e maior segurança dos veículos e pedestres
que nela circulam.
SONS POR APITO - sinais sonoros, emitidos exclusivamente pelos agentes da autoridade de trânsito nas vias, para orientar
ou indicar o direito de passagem dos veículos ou pedestres, sobrepondo-se ou completando sinalização existente no local
ou norma estabelecida neste Código.

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TARA - peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e equipamento, do combustível, das ferramentas e
acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas.
TRAILER - reboque ou semirreboque tipo casa, com duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à traseira de
automóvel ou camionete, utilizado em geral em atividades turísticas como alojamento, ou para atividades comerciais.
TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres.
TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS - passagem de um veículo de uma faixa demarcada para outra.
TRATOR - veículo automotor construído para realizar trabalho agrícola, de construção e pavimentação e tracionar outros
veículos e equipamentos.
ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor
velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair e retornar à faixa de origem.
UTILITÁRIO - veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu uso, inclusive fora de estrada.
VEÍCULO ARTICULADO - combinação de veículos acoplados, sendo um deles automotor.
VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente
para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e
coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte de carga, podendo transportar dois passageiros, exclusive o
condutor.
VEÍCULO DE COLEÇÃO - veículo fabricado há mais de 30 (trinta) anos, original ou modificado, que possui valor histórico
próprio. (Redação dada pela Lei nº 14.071, de 2020) (Vigência)
VEÍCULO CONJUGADO - combinação de veículos, sendo o primeiro um veículo automotor e os demais reboques ou
equipamentos de trabalho agrícola, construção, terraplenagem ou pavimentação.
VEÍCULO DE GRANDE PORTE - veículo automotor destinado ao transporte de carga com peso bruto total máximo superior
a dez mil quilogramas e de passageiros, superior a vinte passageiros.
VEÍCULO DE PASSAGEIROS - veículo destinado ao transporte de pessoas e suas bagagens.
VEÍCULO MISTO - veículo automotor destinado ao transporte simultâneo de carga e passageiro.
VIA - superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e
canteiro central.
VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em nível, sem
acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.
VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo, com acessibilidade
aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.
VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de
trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.
VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas
restritas.
VIA RURAL - estradas e rodovias.
VIA URBANA - ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados na área urbana,
caracterizados principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão.
VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES - vias ou conjunto de vias destinadas à circulação prioritária de pedestres.
VIADUTO - obra de construção civil destinada a transpor uma depressão de terreno ou servir de passagem superior.

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