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Quando o marido apanhou uma intoxicação alimentar na Malásia em 2017, a editora Bonnie Munday acolheu a
recomendação de um remédio local.
«Não tínhamos um medicamento para problemas de barriga, mas o gerente do hotel aconselhou a comer papaia
madura», diz Bonnie, que está na equipa da Edição Internacional das Selecções baseada em Toronto. Mostrou-
se cética, mas comprou papaia a um vendedor de praia. «Uma hora ou duas depois do meu marido a comer,
sentia-se muito melhor.»
Um estudo da Universidade Obafemi Awolowo, na Nigéria, publicado no Journal of Medicinal Food, concluiu
que a papaia, uma fruta de casca cor de laranja que cresce nos trópicos, combate os parasitas intestinais.
Quando os investigadores deram um preparado de sementes de papaia a crianças que tinham testado positivo
para parasitas intestinais, este revelou-se anti-helmíntico (capaz de eliminar vermes intestinais) e antiamíbico
(capaz de destruir ou suprimir as amebas). Tratou os parasitas sem efeitos secundários nocivos.
E os resultados de um ensaio duplamente cego controlado por placebo, que foram publicados na revista Neu‐
roendocrinology Letters, em 2013, revelou que os voluntários com queixas digestivas, como inchaço e
obstipação, tinham melhorias significativas depois de ingerirem um suplemento de polpa de papaia chamado
Caricol. A papaia também é rica em vitamina C, e tem elevados níveis de água e fibra, que regulam a atividade
intestinal.
«Desde aquela vez na Malásia», confessa Bonnie, «se vemos papaia na loja compramos, pela saúde digestiva
em geral».
ALEMANHA
CALÊNDULA
Acalma a inflamação
«Na Alemanha, muitas pessoas consideram a calêndula uma cura milagrosa e têm a sua própria receita para um
bálsamo», diz Annemarie Schäfer, que trabalha na equipa das Selecções em Estugarda.
A sua prima Marlen, professora, lembra-se de quando a mãe cultivava calêndulas – também chamadas mara‐
vilhas – no jardim e misturava as flores cor de laranja e amarelas com banha de porco morna (pode também
usar vaselina, cera de abelha ou azeite). Depois de um dia a marinar, a mistura era coada e colocada num frasco
para ser usada nas mãos ásperas, mordidas de insetos, acne e outras irritações da pele.
O nível elevado de antioxidantes nas pétalas secas reduz o dano causado pelos radicais livres. Investigação em
laboratório e em animais mostrou que as flores contêm componentes anti-inflamatórios e antimicrobianos que
previnem a infeção e curam feridas, ajudando a formar novos vasos sanguíneos e tecidos. Em pacientes com úl‐
ceras venosas nas pernas tratados com pomada ou pensos com solução salina de calêndula, a planta ajuda as
úlceras a sararem muito mais depressa.
PAÍSES BAIXOS
ALCAÇUZ
Alivia a dor de garganta
Os rebuçados de alcaçuz, ou dropjes, são tão holandeses quanto os tamancos de madeira – mas embora poucos
camponeses ainda usem os tamancos, todas as pessoas comem dropjes. «É uma espécie de orgulho nacional»,
diz o editor Paul Robert, em Amsterdão. «E podem ser comprados em todo o lado – supermercados, quiosques
de jornais, farmácias. Vêm em todos os tons de castanho e preto, com sabores que vão do muito doce ao muito
salgado.»
Além de ser quase um vício dos holandeses, é largamente sabido nos países do norte da Europa que o alcaçuz
também tem um fim medicinal, aliviar a dor de garganta. Na verdade, um estudo de 2013 duplamente cego e
aleatório que envolveu 236 pessoas e foi conduzido pela Universidade Médica de Viena concluiu que os
pacientes que gargarejaram com uma solução de alcaçuz antes de fazerem cirurgias que exigiam entubação pela
garganta corriam menos risco de lhes doer a garganta depois da cirurgia.
O extrato de raiz de alcaçuz, Glycyrrhizin, é mais doce que o açúcar, apesar de ter um índice glicémico de zero.
Mas não é seguro consumir mais de 100 miligramas por dia, porque reduz perigosamente os níveis de potássio
no sangue (uma chávena de chá de alcaçuz contém aproximadamente 30 miligramas, de acordo com o The
British Medical Journal).
«Quando era criança», diz Paul, «a melhor coisa de ter uma constipação era darem-me muitos dropjes. Chupá-
los aliviava-me a garganta, e hoje ainda acontece». É necessário aprender a gostar dos dropjes, em particular os
salgados. «Uma vez», lembra com uma gargalhada, «dei-os a uma amiga americana que me disse que sabiam
tão mal como o arenque cru e a enguia fumada que lhe tinha dado antes!»
PORTUGAL
ALHO
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23/06/2021 REMÉDIOS CASEIROS de TODO O MUNDO | Selecções do Reader's Digest
MACELA
Acalma a tosse
«Quando eramos crianças, se tivéssemos tosse a minha avó batia uma gema com açúcar e, quando começava a
ficar branca, combinava a mistura com uma chávena de chá de macela (também chamada marcela)», diz Tanara
Vieira, designer para as Selecções no Rio Grande do Sul. «Sabia tão bem que a minha irmã, os meus primos e
eu costumávamos fingir que tínhamos tosse.»
Por todo o Brasil, as plantas há muito que são usadas medicinalmente. Uma revisão de estudos publicados em
2014, no Brazilian Journal of Pharmacognosy, procurou demonstrar se uma variedade de plantas da região sul
do Rio Grande ofereciam os benefícios para a saúde que lhes atribuem. A revisão mostrou que, de facto, em
diversos estudos pré-clínicos há indícios de que a avó de Tanara estava certa. A macela (Achyrocline
satureoides), uma planta da família das margaridas, parece ser antiespasmódica, ajudando a aliviar a tosse.
Também tem um efeito relaxante muscular, anti-inflamatório e analgésico.
ESPANHA
AZEITE
Amacia a cera dos ouvidos
Precisamos de cera nos ouvidos porque mantém a pele no interior do ouvido hidratada e ajuda a prevenir que o
pó e as bactérias cheguem ao ouvido interno. Mas a acumulação de cera pode formar um tampão, contribuindo
para a perda de audição, zumbidos ou tonturas. Os tampões formam-se se se usarem cotonetes de algodão, que
empurram a cera para dentro e a compactam, ou se se tiver tendência para a acumulação. Pode ocorrer em par‐
ticular nas pessoas mais velhas ou em quem usa aparelhos auditivos.
Há pessoas em muitas partes do mundo que descobriram que um pouco de óleo morno, como o de amêndoa ou
o azeite de oliveira, podem amaciar a cera, desentupindo o canal auditivo. Natália Alonso, editora
das Selecções em Madrid, diz que a sua nora, Carmen, vai ao médico para remover a cera dos ouvidos, mas por
vezes trata-se a si mesma.
«Numas férias de praia recentes, na Galiza, ela reparou que estava a ouvir mal e soube qual era o problema»,
diz Natalia. «Assim, mergulhou um cotonete em azeite e deixou entrar uma gota no ouvido, e em breve ficou
desentupido.»
Uma revisão de 26 ensaios clínicos da Universidade de Southampton concluiu que os amaciadores de cera são
eficazes e os efeitos secundários raros. No entanto, fale com o médico antes de tentar tratar os problemas de
ouvidos.
NOVA ZELÂNDIA
MEL DE MANUKA
Ajuda em várias situações
Durante séculos, a comunidade maori da Nova Zelândia confiou na casca e folhas da manuka – um arbusto
nativo da Nova Zelândia e por vezes chamado árvore do chá – devido às suas propriedades. Mais recentemente,
a estrela é o mel feito das suas flores brancas ou cor-de-rosa. A investigação mostrou que este tipo de mel tem
níveis muito mais elevados de compostos antibacterianos e curativos do que outros.
«Toda a nossa família usa mel de manuka», diz Yulia McKenzie, de Auckland, que trabalha em publicidade
com a edição neozelandesa das Selecções. Diz que é uma forma muito saborosa de manter o sistema imunitário
saudável. «Usamo-lo nas waffles, nos cereais e como substituto do açúcar nos batidos.» Nos meses de inverno,
a família de Yulia usa o mel para aliviar as dores de garganta e a tosse.
Investigação da Universidade de Cardiff mostrou que os componentes do mel de manuka podem estimular as
células imunitárias, aumentando a nossa capacidade para combater as bactérias. (É particularmente eficaz
contra uma estirpe de streptococcus.) Outro estudo revelou que as suas qualidades antimutagénicas,
antioxidantes e anti-inflamatórias podem mesmo ajudar a prevenir ou tratar o cancro.
Um pequeno estudo revelou que o mel de manuka pode melhorar a saúde dentária. Nos sujeitos que receberam
uma forma mastigável do mel houve uma redução da placa em 34%, assim como uma redução similar do san‐
gramento nos que tinham gengivite, quando comparado com os participantes no estudo que mastigaram
pastilhas sem açúcar.
AUSTRÁLIA
ÓLEO DE EUCALIPTO
Trata a congestão nasal
Adele Burley usa o óleo de eucalipto para aliviar os sintomas da constipação, como a congestão nasal. «Ajuda a
limpar as vias respiratórias», explica o designer sénior das Selecções Austrália em Sidney. «Acrescento
algumas gotas a uma tigela com água a ferver, cubro a cabeça com uma toalha e inspiro.»
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23/06/2021 REMÉDIOS CASEIROS de TODO O MUNDO | Selecções do Reader's Digest
Num ensaio clínico duplamente cego de 152 pessoas, publicado no The Laryngoscope em 2009, investigadores
alemães descobriram que o principal componente do óleo de eucalipto – 1,8-cineole ou eucaliptol – é eficaz e
seguro para tratar a sinusite, ajudando a limpar os bloqueios nasais e o muco.
A árvore do eucalipto é nativa da Austrália, e o óleo das suas folhas é igualmente útil para quem tem rinite
alérgica crónica – o nariz sempre congestionado ou a pingar devido ao pelo dos animais, ao bolor ou ao pó. Um
estudo sul-coreano publicado em 2016 na Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine concluiu
que os óleos essenciais, incluindo o 1,8-cineole, aliviam os sintomas. De 54 pessoas com idades entre os 20 e
os 60 anos, as que inalaram os óleos durante cinco minutos duas vezes ao dia, durante sete dias, também dormi‐
ram melhor do que as que inalaram um placebo.
FINLÂNDIA
SAUNA
Melhora a circulação
«A sauna é uma tradição finlandesa há centenas de anos, e a maioria dos finlandeses fazem-na regularmente»,
diz Ikka Virtanen, editor das Selecções do Reader’s Digest em Helsínquia. «É bom para a saúde do coração.»
A sauna é uma sala aquecida entre os 80 e os 100 ºC. Quando se começa a transpirar na sauna, o ritmo cardíaco
aumenta, assim como o fluxo de sangue na pele, aumentando a circulação tanto como o exercício suave ou
moderado. Os riscos de ataque de coração e AVC são reduzidos, de acordo com um estudo de 2015 publicado
no JAMA Internal Medicine. Outro estudo revelou que ajuda a aliviar a depressão leve.
Um amigo de Ilkka, Ben, de 76 anos, atribui à sauna a sua saúde. «Sentimo-nos purificados e saudáveis, e a
alma fica descontraída», diz Ben.
Se a sauna é novidade para si, comece com cinco ou dez minutos. Vinte minutos é o máximo.
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