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Brasília-DF, 31 de janeiro de 2020

Excelentíssimo Senhor

Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro DIAS TOFFOLI

Ementa: Constitucional. ADI. Emenda Constitucional nº 103, de


2019. Aposentadoria Especial. Trabalho exercido em ambiente
com risco à saúde e/ou integridade física. Exigência de idade
mínima. Alteração do cálculo para apuração do valor da
prestação. Vedação da contagem diferenciada para o segurado
que não completar o requisito 15(quinze), 20(vinte) e 25 (vinte e
cinco) anos de exposição a agente nocivo a saúde.

Wladimir Novaes Martinez: “A leitura da variada legislação


sobre a aposentadoria especial, a contar da data base 28 de
abril de 1995, mostra que a intenção do MPS é de pôr fim ao
benefício.” ( 20 anos da Constituição Cidadã : avaliação e
desafios da Seguridade Social / Flavio Tonelli Vaz, Juliano Sander
Musse, Rodolfo Fonseca dos Santos (Coords.). Brasília : ANFIP,
2008. Pag. 207)

A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES DA


INDUSTRIA – CNTI, entidade sindical de grau superior inscrita sob o CNPJ
nº. 33.746.256/0001-00 com sede localizada na Avenida W3 Norte - Quadra
505 - Conjunto A, CEP: 70730-540, Brasília - DF, por seus procuradores
regularmente constituídos (mandatos inclusos), com suporte nos artigos 102, I,
“a”, e 103, IX, da Constituição da República de 1988 , e no artigo 2º, IX, da Lei
9.868, de 1993, propõe AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE em
razão da inconstitucionalidade do inciso I do art. 19 (estabeleceu a exigência
de requisito etário), §2º do art. 25, e inciso IV do § 2º do artigo 26, todos da
emenda constitucional n.º 103, de 12/11/2019, conforme se passa a
demonstrar:

I. DA LEGITIMIDADE DA CNTI

A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Industria - CNTI atende


a exigência do art. 2º, IX, da Lei Federal 9.868, de 10 de novembro de 1999.

Fundada em 19 de julho de 1946 e reconhecida pelo Decreto nº


21.978, de 25 de outubro do mesmo ano, a postulante é entidade sindical de
grau superior, com base nacional constituída para fins de promover a
coordenação dos trabalhadores do setor da indústria, contando com mais de
600 entidades vinculadas, dentre federações e sindicatos, tendo em sua base
de representação mais de 5 milhões de trabalhadores.

A sua representatividade em âmbito nacional e o seu dever de propor


ação direita de inconstitucionalidade em matérias trabalhista e previdenciárias
estão previstas no seu Estatuto Social, cuja cópia segue anexo e faz parte
integrante dessa exordial. Confira:

Art. 2º - São prerrogativas da Confederação:

a) – Representar, em âmbito nacional, perante os Poderes


Legislativo, Executivo e Judiciário, os interesses das entidades
sindicais de trabalhadores na indústria, representados pela CNTI;

b) – “omissis”;

c) – Representar e defender perante os Poderes Legislativo,


Executivo e Judiciário, os trabalhadores industriários
representados pela CNTI e não representados por entidades
sindicais, inclusive celebrando acordos, convenções coletivas de
trabalho ou suscitando dissídios coletivos;

Art. 3º - São deveres da Confederação:


a) – “omissis”

b) – Sugerir aos Poderes Públicos a elaboração, aprovação ou


rejeição de projetos de leis e quaisquer outros atos que
envolvam interesses dos industriários e de suas entidades
sindicais;

e) – Patrocinar, junto aos setores administrativos e judiciários, a


defesa dos interesses individuais e coletivos das categorias
profissionais representadas, em matérias trabalhistas e
previdenciárias, inclusive respondendo a consultas;

m) Impetrar mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e


ações diretas de inconstitucionalidade, sempre que necessário.

O conhecimento das ADIs 6.217 e 6.096, relacionadas a matéria


previdenciária, tendo a CNTI como parte autora, corrobora a sua legitimidade.

II. ESCLARECIMENTOS INICIAIS E DELIMITAÇÃO DO OBJETO DESSA


ADI

A CNTI reconhece os avanços da medicina e da qualidade de vida que


tem levado os brasileiros a maior longevidade e, consequentemente, a
necessidade de reestruturação do regime de previdência para equilibrar as
contas a esses fatos supervenientes a fim de assegurar o pagamento dos atuais
e futuros aposentados e fazer uma divisão mais equitativa.

A EC nº 103, promulgada em 12/11/2019, todavia, violou


preceitos fundamentais ao criar o requisito etário para a concessão da
aposentadoria especial, prestação previdenciária esta extraordinária que
tem como destinatários os segurados que trabalham expostos a agentes
nocivos à sua saúde e/ou suas integridades físicas.

Nota: Segue anexo e faz parte integrante dessa petição gráficos com
dados sobre o número de concessões de aposentadorias nas últimas duas
décadas; A queda de quase 1000 (mil) por cento no número de concessões
dessa prestação, se comparado os dados de 1996 e 2003; Esclarecimentos do
porque da alta nas concessões dessa espécie de aposentadoria entre o período
de 2004 a 2019.

Outrossim, também com base em dados obtidos através da DATAPREV,


há evolução do número de concessões de benefícios por incapacidade no
período que o número de aposentadorias especiais sofreu redução (1998 a
2003).

Há demonstração de que o número de concessões de aposentadorias


especiais é ínfimo se comparado as aposentadorias ordinárias e que essa
espécie de aposentadoria está em extinção, em razão da evolução tecnológica
que tem eliminado ou reduzido a patamares dentro dos limites de tolerância os
agentes nocivos presente no ambiente de trabalho, em atendimento ao que
ordena o art. 7º, XXII, da Carta Magna, fruto da ampla legislação ordinária e
imposição do mercado de restringir a aquisição de produtos e serviços oriundos
de ambientes degradantes à saúde do trabalhador.

Por fim, que a aposentadoria especial é a única que tem fonte adicional
de exação previdenciária (art. 194, §4º da CF/88; art. 22 da Lei Federal
8.213/91, com a redação dada pela Lei Federal 9.732, 11/12/1998) e que a
postergação da concessão desssa aposentadoria irá transferir a despesa que
com ela teria para o Sistema Único de Saúde, em razão das patologias e
acidentes ocupacionais que tende a crescer entre aqueles trabalhadores que
continuarem trabalhando além do tempo mínimo de 15 (quinze), 20 (vinte) ou
25 (vinte e cinco) anos, tempos esses fixados após minucioso estudo por
equipe multiciplinar: Engenheiro de segurança e medicina do trabalho,
psicólogos, atuário e outros;
O próprio gestor do RGPS, o INSS, através dos seus manuais1,
reconhece que a aposentadoria especial tem como finalidade reduzir o tempo
de trabalho do segurado que trabalha em condições hostis:

“tem características preventiva e compensatória, vez que busca


diminuir o tempo de trabalho do segurado que, sujeito a
condições especiais, exerce ou exerceu atividade que, pela sua
natureza, pode causar danos à saúde ou à integridade física” Negrito
e grifo nosso!

Essa informação é reiterada pelo INSS no seu recurso extraordinário


que deu origem ao RE 791961, com repercussão geral, tema 709, pendente de
julgamento perante essa Suprema Corte. Ao que interesssa, confira fragmento
do recurso que confirma que a exposição do segurado a agente de risco, após
15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) aumenta o risco de patologia e
acidente ocupacional:

“ os estudos estatísticos acerca dos fatores de desgaste do organismo


levam em consideração o número de acidentes laborais, sendo esta a
razão para a recente integração da aposentadoria especial no Fator
Acidentário de Prevenção6; mas é óbvio, também, que seu escopo
está nas consequências anteriores à incapacidade que prejudica
substancialmente o exercício do trabalho, e desta independem. (Pag.
5 do recuso extraordinário)

E avança:
“A se conceber a indistinção entre a aposentadoria especial e a
aposentadoria por invalidez, parte-se do pressuposto de que o escopo
daquele instituto é fixar um prazo em que o segurado se tornaria
inválido, em um verdadeiro exercício de adivinhação, quando seu
propósito é estabelecer um critério técnico de perda progressiva da
capacidade laborativa em proporção mais acentuada do que a
decorrente da idade e do serviço em condições ordinárias.” (Pag. 05)

E conclui:
Sem dúvida, a aposentadoria especial é uma decorrência necessária
da contingência “idade avançada”, na medida em que se pode, a
partir de critérios médicoestatísticos, estabelecer, para determinadas
atividades, uma perda da capacidade laborativa compatível com a que
se dá naturalmente pelo envelhecimento e o exercício de trabalhos
ordinários, embora em período inferior. (Pag. 06)

1
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Manual de aposentadoria especial. Brasília, DF, set., 2018.
Diretoria de Saúde do Trabalhador
Quanto a fonte de custeio para financiar a aposentadoria especial
sustenta:

“O numerário que sustenta tal sistema de proteção, tal como em um


seguro ordinário, depende essencialmente da colaboração financeira
dos participantes segundo vínculo de solidariedade que garante o
sustento das famílias afetadas por tais contingências pela coletividade
dos que se encontram em plena atividade laborativa e econômica; o
alívio financeiro de uma geração às custas da seguinte.”

E conclui:
“Disso se extrai seu caráter eminentemente contributivo (CF/88, art.
201, caput), bem assim a necessidade de regras que estabeleçam
uma justiça contributiva a partir de critérios de seletividade e
distributividade.” Negritei.

Volvendo ao tópico, de antemão a CNTI deixa claro a delimitação dessa


ação que visa a discussão tão somente das alterações ocorridas nessa espécie
de aposentadoria destinada exclusivamente ao segurado que, nos termos do
§1º do art. 201 da Carta Magna, exerça atividades sob condições especiais
que prejudicam a saúde ou a integridade física.

Essa ação, pois, não visa a discussão das demais aposentadorias,


também comumente chamadas de especiais, como, v.g., as devidas aos
profissionais da educação, segurança e militares que tem critérios diferentes
por razões outras que não é a exposição a agentes nocivos à saúde e/ou
integridade física.

Feito esses esclarecimentos iniciais, passa a expor no tópico seguinte os


artigos da novel Emenda Constitucional que entende estarem em desarmonia
com preceitos fundamentais da Carta Magna.

III. DOS FATOS

O §1º, inciso I, do artigo 19 da EC nº 103/2019, criou o requisito etário


para a concessão das aposentadoria especial com tempo mínimo de 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme idades previstas nas
alíneas “a”, “b” e “c”. In verbis:

Art. 19. “omissis”

§ 1º Até que lei complementar disponha sobre a redução de


idade mínima ou tempo de contribuição prevista nos §§ 1º e 8º
do art. 201 da Constituição Federal, será concedida
aposentadoria:

I - aos segurados que comprovem o exercício de atividades


com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação, durante,
no mínimo, 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos,
nos termos do disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24
de julho de 1991, quando cumpridos:

a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de


atividade especial de 15 (quinze) anos de contribuição;

b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de


atividade especial de 20 (vinte) anos de contribuição; ou

c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade


especial de 25 (vinte e cinco) anos de contribuição;

O novel requisito, porém, conforme será explanado no tópico


fundamento jurídico, é inconstitucional.

A inconstitucionalidade da emenda em comento alcança também a


vedação prevista no §2º do artigo 25 da Emenda Constituticional. In verbis:

§ 2º Será reconhecida a conversão de tempo especial em comum, na


forma prevista na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, ao segurado
do Regime Geral de Previdência Social que comprovar tempo de
efetivo exercício de atividade sujeita a condições especiais que
efetivamente prejudiquem a saúde, cumprido até a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional, vedada a conversão para o
tempo cumprido após esta data.

De igual modo, a fundamentação jurídica para demonstrar essa


inconstitucionalidade fica reservado para o tópico seguinte.
Por fim, o art. 26, §2º, da mesma emenda constitucional, reduziu o
valor da aposentadoria especial de 100 (cem) para 60 (sessenta) por cento do
salário de benefício. In verbis:

Art. 26. “omissis”


§1º “omissis”
§ 2º O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a
60% (sessenta por cento) da média aritmética definida na
forma prevista no caput e no § 1º, com acréscimo de 2 (dois)
pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder
o tempo de 20 (vinte) anos de contribuição nos casos:
I a III “omissis”
IV - do § 2º do art. 19 e do § 2º do art. 21, ressalvado o
disposto no § 5º deste artigo.
§ 4º “omissis”
§ 5º O acréscimo a que se refere o caput do § 2º será aplicado
para cada ano que exceder 15 (quinze) anos de tempo de
contribuição para os segurados de que tratam a alínea "a" do
inciso I do § 1º do art. 19 e o inciso I do art. 21 e para as
mulheres filiadas ao Regime Geral de Previdência Social.

Em resumo a presente exordial busca a declaração de


inconstitucionalidade do inciso I e suas alíneas “a”, „b” e “c” do §1º do artigo
19, assim como do §14 do artigo 1º acrescido ao artigo 201 da Carta Magna e,
por fim, do inciso IV do §2º do artigo 26, todos da emenda constitucional em
debate.

A seguir tabela esquemática com os dispositivos eivados de


inconstitucionalidade e os parâmetros constitucionais violados:

Dispositivo impugnado Acrescenta Parâmetro constitucional


violado
Art. 1º, inciso IV;
Inciso I do art. 19 da Requisito etário. Art. 5º, caput;
EC 103/19 Art. 6º;
Art. 7º, inciso XXII;
Art. 170;
Art. 193;
Art. 201, §1º;

Vedação do acréscimo de tempo


decorrente da contagem
Art. 25, § 2º da EC diferenciada prevista no §1º do
103/19 art. 201 da CF/88 em razão do Art. 5º, caput,
trabalho em área de risco através Art. 201, §1º;
da conversão do tempo especial
em comum

Inciso IV do §2º do Restabelece à Carta Magna a Art. 194, II, IV, V e VI da


artigo 26 da EC maneira de apurar o valor da CF/1988
103/19 aposentadoria, tema excluído pela Art. 195, §4º, da CF/1998 (Lei
EC nº 20/98 9.732, de 11/12/98, criou
fonte de custeio extra com
alíquotas de 6, 9 e 12% para
financiar a aposentadoria
especial)

IV. FUNDAMENTOS JURÍDICOS DAS INCONSTITUCIONALIDADES

Os preceitos fundamentais violados pela EC nº 103, resumidos na


tabela esquemática acima, estão sob o manto da proteção prevista no artigo
60, §4º, incisos III e IV da Carta Magna, por se tratar de alterações em matéria
afeta a direitos sociais.

A respeito do alcance da clausula pétrea sobre direitos sociais


fundamentais, confira a lição do coroado Professor e Ministro Luís Roberto
Barroso2:

“ (...) é a partir do núcleo essencial do princípio da dignidade da


pessoa humana que se irradiam todos os direitos materialmente
fundamentais, que devem receber proteção máxima,
independentemente de sua posição formal, da geração a que
pertencem e do tipo de prestação a que dão ensejo.”

(...)

Prossegue o Professor:
“Diante disso, a moderna doutrina constitucional, sem desprezar o
aspecto didático da classificação tradicional em gerações ou
dimensões de direitos, procura justificar a exigibilidade de
determinadas prestações e a intangibilidade de determinados direitos

2
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. Editora Saraiva, 2009. p.
178-180.
pelo poder reformador na sua essencialidade para assegurar uma vida
digna.”

E conclui:
“(...) Em suma: não apenas os direitos individuais, mas também os
direitos fundamentais materiais como um todo estão protegidos em
face do constituinte reformador ou de segundo grau.”

A remansosa jurisprudência do Excelso Supremo Tribunal Federal


reconhece a limitação do poder do constituinte reformador quanto a direito à
Previdência Social. Nesse sentido, o seguinte precedente: RE 626489, Relator:
Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 16/10/2013, Repercussão
Geral -Acórdão publicado no DJe-184 de 23-09-2014.

A) Inconstitucionalidade da exigência de requisito etário

Dispositivo impugnado Acrescenta Parâmetro constitucional


violado
Art. 1º, inciso III3;
Inciso I do art. 19 da EC 103/19 Requisito etário. Art. 5º, caput4;
Art. 6º5;
Art. 7º, inciso XXII6;
Art. 1707;
Art. 1938;
Art. 201, §1º9, I10;

3
Art. 3º - III - a dignidade da pessoa humana;
4
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
5
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
6
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
7
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
8
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar
e a justiça sociais.
9
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios,
ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor
dos segurados: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
10
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
É indene de dúvida o direito de o constituinte derivado acrescentar
novos requisitos para cumprimento da exigência constitucional da preservação
do equilíbrio atuarial, v.g, o requisito etário.

O destinatário da aposentadoria especial, porém, por trabalhar exposto


a risco à sua saúde ou integridade física, não pode aguardar eventual idade
mínima para jubiliar nessa modalidade, sob pena de ter que permanecer
exposto ao risco, o que viola o art. 7º, XXII, da Constituição Federal.

O mesmo ocorre com segurado deficiente que, também com esteio no


art. 201, §1º, da CF, não precisa comprovar idade mínima para jubilar diante da
sua desigualdade em relação ao segurado não deficiente.

Apesar de ambos os direitos: o da aposentadoria especial por exposição


a agente nocivo e a devida ao portador de deficiência - estarem previstas no
mesmo §1º do art. 201 da CF, o legislador constituinte derivado optou por
estabelecer o requisito etário somente aos destinatários da primeira
aposentadoria. Esse discrímen já caracteriza violação ao preceito fundamental
da isonomia previsto no art. 5º, caput, da CF.

A filosofia do §1º do art. 201 é a de proteção da saúde e/ou


integridade física do segurado com a possibilidade de ir para a inatividade para
preservar-lhe a sua dignidade com a segurança de receber uma aposentadoria
para substituir seu salário para que não deteriore sua saúde trabalhando por
período superior ao que se entende legislativamente como limite para tanto –
15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, a depender da atividade
desempenhada, tempos mínimos esses que decorrem de minucioso estudo do
prejuízo à integridade física que a atividade laboral ensejadora, que essa
peculiar forma de aposentação acarreta.
A criação do requisito etário irá obrigar o segurado a permanecer na
área de risco por tempo superior ao tempo mínimo quando a implementação do
requisito tempo de contribuição de 15, 20 e 25 anos ocorrer antes da idade
mínima exigida, pois não é razoável crer que o segurado, ao completar o tempo
mínimo, irá pedir o seu desligamento da sua atividade para buscar novo
emprego em outra atividade para a qual não tem conhecimento.

Como considerar razoável que um segurado, v.g., trabalhador da


construção civil, vigilante, eletricitário, mineiro de subsolo, etc, por si só, ao
preencher o requisito tempo mínimo de contribuição (15, 20 ou 25), peça
demissão, com todas as consequências desse ato, como renúncia a direitos
sociais, para começar uma nova vida profissional, num novo ofício, com o
abandono da profissião outrora escolhida para a sua vida?!

A Constituição Federal assegura que “ninguém será obrigado a fazer


ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art.5, II, da
CF/88). No ordenamento jurídico não existe nenhuma norma que obrigue o
segurado a abandonar a sua atividade após determinado lapso de tempo, até
porque tal norma, se existisse, seria inconstitucional em razão do direito
constitucional do livre exercício profissional previsto no art. 5º, XIII, da CF/88.
Não obriga, outrossim, o empregador a trocar o seu empregado da atividade
para a qual foi contratado (art. 5º, II, da CF/88), até porque as características
do ambiente da empresa pode não oferecer ambiente livre de risco, v.g,
empresa de prestação de serviço de segurança patrimonial, serviços elétricos,
em plataforma marítima etc.

É dever do Estado evitar que o trabalhador continue, deliberadamente,


prejudicando a sua saúde e integridade física após o cumprimento do tempo
mínimo de contribuição exigido para aposentaria especial, nos termos do art.
7º, XXII, da CF/88.
A exigência do requisito etário para o segurado destinatário da
aposentadoria especial viola também o princípio da dignidade humana (art. 1,
III, da CF/88) que busca assegurar condições justas e adequadas para a vida
do segurado e sua família.

Outrossim, o princípio da proteção ao segurado que, na lição do


decano dos doutrinadores em matéria previdenciária, o jurista paulista Wladimir
Novaes Martinez (2014, p. 102)11 quer dizer que:

“Hodiernamente, numa sociedade organizada, desenvolvida a


previdência social como técnica sociológica e ciência jurídica,
proteção significa faculdade, direito à participação do bem
geral, de todo trabalhador construtor da sociedade. E dever do
Estado.”

B) Desígnio da aposentadoria especial

Denilson Almeida Pereira12 afirma que a finalidade da aposentadoria


especial é: “impedir que o trabalhador venha a sofrer prejuízos a sua saúde ou
integridade física em decorrência da exposição ao agente nocivo por tempo
superior ao suportável.

E adverte o jurista:

O tempo de contribuição reduzido para o gozo da aposentadoria


especial [...] é o tempo máximo que o trabalhador pode permanecer
em determinada atividade sem que sua saúde ou condição física seja
afetada. Extrapolado esse tempo, eleva-se a níveis inaceitáveis
o risco de prejuízo a saúde ou à integridade física do
trabalhador.” (grifo nosso)

Essa finalidade atende assim o princípio da dignidade humana


previsto já no início da Carta Magna, em seu art. 1º. In verbis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]

11
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 6. ed. São Paulo: LTr, 2014.
12
PEREIRA, Denilson Almeida. Aposentadoria Especial: discutindo sua finalidade e conceito.
MPAS. Informe de Previdência Social, v. 23, n. 2, fev. 2011, pagina 8
III - a dignidade da pessoa humana;

O motivo para invocar a dignidade da pessoa humana, no caso da


aposentadoria especial, está na exposição da vida do trabalhador as
contingencias previstas no § 1º do art. 201 da Carta Magna.

É em razão desse princípio que o constituinte originário, na Carta


Magna de 5/10/1988, e os derivados (EC nº 20, de 16/12/1998) asseguraram a
contagem diferenciada do tempo trabalhado exposto a agentes nocivos. E a
razão dessa distinção com o segurado que trabalha em ambiente salubre se
deu justamente para preservar-lhe a vida, sem a qual não se pode assegurar
a dignidade humana, pois essa não existe sem aquela.

O fator de discrímen aqui repousa no fator tempo de serviço que, no


caso do trabalhador exposto a fatores de risco (§1º do art. 201), torna
iminente após 15, 20 e 25 anos, a depender do agente ou associação de
agentes a que tiver trabalhado exposto.

A fixação de idade mínima para essa espécie de aposentadoria,


portanto, não pode ser exigida do segurado que, por motivo alheio á sua
vontade, não tem como eliminar os riscos presentes em seu ambiente de
trabalho, sendo esse ônus do Estado e das empresas, nos termos do art. 7º da
CR/88, em especial, o direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho,
insculpido no inciso XXII13 do referido artigo, direito constitucional subjetivo
previsto desde as CF de 193414, 194615 e 196716.

13
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
14
Art 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e
nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País.
§ 1º - A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além de outros que colimem melhorar
as condições do trabalhador:
15
Art 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de
outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:
[...]
VIII - higiene e segurança do trabalho;
16
Art 158 - A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos
termos da lei, visem à melhoria, de sua condição social:
A EC 103/2019, nesse ponto, andou mal ao estabelecer, data vênia,
sem nenhum critério técnico (veja exposição de motivos), a exigência
de idade mínima para os destinatários da aposentadoria especial por
exposição a agente nocivo.

Isso porque a ratio essendi do benefício é a adequação técnica entre


uma previsão estatisticamente fundamentada da perda da capacidade
laborativa no longo prazo e o tempo de serviço necessário à aposentação.

O projeto de lei nº 2.11917, de 21/11/1956, que deu origem a Lei


n.º 3807 de 05.09.1960, data de nascimento da aposentadoria especial,
recebeu emendas que pretendiam estabelecer uma faixa única de 25 anos
(emenda n.º 237), rejeitada, porém, nos termos do parecer da Comissão de
Legislação Social em razão da estrutura exigir critérios técnicos, sendo esta a
razão para que a classificação tenha surgido já no Anteprojeto da Subcomissão
de Seguridade Social do extinto Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Nesse diploma legal que inaugurou pela primeira vez a aposentadoria


especial no Brasil foi exigido o requisito etário mínimo de 50 (cinquenta) anos,
mas a Lei nº 5.440-A, de 23 de maio de 1968, fez a supressão dessa exigência
com base em estudos que demonstraram a incoerência desse requisito para
essa espécie de aposentadoria em razão do risco aumentado após o tempo
máximo fixado de trabalho em área insalubre.

O histórico da aposentadoria, é Excelência, para demonstrar que o


requisito etário não é compatível com a filosofia da aposentadoria especial que
é livrar os destinatários dessa prestação dos riscos inerentes ao seu trabalho.

[...]
IX - higiene e segurança do trabalho;
17
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=199962
Tomemos como exemplo algumas situações que, embora hipotéticas,
servem para demonstrar o prejuízo dos destinatários da aposentadoria especial
com as alterações e novas exigências realizadas pela EC 103/2019. Vejamos:

Situação 1: Aposentadoria Especial de 25 anos

Mévio foi eleito no concurso promovido pela Petrobras para o cargo de


mergulhador. Em 12/11/2019, data da promulgação da EC nº 103, Mevio
contava com 24 anos de tempo exclusivamente trabalhado como mergulhador.
Com base na Constituição Federal vigente antes da aprovação da referida
emenda, faltava apenas 1 (um) ano para Mévio completar 25 anos de atividade
exclusivamente especial e, consequentemente, o requisito para aposentar
especial. Mas com a aprovação da EC Mévio, apesar de ter que continuar tendo
que trabalhar mais um ano em área de risco, terá que aguardar o
preenchimento do requisito adicional etário que, no seu caso, será de 60
anos, nos termos do art. 19, §1, alínea “c”, da EC 103, de 2019; Ocorre que,
tendo nascido em 01/01/1971, somente irá preencher o novel requisito etário
em 2031, ou seja, daqui 12 (doze) anos!

Casos semelhantes ao de Mevio é comum aos colegas petroleiros que


trabalham embarcados, sob uma plataforma de petróleo, cujo ambiente, pelas
suas caraterísticas, é todo insalubre e altamente perigoso, sem exceção.

A situação dos segurados que trabalham embarcados, destinatários da


aposentadoria especial, e que estão longe de atingir o requisito etário, que, no
caso, é de 60 anos, pois, deixa claro a violação de diversos dispositivos citados
nessa exordial.

Diante desse cenário hipotético – realidade de centenas de petroleiros,


indaga-se:

A Petrobras, citada no exemplo, tem obrigação de afastar os seus


empregados, destinatários da aposentadoria especial, das atividades de risco?
A resposta é não, nos termos da Súmula Vinculante nº 43 que assim
comanda:

“É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie


ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso
público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra
a carreira na qual anteriormente investido.

Se fosse possível a troca de área/atividade, onde a empresa alocaria


esses trabalhadores, considerando que todo o ambiente de uma plataforma de
petróleo é de risco, nos termos do inciso I18 do art. 193 da CLT, norma essa
que classifica o trabalho em ambiente com inflamáveis, explosivo ou energia
elétrica como de risco acentuado ao trabalhador.

A citação de dispositivo normativo da legislação ordinário é tão somente


para demonstrar que o ambiente de trabalho exercido por segurados,
destinatários do art. 201, §1º, da Carta Magna, que exercem suas
atividades em ambiente com inflamáveis, explosivos ou energia elétrica implica
risco acentuado à suas vidas, assim como invocado no julgamento do RE
828040/DF, Tema 932, com repercussão geral, pelo eminente Ministro
Roberto Barroso, para reconhecer a culpa objetiva do empregador por acidente
de trabalho em caso de atividade de risco.

Em não sendo possível o afastamento desses trabalhadores da área de


risco, a continuidade do trabalho em condições de risco á saúde não vai de
encontro com o filosofia da aposentadoria especial de exigir menos tempo de
contribuição justamente para livrar o segurado do risco à sua saúde e/ou
integridade física.

18
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada
pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740,
de 2012)
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)
Outrossim, do direito previsto no inciso XXII do art. 7º da Carta
Magna que não se limita aos meios citados nesse dispositivo como normas de
saúde, higiene e segurança, sendo certo que o caput do dispositivo em
comento, nos termos do precedente atinente ao julgamento do RE
828040/DF, Tema 932, (...) “ao elencar uma série de direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, assenta a possibilidade de instituição “de
outros que visem à melhoria de sua condição social”. Negrito ausente do
original”

Situação 2: Aposentadoria Especial de 20 anos

Essa aposentadoria tem um número de destinatário bem reduzido, pois


tem como destinatário somente trabalhadores em mina subterrânea,
afastados da frente de trabalho, e trabalhadores que exercem suas atividade
expostas a poeira de amianto.

Vamos usar como exemplo nesta segunda situação hipotética o caso de


segurado que trabalhou exposto ao AMIANTO, na única empresa de
mineração do Brasil, a SAMA MINERAÇÕES S.A, atualmente em recuperação
judicial acarretada em razão do v. acórdão proferido na ADIs 3406 e 3470
que determinou a paralisação das suas atividades e o banimento do
AMIANTO no país.

Vamos a hipótese:

Mévio, na data da promulgação da EC 103 contava com 19


(dezenove) anos de trabalho exclusivamente exposto ao ASBESTO
(AMIANTO). Com base na Constituição Federal vigente antes da aprovação da
referida emenda, faltava apenas 1 (um) ano para Mévio completar 20 anos
de atividade exclusivamente especial e, consequentemente, o requisito para
aposentar especial. Mas com a aprovação da EC Mévio, apesar de ter que
continuar tendo que trabalhar mais um ano em área de risco, terá que
aguardar o preenchimento do requisito adicional etário que, no seu
caso, será de 60 anos, nos termos do art. 19, §1, alínea “c”, da EC 103, de
2019. Ocorre que, tendo nascido em 01/01/1979, somente irá preencher o
novel requisito etário em 2039, ou seja, daqui 20 anos.

Casos semelhantes ao de Mevio é comum aos colegas que trabalham


exposto ao AMIANTO. Ao Mévio e aos seus colegas que se encontram na
mesma situação só caberá uma solução: Torcer para que seja restabelecida as
atividades do sua ex-empregadora SAMA para completar o seu tempo de 20
anos exclusivamente em ambiente com a presença do AMIANTO, ou abandonar
seus lares, família e amigos para buscar emprego em cidade onde exista
empresa de mineração subterrânea – que não é o caso de Minaçu-GO, onde
fica a sede da SAMA, pois, repita-se por enfático, a aposentadoria aos 20 anos
somente é reconhecida para quem trabalha exposto ao AMIANTO OU em mina
subterrânea.

Diante desse cenário hipotético – realidade de centenas de


trabalhadores, indaga-se:

Mévio terá que voltar a trabalhar exposto ao AMIANTO ou em mina


subterrânea para fazer jus a aposentadoria de 20 anos? Se Mévio não conseguir
voltar a trabalhar exposto ao AMIANTO ou em mina subterrânea para
completar os 20 anos, mas conseguir trabalha em Industria, exposto a
associação de agentes nocivos (Benzeno, ruído e Tolueno), ele consegue
aposentar especial com tempo de 25 (vinte e cinco) anos?

Resposta: Não, em razão da vedação da conversão de tempo especial.


Vedaçao essa que se aplica também no caso de conversão de tempo especial
para comum.
Conclusão: Mévio terá que comprovar o mesmo tempo de contribuição
e idade exigido ao trabalhador que exerceu suas atividades em ambiente
salubre!

Se Mévio não conseguir retornar ao mercado de trabalho formal, porém


seguir trabalhando informalmente sem contribuir com a Previdencia ou
contribuindo sobre o salário mínimo, o valor da sua aposentadoria será
reduzido?

Sim, por dois motivos: o primeiro porque a EC passou a considerar


100% dos SC, sem descartar os 20% dos menores SC; O segundo, porque o
valor inicial da aposentadoria será correspondente a 60%, acrescido de mais
2% para cada ano.

No caso de Mévio então, que parou de contribuir com 19 de tempo de


serviço, será aplicado o percentual de 60% sobre o valor encontrado. Esse
valor, porém, será apurado com base em todas as contribuições, sem descartar
as contribuições mínimias.

Se Mévio tivesse preenchido os requisitos até a da EC 103/2019, a sua


aposentadoria seria correspondente a 100% da média apurada, esta que seria
feita com base somente nos 80% dos maiores SC;

Já com as regras da EC, o valor da aposentadoria de Mévio ficará


assim: 60% da média de 100% dos SC.

Conclusão: Se não bastasse o prejuízo em relação ao requisito etário,


Mévio também está sendo prejudicado em relação a maneira de apurar o SB.

Situação 3: Aposentadoria Especial de 15 anos

Essa espécie de aposentadoria com menor tempo também é exclusiva


de uns poucos trabalhadores que exercem suas atividades confinados em mina
subterrânea, nas frentes de serviço, exposto aos mais diversos riscos e
associação de agentes nocivos, dentre eles a sílica livre, igualmente
prejudicados pela EC 103, por não ter sido observado pelo nobres
Parlamentares a singularidade das suas situações, em afronta ao preceito
fundamental da isonomia.

C) Da inconstitucionalidade da vedação da conversão de tempo


especial em tempo comum a partir da vigência da EC nº 103/19

Dispositivo impugnado Acrescenta Parâmetro constitucional


violado
Vedação do acréscimo de Art. 5º, caput,
tempo decorrente da art. 194, III;
Art. 25, § 2º, da EC contagem diferenciada art. 195, § 4º;
103/19 prevista no §1º do art. 201 da Art. 201, §1º;
CF/88 em razão do trabalho
em área de risco através da
conversão do tempo especial
em comum

A função da conversão do tempo especial em comum é dar efetividade


à contagem diferenciada do tempo de serviço exercidos em condições de risco
à saúde, nos termos previsto no § 1º do art. 201 da CF.

Vale dizer, incidir, através de operação matemática, fator de conversão,


para buscar o tempo comum correspondente ao tempo especial faltante para
jubilar, o que pode ser demonstrado através do seguinte exemplo hipotético:

Se o segurado X teve seu contrato de trabalho rescindido após


o período de 24 anos em atividade que lhe iria lhe exigir apenas
mais 1 (um) ano para preencher o requisito tempo de
contribuição para aposentaria especial com tempo mínimo de
25 anos, em homenam ao principio da proporcionalidade nada
mais justo que transformar esse tempo de modo que, se voltar
a trabalhar ou contribuir, porém em atividade comum, continue
faltando para preencher o requisito tempo mínimo pouco mais
de 1 (um) ano.

Nessa situação a operação a ser feita é a seguinte: 24 anos x 1,40% =


33 (trinta e três) anos e 4 (quatro) meses.
O segurado X, portanto, se não voltar a trabalhar com risco à saúde
após os 24 (vinte e quatro) anos trabalhado nessas condições, terá que
contribuir por mais 1 (um) ano e 4 (quatro) meses.

Ora, a persistir a vedação criada pelo §2º do art. 25 da EC 103/19, o


segurado do caso hipotético teria que verter ao invés de 1 (um) ano e 4
(quatro) meses de contribuição para preencher o requisito ordinário de 35
(trinta e cinco) anos, mais 11 (onze) anos. Neste caso, onde ficaria o seu direito
constitucional de contagem diferenciada do tempo que trabalhou em condições
de risco à sua saúde?!

A vedação criada pelo §2º do art. 25 da EC 103, pois, está eivado de


inconstitucionalidade, pois a um só tempo viola o direito a contagem do tempo
de forma diferenciada (art. 201, §1º), o art. 194, III, assim como o § 4º do art.
195 da Carta Magna.

A adição do tempo decorrente da conversão de tempo trabalhado em


condições especiais em tempo comum, data máxima vênia, nada tem a ver com
tempo fictício, pois esse tempo é aquele para o qual não houve contribuição,
diverso do tempo qualificado como especial que corresponde ao tempo comum
para fins de satisfação da fonte de custeio prevista no art. 195, caput, incisos e
parágrafos, notadamente porque a contribuição do segurado que trabalha em
condições especiais vale mais do que a contribuição vertida pelo segurado que
trabalha em condições normais.

A seguir tabela para mostrar que a contribuição previdenciária tendo


como fato gerador três tipos de segurados: a) O segurado que trabalha por
conta própria sem risco à sua saúde; b) O segurado que trabalha como
empregado sem risco à sua saúde e; c) O segurado que trabalha como
empregado COM risco à sua saúde:

Tipo segurado Condições de trabalho Contribuições


20% parte patronal
Gerente empregado Salubre (35 anos) RAT*2: 1%
Grau de risco: mínimo 7,6% (Cofins) empregador
9% (CSLL) empregador
11% parte empregado
Recurso prognósticos

20% parte patronal


Fundidor Insalubre (25 anos) RAT: 3%
Grau de risco: máximo 6% parte patronal*1
11% parte empregado
7,6% (Cofins) empregador
9% (CSLL) empregador
Recurso prognósticos
Artista (autônomo) Salubre (35 anos) 20%
Grau de risco: mínimo Recurso prognósticos
RAT – não incide

*1 = Exação adicional criada pela Lei Federa 9.732, de 11/12/1998,


para ajudar no financiamento da aposentadoria especial, com esteio
no §4º do art. 194 da CF/88, incidente na folha de pagamento dos
segurados que trabalham com risco à sua saúde;

*2 = O RAT (antigo SAT - Seguro de Acidentes de Trabalho)


representa a contribuição da empresa, prevista no inciso II do artigo
22 da Lei 8212/91, e consiste em percentual que mede o risco da
atividade econômica, com base no qual é cobrada a contribuição para
financiar os benefícios previdenciários decorrentes do grau de
incidência de incapacidade laborativa (GIIL-RAT).

A alíquota de contribuição para o RAT, incidentes sobre o total da


remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer
do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, será de:

 1% se a atividade é de risco mínimo;

 2% se de risco médio;e

 3% se de risco grave.
O segurado que trabalha com risco à sua saúde gera ao RGPS receita
extra de 8 (oito) por cento, se a atividade exigir 25 (vinte e cinco) anos para
aposentar, se comparado ao trabalhador que trabalha sem risco à sua saúde,
com tempo para aposentar de 35 (trinta e cinco) anos; e 19 (dezenove) por
cento a mais do que o segurado que trabalha como autônomo, considerado
como contribuinte individual, com tempo para aposentar de 35 (trinta e cinco)
anos.
E mais: Importante registrar que a incidência da CSLL tendo com
produto o ouro, por exemplo, cujo metal exige sacrifício do segurado que tem
que trabalhar com risco à sua saúde (mineração subterrâne e/ou a céu aberto)
gera mais receita previdenciária ao RGPS do que a incidência dessa contribuição
sobre a prestação de serviço e de outros bens produzidos sem o sacrifício do
desgaste da saúde do segurado.

Conclusão: A soma das contribuições vertidas pelo segurado que


trabalhou com o sacrifício da sua saúde durante 25 (vinte e cinco) anos é
muito superior do que a soma das contribuições vertidas pelo segurado
autônomo durante 35 (trinta e cinco) anos; E, se não for superior, ao menos
equivalente ao segurado que trabalhou em condições normais, na condição de
empregado.

A vedação do tempo especial em comum, portanto, fere os artigo 3º,


III, art. 7º, XII, art. 194, III e art. 201, §1º, todos da Carta Magna, o que pode
ser visualizado através do caso hipotético a seguir que serve para demonstrar a
situação de centenas de milhares de trabalhadores:

Mévio teve seu contrato de prestação de serviço rescindido pela


empresa de mineração VALE S.A após 24 (vinte e quatro) anos e 10 (dez)
meses de prestação de serviço com risco à sua saúde, pois exercido em
ambiente de mineração. A rescisão ocorreu em razão da paralisação das
atividades da mineradora após o trágico acidente que rompeu a barragem de
rejeitos, fato público e notório. Mévio, por conta do seu ex-empregador,
atualmente reside em um hotel na cidade de Belo Horizonte, pois a sua casa foi
destruída com o acidente. Na capital mineira Mévio só conseguiu trabalho como
balconista, atividade sem risco à sua saúde.

Nesse caso indaga-se: É justo exigir que Mévio, a quem faltava apenas
2 (dois) meses para aposentar especial, com 100% do seu salário de benefício,
ter que verter mais 132 (cento e trinta e duas) contribuições, correspondente a
mais 11 (onze) anos, por não ser mais possível a converter o seu tempo de
contribuição diferenciado (§1º do art. 201 da CF/88)? Tal exigência não é
desproporcional, considerando que, neste caso, terá que verter o mesmo
número de contribuições exigidas de um segurado que sempre trabalhou em
atividade sem risco à saúde? E as exações extras vertidas em razão do trabalho
em área de risco?

Poder-se-ia indagar também: É correto, considerando os direitos


asseguados na Constituição Federal, que Mévio retorne a área de risco para
preencher o requisito tempo de serviço para aposentar especial? Nos termos
do art. 3º, III, e 7º, XXII, a resposta é NÃO!

A vedação da conversão do tempo especial em comum, portanto, é


inaceitável, notadamente quando limita a conversão tão somente para quem já
tiver preenchido os requisitos até a promulgação da emenda constitucional,
pois seria o mesmo que, de inopino, vedasse a incorporação das horas extras
no salário de contribuição para fins de salário de benefício. Quem já as prestou,
no passado, em relação à norma superveniente, não poderia ser atingido.

A contribuição do segurado exposto ao risco é representa


o dobro da contribuição do segurado autônomo não
exposto ao risco.

A soma das contribuições do segurado que trabalhou com sacrifício à


sua saúde com previsão de aposentadoria especial aos 25 (vinte e cinco) anos é
muito superior a soma das contribuições vertidas pelo segurado que contribuiu
como autônomo, com previsão de aposentar com 35 (trinta e cinco) anos de
tempo de contribuição, considerando que as contribuições daquel segurado
corresponde ao dobro.
A soma das contribuições vertidas por segurado exposto
ao risco é equivalente a soma das contribuições vertidas
por segurado empregado não exposto ao risco

A contribuição vertida pelo segurado que trabalha com risco á saúde é,


no mínimo, 9% (nove) por cento a mais do que a contribuição vertida pelo
segurado empregado não exposto ao risco, considerando o percentual mínimo
de 6% (seis) por cento criado pela Lei Federal 9.732/98 para financiar a
aposentadoria especial e o percentual de 3% (três) do SAT.

IMPORTANTE: O artigo 30119 da CLT VEDA a permanência do


trabalhador em mina subterrânea ao completar 50 (cinquenta) anos!!!

Como os segurados que trabalham nesse ambiente (destinatários das


aposentadorias especiais de 15 – quinze e 20 – vinte anos) vão conseguir
preencher o requisito mínimo se atingirem essa idade limite?

Imagina a seguinte hipótese:

Segurado X, à 10 (dez) dias para preencher o requisito 15 (quinze) ou


20 (vinte) anos, aquele se trabalhar nas frentes de serviço e esse se trabalhar
afastado dessa frente, completa 50 (cinquenta) anos e, por esse motivo, em
atendimento a legislação, é obrigado a abandonar a sua atividade no subsolo. O
seu empregador, prestador de serviço terceirizado, foi contratado par prestar
serviço exclusivamente no subsolo e, por esse motivo, não tem como
assegurar a transferência para a superfície.

É razoável exigir que esse segurado agora tenha que trabalhar mais 20
(vinte) anos para aposentar por tempo de contribuição comum em razão da
vedação de conversão do tempo especial em comum?

19
Art. 301 - O trabalho no subsolo somente será permitido a homens, com idade compreendida
entre 21 (vinte e um) e 50 (cinqüenta) anos, assegurada a transferência para a superfície nos
termos previstos no artigo anterior.
D) Alteração da maneira de apurar o valor da aposentadoria especial

Dispositivo impugnado Altera Parâmetro constitucional violado

Inciso IV do §2º do Restabelece à Carta Magna a Art. 194, II, IV, V e VI da


artigo 26 da EC maneira de apurar o valor da CF/1988
103/19 aposentadoria, tema excluído Art. 195, §4º, da CF/1998 (Lei
pela EC nº 20/98 9.732, de 11/12/98, criou fonte de
custeio extra com alíquotas de 6,
9 e 12% para financiar a
aposentadoria especial)

Uma vez mais a parte autora reconhece o direito do constituinte


derivado de reestruturar o regime de previdência para equilibrar as contas a
fatos supervenientes a fim de assegurar o pagamento dos atuais e futuros
aposentados e fazer uma divisão mais equitativa.

A reestrutura, porém, deve respeitar as diferenças existentes entre os


segurados, assim como foi observado em relação aos segurados portadores de
deficiência e aos segurados que vierem a receber benefício por incapacidade
decorrente de acidente do trabalho (inciso II do §3º do art. 26 da EC 103/19).

À título de demonstração da inconstitucionalidade da inclusão do


maneira de apurar o valor da aposentadoria especial com base nos mesmo
parâmetro critério para apurar o valor da aposentadoria ordinária, tomemos
como exemplo a situação do segurado que venha preencher a regra de
transição previsa no art. 21, I, da EC 103/19. Verbis:

Art. 21. O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado


ao Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no serviço
público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta
Emenda Constitucional cujas atividades tenham sido exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais
à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação, desde que cumpridos, no caso do
servidor, o tempo mínimo de 20 (vinte) anos de efetivo exercício no
serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for
concedida a aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991, poderão aposentar-se quando o total
da soma resultante da sua idade e do tempo de contribuição e o
tempo de efetiva exposição forem, respectivamente, de:

I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva


exposição;

[...]

No caso desse segurado ele terá que comprovar 61 (sessenta e um)


anos de idade e 15 (quinze) anos de efetiva exposição a agente nocivo à sua
saúde para ter direito a aposentadoria com valor correspondente a 60
(sessenta) por cento do salário de benefício.

Se considerarmos que o salário de benefício apurado foi de R$ 3.000,00


(três) mil reais, o valor da aposentadoria especial desse segurado será fixado
em R$ 1.800,00 (Um mil e Oitocentos Reais).

Consideando, porém, que, conforme fundamentado no tópico anterior,


a contribuição decorrente do trabalho exposto ao risco é superior á contribuição
vertida decorrente do trabalho não exposto ao risco (exações adicionais para
financiamento da ap. especial e do SAT) e que o tempo de serviço/contribuição
de quem trabalha com risco deve ser apurado de forma diferenciada, nos
termos do art. 201, §1º, da CF/88, o valor da aposentadoria do segurado citado
no exemplo (61 anos de idade + 15 de contribuição) ficará aquém do valor da
aposentadoria do segurado que, com a mesma idade (61 anos, art. 16, II, da
EC 103/19) comprovar 35 (trinta e cinco) anos de contribuição.

É que, no caso do segurado que trabalhou em condições normais, o


valor da sua aposentadoria corresponderá a 90 (noventa) por cento,
considerando o acréscimo de 2 (dois) pontos percentuais para cada ano de
contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos de contribuição previsto
no art. 26, §2º20, da EC 103/19.

20
§ 2º O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a 60% (sessenta por cento) da média
aritmética definida na forma prevista no caput e no § 1º, com acréscimo de 2 (dois) pontos
Resumidamente: A aposentadoria especial de 15 (quinze) anos
corresponderá a 60 (sessenta) por cento do salário de benefício, enquanto a
aposentadoria por tempo de contribuição comum de 35 (trinta e cinco) anos
corresponderá a 90 (noventa) por cento do salário de benefício, ou seja, quase
2/3 a mais.

Conclusão: O segurado que trabalha em condições hostis, confinado


numa mina, com risco à sua saúde e sua integraidade física, com alto índice de
acidente e doença ocupacional, se quiser receber o mesmo valor, em
percentual, que o segurado que trabalha em ambiente salubre, terá que seguir
trabalhando pelo menos por mais 15 (quinze) anos, mesmo tempo exigido e
para aposentar. Se quiser alcançar os 100 (cem) por cento do salário de
benefíico, aí ao invés de mais 15 (quinze), 20 (vinte)!

Essa maneira de apurar o valor da aposentadoira especial, portanto,


viola ao menos os preceitos fundamentais previstos no artigos 3º, inciso III, 5º,
caput, no art. 7º, XII e o princípio da seletividade na prestação dos benefícios
previsto no art. 194, III, todos da Carta Magna.

Senhor Presidente, Eminentes Ministras, Eminentes Ministros, Senhor


Relator(a), até aqui a CNTI indicou os dispositivos da emenda constitucional
impugnados e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das
impugnações, nos termos do art. 3º, I e II, da Lei Federal 9.868, de 10 de
novembro de 1999.

De agora em diante irá recapitular os requisitos exigidos para a


aposentadoria especial, a fim de contextualização, e apresentar dados e
informações relacionados a essa aposentadoria excepcional para demonstrar

percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos de contribuição
nos casos:
que é temporária para, em seguida, apresentar os pedidos com suas
especificações de estilo.

V. OS DESTINATÁRIOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL E O


REQUISITO ADICIONAL EM RELAÇÃO A APOSENTADORIA ORDINÁRIA

A aposentadoria especial não é uma prestação como qualquer outra


paga pelo Regime Geral de Previdência Social porque a sua concessão – e
não o seu tempo de pagamento - tem tempo de duração limitada.

É uma prestação que tem duas exigências adicionais em relação à


aposentadoria por tempo de contribuição comum: i) a comprovação de trabalho
exercido com risco à saúde e/ou a integridade física; ii) Exação
adicional para o seu financiamento, prevista no art. 22, II, da Lei Federal nº
8.213, de julho de 1991.

É uma aposentadoria, portanto, que atende o princípio da


seletividade previsto no art. 194, II21, da CF/88, o qual, segundo Horvath
Júnior (2014, p. 104)22, especialista em previdência, a seletividade “consiste
na eleição dos riscos e contingências sociais a serem cobertos”. In
casu, os riscos selecionados são aqueles previstos no §1º do art. 201 da CF,
na sua redação primitiva, mantido em parte pela EC nº 103/2019, a saber:
risco à saúde.

Outrossim, com a exação prevista no art. 22, II, da Lei Federal nº


8.213, de julho de 1991, o mandamento constitucional da contrapartida
previsto do no art. 195, §5º, da CF/88 para preservação do equilíbrio
financeiro e atuarial do Regime Geral de Previdência Social.

21
“Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos:
[...]
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;”
22
HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 10. ed. São Paulo: Quartier Latien, 2014.
Atende também outros princípios como da solidariedade que na
lição do jurista paulista Wladimir Novaes Martinez (2014, p.101)23:

(...) quer dizer cooperação da maioria em favor da minoria, em


certos casos, da totalidade em direção à individualidade [...],
significa a cotização de certas pessoas, com capacidade
contributiva, em favor dos despossuídos. Socialmente
considerada, é ajuda marcadamente anônima, traduzindo
mutuo auxilio, mesmo obrigatório, dos indivíduos.

Outrossim, o princípio da proteção ao segurado que, também na


lição de Wladimir Novaes Martinez (2014, p. 102) quer dizer que:

“Hodiernamente, numa sociedade organizada, desenvolvida a


previdência social como técnica sociológica e ciência jurídica,
proteção significa faculdade, direito à participação do bem
geral, de todo trabalhador construtor da sociedade. E dever do
Estado.”

A) A aposentadoria especial em números

A CNTI apresenta dados obtidos através da DATAPREV24 para


demonstrar que a quantidade de segurados destinatários da aposentadoria
especial é ínfima perto da legião dos destinatários das aposentadorias
ordinárias, conforme demonstrado no gráfico a seguir com a quantidade de
aposentadorias especiais (por exposição a agentes nocivos) em todo país:

23
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 6. ed. São Paulo: LTr, 2014.
24
Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social criada através da Lei nº 6.125, de 4 de
novembro de 1974, com a finalidade de fornecer soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação
para o aprimoramento e a execução de políticas sociais do Estado brasileiro.
Nota resumida para esclarecer a queda brusca na concessão da
aposentadorias especiais se comparado os números de concessões no ano
de 1996 e o número de concessões no ano de 2003:

Cumprimento do art. 7º XXII25 da Carta Magna com a redução dos


riscos inerentes ao trabalho, através da evolução da legislação atinente a
saúde, higiene e segurança do trabalho e observancia do cumprimento dessa
legislação para fins de classificaçao da atividade como: comum ou especial por
meio da Lei Federal 9.732, de 11 de dezembro de 1998 que deu nova redação
ao §§ 1º e 2º do art. 58 da Lei Federal 8.23/91.

Também de maneira bastante resumida, o motivo que levou ao


aumento das concessões das aposentadorias especiais se comparado a
quantidade de aposentadorias especiais concedidas no ano de 2003 (454) e
2019 (18.547):

São dois os motivos:

25
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
a) A jurisprudencia dos Tribunais Regionais e das Turmas Recursais
passaram a desconsiderar o uso do Equipamento de Proteção
Individual (EPI) no caso do agente nocivo ruído, equipamento que,
até o ano de 2003, era considerado como impeditivo de concessão
da aposentadoria especial em razão da Lei Federal 9.732/98 acima
citada;

Nota: Essa Suprema Corte apreciou o tema no julgamento do ARE


664.335 (tema 555) e decidiu que, no caso do agente nocivo ruído,
até que surja novo EPI capaz de eliminar ou neutralizar o risco, a
ativiade deve ser classificada como especial, independe do uso do
EPI atualmente existente no mercado.

b) O surgimento das discussões sobre a necessidade da reforma da


previdencia, o que acabou levando a antecipação do pedido de
aposentadoria;

A seguir a quantidade de aposentadorias especiais (B46) por região:


Veja agora a quantidade de aposentadorias por tempo de contribuição
(espécie 42) pagas pelo Regime Geral de Previdencia Social no período de
2003 a 11/2019:

No ano de 2003 o RGPS concedeu 454 aposentadorias especiais


(espécie B46), contra 134.003 aosentadorias por tempo de contribuição
(espécie B42).

Já no ano de 2019, limitado ao mês de novembro, o RGPS concedeu


18.547 aposentadorias especiais (espécie B46), contra 342.272 concessões
de aposentadorias por tempo de contribuição (espécie B42).

A seguir quadro comparativo das aposentadorias por tempo de


contribuição (B42) e aposentadorias especiais (B46) limitado ao período de
2007 a 2016:
Conclusões desse tópico “os destinatários das aposentadorias especiais
são inexpressivos”:

a) A aposentadoria especial tem caráter temporário, pois será


extinta por si só quando cumprido in totum o que ordena o
direito fundamental previsto no art. 7º, XXII, da Carta Magna,
assim como ocorre com a extinção do pagamento do adicional de
insalubridade previsto no art. 7º, XXIII26, quando a
insalubridade deixa de existir no ambiente de trabalho, na forma
do art. 192, I e II27, da Consolidação das Leis do Trabalho, cuja
legislação deve ser observada nos termos do §1º28 do art. 58 da

26
Art. 7º - “omissis” - XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;
27
Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:
I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de
tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade
do agente agressivo a limites de tolerância.
28
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa
ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação
dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) Negrito nosso!
Lei Federal 8.213 de 24/07/1991, com a redação dada pela Lei
Federal 9.732, de 11/12/1998;

b) A quantidade de aposentadorias especiais (de 15, 20 e 25)


representa pouco mais de 5 (cinco) por cento se comparado a
quantidade de aposentadorias por tempo de contribuição nos
últimos 25 (vinte e cinco) anos, conforme comprovado através da
quantidade de aposentadorias especiais e comuns demonstradas
nos gráficos acima;

c) A quantidade de aposentadorias especiais de 15 e 20 anos que


tem como destinatários tão somente trabalhadores de empresa
de mineração subterrânea e trabalhadores exposto ao amianto,
empresas que, na sua maioria, estão presentes nas regiões norte
e Centro Oeste, representam menos de 1% (um) por cento, se
comparado a quantidade de aposentadorias por tempo de
contribuição comum (B42), conforme comprovado no dados
acima;

d) Eventual impacto na economia anunciada pelo Governo Federal


com a aprovação da Reforma da Previdencia seria de, no
máximo, 5% (cinco) por cento, se excluído a novel exigência
de idade mínima, assim como restabelecido a maneira de apurar
o salário de benefício, pois este é o percentual correspondente de
concessões de aposentadorias especiais (de 15, 20 e 25), se
comparado somente com a aposentadoria por tempo de
contribuição comum (B42).

Todavia, considerando que a EC nº 103 não alterou somente as


regras para a aposentadorias, mas também as regras para
concessão das pensões por morte e demais prestações paga aos
seus segurados e aos seus dependentes, a redução da economia
será muito menor que os 5% inicialmente comentado nesse
parágrafo.

E mais: Eventual economia residual com o retardamente da


concessão da aposentadoria especial devida ao trabalhador que
se expõe a sua saúde ao risco será consumida com a elevação
das despesas do Sistema Único de Saúde para tratar a patologia
ou o acidente decorrente da continuidade do trabalho além dos
15, 20 e 25 anos; Outrossim, com o pagamento de benefícios por
incapacidade, tais como: auxílio-doença, aposentadoria por
invalidez; indenizatório: auxílio-acidente (art. 86 da Lei 8.213/91)
ou pensão por morte aos dependentes desse trabalhador que
seguiu trabalhando até atingir o requisito etário, sem contar o
prejuízo com a queda da produtividade em razão do desgaste
físico e emocional;

e) A EC nº 103 em comento não criou a exigência do requisito etário


para a concessão da aposentadoria ao portador de deficiência,
cujo critério diferenciado também está previsto no mesmo §1º do
art. 201 da Carta Magna onde está previsto a contagem
diferenciada para a concessão da aposentadoria especial por
exposição a agentes nocivos, o que, prima facie, demonstra
ofensa ao direito fundamental da isonomia, pois ambos os
segurados – o que trabalha exposto a agentes nocivos à sua
saúde e o que trabalha com limitações em razão da sua
deficiência são desiguais em relação ao trabalhador que trabalha
em ambiente salubre e não possue nenhuma deficiência;
B) Aposentadoria especial: uma prestação em extinção

A solução para estancar a concessão da aposentadoria especial para


segurado com idade precoce não está na criação de requisito etário.

É que essa excepcional prestação, repita-se por enfático, tem caráter


temporário, pois será extinta por si só quando cumprido in totum o que ordena
o direito fundamental previsto no art. 7º, XXII, da Carta Magna, assim como
ocorre com a extinção do pagamento do adicional de insalubridade previsto no
art. 7º, XXIII29, quando a insalubridade deixa de existir no ambiente de
trabalho, na forma do art. 192, I e II30, da Consolidação das Leis do Trabalho,
cuja legislação deve ser observada nos termos do §1º 31 do art. 58 da Lei
Federal 8.213 de 24/07/1991, com a redação dada pela Lei Federal 9.732, de
11/12/1998;

No futuro bem próximo, portanto, os riscos que hoje acarretam a


concessões das aposentadorias especiais vão deixar de existir e,
consequentemente, essa prestação irá se extinguir.

O Brasil atual já não apresenta os riscos que existiam nas décadas de


70, 80 e 90, daí a redução das concessões em quase 1.000 (mil) por cento, se
comparado o número de concessões de 1996 e 2003, comprovado nessa
exordial.

A eliminação ou redução dos riscos à patamares aceitáveis é prioridade


das empresas que querem deixar de pagar exação extra de 6 (seis), 9(nove) e

29
Art. 7º - “omissis” - XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;
30
Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:
I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de
tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade
do agente agressivo a limites de tolerância.
31
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa
ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação
dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) Negrito nosso!
12 (doze) por cento, no caso de trabalho em ambiente com risco que enseja
aposentadoria com tempo de 25 (vinte e cinco), 20 (vinte) e 15 (quinze) anos,
respectivamente.

Adverte o ex-Ministro da Previdência Social, Reinhold Stephanes32:

“À luz da ética, é inadmissível o dano causado à saúde do


trabalhador pelo exercício do trabalho. Aliás, trabalho seguro e
salubre é um dos direitos sociais fundamentais garantidos pela
Constituição Federal, que estabelece ainda que esse direito
de cidadania será garantido pelo Estado, mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças
e de outros agravos.

(...)

O que foi feito até agora representa o primeiro passo para


interromper uma situação próxima de um assassinato
legalizado, na qual trabalhadores exercem atividades em
condições especiais em troca de uma aposentadoria mais cedo
e uma sobrevida curta”

O Informe de Previdência Social, v. 12, n. 11, nov. 200033, do extinto


Ministério da Previdência, corrobora, com dados, o desaparecimento da
aposentadoria especial em razão do esforço empreendido pelo Estado e pelos
investimentos por parte das empresas em prevenção e diminuição da exposição
dos trabalhadores a riscos que afetem sua saúde:

“Com base em dados inéditos da GFIP – Guia de Recolhimento


doFundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social, a quantidade total declarada pelas empresas de
trabalhadores expostos a agentes nocivos vem apresentando uma
redução acelerada. [...] entre junho de 1999 e março de 2000, o
número de trabalhadores nestas condições passou de 950,4 mil para
703,9 mil, uma redução de 25,9%. Isto significa que no futuro haverá
um número menor de concessões de aposentadorias especiais pela
Previdencia Social.

32
STEPHANES, Reinhold. Aposentadoria Especial: Um novo conceito. Síntese Trabalhista nº 116 – fev⁄99,
p.24.
33
Barreto, Andrea Correa; SANTANA, Rafael Liberal Ferreira. Previdencia Social e as aposentadorias
especiais. In:MPAS. Informe de Previdência Social, V. 12, n. 11, nov. 2000.
[...]

Esta diminuição do número de trabalhadores expostos a agenes


nocivos é resultado da nova forma de financiamento das
aposentadorias especiais estabelecida na Lei nº 9.732, de dezembro
de 1998. Este mecanismo aliado a outros com a exigência de laudo
técnico pericial acerca das condições de trabalho e definição de limites
de exposição a agentes nocivos, incentivam o investimento por parte
das empresas em prevenção e diminuição da exposição dos
trabalhadores a riscos que afetem sua saúde.

C) A exposiçao do segurado ao risco além dos 15 (quinze), 20 (vinte)


e 25 (vinte e cinco) anos - fixados com base em critérios técnicos e
estatísticas de acidentes e doença ocupacionais – acarreta mais
pagamento de benefícios por incapacidade

A essência técnica científica da aposentadoria especial é preventiva e


compensatória, sendo aquela para evitar a contigencia patologia e acidente
ocupacional e esta última a compensação pela sociedade do desgaste físico e
mental do segurado que se submeteu a trabalho hostil, v.g., dos trabalhos no
mina subterrânea para extração de minerais essenciais a vida humana, como o
zinco, dentre outros.

O exposição do segurado nessas condições de trabalho, portanto, deve


ser limitado, com redução do tempo de contribuição, em homenagem ao
preceito fundamental da isonomia, pois do segurado em comento não se pode
exigir o mesmo tempo de contribuição exigido de um seguado que trabalha em
ambiente livre de risco, v.g, em ambiente de escritório.

A partir dos 50 (cinquenta) anos o trabalhador fica mais vulnerável a


doenças e acidente ocupacional, conforme demonstrado atavés de dados
reunidos pelo DIEESE34.

34
https://www.dieese.org.br/anuario/2016/Anuario_Saude_Trabalhador.pdf. Acesso em: 27 de jan. de
2020
Em 2004, ano em que houve aumento do número de acidente e doença
ocupacional, o número de aposentadorias especiais foi baixo;

Já em 2014, ano em que houve queda no número de acidentes e


doenças ocupacionais, o número de de concessões de aposentadoria especial
foi alto.

Compare os números:
Demonstrado, com mais esses dados, que o novel requisito etário
criado pela EC n.º 103/19 é incompatível com o preceito constitucional da
dignidade humana (art. 3º, III, da CF/88) e demais preceitos fundamentais
invocados nessa exordial.

VI. DO PEDIDO COM SUAS ESPECIFICAÇÕES DE ESTILO

Pelo exposto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria


– CNTI requer:

a) a expedição de NOTIFICAÇÕES às Mesas Diretoras da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal, bem como à Presidência da República,
para que prestem informações, conforme artigo 6º da Lei 9.868, de
1999;

b) a NOTIFICAÇÃO do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da


República para que se manifestem, conforme artigo 8º da Lei 9.868, de
1999;

c) no mérito, a procedência da ação, DECLARANDO-SE A


INCONSTITUCIONALIDADE do inciso I do art. 19 (estabeleceu a
exigência de requisito etário), §2º do art. 25, e inciso IV do § 2º do
artigo 26, todos da emenda constitucional n.º 103, de 12/11/2019, por
violação à Constituição da República de 1988 (artigo 60, § 4º, inciso IV,
combinado com o inciso III, do art. 1º, caput, do art. 5º e 6º, inciso
XXII, do art. 7º, caput, do at. 170 e 193, inciso I, II, III, IV, V e VI, do
art. 194, e §4º do art 195, confome tabela esquemática com o escopo
de auxiliar no julgamento:

Dispositivo impugnado Acrescenta (tema) Parâmetro constitucional


violado
Art. 1º, inciso III35;

35
Art. 3º - III - a dignidade da pessoa humana;
Inciso I do art. 19 da EC Requisito etário. Art. 5º, caput36;
103/19 Art. 6º37;
Art. 7º, inciso XXII38;
Art. 17039;
Art. 19340;
Art. 201, §1º41, I42;
Vedação do acréscimo de
tempo decorrente da
Art. 25, § 2º, da EC 103/19 contagem diferenciada
prevista no §1º do art. 201 Art. 5º, caput,
da CF/88 em razão do art. 194, III;
trabalho em área de risco art. 195, § 4º;
através da conversão do Art. 201, §1º;
tempo especial em comum

Inciso IV do §2º do artigo Restabelece à Carta Magna Art. 194, II, IV, V e VI da
26 da EC 103/19 a maneira de apurar o valor CF/1988
da aposentadoria, tema Art. 195, §4º, da CF/1998 (Lei
excluído pela EC nº 20/98 9.732, de 11/12/98, criou
fonte de custeio extra com
alíquotas de 6, 9 e 12% para
financiar a aposentadoria
especial)

A requerente, recomenda ao eminente Relator(a) a quem for distribuído


essa exordial, com a devida vênia, com fulcro no §1º43 do art. 9º da Lei 9.868,

36
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
37
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
38
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
39
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
40
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
sociais.
41
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios,
ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição
distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos
segurados: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
42
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou
ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
43
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória
insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais,
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em
audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.
de 10/11/1999, que, no mesmo mandado que determinar a notificação ao
Advogado Geral da União, que seja requisitado os seguintes dados:

a) Com base em dados da GFIP – Guia de Recolhimento doFundo


de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência
Social, a quantidade total declarada pelas empresas de
trabalhadores expostos a agentes nocivos atualmente, com
identificação de quantos trabalham em atividades que ensejam a
concessão de aposentadoria especial de 15 (quinze), 20 (vinte) e
25 (vinte e cinco) anos;

b) Qual a previsão, com base nos dados disponíveis, da quantidade


de segurados que terão direito a aposentadoria com tempo
mínimo de 15 (quinze), 20 (vinte) e 25 (vinte e cinco) anos;

c) Documentos que comprove qual(is) são os critérios para fixação


do tempo mínimo de 15 (quinze), 20 (vinte) e 25 (vinte e cinco)
anos para aposentar;

d) Dados sobre a quantidade de acidentes e doenças ocupacionais


sofridas por segurados que trabalham expostos a agentes nocivos
e suas idades nas datas das contigencias;

Outrossim, ainda com espeque no mesmo dispositivo, requer a


designação de audiência pública para ouvir depoimento de engenheiros de
segurança e médico do trabalho com experiencia em ambiente com agentes
nocivos, notadamente os profissionais da Fundação Jorge Duprat e Figueiredo -
Fundacentro e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE) em razão do reconhecimento nacional desse
entes;

Protesta pela juntada de pareceres.

Pede que nas intimações conste o nome de todos os subscritores dessa


exordial, com fulcro no artigo 272, §2, do novel CPC;

Dá-se à causa o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Brasília-DF, 27 de janeiro de 2020.

FERNANDO Assinado de
forma digital por
HUGO
Assinado de forma
GONCALVE FERNANDO GONCALV digital por HUGO
GONCALVES
S DIAS:1806783886 ES GONCALVES
DIAS:12076530800
DIAS:18067 0 DIAS:1207 Dados: 2020.01.31
Dados: 2020.01.31 14:54:35 -03'00'
838860 14:55:24 -03'00' 6530800
Fernando Gonçalves Dias Hugo Gonçalves Dias Zilmara Alencar
OAB/RJ 56.175 OAB/SP n.º 194.2012 OAB/DF n.º 38.142
OAB/SP 286.841

ANEXOS

1. Instrumento de procuração;

2. Documentos constitutivos e declarações da CNTI;

3. Texto publicado da EC nº 103, de 2019, no DOU de 13/11/2019.

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