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com a família
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CARL A. WHITAKER
WILLIAM M. BUMBERRY
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W577d Whitaker, A.
Dançando com a família. / A. Whitaker e William
com a família
M. Bumberry; trad. por Rose Eliane Starosta.
- Porto Alegre: Anes Médicas, 1990. uma abordagem simbólico-experiencial
159 p.
CDU: 159.97-055.5/.7
Tradução :
ROSE ELIANE STAROSTA
Sumário
Capa:
tMrlo Rõhnen
Supervis.1o editorial:
Prefácio . .. .... . .. •. . .•. ..•... .. . . .. ... . .•...... . 7
IMPRESSO NO BRASIL
PRI NTED IN BRAZIL
Prefácio
meira sessão girar em tomo das revelações pomográficas de uma estéril quando cu estivesse me sentindo só e quisesse me aconchegar em uma
"entrevista de avaliação", nós estamos aprendendo a dançar. vaca n..:,vwnente .
. No breve seg_mento de abertura que se segue, note-se o posicionamento
político _que organiza a estrutura para o que virá a seguir. Minha intenção é A reação do pai ao meu oferecilnento desencadeou wna resposta de
compartilhar com eles minha crença de que sua disposição para expor sua aliança da minha pane. Eu queria que a famllia soubesse que eu também
dor é essencial ao crescimento em terapia. Além disso, ele precisa aceitar o fora wn fazendeiro. Que eu poderia semir empatia. Que eu poderia nle re-
fato de que permanecem responsáveis pelas suas próprias vidas. As tentati- lacionar com eles de fonna pessoal, com relação aos seus conflitos.
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Dançando com a famnta 13
tipo de aliança pode ser panic,,~nte poderosa porque ,! muito Apesar dela estar falando sobre o macacão, a implicação real era cla•
rraJ. de uma e tpt!rilncia de vida em comum. Isto,! muito mais Pt!s- ra. Esta era uma /omui de deftnir-.re como nllo .rendo ruponstfvel por ne-
SCJtJI do 'l"" a alitlldt! profissional padrão de ''eu gostaria de ajudd-los' •. nhum dos seus conflitos.
Neste momento da entrevista, a mlie parecia inquieta. Ela poderia estar Completamos agora um ciclo de um processo que ocorrerá repetida-
prcocupnda que o pai e eu tiv6sscmos coisas demais em comum. Sua reação mente ao longo do curso da terapia. Nestes poucos momentos iniciais, eu me
aitomática foi de esboçar uma queixa levemente dissimulada contra ele. Se coloquei de modo a me aliar, assim como de individualizar-me deles. Esta li-
ela pudesse desacreditá-lo, de alguma fonna, poderia reduzir as chances de berdade de mover-se para dentro e para fora é uma tarefa básica da terapia, e
cu ser seduzido por ele. Embora sua preocupação possa ter algum mérito, eu de todo o viver. Nós buscamos, simultaneamente, níveis mais profundos de
nlio estava preparado para ser colocado sob fogo cruzado numa fase tão pre- pertcncirnento e de individuação.
coce. Quando falamos sobre vida, nós estamos realmente falando sobre rela-
cionamentos. Não existimos isoladamente. A vida emocional implica sempre
Mát!: Ele tinha mesmo que vestir seu macacão. Eu disse: "Voce acha que é em o uoutro" estar envolvido.
adequado vesti-lo em uma reunião como esta?
Ele já o tinha há seis meses e nem o experimentara! Eu deveria • • *
encuná-lo. Bom, finalmente eu o medi comparando-o com um maca-
cão velho e o costurei ontem à noite. Pergunta: O.K., Carl, eu tenho algumas dtlvidas sobre este segmento ini•
Carl: Eu seguidamente tinha a sensação de que uma das coisas que eu con- cial. O que você estava tentando conseguir com este tipo de
servaria da minha infância, seria quando algo se quebrasse, como 0 abertura? Especialmente sobre este seu aviso de ser mesquinho?
trator, a máquina de cortar grama ou qualquer coisa••• Isto quer dizer que você não se importa com eles ou o quê?
Mlk: Sim. Resposta: É claro que eu não me importo com eles! Acabei de conhecê-los!
Carl: ... e meu pai viesse até cm casa para apanhar as chaves do carro. Mi- Eu espero ficar preocupado com eles, porque seria muito solitário
nha mãe diria: "Você vai até a cidade? Não é melhor colocar um par sentar-me ali e falar a estranhos. Mas cu quero deixar claro que
de calças?!" E ele diria: "Eu não vejo nada de mal com meu maca- eu não estou ali artificialmente bancando o receptivo. Eu sou co-
cão." Esta é mais ou menos a discussão mais séria que eles jamais ti- mo qualquer cirurgião. Estou interessado em ver a patologia re-
veram, pelo menos que eu saiba. solvida, e não em prcvinir o derramamento de sangue. Eles preci-
M&: Verdade? sam saber que a coisa ! dolorosa, para se prepararem. É como o
Carl: Eu tenho a impressão de que ainda trago isto comigo. Que cu posso dentista lhes dizendo: "Você sabe que isto irá doer", antes de
comprar um temo e fazê-lo parecer-se a um macacão em mais ou me- colocar a agulha em seu dente.
nos três dias. Eu chamo isto a "batalha pela iniciativa". Isso os faz manter
a iniciativa cm suas próprias vidas. Toma-os certos de que a an-
(risos) siedade que os trouxe permanece ali. Que eles não sairão livres
de ansiedade, nem desfalecerão e esperarão que eu tome conta de
Ponanto, eu ainda estou brigando com minha mãe sobre vestir seu mundo.
roupas boas. Perguma: Mas eles o procuraram para obter ajuda com sua ansiedade. É por
isto que eles estão ali! Você está dizendo que você não fará isto?
Resposta , Correto. Eu não quero aliviá-los de sua ansiedade. Eu quero que
Esta foi uma reação instintiva aos esforços da mãe para seduzir-me
sua ansiedade seja a força que propulsione o movimento das coi-
em altar-me com ela contra o pai. Ela queria que eu concordasse que O pai
,! vresponsdvel. sas. Então, eu quero associar-me a isto e tomar sua ansiedade
mais produtiva.
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Dançando com a famflla
. d fi 1 deste segmento, você começou a falar sobre v
. Proxnno o m at Eu, freqüentemente, tive a experiência de ver o pai, não como um membro
Perg11nta. d e que você era de uma fazenda. Para que isto?
cas e a fnzen a, · da família, mas como o homem que vive na casa ao lado. Ele é como uma
rocedimento que Minuchin chama de aliança. Se voe·
é
Resposra: Este um P E e pessoa que vai para casa em busca de comida ou sexo, mas não para ser in-
não acha uma causa comum... u pe~so que . a transferência, .••
cluído na intimidade. Desafiar esta pseudoposição é crucial para a tarefa de
Freud fez um erro muito sério, •... eu nao deveria d1zê_-lo, ... ao su.
criar uma sensação de unidade familiar. É difícil chegar a uma coesão fami-
por que é a transferência do paciente que faz a terapia funcionar • liar quando o pai está fisicamente presente, mas emocionalmente ausente. Ao
Eu não acho que isto seja correto. Eu penso que é a amamentação
trazê-lo para a discussão, estou oferecendo um sentimento de esperança para
materna que faz com que a criança ame a mãe, e não que O amor
a famflia de que a vida pode realmente mudar.
da criança pela mãe a faça ter leite. . . .
Eu penso que O terapeuta precisa mtemahzar a dor do pa-
Carl: Pai, você pode me contar sobre a famflia? Não sobre as pessoas, mas
ciente, de modo que se identifique com ele. De forma que ele
sobre como ela funciona.
obtenha uma resposta empática em si mesmo. E, então, ele tem Pai: Bom, hoje em dia é difícil na fazenda. Há muita interferência de fora
que ser muito cuidadoso para não ser tragado e tomar conta do
e ••• oh, eu diria, muita competição.
processo.
. .. Bem, é claro, quem quer que esteja resrrito à fazenda ou tenha
que operá-la ..• bem, não se gosta disto. A gente fica melindrado. A
gente tenta manter o local funcionando. Uma coisa leva à outra e à
Em Busca do Pai outra, às vezes não é com a melhor das vontades. A única vez que
eles retomam é para uma consulta.
Na abertura da sessão inicial, eu envolvo a família em um processo tí-
pico de construção da história. E esta não é apenas a história que circunda a
Os pais tipicamente têm uma tarefa muito difícil ao responder a este
queixa principal. Na verdade, o oposto é o verdadeiro. ~u pretendo conhecer
tipo de questão. Embora a resposta paterna tenha sido um lanto vaga. ela
mais sobre a família como um todo. Através da obtençao de um quadro total não parecia evasiva. Ele identificou áreas de tensão e revelou uma cons-
da família, eu os deixo saber que os vejo através de uma ótica diferente. Eu ciência da insatisfação.
lhes digo que estou interessado em todos eles. Que eu de forma alguma
aceito a vítima do sacrifício com a estrela. À medida que a descrição paterna da família continuava, ele listou as
Este tipo de história familiar delineia um contexto mais rico a partir do idades de todos os filhos. Ao falar sobre Maria, a mais moça, ele iniciou
qual posso operar. Algumas das origens centrais do sofrimento familiar e de com: "Ela é o bebê". Talvez o fato desta apresentação ser a mais pessoal é
seus conflitos são revelados. Uma estrutura trigeracional começa a entrar em que me levou a comentá-la.
foco. Sua mitologia concernente a assuntos tais como morte, doença, raiva e
divórcio vem à luz. Isto toma o esboço familiar muito mais abrangente. Carl: Você não parece muito infantil. Suponho que atualmente vocês devem
Também provê a oportunidade de abordar algumas áreas muito carregadas ter trocado a palavra para "gatinha"(*)
emocionalmente de forma não ameaçadora. A fam11ia é solicitada a ser muito P.ai: Sim. Ela é uma gatinha também, se você quer colocar as coisas deste
íntima, desde o início. Como este é nosso encontro inicial, eles não desen- modo.
volvem o sentimento subjacente de paranóia que emerge da sensação de ter Carl: Bem, eu não estava querendo me referir a ela nestes termos, já que
sido imaginado ou descoberto de antemão. vocês estão aqui. Voce sabe. A gente tem que ser cuidadoso quando o
Meu ponto de partida usual é iniciar com o pai. Em nossa cultura, o pai pai está por perto.
é, tipicamente, o progenitor mais periférico. É minha intenção engajá-lo Pai.' Sim.
imediatamente. •Notada R.: Babe, no original. Enquanto baby(bcM), temo sentido de infantil, ou o mais jovem cm
um grupo conaidendo, babe, na g(ria, o epíteto carinhoso para uma mulher jovem usualmente uma
Em vez de ser um ato de deferência ao homem como chefe da casa, eu namo111.da. O termo .. gatinha", da g(ria bruilcira tem um tignHicado semelhante e porta tam~m a
estou desafiando sua posição impessoal, de ser um não-membro da fanúlia. conotação levamente sensual que o autor pretendeu introdw:ir . .
A medida que o processo de entrevista voltava-se para os assuntos re- Mãe: Sim. Se ele tivesse sido educado ... Ele teria tido uma irmã. Mesmo!
lacionados com a famflia de origem, a tensão tomou-se mais pronunciada. Uma irmã que não teria muida diferença de idade. Molly estava an-
sta
Ne vinheta, a informação histórica será trazida com sua relevância para o dando pela leiteira, um dia, e escorregou. Ela pen:leu o bebê aos 8
presente. Ela revelará francamente, muitos aspectos sobre o estado atual de meses.
relacionamento entre o casal. Ao longo da vinheta, eu questiono o pai sobre Doris: Mais velha ou mais moça?
seus antepassados.
Mãe: Mais moça. Teria sido muito bom, porque ela lhe teria dito: "Sai da-
Carl: Ele está mono, também? qui!" "Não faz isto"! Irmãos e irmãs se dizem estas coisas. Amigos
PaL· Sim. têm medo de dizê-lo.
Carl: Quando ele morreu? Carl: Isto vale para as esposas, também, ou voce está sendo uma innã boa-
zinha?
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Dançando com a famflla 19
Mãe: Talvez eu sej ·
Ca ri: Por que
·a Talvez eu seja muito boa para ele.
.
vod nõo vai além disso? ....
,.ç ...,. paro mobilizar a mãe a ser mais direta, eu per . Pergunta: Carl, o que você está tentando conseguir aqui? Por que você tJlo
Num e~J'0 • > 0 sona/ize;
rapidamente rotulou o pai de mimado e a mãe de parasita? O que
este assriJ1to para refletir-se c/aronu!llte sobre ela .
você está querendo?
Resposta: Não foi tlio rapidamente, Eu cnfoquei o pai cm seu estilo de vida,
Mãe: Eu nlio sei! É dillci I para mim. descobrindo a respeito de seu pai, sua mãe e sua irmã abortada.
Carl: Você é uma parasita somente? Assim, naturalmente?
Eu descobri que ele era filho itnico e disse o que eu acredito so-
Mãe: O quê? O que você disse? bre filhos i1nicos, que eles se casam com alguém que continuará a
Carl: Você é uma parasita por natureza? mimá-los. Então, eu acusei a mõe de ser parasita.
Fazendo isto, de fonna metafórica, cu coloquei cada um deles
Com O objetivo de libertar a miie de seu papel auto-defir,ido de v(tima como vítima do outro, e também como dominador do outro. As-
da falta de atenção de seu marido, eu a chamei de parasita. Estou sugerin- sim, eu tenho um sistema interacional. Eu já estou falando sobre
do qUJ! luf algo simpJ1!jp em assumi-lo. sistemas, mais do que sobre indivíduos.
Agora o q11adro pode ser mais complexo de que simplesmente um ma- Pergunta: Mas a fonna como você fez isto, então ••. f como se você tomasse
rido incapaz. Agora ela também se encaixa no quebra-cabeças, formando urna idéia de sua própria cabeça, de seu próprio modo de pensar e
•~ ges~cqny,leta da..!!!E!!!filidade ,!J!!!j_tl!l., a impusesse sobre eles. Isto não é perigoso? Eu quero dizer, você
não estava usando a informação da entrevista!
Mãe: Talvez eu seja! Ah, eu fico furiosa com ele muitas vezes, mas ele sim- Resposta: Não. Eu penso que isto é no sentido contrário. Se você toma isto
p:esmente foge. Ele não briga! Ele se afasta por uns 40 (acres) e eu deles, então é perigoso, porque eles têm que lutar contra você. Se
nao consigo encontrá-lo. Eu fico furiosa, porque ele não briga. Ele você produz suas próprias idéias, então eles podem descartá-las,
apenas vai embora! ou mantê-las, ou adotá-las mais tarde, A responsabilidade não é
deles, é sua!
. Aqui a mãe revela perceber que sua abordagem não funciona. Ela Pergunta: Mas isto não é uma coisa arriscada de se fazer profissionalmente?
persrste em respostas ineficazes. Ela afinna querer mudanças, ,nas sente-se Trazer você à frente e para o centro da sala desta forma? Não se
desamparada, porque seu marido não irá cooperar. Ela convive com um supõe que você faça primeiro uma avaliação?
centro de controle Resposta: Eu não acredito nisto! Eu penso que fazer uma avaliação tende a
......_ exterior.
ser licencioso. Provém de sua própria patologia e de sua própria
Carl: curiosidade. Penso que a melhor maneira é fazer um julgamento e
. Por que você nao, arranJa
· um arco e flecha ou algo assim?
D6ns: Pegue o trator. · deixá-los decidir se este seu julgamento é certo ou errado. Isto os
Carl: Ou mantêm em uma posição de respeito, em vez de serem degradados
f uma espingarda
. eh eia
. de pedras de sal? As pessoas costumavam
por você se tomar um detetive ou um voyeur, e eles serem consi-
a1ar sobre tsto, quando eu era criança.
derados como exibicionistas.
tuaçâoPara
E contrabalançar seu contfnuo desamparo, eu decidi a1npliar a si- Este segmento aponta para outro aspecto crucial do trabalho com famí-
. s 1ou tentando conclamá l .
gestão de usar n -a ª
agir co,n ,nois intensidade, pela su- lias. Quando eu encontro uma família, eu estou absolutamente certo de que
arco e ,,echa E mini1
conta de que á
I1
. · . ª
esperança que isto o ajudará a dar-se eles têm em si mesmos a capacidade de lutar e de crescer. Não há necessida-
também di-end mars maneiras _ de 1entar. Eu desejo fortalecê-la! Esto11
de de determinar ou avaliar isto. Eu sei que é possível. A verdadeira questão
- o que eu nao vou ir d ,
wna maneira diven·d e encontro a sua auto-vitimizaçâo. De toma-se a da coragem, tanto deles quanto minha. Estamos dispostos a arris-
'. a, estou oferecendo esperança. car velejar em águas inexploradas?
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Dançando com a famR/a 25
Carl: E ele a leva para dançar? Aqui estou tentando contaminar o sossego da mãe com sua visão
Mãe: Não. ? amortecida do casamento. O que ela estd chamando de conrwnça, pode, na
Carl: Você dança também. verdade, ser falta de interesse •
. . mas não tão bem quanto .••
Mãe. 5 1m, _ . ?
1 Não tão bem quanto sua mae, hem •
_ .
Car · té ito bem Ela é muito mrus flexível do que eu. Isto foi engraçado! Era uma oportunidade de falar ironicamente e ainda
Mãe: Ela se man m mu . , - .
Carl: Provavelmente esta é a razão por que voce n~o ~ugm do casamento em ser muito direto ao mesmo tempo. Ao incomodar a mãe sobre a confiança no
todos estes anos. Você não pode levar sua mae Junto. pai, eu desafio também a família inteira a reavaliar sua idéia de confiança.
Mãe: N6s somos muito chegadas, não poss~. .
Carl: Você quer dizer que é um tipo de b1ganua? Ele está casado com am-
O Pai Começa a Emergir
bas vocês?
Mãe: É. Mais ou menos isto.
À medida que a sessão inicial aproximava-se do fim, o foco voltou no-
Isto t! importante. Estti claro agora que o pai pode estar próximo das vamente a centrar-se no pai. Desta vez, a discussão versou sobre a sua infe-
pessoas. É apenas ele e sua mulher que estão distantes. licidade. Ele descreveu-se como consumido pelo trabalho na fazenda e pelo
pesado esforço que isto exigia.
Mais tarde, o foco deslocou-se para o tópico das antigas namoradas do
Carl: O que você acha disto, mãe? Você pensa que o pai se desgatava há IO
pai. Isto proporcionou uma outra oportunidade para atacar a tendência da
anos atrás?
mãe de não levar-se mais a sério. Ao desafiar isto, estou tentando ajudá-la a
Mãe: Bem, eu não sei o que é que você quer dizer com "se desgatava".
tomar-se mais gente. Isto fornecerá o impulso para toda a família arriscar-se
Carl: Encheu-se. Estar de saco cheio com este trabalho. Pronto para mudar.
a crescer.
Penso que, se eu pudesse falar abertamente, à beira do suicídio. Você
sabe. Sentindo-se sobre o topo da colina e esperando a morte vir apa-
Mãe: O pai ainda fala sobre suas antigas namoradas. nhá-lo.
Carl: Elas alguma vez voltaram para competir com você? Mãe: Eu não sei. Ele sempre falou de coisas como esta. Ele era mórbido.
Máe: Sim. Ele as joga na minha cara todo o tempo. Ele gostava de funerais. Agora ele não gosta mais de ir.
Carl: Você já se preocupou sobre onde ele vai quando vai para a cidade? Carl: Ele não gosta mais de ir a funerais?
Máe: Não.
Mãe: Não. Ele não gosta mais de ir. Ele quer se mudar para não ter que ir
Carl: Você pensa que ele é velho demais, hein? mais aos funerais de seus amigos.
Máe: Não. Eu só penso que ele ••• eu confio nele. Carl: Quando isto mudou?
Carl: Você confia nele? Bem, meu Deus! Mãe: Um ano atrás. Ele disse: "Vamos para Califórnia. Assim não teremos
Isto é loucura! que ir a todos os enterros deles".
Você pode imaginar isto? Uma mulher confiando num homem. Carl: Você se sente sozinho?
Mãe: Bem, eu confio nele, porque eu não faço nada que não devesse! Pai: Sim.
Carl: Ela ainda é uma parasita.
D6ris: É. A progressão de sentir-se des,?astado até falar de sua solidão muito
Máe: Talvez eu seja uma parasita. encorajadora. Sugere que ele pode ser capaz de enfrentar sua necessidade
Carl: Sim. Confiar num homem! Qualquer um que confie num homem é pelos outros.
um parasita.
Carl: Quanto tempo mais você acha que vai viver?
l
penso que é tipicamente aconselhável fazer algum tipo de contraproposta Jo-
go de princ!pio. Você precisa se proteger de ser cooptado pela familia. Em-
bora não seja preciso ditar rigidamente uma série impossfvel de condições,
você deve tomar uma posição clara. Um processo poHtico bi-dirccional se
segue. Este contato telefônico para o estabelecimento da consulta inicial dá o
tom do que se segue. Esta batalha inicial é chamada de Batalha pela Estrutu-
ra.
AUand(Hlle
ressado em jogar no time, apenas cm ajudj..lo a jogar ow.is efetivamente.. Se
eu me permito 1Cr sedu rido cm jogar uma vez por e les, ~ diflcil retomar l
A idc!ia de aliança e! importante de ser considerada aqui. A aliança e 0 metaposiçio de treinador. Eles esperaria, com todo o d ireito, que eu real-
processo de desenvolvimento suficiente de uma con~do para, ao meoo., mente faça as jogadas por e les.
sentir que vale a pena prosseguir. Embora nós, ~ucntemc_n te, pensemo. A men._ugem mai5 dcstruidont que tal tipo de atitude veicula . e ntretan-
nisto como algo que o terapeuta faz a uma famOla, eu . passei a v&-la COOto to, ~ que eu consid ero os jogadon:s do time muito ru ins. ~ uma forma de di-
algo que fazemos com uma famOia. Isto e!, nós nos en gaJamos em um lipo de ur-lhes que minha maneira de viver I! melhor do que a deles. Esta l uma
experiencia mdtua. forma aroil058 de convencb-los a desistir de desenvolver seus próprios rccur-
A qualidade desta experiencia vem de um certo n~ro de f ~ . 809 e vender-lhes o meu pei_Ãe. Eles podem passar !lem este tipo de sabota-
Parte dela e! a sensação subjacente de o quanto e stamos dispostos a nos en- gem.
volver uns com os outros. Seril que a famOia sente que nós temos a capaci-
dade ou mesmo queremos conhec&-los e entend&-los? Podemos realmente Rftllli.n do o cll
ouvir? Podemos responder de uma forma real, em vez de uma forma fingida?
Sentimos que eles si.io pessoas em quem estamos dispostos a investir? Os Uma du minhu foro-. de concretizar cata qucado I! lentar reunir todo
critc!rios pessoaiJl sõo infindáveis. o cll antes de iniciar. A8im como acria pueril para um ~ inadol' começar
Outro fator e! a aliança autoo1'tica que emerge de um referencial co- o jogo sem ter um time completo, hf um rillCO consider'~I em come,ç.v a lle-
mum, de c itperiencias similaR:s ou perspectivas COR1)artilhadas. Este tipo de rapia sem todas as penJOn&gCJD-Chavcs prc.!ICfJte.s. Os membros que faltam
essencia compartilhada conota uma capacidade aumentada de empa tia. Nds podem sentir-ac deaprcz.ados, pois nlo slo cooaiderados vitais pera o fu ncio-
não somos dependentes apenas de palavras panl ve.icula r a profundidade de namento completo da famlliL Eles tatnblm desenvolvem uma Justific,vel scn-
nossas eitperiencias. Evidentemente este nível de conexão tambt!m carrega saçAo de parancSia com rc..p eito ao que foi dito em sua aullncia. Quando
e mbutido cm si o dilema dos pontos cegos e da superidcn tific ação. E u "sei" qualquer uma de$ta$ reações c5t6 ~nte. u IJCIDCtllq d a ~ criam
o que ele quer dizer, quando um pai fazendeiro fala sobre sentir-se isolado, raízes. Eu quero permissão para toda a urudadc ficar cnvolvtda. U m esforço
ou amar as vacas. Infelizmente, cu posso nlo ter a menor noção de que haja concentrado de qualquer membro da fam.m a que caeja au1Cntc pan mm• a
algo problemático com isto. Mas, ao menos, cu posso ingressar ar. capacidade de mudança da familia comuna ter suceuo •
Com este tipo tio comum de fam Oia, eu devo tambl!m b'abalhar para Esta regra de reunir todo o cli rcpn:seota um esforço pan cnar uma
descobrir maneiras de pular fora dela e ganhar alguma dist.Anc ia. Eu podia scnsaçlo da fam1lia como um todo e para validar o vaJcx de cada membro in-
brincar com alguma coisa de forma ausente, tomar páginas e pág inas de no- di vidualmente. Tant>~m !ICl'VC para evitar uma fonte poderosa de sabc:Ju&em
tas para ficar visualmente distraido, ou trabalhar com um co-tcrapcuta a fim e força~s a capituJar l minha crença de que a famJlia iotcara I! o pacicoo:.
de ter um "nds" a quem pertencer. Finalmente, minimiza a probabilidade de que cu v, ....- levado a uma poúçio
de um e nvolvimen to exagerado e destrutivo.
Um efeito col•eraJ desta dccislo l que, com toda a famOia prcsc.n~. hf
Estabelecendo uma Metaposição 00'\& escalada c m seu nfvcl de ansiedade. Com todos lf., nlo ~ nlngu6n de
que m se fale pelas costas, ningu&n pwa ser culpado sem repercussões íntcr-
No início • meu esforço e~ o d e esta be lccer uma rnctapos1ção
. com rela• peuoais, e não h4 forma de negar o que for d1scuudo. Este tipo de an.sic:dadc
çllo à famOia. Eu dese•o que I nd . tipicamente toma as mudanças mais pos:sfvcis.
. , e es ente am mws sobre o que e les podem es-
perar. de mim e o que eu posso esperar de lcs. Isto não I! concebido como um Parece particulanncntc perigoso decidir pela manutenção da scssAo,
relacionamento entre igu818 · E . q uando a esposa-mãe ou o mando-pai e5lão D\L'iCntcs. Por CÃCmplo. encontrar-
de • u quero que seJa entendido que no meu papel
terapeuta, eu sou membro de uma geração mais velha. • .: sem o marido-pai l u ma forma clara de ouvir apenas uma parte. Vocf est,
A metáfora de um Ire ma · d d . e ncontrando penoas j' c n volvtdas cm relacionamentos. Portanto . envolve~
u or e Ume de beisebol e! uma boa fonna de
9C na d(ade esposa-marido, tomando o lugar dele, automaticamente e n a u m
escrever o que a relação será C 0 .
• mo tre inador, e u real mente não estou inte-
'6 Dançando com• famlla 41
. tarobbn, podem v&-lo como um pai preferível. Esta E
triADgulº· As cnaDÇ85,
para
algUl!m interessado em ser dtil para a farnru kers de Green Bay, vod saberia o que dizer. Voce sabe: quem produz
. ~•
uma p<>SI~º esttaoba e você esteja infeliz com a sua pr6pna. • a. a
mais para o time, quem não o faz. Quão bem o volante joga as bolas
010 ser, é claro, qu_ de uma propriedade emergente também cabe aqui A para os pontas. Quem é o líder espiritual/em ocional. Eu presumo que
A ooçlo te6nca --ente afirma que você não pode ter uma boa .n
ri~~e~c voce sabe mais sobre sua famfiia do que sobre os Packers.
0 oçl0 de prop . és da dissecção e do exame de suas partes co ~
arusmo, atrav . m.. Pai: Eu ainda oão estou certo sobre o que vod quer saber.
ção de um org ra você possa gerar idéias e desenvolver hipóteses sobre toda
Carl: Bem, talvez vod possa começar com algo sobre vod. Quer dizer.
pooentes. E.mi><>
.__ 11 • baSeado oo cootato com parte dela, o fator de. erro ou .distorção fica quais são as suas preocupaçõe s. Que coisas o deixam preocupado e
a fzunul8 ·ameote elevado. Por definição, o nível de mferênc1a envolvido E acordado durante a noite. Quais são os seus temores mais íntimos.
desoecessan
___ ,008do Isso faz vir . à mente a história dos três cegos que tentaram dcs- Qualquer coisa que nos faça começar.
~ •
um elefante asea
b dos no toque de apenas uma de suas partes. As dife-
crever . trazidas pela tromba, orelhas e perna são profundas. o Esta maneira de começar é realmente mais complicada do que apenas
ientes perspectivas .
mesmo é verdadeiro com as famfüas. focalizar primeiro sobre o pai. Tem a ver realmente com envolver e engajar
& ·t _.,;s desastroso entretanto, seJa•
Talvez o e,e1 o ,._, o. que acontece com a emocionalm ente a estranhos. Tomando-os envolvidos, a configuraçã o se al-
om menos que todo o grupo, pnva-o da oportunidade tera. Novos potenciais se abrem. É o meu crit6rio deixar a mãe e qualquer
famflia. E ncontrar- Se C .
de uma expencnc1a
.... . tera.Jutica em seu melhor nível. Em vez de unificar a paciente identificado para o fim. Eu desejo falar com todos os outros mem-
r-
famfiia, triângulos, alianças e coalizões são fonnados. bros da famJlia antes de me voltar para eles.
T&mlno
Temas adicionais
Com a continuação do crescimento familiar, eles usam cada vez mais Estabelecendo o Card6plo
os 1CUSpróprios recursos. Eles desenvolvem a confiança para rejeitar o meu
modo de pensar e começam a acreditar mais profundamente nos seus. FJes Um dos aspectos realmente excitantes da sessão inicial 6 que, como se
me v!cm cada vez mais humano, com as fraquezas agora incluídas. E estio trata de um encontro cego, oingu&n realmente conhece um ao outro. Isto
permite que voe! inquira e explore os assuntos sem a sensação de que isto 6
livres para importunar-me a respeito de meus erros e id6ias absurdas. Com
premeditado. Eu, tipicamente, faço questão de aventurar-me numa ampla
efeito, el.e s começam a me ver como pessoa, e não como um papel. FJes tor-
margem de tópicos difíceis durante o primeiro encontro. ~ um tipo de mo-
~se seus próprios terapeutas, assumindo a responsabilidade por sua pró-
mento mágico. As famflias podem lidar com inqu&itos de quase qualquer ti-
pria vida.
po sem queixar-se. Quando voe! estabelece que estes assuntos são relevantes
. Apesar do meu sentimento de perda iminente, 6 meu trabalho dcsi» para a vida. há uma coocordAncia tácita de que podemos retomar a eles mais
di-los com minha bmção. Semelhante ao que um pai sente quando os filhos
tarde. Os tópicos sobre assassinato, impulsos suicidas, impulsos sexuais. e
saem de casa. eu expcricncio um sentimento de perda. Mas cu os abençôo e outros; todos merecem menção. Quando estes temas primitivos são estabele-
eles estio livres para retomar cm qualquer momento que escolham. Porbn.
cidos como oonnais, tomartrsc menos tóxicos.
Dio saem de mãos vazias. O impacto da experi!ncia tera~utica compartilha-
Se voe! falha cm fazer isto logo de início, mais tarde voce encontrara
da cd entmecido na trama de suas vidas.
mais negação e defesa. Quando voe! pergunta sobre os impulsos homicidas
• o.nç._, ~ a laml• .,
oom o nível do pensar. falar e raciocinar. ~ uma terapia cm que voe! não li- lbcr ou a infantilizaç ão que todos sentimos, pode levar ao crcacimento. To-
da com 01 dados que a famQia apresenta enquanto dados. Nlo 6 educaçlo. doS estes territórios podem ser abertos. Trata-se de 6rcu sobre u quais u
Lembra o velho ditado: "Nada que valha a pena conhecer pode ser ensina- pessoas comumcnte não ~alam, ou nem mesmo pensam. provavelmente por-
que são importante s dclDB.ls.
do." Nlo se trata de um treinamento de amiptaçlo social. A terapia simb6li-
Um dos aapectOI excitantea deste tipo de trabalho 6 a dcacobcrta de
ca 6 um caforço para lidar com o sistema rcprescntac ional sub1acente
"
."" q~ que à medida que a terapia evolui e nós estamos cada vez mais livres para
cst4 realmente sendo dito. Envolve selecionar os itens e fragmentos simbóh-
nos engajannos numa troca simbólica. ela toma-se uma expcri8ncia de CTCS-
cos que voe! detecta ou sente. Cada um deslel fragment01 rc~rcsenta outro
cimento para mim tamb6m. Com frcqQeocia. me parece que quanto mais
território. uma infra<strut ura que se desenvolve sob a nossa VJda de superfí-
proveitosa para mim a expcri8ncia, mais proveitosa para eles. O resultado do
cie. Penso nisto como uma tentativa de penetrar num território mais hol{s- encontro de nosaoa mundos simbdlicos pode ser verdadeiramente excitante.
. d "d IV'nnAn--
bCO e Vl a. e n ão r---·,.._,· encarcerad o no territdrio do .pensamento . é
Em certo sentido, nós todos nos tomamos pacientes do processo.
Um dos padrões c14ssicoe da terapia IÍIIlb6lica 6 o proccsao de lidar
uma certa extrapolação dos velhos padrões da Gutalt que ~luíam movi-
......c com a morte. A morte do terapeuta, a morte de um membro da famllia, o fato
mentos co,yvreos, senaaç,.._s
.,., co......c-..
•yv•-- e uma consc~ncia mais lo total. Eu a
. {- universal da morte e de que ningu6n ~ poupado. Todas estas bcu podem
vejo como parte de uma evolução gJBdual para al6n da cone~ m ~
scr profundas cm seu impacto. Todos nds gostarlamoa de poder congelar o
quica freudiana cm direção a um padrlo interpeuoal de terapia e uma visão
tempo, de viver para sempre, de ser eternamente lembrados. Numa cultura
de mundo interacional. ·• d que cuidadosam ente luta para despcnooa lizar a morte e, automaticamente, se
A terapia · sim
· ból'1ca centra-se na . noçlo de que há um certo numero e
· · na VJda.
· Aasuntos que e,............ torce para negá-la, a expcri!ncia de eofrent.4-la com os olhos abertos pode ser
queltões umvcrSBlS ..., ..., carregados que com fro-
profunda. A id6ia de que apenas enfrentando sua própria morte ~ que vod
qü8ncia os abordamos de forma disfarçada ou oculta. Embora e~es poss_am cst4 livre para viver realmente, 6 assombrosamente acurada.
ser demasiado assustadores para se enfrentar a nível da superflcie, eles un-
De forma similar, os tcSpicos de loucura. &Uícfdio, homicídío, sexuali•
pregnam o nlvel subestrutura! de nossas vidas.
dade, etc., todos c8rTCgam um peso considcr!ve l. Por exemplo, cu freqOco-
A terapia simbólica, portanto, centra..c em ajudar u peuo~ a ficarem
temente digo aos membros da famllia: "Se voe! f01se ficar louco, realmente
mais l vontade com seu mundo impulsivo, a serem menos ameaçador as por
maluco, como voe! o faria? Pegaria uma espingarda e subiria em alguma tor-
ele e a integrá-lo mais completamente em sua vida concreta. O mundo impul-
re para praticar tiro ao alvo nas pessoas lá embaixo? Correria floresta
sivo não~ para ser evitado. Voe! não pode escapar dele! adentro para tomar-se uma árvore? Com que a sua loucura pessoal realmente
A dnica fotma de encorajar boneatameote u pellOU a se aventurare m
se pareceria?" Ao fazer isto, estou enco rajando a expressão externa de sua
num territdrio tão ameaçador 6 usar a li mcamo. O terapeuta deve estar dis-
vida interior de forma não destrutiva. ~ uma oportunidade de olhar para seu
posto a expor algo de suas próprias experiencial simbólicas. a revelar seu
próprio mundo impulsivo sem medo de que ele tomar4 conta. Ao enfrcnd-lo ,
sistema pessoal de crenças e a oferecer relanocs de sua infra-estrutura. Quan-
vod pode começar a integrar os impulsos em vez de preservá-los intactos
do voe~ tem coragem de expor a famflia a ilto, cm fragmentos mindaculos. atrav6s do isolamento . O s esforços para isolar e negar os impulsos, tipica-
eles incorporam uma parte sua neles próprios. Quando ficam face a face com
mente os intensificam , freqüentemente a ponto de que quando eles ganharem
parte de seu mundo interior. eles taro de decidir o que fazer com ele. &tio expressão, tomar-se-ã o incontralávcis e explosivos.
livres para produz.ir suas extrapolaçõea, dependendo de como isto reverbera
Minha sondagem e estimulação não requerem que toda a carga impulsi-
dentro deles mesmos. va seja expressa de uma s6 vez. Com frcqüancia, 6 preferível que ela se ex-
Se o terapeuta, por exemplo, começa a falar de ai como um ser imper- presse em pequenas partes. Por exemplo, pedir a uma rcc6m-casada que
feito, ou revela acus sentimentos de dcpeodeoci a. medo ou confualo. a famí-
compartilh e seus impulsos homicidas com relação ao seu marido pode ser
lia pode ficar tentada a olhar tamb6m para dentro de ai. Eata abordagem se
excessivo. Por6m, perguntar se ela já pensou cm colocar sal demais cm sua
destina a ofeR!>CCr•lhes uma imagem especular da oportunida de de explorar
comida como fomia de ficar quites com ele ou mesmo de ver-se livre dele, 6
e talvez expor mais o seu próprio sistema de valores e a sua infra-estrut ura.
mais tolerável.
Tomando penonaliza da a feminilidade no homem. a masculinid ade na mu-
Experif:nd•
Eu estou ainda por encontrar uma pessoa que tenha sido capaz de cres-
cer emocionalmente através da educação intelectual. O verdadeiro cresci-
mento emocional ocorre apenas como resultado da experiência. Meu prdximo
adesivo de carro dirá: "Nada que vale a pena saber pode ser ensinado." Isto
não é dizer que aprendizado e crescimento não são possíveis, apenas que ser
apresentado a sugestões, recomendações ou estímulos cognitivos é irrele-
vante. E não s6 isto, é freqüentemente danoso ao processo.
/nsiglú e corrq,rcensão ocorrem como resultado da experiência, não
como precursores dela. Como Kierk.egaard disse: "N6s vivemos nossas vidas
pana adiante, mas as compreendemos apenas retrospectivamente." N6s todos
precisamos reinventar a roda se quisermos ter algum benefício. É muito pare-
cido com a experiência de tomar-se pai. Até que eu tivesse meu primeiro fi-
lio, eu sabia tudo o que se pudesse saber sobre criar os filhos. Uma vez que
me tomei pai, meu conhecimento desmoronou e meu aprendizado começou.
ere.clmento
Uma das formas em que vejo as famfiias crescerem atrav6s desta forma
de trabalho 6 a emerg&cia de uma tolerAocia aumentada para o absurdo da
vida. Eles pa,ccem mais capazes de transcender a dor que previamente consi-
deravam insuport4veL O fato de que a vida permanece dolorosa não mais os
impede de viver.
Eles são mais capazes de enfrentar seu medo, rompendo deste modo, 0
estranguJamento que ele lhes provocava. É como a idéia de que os alcoóla-
cras bebem porque t!m medo de ficar com medo. Uma vez que você real-
mente enfrente o terror que é real, você est4 livre para viver com ele e não
fugir perpetuamente dele. •
Talvez a melhor maneira de explicar o crescimento é pensá-lo como a
obtc~io de um estado equilibrado entre pertencimento e individuação. O
aescuncnto é _u m processo que dura a vida inteira, um esforço contínuo por
melhores níveis de comunhão assim como de individualização crescente. o
Tornando-se íntimo: ~ Carl: Bom pessoal, eu estou preocupado conosco. Nós estivemos sentados
aqui durante os dltimos vinte minutos sem que eu tenha uma sensação
real da dor que vocês dizem que sentiram. Nós precisamos achar um
desafiando estrutu ras jeito para sair desta confusão ou cu não serei dtil para vocês. Como
vocês podem me mobilizar o suficiente para permitir que cu me sinta
e criando caminh os ~
- ligado a vocês?
Carl: Puxai Isto é mesmo assustador! A fonna como voe! recém olhou para
seu marido. Eu estava certo que você poderia esfaqueá-lo se ele a
molestasse novamente. O que você pensa Jim? Ela finalmente está
deixando de ser ninguém?
Carl: Você sabe, Jill, a maneira como Larry fica furioso quando voe! diz
uma vez que você completou o encontro inicial e valeu-se de algumas que se sente sozinha leva-me a pensar que ele pode realmente amá-la
das políticas de abertura, a natureza do processo terapêutico começa a mu- afinal. Você j4 sentiu isto? Que ele apenas se sente tio inadequado
dar. Enquanto que o primeiro encontro é freqüentemente colorido pela fanta- que descarrega isto cm você?
sia de cura com que a família chega, no encontro seguinte a perspectiva muda.
Você começa a se tomar uma pessoa, em vez da imagem de um guru bidi-
mensional. Neste ponto, eu desejo guiar o supra-sistema terapeuta-fam1lia cm Desafiando a famfiia a crescer
desenvolvimento na direção de mais abertura e honestidade. Eu quero que
Quando recomeçamos, na manhã seguinte, a famfiia tinha recuperado
ele se tome mais íntimo.
Minha fonna de fazer isto é responder à fam.Oia de modo mais pessoal. sua compostura. Mesmo assim, o novo dia trouxe uma certa dose de experi-
Quando eu sou capaz de me tomar mais íntimo em minhas respostas a eles, mentação e incertez.a. Como podcnamos reiniciar? Quem assumiria a lide-
as sessões naturalmente se movem nesta direção. Há um paradoxo engraçado rança? Quais sio as expectativas que temos todos nós? Este 6 um período
embutido neste tecido. Quando eu me encontro tentando ser mais pessoal ou importante! ~ crucial que eles tomem a responsabilidad e pelo andamento da
respondendo com a intenção de forçá-los a responder da mesma forma, nada coisa. Se eu dissipo a tensão fornecendo um foco, isto priva-os da experi!n-
acontece. Cuidado planejado simplesmente não funciona. ~ necessário que cia de encarregar-se de sua pr6pria vida.
ele emerja livremente da minha capacidade crescente de cxpericnciar seu so- Após alguns momentos, Vanessa deu o pontapé inicial para fazer a
frimento e me relacionar com seu conflito. bola rolar. Ela veio com o assunto de seus pais estarem tentando ser muito
Mesmo dizer que cu estou tentando ser mais pessoal soa muito cnsail- protetores com seus filhos. Estávamos iniciando de forma vagarosa. mas eles
estavam claramente fazendo um esforço. Enquanto eles hesitavam sobre 0
d~. ~ mais uma questão de maior vivacidade. Se cu posso realmente estar
estou livre ~unto, o tópico foi centrando-se na mie pedindo ajuda a Maria para deci-
. . . para ter um sentimento pessoal de sua dor, cotão
ali, 00 presente,
dir-se sobre quais roupas trazer para a experiência de tr& dias. Ela então
~ : : r 105tinbvamentc receptivo ao que está oco1TCodo. Minha responsabi-
comentou que esquecera sua camisola e o pijama de seu marido. Enquanto
. para com a familia é ser tão pessoalmente receptivo quanto possa. Isto
ela pronunciava estas palavras, a imagem da mie e do pai nus, revistando
é diferente de ser responsável por ou meramente reativo a eles. Eu não estou
sJo. cami90la e minha associaçã o com isto foram a cba,. Mlle: Eu rcalmcnt e o1o lhes disac isto.
8
A conversa sob~ xualizado do momento . De forma provocante Maria: Sím. Vacas e touros.
-o1~me o tom ac 'dad Minh . • eu
\"C par-a su5--:- . te ao tópico da scxuali e. Mãe: Eu contei mais sobre o parto, e não como entrou ali.
_. ,..: <rl IJlll.lS diJ1:l8,lllCn a mtençlo era ter-
. DtJrís: Voe! nos mostrou alguns livros•••
tJJC Wl'b" tons encobertos. Isto oferece uma oportumd adc para cnfo-
nar eXplfcitos os tópico emociona lmente carrcgad o. Mãe: Sím. Eu encomen dei alguns livros, mas eles eram tio profundo s
car mais claramente um que cu mal podia. •• Eu os coloquei de volta na estante. Sei JA. Mas
vanessa: voce vem querendo algum tipo de assist!nc ia. cu arranjei mesmo os livros.
Carl: Se voe! em algwn momento ficar com muito desejo sexual, voe!
Dóris· Atenção. . __ _.
· arl di pode pegar uma escada e subir na prateleira .
vanes.10. M a ssc esta manhã que voe! qucna••, estava col<>cando
Vu..;c:;
• roupas numa mala e voce queria saber quais roupas traz.cr. v~
85
estava perguntando a Maria! (risos)
Máe: Sim.
D6ris: Se voe! precisar muito, muito mesmo!
Pai: Sim ·
Máe: Sim. Eu não sabia o que trazer. Eu esqueci oúnha camisola, de Carl: Voe! não pode mais ob~lo na fanMCia da esquina.
qualquer forma. Eu não trouxe a dele, tamb6n.
Carl: Você não trouxe a dele, tam~m? ~ • voc!s tem problemas.
(si!Lncw )
Como é que voc!s vão fazer hoje à noite? Voe& podem ir para
Este silêncio profundo , desconfo rtável, assinalo u a crescent e inco-
quartos separados. modidad e com o tópico da sexualida de, Ne~ ponw, eles devem tkcidir
entre pression ar ou retrocet kr.
(risos)
Com sexualidade clarame nu enfocada , Vanessa optou pel.o risco tk
tomar-se mais pessoal. Isto i um bom exemplo do qlU! eu chamo ck " se-
Neste ponlO eu me dei conta dos tons de sexualida de encoberta. Meu
mear o inconsci enu". Ajudand o-os a enfrentar a sexualid ade latenu, eu
comentdrio i em resposta a isto. Eu os estou provocan do sobn quenran
ckixei que eles soubesse m que este i um assunto real. Eu estou disposto a
estar nus juntos e agindo de f onna inocente.
enfrentd- /o, mas não vouforçd -lo, como um voyeur. A escolha i ckles.
Carl: Os problemas dos velhos ficam complica dos. Vanessa: ~ uma questão difícil para mim, neste momento.
Máe: Eles são! Eles realmente são! .É terrível! Carl: Educaçã o sexual?
Vanessa: Sim. Bem, sexo e amor. EJcs csdlo separado s••• cu não sei. Eu to-
O comentdrio da mãe coloca isto como wna questão rekvanle . Sua nho duas imagens. Uma ~ casar-me e ter filhos. Isto ~ doloroso ,
capacidade de rir de si mesma atr~s do exagerad o ••1 terrfvell' ' nos jus- pesado e 5'!rio. Vod fica amarrado nisto e eu não quero ter nada
tifica a dar continuação para o foco aberto sobre a sexualida de. que ver. O outro lado l que sexo ~ divertido e vivaz, e l divertido
ser solteira. São dois quadros totalmen te distintos .
Vanessa: Eu acho isto engraçad inho. Quando cu começo a pensar cm me casar, cu tenho uma ~rie
Carl: Eu penso que é bom que ela possa admitir isto para você. Educa- de sentimen tos contradit órios sobre isto. Eu tenho tido momento s
ção sexual é uma coisa difícil de acontece r. Especialm ente se voe! difíceis para encontra r um companh eiro adequad o para mim. Eu
tenta obte-la de sua mãe. realment e não sei se escolho sempre a pessoa errada ou se eu re-
Mãe: Esta é uma coisa. •• , quando eu estava grávida da Maria cu tentei pito o mesmo problema . Estou preocupa da com isto.
contar-lhes sobre os bebês. Eu não sei se eu disse o suficiente. Carl: Voe! está preocupa da que nunca o fará?
72
Dançando com a famRla
13
(,isOS)
Sua disposição em fazblo reflete sua coragem~ mas, ~ m , o fato de
pcJlavras que formam ,riensagens de duplo sentido, f r ~ que eu aceitei o risco de abordar a sexualidade. Compartilhando suas pró-
O USo de uma tomada dupla. Tais coment4rios pode,n bar,,_ prias respostas e reações, novos territdrioe podem ser abertos.
abertura Nesta situação, toda fi'--". . Com a continuação da sessão, surgiu uma dinlnúca triangular interes-
temenU resulta em
mais liberdade e • . ,
ª ..,,.,za parece e~ Q
~ sante entre Vanessa e seus pais. Eu quero ajudar nomeando os componentes
r.
meu jogo com a,,ase
"nunca o fartf' . patológicos desta situação. Atrav& da quebra da rigidez, eu espero promo-
ver o desenvolvimento de um caminho.
vanessa: Sim! . . Pai: A Vanessa preocupa-ae muito com coisas que nlo a afetam.
Carl: O.K. Voe! acha que o sexo .,ode lDlpedrr o amor? Eu tenho cata
Carl: Como a artrite da mãe?
fantaSia que••• uma das coisas com que eu tenho conflitos com a Pai: Sim. E com o fato de Gail e eu não cstamX>s tão bem em casa. Eu
geração mais jovem é••• , e eu sou coo:'° s~a av6, eu ~ sinto anti. aei que ela 6 sensível. Quando cu escrevo uma carta, ela sempre
quado••• , é como um pênis e uma vagma mdo o ~ ;1agem, e não responde com um telefonema. Portanto, eu não escrevo mais. Isto
tut pessoas junto. Eu me preocupo se as pessoas Jama.is chegarão. a aborrccc e ela fica preocupada. A dltima carta que escrevi, eu
esqueci de endereçá-la e a carta foi devolvida.
Mais uma vez a capacidade de deix4-l.os com outra metdfora vi.ruai, Mãe: Eu lhe digo: "Nlo escreva para ela porque ela fica muito sobrecar-
esta da pênis e da vagina num encontro, l excitante. Talvez rt!Vewd algo regada com a famfiia". Ele lhe conta que u coisas nlo vlo tio
sobre a questão da sexo sem amor. bem. Isto sd piora tudo, voe! sabe. Eu não menciono isto.
Meu conumtdrio sobre sentir-me antiquado representa um esforço pa- Vanessa: Bem, eu preferia ouvir isto de vods. Eu sei que às vez.cs eu reajo
ra t!Vitar ser desqualificada por estar fora de alcance. Como eu me declarei exageradamente.
umpaJeta a necessidade de el.esfazerem isto l reduzida. Mãe: Reage mesmo!
Vanessa: Eu gosto de saber o que esd acontecendo.
Direcionar-me tão rapidamente para um t6pico tabu, como é a sexuali. Carl: Voce prefere a verdade dolorosa do que as mentiras suaves de sua
dade, foi uma certa surpresa para mim. É muito incomum ter uma conversa- mãe?
ção como esta tão no inicio da terapia. É um caminho atípico para estabelo- Vanessa: Sim!
cer uma relação terapêutica mais aberta. Não obstante, eu o detectei em sua Carl: Voce sabia sobre as mentiras de sua mãe?
conversa e optei por tomá-lo aberto. É realmente um processo de decifração, Vanessa: Mentiras? Nlo!
pelo qual eu os ouço falar sobre ~xualidade através da metáfora do esque-
cimento da camisola. Apesar deles não estarem completamente conscientes Uma das formas pelas quais as familias ficam paralisadas cons~ no
desta comunicação, ela estava suficientemente clara para mim. desenvolvimenlO de modos de t!ViJar o contaw real uns com os ourros. Este
Este processo de estar aberto às minhas associações internas é central l um exonpw. Quando a informação l suprimida, as frustrações podem ser
para o meu trabalho. É a forma COIIK> eu posso me tomar pessoalmente en- evitadas, mas h4 aumento da distíincia. Meu esforço l para explorar este
volvido. Isto também toma a sessão uma experiência real para mim. Eu nlo processo insidioso, rotu/ondo-o da forma menos benevoúmle. Chamar a
estou incapacitado pela noção de que estou ali s6 para ajudá-los. Estou tam- mãe de menlirosa traz a quutlio para terreno aberto e permite a reavalia-
b6n ali para obter algo de pessoal para mim. Se eu posso permanecer livre
do papel de ajudante, a família pode pennanecer livre da necessidade de ser
~-
inferior. Eles podem reter a coragem necessária para explorar suas próprias Carl: Ela estava dizendo agora mesmo: "Não lhe conte".
vidas com uma sensação de aventura. Vanessa demonstrou esta capacidade Mãe: Eu digo ao pai para não lhe contar.
através da abordagem franca de suas preocupações com a sexualidade.
14
Dançando com• ,.mHla 15
-
Vanessa: Eu acho que voe! gosta de manter segredos. Eu não gosto disto! (pausa)
Eu sei que voe! quer nos proteger, mas eu acho que ~ difícil para
voe!. Vanessa: OK (pausa).•. Uma das coisas sobre as quais cu gostaria de falar t
Mãe: e.Eu sou a grande protetora. sobre minhas relações com os homens. Eu fico frustrada 80 tentar
Carl: Voe! fica fingindo que eles ainda tem quatro ou cinco anos. achar um parceiro. De alguma forma, eu acho que isto tem a ver
Mãe: O que voe! quer dizer? com a forma como eu me relaciono com O pai.
Carl: Bem, ... que eles são muito pequenos para saber.
Eu me sinto muito, muito triste e desgostosa. (Ela começa a
Mãe: Sim!
chorar e a soluçar). Não sei como encontrar alguMi, que realmente
Vanessa: Isso mesmo. Às vezes voe! nos trata como se fôssemos muito me ame. Eu não posso mais ag(lcntar isto!
crianças. Como se nós não pud~mo s lidar com a verdade. Pai: Bem. talvez tudo IIC oriai - de quando __
o....
_. ""•-
•u,,;ç ,_u, porque voec::
.a
Nesu rno,,tt!nlo, 0
c~n1drio do pai~ mais pessoal. Parece expressar Esta lista tk fracassos nos relacionomenlos parece ligada à imensida-
pr,!OCl,IIJOI;", em vez tk ser evasivo. de de sua necessidade em encontrar um companheiro.
Meus esforços aqui são para fornecer uma met4fora para a forma co-
Vanes.sa.· Eu estava pensando sobre isto. mo ela esteja assustando os homens.
Mãe : Ele se divertiu muito a~ os 33 anos.
VanesJl:"l : Eu penso que muitos homens t!m medo de minha intensidade.
Enquanto Cristo/oi crucif,cado com 33 anos, John se casou. Carl: Voe! acha que voe! os "come" para encher um buraco dentro de
si?
Pai: Eu me aposentei quando me casei 1 VanesJl:"l: Sim.
Carl: Boa id!ia ! Isto o previne de ter problemas com sua esposa. Carl: Voe! não pode encher um buraco cm voe! com alguma outra pes-
soa.
Esta /oi uma resposta intuitiva, levantando a possibilidade tk um Ca.R, VanesJl:"l: Eu sei! Eu tenho que fazer algo conúgo. Porém, cu não sei como
ano-o.so, como um tema a ser considerado. Eles escolheram tkixar isto de ench~lo. Eu tenho comido muito nos tlltimos dias, tentando me
lado. ~ mom,enlQ. preencher.
P ai.: A raz.ão pela qual cu me casei é que mamãe tinha falecido. Eu preci- Tudo isto de tend!ncias e padrões familiares ~ muito poderoso. As re-
sava de al~m cm casa. Eu conhecia sua famflia e sabia que ela era lações emocionais que existem entre os pais freqOcntementc t&n profundas
uma boa moça. Mas provavelmente cu nunca me teria casado se ma- implicações para as crianças. Crescer em um clima familiar marcado pela
mie oio tivesse morrido. distAncla e não-envolvimento entre marido e mulher tipicamente leva as
Carl: Vcx:! quer dizer que Vanessa não se casará a~ que voe~ morra? aianças a problemas de intimidade. Neste caso particular, a descrição do pai
/>ai: Eu olo sei. Ela podenl se casar tarde. sobre o casamento como uma forma de conveni!ncia ~ marcante. Elas lutam
Mtz : Ela vai se casar taroe 1 para evitar um destino similar, apenas para, com freqü~ncia, encontrarem o
mesmo resultado.
Este breve segme,nlQ lança um pouco tk luz sobre alguns dos assunlOS Nossa capacidade para enfrentar estas questões de uma maneira mais
_fr,niüaru iaunleS. Vane.ua potk estar lutando para evitar o tipo tk llla- aberta e direta pode criar condições que permitam a mudança. Pode quebrar
donamenlo que ela vi entre seus pais. Ela o faz com tal intensidade que ela a maldição hipndtica que parece manter os filhos leais ao padrão familiar.
ta'llbmafica conflituoda. Enfrentar a distAncia conjugal, a dor e o isolamento concomitantes coloca in-
cisivamente a questão: "Escolherei eu este caminho?". Isto oferece a opção
de procurar um tipo diferente de relacionamento.
V ~ : M• me abon-ccc. Eu fico muito frustrada. Mais tarde na sessão, a rede mais ampla da d.inAmica familiar foi trazi-
Pai: Nlo me aborrecia. Se cu catava saindo com uma moça e ela me da à superfície.
trais. Quando recomeçamos as sessões, Vanessa fala sobre seu envolvimento A inte~idade de suas necessidades sugere que esta é uma drea boa
prévio numa seita e sobre seus conflitos com os homens. para ser mais completamente
, explorada · Meu es"orço
,, é O de remontar estas
necessidades de volta afamflia e a seu desejo de obter mais de seu pai.
Vanessa: Eu medito todas as manhãs por dez minutos mas eu não vou a ne-
Carl: E você não pode agarrar-se em seu pai?
nhuma prática ou grupo em especial, ou qualquer coisa assim.
Mãe: Sim! Está absolutamente certo!
Carl: Como você escapou? Ou você foi realmente capturada?
Vanessa: Sim. Eu não sei.
Vanessa: Oh, eu fui! Eu fui realmente capturada! Eu acho que me afastei da
Carl: Você disse ontem que esta coisa de namorado tinha algo a ver
seita, da meditação e destas práticas para pôr mais energia em mi-
com o pai.
o has relações pessoais.
Vanessa: Sim.
Carl: Como você fez isto?
Carl: Você acha que você não pode apoiar-se nele, porque ele não se
Vanessa: Minhas relações amorosas.
apóia em Deus como um guru?
Carl: Meu Deus! Isto é o que eu disse na minha discussão (após as ses-
sões, ontem). Que minha suspeita era de que o seu sofrimento on- Vanessa : Eu não sei. Eu somente não me sinto muito segura em meu vín-
tem, por não ter sucesso com o namorado, era porque você estava culo com ele. Eu não acho que possa dizer: "Pai, eu estou real-
tentando, de alguma forma, colocá-lo no lugar do guru que você mente com medo !" Eu não sinto que eu tenha este tipo de relação
com ele.
estava acostumada a ter.
Carl: Quando você parou de poder se aconchegar em seu pai?
Um dos grandes problemas da vida é entrar em relacionamentos com Vanessa : Oh, eu não sei! Eu não sei (cada vez mais ansiosa). Eu nem mes-
a fantasia de ser protegido ou cuidado. Esperar que um namorado a proteja mo sei!
da necessidade de ser uma pessoa real é um risco. Se ele fracassa, você fica Carl: Quando você era pequena, hein ?
amargamente desapontada. Pior ainda se ele consegue : você não é nin- Vanessa : Sim.
guém. Carl: Você teve alguma impressão de que ele estava com medo de ter
sentimentos sexuais para com você ?
Vanessa : Eu sei. É verdade. Meu namorado costumava dizer isto. Ele dizia: ' Vanessa: Sim. Eu senti isto.
"Você faz uma confusão entre seus namorados e seus gurus".
Carl: Você pensa que poderia enfrentar a vida sem um guru? Enquanto discutíamos suas dificuldades reais em se aproximar do pai,
Vanessa: Ou um namorado? ela ficou muito ansiosa. Isto foi especiabnente pronunciado quando eu per-
Carl: Não, não. guntei sobre aconchegar-se com ele. Minha resposta tinha a intenção de
Vanessa: S6 sem um guru? trazer este assunto à supe,ffcie . Ao expor a ansiedade com relação ao tabu
do incesto, eu espero ajudar a liberar Vanessa, para que ela veja sua vida
Carl: Sim. Porque se você puder viver sem um guru, talvez você possa
ter um namorado. atual mais claramente.
Mãe: Certo.
Carl: Você tem qualquer idéia de quando foi isto? Porque estava muito
Vanessa: Eu ... eu ... eu fico com medo disto. Eu acho que quero algo para
me agarrar. claro para mim - tornou-se claro no decorrer dos anos posteriores,
é claro - que minha mãe entrou em pânico sobre sentimentos se-
xuais comigo quando eu tinha 13 anos.
Aqui Vanessa é capaz de expressar em palavras os sentimentos de
querer ser protegida. Ela quer fazer crer que ela é uma menina pequena
Ao compartilhar esta parte de minha própria vida, eu nonrwlizei a
novamente, desta vez tendo a criação e a proteção que ela deseja.
questão dos sentimentos sexuais existirem entre pais e filhos. Isto tende a
diminuir sua defensividade .
88 89
Dançando com a famDia
Pergunta: Bem, parece que sua abordagem funcion_o u '."lui. Foi poderosa C arl: E sobre isto, pai? Você lembra os momentos em que Vu,..ç
__. .
podia se
e talvez õtil. Mas deve haver algumas d1retnzes neste assunto. aconchegar com sua filha mais velha?
Você não anda por aí falando sobre sua própria relação com sua pai: Bem, o avô mais ou menos tomou conta. Ele O fazia todo O tempo.
mãe com qualquer cliente que você trabalha, com qualquer um Carl: N6s, os homens velhos, somos muito sedutores. Nós ficamos muito
que você veja. Como você sabe quando fazê-lo? Como você sabe carentes.
quando não faza-lo? Pai: Ele queria sempre alguém perto.
Carl: Eu não decido antes do tempo. Eu penso que um dos problemas Mãe: Ele queria alguém para se apegar e ele o fazia. Ele aconchegava todos
que os terapeutas freqüentemente têm é que eles tentam repensar- eles. O pai não aconchegava nenhum.
se. Se eles se repensam ... É como perguntar a uma moça se você Pai: Não.
pode beijá-la. Então, já é muito tarde. Se você tem que repensar Mãe: Eu costumava alcançar as crianças para o pai e ele s6 as segurava. Ele
seus movimentos terapêuticos, então você é um impostor. Eles s6 as segurava e não os aconchegava. Ele s6 segurava.
reagirão então como impostores, porque irão repensar suas res- Carl: Os homens são muito desencorajadores.
postas. Mãe: Sim.
Assim é como isto ocorre. Isto é uma experiência criativa pa- Carl: Esta é a razão pela qual se fala de uma segunda inflncia. Porque a
ra mim. Eu acredito que isto vem de um olho clínico. maioria dos homens desistem de ser seres humanos durante os anos
Pergunta: Ainda me deixa desconfonJ!vel. A idéia é de que qualquer coisa em que trabalham. Quando eles ficam mais velhos, dão-se conta do
que surja em sua cabeça durante a sessão saia pela sua boca? que perderam e ficam freneticamente tentando chegar perto de al-
Carl: Certo. Certo. Deixa-me ver se eu posso lhe diz.er ... É necessário guém. Você sentiu algo parecido com isto nele?
que haja algum treinamento aqui. Estes 20, 30, 40 anos de expe- Mãe : Um pouco, talvez.
riência que eu tenho tomam-me muito mais à vontade e confiante
em minhas intervenções. Durante os primeiros 10, 15, 20 anos eu Estou oferecendo a oportunidade ao pai de olhar para o estado atual
estava protegido, guiado, treinado por um co-terapeuta para mo- de sua vida e de ousar encarar sua solidão.
dificar, discordar, concordar, para me dar o tipo de liberdade que Os homens seguidamente parecem tentar sobreviver permanecendo in-
eu precisava, porque o terapeuta era a dupla. sensfveis para a vida real e agindo como se fossem coisas em vez de pes-
Assim como a figura parental õnica, o terapeuta único é soas. Estou oferecendo ao pai um relance de sua humanidade, como a/Jer-
doente. A família é muito poderosa para um s6 terapeuta. É ne- nativa, continuar insensfvel .
cessário haver um par de pais. E há necessidade de um par de te-
rapeutas. Quando você fica mais velho, quando você se toma Carl: Evidentemente, isto se complica no caso de vocês porque ele pode
avô, você pode criar um filho sozinho. Como eu cheguei a ser um aconchegar-se com sua mãe, já que ela não é sexualizada. É como a
avô, eu posso tratar algumas famílias sozinho. Mas eu prefiro mãe dele.
muito mais ter um companheiro e deixar a equipe faz.er o traba- Mãe: Certo. Ele era muito ligado à sua mãe. Ele e sua mãe eram assim (cru-
llto. zou dois dedos), e seu pai estava de fora.
Carl: Eu tive uma idéia maluca. (rindo) Quando você disse que ele e sua
*** mãe eram assim (cruza os dedos), eu vi os dedos retorcidos e pensei
que havia algo retorcido entre ele e sua mãe.
Com a continuidade da sessão, o foco sobre a capacidade do pai para
envolvimento pessoal emergiu. Nós vemos, então, que ele sentiu-se esmaga- Ao compartilhar minha imaginação, eles JICarão com um quadro claro
do por seu pai ao criar seus próprios filhos .
de algo doentio entre o Pai e sua mãe.
90 91
Dançando com a fsmflia
Este compartilhar reflexivo com outra das minhas imagens visuais é in-
Este nível d~ relaciona~nto, ou falta de relacionamento, se você pre-
dicativo de minha crescente capacidade para ser livre com eles. Nós fomos ferir, parece perfeitamente acenável para a maioria dos homens. Começa a se
além da fase poutica inicial. Embora a política sempre permaneça uma parte
romper quando você traz para ele as mulheres, as quais parecem saber que
da relaçiio, ela recua agora para o segundo plano. intimidade é possível e que vale a pena procurá-la. Eu suponho que a origem
É como qualquer outro relacionamento em termos de crescimento por
seja a relação tão íntima que a mulher tem com seus filhos dentro do lltero.
estágios. Agora eu estou menos amarrado pelos seus conflitos reais e mais
À medida que esta relação se desenvolve, toma-se uma profunda experiência
livre para ficar em contato com minhas próprias reações internas. Isto é uma
para a mãe. O pai geralmente está alheio a isto, até que O bebê nasça. Eu não
fase essencial, a se atingir para nossas sessões serem proveitosas. Na medida
estou seguro que eles realmente sejam capazes de se igualarem. Certamente,
em que eu sou capturado pela realidade de seu dilema e pela procura de so-
a divisão histórica do trabalho, quando o homem saiu para caçar O dinossau-
luções, eu sou cooptado pelo seu sistema. Uma vez dentro, eu fico neutrali-
ro, enquanto a mulher protegia as crianças na caverna, contribuíram para
zado. Uma vez seduzido desta forma, meus esforços parecem com os de Ali-
este desequillbrio.
ce, que enquanto corria com a Rainha de Copas exclamava: "Quanto mais
nipido eu corro, mais eu fico para trás". Apesar das objeções de nossa cultura atual, eu acredito que a biologia
transcenda a psicologia. Os homens podem certamente aprender a ser mais
íntimos e aconchegantes, mas eu duvido que eles possam vir a se tomar tão
Homem/mulher: a eterna dialética intuitivamente aconchegantes como a mulher. Mesmo a alteração do modelo
sócio-cultural tradicional não terá este efeito. Eu uso a analogia da roda de
O velho axioma "o homem usa o amor para obter sexo, enquanto a mu- bicicleta para descrever o modelo familiar tradicional. A mãe é o centro da
lher usa o sexo para obter amor", parece ter algum mérito. Exemplifica a roda. Ela é responsável pelo mundo interno da família, por providenciar para
perspectiva básica, primitiva e divergente mantida pelo sexo masculino e que haja suficiente aconchego e cuidados. O pai é o aro e a roda. Sua função
pelo feminino em muitas culturas. Embora na sociedade de hoje, moderna e é lidar mais diretamente com o mundo externo. Ele deve proteger o resto da
sofisticada, isto possa ser percebido como fora de moda, a evidência humana famfiia de alguns dos aspectos perigosos do mundo real, bem como preparar
é difícil de refutar. as crianças para lidar com as demandas daquele mundo. As crianças são os
O homem tem momentos difíceis com a intimidade. Em vez de procurar raios. Eles são o que une a mãe e o pai. Eu suponho que eles tendem também
sentido através de relacionamentos pessoais, os homens procuram-no pelas a mantê-los separados, se levarmos mais longe a analogia. De qualquer for-
conquistas, aquisições e possessões. Muito parecido com o rapaz que cole- ma, este modelo não é um que promova a intimidade enue mãe e pai como
ciona modelos de carro ou figurinhas de baseball, os garotos crescidos tam- marido e mulher.
bém o fazem. Os brinquedos mudam para dinheiro, carros esporte, ou com- Voltando à nossa fam0ia, sua versão idiográfica deste assunto univer-
panhias ... É tudo a mesma coisa. Os homens se vestem de realizações e su- sal vem à luz.
cessos. Sem eles, sentem-se nus e envergonhados. Eles se definem pelo que
eles têm, e não pelo que são. A própria questão de quem eles são soa ridí- Carl: O verdadeiro problema é, com a maioria dos homens, que eles desis-
cula. O que realmente significa? tem de obter algo da vida quando ainda são muito jovens. Eles são
Mas há mais! Os homens parecem precisar deste tipo de foco para pro- treinados para se apaixonarem por coisas. Por máquinas, animais e
tegê-los de algo que parece assustador. A própria idéia de realmente deixar trabalho.
alguém conhecê-lo é ameaçadora demais até para ser admitida. Quando
os homens estão com outros homens, isto não é tão difícil. Eles realmente Para o sexo ma.sculirw, a quem desde cedD I ensinado que o envolvi-
enfocam matérias que são de alguma importância. Você sabe, como os Dod- men10 emocional , Jrfvolo, a vida toma-se um desafio para enconrrar
gers foram, o que houve com os Packers, o que está acontecendo com o mer- dreas, assumas ou objetos seguros para investir.
cado de ações, dê uma olhada no meu carro novo, você já reparou na nova
secretária ?
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Dançando com II famlill
r
Mãe: Eu não sei. Eu sei que desde
Mãe: Sim! Sim! É exa1amente assim! Ele está apaixonado por seu trator. . . que eu tenho artri
estou d epmruda. Faz 14 anos. te reumat6ide eu
Quando estava com defeito e não funcionava, ele se lamentava: "Oh,
Carl: E sui piorando?
cu tenho que ter aquele trator. Você sabe que eu preciso daquele tra-
Mãe: Eu não sei.
tor". Então, Mikc teve que consertá-lo.
Carl: Deixe-me fazer uma pergunta maluca
Carl: Com paixão ! que a doença de Gail impediu qu 'qu~ me ocorreu. Voe! acha
Mãe: Sim! Com paixão! Esta é a sua paixão! e sua artrite •
Mãe : Talvez um pouquinho. Eu não sei. pmrasse?
Carl: Você tem alguma idéia de quando é que você desistiu de tentar hurna.
nizá-lo? Quanto tempo de casado vocês tinham quando você decidiu Carl: É as sim que eu penso sobre as fanúl •as.
·
Mãe: Eu não tenho tempo de pensar em •
que ele era sem esperança? mun por causa dei
Mãe: Não foi logo em seguida, não .
Vanessa: Você também gnta com Gail um mo te V ª·
va ne la. n · oc! extravasa muita rai-
(risos)
Mãe: Sim. Eu brigo com ela.
Este comentdrio sublinha wn conflito t(pico do infcio da vida de casa- Carl: Então você está realmente tendo um caso com a Gail en
está tendo um caso com O trator. • quanto ele
dos. A mu./her tenta ajudar o homem a viver no presente. A envolver-se com
Mãe: Talvez.
ela num nfvel pessoal. Seu riso confirmou o reconhecimento da luta e, tal-
vez , o desespero de sua realidade .
Mais uma vez , casos psicológicos são marcados por um mtenso . .
mves
fimento de afieto . E ste teve o benefício de pennitir à mãe -
Carl: Bem, usualmente não é logo em seguida, porque a mulher confunde · · ida expressar um pou-
sexo com amor. Ela não se dá conta de que o homem não está real- co de sua raiva repnm , mas é auto-derrotivo a longo prazo.
mente amando, é s6 sexualidade.
Este. é um exemplo
. claro dos duplos níveis de impacto que preenchem
Mãe: Certo. Bem, levou mesmo um par de anos. Talvez uns cinco anos.
nossas
. vidas e cnam os paradoxos
. com os quais lutamos. Emb ora supcrfi-
Meus esforços aqui são para trazer a mãe de volta para a equação. ".'almente pareça. q_u e a cap~1dade da mãe em descarregar sobre Gail pode-
Agora que estabelecemos os homens como desesperançados, eu quero que a na, ao menos, ahv1ar sua raiva, nos níveis mais profundos isto volta-se con-
mãe esteja livre para olhar a realidade de sua vida. Para realmente enfrentar tra ela. Nada se resolve, e um sistema triangular de interação é reforçado.
o fato de que seu marido não compartilha muito carinho com ela. Que ela Dada esta forma de interação, Gail está agora empregada. Embora 0
pagamento seja baixo, há um grande status em ser o objeto primário da in-
está sozinha.
Ser enganada pelo interesse masculino em sexo é uma das formas mais tensidade materna. A conseqüência automática de nunca poder crescer é um
antigas pelas quais as mulheres tentam convencer-se de que os homens se preço pequeno para a segurança de toda a vida de ser tão desesperadamente
importam com elas. Embora seja temporariamente tranqüilizador, isto é de- necessária. Parte do problema é que, embora a mãe possa realmente obter al-
sumanizante a longo prazo. gum alívio, a um nível mais profundo ela sabe que está escondendo-se dos
Eu parto da pressuposição que antes que a mãe possa realmente se mo- assunto_s que realmente a preocupam. Ela pode até ter alguma consciência de
bilizar para crescer, ela precisa enfrentar a realidade que tenta ignorar. So- estar ativamente perpetuando-os.
mente então, sua dor e sua solidão tomam-se aliadas em seus esforços para Além disso, não é nem sequer saudável para o pai sair da encrenca tão
facilmente. Ele precisa sentir-se procurado morto ou vivo, que seja. Ser de-
crescer. Somente então, elas lhe dão coragem e direção. Até que possa in-
sejado é uma parte essencial da vida. Sua distância certamente mantém o seu
corporá-la, sua dor a manterá congelada e isolada. É claro, incorporá-la tam·
nível de conforto, mas também grandemente contribui para sua sensação de
bém será doloroso, mas é uma dor com promessa e esperança, e não debili-
falta de sentido.
tante por natureza.
Talvez o componente mais devastador deste tipo de estilo familiar se
Carl: ... e desde então você esui deprimida? relacione com sua falta de vontade para realmente enfrentarem-se e aos as-
95
94 Dançando com a famfl/11
L
Mãe: Sim! Sim! É exatamente assim! Ele está apaixonado por seu t~~or. Mãe : Eu não se!.
Eu sei que desde que eu tenho artrite reumatóide eu
estou depnm,da. Faz 14 anos.
Quando estava com deleito e não funcionava, ele se lamentava: Oh,
eu tenho que ter aquele trator. Você sabe que eu preciso daquele tra- Carl: Está piorando?
Mãe : Eu não sei.
tor". Então, Mike teve que consertá-lo.
Carl: Com paixão! Carl: Deixe-me fazer uma pergunta maluca, que me ocorreu. Você acha
Mãe: Sim! Com paixão! Esta é a sua paixão! . . que a doença de Gail impediu que sua artrite piorasse?
Carl: Você tem alguma idéia de quando é que você des1suu de tentar hu'.11'.'. Mãe: Talvez um pouquinho. Eu não sei.
nizã-lo? Quanto tempo de casado vocês tinham quando você decidiu Carl: É assim que eu penso sobre as famílias.
que ele era sem esperança? Mãe : Eu não tenho tempo de pensar em mim por causa dela.
Mãe: Nlio foi logo em seguida, não. Vanessa : Você também gnta com Gail um monte. Você extravasa muita rai-
va nela .
(risos)
Mãe : Sim. Eu brigo com ela.
Este comentdrio sublinha wn conflito t(pico do início da vida de casa- Carl: Então você está realmente tendo um caso com a Gail, enquanto ele
dos. A mulher tenta ajudar O homem a viver no presente. A envolver-se com está tendo um caso com o trator.
ela num ntvel pessoal. Seu riso confirmou o reconhecimento de, luta e, tal- Mãe: Talvez.
vez. o desespero de sua realidade.
Mais urna vez , casos psicológicos são marcados por um intenso inves-
Carl: Bem, usualmente não é logo em seguida, porque a mulher confunde timento de qfeto. Este teve o beneffcio de pennitir à mãe exp~ssar um pou-
sexo com amor. Ela não se dá conta de que o homem não está real- co de sua razva repnmúia, mas auto-derrotivo a longo prazo.
mente amando, é só sexualidade.
Mãe: Certo. Bem, levou mesmo um par de anos. Talvez uns cinco anos. Este é um exemplo claro dos duplos níveis de impacto que preenchem
nossas vidas e criam os paradoxos com os quais lutamos. Embora superfi-
Meus esforços aqui são para trazer a mãe de volta para a equação . cialmente pareça que a capacidade da mãe em descarregar sobre Gail pode-
Agora que estabelecemos os homens como desesperançados, eu quero que a ria, ao menos, aliviar sua raiva, nos níveis mais profundos isto volta-se con-
mãe esteja livre para olhar a realidade de sua vida. Para realmente enfrentar tra ela. Nada se resolve, e um sistema triangular de interação é reforçado.
o fato de que seu marido não compartilha muito carinho com ela. Que ela Dada esta forma de interação, Gail está agora empregada. Embora o
está sozinha. pagamento seja baixo, há um grande status em ser o objeto primário da in-
Ser enganada pelo interesse masculino em sexo é uma das formas mais tensidade materna. A conseqüência automática de nunca poder crescer é um
antigas pelas quais as mulheres tentam convencer-se de que os homens se preço pequeno para a segurança de toda a vida de ser tão desesperadamente
importam com elas. Embora seja temporariamente tranqüilizador, isto é de- necessária. Parte do problema é que, embora a mãe possa realmente obter al-
sumanizante a longo prazo. gum alfvio, a um nível mais profundo ela sabe que está escondendo-se dos
Eu parto da pressuposição que antes que a mãe possa realmente se mo- assuntos que realmente a preocupam. Ela pode até ter alguma consci~ncia de
bilizar para crescer, ela precisa enfrentar a realidade que tenta ignorar. So- estar ativamente perpetuando-os.
mente então, sua dor e sua solidão tomam-se aliadas em seus esforços para Além disso, não é nem sequer saudável para o pai sair da encrenca tão
crescer. Somente então, elas lhe dão coragem e direção. Até que possa in- facilmente. Ele precisa sentir-se procurado morto ou vivo, que seja. Ser de-
corporá-la, sua dor a manterá congelada e isolada. É claro, incorporá-la tam· sejado é uma parte essencial da vida. Sua distância certamente mantém o seu
bém será doloroso, mas é uma dor com promessa e esperança, e não debili• nível de conforto, mas também grandemente contribui para sua sensação de
tante por natureza. falta de sentido.
Talvez o componente mais devastador deste tipo de estilo familiar se
Carl: ... e desde então você está deprimida? relacione com sua falta de vontade para realmente enfrentarem-se e aos as-
l
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Dançando com a famRia
e! pode decidir nlo passar sua vida com ele, mas isto é diferente. Você ain- Apesar dos conflitos que se seguem, pode ser que estas dificuldades
da o tem 16 dentro de si mesma. sejam centrais para o desenvolvimento de um sentimento real de intimidade.
Afinal de contas, a intimidade é um processo, não um evento. J:. algo que se
M&: Estou certa de que isto a incomoda! (Maria está chorosa.) desenvolve e evolui com o tempo, não algo que simplesmente exista. Quan-
Carl: A coisa boa a respeito do amor é que ele não é como sabão. Não se do o casamento provê a segurança necessária para enfrentar bilateralmente
acaba quando voce usa. Parece mais com os mdsculos, quanto mais seus próprios medos, assim como os de seu cônjuge, então a intimidade se
voce aprende a amar, mais você pode amar! desenvolve. Ficar atolado em uma projeção bilateral de culpa faz muito pou-
co para encorajar o crescimento.
J:. uma coisa maluca a forma como nossa cultura encara o casamento. l:. Voltando à família, todas as mulheres estão chorando pelo sofrimento
como se nós acreditássemos que é possível compartilhar uma vida sem se do conflito de Maria com seu namorado. Como de costume, o pai parece
envolver ou investir emocionalmente. Isto é simplesmente impossível! Viver inatingível.
juntos durante anos automaticamente envolve o contato e a imersão um no
outro. Pode não ser ideal, mas é real. Carl: Isto foi uma coisa muito bonita. Foi muito bom para mim, ontem, a
Eu acredito que nós selecionamos parceiros com os quais estamos psi- forma como vocês puderam chorar.
cologicamente combinados. Não é, de forma alguma, um processo aleatório. Eu acho que é muito ruim que vocês não possam ter ensinado o
Eu não acredito que a gente acabe casado com uma pessoa em particular por velho a chorar.
erro. A desculpa de "insanidade temporária" não encaixa na minha expe- Mãe: Ele não chora.
riência. Obviamente, há uma conspiração massiva neste processo, pelo qual Carl: Talvez você consiga que ele chore pelo trator, algum dia.
nós mub.lameote concordamos em ser de uma certa forma um com o outro,
como parte de uma estratégia de vendas. De alguma maneira, o tempera- Meu comentário expõe um ponto nevrálgico da famllia . Enquanto as
mento dele não se mostra até depois da cerimôoia de casamento. O perfec- mulheres se envolveram, o pai caiu fora.
cionismo dela é visto como esmero, até que se volte contra ele durante a lua-
de-mel. Mas dizer que eles estavam completamente inconscientes, para infe- Mãe: Oh, ele o fará! Eu sei que ele o fará.
rir que eles realmente não se davam conta daquilo em que eles estavam in- Pai: Sim. Quando eu não puder mais dirigi-lo.
gressando, é ridículo. Carl: Quando você não puder dirigir mais? Bem, eu ... é engraçado, mas eu
Embora superficialmente pareça que nós escolhemos alguém que pre- lembrei que, quando eu tinha mais ou menos 10 anos ... Eu comecei a
encherá todas as nossas necessidades e nos completará, o relacionamento real dirigir o trator quando eu tinha 7. Quando eu tinha 10, eu não con-
é mais profundo. Paradoxalmente, quanto mais nossa seleção parece preen- segui fazer uma curva. Nós tínhamos um velho Case (tipo de trator)
cher de forma clara nossas necessidades superficiais, mais profundo será o e ele não fazia bem as curvas. Eu caí de uma ribanceira para dentro
conflito pera rcalg:leme nos tomarmos um casal saudável. Com freqüência, do rio e fiquei com água até a minha cintura. O trator ficou todo em-
parece que, em razão da nossa seleção conjugal, defrontamo-nos com a baixo d'água.
oportunidade de lutarmos com alguns de nossos temores mais apavorantes.
Casar com alguém, porque sua força o faz sentir-se segura, no final trans- Aqui, em reação ao surto de afeto do pai pelo trator, eu segui seu te-
forma-se na necessidade de desafiar e derrotar esta força para se tomar uma ma. Foi uma reação automdtica, e minha intervenção serviu para ampliar a
pessoa. Quando você derrota sua força, ele precisa enfrentar os medos e in- opressão que eles sempre sentiram com respeito a conversa paterna sobre o
certezas que ela mascarava. Selecionar uma esposa, porque ela é muito deli- trator.
cada e atenciosa com suas necessidades, pode terminar no dilema de ficar
aborrecido com sua falta de individualidade. As distorções são infinitas, com Vanessa: Eu não quero mais falar sobre tratores! (gritando, com raiva). Eu
tremendas variações e diversidade de estilo. não quero mais falar sobre estes malditos tratores! Eu quero saber
98 99
Dançando com a famO/a
oomo Maria está se sentindo! Eu não quero ouvir mais falar sobre
um avião, um satélite, ou uma teoria psiquiátrica. Eu não acho
tratores!
que faça qualquer diferença. Eu acho que ainda estamos no ccr-
Jesus Cristo! Tem al~m sofrendo aqui! Eu não quero mais
cadinho de brinquedos em que nossa mãe nos deixou .
ouvir falar em tratores!
Eu quero ouvir falar de Marla! Eu quero ouvir falar de seu
namorado!
...
Pai: Sim. Isto é verdade. Mas, mais cedo ou mais tarde, vocês t!m que
Um silêncio pronunciado e doloroso seguiu-se à explosão de Vanessa.
ter coisas materiais também. Apenas o soluço abafado de Maria interrompia o silêncio. A mãe falou pri-
Vanessa: Bem, eu quero ouvir sobre Marla. Eu não quero ~uvir vods dois
rreiro, numa manobra instintivamente protetora para aliviar a tensão.
falar sobre estas merdas de tratores! Que se fodam .
Mãe : Parte disto é que, em cada refeição ...
A losão de VanesJ» em oposição a este estilo familiar, agora ua-
Carl : Deixe-a falar, mãe.
gerado, j inlensa. É sua forma de lutar com a mãe em sua batalha e com-
partilhar mais de seu desespero sobre os homens . .
Eu quero permitir-lhes que possam dar-se o lww de experienciar mais
Minha aliança com O pai deixou-a com mu110 medo de que todos os
completamente a dor . Talvez eles sejam capazes de obter algum /Jeneffcio
homens fossem desesperançados. Que todos os homens fossem vê-la come
disto, se não fugirem tão rapidamente .
um tratar. Se ela funciona suficienlt!mente /Jem, para sexo ou paro o que
for, eles estão interessados. Se não, eles estão ocupados com outras coisas.
( silêncio)
A resposta do pai ao seu apelo passional foi desencorajante.
100
Dançando com• faml/la 101
Um pouco mais tarde, estou falando com Vanessa sobre seus problemas
com os homens. Ela fala sobre seu estilo típico de aproximar-se, at~ que ela guém para seguir em frente . Na condição dela, seria muito ruim para
sinta que o homem pode realmente estar ligando para ela. Neste momento, ela e para o resto da famOia se ela não tivesse algu~m em quem se
ela se retrai . apoiar.
Carl: Talvez ela entrasse num bar e convidasse alguém.
Carl: Vocé tem medo de que, se você não se retrai, você ficará presa
como sua mãe ficou? Enquanto o pai continuava a definir o assunto como i"elevante, eu
Vanessa : Sim! É exatamente isto! continuava minha sondagem. Não havia impacto aparente, mas ele pode
ocorrer mais tarde.
Aqui, eu estou chamando atenção para as influências transgeracio-
nai.s. Isto pode servir para estimular um esforço real de mudança. Vanessa: Eu acho que ela depende de Mike.
Mãe: Sim. É verdade.
Carl: Então, por que você não ajuda sua mãe a levantar-se sobre suas Pai: Certamente.
próprias pernas e lutar contra o pai? Vanessa : É difícil para o Mike ter relacionamentos.
Vanessa: Eu tenho tentado, de formas diferentes, todos estes anos. Eu acho Carl: Esta é a razão pela qual ele não veio? Ele não queria revelar que
que por isto que cu quis estas sessões familiares. Eu não sei co- ele é o novo homem da mãe?
mo enfrentar o pai cu mesma!
Vanessa: Ele estará aqui amanhã.
Mãe: Ning~m sabe! Ninguém sabe como! Ninguém na vizinhança 0 Carl: Sim, mas ..• você sabe.
cnfrcnlaria. O que ele diz está dito! Mãe: Eu sei. Ele não quer vir.
Carl: Marla d iz que o faz. Ela não pode vencer, mas ela resiste.
Com a famllia mais ampla sendo enfocada, a temperaJUra cresce. A
Mãe: Niog~m pode ganhar dele.
mãe revela sua forma de lidar com a distância do pai. Ela compartilha a
Carl: Bem, seu terrível velho bastardo, o que você irá fazer a seu res-
cenlralidode de seu filho em sua vida. O pai, novamente. opta pela i"ele-
peito?
vlincia, vollando-se para a n:aüdade .
Pal · Viver tanto quanto possa, daí...
Carl: Daí, vocé irá morrer, hein?
Pai: Isto é ruim. Se você depende demais de ...
Pai: Bem, suponho que não há alternativa. É inevitável. Mãe: Ele é o i!nico que me entende! Ele entende toda a situação. Ele vê
tudo claro como água! Claro como num quadro!
Aqui, eu coloquei a raiva deles em palavras mais expressivas, espe- Pai: Quando eu morrer, alg~m tem que tomar conta. É claro, ele já
rando impulsionar o processo. está tomando conta da fazenda agora.
Mãe: É demais para ele!
Carl: Vocé acha que ela vai ficar melhor da artrite quando vocé morrer?
Pai: Pode ser. À medida que a sessão aproxima-se do fim, Vanessa e sua mãe revisam
Mãe: Eu não acho. a impossibilidade de lidar com o pai. O tema é antigo, mas sua crescente
Carl: Vocé acha que ela tem um homem mais jovem de reserva? Talvez ela vontade de discuti-lo na frente dele é encorajante.
esteja meio que esperando que você saia do cwninho, e então ela pode
ter uma vida feliz ? Mãe: Eu não gosto disto. Eu não posso me aproximar dele. Ele foge. Se
Pai: Eu não saberia. Mas há rapazes em volta. ele fica, ele se volta para o rádio, com o Paul Harvey a todo vo-
Carl: Vocé chegou a suspeitar disto? lume. Ele come, come .•. ou cotão vai embora. Eu não posso falar
Pai: Bem, cu mais ou menos encorajo as pessoas para não depender com- com ele sobre coisas humanas.
plc:tameote de um só. Mais cedo ou mais tarde, você precisará de al-
103
102 Dançando com• famll/a
. ue eu reagi tanto à conversa sobre
O1 ~•-
ssa · Acho que é por isto q . --
VDM • (olhando para o pai). Eu fiquei funosa, porque voce não queria
~•~-
. so bre a situaça·0 de Maria ou sobre a sitn•"ão
falar nem ouvir -. da
mie. Voe! quer falar sobre as coisas da faz.enda, e nós ternos que ~ .:-
ouvir a sua conversação.
Nds estamos jantando, e voe! conve~a sobre .º tempo. H.t
coisas mais importantes para se falar. Eu_sei que~ difícil falar so- -=--
=
bre as coisas. Eu sei que não conseguimos muita coisa com a
Maria, mas eu sinto que temos que tentar.
.
M6e · Eu sempre d1sse, eu estou cansada e farta de estar na mesa c~ .. ,
· dois homens. Tudo O que eles falam é sobre o trabalho e O tempo.
Tratores e parafusos. Eu sempre interromp0 cem vezes por dia.
Carl: voce ainda não desistiu, não é?
M6e : Não.
Carl: Mas usar apenas um martelo de borracha contra uma Parede de
pedra faz sentido?
104 105
Dançando com • famlla
cês, mas não vou fazê-lo! Eu quero que vocês dois o façam. Vo-
completa o ciclo. Quando a gente vê o "fato" da seqü~ncia interativa com-
cês que construam sua própria casa. Isto é realmente importante!
pleta, as colunas se igualam. Cada ação é compartilhada, mesmo se O com-
Eu acho que vocês não conseguem dar andamento à casa por. partilhar está encoberto.
que vocês então vão ter que ficar nela juntos. Eu não acho que
vocês queiram enfrentar um ao outro. Estou consada de ser urna Vanessa: Eu acho que a outra parte responsável por eu me sentir com rai va,
distração para o que um vai fazer para o outro, quando não tive.
é que vocês não me dão o apoio que eu preciso para resolver al-
rem mais crinças com quem gritar! guns de meus problemas. Eu sinto que eu não posso usar vocês
Mãe: Acho que é verdade. Isto começou há muitos anos. O pai dizia: como um recurso, ou como pais.
"OK, mãe, você vai à igreja com as crianças. Você vai ao casa- Carl: Espere um núnuto! Você diz que quer ser um ad ulto e não cuidar
mento com as crianças". Ele nunca foi conúgo. Então, ele manda. deles, e quer ser uma criança para que eles cuidem de você? Po-
va os filhos conúgo como substitutos. nha ordem nessa sua cabeci nha! Você quer ter 7 ou J 8?
Ap6s esta queixa apaixonada de sua filha, a mãe teruou evitar qual- Aqui eu estou tentando contaminar o que pareceu ser urna li~ação
quer responsabilidade. Eia tentou retrair-se sob a salva11uarda (a'11i/iar de exagerada ao mundo infantil dos desejos. Eu quero que Vanessa realm,,rrte
designar o pai como verdadeiro vilão. Isto a deixaria como mera vftima. lute com a crença de que seus pais têm a responsabilidade lÍI! tomar suo vi-
da mais plena. Embora seja normal querer apoio e cuiaados de seus pais, a
Meu esforço aqui I para conlmninar o conforto destD posição. Eu que-
intensidade de seus sentimentos era prob/em4Jica. Isto a manthn infantil.
ro que a fomllia veja isto como wna associação entre o pai e a mãe, e niio
como wna dança do tipo vilão/vitima.
Vanessa: Bem, eu quero ser um adulto mas eu não quero cuidar deles. Eu
Carl: Você já pensou qual o truque que você usa para fazê-lo agir assim? também quero algum apoio deles. Eu sinto ••• , como eu posso di-
M áe: Eu não sei. Eu não pensava que houvesse... Ele é que não queria ir zer••• ?
junto. Eu não sei por que. Carl: Você não precisa diut. Você jã disse.
Carl: Oh, eu acho que você tem que aceitar metade da responsabilidade por Vanessa; Que eu quero ser tanto um adulto quanto uma criança•
isto. Eu não acho que você deve deixar para ele todo o crédito. Carl: Claro! Voe! quer que eles cuidem de voe! mas não quer arcar
com a despesa. Se voce quer ser filha e quer que eles cuidem de
Eu quero que a mãe tenha a oportunidmk de enfrentar sua completa você, você tem que deixá-los ser seus filhos e cuidar deles.
participação. Atl que ela o faça, ela estDrd Impotente para mudar. Vanessa: Bem, eu não quero fazer nada disso. Eu quero sair dessa.
Carl: Bem. •• Boa sorte!
A i~ia de asswnir responsabilidades iguais pelos conflitos conjugai&
ou, a propósito, os bitos é uma que recebe uma enorme quantidade de con- Ap,Js as ponderaç&s dela sobre uma propostD do tipo "isto ou aqui-
versa, mas muito pouco suporte real. Quando colocada à prova, esta posição lo", eu teruo voltDr ao fato que os tksejos conjugados de pertencer e indi-
rapidamente desaba. Isto a torna uma postura potencialmente desleal. Dizer vidualizar são companheiros de toda a vida.
uma coisa e agir de outro modo lança as sementes do auto-engano.
Da forma como eu vejo, a confusão ameaça quando nõs !abulamos os Isto é como tem que ser! Embora porte um sentimento paradoxal. isto
acontecimentos e as interações em um deternúnado período de tempo, e não é tão enganoso. Na verdade, todos nós can-cgamos conosco, através de
então fazemos as contas para ver realmente quem é o vilão e quem é a víti- Ioda a vida, 0 desejo de ser cuidado, alimentado e adorado. Paralelamente, há o
ma. As listas de comportamento inaceitáveis são tipicamente desproporcio- desejo de ser independente, auto-suficiente e autônomo. Isto ~. sentir_que es-
nais. Isto ocorre porque o que é notado são os comportamentos observáveis tamos encarregados de nossas próprias vidas e não demasiadamente influen-
em vez do ciclo completo de uma seqüencia interacional. Nós registramos o ciados ou controlados pelos outros. Ninguém ultrapassa isto, sequer O alcan-
comportamento sem notar a resposta do tipo "não-resposta" do cônjuge que ça completamente.
112 113
Dançando com• fllmR/a
PortaDIO, u duas forças estlo colocadas num jogo ativo _durante tOda 1
vida. f.ncontramOS muitos foros nos quais encenar este conflito. A solução Agora, de forma mais pronunciada, o poder de seu desamparo fica rt!•
não esperar por um vencedor inquestionável, mas compor estas necessida- velado, Ao ml!smo tempo que luta cnntra a itM/a de st!duzir os homens pt!lo
des de forma complementar. Sua capacidade final de ser uma pessoa auto. truque dafrOJlueza, t!la t!'!/rt!nta o sofri,nt!nto de seus rt!lacionomentos. Pa-
noma e auto-suficiente cst! diretamente ligada à sua capacidade de Partilhar ra conseguir St! desviar dos de sua mát!, t!la primeiro prt!cisa en-
e de realmente pertencer aos outros. Pertencimento e individuação estão en-
frt!ntar o preço a ser pago.
trelaçados. Eles nio são conccilOS antagônicos, mas operam em simetria.
Vanessa: Bem, isto pode ser bom para atrair alguém, mas não é bom para
Quanto mais voe! possuir de um deles, mais voce tem acesso ao outro. Eles
um relacionamento!
,e fortalecem cm vez de oporem-se. fula relação do tipo yin/yang aponta
Carl: Bem. ••
para a integração como objetivo dltimo.
Co1RO o caso de grande parte de nossa vida emocional, nós estamos Vanessa: Bem, por mim...
influenciados, talvez hipnotizados pela maneira como nossos pais lidam com Carl: Então, sofra!
estas questões universais. A disposição para pô-los a claro pode servir para
desmistificar o poder de sua influencia. Com a abertura do conflito com 0
Com este comt!ntdrio, eu estou dizendo-lht! que pode não haver solu-
ção a encontrar. Que a verdadeira questlio I como ml!lhor tolerar a dor.
tema individualizar-pertencer, toda a famOia pode v!-lo sob uma ótica dife-
Aceitar a dor como wna parceira na vida, e não tentar t!Vitd-la.
rente. Eles podem começar a tomar certas decisões baseados no que real-
mente querem da vida, não meramente baseados na mdsica subliminar que to-
Vanessa: ... ou lutar contra isto.
ca em suas cabeças.
Carl: ... ou ambos! Se você luta contra isto, voce ficará muito sozinha.
V oc! ve, a mãe está escravizada, mas ela não está sozinha. Você
Vanasa: Em frente das pessoas eu me sinto envergonhada. Sinto-me como
pode lutar contra isto e ser independente, não casar com ningu~m,
uma menina pequena.
mas então você ficará terrivelmente sozinha.
Carl: Você não se sente como uma menina pequena de qualquer forma? Mát!: É verdade!
Vanessa: Oh, sim! Eu sinto! Carl: Então você tem que fazer sua escolha. Você tem que ficar com um
Carl: Acredito que parte de sua ambival!ncia. .. , que você se sente deles, e é um alio preço, de qualquer forma,
como uma menina pequena. Mát!: É difícil ficar só.
Carl: Você não deve se casar a não ser que esteja disposta a ficar só.
Aqui, eu utou
nlunt! .
tentando ajudar Van,,ssa a en'-t!ntar
"''
d'••tamen te seus
H~
!Jt! . ntos dt! infanti/idadt!, Estes nllo entram t!m acordo com seu desejo dt! (risos)
ser inlkpeNit!nte.
ridade, o processo de tentar tomar-se "nós" é repleto de confusão, desen- Carl: Você tem uma arma? Você deveria ter uma destas pequenas Serenas
italianas. Elas são bem pequenas e você poderia carregar uma em sua
tendimento e desapontamento.
Ao deixar Vanessa com "você não deve se casar, a não ser que queira bolsa. As de calibre 0.25 são melhores que as de 0.22.
ficar sozinha" eu estou tentando contaminá-la e à sua fantasia de "e eles vi-
Elahorandt> a idlin da '7fãP de forçar o pai a participar com um revól-
veram felizes para sempre". Nossa cultura tem em alta conta a fantasia de
ver t excitante. Acrescenta-se a idlia da mãe decidir ser uma pessoa.
que o casamento é um fim a ser atingido, e não uma jornada na qual embar-
camos. É engraçado como as regras e manobras do cortejarnento raramente
Mãe: A última vez que eu disse algo para ele •.•
sobrevivem à vida de casado.
Carl: Você deveria ter um tocador de gado com choque elétrico. Você os
Embora o diálogo nesta ocasião se passe mais entre Vanessa e eu, 0
comentário da mãe revela seu reconhecimento do assunto em discussão. Por conhece?
caminhos tortuosos a escolha feita por ela e John é destacada e considerada Mãe: Sim.
Car 1: Eles são ótimos! Daí, cada vez que você quisesse que ele fosse a al-
como um ato volitivo, não como um acidente. A explicação típica usada por
gum lugar com você, você poderia dizer: "Por favor, John, zzzzzzzt!"
muitos casais de "insanidade temporária" para explicar a escolha de parceiro
Mãe: .Ele sempre diz: "Estou cansado, vou para a cama!"
caiu por terra.
Carl: Mas ele mudaria. Eu posso ouvi~lo: "Estou cansado. Eu preciso ir pa-
Este diálogo público relativo à dinâmica da seleção de parceiros abre o
ra a cama agora... AAAIII!"
caminho para todos os membros da família pensarem mais claramente. Eles
Mãe: Claro, ele pode mudar.
püdem agora examinar, fantasiar e perseguir ativamente todos os tipos de
Carl: "OK. Vamos dançar. Eu irei! Não me dê choque de novo!"
relações que desejem. Ouvindo esta linha de ação em linguagem clara, os
filhos podem escapar ao padrão familiar de cair numa dinâmica idêntica ao
Nossa discussc'Jo metaf6rica fica mau familiar com um implemento que
fazer sua própria seleção de parceiro. Eles também podem ficar ltkOnos pro-
os faundeiros conhecem. Esta conversa pode acordar o pai. Ampliando
pensos às reações de supen:ompensação pelos problemas percebidos no ca-
111 1111
Dançandl, com• tamlla
• ín · Quando fica claro que a dor não é realmente o in;_,
rcm-sc lll8IS amos. -~•ug0
,.,_ resultam cm aniquilação, o lado humano emerge
e que os conflitos nau . . •
Eu queria sublinhar o risco que o pru correu, de~ando claro que não
passou despercebido. uma ocorr!ncia rara numa famlha'. e pode levar a urn
caminho de mudanças contínuas. Meu esforço_ é para apoiar este tipo de rnu.
danças, provocando o pai sobre o risco de V1f ª t~mar-se um ser htunano.
Não valeria a pena ser muito sentimental ou flondo c~m ele, Eu lambérn
8
quero que os filhos dêcm-se conta de que talvez ele seJa uma pessoa lltais
complicada do que um pai solene e distante. Embora ele t~nha desempenha.
do este papel por anos, ele não precisa estar fadado a continuar com ele, Eu
quero que eles considerem a possibilidade de que ele seJa uma pessoa, cheia
de sentimentos, temores e fraquezas, não apenas um valentão estóico.
o cuidarrevisto
Chamá-lo de bobo é um outra fonna de desafiar este papel, embora en.
corajando a pessoa a dar um passo à frente. Eu quero dirigir-me para ele de
um modo que chame a sua atenção. Chamar um homem de bobo é um boa
maneira. Eu quero lhe sugerir uma outra fonna de ser que não seja tão boba.
Isto é, falar com a famfiia sobre seu mundo interior, uma forma de rcdcfi.
nição. Embora ele previamente operasse como se compartiJhar sua vida emo-
cional fos,c uma estupidez, eu quero agora que isto seja visto pelo outro la- Um dos aspcctos mais complexos de ser um terapeuta é trabalhar de um
do, o de que conter toda a sua dor é que é bobagem I Como isto vem de um modo que promova o crescimento, cm vez de ser meramente informativo, ou
outro homem, ele pode ser capaz de considerá-lo. mesmo destrutivo. A maioria de nós entra neste negócio com uma capacida-
Seu sil&icio através dos anos não é, evidentemente, apenas uma função de inata de ser empático e interessado. Nós somos bons em nossa capacidade
de sua personalidade. A famllia também deve ser considerada. Talvez nin- de cuidar nos termos tradicionais, de dar apoio e sermos compreensivos. Esta
guém quisesse conhecer realmente este seu lado. Talvez ele fosse forçado ao capacidade é central ao nosso papel. Sem ela não podemos fazer nada. Para
isolamento, ou, ao menos, intimidado. Um pai-marido muito participante po- podermos ser dteis, nós precisamos ser capazes de sentir a dor dos nossos
de ter sido muito ameaçador, clientes e apreciar seus conflitos. Embora isto seja essencial, não é o sufi-
ciente! Se este é todo o tipo de cuidado que podemos oferecer, a relação tc-
ra~utica fica severamente limitada. Como em qualquer outro tipo de rela-
ção, profundidade e intimidade só podem crescer como resultado de trocas
reais e conflitos reais.
Para ser realmente capaz de cuidar, vocé também precisa desenvolver a
capacidade de confrontar. Você tem que estar disposto a desafiar as pessoas
a enfrentar os assuntos que eles preferem não reconhecer. Quando eu forço
uma famfiia ou membro da famfiia a tomar uma posição, estou expressando
que me importo! Estou deixando-os saber que cu sei ameaçá-los melhor do
que ninguém. claro, confrontação pura é raramente de algum valor. Ser
sádico e esconder isto através de um sentido autoritário de profissionalismo é
um truque sujo.
O verdadeiro cuidar requer uma mistura de sustento com confrontação,
uma integração de amor e ódio como conceitos igualados. Eles são complo-
120
Dançando com a famR/a 121
A • Com O aumento de sua capacidade Mike: Não realmente. Vods podem apenas continuar.
za não antagu01cos. .
mentareS por nature ' . rdad d odiar Seu cuidar é o mgrediente que Carl: Bem, se eu o faço, vod está com problemas. Meu sentimento é que
ta sua hbe e e ·
de 11111B1', aumen dtil m vez de abusiva. Confrontação sem cuida. todo o mundo nesta famOia é igualmente maluco. Nós tentamos e ~
rmite à confrontBÇlio ser 'e riorizar isto em todos. Eu sei que voe! gosta de motores e que vod é
pe .
do é mero sadismo. . . a-se com 8 amplitude das emoções que suficientemente maluco para herdar a fazenda do velho. Isto é muito
O utro as pecto do. cuidar A re1ac1on . .
d' rsi'dade dos sentimentos t1p1camente au- maluco, porque ele estará sempre olhando aqui para baixo pera ver o
! te por seus clientes. 1ve .
voe sen C interação ao longo do tempo, a nqueza emo- que voce ellt4 faz.endo com a "11ua" fazenda.
menta com o tempo. om nossa do amor ao 6dio é rei
•ooal se expande. Mais uma vez, todo ~ ~ • ' e- Assim, talvez vod pudesse compartilhar um pouco de sua loucura.
ci . od pe-ber os sentimentos do terapeuta para com eles Mike: O que voce quer que eu demonstre?
vaote. O s c 1tentes p em •-
e tipicamente, respondem de acordo. . . Carl: Eu olio sei. Eu imagino o quão maluco voce pode ser•.• ou o quão
' • de toda 8 questão do cuidar é respeitar 08 maluco voce costumava ser. Como quando voe! pensou que poderia
Outro componente cruc1a1 .
'dades de nossos clientes. Parte disto é estar a par de su&E dirigir sua prdpria vida, em vez da famfiia dirigi-la para v~.
recursos e capac1 .
próprias limitações como terapeuta. Apesar das famfiias poderem nos procu- Mike: Eu ollo sei, eu ollo mudei tanto assim.
rar no meio de uma crise, eles não estão, de forma alguma, de~~os. Carl: O que voe! fará quando o velho se mudar para a casa nova e oão es-
Pela sua própria interconexão, eles t&n imensos recu~os. O dt~o um tiver mais lá para incomodá-lo? Arranjar uma mulher? Talvez voce
.. d B mlíe vale um milhão de beijos de um terapeuta é verdadeiro. Eles possa usar uma irmã?
be IJO • . .
têm O potencial de ser de ajuda uns aos outros, de msp1rar crescimento. Em Mike: Eu não sei. Talvez ter outras pessoas morando ali. Rapazes que eu
comparação, nosso potencial é um tanto d&il. . . . conheço.
Singulannente, nosso maior poder ou impacto ongma-~ diretamente de Carl: Bem, esta é uma idéia! Voce pode iniciar uma comunidade para ho-
nossa capacidade de ser real. Na extensão em que somos reais com eles, eles mens. V~ teria que ter um bom cozinheiro.
aprendem a s!-lo conosco. Em parte, isto significa nunca trair-se realmente. Mike: Sim. Alguém que pudesse realmente ajudar.
Uma vez estando claro que voe! permanece o centro de sua própria vida, Carl: V~ pode põr um andncio num destes jornais para homossexuais,
eles começarão a se tomar seu próprio centro. Aderir à ilusão conjunta de procurando um cozinheiro homem.
que voe! é o deus que eles precisam não serve para ninguém. Está fadado à Mike: Eu não estou procurando por isto! Eu chamaria alguns amigos que
amargura e ao ressentimento. Freqilentemente, eu digo para as famfiias: conheço.
" Ouçam, eu não estou realmente aqui por voc!s. Eu estou aqui por mim e
pelo que eu posso obter disto aqui." Eu quero que eles enfrentem seu pró- É sempre uma coisa estranha tentar que alguém se integre em um am-
prio poder e responsabilidade. Ao voltarmos à famflia, o assunto do meu biente já estabelecido. Mike está compreensivelmente cauteloso, não queren-
cuidar e de seus recursos toma-se focal. do expor muito de si mesmo. Mas não é somente a dificuldade da situação, é
O terceiro dia de consultas foi marcado pela chegada de Gail e Mike, também seu estilo pessoal. Ele parece preferir finnar o pé antes de arriscar-
os dois filhos que faltavam. Com toda a famfiia nuclear reunida, o ar estava se. Isto pode refletit seus sentimentos sobre o que é seguro faz.er dentro da
preenchido com um sentimento renovado de apreensão e incerteza. Embora famfiia.
um pouco disto seja a conseqü!ncia natural de ter todo o time presente, um Nós estamos no último dia, porém, e não há tempo para entradas leves.
pouco resultava da mudança em nosso ambiente. Em ceno sentido, Mike , Como com os outros membros da famfiia, ele também precisa ser iniciado.
Gail eram agora intrusos num processo já estabelecido com o subsistema ori• Quando ele evitou o meu convite aberto para auto-revelar-se, eu voltei à
ginal. O seu direito de nascimento como membros completos da famQia não f6nnula que a famfiia tinha revelado previamente, a da sexualidade. Quando
e&tava em questão, mas sua posição no supra-sistema ter&peutico não estave eu perguntei-lhe sobre arranjar uma esposa e ele respondeu com a idéia de
clara. ter al8':1ns rapazes mudando-se para lá, eu respondi automaticamente. o co-
m~ntário sobre um anúncio num jornal homossexual foi reflexo, e não pla-
Carl: Eu não sei como incluir voe! nisto, Mike. Eles fizeram? neJado.
O
Aqui, Gail não está se comprometendo e está sendo evasiva. Eu a Gail: Esta é boa! Eu sou fundamentalmente boa demais para ser mesqui-
nha!
compeli a dar uma resposta definitiva, portanto abandonando sua postura
de não ser ning~m e assumindo uma posição pessoal. Isto, l claro, tam- Carl: É com isto que cu estou preocupado. É assim que a mãe é. Ela é boa
demais até para ganhar o céu. Eu não acho que eles conseguiriam
bmi tem a mãe como objetivo.
agüentá-Ia. Deus ficaria encabulado.
Gail: Ela é uma boa mulher.
Carl: Com quem você terá que lutar?
Carl: Isto é terrível! É uma ofensa! Ela devia envergonhar-se de si mesma.
Gail: Bem•.• eu oão tenho que lutar contra ninguém, oa verdade. Eu apenas
Significa que ela oão 6 uma pessoa, só uma coisa.
tenho que lidar comigo mesma. Eu tenho que aprender a fazer as coi-
sas por mim. Eu estou interessado em contaminar a crença de que ser uma vftima
Carl: Você sabe, eu não acredito nisto! Você terá que aprender a lutar com passiva l uma definição adequada de ser uma pessoa. Eu quero salientar o
eles se voce quiser ser uma pessoa, em vez da famOia Cristo! elemente desumanizante disto. Acima de tudo, minha intenção l que eles
vejam mais claramente o preço terrfvel que estão pagando.
Estou agora pressionando com mais força sobre o tema generalizado da
postura não pessoal da famOia. A liberdade e a coragem para lutar e desafiar Gail: Ela é uma pessoa.
um ao outro. Eu quero dar forma a isto e pressioná-los a adotar este estilo.
Talvez eles sejam capazes de arriscar.
144
Dançando com a fam,7/a
145
Atendendo nov emente a famfila Gail: Ambos.
Carl: Bom, isto é melhor que um s6 de qualquer fonna.
sado desde a ses silo inicial, a famfiia
• voltou Para
Mãe : Sim,é.
Três anos tendo se pas Ao revisarmos esta sessao, mantenha um
sessão de acompanhamento. ·mcnto ou mudança que possam ter Carl : Às vezes, estas pcs80as querem casamento, e não sexo. Eu vi um
UDla . . ad O res de cresci 'd
t,e casal há poucos dias atrás, que estavam casados há um ano. Eles
olho • rto para os 10d1c , . marcada cm segui a a um telefo-
hamento ,01
•do A sessão de acompan . stava plancjando outra reunião · concordaram com o casamento, porque o marido disse que não
ocom • . ueafam1ae 0 haveria sexo.
nema de Vanessa, que d1s_se q nível para encontrá-los. _E u ac~itei pronta.
Maria : Oh, não diga!
EJ a pcrguntou se eu estana dispaveitosas noss
as visitaS antcnores Unham sido,
. . .
Carl: O que ficou claro é que ele queria dizer que estava OK ser casa-
mcote, lembrando-me quão 1
pro do acomp anhamcnto, Ga1l sohc1tou que fos-
fstica
Ao elaborarmos a og •moira parte fosse uma sessão tera. do, mas que ele ia ser homossexual. Não ficou muito bem.
EJ cria que a pn
se um coconll'O duplo. a dqu servir. apenas como acompanhamento do traba-
Esta história trabalha com a mudança dafigura-ft,ndo . É umafonna
~utica adicional, cm vez e
de jogar com o fato de que as pessoas vivem de vdrias ~iras. A abertura
lho pn!vio. . havia uma sensação de ansic_ciade e excitação,
Quando a famfüa chegou _ . f eis. Eles pareciam diferentes. O do didlogo I reveladora . Hd uma nova liberdade de participação ,
recnsao d,sccm v A
mas nenhum temor ou ap an!ncia era menos camponesa. . s roupas de
Carl: Vod já encontrou um novo namorado?
pai• tinha emagrecido e sua ap
'zadas menos extravagantes. Ga1l estava mais
Gail: Não! Eu não estou procurando por um homem.
V nessa cstavwn mais suavt ' aumento considerável de peso. A
a d lhos mais brilhantes, com um . Mãe : IÔ certo. Ela nem mesmo está procurando.
alerta e e O para sua artrite.
I s Carl: O que está errado com voce? Não procurar por um homem é ridí-
mãe usava ata.duras nos pu so , amos 8 sentinno-nos uns aos outros, Gail
culo.
Quando sentamos e começ tecimentos de sua vida desde os en-
a contar os acon . ã A. Gail: Bem, não agora. Eu estou saindo com amigos. Eu quero me juntar
avançou. Ela começou .d d arnaticarnentc sua rned1caç o . ma-
. Ela tinha reduzi o r . de 'd a um grupo religioso. Um grupo de solteiros da igreja!
coottOS antenores. . ue eram tão proeminentes unham saparc~, o. Maria: Solteiros que se trocam, na igreja.
tividadc e o afeto contido q . • vivia e estava morando sozmha.
Ela conseguira sair da insutu1çao cm que Carl: Certo! Alguns dos melhores namorados se conseguem na igreja.
bém trabalhando. E Minha primeira namorada cu consegui lá, e era do tipo enfadonha
Ela estava taro ó ·co de seus conflitos com os namorados. ra e velha. Estou feliz que não continuei com ela.
Gail então, trouxe o t p1 d uma filha total desta famfiia: ela, tam-
como se ela, agora, tivesse se toma o rados ! Ao acompanhannos a cooª Vanessa: Eu notei, Gail, que você andava procurando Maria e Ddris e que
d roblemas com os namo elas te deram um chcga-pra-lá. Eu também estava ficando irritada
bém, estava ten P °
versação, notem as mudanças em r
elação às sessões prévias.
oom você. Agora eu entendo isto, com a perda do namorado. E u
fico na pior quando eu termino com um namorado.
Carl: Voct dei xou seu namorado? ir com outra moça. Eu disse que
GaH: Ele me deixou. Ele começou a sa Esta I wna mudança boa. Vanessa responde espontaneamente de for-
ma a dar apoio, empaticamente . É (ntima, sem traços de cr(tica ou desa-
ele podia e ele fez. oisas também! Por exemplo, sexo e casamento provação.
Vanessa: Mas hav,'.11" outras c V ê não queira isto, então ele disse
corno coisas importantes. oc
Carl: Talvez vocês duas possam procurar algum, uma para a outra.
adeus. Vanessa: O que?
Mãe : Sim. ?
Maria: Ele pediu que você casasse com ele, certo . ?
Carl: Você sabe. Procurar uma para a outra. Ela vai lhe conseguir um
Carl: Ele queria um ou ambos? Casamento ou só sexo. namorado, e você conseguirá um para ela.
Vanessa: Bem, eu tenho um namorado agora.
***
Dançando com • famflla
150 151
Ao continuannos, pennanecemos com o tópico do suicídio. Eu a
centei outro vetor interativo ao falar com e mãe a respeito de como cres. A chave aqui é abertamente desafiar a posição de mártir da mãe de
o Pai li-
daria com o fato, se ela realmente se matasse. não ter razão para esrar deprimida. Eu quero que ela se dl conra de que ela
estd se escondendo dafamflia sob o pretexto de não sobrecarregd-/os.
Carl: Você sabe o que aconteceria com ele, se você cometesse suicídio? Eu termino com uma lembrança clara do que a mãe perdeu. Agora, a
M~N~ . família toda estd consciente de sua dor.
Carl: Eu posso lhe dizer. Eu aposto que ele desapareceria e morre .
na ern A discussão brevemente volta-se para as realidades concretas da vida
seis meses.
Mãe : Eu não sei. na fazenda. Eles falam de como o pai ainda trabalha na fazenda com Mike e
Carl: Eu tenho esta fantasia sobre mim, se minha mulher morresse. Eu como a mãe, freqüenternente, vem ajudar também. Está claro que Mike está
. E"' pen. em freqüente contato com seus pais.
so que cu desaparecena no mato. u nao se, quanto tempo levaria até
Aqui, Vanessa decide questionar seu innão, portanto desafiando a
que cu fosse capaz de voltar. Eu não acredito que eu realmente rne
crença familiar de que os homens não são seres humanos. Ela está pergun-
matasse, mas eu estaria em mau estado.
tando se ele realmente não se dá conta da dor que a mãe sente, ou se ele s6
age desta fonna.
Aqui estou ampliando o espectro do suic(dio para abranger taml,,!m 0
pai. Estou dizendo que a culpa que ele experiencia sobre os abortos, etc., 0
Vanessa: Você vê o Mike praticamente todos os dias, certo, mãe?
visitaria novamente.
Mãe : Sim.
Isto também sublinha sua dependência subjacente da mãe e derrota 0
Mike : Dia sim, dia não, é certo.
mito de que ele dançaria para o coração de uma mulher mais jovem .
Pai: Ninguém tem tempo.
Deixando-os com minha fantasia sobre mim, eu os deixo com algo
Vanessa: Você sabia que a mãe estava se sentindo tão sozinha? Você con-
contra o qu2 rebelar-se. seguiu dar-se conta disto nos últimos meses?
Mike: De alguma forma .. . , mas ... você sabe, eu não tenho tempo tam-
Mãe: Bem, e se ele morresse primeiro? Eu também me sentiria muito mal.
bém. (Mike começa a chorar)
Carl: Claro. Carl: Você é como o pai. Sempre trabalhando na maldita fazenda.
Mãe: Eu não poderia lidar com isto.
Carl: Clero. Poderia curar sua artrite, mas esteja certa, você ficaria depri-
mida e sozinha como o diabo. (afamflia chora)
Você alguma vez escreve para o pessoal e fala sobre a sua solidão
por carta?
Que bom indicador de mudança! Agora um dos homens pode possuir
Dóris: Não! Ela apenas manda cartas com novidades. Ela não fala sobre si
sua própria dor e ousa expressd-la através das ldgrimas. Isto é crescer! Mi-
mesma.
ke não está mais acorrentado ao mito familiar de que os homens não tê,n
Carl: Então você foge como ele! afeto.
Mãe: Sim.
Carl: Eu não acho que você deva fugir de seus filhos. Você acha que au- Mike: Não há nunca tempo!
mentaria sua cruz se você lhes contasse? Vanessa: Então você não tem tempo para visitar a mãe?
Mãe: Não há razão para eu estar tão deprimida. Estou somente saudos11. Mãe: Ele me visita muito. Nós não sabemos o que fazer, exceto traba-
Carl: Claro. Você está saudosa devido à fazenda, e pelos cinco filhos, e por lhar.
todo o passado que você não tem mais.
(risos) Outra mudança estd clara. Agora, Vanessa mais capaz de ver s~u
. • mo um nnpel. Ela pode admitir querer um relacto·
pai como pessoa, nao co ,--. . . .
Mais wna vez, um gesto tocante de um homem que não estd acostuma namento com ele, e não apenas escapar a tuanza.
do ao mundo das palavras. •
G,:lil: Eu estou mais próxima de meus pais agora. Eu tinha urna raiva
Carl: O que havia nas entrevistas que o fez mudar? encoberta do pai antes. mas não agora .
Pai: Bem, foi apontado que eu não era ... as crianças estavam sem re
em volta da mãe e eu não podia nunca estar ali. p Com a sessão chegando ao seu final, eu fiz mais uma 0ferta de abertura
Eu nunca estava por perto. Eu achei que a dnica coisa que para ouvir mais sobre as mudanças familiares. Vanessa decidiu tornar a
poderia dar a todos vocês era a casa. Agora, vocês tem uma casa oportunidade .
para vir.
Vanessa: Eu gosto disto. Carl: E o que mais?
Gail: Eu vi a relação entre a mãe e o pai reflorescer. Eu os vejo bastan- Vanessa : Eu acho que as sessões familiares trouxeram-nos mais proximida-
te. O pai tem tentado com muita força. O ajustamento da mãe tem de como família. Eu posso vê-lo com a mãe e com o pai . Espe-
sido mais difícil, porque ela está mais isolada. Ela precisa fazer cialmente, desde que vocês mudaram para esta casa nova. É como
mais força e alcançar os outros como eu faço. se o relacionamento de vocês tivesse um reinício.
Mãe: Sim. Bem, sem os filhos é mais fácil.
159