Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
o 101 — 30-4-1999
adiante designado abreviadamente por FAT, a quem 3 — A comissão referida no número anterior tem por
compete: função analisar e dar parecer sobre os aspectos que,
a) Garantir o pagamento das prestações que forem não constituindo actos de gestão corrente, sejam rele-
devidas por acidentes de trabalho sempre que, vantes para o bom desempenho do FAT, nomeada-
por motivo de incapacidade económica objec- mente:
tivamente caracterizada em processo judicial de a) Analisar e dar parecer sobre as contas do FAT;
falência ou processo equivalente, ou processo b) Dar parecer sobre o financiamento do FAT;
de recuperação de empresa, ou por motivo de c) Analisar e dar parecer sobre as dúvidas rela-
ausência, desaparecimento ou impossibilidade cionadas com a execução do presente diploma;
de identificação, não possam ser pagas pela enti- d) Analisar e dar parecer sobre as questões que
dade responsável; lhe sejam colocadas pelo ISP enquanto gestor
b) Pagar os prémios do seguro de acidentes de tra- do FAT;
balho das empresas que, no âmbito de um pro-
e) Propor medidas legislativas ou regulamentares
cesso de recuperação, se encontrem impossibi-
litadas de o fazer; que aumentem a eficácia do sistema de garantia
c) Reembolsar as empresas de seguros dos mon- e actualização de pensões de acidentes de
tantes relativos: trabalho.
i) Às actualizações das pensões devidas por Artigo 3.o
incapacidade permanente igual ou supe-
rior a 30% ou por morte derivadas de Financiamento do FAT
acidente de trabalho; 1 — Constituem receitas do FAT:
ii) Aos duodécimos adicionais criados pelo
n.o 1 do artigo 2.o do Decreto-Lei a) Uma percentagem a cobrar pelas empresas de
n.o 466/85, de 5 de Novembro; seguros aos tomadores de seguros sobre os salá-
iii) Aos custos adicionais decorrentes das rios considerados, sempre que sejam processa-
alterações, em consequência da nova dos prémios da modalidade «Acidentes de
redacção dada ao artigo 50.o do Decre- trabalho»;
to-Lei n.o 360/71, de 21 de Agosto, pelo b) Uma percentagem a suportar pelas empresas
artigo 1.o do Decreto-Lei n.o 459/79, de de seguros sobre o valor correspondente ao capi-
23 de Novembro, de pensões de acidentes tal de remição das pensões em pagamento à
de trabalho, por incapacidade perma- data de 31 de Dezembro de cada ano;
nente igual ou superior a 30 % ou por c) O resultado das aplicações financeiras;
morte, que tenham sido fixadas anterior- d) Os valores que vierem a ser recuperados nos
mente a 31 de Outubro de 1979; termos do disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 39.o
da Lei n.o 100/97, de 13 de Setembro, e do n.o 2
d) Ressegurar e retroceder os riscos recusados. do artigo 13.o do presente diploma;
e) Os valores recebidos decorrentes dos contratos
2 — Relativamente aos duodécimos referidos no de resseguro e retrocessão dos riscos recusados;
número anterior, o FAT só assume as responsabilidades f) O saldo transitado do FUNDAP à data da sua
decorrentes de acidentes ocorridos até à data da entrada extinção;
em vigor do presente diploma.
g) O produto das coimas que, nos termos da lei,
3 — O FAT não é responsável pela reparação ou subs-
tituição de aparelhos quando consequência de acidente, reverterem a seu favor;
salvo nos casos previstos na alínea a) do n.o 1. h) Outros valores que, nos termos da lei ou por
disposição particular, lhe sejam atribuídos.
Artigo 2.o 2 — As percentagens referidas nas alíneas a) e b) do
Funcionamento, acompanhamento e gestão do FAT número anterior serão fixadas anualmente, por portaria
do Ministro das Finanças, sob proposta do ISP, ouvida
1 — O FAT funciona junto do Instituto de Seguros
a comissão de acompanhamento do FAT.
de Portugal, adiante designado por ISP, a quem compete
a sua gestão técnica e financeira.
2 — Por portaria do Ministro das Finanças será cons- Artigo 4.o
tituída uma comissão de acompanhamento, presidida
por um representante do Ministério das Finanças, e Despesas do FAT
integrando:
Constituem despesas do FAT:
a) Um representante do Ministério do Trabalho
e da Solidariedade; a) Os valores despendidos em consequência das
b) Um representante do Ministério da Justiça; competências referidas no n.o 1 do artigo 1.o;
c) Um representante das associações de sinistrados b) As despesas administrativas decorrentes do seu
de acidentes de trabalho; funcionamento;
d) Um representante das associações de empresas c) Os valores despendidos por força dos contratos
de seguros; de resseguro e retrocessão dos riscos recusados;
e) Um representante das associações representa- d) Os custos suportados em consequência de apli-
tivas das entidades empregadoras; cações financeiras;
f) Um representante das associações representa- e) As despesas havidas com as recuperações a que
tivas dos trabalhadores; se refere a alínea d) do n.o 1 do artigo anterior;
g) Duas personalidades de reconhecida competên- f) Todas as que por lei lhe vierem a ser reco-
cia na área dos acidentes de trabalho. nhecidas.
2322 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 101 — 30-4-1999
Eduardo Vera Cruz Jardim — Eduardo Luís Barreto Ferro O alargamento do conceito de familiar a cargo para
Rodrigues. efeitos de acréscimo do valor da pensão anual
e vitalícia paga por incapacidade permanente
Promulgado em 15 de Abril de 1999. absoluta para todo e qualquer trabalho;
A remição de pensões de valor reduzido, sem pre-
Publique-se. juízo de fixação de um regime transitório que
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. permitirá a progressiva adaptação das empresas
de seguros, que assim não se confrontarão com
Referendado em 21 de Abril de 1999. um pedido generalizado de remição, com a ine-
rente instabilidade que lhe estaria associada.
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
Guterres. A consideração da prestação da assistência psíquica,
quando reconhecida como necessária pelo médico assis-
tente, como direito a reparação, e a cobertura pela enti-
Decreto-Lei n.o 143/99 dade responsável pelo acidente que determinou a sua
de 30 de Abril
utilização das despesas de reparação ou substituição de
aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia usados por
Durante um período superior a 30 anos a Lei n.o 2127, força de acidente de trabalho e deteriorados em con-
de 3 de Agosto de 1965, constituiu a base jurídica da sequência do uso ou desgastes normais revelam, tam-
reparação dos acidentes de trabalho e doenças profis- bém, o nível superior das prestações previstas neste
sionais a que se encontram sujeitos os trabalhadores diploma.
por conta de outrem. Por outro lado, para maior protecção do trabalhador,
A revisão desta lei, motivada pelo objectivo de asse- os recibos de retribuição passam a identificar a empresa
gurar aos sinistrados condições adequadas de reparação de seguros para a qual o risco se encontra transferido
dos danos decorrentes dos acidentes de trabalho e doen- à data da sua emissão.
ças profissionais e pela necessidade de adaptação do Por último, justificável por razões de celeridade do
regime jurídico à evolução da realidade sócio-laboral processo por acidente de trabalho, sempre que durante
e ao desenvolvimento de legislação complementar no a fase conciliatória do processo judicial a tentativa de
âmbito das relações de trabalho, da jurisprudência e conciliação for adiada por motivo imputável à empresa
das convenções internacionais sobre a matéria, foi con- de seguros ou a outra entidade responsável, estas terão
cretizada com a publicação da Lei n.o 100/97, de 13 de se fazer representar nas tentativas de conciliação
seguintes por mandatário judicial.
de Setembro.
Foram ouvidos o Instituto de Seguros de Portugal,
Prosseguindo os mesmos objectivos, o presente decre-
a Associação Portuguesa de Seguradores, a Associação
to-lei visa regulamentar a referida lei, em matéria de Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho, a
reparação aos trabalhadores e seus familiares dos danos Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, a
emergentes de acidentes de trabalho, sendo objecto de União Geral de Trabalhadores, o Sindicato dos Tra-
regulamentação autónoma os preceitos relativos a doen- balhadores de Seguros do Norte, o Sindicato dos Tra-
ças profissionais, trabalhadores independentes, serviços balhadores de Seguros do Sul e Regiões Autónomas,
de segurança, higiene e saúde no trabalho, garantia e a Confederação da Indústria Portuguesa, a Confede-
actualização de pensões e reabilitação. ração do Comércio e Serviços de Portugal e a Con-
No fundamental, prossegue-se, na regulamentação federação de Agricultores de Portugal.
desta lei, a filosofia que lhe esteve subjacente de melho- Assim:
ria do sistema de protecção e de prestações conferidas No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido
aos sinistrados em acidentes de trabalho, procurando pela Lei n.o 100/97, de 13 de Setembro, e nos termos
simultaneamente garantir o equilíbrio e estabilidade do das alíneas a) e c) do n.o 1 do artigo 198.o da Cons-
sector segurador para o qual as entidades empregadoras tituição, o Governo decreta, para valer como lei geral
são obrigadas a transferir a responsabilidade pela repa- da República, o seguinte:
ração destes danos.
No sentido de melhorar o nível das prestações garan-
tidas aos sinistrados, a presente regulamentação desen- CAPÍTULO I
volve importantes alterações relativamente ao regime Dos acidentes de trabalho
anterior, designadamente:
SECÇÃO I
A revisão da base de cálculo das indemnizações
e pensões, que deixam de ser calculadas com Disposições gerais
base no conceito de retribuição base, passando
a ser calculadas com base na retribuição efec- Artigo 1.o
tivamente auferida pelo sinistrado; Objecto
O alargamento do conceito de acidente de trabalho,
nomeadamente a cobertura generalizada do 1 — O presente decreto-lei regulamenta a Lei n.o 100/97,
risco in itinere, que passa a incluir expressamente de 13 de Setembro, no que respeita à reparação dos
as deslocações entre o local de trabalho e o de danos emergentes dos acidentes de trabalho.
refeição, assim como os acidentes ocorridos 2 — São objecto de regulamentação autónoma os pre-
quando o trajecto normal de deslocação do tra- ceitos da mesma lei referentes a:
balhador relevante para a qualificação do aci- a) Doenças profissionais (artigo 1.o, n.o 2);
dente como de trabalho tenha sofrido desvios b) Trabalhadores independentes (artigo 3.o);
determinados por necessidades atendíveis do c) Serviços de segurança, higiene e saúde no tra-
trabalhador; balho (artigo 12.o);