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Segurança do Trabalho

Definição e características da legislação


previdenciária relacionada à saúde e à
segurança do trabalho: PPP, aposentadoria
especial e eSocial
A legislação trabalhista traz inúmeros decretos, leis, normas, portarias, súmulas,
entre outros, que visam a proteger a saúde e a garantir a segurança do trabalhador.
Porém, você conhece a legislação previdenciária?

É extremamente importante que fique clara a diferença entre ambas, visto que
cada uma traz requisitos específicos e tem objetivos diferentes.

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A Secretaria da Previdência rege a legislação previdenciária e também é voltada


a aprimorar a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, mas sob outro
aspecto.

Pode-se dizer que a Previdência Social está diretamente relacionada a acidentes


e doenças do trabalho e, por isso, estipula encargos às empresas, como é o caso do
FAP (fator acidentário de prevenção), o qual concede benefícios aos segurados e
também regulamenta a aposentadoria especial.

O conceito de acidente de trabalho é dado no artigo 19 da Lei 8.213/1991:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente.

Também são considerados acidentes do trabalho:

O acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho do


segurado

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A doença profissional, assim entendida a produzida ou a desencadeada pelo


exercício do trabalho peculiar a determinada atividade

A doença do trabalho, adquirida ou desencadeada em função de condições


especiais em que o trabalho é realizado e que com ele se relacione diretamente

A Previdência Social direciona um olhar especial para os números de acidentes


ocorridos no Brasil devido ao elevado custo que eles geram ao INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social), o qual concede benefícios acidentários como auxílio-
doença, pensão por morte, aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial,
auxílio-acidente, entre outros.

Sendo assim, sobre a legislação previdenciária, a Lei n.º 8.213, de 24 de julho de


1991, dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências. Todo o sistema previdenciário está previsto nessa lei e também no
Decreto n.º 3.048, de 6 de maio de 1999.

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Já o FAP é regulamentado pela Lei 10.666/2003 e detalhado no Decreto n.º


6.042, de 12 de fevereiro de 2007, e em outros decretos, resoluções e portarias que
complementam o tema.

Há ainda a CAT (comunicação de acidente de trabalho), que está relacionada


diretamente à previdência, visto que o registro de tal comunicação é feito no site da
própria Previdência Social. É a mesma Lei 8.213/1991 que determina a obrigação do
registro e prazos para tanto.

Os requisitos e as orientações quanto à aposentadoria especial estão previstos


no Decreto 3.048/1999 e no Decreto 8.123/2013, os quais estabelecem condições e
meios para concessão do benefício, e complementarmente na Instrução Normativa n.º
99, de 5 de dezembro de 2003.

Também cabe citar o laudo técnico das condições ambientais de trabalho


(LTCAT), documento previdenciário que relata as condições ambientais a que os
trabalhadores estão expostos e que serve de base para a constatação e a concessão
da aposentaria especial. A obrigatoriedade de elaboração desse documento está
prevista na Lei 9.732/1998 e também na Lei 8.213/1991, complementadas pelos
requisitos da Instrução Normativa n.º 99, de 5 de dezembro de 2003.

Ainda para fins de concessão de aposentadoria especial, a empresa deverá


elaborar um perfil profissiográfico previdenciário (PPP), com base nas informações já
constantes no LTCAT, a fim de descrever as atividades desenvolvidas pelo trabalhador
e os riscos aos quais ele está exposto.

A Lei 9.528/1997 torna obrigatória a emissão do PPP, e, por meio da Instrução


Normativa 99/2003, ficam estabelecidos os critérios para preenchê-lo. Algumas
informações adicionais são apresentadas pela Instrução Normativa 77/2015.

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A Previdência Social assume atualmente um papel importante também no


monitoramento e no controle estatístico de acidentes de trabalho. Com base nos
registros de CAT, podem-se gerar estatísticas sobre os segmentos mais atingidos, as
regiões com maior frequência de acidentes no país e as atividades que mais lesionam
trabalhadores. A partir daí, o governo pode agir mais assertivamente na elaboração de
políticas de segurança que venham a reduzir esses números.

Sobre a aposentadoria especial, esta será devida a segurado empregado,


trabalhador avulso e contribuinte individual (este apenas quando fizer parte de
cooperativa) que tenham trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos (de acordo com o
caso) e que estiveram sujeitos a condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou
a sua integridade física.

Além disso, a concessão da aposentadoria especial estará condicionada à


comprovação da exposição do trabalhador, em tempo permanente e não ocasional,
nem intermitente, a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou à associação de
vários agentes prejudiciais à saúde.

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São consideradas condições especiais aquelas que expõem o trabalhador a


riscos cujos limites de tolerância tenham sido ultrapassados. Tais riscos estão
descritos na relação de agentes nocivos químicos, físicos e biológicos no Anexo IV do
Decreto 3.048/99.

Para comprovar a efetiva exposição do trabalhador a agentes nocivos, devem ser


elaborados dois documentos: o LTCAT e o PPP.

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LTCAT

O LTCAT deve conter informações que comprovem a exposição do trabalhador a


agentes nocivos e deixar clara a existência de tecnologias de proteção coletiva ou
individual, bem como a eficácia destas. As empresas que não emitirem o laudo ou
o emitirem em desacordo com o estabelecido estarão sujeitas a penalidades. Esse
documento deve ser emitido por médico do trabalho ou por engenheiro de
segurança do trabalho.

De acordo com a Instrução Normativa 99/2003, poderão ser aceitos em


substituição do LTCAT ou ainda de forma complementar a este os seguintes
documentos (desde que contenham as informações requeridas):

I – laudos técnico-periciais emitidos por determinação da Justiça do Trabalho, em


ações trabalhistas, acordos ou dissídios coletivos;

II – laudos emitidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e


Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO);

III – laudos emitidos por órgãos competentes em Segurança do Trabalho;

IV – laudos individuais acompanhados de:

a) autorização escrita da empresa para efetuar o levantamento, quando o


responsável técnico não for seu empregado;

b) cópia do documento de habilitação profissional do engenheiro de segurança do


trabalho ou médico do trabalho, indicando sua especialidade;

c) nome e identificação do acompanhante da empresa, quando o responsável


técnico não for seu empregado;

d) data e local da realização da perícia.

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V – os programas PPRA, PGR, PCMAT e PCMSO, que contenham as


demonstrações ambientais.

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PPP

O PPP deve ser elaborado conforme modelo e orientações dados pela


Previdência Social, contendo histórico laboral do trabalhador, resultados das
avaliações ambientais, nome dos responsáveis pela monitoração biológica e
resultados desta e nome dos responsáveis pelas avaliações ambientais.

A empresa deve elaborar e manter atualizado o PPP de todos os funcionários,


abrangendo as atividades desenvolvidas, e fornecer cópia autêntica do documento
até 30 dias após a rescisão.

Segundo a Instrução Normativa 99/2003, o PPP tem por finalidade:

I – comprovar as condições para habilitação de benefícios e serviços


previdenciários, em especial, a aposentadoria especial;

II – prover o trabalhador de meios de prova produzidos pelo empregador perante a


Previdência Social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir
todo direito decorrente da relação de trabalho, seja ele individual, ou difuso e
coletivo;

III – prover a empresa de meios de prova produzidos em tempo real, de modo a


organizar e a individualizar as informações contidas em seus diversos setores ao
longo dos anos, possibilitando que a empresa evite ações judiciais indevidas
relativas a seus trabalhadores;

IV – possibilitar aos administradores públicos e privados acesso a bases de


informações fidedignas, como fonte primária de informação estatística, para
desenvolvimento de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como definição de
políticas em saúde coletiva.

Veja o modelo de PPP disponibilizado pelo INSS e que deve ser utilizado:

(pdf/modeloPPP.pdf)

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CBO

Muitas vezes, durante o preenchimento de documentos sobre as atividades


laborais dos trabalhadores, aparece a sigla CBO.

CBO é a sigla para “classificação brasileira de ocupações” – um documento com


as profissões presentes no mercado de trabalho brasileiro. A criação da classificação
está baseada na Portaria n.º 397, de 10 de outubro de 2002, mas a relação de
profissões está em constante atualização.

A CBO pode ser consultada na Internet.

eSocial
O eSocial é um projeto instituído pelo Governo Federal e consiste em um sistema
de coleta de informações trabalhistas, previdenciárias e tributárias por meio de um
ambiente nacional virtual.

Esse projeto foi instituído pelo Decreto n.º 8.373, de 11 de dezembro de 2014, e
visa a possibilitar que os órgãos participantes utilizem tais informações para apurar
tributos e contribuições para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

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Nenhum aspecto legal é alterado pela implantação do eSocial. Apenas fica


regulamentada a forma como as informações devem ser registradas, sendo uma nova
forma de cumprir obrigações trabalhistas única e simplificadamente.

Segundo manual de orientação do eSocial, são princípios do programa:

Dar mais efetividade à fruição dos direitos fundamentais trabalhistas e


previdenciários dos trabalhadores

Racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações previstas na legislação


pátria de cada matéria

Eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas físicas e


jurídicas obrigadas

Aprimorar a qualidade das informações referentes às relações trabalhistas,


previdenciárias e fiscais

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Conferir tratamento diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno


porte

Todos que contratarem prestadores de serviços pessoa física, ou seja, os


empregadores que tiverem alguma obrigação trabalhista, previdenciária ou tributária,
são obrigados a utilizar o eSocial e enviar as informações.

A implantação do programa está desenhada em quatro fases, sendo a última


delas referente à prestação de informações sobre segurança do trabalho. Mais
informações e manuais sobre o programa podem ser encontrados no site do eSocial.

A legislação previdenciária é tão importante quanto a legislação trabalhista, pois


a documentação exigida pela primeira deve retratar com fidelidade a vida laboral do
trabalhador e os dados sobre a empresa.

Estar em dia com as obrigações legais previdenciárias é uma obrigação da


empresa e pode ajudar a gerir mais assertivamente os riscos e as condições de
trabalho. Os documentos, embora não tenham cunho de prevenção, apresentam
informações extremamente importantes sobre o ambiente de trabalho e indicam se a
condição é ou não salutar. Além disso, se bem gerenciados, podem ser aliados no
estabelecimento de medidas de prevenção e correção.

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