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INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO ACIDENTÁRIA .......................... 4
2 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ............ 7
2.1 Aborto ............................................................................................................. 7
2.2 Faltas por motivo de saúde: Auxílio-doença ................................................... 7
2.3 Acidente de trabalho ....................................................................................... 9
2.4 Aposentadoria por invalidez ......................................................................... 10
3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS ..................... 11
3.1 Conceito ....................................................................................................... 11
3.2 Doenças ocupacionais.................................................................................. 15
3.3 Nexo causal e concausalidade ..................................................................... 17
3.4 Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente ........................... 19
3.5 Comunicação do acidente de trabalho ......................................................... 20
3.6 Cessação do auxílio-doença (acidentário) .................................................... 20
3.7 Alta médica ................................................................................................... 20
3.8 Constitucionalidade do art. 118 da Lei 8.213/91 ........................................... 21
4 BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE LABORAL ........................................ 21
4.1 Auxílio-doença .............................................................................................. 22
4.1.1 Carência.. ..................................................................................................... 23
4.1.2 Data de início do benefício ........................................................................... 23
4.1.3 Renda mensal inicial..................................................................................... 24
4.1.4 Processo de reabilitação .............................................................................. 24
4.1.5 Cessação do benefício ................................................................................. 25
4.1.6 Estabilidade provisória .................................................................................. 25
4.2 Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente .................... 26
4.3 Auxílio-acidente ............................................................................................ 29
5 BENEFÍCIOS DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE ............... 32
5.1 Pensão por morte ......................................................................................... 32
5.1.1 Prazos de duração da pensão por morte...................................................... 34
5.2 Auxílio-reclusão ............................................................................................ 36
5.3 Salário-maternidade ..................................................................................... 39
5.4 Salário-família ............................................................................................... 41
6 BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS ................................................................... 43
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 46
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
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Previdência, mediante custeio tripartite. A Lei n. 6.195, de 19.12.1974, estendeu o
SAT aos rurais, estando estes, a partir de então, amparados pelos benefícios
acidentários.
A Lei n. 6.367, de 19.10.1976, alterou a composição do tríplice custeio do SAT
pela União, pelos trabalhadores e pelas empresas, estabelecendo um acréscimo de
contribuição a cargo destas últimas.
A Constituição de 1988 insere o acidente de trabalho como risco social, logo
passível de proteção previdenciária (art. 201, I). O SAT volta a ser encargo somente
do empregador (art. 7º, XXVIII), independentemente da indenização devida por dolo
ou culpa. Adota-se, cumulativamente, a teoria do risco empresarial, com a do risco
social.
As Leis ns. 8.212 e 8.213/1991, em seus textos originais, tratam do acidente do
trabalho com benefícios diferenciados, regulamentando o custeio pelo empregador
(art. 22, II, da Lei de Custeio), mantida a exclusividade de oferecimento do SAT pela
previdência estatal.
A Lei n. 9.032, de 28.4.1995, dispôs que o benefício de prestação continuada
de cunho acidentário seria equiparado ao benefício previdenciário, calculando-se a
renda mensal com base no salário de benefício, não mais pelo salário de contribuição
da data do acidente, que, na maioria das vezes, era mais vantajoso. Revogou,
outrossim, o art. 123 da Lei n. 8.213/1991, que possibilitava a conversão da
aposentadoria por tempo de serviço ou por idade em aposentadoria por invalidez
acidentária, sempre que o aposentado apresentasse doença profissional ou do
trabalho relacionada com as condições que exercia anteriormente à aposentadoria.
A Lei n. 9.129/1995 alterou a forma de cálculo do auxílio-acidente, que passou
a ser em percentual único, em vez dos três patamares de até então.
A EC n. 20/1998 estabeleceu, de forma programática, a possibilidade de que o
seguro de acidentes do trabalho a cargo da empresa pudesse ser objeto de cobertura
pelo RGPS e pela iniciativa privada, de forma concorrente; todavia, a matéria não foi
regulamentada, mantendo-se a fórmula da proteção acidentária por meio das regras
de custeio da Seguridade Social – Lei n. 8.212/1991 e sua regulamentação.
A EC n. 72/2013, que ampliou os direitos sociais da categoria dos empregados
domésticos, estendeu a estes a cobertura acidentária, remetendo à lei a regulação do
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tratamento tributário da matéria. A regulamentação da EC n. 72 sobreveio com a
promulgação da Lei Complementar n. 150, de 01.06.2015, que alterou diversos
dispositivos da Lei n. 8.213/1991 a fim de assegurar o devido tratamento ao
empregado doméstico, estendendo a esta categoria a proteção acidentária.
A EC n. 103/2019 alterou o art. 201, I, da CF, estabelecendo “cobertura dos
eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade
avançada”. Até então, a previsão era de “cobertura de eventos de doença e invalidez”.
Ou seja, a doença propriamente dita não terá mais cobertura, salvo quando provocar
incapacidade laboral. Na prática, essa já era a análise feita pela perícia médica
previdenciária, mas poderá provocar restrições na concessão de cobertura destinada
aos segurados facultativos e desempregados em período de graça.
Outra mudança introduzida pela EC n. 103/2019 se deu em relação ao
coeficiente de cálculo. Somente a aposentadoria por incapacidade permanente
decorrente de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho
corresponderá a 100% do salário de benefício, que passou a levar em consideração
todos os salários de contribuição.
A aposentadoria por incapacidade permanente (não acidentária), passou a
corresponder a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos
percentuais para cada ano de tempo de contribuição que exceder o tempo de 20 anos
de contribuição, no caso dos homens, e de 15 anos, no caso das mulheres.
E o art. 201, § 10, da CF ganhou nova redação pela EC n. 103/2019 para
estipular a previsão de que “Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de
benefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do trabalho, a ser
atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor
privado”.
A modificação é mais ampla que aquela prevista na EC n. 20/1998,
possibilitando disciplinar por lei complementar a cobertura de benefícios não
programados de maneira geral, não apenas os decorrentes de acidente do trabalho.
Por força disso, o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, o auxílio-acidente, a
pensão por morte, o auxílio-reclusão e até o salário-maternidade poderão ser
concedidos também pelo setor privado, com base em planos de cobertura
diferenciados e com contribuições que não irão para o RGPS.
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2 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
2.1 Aborto
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Os primeiros 15 dias de afastamento do empregado em relação ao trabalho
serão pagos pelo empregador (art. 60, § 3º, Lei nº 8.213/91). Para tanto, é necessária
a apresentação do atestado médico. Em caso de a incapacidade laborativa ser
superior ao limite de 15 dias, o trabalhador será encaminhado à perícia médica para
fins de avaliação da necessidade quanto à percepção do auxílio-doença (Código 31,
do INSS).
No caso dos demais segurados, v. g empregado doméstico, o benefício auxílio-
doença será pago pelo INSS a contar da data do início da incapacidade (art. 60, Lei
8.213).
As faltas decorrentes de problemas de saúde são justificadas mediante a
apresentação de atestado médico.
Podemos, então, estabelecer que o atestado é um documento emitido pelo
médico e cuja finalidade consiste na justificativa das faltas ou ausências ao trabalho,
com base em situações que envolvam doença ou acidente do empregado. Eventuais
faltas do empregado para a realização de exames médicos também devem ser
comprovadas por atestado médico.
Como documento, o atestado médico deve conter: tempo de dispensa
concedida ao segurado, por extenso e numericamente; diagnóstico codificado,
conforme o Código Internacional de Doenças (CID), desde que haja a expressa
concordância do paciente; assinatura do médico ou dentista sobre carimbo do qual
conste nome completo e registro no respectivo Conselho Profissional.
Para que o atestado seja válido, deve ser emitido pelo médico na seguinte
ordem: da empresa, do convênio fornecido pela empresa ou por profissional da
Previdência Social (art. 60, § 4º, Lei 8.213; Súm. 15 e 282, TST).
A partir do 16º dia de afastamento, o empregado irá receber o auxílio-doença
pago pela Previdência Social. O período de afastamento por auxílio-doença de até 6
meses, contínuos ou descontínuos, é computado para as férias (arts. 131, III, e 133,
IV, CLT), portanto, é um caso de interrupção do contrato de trabalho.
Só será caso de suspensão se o auxílio-doença for superior a 6 meses,
contínuos ou descontínuos, o que implicará início do cômputo de um novo período
aquisitivo, após o retorno ao trabalho (art. 133, § 2º, CLT). (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2019). Vejamos ainda outras considerações doutrinárias:
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O art. 75, Decreto 3.048/99, que regulamenta a Lei 8.213/91, mencionam as
seguintes regras quanto ao pagamento do período de 15 dias pelo
empregador: se concedido novo benefício decorrente da mesma doença
dentro de 60 dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica
dispensada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento,
prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se
for o caso (§ 3º); se o empregado, por motivo de doença, afastar-se do
trabalho durante 15 dias e retornar à empresa no 16º dia, e se dela voltar a
se afastar dentro de 60 dias desse retorno, em decorrência da mesma
doença, o trabalhador terá direito à percepção do auxílio-doença a partir da
data do novo retorno (§ 4º); se o retorno a atividade ocorrer antes do 15º dia
do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio-doença a partir do dia seguinte
ao que completar o período de 15 dias (§ 5º); a impossibilidade de
atendimento pela Previdência Social ao segurado antes do término do
período de recuperação indicado pelo médico assistente na documentação
autoriza o retorno do empregado ao trabalho no dia seguinte à data indicada
pelo médico assistente (§ 6º).
O dia do acidente, além dos 15 dias subsequentes, será pago pelo empregador,
computando-se esse período para todos os fins, logo, trata-se de interrupção do
contrato de trabalho.
O auxílio-doença será pago pela Previdência Social a partir do 16º dia seguinte
ao do afastamento da atividade ou a partir da data de entrada do requerimento, se
entre o afastamento e a data de entrada do requerimento decorrerem mais de 45 dias
(art. 60, § 1º, Lei 8.213/91) (código 91, INSS). Durante esse período, não se tem o
pagamento de salários pelo empregador, porém, é o caso de interrupção do contrato
de trabalho: a contagem do tempo de serviço para fins de indenização e estabilidade
(art. 4º, § 1º, CLT); o cômputo para as férias (art. 131, III), exceto se o auxílio-doença
exceder de 6 meses, contínuos ou descontínuos (art. 133, IV); a obrigação quanto ao
recolhimento dos depósitos fundiários (art. 15, § 5º, Lei 8.036/90).
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No caso dos demais segurados, empregado doméstico, o benefício auxílio-
doença será pago pelo INSS a contar da data do início da incapacidade. (JORGE
NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 936)
O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato
de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação
do benefício (art. 475, caput, CLT).
Sobre a verificação da recuperação da capacidade de trabalho do aposentado
por invalidez, vejamos o procedimento de acordo com o art. 47 da Lei 8.213/91:
3.1 Conceito
O acidente de trabalho está previsto na Lei 8.213/91, art. 59 c/c os arts. 60, §
4º, e 476 da CLT. A partir do 16º dia do acidente de trabalho o contrato fica suspenso,
apesar do empregador continuar obrigado ao depósito do FGTS – art. 28 do Decreto
99.684/90. O tempo de serviço do período de suspensão é computado para todos os
efeitos – art. 4º da CLT. (CASSAR, 2018). Vejamos a redação do artigo 19 da lei
8.213/91:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;
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a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
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econômicos da relação de empregado. O acidente repercutirá ao empregador também
no cálculo do Fator Acidentário de Prevenção - FAP da empresa, nos termos do art.
10 da Lei nº 10.666/2003. (TST).
Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado. Incumbe ao
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação de benefícios, tais
como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação
profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Estima-se que
a Previdência Social gastou, só em 2010, cerca de 17 bilhões de reais com esses
benefícios. (TST).
Castro; Lazzari (2020) explicam que o elemento objetivo para a caracterização
do acidente do trabalho é a existência de lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para
o trabalho. Lesão corporal se trata daquela que atinge a integridade física do indivíduo,
causando um dano físico-anatômico, enquanto a perturbação funcional é a que, sem
aparentar lesão física, apresenta dano fisiológico ou psíquico, relacionado com órgãos
ou funções específicas do organismo humano.
O acidente do trabalho não será caracterizado se ocorrido durante o trajeto que
o segurado mediante interesse pessoal tiver interrompido ou alterado o percurso
habitual.
Se o acidente do trabalhador avulso ocorrer no trajeto do órgão gestor de mão
de obra ou sindicato para a residência, o INSS entende ser indispensável para
caracterização do acidente o registro de comparecimento ao órgão gestor de mão de
obra ou ao sindicato.
Em relação ao elemento subjetivo, é irrelevante para a caracterização do
acidente do trabalho a existência de culpa do segurado ou de seu contratante. Pois
nesse caso aplica-se a teoria do risco social, segundo a qual a sociedade arca com o
ônus do indivíduo incapacitado, independentemente de quem causou o infortúnio.
Apenas para os efeitos da responsabilidade civil interessa a existência ou
inexistência de culpa do empregador ou tomador do serviço. Vejamos uma síntese
doutrinária acerca do acidente de trabalho e os procedimentos que o sucedem:
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3.2 Doenças ocupacionais
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doenças sejam previsíveis e, certamente, não dependem de um evento violento e
súbito; são as contingências do trabalho desempenhado ao longo do tempo que
estabelecem o nexo causal entre a atividade laborativa e a doença. Mesmo que não
conste na relação do Regulamento, cabe a Previdência reconhecer o acidente de
trabalho quando comprovado que a doença foi ocasionada pelas condições especiais
de trabalho a que estava submetido o segurado conforme está previsto no § 2º do art.
20 da Lei n. 8.213/1991.
Em nosso ordenamento jurídico é exigido que uma doença, para ser
considerada como ocupacional, decorra, necessariamente, do trabalho, sendo assim
doenças diferentes daquelas inerentes a profissão, mesmo que adquiridas no decurso
e no local de trabalho, tecnicamente, não são equiparáveis aos acidentes.
Não são consideradas doenças do trabalho: a doença degenerativa – causada
por agentes endógenos, com a perda gradativa da integridade física ou mental; a
doença inerente a grupo etário (relacionadas à velhice, como a arteriosclerose e a
osteoporose); a que não chegou a produzir incapacidade para o trabalho; a doença
endêmica adquirida em função da região territorial em que se desenvolva (malária,
febre amarela, dengue, cólera), salvo exposição ou contato direto em função do
trabalho. Contudo, o agravamento de doença degenerativa, em função do trabalho,
deve ser considerado como doença ocupacional.
Há que se tomar extremo cuidado ao analisar as excludentes do § 1º do art. 20
da Lei n. 8.213/1991. É que nem toda doença degenerativa está desvinculada do
trabalho. Note-se, por exemplo, a hipótese de neoplasia de cunho ocupacional, típica
de determinadas profissões, devido a exposição a agentes carcinogênicos presentes
no ambiente de trabalho.
O Ministério da Saúde, por intermédio do Instituto Nacional de Câncer (INCA),
vem desenvolvendo, desde 2004, o fortalecimento da Área de Vigilância do Câncer
Ocupacional e Ambiental, por meio da elaboração e execução de projetos que visam
a redução, a eliminação ou o controle de agentes cancerígenos presentes no meio
ambiente e nos ambientes de trabalho.
Entre os agentes cancerígenos já constatados pela ciência médica como de
origem ocupacional, o referido estudo destaca: “o amianto, a sílica, solventes
aromáticos como o benzeno, metais pesados como o níquel e cromo, a radiação
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ionizante e alguns agrotóxicos, cujo efeito pode ser potencializado se for somada a
exposição a outros fatores de risco para câncer como a poluição ambiental, dieta rica
em gorduras trans, consumo exagerado de álcool, os agentes biológicos e o
tabagismo. Os tipos mais frequentes de câncer relacionados ao trabalho são o câncer
de pulmão, os mesoteliomas, o câncer de pele, o de bexiga e as leucemias. ”
Há, ainda, os efeitos da radiação ultravioleta, sendo a principal fonte a solar,
mas não a única, pois com o surgimento de fontes artificiais de radiação ocorreu um
aumento na chance de exposição adicional. (CASTRO; LAZZARI. 2020). Vejamos a
jurisprudência:
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3.4 Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente
A proteção previdenciária não é plena, pois tarifada pela Lei de Benefícios. Não
cobre, por exemplo, lucros cessantes e danos emergentes. Não há imposição de
reparação do status quo ante, aliás, de impossibilidade material facilmente
constatável, pois o que se encontra em discussão não são bens materiais, mas a vida
ou a integridade física e psíquica do indivíduo.
Mediante esta razão, A CF/88 manteve a responsabilidade pessoal do
empregador, independentemente do seguro de acidentes de trabalho e a consequente
proteção pelo regime previdenciário. Caso houver culpa do empregador, cabe ao
indivíduo a possibilidade de postular em Juízo uma reparação maior, com pretensão
de restitutio in integrum – incluindo então as perdas e danos decorrentes da morte,
lesão corporal ou perturbação funcional.
Para a proteção previdenciária, não há necessidade de existência de dolo ou
culpa do empregador, sendo devido o benefício por incapacidade inclusive nos casos
de culpa da vítima. Impõe-se que haja, sim, nexo causal entre o acidente ou a doença
e a lesão ou a morte; caracteriza-se o nexo de causalidade se, abstraído o evento, a
incapacidade para o trabalho não se tivesse verificado.
Pode o empregado obter indenização - reparação dos danos pelo empregador
-, quando a empresa, por seus prepostos, ou o empregador doméstico, ou ainda o
tomador de serviços terceirizados tenha incorrido em conduta dolosa ou culposa que
tenha causado o infortúnio (ou quando seja o caso de responsabilização objetiva),
cabendo ao demandado provar a inexistência de dolo ou culpa. A matéria, via de
regra, exige prova pericial, pois cumpre investigar a existência de dano e o nexo de
causalidade entre o acidente ou doença e o trabalho, no acidente típico ou doença
ocupacional.
Os danos materiais envolvem a totalidade dos prejuízos sofridos pelo
trabalhador. As regras do Código Civil dispõem sobre a reparação material,
cumulativamente com a reparação de danos morais, tanto em caso de lesão corporal
(com ou sem sequelas), como em caso de morte do trabalhador (quando será devida
aos familiares do trabalhador falecido).
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A ação de indenização é de competência material da Justiça do Trabalho a
partir da EC 45/2004, observando-se o rito processual trabalhista, como será visto
adiante neste mesmo capítulo. (CASTRO; LAZZARI, 2020).
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situação (recebendo benefício) como licenciado. Ressalte-se, que durante esta
suspensão contratual o empregador está obrigado aos depósitos do FGTS. Obtida a
alta médica, o empregado terá a estabilidade de doze meses. (CASSAR, 2018).
21
As regras de exigibilidade dos benefícios por incapacidade possuem previsão
na Lei n. 8.213/1991, mas no futuro poderão eleger novos critérios relacionados à
carência, à prova da incapacidade laboral e aos coeficientes de cálculo,
especialmente os do auxílio-doença e do auxílio-acidente. (CASTRO; LAZZARI,
2020).
4.1 Auxílio-doença
22
O reconhecimento da incapacidade para concessão ou prorrogação do auxílio-
doença decorre da realização de avaliação pericial ou da recepção da documentação
médica do segurado, hipótese em que o benefício será concedido com base no
período de recuperação indicado pelo médico assistente.
A medida parece bastante acertada, pois em caso de prorrogações de benefício
de segurado empregado, é o próprio médico da empresa ou conveniado a essa que
atesta a incapacidade. (AGOSTINHO, 2020).
4.1.1 Carência
23
4.1.3 Renda mensal inicial
“Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de
auxílio-acidente. ” (BRASIL, 1991).
O Período Básico de Cálculo – PBC é fixado, conforme o caso, de acordo com
a data do Afastamento da Atividade ou do Trabalho – DAT; e a data de Entrada do
Requerimento – DER.
Data de Início do Benefício de aposentadoria por invalidez para o segurado
empregado: Quando precedido de auxílio-doença: a partir do dia seguinte ao da
cessação daquele, por força de conclusão da perícia do INSS; Quando não precedido
de auxílio-doença: a partir do 16º dia de incapacidade, caso requerido até o 30º dia
de incapacidade; da data do requerimento, quando requerida após 30 dias do início
da incapacidade. (AGOSTINHO, 2020).
25
4.2 Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral
de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
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O Perito Médico deverá considerar a gravidade e irreversibilidade da
doença/lesão, a impossibilidade de se determinar um prazo de recuperação, sua
repercussão sobre a capacidade laborativa, bem como a insuscetibilidade à
reabilitação profissional.
A aposentadoria por invalidez pode ter como causa acidente ou doença não
relacionada ao trabalho, quando será considerada como previdenciária (espécie B
32). Quando for relacionada a acidente do trabalho ou doença ocupacional, será
considerada como invalidez acidentária (B 92).
Nem sempre, contudo, a incapacidade permanente é passível de verificação
imediata, nesses casos, concede-se inicialmente ao segurado o benefício por
incapacidade temporária – auxílio-doença – e, posteriormente, concluindo-se pela
impossibilidade de retorno à atividade laborativa, transforma-se o benefício inicial em
aposentadoria por invalidez. Por esse motivo, a lei menciona o fato de que o benefício
é devido, estando ou não o segurado em gozo prévio de auxílio-doença.
As regras gerais sobre a aposentadoria por invalidez estão disciplinadas no art.
201, I, da Constituição (com redação conferida pela EC n. 103/2019), nos arts. 42 a
47 da Lei n. 8.213/1991 e arts. 43 a 50 do Decreto n. 3.048/1999.
O período de carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é de
12 contribuições mensais. A concessão independe de carência no caso de o segurado
ter ficado inválido em razão de acidente de qualquer natureza ou causa (inclusive o
ligado ao trabalho), ou ser acometido de doença ocupacional ou alguma das doenças
especificadas no art. 151 da Lei n. 8.213/1991.
Quando a aposentadoria por invalidez decorrer de transformação de auxílio-
doença, ela é devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença.
Quando não decorrer de transformação de auxílio-doença, ela é devida nas
seguintes datas de início do benefício:
Quando se tratar dos segurados empregados (excluindo-se o doméstico): a
contar do 16º dia de afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento,
quando postulado após o 30º dia do afastamento da atividade (os 15 primeiros dias
de afastamento são de responsabilidade da empresa, que deverá pagar ao segurado
empregado o salário);
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Quando se tratar do segurado empregado doméstico, trabalhador avulso,
contribuinte individual, especial, facultativo e intermitente: a partir da data do início da
incapacidade, ou da data de entrada do requerimento, quando ocorrido após o 30º dia
da incapacidade.
Em todos os casos, o requerimento do benefício deve ser formulado no prazo
fixado, de 30 dias a partir da data da incapacidade, sob pena de ser a data daquele o
termo inicial do benefício. Evidentemente, se o segurado se encontra incapacitado
não apenas para o trabalho, mas para quaisquer atos da vida civil, não se pode exigir
tal prazo (por exemplo, quando o segurado tenha ficado em estado de coma, ou
inconsciente), pois contra os totalmente incapazes não são oponíveis quaisquer
prazos legais.
Na hipótese em que a aposentadoria por invalidez é solicitada exclusivamente
na via judicial, sem que exista prévia postulação administrativa, é a citação válida que
deve ser considerada como termo inicial para a implantação do benefício. Isso porque
a citação, além de informar o litígio, constitui o réu em mora quanto à cobertura do
evento causador da incapacidade, tendo em vista a aplicação do art. 240 do
CPC/2015.
Até o advento da EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez, inclusive a
decorrente de acidente do trabalho, consistia numa renda mensal correspondente a
100% do salário de benefício, apurado com base na média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo
decorrido desde a competência julho de 1994 até a data de início do benefício. No
entanto, a EC n. 103/2019 estabeleceu (art. 26) novos coeficientes de cálculo.
(CASTRO; LAZZARI, 2020). Vejamos:
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100% do salário de benefício que leva em consideração todos os salários de
contribuição (desde julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se
posterior àquela competência). (CASTRO; LAZARI, 2020. p. 1154).
4.3 Auxílio-acidente
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A concessão do auxílio-acidente independe do número de contribuições pagas,
mas é preciso ter a qualidade de segurado. Vale dizer, dependentes de pessoa que
nunca tenha contribuído para o RGPS, ou tenha perdido a qualidade de segurado,
não fazem jus a este benefício.
O benefício tem início a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
acidentado, ou, na data da entrada do requerimento (DER), quando não precedido de
auxílio-doença. (CASTRO; LAZZARI, 2020).
O cálculo da renda mensal inicial do auxílio-acidente deixou de ser feito com
base no salário de benefício a partir de 12.11.2019, data da publicação da Medida
Provisória n. 905, que alterou o art. 86 da Lei n. 8.213/91 (PBPS). Com a alteração, a
renda mensal inicial do benefício, antes incidente sobre o salário de benefício,
corresponderá a 50% do benefício de aposentadoria por invalidez a que o segurado
teria direito. Ocorre que, com a EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez,
submetida ao cálculo do salário de benefício com base em 100% da média aritmética
simples dos salários de contribuição a partir de julho/1994, terá renda mensal inicial
com cálculo de 60% do salário de benefício, com alguns acréscimos dependendo do
tempo de contribuição. Daí se vê que a base de cálculo do auxílio-acidente será
sensivelmente reduzida. (SANTOS,2020).
O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de
aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
Não é permitida a acumulação de auxílios-acidente. O valor do benefício, em qualquer
caso, poderá ser inferior ao salário mínimo, uma vez que não se trata de benefício
substitutivo do salário de contribuição.
De acordo com a orientação do STJ, deve ser considerado, para fins de auxílio-
acidente, o percentual estabelecido pela lei vigente no momento em que se dá o
agravamento das lesões incapacitantes do beneficiário, e não o do momento em que
o benefício foi concedido inicialmente. O agravamento da lesão incapacitante tem
como consequência a alteração do auxílio-acidente, sendo considerado um novo fato
gerador para a concessão do benefício.
O auxílio-acidente deixou de ser vitalício passando a integrar o salário de
contribuição para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria,
30
conforme a regra disposta no art. 31 da Lei n. 8.213/1991, foi restabelecida pela Lei
n. 9.528, de 10.12.1997.
A MP n. 905/2019 alterou novamente a LBPS estabelecendo que, somente na
hipótese de manutenção das condições que motivaram o reconhecimento do auxílio-
acidente, o auxílio será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou
até a data do óbito do segurado. Sendo assim, o segurado terá direito e será devido
o benefício somente enquanto persistirem as sequelas, isso ocasiona em revisões
periódicas efetuadas pelo INSS para verificar essas condições.
O auxílio-acidente não se interrompe pelo recebimento de salários, nem mesmo
pela condição de desemprego do beneficiário.
No caso de novo auxílio-doença, ocasionado por outra enfermidade que não a
causadora da sequela que deu origem ao auxílio-acidente, o segurado receberá os
dois benefícios (auxílio-acidente e auxílio-doença) cumulativamente.
Quando o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer jus a um novo auxílio-
acidente, em decorrência de outro acidente ou de doença, serão comparadas as
rendas mensais dos dois benefícios e mantido o benefício mais vantajoso.
O art. 129 do Decreto n. 3.048/1999 dispõe que “o segurado em gozo de auxílio-
acidente terá o seu benefício encerrado na data da emissão da certidão de tempo de
contribuição”. Com a devida vênia, a leitura do art. 86 da Lei do RGPS não autoriza
tal interpretação.
A Lei n. 9.528, de 10.12.1997, ao vedar a acumulação do auxílio-acidente com
qualquer aposentadoria, estabeleceu como compensação que “O valor mensal do
auxílio-acidente integra o salário de contribuição, para fins de cálculo do salário de
benefício de qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no art. 29
e no art. 86, § 5º” (art. 31 da Lei n. 8.213/1991, restabelecido com nova redação
conferida pela Lei n. 9.528, de 10.12.1997).
Dessa forma, o legislador procurou amenizar os efeitos da nova norma – que
afastou o caráter de vitaliciedade ao auxílio-acidente – possibilitando ao segurado
recuperar parte do prejuízo com a elevação do valor da aposentadoria a ser concedida
pelo RGPS.
Todavia, o INSS tem se excedido na interpretação da Lei n. 9.528/1997 e está
cancelando o auxílio-acidente dos segurados que obtêm aposentadoria por outro
31
regime previdenciário. Ou seja, o INSS, tomando conhecimento de que o beneficiário
de auxílio-acidente passou a gozar de aposentadoria por regime próprio, está
cancelando o auxílio-acidente concedido pelo RGPS.
Esse procedimento foge à lógica interpretativa em relação aos efeitos da Lei n.
9.528/1997. A referência a qualquer aposentadoria só pode ser entendida às
concedidas pelo RGPS e não por outros regimes. Tanto é assim, que essa Lei previu
a compensação pela cessação do auxílio-acidente com o incremento do valor da
aposentadoria a ser deferida.
A normatização interna do INSS prevê, também de modo ilegal, a cessação do
benefício de auxílio-acidente “quando da emissão de certidão de tempo de
contribuição”, situação que não guarda nenhuma congruência com a Lei n.
8.213/1991, tampouco com o Regulamento. (CASTRO; LAZZARI, 2020).
33
A morte do segurado deve ser considerada um infortúnio, que impede o
implemento da idade mínima, mas não pode afastar o fato gerador da pensão por
morte de quem já cumpriu o período de carência para a concessão da aposentadoria
por idade. Posicionamento contrário levaria à conclusão de que as contribuições feitas
pelo segurado (acima de 180 meses) não reverterão em nenhum proveito aos
dependentes em caso de óbito em data anterior ao preenchimento da idade mínima.
A definição da data de início da pensão por morte está relacionada à legislação
vigente no momento do óbito e à capacidade do dependente que requerer o benefício.
O valor da renda mensal da pensão por morte, até a edição da Lei do RGPS
vigente, era de 50% do salário de benefício, mais 10% por dependente, até o máximo
de cinco.
O cônjuge divorciado, separado judicialmente, ou apenas separado de fato, que
recebia pensão de alimentos, terá direito à pensão por morte em igualdade de
condições com os demais dependentes, não havendo direito adquirido a perceber
pensão previdenciária igual ao percentual da pensão alimentícia concedida
judicialmente, ou objeto de homologação pelo Juiz de Vara da Família.
Para um estudo sintático da alteração dos prazos da pensão por morte vejamos
a nota técnica apresentada pelo IBDP (2021):
O Ministério da Economia publicou uma Portaria de nº 424 em 29 de dezembro
de 2020, que alterou o período que deve permanecer o recebimento da pensão por
morte. Essa Portaria entrou em vigor a partir de 01 de janeiro de 2021, sendo assim
ela produz efeitos nas pensões concedidas em decorrência dos óbitos ocorridos após
esta data.
A alteração decorre de autorização definida na própria Lei n.13.135/2015, com
a inclusão do §2ºB no artigo 77 da Lei 8.213/91: Após o transcurso de pelo menos 3
(três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa
de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números
inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2º, em ato
34
do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação
com as idades anteriores ao referido incremento.
Insta salientar que no ano da promulgação da Lei n. 13.135/2015, a expectativa
de vida ao nascer era menor para ambos os sexos, tendo uma progressão
considerável no ano de 2019, esse fator apresentado resultou na alteração da idade
e no tempo de percepção do benefício de pensão por morte.
Conforme dados do IBGE a expectativa de vida ao nascer no ano de 2015 para
o homem é de 71,9 e para mulher: 79,1; referente ao ano de 2019 o homem possui a
expectativa de vida de 73,1 e a mulher de 80,1.
Por fim, é evidente que a razão do aumento dos prazos de duração da pensão
por morte se deu por conta do aumento da expectativa de sobrevida do brasileiro, o
que já era sabido, haja visto que a norma introdutória desse limite de prazo das
pensões data do ano de 2015.
Nestes termos, os prazos ficam assim a partir de 01-01-2021:
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: Menos de 22 anos, duração
máxima do Benefício 3 anos.
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 22 e 27 anos, duração
máxima do Benefício: 6 anos.
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 28 e 30 anos, duração
máxima do Benefício: 10 anos.
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 31 e 41 anos, duração
máxima do Benefício: 15 anos.
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 42 e 44 anos, duração
máxima do Benefício: 20 anos.
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: com 45 ou mais anos, duração
máxima do Benefício: vitalícia
Ficam mantidos os demais requisitos para o reconhecimento do direito que são:
as 18 (dezoito) contribuições mensais do segurado até o óbito e pelo menos 2 (dois)
anos de união estável ou casamento. Essas regras são exigidas para
cônjuge/companheiro e não para os filhos.
35
5.2 Auxílio-reclusão
36
que o benefício também é devido aos dependentes do segurado que, na data
do efetivo recolhimento, não possuía salário de contribuição – como no caso
de desempregado – desde que mantida a qualidade de segurado (STJ,
Repetitivo 896, PEDILEF 5000221-27.2012.4.04.7016, j. 8.10.2014).
(CASTRO; LAZZARI, 2020. p. 1244).
38
As regras gerais do auxílio-reclusão encontram-se no art. 201 da CF, no art. 27
da EC n. 103/2019, no art. 80 da Lei n. 8.213/1991, na MP n. 871/2019, nos arts. 116
a 199 do Decreto n. 3.048/1999.
5.3 Salário-maternidade
39
No âmbito previdenciário, é ressaltada a proteção da mulher gestante pela
concessão do benefício denominado salário-maternidade com duração em regra geral
de 120 dias.
A Lei n. 13.467/2017, embora trate da denominada “reforma trabalhista” prevê
a percepção de salário-maternidade durante todo o período de afastamento (e não
apenas por 120 dias) quando não for possível que a gestante ou a lactante afastada
exerça suas atividades em local salubre na empresa, hipótese em que será
considerada como gravidez de risco conforme a redação do § 3º do art. 394-A da CLT.
A norma n. 11.770, de 9.9.2008, possibilitou a extensão do benefício para 180
dias, mas apenas para as seguradas empregadas cuja empresa faça adesão ao
Programa Empresa Cidadã. (CASTRO; LAZZARI, 2020).
A concessão do salário-maternidade não depende do número de contribuições
recolhidas pela segurada empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica.
Para as seguradas contribuintes individuais, segurada especial (enquanto contribuinte
individual) e segurada facultativa, o prazo de carência é de 10 contribuições mensais.
Será devido o salário-maternidade à segurada especial, desde que comprove
o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses imediatamente anteriores à data
do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto, mesmo
que de forma descontínua (art. 93, § 2º, do Decreto n. 3.048/99, com a redação
conferida pelo Decreto n. 5.545/2005).
Em relação ao tema, a TNU uniformizou que: a concessão de salário-
maternidade à trabalhadora rural depende da comprovação do trabalho rural no
período de carência mediante a apresentação de início de prova material
contemporânea ao período de carência.
O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social durante 120
dias, com início até 28 dias anteriores ao parto e término 91 dias depois dele,
considerando, inclusive, o dia do parto. Ocorrendo parto antecipado, o benefício é
pago por 120 dias após o parto.
Tratando-se de parto antecipado ou não, mesmo que ocorra parto de natimorto,
comprovado por certidão de óbito, a segurada terá direito aos 120 dias previstos em
lei, sem necessidade de avaliação de um perito credenciado pelo INSS.
40
Quando houver efetivo risco para a vida do feto, da criança ou da mãe, os
períodos de repouso anteriores e posteriores ao parto poderão ser prorrogados,
excepcionalmente, por duas semanas, mediante atestado médico específico.
O pagamento do salário-maternidade pela Previdência Social cessa após o
período de 120 dias, caso não haja prorrogação na maternidade biológica (duas
semanas), ou, ainda, pelo falecimento da segurada.
Considera-se parto o nascimento ocorrido a partir da 23ª semana de gestação,
inclusive em caso de natimorto e, antes da 23ª semana, a perda é considerada aborto.
(AGOSTINHO, 2020).
5.4 Salário-família
42
O pagamento do salário-família é condicionado à apresentação anual de
atestado de vacinação obrigatória, até seis anos de idade, e de comprovação
semestral de frequência à escola do filho ou equiparado, a partir dos sete anos de
idade.
Constituem situações em que o salário-família cessará: a morte do segurado,
no mês seguinte ao óbito; o desemprego, no mês seguinte à rescisão contratual;
quando o dependente perder a qualidade (ex.: filho ou equiparado a partir do mês
seguinte ao que completar 14 anos de idade, salvo se inválido; cessação da invalidez,
no caso de dependente inválido); a morte do dependente.
6 BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS
45
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSAR, Vólia Bomfim. Resumo de direito do trabalho. 6. ed., rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. – 23. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
46
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
1 AÇÕES TRABALHISTAS........................................................................... 5
1.1 Autotutela ..................................................................................................... 6
1.2 Autocomposição ........................................................................................... 7
1.3 Heterocomposição. Arbitragem .................................................................... 7
2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ........................................ 9
2.1 Jurisdição e Competência na Justiça do Trabalho ..................................... 12
2.1.1Competência Material............................................................................... 12
2.1.2 Competência Pessoal.............................................................................. 13
2.1.3 Competência territorial ............................................................................ 13
2.1.4 Competência Funcional ........................................................................... 14
3 PROCEDIMENTO APLICÁVEL ................................................................ 15
3.1 Jurisdição voluntária x jurisdição contenciosa ............................................ 15
3.2 Noções Gerais sobre os Ritos Trabalhistas ............................................... 16
3.2.1 Procedimento Comum Ordinário ............................................................. 17
3.2.2 Rito Sumaríssimo .................................................................................... 18
3.2.3 Procedimento de Alçada ou Sumário ...................................................... 20
3.2.4 Tutela de Urgência (antecipada e cautelar)............................................. 21
3.2.5 Tutela de Urgência Antecipada Antecedente .......................................... 22
3.2.6 Tutela de urgência antecipada incidente ................................................. 24
3.2.7 Tutela cautelar ......................................................................................... 24
3.2.8 Tutela cautelar antecedente .................................................................... 25
3.2.9 Tutela cautelar incidente ......................................................................... 26
3.2.10 Tutela da evidência ............................................................................... 27
3.2.11 Tutela provisória no processo do trabalho............................................. 28
4 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL NO PROCESSO DO TRABALHO 28
5 AUDIÊNCIAS TRABALHISTAS ............................................................... 30
5.1 Características das Audiências Trabalhistas .............................................. 31
5.2 Audiência una e possibilidade de fracionamento ....................................... 32
5.3 Obrigatoriedade do comparecimento pessoal das partes em audiência .... 33
5.4 Representação Processual das partes ....................................................... 33
5.5 Ausência das partes no dia da audiência ................................................... 34
6 AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO.............................. 37
6.1 Ações relativas a direito de greve .............................................................. 38
6.1.2 Ações possessórias que envolvam o exercício de direito de greve ........ 38
6.1.3 Ações que envolvam a greve dos servidores públicos civis .................... 39
6.1.4 Ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores e entre sindicatos e empregadores ........................................... 39
6.1.5 Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data .......................... 39
6.1.6 Habeas corpus ........................................................................................ 40
6.1.7 Habeas Data ........................................................................................... 40
7 AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL OU PATRIMONIAL
DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO .......................................... 41
8 AÇÃO RESCISÓRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO............................... 42
9 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO ........... 44
9.1 Prescrição .................................................................................................. 44
9.2 Decadência ................................................................................................ 46
10 DISSÍDIO COLETIVO ............................................................................... 47
11 RESPOSTA DO RECLAMADO ............................................................... 47
11.1 Contestação ............................................................................................. 48
12 REFERÊNCIA ........................................................................................... 49
INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
1 AÇÕES TRABALHISTAS
Fonte: http://professor.pucgoias.edu.br/
As ações trabalhistas possuem um rito que deve ser seguido, rito que se
encontra dentro de um conjunto de normativas que foram criadas para defender
o direito do trabalhador, entre estes destaca-se o Conjunto de Leis Trabalhistas
(CLT), as quais nem sempre são respeitados pelo empregador o que acaba se
transformando em dissídios. Acima exemplificado quais são as esferas do
processo do trabalho.
5
Destarte que as controvérsias que surgem das relações de trabalho, por
assim dizer, podem ser resolvidas por meio de diversos mecanismos, vinculados
ou não ao Estado, tais mecanismos, ainda que não estejam relacionados
diretamente com o próprio direito processual do trabalho, os quais produzem
meios de solucionarem os conflitos entre os trabalhadores e empregadores, em
geral.
No direito trabalhista existe o chamado jus postulandi que é quando existe
a possibilidade de a pessoa entrar na justiça, ou seja, postular em causa própria,
existe também o chamado instituto da autotutela.
1.1 Autotutela
6
1.2 Autocomposição
7
Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os
empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo,
a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
8
2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
9
- Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (IX)
O § 1º vai dizer ainda que frustrada a negociação coletiva, as partes
poderão eleger árbitros, que irão julgar a causa de maneira justa e impositiva
conforme supracitado.
Já o § 2º versa: Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva
ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito,
respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como
as convencionadas anteriormente.
Dessa forma ainda institui o § 3º Em caso de greve em atividade
essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público
do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho
decidir o conflito. (BRASIL, 1988)
A partir do momento em que se entende ser competência da Justiça do
Trabalho deve o interessado em impetrar a ação trabalhista descobrir qual o
procedimento aplicável a sua demanda.
COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA
ABSOLUTA RELATIVA
ESPÉCIES Competência material; Competência territorial;
competência em razão competência em
da pessoa; competência razão do valor da causa.
funcional.
CONHECIMENTO Deve ser conhecida de Não pode ser conhecida
DE OFÍCIO ofício pelo juiz. de ofício pelo juiz,
dependendo de
provocação da parte.
ALEGAÇÃO Pode ser alegada em Pode ser alegada
qualquer somente por meio da
10
tempo e grau de exceção de
jurisdição, ressalvado o incompetência relativa
prequestionamento nas (exceção declinatória de
instâncias superiores. foro).
PRECLUSÃO Não há que se falar em Caso não alegada em
preclusão. momento
Processual oportuno,
haverá a preclusão, que
é a perda da faculdade
de praticar
um ato processual.
OBJEÇÃO É uma objeção Não é uma objeção
PROCESSUAL processual, também processual.
conhecida como matéria
de ordem
pública.
CONSEQUÊNCIAS Sendo acolhida, os Sendo acolhida, os
PROCESSUAIS autos serão remetidos autos serão remetidos
DO ao juízo competente, ao juízo competente,
ACOLHIMENTO tornando-se nulos preservando-se
apenas os atos válidos todos os atos
decisórios. processuais até
então praticados.
AÇÃO Poderá ser objeto de Não poderá ser objeto
RESCISÓRIA ação de ação rescisória.
rescisória.
Fonte: PEREIRA, 2019. p. 676
11
2.1 Jurisdição e Competência na Justiça do Trabalho
12
Com a inovação da EC 45/2004 não é dever da apreciação da Justiça do
Trabalho somente as ações que tenham relação com de emprego, mas também
aquelas que se relacionem com questões em que exista subordinação.
13
agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta,
será competente a Junta da localização em que o empregado tenha
domicílio ou a localidade mais próxima. (Redação dada pela Lei nº
9.851, de 27.10.1999) (Vide Constituição Federal de 1988)
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento,
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em
agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro
e não haja convenção internacional dispondo em contrário. (Vide
Constituição Federal de 1988)
Sendo em regra então o que versa o caput do artigo, o qual fala que é de
competência territorial o local da prestação de serviço, estando o empregado na
posição de: reclamante ou reclamado. Objetivando:
- Facilitar o acesso do trabalhador à Justiça do Trabalho.
- Proteção do hipossuficiente (princípio da proteção temperada ou mitigada);
- Facilitar a produção das provas que, em tese, estão no local de prestação dos
serviços, como, por exemplo, a prova testemunhal;
- Redução de custos com o comparecimento do empregado ao local da
audiência.
14
3 PROCEDIMENTO APLICÁVEL
15
3.2 Noções Gerais sobre os Ritos Trabalhistas
16
3.2.1 Procedimento Comum Ordinário
17
Após ser recebido o recurso, será distribuído a um desembargador do
Trabalho que será o relator do recurso, sendo responsabilidade dele a produção
de voto escrito, bem como o encaminhamento ao desembargador revisor, que,
após analisa-lo, determinará o envio dos autos para a sessão de julgamento.
Assim, na data será realizado o julgamento, conhecido o resultado, o qual
será publicado no Diário Oficial, cabendo, contra esse acórdão embargos de
declaração ou recurso de revista, sendo este último para o Tribunal Superior do
Trabalho.
Ainda, da decisão final desse recurso e em hipóteses mais restritas, pode
ensejar recurso extraordinário para o STF, ou embargos, para o próprio TST, na
hipótese prevista no art. 894, b, da CLT.
18
No rito sumaríssimo o número de testemunhas é limitado a duas
testemunhas, caso se faça necessário a prova pericial, o art. 852-H, § 6º, da
CLT, versa que o juiz deverá fixar o objeto da perícia, o prazo e nomear o perito,
e cinco dias terão as partes para se manifestar sobre o resultado da avaliação
técnica.
Ainda, no rito sumaríssimo não existe a necessidade de serem registrados
todos os atos em ata, registra-se apenas os atos essenciais (art. 852-F), sendo
ainda dispensado o relatório da decisão.
Cabe recurso ordinário contra a decisão proferida no rito sumaríssimo a
qual não será previamente pelo Ministério Público do Trabalho, no entanto, existe
a necessidade da manifestação do Órgão Ministerial, o qual se dará apenas
durante a sessão de julgamento, quando, querendo, pode emitir parecer oral.
O desembargador que receber o processo deve encaminhá-lo para
julgamento no máximo em 10 dias, não havendo necessidade de voto nem de
desembargador revisor.
O desembargador que receber o processo deverá mencionar as razões
de decidir do voto que prevalecer.
Assim, segundo o art. 895, § 1º, da CLT, Se a sentença for confirmada
por seus próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando essa
circunstância, servirá de acórdão.
Cabendo o recurso de revista contra o acórdão proferido, o que conforme
versa o art. 896, § 9º, da CLT, só será permitido, em casos de contrariedade a
súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da Constituição.
(PAMPLONA, 2020)
19
3.2.3 Procedimento de Alçada ou Sumário
20
3.2.4 Tutela de Urgência (antecipada e cautelar)
21
Ainda conforme versa o § 2º do art. 300, do CPC: a tutela de urgência
pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia, ou seja, após
ouvido o requerente, e mesmo antes de apresentada a defesa pelo demandado.
Podendo não ser concedida quando houver, perigo de irreversibilidade
dos efeitos da decisão (§ 3o do art. 300 do CPC).
22
Ainda assim, o caput do art. 304 vai dizer que caso a parte contrária não
venha recorrer da decisão do juiz de conceder a tutela antecipada, torna-se
estável.
PAMPLONA (2020) explana que 893 §1º da CLT diz que o processo do
trabalho não admite a recorribilidade imediata das decisões tidas como
interlocutórias.
Destarte, o TRT da 10ª Região, editou enunciados a respeito de a
aplicação do CPC nos processos sujeitos à jurisdição daquele Regional, reputou
por bem eleger como parâmetro o prazo decadencial do mandado de segurança
cento e vinte dias, a fim de considera-lo apto a facilitar a estabilização da
demanda.
O § 1º do art. 304 institui que caso não haja impugnação do pedido de
tutela provisória, o processo será extinto.
23
3.2.6 Tutela de urgência antecipada incidente
O art. 301 do CPC trata da Tutela Cautelar que é a tutela típica das
relações de trabalho:
24
de ser obrigado a contestar a remoção de seu local de trabalho a mando de seu
empregador.
Já o inciso X trata da reintegração liminar no emprego de dirigente sindical
afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador, podendo as medidas
cautelares, serem formuladas preliminarmente ou em conjunto com a demanda
principal.
25
Ainda o art. 309 vai dizer que:
O § 1º do art. 308 do CPC versa que o pedido cautelar pode ser formulado
no prazo de trinta dias (caput), podendo ainda ser formulado de forma conjunta
ao principal, autorizando o manejo da pretensão cautelar inclusive na postulação
inaugural, ou mesmo na apresentação da defesa do processo principal, pelo
demandado.
Sendo, o pedido de natureza cautelar, meramente acessório, separado da
pretensão principal (art. 310, CPC).
26
3.2.10 Tutela da evidência
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente. (BRASIL, 2015)
27
3.2.11 Tutela provisória no processo do trabalho
Todo processo possui um rito específico onde seus requisitos devem ser
cumpridos, para dar validade ao processo, na petição inicial não é diferente, ela
possui mecanismos que dão validade ao seu prosseguimento na relação jurídica
processual.
Diante disso, o art. 840 da CLT traz alguns requisitos extrínsecos que são
necessários para dar validade ao processo, o qual não se refere a inicial
conforme explica PAMPLONA (2020), mas requisitos relativos a propositura da
ação, a exemplo de documentos que devem obrigatoriamente acompanhar a
petição inicial, a dizer a procuração ad judicia (art. 320, CPC).
Assim, a Petição Inicial deve ser escrita (856, CLT), no processo do
trabalho os requisitos da Petição Inicial se encontram elencados no art. 840, da
CLT, que dispõe:
28
§ 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
couber, o disposto no § 1º deste artigo. (BRASIL, 1943)
29
No caso do inciso III do art. 319 que versa sobre a necessidade da
descrição dos fatos e fundamentos, na justiça trabalhista admite-se à parte
autora a breve exposição fática que venha a finalizar no dissídio, a chamada
causa de pedir.
O inciso IV vai versar sobre os pedidos, onde podem ser interpretados na
forma do art. 322 do CPC, que institui que o pedido deve ser certo, ou seja, deve
conter exatamente o que deseja o autor.
Contendo ainda os juros legais, a correção monetária e as verbas de
sucumbência, inclusive os honorários de advogado (§ 1º), devendo-se, ainda,
ser interpretado o pedido levando em consideração o conjunto da postulação e
o princípio da boa-fé (§ 2º).
Assim, a jurisprudência tem entendido a possibilidade de deferimento de
multa (art. 467 da CLT), como também da conversão do pedido de reintegração
em indenização (art. 496 da CLT).
Ainda na Justiça do Trabalho entende-se de forma imperativa a
necessidade de conter de forma explícita o valor do pedido (art. 852-B, I, da
CLT).
Ainda, o art. 324 do CPC versa que o pedido deve ser determinado,
indicando, porém, as hipóteses em que pode ser genérico, após a Petição Inicial
ser recebida pelo juiz deverá citar o réu da data da audiência.
5 AUDIÊNCIAS TRABALHISTAS
30
Assim, a audiência é o momento em que se coloca diante do juiz da causa
as partes para que seja analisada a situação, apresentadas as provas e diante
do caso concreto o juiz manifestará a sua decisão.
Historicamente, a audiência trabalhista possui alguns objetivos, dentre
eles:
- Oitiva das partes (reclamante e reclamado);
- Oitiva de testemunhas (prova) comum na Justiça do Trabalho, o princípio da
primazia da realidade;
- Oitiva dos auxiliares do juízo, em especial dos peritos e dos assistentes
técnicos;
- Realização de tentativas de conciliação, onde, busca-se valorizar a
autocomposição, que é a forma mais consagrada de solução dos conflitos de
interesses;
- Permitir a apresentação de razões finais, as quais possuem finalidade de
reforçar as principais teses de defesa de direitos, alegar eventuais causas de
nulidade ocorridas no decorrer da instrução processual em audiência;
- Formulação do convencimento do juiz;
- Concretização do julgamento, conferindo o direito material ao autor ou ao réu.
31
§ 2º Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências
extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior. (BRASIL,
1943)
32
5.3 Obrigatoriedade do comparecimento pessoal das partes em audiência
33
qualquer outro motivo relevante, que seja devidamente comprovado, ele poderá
ser representado por outro empregado que pertença à mesma profissão, pelo
sindicato ou pelo advogado.
Assim, será marcada outra data diante da justificativa comprovada do
motivo da falta, a fim de evitar o arquivamento da reclamação trabalhista.
O art. 844 da CLT versa sobre o caso de ausência das partes no dia da
audiência, caso o reclamante não compareça no dia da audiência, tem como
consequência o arquivamento da reclamação trabalhista.
Na ausência do reclamado (revelia) presume-se a confissão quanto à
matéria de fato.
Podendo, caso o reclamante e/ou reclamado compareçam na audiência
inaugural, mas uma das partes não comparecer na audiência de
prosseguimento, a súmula 74, do TST, entende que é a chamada confissão,
havendo assim, a presunção relativa da veracidade dos fatos afirmados pela
parte contrária.
Ainda, os arts. 818 da CLT e 373 do CPC/15, versam que caso o
reclamante e o reclamado não comparecerem na audiência de conciliação,
deverá o Juiz arquivar a reclamação declarando extinto o processo sem
resolução do mérito.
Caso a ausência de ambas as partes (reclamante e reclamado), for na
audiência de instrução, o juiz irá julgar o dissídio de acordo com o ônus da prova.
34
Ausência do reclamante Arquivamento da Extinção do processo
em audiência inaugural reclamação trabalhista. sem
ou de conciliação. resolução do mérito.
Ausência do reclamado Revelia. Confissão quanto à
em audiência inaugural matéria de fato.
ou de conciliação.
Ausência do reclamante Não se arquivará a Caso o reclamante
em audiência de reclamação trabalhista, tenha sido intimado
instrução ou em uma vez que poderá expressamente na
prosseguimento. ocorrer a audiência inaugural para
confissão ficta. comparecer à audiência
em prosseguimento
para prestar depoimento
e deixa de comparecer.
Ausência do reclamado Não ocorrerá a revelia. Na medida em que
em audiência de poderá ocorrer a
instrução ou em confissão ficta,
prosseguimento. na hipótese de o
reclamado ter sido
intimado expressamente
na
audiência inaugural para
comparecer à audiência
em prosseguimento
para prestar depoimento
e deixa de fazê-lo.
Ausência de ambas as Arquivamento da Extinção do processo
partes (reclamante e reclamação trabalhista. sem resolução do
reclamado), na mérito.
audiência
35
inaugural ou de
conciliação.
Ausência de ambas as Não ocorrerá o Vem prevalecendo
partes (reclamante e arquivamento da o entendimento de que o
reclamado) na audiência reclamação. juiz do trabalho deverá
de trabalhista, pois, nesse julgar segundo as regras
instrução ou em caso, ocorrerá a de distribuição do ônus
prosseguimento. confissão ficta para da prova.
ambas as
partes,
consubstanciando a
prova dividida ou
empatada.
Fonte: PEREIRA, 2019. pp. 755,756
36
A tentativa de conciliação na audiência trabalhista é obrigatória, o art. 846
da CLT, prevê dois momentos em que deve haver a tentativa de conciliação entre
as partes.
Um desses momentos é após a abertura da audiência, antes mesmo da
apresentação da defesa, já a segunda tentativa, deverá ser após o encerramento
da audiência de instrução, depois das razões finais e antes da sentença (art.
850, da CLT).
37
sentido amplo, deixando de ser baseada na pessoa e passando a ser baseada
na relação entre as partes.
38
- Ação de manutenção de posse, no caso de turbação, ou seja, qualquer ato
que embaraça o livre exercício da posse;
- Ação de interdito proibitório, no caso de ameaça de turbação ou de esbulho.
39
O mandado de segurança tem por objetivo proteger direito líquido e certo
(art. 1º da Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009), sempre que pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou justo receio de sofrê-la.
A partir da EC n. 45/2004, que modificou o art. 114 da CF/88, os juízes
bem como as Varas de Trabalho passaram a ter condições de processar e julgar
mandado de segurança (IV).
Conforme prevê o art. 5º, LXVIII, da CF, “sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder”.
Dessa forma o habeas corpus objetiva defender o direito de ir e vir, o qual
deverá ser julgado pela Justiça Especializada.
PEREIRA (2019), explica que quanto à competência funcional para a
impetração do habeas corpus na Justiça do Trabalho, vamos estudar estas
regras:
- Vara do Trabalho: juiz monocrático, contra ato de particular.
- Tribunal Regional do Trabalho (TRT): contra ato de juiz do trabalho da
Vara do Trabalho.
- Tribunal Superior do Trabalho (TST): contra ato dos Juízes dos
Tribunais Regionais do Trabalho.
40
- Correção de dados quando não for desejável fazê-lo por meio de
procedimentos confidenciais, judiciais ou administrativos.
- Promover a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou
explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência
judicial ou amigável.
São cabíveis na Justiça do Trabalho o Habeas Data nas seguintes
hipóteses: o empregador em face do Ministério do Trabalho e Emprego, para ter
acesso às informações no respectivo banco de dados, especificadamente à lista
dos “maus empregadores”, que arrola os tomadores que exploraram a energia
de trabalho dos trabalhadores em condições análogas à de escravo, violando
inexoravelmente a ideia do trabalho decente;
Os empregadores enfrentam agências de monitoramento das relações de
trabalho que se recusam a fornecer informações sobre procedimentos
administrativos puníveis com infrações administrativas.
Um servidor celetista em face do Estado que não tem acesso ao seu
prontuário.
41
da seguradora INSS, será de competência a Justiça Comum Estadual, nos
termos do art. 109, I, da Constituição; do art. 643, § 2º, da CLT; e Súmulas 235
e 501 do STF e 15 do STJ.
Já nas ações promovidas pelo empregado em face do empregador,
exigindo indenização pelos danos materiais, morais e estéticos sofridos em
decorrência do acidente de trabalho, será de competência da Justiça do
Trabalho, conforme o art. 114, VI, da Constituição da República, a Súmula
Vinculante 22 do STF e a Súmula 392 do TST.
Com efeito, nos termos do art. 114, VI, da Constituição Federal, a Justiça
do Trabalho tem competência para processar e julgar ações de indenização por
dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas
de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas.
Ainda assim, nas ações regressivas ajuizadas pelo INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) em face do empregador que agiu de forma negligente
na observância das normas de segurança e saúde do trabalho (Direito Tutelar
do Trabalho), será de competência da Justiça Comum Federal, nos termos do
art. 109, I, da Constituição Cidadã de 1988 e do art. 120 da Lei n. 8.213/91.
42
Prevista no art. 836, da CLT, com aplicação subsidiária dos arts. 966 a
970 e 972 a 975, do CPC de 2015.
Sendo os requisitos para o ajuizamento da ação rescisória na justiça do
trabalho cumulativos: sentença ou acórdão de mérito e trânsito em julgado.
A sentença ou acórdão de mérito poderá ser atacada por ação rescisória,
no entanto PEREIRA (2019) traz um entendimento de que não poderão ser
causa para o ajuizamento mediante as seguintes decisões judiciais: despachos_
os quais são as decisões de mera movimentação processual, baseados no
princípio do impulso oficial, os quais não possuem conteúdo meritório, a exemplo
dos despachos de citação, intimação, juntada de documentos, manifestação etc.
Assim como as decisões interlocutórias_ são os atos dos juízes que, no
decorrer do processo, que resolvem questão incidente, a exemplo da liminar;
decisão do juiz que acolhe ou rejeita exceção ritual, seja de incompetência
relativa, de suspeição ou de impedimento, bem como decisão do magistrado que
indefere a oitiva de testemunha tempestivamente arrolada etc.
Ainda as sentenças terminativas (processuais) _ são as decisões do juiz
as quais resolvem o procedimento de 1º grau de jurisdição os quais não se
embrenharam no mérito da causa, conforme o art. 966 do CPC/2015. A exemplo
do indeferimento da petição inicial, extinção do processo sem resolução do
mérito por ausência de uma das condições da ação ou dos pressupostos
processuais, bem como desistência da ação etc.
Sendo legitimados para ajuizar a ação rescisória: qualquer uma das
partes do processo originário, ou o seu sucessor a título universal ou singular; o
terceiro juridicamente interessado; e o Ministério Público.
O art. 966 do CPC traz um rol taxativo a respeito das hipóteses de
cabimento da ação rescisória:
- Ocorrendo os crimes elencados no arts. 316, 317, 319 e 333 do Código Penal,
(concussão, de corrupção passiva e ativa e de prevaricação).
- Juiz que prolatou a sentença ser impedido (absolutamente incompetente), art.
144 do CPC traz as hipóteses de incompetência absoluta do juiz.
43
- Caso resulte de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a
lei.
- Caso em que a decisão ofender coisa julgada material, relativo ao princípio da
segurança jurídica.
- Viole manifestamente uma norma jurídica (Súmula 83 do TST).
- Quando a decisão for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em
processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória.
- Posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou
de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
(Súmula 402 do TST).
- A Decisão for fundada em erro de fato verificável no exame dos autos.
9.1 Prescrição
44
ocorridas nos 5 anos anteriores ao ajuizamento da reclamatória trabalhista, e
não da extinção do contrato.
Havendo exceções nos casos de: ações meramente declaratórias; contra
menor; e FGTS.
O art. 11 § 1º da CLT versa sobre as ações meramente declaratórias e diz
que elas são imprescritíveis, a exemplo das ações de reconhecimento de vínculo
empregatício, com anotação na CTPS.
Quanto ao menor, o art. 440 da CLT, bem como o art. 10, parágrafo único,
da Lei n. 5.889/73 versa que não corre o prazo prescricional, contra o menor de
18 anos.
Ainda, relativo ao FGTS, o Supremo Tribunal Federal, em 13 de novembro
de 2014 instituiu: “Prazo prescricional para cobrança de valores referentes ao
FGTS de cinco anos. ”
No caso do FGTS como parcela acessória a prescrição observará a regra
geral, sendo, quinquenal na vigência do contrato de trabalho e bienal após a
extinção do contrato de trabalho, é o que preceitua a Súmula 206 do TST.
Quanto ao rurícola o prazo prescricional é o da EC n. 28, de 26 de maio
de 2000, tenha sido ou não ajuizada a ação trabalhista, prossegue regido pela
lei vigente ao tempo da extinção do contrato de emprego.
PEREIRA (2020) traz a OJ n. 384 da SDI-1 do TST, relativo ao prazo
prescricional para o trabalhador avulso, institui: é aplicável a prescrição bienal
prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição de 1988 ao trabalhador avulso, tendo
como marco inicial a cessação do trabalho ultimado para cada tomador de
serviço.
A Reforma Trabalhista trouxe alguns reflexos ao instituto jurídico da
prescrição, alterou o art. 11 e inseriu o art. 11 – A na CLT:
45
§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações
sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado,
a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também
assegurado por preceito de lei.
§ 3º A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de
reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que
venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos
apenas em relação aos pedidos idênticos.
Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no
prazo de dois anos.
§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o
exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da
execução.
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou
declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. ” (BRASIL, 1943)
9.2 Decadência
46
10 DISSÍDIO COLETIVO
11 RESPOSTA DO RECLAMADO
47
Caso haja mais de um reclamado, cada um terá 20 (vinte) minutos para
se defender, no entanto na prática é muito comum a defesa escrita.
Assim, a citação do réu é obrigatória, mas sua defesa é facultativa, no
entanto caso o réu não se apresente, ocorre a revelia, que é a ausência da
resposta ou defesa do réu (art. 844 da CLT e nos arts. 344 a 346 do CPC/2015).
Assim, PEREIRA (2019), preleciona três efeitos da revelia:
- Presunção relativa de veracidade (juris tantum) dos fatos afirmados pelo autor
na petição inicial, a exemplo do que prevê o art. 344 do CPC.
- Julgamento antecipado do mérito, no contexto do julgamento conforme o
estado do processo, tal como prevê o art. 355, II, do CPC/2015.
- Fluência dos prazos independentemente de intimação, para o réu revel que não
tenha patrono (advogado) nos autos, conforme previsão do art. 346, caput e
parágrafo único, do CPC/2015.
11.1 Contestação
48
12 REFERÊNCIA
Art. 303 e art. 304 do Novo CPC comentado artigo por artigo. Disponível em:
<https://www.sajadv.com.br/novo-cpc/art-303-e-304-do-novo-cpc/>Acesso em:
jun. 2021.
49
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO ........ 4
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
4
Nos séculos XIV e XV as crises provenientes da incompatibilidade de
convivência do feudalismo com o desenvolvimento comercial e urbano aceleraram
definitivamente a decadência do feudalismo, que não mais atendia às necessidades
da época, confirmando a ascensão definitiva de uma nova ordem socioeconômica na
Europa, que encerrou a idade média.
Entre os séculos XV ao XVIII (Idade Moderna), predominou o capitalismo
comercial. A importância do desenvolvimento comercial e a capitalização constituiriam
a base sobre a qual se desenvolveria o capitalismo industrial.
No fim da Idade Moderna, ocorreu uma série de movimentos revolucionários,
entre os que se destaca a independência dos Estados Unidos (1776, elaborada a
primeira Constituição Norte-Americana em 1787), Revolução Industrial (1760-1850) e
Revolução Francesa (1789). Fatos que abrem o período como a “era das revoluções”
(1789-1848).
A Revolução Francesa representou a queda do Absolutismo, logo na sua
primeira fase, aprovaram-se a abolição dos privilégios feudais e da Igreja, numa
tentativa de restabelecer a ordem, e a Declaração dos Direitos dos Homens e do
Cidadão, estabelecendo: a igualdade de todos perante a lei; o direito à propriedade
privada e de resistência à opressão.
Com a Revolução Francesa, extinguiu-se as corporações, inclusive se tornaram
proibidas, pois constituíam óbice à liberdade do homem. Sendo assim, o sindicalismo
surgiu por meio da extinção das corporações de ofício medievais.
A partir da segunda metade do século XVIII, principalmente por conta do
acúmulo de capitais nas transações comerciais, inicia-se o processo conhecido como
a Revolução Industrial na Inglaterra, com a mecanização industrial operando
significativas transformações em quase todos os setores da vida humana.
Com relação a estrutura socioeconômica, ocorreu a separação definitiva entre
o capital, representado pelos donos dos meios de produção, e o trabalho,
representado pelos assalariados, eliminando-se a antiga organização corporativa da
produção, utilizada pelos artesãos. O trabalhador perdia a posse das ferramentas e
máquinas, passando a viver da sua força de trabalho, explorada ao máximo.
Submetidos a remuneração, condições de trabalho e de vida subumanas, em
oposição ao enriquecimento e força dos proprietários, os trabalhadores associaram-
se em organizações trabalhistas como as trade unions e surgiram ideias e teorias
5
preocupadas com o quadro social da nova ordem industrial. Estabeleceu-se, um
conflito de interesses entre a burguesia e o proletariado.
O trade-unionismo, foi um movimento sindicalista da Inglaterra (1720),
originado nas associações de trabalhadores, em Londres, que tinham como escopo
reivindicações de cunho salarial e de limitações de jornada de trabalho. Era a
resistência dos trabalhadores ao liberalismo econômico.
Foi Robert Owen quem lançou as sementes do Direito do Trabalho, ao
implantar medidas de proteção ao trabalho na sua fábrica de tecidos em New Lamark
na Escócia e difundiu suas ideias no livro A new view of society (1813) e propôs no
Congresso de Aix-la--Chapelle a celebração de um tratado internacional limitando a
jornada de trabalho (1818). As associações dos trabalhadores eram proibidas, e até
que a legislação reconhecesse sua legalidade ela passou por algumas fases segundo
a doutrina.
A primeira foi “a fase de proibição de associação dos trabalhadores, foi
marcada pelo repúdio às corporações de ofícios da Idade Média e da Idade Moderna
e as teorias liberais da economia. Em vários países a associação de trabalhadores foi
considerada como delito. ” (JORGE NETO; CAVALCANTE 2019. p. 1554).
A segunda, conhecida como “a fase de tolerância, passou-se a admitir os
movimentos sindicais, sem, contudo, o reconhecimento legal. Os sindicatos eram
entidades de fato e não jurídicas. A coalização de trabalhadores e de empregadores
deixou de ser um crime, apesar de não ter sido reconhecida como um direito. “
(JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 1555).
Por fim, a fase de reconhecimento:
7
Com a redemocratização do país em abril de 1945, por influência do Partido
Comunista Brasileiro (PCB), funda-se o Movimento Unificado dos Trabalhadores
(MUT), com 300 dirigentes sindicais de 13 estados da Federação.
Em 1949, realiza-se o 1º Congresso Brasileiro dos Trabalhadores. Alguns anos
depois (1953), foi formado o Pacto de Unidade Intersindical (PUI). O Ministro do
Trabalho, Almino Afonso, do governo João Goulart, baixou a Portaria 125, de
3/4/1963, legitimando a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT).
As décadas de 60 e 70 são marcadas pelas inúmeras intervenções do Regime
Militar no movimento sindical.
O ressurgimento dos sindicatos aconteceu em Contagem, em abril de 1968,
quando os trabalhadores suspenderam o trabalho reivindicando reposição salarial à
revelia da Entidade Sindical que negou qualquer envolvimento com a greve e pediu
sua suspensão.
A Constituição Federal de 1988 prevê o livre direito de instituição de associação
para fins lícitos: foi previsto no art. 5º, XVII, sendo vedada a de caráter paramilitar, e
a interferência estatal em seu funcionamento, a qual somente poderá ser extinta por
decisão judicial transitada em julgado. Também foi prevista a liberdade de filiação à
associação, sendo que ninguém será compelido a associar-se ou a permanecer
associado (art. 5º, XX).
Com pequenas modificações, a estrutura sindical existente se manteve até a
CF/88 (arts. 10 a 12), a qual dispôs sobre: o direito de organização sindical e a
liberdade sindical; o sistema confederativo (sindicato, federações e confederações);
unicidade sindical, observando a base territorial; menor base territorial coincide com a
do município; livre administração do sindicato, sendo vedada a interferência do
Estado; contribuição confederativa fixada por assembleia; liberdade de filiação e
desfiliação; unificação do modelo sindical urbano, rural e de colônias de pescadores;
possibilidade de participação dos aposentados; garantias do exercício da atividade
sindical.
Com a Lei 13.467/17, a CLT sofreu uma série de alterações no campo do Direito
Individual do Trabalho, com alterações e inovações legais prejudiciais aos
trabalhadores, além da fixação da prevalência do negociado em relação ao modelo
legal, ao fixar no art. 611- A que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho
têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: pacto quanto à
8
jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; banco de horas anual;
intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 minutos para jornada superior
a 6 horas; adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE); plano de cargos, salários e
funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação
dos cargos que se enquadram como funções de confiança; regulamento empresarial;
representante dos trabalhadores no local de trabalho; teletrabalho, regime de
sobreaviso, e trabalho intermitente; remuneração por produtividade, incluídas as
gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual;
modalidade de registro de jornada de trabalho; troca do dia de feriado; enquadramento
do grau de insalubridade e prorrogação de jornada em locais insalubres, incluída a
possibilidade de contratação de perícia, afastada a licença prévia das autoridades
competentes do Ministério do Trabalho, desde que respeitadas, na integralidade, as
normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas
regulamentadoras do Ministério do Trabalho; prêmios de incentivo em bens ou
serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; participação nos
lucros ou resultados da empresa. Os direitos suprafixados estão vinculados a três
elementos naturais do contrato de trabalho, como negócio jurídico, a saber: função;
jornada de trabalho e remuneração, logo, por uma interpretação literal, com base no
art. 611, caput, CLT, o instrumento normativo pode dispor de forma prejudicial ao que
estiver previsto na norma legal, em detrimento dos direitos sociais (art. 7º, caput, CF).
Por um prisma teleológico, a finalidade constitucional da negociação coletiva
(art. 7º, XXVI) é obtenção de outros direitos, os quais visem à melhoria das condições
sociais dos trabalhadores, logo, é inadmissível a valorização da negociação como
mecanismo legal de limitação ou supressão de direitos. Por outro lado, dentro do
espírito liberal da Reforma Trabalhista, o legislador fixou outras regras prejudiciais aos
trabalhadores (art. 611-A, §§ 1º a 5º).
9
etc., que determinam o conteúdo concreto dessas normas. No plano formal, as fontes
do Direito Coletivo do Trabalho são: os atos internacionais; a Constituição Federal; as
leis; os pactos sociais; a convenção coletiva e o acordo coletivo; as decisões
normativas; a jurisprudência. (ROMAR, 2018).
2.2 Denominação
10
inerente ao Direito do Trabalho. Toda essa dubiedade compromete o próprio
uso e funcionalidade da presente expressão. ” (DELGADO, 2019. p.1533)
2.3 Definição
2.4 Conteúdo
11
arbitragem, jurisdição coletiva, dissídio coletivo, sentença normativa etc.) e à
paralisação coletiva do trabalho (greve e locaute). (MARTINEZ, 2020. p. 1498-1499)
Delgado (2019) aduz que todo sistema consiste em um conjunto de partes
coordenadas, que se articulam organicamente formando um todo unitário.
O Direito Individual do Trabalho tem na relação empregatícia, individualmente
considerada (empregado e empregador), sua categoria básica. A partir dela
constroem-se os institutos, princípios e regras essenciais desse ramo jurídico
especializado, demarcando suas características próprias perante os demais ramos
jurídicos correlatos.
Já o Direito Coletivo Laboral tem nas relações grupais, coletivas, entre
empregados e empregadores, sua categoria básica, seu ponto diferenciador. Tais
relações formaram-se na história do capitalismo a partir do associacionismo sindical
obreiro, desde o século XIX. Passando a agir por meio de entidades associativas,
grupais, os empregados ganharam caráter de ser coletivo, podendo se contrapor com
maior força e eficiência político-profissionais ao ser coletivo empresarial. A ideia de
sujeito coletivo, ser coletivo, derivada das relações grupais estabelecidas nesse
segmento justrabalhista, integra-se à categoria básica acima especificada.
O conteúdo do Direito Coletivo do Trabalho é, pois, dado pelos princípios,
regras e institutos que regem a existência e desenvolvimento das entidades coletivas
trabalhistas, inclusive suas inter-relações, além das regras jurídicas trabalhistas
criadas em decorrência de tais vínculos. São os princípios e normas reguladores dos
sindicatos, da negociação coletiva, da greve, do dissídio coletivo, da mediação e
arbitragem coletivas, ao lado dos dispositivos criados pela negociação coletiva e
dissídios coletivos, por exemplo.
É claro que estas últimas regras, criadas pela própria dinâmica juscoletiva
(negociação coletiva e sentença normativa, principalmente), irão se dirigir à regulação
dos contratos individuais de trabalho submetidos à representação das respectivas
entidades associativas; nessa medida, passarão a se integrar, sem dúvida, ao Direito
Individual do Trabalho. Por tal razão é que se mostra tênue, efetivamente, a linha de
separação entre os dois segmentos jus trabalhistas, individual e coletivo.
2.5 Funções
12
A função do direito, como instrumento de regulação, não é outra senão a de
permitir a realização de fins sociais que não seriam atingidos a não ser mediante sua
intercessão. Esses fins sociais, porém, variam na medida em que mudam o tempo, a
cultura e a sociedade, mas de modo geral coincidem com a ideia de promoção do bem
comum. Partindo dessas concepções básicas, é possível afirmar que o direito sindical
e coletivo do trabalho tem a função essencial de empreender a melhoria da condição
social da classe trabalhadora. Essa é a razão substancial do direito do trabalho e,
certamente, o motivo predominante da existência do ramo sindical e coletivo. Para ser
funcional, o direito ora em exame deve criar padrões mais elevados do que os mínimos
garantidos por lei. É certo que dessa função essencial decorrem outras
consequências, destacando-se, pela importância, as funções de produção de fontes
normativas, de pacificação de conflitos coletivos, de distribuição de riquezas e, por
fim, de adequação dos sujeitos das relações de trabalho às particularidades regionais
ou históricas. (MARTINEZ, 2020).
13
A principiologia aplicável às relações coletivas de trabalho, como mandamento
básico, enfocará o princípio da liberdade sindical. Além dele, há os princípios
decorrentes do exercício da atividade sindical, inicialmente os princípios aplicáveis às
relações coletivas de trabalho e, também se faz importante, os princípios relacionados
aos instrumentos coletivos negociados.
14
profissão e em relação à empresa. c) Liberdade em face do Estado: diz
respeito a liberdades que englobem independência dos sindicatos; a
superação de conflito com a ação sindical e a integração dos sindicatos no
Estado. (MARTINEZ, Apud GOMES; GOTTSCHALK, 2020. p. 1502).
Martinez (2020) explica que o sistema citado trata dos limites para o exercício
da ação sindical e reflete com clareza as relações existentes entre as definições de
vontade, de liberdade e de autonomia.
Nesse sistema, a vontade que constitui máxima expressão, seria a impressão
consciente, percebida após a superação de um conflito interno de valores, capaz de
gerar uma percepção e/ou uma ação.
A liberdade, por sua vez, seria o resultado prático do exercício dessa vontade,
podendo ser entendida em acepção negativa ou positiva. Se tratando de liberdade
negativa, consiste no direito te fazer tudo que as leis permitem, também se define
como a situação em que um sujeito tem a possibilidade de agir sem ser impedido ou
de não agir sem ser obrigado a isso por outros sujeitos. Sobre a liberdade positiva,
também denominada como autodeterminação ou autonomia, entende-se como a
situação em que um sujeito tem a possibilidade de orientar a própria vontade em
direção a um objetivo e de tomar decisões sem ser determinado pela vontade de
outras pessoas.
A autonomia, terceiro conceito interligado, é, portanto, entendida como
extensão da liberdade e assimilada, consoante muitas vezes expendido, como a
capacidade oferecida pela norma fundamental da sociedade aos indivíduos e às
coletividades (leia-se no caso específico: sindicatos) para deliberar acerca da norma
que os regerá numa situação concreta. É, portanto, o exercício da liberdade positiva.
A palavra “autonomia” indica, desse modo, a conquista de liberdade por parte de quem
a pode receber. Ressalte-se que o Estado, “árbitro supremo das liberdades de
indivíduos e grupos intermediários”, na justa expressão de Gomes e Gottschalk, é
aquele que, em regra, define até que ponto o particular pode ser considerado livre e,
por isso, apto à organização própria e à autodeterminação. Vejamos também uma
breve abordagem acerca da convenção nº 87 da OIT:
15
seus estatutos. Nesse conceito de liberdade sindical se incluem variáveis
relacionadas à liberdade de trabalhar, à liberdade de filiar-se, à liberdade de
organizar-se e de administrar-se e à liberdade de atuar em nome dos
representados. Observe-se, ainda, que a Convenção n. 87 da OIT pugna pelo
direito, oferecido a trabalhadores e empregadores, de “redigir seus estatutos
e regulamentos administrativos, bem como o de eleger livremente seus
representantes, o de organizar sua administração e suas atividades e o de
formular seu programa de ação”. Inclua-se nesse contexto o direito de
constituição de federações e de confederações e de afiliação dessas
entidades a organizações internacionais. Destaca-se, por fim, no contexto da
mencionada convenção, que as autoridades públicas devem abster-se de
toda intervenção que tenda a limitar os direitos acima expendidos ou debilitar
seu exercício legal, notadamente no instante de aquisição da necessária
personalidade jurídica. Igualmente, sustenta-se que as associações sindicais
não podem ser dissolvidas por via administrativa. (MARTINEZ, 2020. p.1506-
1507).
17
Pelo princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva, os entes coletivos
podem, ao lado das normas estatais, criar normas jurídicas pela materialização da
negociação coletiva (acordo coletivo, convenção coletiva e contrato coletivo de
trabalho), a qual é reconhecida pelo Estado (art. 7º, XXVI, CF). (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2019).
18
4 SINDICATO
Acerca dos sindicatos, “eles surgem com finalidade a obtenção da melhoria das
condições de trabalho. As conquistas dos trabalhadores são alcançadas por meio de
negociações coletivas intermediadas ou deflagradas pelos respectivos sindicatos.
Sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam,
respectivamente, trabalhadores, lato sensu, e empregadores, visando à defesa de
seus correspondentes interesses coletivos. “ (CASSAR, 2018. p. 266).
A legislação brasileira traz a definição de sindicato no texto do artigo 511, caput
da CLT: “É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus
interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores,
empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam,
respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões
similares ou conexas. ” (BRASIL, 1943).
Dando seguimento a introdução sobre o sindicato é importante tratar de sua
natureza jurídica, Jorge Neto; Cavalcante (2019) aduz que vários eram os enfoques
dados à natureza jurídica do sindicato, principalmente, quando se verificavam os
requisitos para a aquisição da personalidade jurídica. Destaca--se: aqueles que o
consideravam como pessoa jurídica de Direito Privado; pessoas de Direito Privado
que exercem atribuições de interesse público; pessoa jurídica de Direito Público; e
pessoa jurídica de Direito Social.
Atualmente, o sindicato é visto como pessoa jurídica de Direito Privado. Não há
mais interferência do Estado (art. 8º, I, CF). A associação é livre (art. 5º, XX, art. 8º).
Possui uma estrutura associativa.
19
sindical individual deve ser complementada pelo reconhecimento por parte do Estado
de uma autonomia ou independência do sindicato em si.
A liberdade sindical influencia diretamente na espontaneidade de organização
sindical, tanto no que tange à sua estrutura, como ao seu funcionamento e atuação.
“No conceito organização sindical estão abrangidas as liberdades de:
constituição de sindicatos (direito de criar sindicatos sem a necessidade de
autorização do Poder Público); regulamentação (direito de elaborar seus próprios
estatutos e regulamentos); administração (direito de organização de sua
administração interna e de suas atividades, e de formular seu programa de ação). “
(ROMAR, 2018. p. 907).
Com relação a sistema de organização brasileiro, está preservado o sistema
confederativo da organização sindical na Constituição Federal de 1988 brasileira,
mantém-se sua estrutura básica prevista na CLT nos artigos 511 a 539, desde 1930
há a permissão legal da criação de entidades sindicais as quais suas formas são
fixadas também pelo legislador, e que são sindicatos, federações e confederações,
hierarquicamente dispostas.
A organização sindical brasileira é constituída de um sistema confederativo,
que possui como característica a autonomia relativa diante do Estado, a
representação por categoria e por profissão, a unicidade e a bilateralidade do
agrupamento.
A consequência gerada por esse sistema é de configurar pirâmides sindicais
por categoria, sob a forma de uma hierarquia, tendo suporte nos sindicatos, acima dos
quais constituíram-se as federações e, sobre estas, por sua vez, as confederações,
articulando-se, entre si, esses órgãos, mas cabendo aos sindicatos, pela sua
proximidade direta com os trabalhadores, o papel mais atuante.
As centrais sindicais ganharam reconhecimento formal como entidades de
representação geral dos trabalhadores através da Lei n. 11.648/2008. Diante disso,
as centrais sindicais se tornaram integrantes da estrutura sindical brasileira, criando
no ápice da pirâmide um sistema de pluralidade, em oposição ao sistema de unicidade
da base. (ROMAR, 2018).
20
A constituição em seu art. 8º, manteve a organização sindical em forma de
pirâmide, em sua base há a presença dos sindicatos, onde efetivamente acontecem
os conflitos e as negociações, na parte superior da pirâmide se faz presente as
federações e confederações.
Não há qualquer hierarquia entre sindicato e federação ou entre federação e
confederação, essas entidades sindicais agrupam-se apenas para melhor
coordenarem seus interesses.
Insta salientar que a atuação representativa das associações sindicais de grau
superior é meramente supletiva, residual, visto que apenas mediante a inexistência
de sindicato se atribui à federação e, sucessivamente, à confederação a capacidade
de representar os integrantes da categoria. Vejam-se, nesse sentido, os dispositivos
constantes do § 2º do art. 611 da CLT, da primeira parte do § 1º do art. 617 do mesmo
diploma legal e do parágrafo único do art. 857 da CLT.
Sobre as atuações de caráter exclusivo, é importante destacar a legitimação
das confederações sindicais para propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
ação declaratória de constitucionalidade, conforme a previsão legal do artigo 103, IX,
da CF/88.
As federações se tratam de entidades sindicais constituídas através da união
voluntária de um número mínimo cinco sindicatos, essa formação é apenas facultativa.
(MARTINEZ, 2020).
Vejamos a redação do artigo 534 da CLT: “é facultado aos sindicatos, quando
em número não inferior a cinco, desde que representem a maioria absoluta de um
grupo de atividades ou de profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se
em federação. “ (BRASIL, 1943).
Insta salientar a observação de Martinez (2020) as federações são, em regra,
formadas dentro de cada Estado federado, nada impedindo, entretanto, sua
constituição em nível interestadual ou nacional, desde que, a teor do art. 8º, II, do texto
constitucional, se respeite a unicidade sindical.
Se tratando das confederações, elas são entidades sindicais de cúpula,
formadas pela união voluntária de, no mínimo, três federações, e com sede na Capital
da República.
Segundo o modelo celetista, as confederações são organizadas por ramo de
atividade profissional ou econômica. Os dispositivos insertos nos §§ 1º, 2º e 3º do art.
21
535 da CLT chegam ao ponto de delimitar quais seriam as confederações possíveis,
mas essas regras não foram recepcionadas pelo texto constitucional, consoante a
firme jurisprudência do STF.
22
os sindicatos representam a categoria independentemente de mandato
outorgado pelos interessados, já que a lei lhe concedeu tal poder.
Categoria profissional abrange todos os trabalhadores que trabalhem
para um mesmo empregador ou para uma mesma atividade econômica, em face
da semelhança de suas condições de vida. Em face do paralelismo sindical para
cada sindicato de categoria econômica haverá um correspondente sindicato,
paralelo, da categoria profissional. Assim, o sindicato dos estabelecimentos
bancários representa a categoria econômica, enquanto o sindicato dos
bancários, a categoria profissional (indústria x industriário; comércio x
comerciário; petróleo x petroleiros; metalúrgica x metalúrgicos; banco x bancário
etc.).
A categoria profissional diferenciada foge do natural paralelismo sindical,
causando uma assimetria na regra geral, para atingir apenas os empregados
que tenham sindicatos que os reúnam por profissão, ofício ou função, levando
em conta as peculiaridades de cada uma. A convenção coletiva só atingirá a
categoria diferenciada se o sindicato que a representa tiver participado, já que o
negócio jurídico só faz lei entre as partes convenentes – Súmula 374 do TST.
Os profissionais liberais fazem parte da categoria diferenciada, já que
além de muitos terem estatuto legal regulamentando a profissão (advogados,
médicos, engenheiros etc.), também têm sindicato próprio.
Havendo desdobramento de categorias profissionais, as novas categorias
serão representadas por outro sindicato, que elaborará novas normas coletivas.
Neste caso, o empregador pode deixar de aplicar a antiga norma, aguardar a
nova, para aplicá-la, uma vez que as normas só obrigam as partes convenentes
ou acordantes. Há quem se posicione de forma diversa, advogando que nesses
casos deve-se aplicar a norma coletiva vigente na época do desdobramento até
o final de sua vigência e só depois de findo o prazo de sua expiração e havendo
nova norma coletiva, o novo instrumento será aplicado. (CASSAR, 2018).
23
trabalhadores que possuem como atribuições e prerrogativas a coordenação da
representação dos trabalhadores através de organizações sindicais a elas filiadas e
participação de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e espaços de
diálogo social que detém a composição tripartite, nos quais estejam em discussão
assuntos de interesse geral dos trabalhadores.
Martinez (2020) aduz que as centrais sindicais são, na verdade, redes de
organizações sindicais operárias, não sendo propriamente entidades sindicais. Por
esse motivo, nada obsta à pluralidade dessas redes, sendo absolutamente
constitucional a regra inserta no § 1º do art. 3º da Lei n. 11.648/2008 no que diz
respeito à previsão de coexistência de mais de uma central sindical. A doutrina ainda
explica:
Note-se que a vedação constante do art. 8º, II, da Constituição de 1988 não
se aplica à entidade associativa ora em análise. Diz-se isso porque, nos
termos do mencionado dispositivo constitucional, veda-se apenas “a criação
de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial”, e não a
criação de mais de uma rede de organizações sindicais.
Outro aspecto que se deve observar diz respeito à inexistência, no
ordenamento jurídico brasileiro, de centrais sindicais compostas de
organizações patronais. A lei aqui apreciada restringe o direito de criação de
centrais sindicais unicamente de representação geral de trabalhadores,
independentemente da categoria de que façam parte.
Para participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e
demais espaços de diálogo social, a central sindical deverá cumprir os
seguintes requisitos cumulativos: I — filiação de no mínimo cem sindicatos
distribuídos nas cinco regiões do País; II — filiação em pelo menos três
regiões do País de, no mínimo, vinte sindicatos em cada uma; III — filiação
de sindicatos em, no mínimo, cinco setores de atividade econômica; e IV —
filiação de sindicatos que representem, no mínimo, sete por cento do total de
empregados sindicalizados em âmbito nacional. No tocante a esse requisito
é importante anotar que, por força do parágrafo único do art. 2º da Lei n.
11.648/2008, até 31-3-2010 o percentual era de cinco por cento do total de
empregados sindicalizados em âmbito nacional. (MARTINEZ, 2020. p. 1594-
1595).
4.6 Custeio
25
contribuição sindical, contribuição confederativa, contribuição assistencial e
mensalidade dos associados. (ROMAR, 2018).
26
correspondente a 30% do maior valor de referência fixado pelo Poder Executivo.
(ROMAR, 2018).
O artigo 589 trata do destino da contribuição sindical, façamos sua leitura:
29
ao desconto correspondente à referida contribuição na folha de pagamento de seus
empregados, desde que por eles expressamente autorizado (art. 545, CLT).
Inobstante a previsão do art. 545, CLT, no sentido de que o desconto do salário
do empregado das contribuições, em favor do sindicato, somente pode ser feito desde
que haja a devida autorização do empregado, sempre houve discussão a respeito do
tema, sendo que o TST tem considerado inválida a cobrança da contribuição
assistencial de quem não seja sindicalizado (OJ SDC 17, TST, e PN 119, TST), sob o
fundamento de que, ainda que referida contribuição tenha sido autorizada por
assembleia geral, sua cobrança dos não sindicalizados ofende os princípios da
liberdade de associação e de sindicalização, insculpidos nos arts. 5º, XX, e 8º, V, da
Constituição da República.
Destaca-se, porém, que a despeito do entendimento do TST, não se trata de
matéria pacífica na doutrina, existindo autores que, sob o fundamento de que a
negociação coletiva favorece a todos os integrantes da categoria, independentemente
se serem sindicalizados ou não, razão pela qual “torna-se proporcional, equânime e
justo (além de manifestamente legal: texto expresso do art. 513, e, da CLT) que esses
trabalhadores também contribuam para a dinâmica da negociação coletiva trabalhista,
mediante a cota de solidariedade estabelecida no instrumento coletivo negociado”.
Reforçando, porém, a impossibilidade de qualquer cobrança ou desconto de
contribuições, o art. 611-B, XXVI, CLT, prevê que constitui objeto ilícito de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho previsão contrária ao direito de não sofrer, sem
sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial. (ROMAR,
2018).
30
5 CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO E SUAS PRINCIPAIS FORMAS DE
SOLUÇÃO
32
É importante diferenciar os conceitos de negociação coletiva (um “meio”) e de
instrumento coletivo negociado (um “fim”), pois a negociação se trata do procedimento
que objetiva ao entendimento, e não propriamente este. Porém, depois de excessivo
diálogo, as partes não chegarem a um consenso, não se poderá dizer que houve
desperdício de tempo em infrutíferas tentativas de aproximação entre os contendores,
porque os momentos vividos entre eles ajudaram, de algum modo, a criação de uma
ambiência favorável para novos diálogos. O que não se admite no âmbito laboral é a
recusa de tentar a negociação coletiva, constituindo tal ato um comportamento de
natureza antissindical. (MARTINEZ, 2020. P. 1618).
5.1.4 Espécies
34
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais
de trabalho.
A segunda espécie é o acordo coletivo de trabalho, se trata do negócio jurídico
de caráter normativo, por meio do qual o sindicato representativo da categoria
profissional e uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica
estipulam condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas
acordantes às respectivas relações de trabalho.
Importante observar acerca da legitimação para negociar, é originariamente do
sindicato. Apenas em caráter residual e supletivo, diante de categorias inorganizadas
em sindicatos, a federação ou a confederação assume essa qualidade, conforme
regra constante do § 2º do art. 611 da CLT 663.
Possui relevância também o aspecto de que não há uma hierarquia entre
acordo e convenção coletiva de trabalho, por isso se escolhe simplesmente pela
aplicação daquela que seja mais favorável ao operário, ressalvado, quando algum
desses instrumentos contiver disposição in pejus nas hipóteses previstas no art. 7º,
VI, XIII e XIV, da Constituição. Essas ponderações não produziam os efeitos
pretendidos e se tornavam sem sentido as disposições insertas no art. 620 da CLT
com redação dada pelo Decreto-Lei n. 229, de 28-2-1967. Observa-se que nem
sempre havia prevalência das condições estabelecidas em convenção coletiva,
mesmo quando mais favoráveis, sobre as estipuladas em acordo coletivo. Para chegar
a essa conclusão basta pensarmos em uma situação de um grupo de trabalhadores,
regidos por convenção coletiva, e por conta de uma crise econômica, tem por meio do
sindicato que eles compõem a negociação do acordo coletivo com a empresa onde
trabalham para reduzir coletivamente seus salários. Pergunta-se: esse acordo, apesar
de malfazejo, não prevaleceria diante da convenção coletiva? A resposta é
evidentemente positiva. Enfim, apesar de ser explicitamente desfavorável ao
mencionado grupo de trabalhadores, esse acordo coletivo valerá porque seu conteúdo
está inserto entre as situações excepcionais previstas nos incisos VI, XIII e XIV do art.
7º do texto constitucional.
A Lei n. 13.467/2017 no meio dessa discussão, resolveu dar ao acordo coletivo
de trabalho uma posição hierarquicamente mais elevada do que a da convenção
coletiva de trabalho em qualquer situação. Vejamos a redação da norma prevista na
CLT:
35
“ Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre
prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017).” (BRASIL, 1943).
Perceba-se que, em qualquer situação ou circunstância, as condições
estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva, ainda quando este último instrumento coletivo
negociado ofereça um direito mais vantajoso do que o contido no acordo. Isso ocorrerá
por conta da aplicação do princípio da presunção de legitimação dos atos negociais
da entidade sindical operária. Por meio dele se presume que a entidade sindical
obreira, para alcançar determinada vantagem mais valiosa, abriu mão na construção
do acordo coletivo de outra vantagem anteriormente conquistada por via negocial
coletiva sem expressamente explicitar as contrapartidas recíprocas. Esse ato de
apenas aparente rendição do acordo coletivo em face da convenção coletiva deve ser
entendido como conduta contemporizadora, capaz de assimilar um novo corpo
normativo (negocial coletivo) no qual, de modo conglobado, estejam presentes mais
vantagens do que desvantagens. Nesse contexto é bom lembrar que o § 2º do art.
611-A da CLT deixa evidente sobre inexistência de expressa indicação dessas
contrapartidas recíprocas não enseja nulidade por não caracterizar um vício do
negócio jurídico. (MARTINEZ, 2020).
5.1.5 Características
36
Também são aptos a produzir efeitos in pejus. Dentre as fórmulas de
solução dos conflitos de interesse, apenas a negociação coletiva pode produzir
efeitos in pejus na vida laboral dos operários. Somente os próprios sujeitos
coletivos saberão avaliar o momento de dar um passo atrás para evitar o mal
pior, que é o desemprego. Assim, apenas os instrumentos coletivos negociados
podem materializar ajustes capazes de aviltar os dois mais importantes
conteúdos dos contratos individuais de emprego: o sistema de prestação
(duração do trabalho) e de contraprestação (salários).
Por fim, são prevalecentes em relação ao conteúdo do contrato individual
de emprego. De acordo com o disposto no art. 619 da CLT, “nenhuma
disposição de contrato individual de trabalho que contrarie normas de
Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho poderá prevalecer na execução do
mesmo, sendo considerada nula de pleno direito”. Isso significa que, em
matéria de interesses coletivos em sentido lato, prevalecerá, sempre, o
disposto em convenção ou em acordo coletivo de trabalho. A título de
ilustração, imagine-se a situação de um empregado que, isoladamente, não
concorda com uma alteração contratual que estabeleceu um regime de
compensação de jornadas, invocando em seu favor as disposições de seu
contrato individual de emprego. Apesar de sua insurreição pessoal, a alteração
do horário de trabalho será entendida como válida, porque arrimada na exceção
contida no art. 7º, XIII, da Constituição da República. (MARTINEZ, 2020).
37
O § 3º do artigo 614 da CLT, possui nova redação dada pela Lei nº 13.467/2017,
“§ 3o não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo
de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. (Redação dada pela
Lei nº 13.467, de 2017). ” (BRASIL, 1943)
5.2 Conciliação
38
5.3 Mediação
39
de mediação também no âmbito da Justiça do Trabalho, quando, nos processos de
dissídio coletivo, é realizada uma fase de conciliação.
Comparando as formas de solução dos conflitos coletivos, Amauri Mascaro
Nascimento afirma que a mediação é mais do que conciliação, porque permite uma
perspectiva maior de iniciativas, mas é menos do que arbitragem, porque não autoriza
atos decisórios nem investe o mediador para tanto. (ROMAR, 2018).
5.4 Arbitragem
40
Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem,
desde que por iniciativa do empregado ou mediante sua concordância expressa, nos
termos previstos na Lei n. 9.307/96 (art. 507-A, CLT). (ROMAR, 2018).
Sempre houve uma busca pela solução dos conflitos coletivos econômicos
através do Poder Judiciário, em razão da intervenção do Poder Público nas
organizações sindicais e do modelo corporativista das relações coletivas de trabalho
instituído no Brasil.
O poder normativo referia-se a uma competência anômala conferida à Justiça
do Trabalho para que, ao solucionar o conflito de interesse, criasse normas que
regulariam as relações entre as partes em conflito (categoria econômica e categoria
profissional). Tratava-se, portanto, de um poder de solucionar os conflitos coletivos
não apenas aplicando o direito preexistente, mas, efetivamente, criando, dentro de
determinados parâmetros, normas jurídicas. (ROMAR, 2018). Vejamos a redação do
artigo 114 da Constituição:
41
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I,
a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3423)
(Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3431) (Vide ADI nº 3432) (Vide ADI nº 3520)
(Vide ADIN 3392) (Vide ADIN 3432)
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADI nº 3423) (Vide
ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3431) (Vide ADI nº 3520) (Vide ADIN 3392) (Vide
ADIN 3432). (BRASIL, 1988).
42
em questão, cabe a busca pela solução jurisdicional somente quando ambas as partes
estiverem em consenso a esse respeito. Passou a se exigir o comum acordo das
partes para o ajuizamento do dissídio coletivo. Sendo assim, o comum acordo passou
a ser entendido como pressuposto processual do dissídio coletivo, sendo extinto o
processo sem resolução do mérito em caso de sua não verificação.
Insta salientar que o artigo 114 veda que as decisões dos tribunais criem
normas ou condições de trabalho, elas devem apenas decidir os conflitos ajuizados,
respeitando, além das disposições mínimas legais de proteção do trabalho, as
convencionadas anteriormente.
O limite para o exercício do poder normativo da Justiça do Trabalho foi,
portanto, ampliado: além da observância e manutenção das condições legais e
convencionais mínimas de proteção ao trabalho (que já estava prevista na redação
original do § 2º do art. 114, CF), passou a ser exigida a observância às disposições
convencionadas anteriormente, as chamadas cláusulas preexistentes.
Como função do Estado que atua em substituição aos titulares dos interesses
conflito, para imparcialmente solucioná-lo, a jurisdição é exercida, no campo dos
conflitos coletivos, pela Justiça do Trabalho, a partir do ajuizamento de dissídio
coletivo.
Assim, dissídio coletivo é um processo judicial de solução dos conflitos
coletivos econômicos e jurídicos que, no Brasil, ganhou máxima expressão como
importante mecanismo de criação de normas e condições de trabalho por meio dos
Tribunais Trabalhistas, que proferem sentenças denominadas normativas quando as
partes que não se compuseram na negociação coletiva acionam a jurisdição.
Os dissídios coletivos podem ser de natureza econômica, de natureza jurídica
e de greve.
Dissídio de natureza econômica é o meio pelo qual são analisadas as
condições de trabalho pretendidas pelos trabalhadores em substituição às que estão
vigentes.
O dissídio coletivo de natureza jurídica, por sua vez, é o meio próprio para a
interpretação de cláusulas formuladas em normas coletiva de trabalho. Nessa espécie
de demanda incumbe ao Poder Judiciário Trabalhista apenas revelar o sentido da
regra.
43
Por fim, pelo dissídio de greve a Justiça do Trabalho decide sobre a
procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações dos trabalhadores
(art. 8º, Lei n. 7.783/89). Em relação ao dissídio coletivo de natureza econômica, a
legitimação ativa (instauração de instância) é dos sindicatos representantes da
categoria profissional. O empregador carece de interesse de agir para suscitar o
dissídio coletivo de natureza econômica, por não necessitar de autorização da Justiça
do Trabalho, nem de negociação coletiva, para conceder, de modo espontâneo, aos
seus empregados quaisquer vantagens, cabendo unicamente ao sindicato da
categoria profissional a legitimidade ativa para instaurar a instância com o propósito
de obter melhores condições de trabalho em favor dos interesses coletivos e
individuais dos trabalhadores. Não se verifica também a legitimidade do Ministério
Público do Trabalho para postular a fixação das condições de trabalho reivindicadas
pela categoria profissional.
Têm legitimidade para suscitar dissídio coletivo de natureza jurídica as mesmas
partes que figuraram no dissídio coletivo de natureza econômica — ou que poderiam
suscitá-lo.
A legitimidade para ajuizamento do dissídio de greve é, nas atividades não
essenciais, do empregador individualmente ou do sindicato representante da
categoria econômica. Nas atividades essenciais, é concorrente a legitimidade do
Ministério Público do Trabalho e do empregador para o ajuizamento de ação
declaratória de abusividade de greve (art. 114, § 3º, CF). (ROMAR, 2018. p. 972).
44
1988). O próprio texto fundamental, numa análise sistemática, garante a possibilidade
de intervenção do Judiciário em qualquer situação na qual se afirme existente lesão
ou ameaça a direito. Basta ler o comando contido no seu art. 5º, XXXV, e lembrar que
a Constituição não se interpreta em tiras.
Nesse instante, é importante anotar, sob o ponto de vista semântico descritivo,
que o Poder Judiciário intervém, mas não interfere. Afirma-se isso porque, embora
ambos sejam entendidos como atos de intercessão, deve-se conceber a “intervenção”
como assunção de comando (parcial ou total) mediante interposição de autoridade,
quando se faz necessária a correção de conduta para colocá-la dentro de limites
exigidos pelo próprio Direito; e a “interferência” como ato produtor de ruídos ou
obstáculos para o alcance de determinado fim.
Na interferência o agente atua desautorizadamente com a intenção de influir
nega tivamente no desenvolvimento e, consequentemente, no desfecho de alguma
atividade. Ele atrapalha o alcance de determinado fim, não havendo nesse agir nada
de legítimo.
Na intervenção, por outro lado, desde que autorizada e legitimada pelo Direito,
o interventor corrige rotas, sendo exatamente isso que dele se espera. Aliás, a
intervenção desautorizada e ilegítima não mais é do que um ato de interferência
qualificado pelo abuso de poder.
A ninguém é dado atuar de forma interferente na atividade sindical de modo a,
desautorizadamente, produzir-lhe estorvos ou embaraços, embora ao Poder
Judiciário seja permitido atuar de forma interventiva para, autorizadamente, corrigir
eventuais desvios de rota. Por isso é que aqui se estuda o princípio segundo o qual
cabe ao Estado intervir minimamente no espaço de autorregulação reservado às
entidades sindicais. (MARTINEZ, 2020).
7 GREVE
45
e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. ” (BRASIL,
1989).
A greve é a exteriorização do conflito existente entre a classe trabalhadora e o
patrão acerca das questões pendentes que, apesar das tentativas de negociação,
persistem. Sua finalidade é a de pressionar o patrão, pois a suspensão coletiva do
trabalho traz enormes prejuízos.
Alguns a consideram como instrumento de autotutela e outros como
demonstração de força, por instrumentos de pressão e “barganha, para se obter um
acordo favorável aos próprios interesses”.
Na verdade, é uma arma essencial na luta de classe. A greve é uma
demonstração de força e união da classe trabalhadora, “de natureza violenta”, mas
controlada, “compreendida e consentida”, no dizer de Segadas Vianna. Justifica-se
pela necessidade social de se balancear a questão da hipossuficiência tanto financeira
quanto política dos trabalhadores em face do poder econômico do patrão
Durante o período de greve os contratos de trabalho permanecem suspensos,
isto é, seus efeitos ficam absolutamente paralisados – art. 7º da Lei 7.783/89.
Abaixo, transcrevemos de forma extremamente sucinta o procedimento
necessário para deflagração do movimento grevista de forma legítima.
Insatisfação – provocação do sindicato – convocação de assembleia –
deliberação (quórum) – pauta de reivindicações – tentativa de negociação diretamente
com o patrão – negociação frustrada – nova assembleia – deliberação pela greve –
comunicação no prazo legal à entidade patronal, ao patrão e à comunidade (conforme
o caso) – greve.
Portanto, a greve é um recurso que só pode ser utilizado depois de frustrada a
negociação ou a arbitragem, demonstrada de forma satisfatória – OJ 11 da SDC do
TST, sob pena de ser considerada abusiva.
A convocação para qualquer assembleia deve ser amplamente divulgada – OJs
22, 28 e 35 da SDC do TST e, segundo alguns, o quórum deverá ser o estabelecido
no art. 612 da CLT, que estaria vigente mesmo após a CRFB – OJ 13 da SDC do TST
(já cancelada). Outros, em sentido contrário, afirmam que o art. 612 da CLT não foi
recepcionado pela Constituição de 1988, devendo ser respeitado o quórum previsto
no estatuto, como, aliás, prevê expressamente o art. 4º, § 1º, da Lei 7.783/89, não
gerando dúvidas a respeito do tema.
46
Outra exigência é a necessária notificação antecedente da decisão, como exige
o art. 3º da Lei 7.783/89, que se refere ao tema expressamente: Art. 3º Frustrada a
negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a
cessação coletiva do trabalho. Parágrafo único. A entidade patronal correspondente
ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência
mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. (...) Art. 13. Na greve, em
serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores,
conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários
com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
A titularidade do direito de greve é dos trabalhadores, pois a eles compete
decidir sobre a oportunidade, a conveniência e os interesses que, por meio da greve,
devem ser defendidos.
Portanto, os trabalhadores não podem deflagrar a greve diretamente, pois a
legitimidade (art. 8º, VI, da CRFB) foi garantida às associações sindicais – sindicato,
federação e confederação. 8.7. Todavia, na ausência destas, poderão os
trabalhadores constituir comissão de negociação a fim de prosseguir o procedimento
grevista – art. 4º da Lei 7.783/89 c/c o art. 617 da CLT. Entende-se por ausência dos
entes sindicais a recusa em assumir as negociações, na forma do art. 617 da CLT,
bem como a inexistência de sindicato representativo. (CASSAR., 2018).
Há algumas restrições ao direito de greve. As mais importantes encontram-se
na própria Constituição, limitando o direito dos trabalhadores em serviços essenciais
– art. 9º, § 1º, da CRFB c/c os arts. 11, 12 e 13 da Lei 7.783/89.
as expressões greve abusiva ou greve ilegal são sinônimas. Considera-se ato
abusivo a ocupação ameaçadora de estabelecimentos, setores ou da empresa;
sabotagem ou boicote aos serviços da empresa e associados; piquete obstativo ou
depredatório do patrimônio do patrão; agressão física ou moral aos colegas, aos
superiores hierárquicos ou empregadores; emprego de violência contra os colegas;
depredação do patrimônio do empregador ou inutilização de suas mercadorias, isto é,
qualquer ato contra seu patrimônio; prática de falta grave e delitos criminais;
desrespeitar os prazos, condições e regras determinadas pela Lei 7.783/89;
permanecer em greve depois de aceito o acordo coletivo etc. As OJs 1 (cancelada),
10, 11, e 38 da SDC apontam outros casos de abusividade da greve. (CASSAR.,
2018).
47
8 LOCK-OUT
48
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSAR, Vólia Bomfim. Resumo de direito do trabalho. 6. ed., rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
49
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e
atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e
jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo : LTr, 2019.
MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do trabalho. 5. ed. São Paulo : Saraiva
Educação, 2018.
50
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
1 DESPESAS PROCESSUAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................. 5
1.1 Custas e emolumentos na Justiça do Trabalho ............................................. 5
1.2 Pagamentos de custas e emolumentos na Justiça do Trabalho .................. 10
1.3 Isenção ou dispensa do pagamento das despesas processuais na Justiça do
Trabalho .................................................................................................................... 10
2 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO .................... 12
3 TIPOS DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO ... 15
3.1 Honorários Contratuais na Justiça do Trabalho ........................................... 16
3.2 Honorários Advocatícios de Sucumbência na Justiça do Trabalho .............. 17
3.3 Divergência Jurisprudencial relativo aos honorários recíprocos de
sucumbência na Justiça do Trabalho ........................................................................ 20
3.3.1 Do Princípio da Sucumbência ............................................................... 21
3.3.2 Consequências da aplicação do princípio da sucumbência aos honorários
sucumbenciais na sucumbência recíproca ................................................................ 22
3.3.3 Violação dos limites legais estabelecidos à fixação dos honorários de
sucumbência na Justiça do Trabalho ........................................................................ 23
3.4 Honorários Arbitrados na Justiça do Trabalho ............................................. 23
3.5 Honorários Assistenciais .............................................................................. 24
4 BASE DE CÁLCULO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS ....................... 24
5 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E SUCUMBENCIAIS VERSUS JUSTIÇA
GRATUITA ................................................................................................................ 26
6 HONORÁRIOS PERICIAIS................................................................................ 27
7 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO .................................................... 29
8 HONORÁRIOS DE PROCEDÊNCIA PARCIAL ................................................ 30
9 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA SUBSTITUIÇÃO JUDICIAL ................... 30
10 PRESCRIÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO
TRABALHO .............................................................................................................. 32
11 A RELEVÂNCIA DO ADVOGADO TRABALHISTA NA JUSTIÇA DO
TRABALHO ..............................................................................................................32
11.1 Princípio da Proteção ................................................................................... 33
11.2 Princípio da Primazia da Realidade ............................................................. 34
11.3 Princípio da irrenunciabilidade ..................................................................... 34
11.4 Princípio da Continuidade ............................................................................ 34
12 ATRIBUIÇÕES DO ADVOGADO NA JUSTIÇA DO TRABALHO .................... 35
12.1 Comunicação e Oratória na Justiça do Trabalho ......................................... 35
13 REFERÊNCIAS: ................................................................................................ 37
INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
1 DESPESAS PROCESSUAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO
5
jurisdicional federal o qual é prestado via Justiça do Trabalho, que integra o Poder
Judiciário da União.
A partir da Lei n. 10.537, de 27 de agosto de 2002 (DOU de 28-8-2002), os arts.
arts. 789 e 790 passaram a ter uma nova redação, acrescentando ainda os arts. 789-
A, 789-B, 790-A e 790-B, a Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) também trouxe
mudanças a respeito das custas e emolumentos na Justiça do Trabalho.
Devendo as custas no caso do processo trabalhista de conhecimento, sejam,
dissídios individuais, ou coletivos bem como, quaisquer outras ações ou
procedimentos que sejam de competência da Justiça do Trabalho deverão incidir na
base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta
e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência Social, os quais serão calculadas:
- Sobre o valor do acordo homologado ou da condenação;
- Sobre o valor da causa, nos casos em que houver extinção do processo sem
resolução do mérito ou o pedido for julgado totalmente improcedente;
- Sobre o valor da causa, no caso de procedência do pedido formulado em ação
declaratória e em ação constitutiva;
- Sobre o valor que o juiz fixar, quando o valor da causa for indeterminado.
Ainda assim, a EC n. 45/2004, ampliou a competência da Justiça do Trabalho
para outras demandas originárias da relação de trabalho (CF, art. 114 e IN TST n.
27/2005), no processo do trabalho, o princípio da sucumbência mútua (salvo com
relação a honorários advocatícios, a teor do § 3- do art. 791- A da CLT), o qual será
aplicado de acordo com a espécie de demanda.
Dessa forma, o art. 3º da IN/TST n. 27/2005 versa que relativamente às custas
relativas a justiça do Trabalho, serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado
da decisão (§ 1º).
Sendo que: na hipótese de interposição de recurso, as custas deverão ser
pagas e comprovado seu recolhimento no prazo recursal (arts. 789, 789-A, 790 e 790-
A da CLT). (§ 2º).
Versa ainda que: Salvo nas lides derivadas da relação de emprego, é aplicável
o princípio da sucumbência recíproca, relativamente às custas, (§3º).
6
Destarte na ação oriunda da relação de emprego (e da relação de trabalho
avulso, por extensão), havendo sucumbência recíproca, apenas o empregador estará
obrigado ao pagamento das custas.
Noutro falar, se o autor (empregado) cumular pedidos e apenas um for acolhido,
a sentença condenará o réu (empregador) ao pagamento integral das custas.
Já na hipótese de procedência parcial dos pedidos, caso ocorra de reclamante
e reclamado forem simultaneamente vencedores e vencidos nas ações oriundas da
relação de emprego ainda que, por extensão, relação de trabalho avulso, não haverá
sucumbência recíproca para fins de pagamento de custas.
Nos casos em que houver acordo entre as partes, se outra forma não for
convencionada, o pagamento das custas será pro rata, isto é, rateado em partes iguais
para as partes, podendo o juiz, no entanto, dispensar o empregado da parte que lhe
couber.
Em ações oriundas de relações de trabalho diversas da relação de emprego
(ou da relação de trabalho avulso), deverão ser aplicadas as regras do CPC (art. 86),
no que concerne à sucumbência recíproca, no que couber.
LEITE (2021), ainda traz que apenas no caso em que o beneficiário da justiça
gratuita não tenha alcançado em juízo créditos capazes de suportar a despesa
referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo,
conforme versa o art. 790-B, § 4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017.
Vale ressaltar que de acordo com a nova redação dada ao art. 790 da CLT, em
todos os órgãos da Justiça do Trabalho, bem como nos Juízos de Direito com
Jurisdição estendida, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às
instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Podendo ser oferecido pelos juízes e tribunais o benefício da justiça gratuita a
requerimento ou de ofício, quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
7
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Assim, quando se tratar de empregado que não tenha obtido o benefício da
justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo
responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. Conforme versa o §
1º do art. 790 da CLT.
Ainda prevê o art. 790-A da CLT além dos beneficiários da justiça gratuita, a
isenção do pagamento de custas:
- À União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às respectivas autarquias
e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade
econômica;
- Ao Ministério Público do Trabalho.
Não alcançando as entidades responsáveis por fiscalizar o exercício
profissional, a exemplo: OAB, Conselhos de Medicina, Engenharia, Enfermagem etc.
nem eximem as pessoas jurídicas, a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou
municipais de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora.
(LEITE, 2021)
Cabendo, no caso de não pagamento das custas, a execução da importância
devida, seguindo os procedimentos elencados nos arts. 876 e seguintes da CLT.
Ainda a respeito do processo de execução das custas processuais diz o art.
789-A da CLT que no processo de execução são devidas custas, sempre de
responsabilidade do executado e pagas ao final. (BRASIL, 1943)
Ainda assim, o art. 789-A traz as custas devidas no processo de execução:
I - autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento)
sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil novecentos e quinze
reais e trinta e oito centavos);
II - atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: em zona urbana: R$
11,06 (onze reais e seis centavos);
b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);
8
III - agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte seis
centavos);
IV - agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis
centavos);
V - embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação:
R$ 44,26 (quarenta e quatro e reais e vinte e seis centavos);
VI - recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos);
VII - impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais
e trinta e cinco centavos);
VIII - despesa de armazenagem em depósito judicial por dia: 0,1% (um décimo
por cento) do valor da avaliação;
IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo - sobre o valor
liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta
e oito reais e quarenta e seis centavos). (BRASIL, 1943)
Quanto aos emolumentos não constituem requisito essencial ou complementar
da sentença trabalhista, pois a responsabilidade pelo seu pagamento não é do
sucumbente e, sim, do requerente, conforme dicção do art. 789-B da CLT (com
redação dada pela Lei n. 10.537, de 27-8-2002). Este dispositivo estabeleceu os
valores dos emolumentos com base na seguinte tabela:
I - autenticação de traslado de peças mediante cópia reprográflca apresentada
pelas partes - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real);
II - fotocópia de peças - por folha: R$ 0,28 (vinte e oito centavos de real);
(Incluído pela Lei n. 10.537. de 27- 8-2002);
III - autenticação de peças - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de
real);
IV - cartas de sentença, de adjudicação, de remição e de arrematação - por
folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real);
V - certidões - por folha: R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta e três centavos),
(grifos nossos) (BRASIL, 1943)
9
Os procedimentos para o recolhimento das custas e emolumentos devidos à
União no âmbito da Justiça do Trabalho, o TST editou a Instrução Normativa n. 20, de
24 de setembro de 2002, alterada parcialmente pela RA n. 900/2002.
O art. 790-A versa que são isentos do pagamento de quaisquer das despesas
processuais são isentos do pagamento de quaisquer despesas processuais:
10
- Os trabalhadores que litiguem sob o pálio da assistência judiciária gratuita (Lei n.
5.584/1970, arts. 14 a 19);
- As pessoas jurídicas de direito público (CLT, art. 790-A, I);
- O Ministério Público do Trabalho (CLT, art. 790-A, II).
- Não alcançando as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as
pessoas jurídicas de direito público referidas no inciso I da obrigação de reembolsar
as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. (§ único)
Podem ser dispensados do pagamento de despesas processuais os
trabalhadores que não litiguem sob o pálio da assistência judiciária gratuita, mas
tenham recebido judicialmente o benefício da gratuidade (CLT, art. 790, § 3°).
As pessoas físicas empregadoras ou a família empregadora que declararem,
sob as penas da lei, que não têm condições de arcar com as despesas do processo
em prejuízo do sustento próprio ou de suas famílias.
As pessoas jurídicas de direito privado que comprovarem insuficiência
econômica, não bastando a simples declaração unilateral.
Sendo concedido o benefício da Justiça Gratuita aqueles que comprovar
insuficiência de recursos a fim de realizar o pagamento das custas processuais.
Quanto ao benefício da Justiça Gratuita o art. 5º, inciso XXXV da CF/88,
culminado com o art. 99 do CPC de acordo com o que se expõe:
I - o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso:
II - o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos (CPC, art. 99, § 2s);
III - presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural (CPC, art. 99, § 3a);
IV - a assistência do requerente por advogado particular não impede a
concessão de gratuidade da justiça (CPC, art. 99, § 4s). Neste caso, o recurso que
verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do
11
advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado
demonstrar que tem direito à gratuidade (CPC, art. 99, § 5s);
V - O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte
ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos (CPC, art.
99, § 6s);
VI - Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente
estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator,
neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do
recolhimento (CPC, art. 99, § 7s). (BRASIL, 1943. apud. LEITE, 2021).
Relativo às pessoas jurídicas de direito privado, inclusive os sindicatos, há
necessidade de comprovação de insuficiência econômica.
Conforme versa, a Súmula 463, II, do TST prevê que: “No caso de pessoa
jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de
impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo”.
12
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da
parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da
justiça gratuita.
14
Neste sentido conforme o Enunciado 8 do FPPC, resta superada a Súmula 453
do STJ, segundo a qual, “os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão
transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria”.
O Estatuto da OAB em seu art. 23 ainda declara: Os honorários incluídos na
condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este
direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o
precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor. (BRASIL, 1994)
Ainda o § 19, do art. 85, versa: Os advogados públicos perceberão honorários
de sucumbência, nos termos da lei. (BRASIL, 2015), ainda assim, o Enunciado 384
do FPPC expressa: a lei regulamentadora não poderá suprimir a titularidade e o direito
à percepção dos honorários de sucumbência dos advogados públicos”.
No caso do art. 86 que trata da sucumbência recíproca, observa-se o seguinte:
as despesas processuais serão proporcionalmente distribuídas entre as partes, assim,
quando a sucumbência for em uma parte mínima do pedido, o outro responderá, por
inteiro, pelas despesas e pelos honorários.
Já o art. 87 trata dos casos em que hajam litisconsórcio ativo ou passivo, onde,
os vencidos responderão proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários
advocatícios.
Dessa forma a sentença distribuirá, desse modo, a responsabilidade
proporcional sobre eles. Caso, todavia, não o faça, os vencidos responderão
solidariamente.
Dessa forma quanto aos honorários contratuais pode-se observar que eles são
em regra pactuados entre as partes, advogado e seu cliente, o qual deverá ser pago
independentemente do sucesso na causa.
Com o objetivo de auxiliar o advogado no momento de especificar os preços
dos honorários, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), possui uma tabela de
honorários, de acordo com os serviços prestados e o padrão da localidade.
As partes (advogado e cliente), podem arbitrar como será a forma de
pagamento, no entanto, podem seguir o disposto no parágrafo 3º do artigo 22 da Lei
8.906/94. Assim, os honorários advocatícios serão devidos:
- 1/3 no início do serviço;
- 1/3 até a decisão em primeira instância;
- O restante ao final.
O § 4º do art. 22 da Lei n. 8.906/94 ainda dispõe:
16
§ 7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação
em substituição processual poderão prever a faculdade de indicar os
beneficiários que, ao optarem por adquirir os direitos, assumirão as
obrigações decorrentes do contrato originário a partir do momento em que
este foi celebrado, sem a necessidade de mais formalidades. (BRASIL, 1994)
17
Destarte o art. 791–A, caput, estabelece que ainda que o advogado esteja
atuando em causa própria tem direito aos honorários de sucumbência, sendo fixados
os percentuais entre o mínimo de 5 % (cinco por cento) e o máximo de 15 % (quinze
por cento), porcentagem esta que será cobrada sobre o valor que resultar da
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa. (BRASIL, 1943)
Ainda assim, o § 2º do supracitado artigo expressa que no momento de fixar os
honorários de sucumbência o juiz deverá observar: o grau de zelo do profissional; o
lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o trabalho
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (BRASIL, 1943)
Ainda conforme versa o § 3º, caso o juiz entenda pela procedência parcial do
pedido, deverá arbitrar honorários de sucumbência recíproca, estando vedada a
compensação dos honorários.
DIAS (2020) ainda explana que a Reforma Trabalhista não foi capaz de regular
rodos os aspectos relativos aos honorários, aplicando-se assim, a fim de
complementação, os arts. 85 a 90 do CPC conforme já prevê o art. 769, da CLT: - Nos
casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste
Título. (BRASIL, 1943)
Aludida orientação, sem dúvida muito acertada, já vinha sendo seguida pelo
STJ (BRASIL, 2011, p.1), e foi incorporada ao NCPC. A nova regulamentação
dos honorários advocatícios estabeleceu diversos critérios a serem utilizados
para sua fixação, especialmente no caso de sucumbência, inclusive prevendo
possibilidades de base para incidência da verba honorária, que antes era
18
limitada ao valor da condenação, agora prevendo também o proveito obtido
e o valor da causa, a serem utilizados conforme a natureza da causa. Certo
ponto, contudo, tem causado divergências (NERY JUNIOR. apud.
COUTINHO. CARMO. 2021)
Fonte: https://www.aurum.com.br/blog/reforma-trabalhista-lei-13467/
19
3.3 Divergência Jurisprudencial relativo aos honorários recíprocos de
sucumbência na Justiça do Trabalho
20
Existe um segundo entendimento sobre a forma de realizar a fixação dos
honorários de sucumbência recíprocos, a exemplo da decisão do Desembargador
André Carvalho, da Sexta Câmara de Direito Civil do TJSC decidiu em 26-3-2019
(SANTA CARATINA, 2019b):
COUTINHO. CARMO (2021) traz uma reflexão relativa aos dois entendimentos
supracitados: as decisões supracitadas, trazem dois meios pelos quais é possível fixar
os honorários advocatícios em caso de sucumbência recíproca.
Onde, a primeira utiliza o valor da condenação como base para fixar os
honorários e repartir para cada um dos advogados na proporção do ganho das partes;
a segunda realiza a fixação individualmente, estabelecendo bases de cálculo distintas
para cada parte, fixando sobre tal base o percentual dos honorários.
21
pedido formulado na ação judicial. (MINTO. VIEIRA apud. COUTINHO. CARMO,
2021)
NERY JUNIOR, (2017), traz outro entendimento sobre o conceito de
sucumbência: O conceito de sucumbência parte da impossibilidade de diminuição do
patrimônio da parte que fora lesionada em seu direito e que requer no judiciário a
tutela devida. (NERY JUNIOR apud. COUTINHO. CARMO, 2021)
Ainda COUTINHO. CARMO (2021) prelecionam que a sucumbência vem
atribuir a responsabilidade do pagamento dos referidos ônus àquele que, com a vênia
do pleonasmo, sucumbiu; fora vencido.
Assim não fosse, os ônus processuais correriam por conta daquele que
requereu os atos a elas correspondentes, a eles dando causa (princípio da
causalidade) independente de quem causou a lesão ao direito material tutelado
(NERY JUNIOR. apud. COUTINHO. CARMO, 2021).
Assim, a sucumbência consiste na situação daquele que saiu vencido no
processo, e implica no dever de suportar as consequências decorrentes do resultado
negativo. (ALVIM, apud. COUTINHO. CARMO, 2021.)
Ainda, o Código, adotou o princípio da sucumbência, que consiste em atribuir
à parte vencida na causa a responsabilidade por todos os gastos do processo
(THEODORO JUNIOR, apud. COUTINHO. CARMO, 2021).
22
COUTINHO. CARMO (2021) explicam que existem duas posições relativos a
forma de se fixar os honorários em caso de sucumbência recíproca, um utiliza tão
somente uma base de cálculo sobre a qual fixa os honorários nos limites legais,
repartindo-os proporcionalmente após. Esta base de cálculo é o valor da condenação,
seguindo a previsão do artigo 85, §2º, CPC (BRASIL, 2015).
Onde, havendo sucumbência recíproca, o mesmo montante que significa valor
da condenação para uma das partes, significa valor do ganho para outra; se para
ambas os honorários forem fixados sobre este valor, uma das partes estará pagando
sobre a parcela que venceu.
Na segunda posição, será feita a escolha de base de cálculo diversa para cada
uma das partes, onde se observa o respeito ao § 2º, do Art. 85 do CPC, e, da mesma
forma, respeito ao ganho de cada uma das partes, vez que fixadas as verbas
individualmente sobre a parcela em que saíram vencidas (BRASIL, 2015).
Os honorários arbitrados recebem essa nomenclatura pelo fato de que eles são
obrigatoriamente arbitrados pelo juiz, ao fim da demanda, cabendo, ao juiz, fixar o
valor devido, de acordo com a remuneração compatível com o trabalho e o valor
econômico da questão, respeitadas as tabelas da OAB.
23
Devendo, o juiz fixar os honorários advocatícios, mesmo, quando, o advogado
for apontado para atuar em uma causa onde a parte for juridicamente necessitada,
onde, a defesa dos interesses não possa ser realizada pela Defensoria Pública.
O arbitramento deverá obedecer a tabela do Conselho Seccional da OAB,
sendo, a parte hipossuficiente no processo, onde, os honorários deverão ser pagos
pelo Estado.
A Lei 13.725 de 2018 trouxe outra previsão nova a dos honorários assistenciais,
onde, prevê o parágrafo 6º do artigo 22 da Lei 8.906/94 acerca dos honorários fixados
em ações coletivas propostas por entidades de classe em substituição processual.
(BRASIL, 1994)
Hipóteses em que serão aplicadas o que se dispõe no art. 22, da Lei 8.906/94
referente aos honorários advocatícios tipicamente contratuais, de forma que não serão
prejudicados os honorários convencionais.
24
ação rescisória; Nos embargos de terceiros (Súmula 303 do STJ). (DIAS,
2020. p. 54)
O artigo 791 – A da CLT, traz de forma expressa três bases de cálculo para a
determinação dos honorários de sucumbência são eles: valor que resultar da
liquidação da sentença; proveito econômico auferido ou, não sendo possível mensurá-
lo, valor atualizado da causa.
25
5 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E SUCUMBENCIAIS VERSUS JUSTIÇA
GRATUITA
Conforme prevê o art. 791 da CLT, se admite o jus postulandi, nas varas do
trabalho bem como nos Tribunais Regionais do Trabalho, como se extrai da Súmula
425 do TST.
No entanto com a informatização da justiça através do Processo Judicial
Eletrônico PJE (Resolução 185 de 2013 do CNJ), dificulta a aplicação do chamado jus
postulandi na Justiça do Trabalho, levando os litigantes a serem obrigados ainda que
sem possibilidade financeira para tal buscar auxílio de advogado no momento de
propor a ação.
Para socorrer os litigantes existe o direito constitucional da gratuidade da
justiça, conforme se lê o art. 5º, inciso LXXIV, assim aquele que possui
hipossuficiência para demandar uma causa pode fazer uso da gratuidade da justiça,
sem que tenha que arcar com as despesas do processo, bem como pagar honorários
de sucumbência.
Conforme supracitado, o § 4º do art. 791-A da CLT, estabelece que os
honorários sucumbenciais são devidos, inclusive, pelo litigante beneficiário da justiça
gratuita, assim como o art. 790-B da CLT que também impõe o pagamento de
honorários periciais quando sucumbente no objeto da perícia.
Sendo o acesso à justiça um direito positivado não só no Brasil, mas em várias
Declarações internacionais, DIAS (2020) traz o seguinte entendimento:
O art. 60 aponta em seu § 4º, inciso V, que: “Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: [...] IV - os direitos e garantias individuais”.
26
Dessa forma existem diversas súmulas que tratam da inconstitucionalidade em
se exigir do beneficiário da Justiça Gratuita o pagamento de honorários de
sucumbência e periciais.
Podendo o juiz isentar o pagamento quando o empregado for hipossuficiente,
aplicando a Súmula 457 do TST e Resolução 66 de 2010.
Diante da hipossuficiência da parte autora deve, o Juiz, ao concluir o processo
diante da nova versão do 4º do art. 791-A da CLT, a partir da Lei n. 13.467/2017,
analisar a situação do beneficiário da justiça gratuita diante da sucumbência, possui
possibilidade de arcar com os honorários sem prejuízo a sua subsistência ou de sua
família, caso permaneça a hipossuficiência da parte ter-se a suspensão da
exigibilidade da despesa, onde depois de decorridos dois anos será extinta a
obrigação.(PAMPLONA, 2020)
6 HONORÁRIOS PERICIAIS
28
7 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO
Acontece que previsão do art. 16 foi “reformada”, por assim dizer. A fim de
que não restassem dúvidas acerca daquela opção política, firmou-se a
compreensão, por meio da Lei n. 13.725/2018, em seu art. 3º, quanto à
revogação expressa do art. 16 da Lei n. 5.584/70. Aquela revogação, enfim
tornou incontroverso ser o destinatário dos aludidos honorários, ainda que
diante da hipótese da assistência sindical, o profissional que atua na
demanda. (PAMPLONA, 2020. p. 547)
29
8 HONORÁRIOS DE PROCEDÊNCIA PARCIAL
30
individual, mas, sim, o consubstanciado nas normas da CF, da Lei da Ação Civil
Pública (Lei n. 7.347/85) e do CDC (Lei n. 8.078/90).
Sobre esse tema o art. 87 do CDC versa:
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada
má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.
O item III na Súmula 219, dispõe: “São devidos os honorários advocatícios nas
causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não
derivem da relação de emprego”.
A Lei n. 13.467/2017, na alteração feita ao art. 719-A, instituiu que os
honorários devidos pela mera sucumbência em qualquer ação (individual ou coletiva)
na Justiça do Trabalho passaram a ser devidas.
Assim, o § 1º do art. 791-A da CLT prevê expressamente que os honorários
advocatícios de sucumbência são devidos também nas ações “em que a parte estiver
assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria”.
Passando ainda a assegurar honorários assistenciais ao advogado da entidade
de classe que atuou como substituta processual em ações coletivas, conforme versa
o art. 22, § 6º da Lei n. 8.906, de 4-7-1994.
Destarte, os honorários advocatícios de sucumbência pagos pelo vencido na
Justiça do Trabalho nas causas em que o sindicato tenha prestando assistência
judiciária ao trabalhador passaram a pertencer exclusivamente ao advogado
contratado pela entidade sindical (§ 6- ao art. 22 da Lei n. 8.906, de 4- 7-1994).
31
10 PRESCRIÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO
TRABALHO
32
A estrutura da Justiça do Trabalho é uma estrutura criada com o objetivo de dar
as partes a possibilidade de buscarem seus direitos e de dar a todos o direito a ampla
defesa.
O Direito do Trabalho é um direito trabalhista que possui diversos princípios e
diretrizes para que possa dar validade a sua estruturação.
Sua função é instrutiva, interpretativa e normativa, possui princípios que visam
garantir o direito das partes. São eles: princípio da proteção; princípio da primazia da
realidade; princípio da irrenunciabilidade e princípio da continuidade.
33
11.2 Princípio da Primazia da Realidade
O art. 9º da CLT traz a seguinte redação: Serão nulos de pleno direito os atos
praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos
contidos na presente Consolidação. (BRASIL, 1943)
Assim, o princípio da primazia da realidade objetiva fazer cumprir o art. 9º da
CLT.
Dessa forma, se o trabalhador conseguir provar que a realidade no ambiente
de trabalho era diferente da que se encontra no contrato de trabalho ele terá os direitos
relativos a esta realidade demonstrada.
O trabalhador não pode renunciar a um direito seu garantido por lei, devendo o
juízo fazer valer ainda que o trabalhador renuncie, o direito do trabalhador.
34
12 ATRIBUIÇÕES DO ADVOGADO NA JUSTIÇA DO TRABALHO
35
As audiências trabalhistas acabam por ter um peso muito maior, fazendo assim
cada vez mais necessário saber se comunicar, ter uma boa oratória bem como no
trato e negociação com o cliente.
É necessário ainda que o advogado trabalhista saiba gerenciar suas emoções,
buscando sempre lidar com as exigências relativas aos prazos, diante da necessidade
de resolver problemas e tomar decisões.
36
13 REFERÊNCIAS:
Aplicação das Súmulas no STF. Súmula 47. [Rcl 26.840 AgR, rel. min. Roberto
Barroso, dec. monocrática, j. 23-11-2017, DJE 268 de 27-11-2017.]. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?Acesso> em: jun.
2021.
BASTOS, ATHENA. Art. 82 ao art. 88 do Novo CPC comentado artigo por artigo.
2019. Disponível em: <https://www.sajadv.com.br/novo-cpc/art-82-a-88-do-novo-cpc/
>Acesso em: jun. 2021.
37
DIAS, Sandra Mara de Oliveira. Justiça gratuita onerosa e honorários advocatícios
sucumbenciais na justiça do trabalho. Revista Artigos. P-52-63. 2020. Disponível em:
< https://scholar.google.com.br/scholar?>Acesso em: jun. 2021.
38
39
0
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................2
2.2.1 Conceito.......................................................................................................... 43
2.3.1 Conceito.......................................................................................................... 49
1
INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
2
1 COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS
[...] Remo Entelman (2002) apresenta o conflito como uma espécie de relação
social e explica os termos dizendo que isto ocorre quando se observa a
interação entre as pessoas representada pelos movimentos que dois ou mais
indivíduos realizam para orientar-se em suas condutas, de acordo com os
atos praticados por eles. [...]
3
[...] no início do desenvolvimento dos estudos mais avançados sobre o tema,
os pesquisadores começaram a discutir a distinção entre conflito de objetivo
único (antigos puros) e conflito de objetivos múltiplos (antigos impuros). Aos
conflitos puros, se lhes atribuiu a particularidade de apostar em único
resultado possível ao tempo da resolução: um ganhador ou um perdedor. Se
um dos pólos lograva seu objetivo por qualquer método disponível, o outro
perdia tudo.
4
envolvidos permite analisar as tendências e prever distintas formas de
manejar o conflito, adotando ações no sentido de fazê-lo escalar ou
desescalar, de acordo com os interesses de quem o faz, convertendo-se
numa ferramenta fundamental para advogados, negociadores, conciliadores,
mediadores, facilitadores de comunicação e outros operadores da área do
conflito.
Ainda, nesse ensejo, não conta somente a posição das partes, mas também a
posição e expertise do terceiro possibilitador, sejam eles obrigatórios ou não.
5
fazê-lo, devem solicitar a intervenção de um juiz estatal. Esta petição está
geralmente a cargo do ator que tem interesse em obter o cumprimento do
laudo ou sentença arbitral. (SILVA, 2008. p. 220)
Para Remo Entelman (1997, 2002), nem sempre os atores são racionais no
sentido da utilização dos cálculos de custo-benefício. Existem conflitos nos
quais um ator – ou ambos – valora mais o dano causado ao adversário do
que a obtenção de seu objetivo real ou aparente. No âmbito das análises do
conflito, o comportamento que privilegia as perdas da outra parte é
denominado de cálculo affectio, enquanto o que Para Remo Entelman (1997,
2002), nem sempre os atores são racionais no sentido da utilização dos
cálculos de custo-benefício. (SILVA, 2008. p. 221)
6
Quanto ao final da composição, muito pode influenciar a relação dos polos entre
si, a considerar a possibilidade de conflitarem novamente, havendo, portanto
‘terminação’ ou ‘resolução’ a depender desse fator:
7
um direito fundamental independentemente da sua recondução a direito,
liberdade e garantia ou a direito análogo aos direitos, liberdades e garantias.
(CANOTILHO; MIRANDA, 2007. p. 408-409. apud LIMA JR., 2018. pp. 107-
108) (Grifo do autor)
Primeira onda:
8
custos, o que dificilmente desperta o interesse de advogados atuantes na
iniciativa privada. (LIMA JR., 2018. p. 108) (Grifo do autor)
Segunda onda:
Terceira onda:
9
utilizados para processar e mesmo prevenir disputas nas sociedades modernas.”
(CAPPELLETTI; GARTH, 1988, p. 67-68. apud LIMA JR., 2018. p. 109).
Por sua amplitude, denomina-se “enfoque do acesso à justiça”, método que não
consiste em deixar para trás as duas primeiras ondas, mas considera-las como
algumas dentre tantas possibilidades de melhoria do acesso.
A via litigiosa se mostra cada vez mais ineficiente, o que fez ressurgir o
interesse pelas vias alternativas que evitam ou encurtam o processo judicial. É um
movimento de retorno às formas consensuais de solução de conflitos outrora
praticados pelos povos antigos, pautado na tentativa de devolver às pessoas a
capacidade de resolverem seus problemas por si mesmas, problemas muitas vezes
10
levados ao Judiciário por mera falta de comunicação e conscientização sobre os
prejuízos provenientes de demandas judiciais onde sempre há um vencido e um
vencedor, implicando em perdas financeiras e emocionais para ambas as partes.
11
Não se pode olvidar que muitas vezes uma decisão judicial julga a ação, mas
não resolve o conflito, pois a pacificação não advém de mero comando imposto,
objurgado. Diferentemente, quando os próprios mediandos colocam suas digitais no
processo de construção de consenso, o sentimento em torno da solução ganha-ganha
gera bem-estar e o viés de pacificação é muito mais latente. Com efeito, são muitas
as vantagens de uma decisão acordada.
Nessa seara, outra novidade trazida pelo CPC de 2015 e complementada pela
Lei 13.140/15, é a penalização pelo não comparecimento injustificado da parte ao ato
a que fora designada. O Código anterior apenas sugeria a tentativa de conciliação.
Agora a busca da solução consensual trata-se de obrigatoriedade. Vejamos as
penalidades:
12
Em ambos os casos, o termo final constituirá título executivo extrajudicial, e se
homologado judicialmente, título executivo judicial. Ou seja, em caso de não
cumprimento, poderá ser pleiteado judicialmente através da Execução de Título
Extrajudicial (no primeiro caso), ou Cumprimento de Sentença (no segundo), indo
diretamente para medidas específicas de coerção (como a expropriação de bens),
podendo, inclusive, ser fixada multa diária ou ser levado a protesto.
Interessante observar que esse ato, em seu art. 1°, apresenta definições para
conciliação e mediação diversas das constantes no art. 165, §§ 2° e 3° do
CPC/2015, muito provavelmente em atenção às peculiaridades dos conflitos
laborais.
Nesse sentido, a referida Lei inseriu também na CLT o art. 855-B, de modo a
regulamentar o procedimento de jurisdição voluntária para homologação de
acordo extrajudicial.
E, ainda, a mesma Lei trouxe de volta o dispositivo que havia sido vetado na
Lei nº 13.129/2015. Dessa forma, o art. 507-A da CLT dispõe que “nos
contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de
arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua
concordância expressa”. (DALLA; MAZZOLA, 2019. pp. 796-798)
13
de Ética da Advocacia, adequando-se a esse sistema, estabeleceu em seu art. 2°,
parágrafo único, VI, que é dever do advogado “estimular, a qualquer tempo, a
conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios”. (BRASIL, 2015)
Três grandes desafios deverão ser enfrentados pela mediação nesse novo
contexto.
Ademais, a mediação precisa ser adaptada à feição processual, sem que isso
fulmine suas características principiológicas, compatibilizando-a com os
demais princípios constitucionais, processuais e com a garantia da realização
de um processo justo.
14
2 RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE CONFLITOS
15
dimensão dos próprios problemas, o que aumenta a garantia de cumprimento do
acordo.
2.1 Mediação
2.1.1 O mediador
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há
pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida
pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou
instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais,
16
observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de
Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. (BRASIL, 2015)
17
bastando formação em outras áreas do saber que guardem relação com o
mérito do conflito”.
18
Especificamente em relação aos critérios para a escolha do mediador, afirma-
se que esta envolve uma série de fatores, tais como:
De tal forma, pode-se dizer que não haverá mediador perfeito ou profissão mais
cabível para mediar, já que dependerá da particularidade de cada caso e das próprias
partes, que não são homogêneas, deve ser analisado o caso concreto. Por exemplo,
não fará diferença um mediador fluente em francês se o litígio não se iniciou em local
de falantes do idioma e nem mesmo as partes o falam, mas tal habilidade pode ser
essencial caso uma ou ambas as partes falem ou optem pelo idioma.
19
d) casos de violação de trade dress em que a preocupação de uma das partes
é somente evitar a diluição de elementos pontuais, sem maiores
repercussões financeiras.
20
solicitando nova distribuição para outro mediador, conforme parágrafo único do art.
170 do CPC.
E as hipóteses de suspeição:
21
c) quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau,
inclusive;
d) que for interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das
partes.
- Art. 6º da Lei 13.140/15 e art. 172 do CPC: O mediador será impedido de representar,
assessorar ou patrocinar qualquer das partes pelo prazo de 1 ano, a contar do término
da última audiência que atuou com as mesmas.
- Art. 7º da Lei 13.140/15: “O mediador não poderá atuar como árbitro nem funcionar
como testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que
tenha atuado como mediador.” (BRASIL, 2015)
No que se refere a função advocatícia, o art. 167, § 5° do CPC aparenta ter o objetivo
e blindar o juízo de possível influência dos advogados mediadores. No entanto cabe
uma reflexão sobre tal dispositivo:
[...] pensamos que a norma deve ser vista com temperamento, já que a Lei
da Mediação, norma posterior e especial, não trouxe essa restrição aos
advogados mediadores judiciais. Logo, a disposição do CPC deve ser
interpretada cum grano salis.
22
Até porque, como se sabe, o advogado é “indispensável à administração da
Justiça” (artigo 133 da Constituição Federal) e tem o dever de atuar com
honestidade, lealdade e boa-fé (art. 5º do CPC). Logo, sua ética não pode
ser, ao menos abstratamente, colocada em xeque.
Sob outro prisma, vale lembrar que os juízes não designam pessoalmente os
mediadores judiciais (existe uma lista de profissionais capacitados e a
distribuição será alternada e aleatória – artigo 167, § 2º, do CPC).
Significa dizer que o juiz da causa não terá, a princípio, qualquer contato com
o mediador judicial. E mesmo que venha a ter, o dever de sigilo desse último
o impedirá de divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos da mediação
(artigo 166, § 2º, do CPC).
23
informada” (BRASIL, 2015). E destacando a importância da matéria, o referido código
reservou 10 de seus dispositivos.
Informalidade Informalidade
Oralidade Oralidade
Independencia Independencia
Validação
Competência
Empoderamento
24
Busca do bom senso
Boa-fé
*Quadro extraído da dissertação ‘Mediação pré-processual nos casos de compra e venda de Imóvel à
luz dos princípios estabelecidos na lei de mediação e no Código de Processo Civil de 2015’ – William
Albano Rocha. Unesp: 2019. pp. 42-43.
a) Princípio da independência:
[...] dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou
externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se
ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento,
tampouco havendo dever de redigir acordo ilegal ou inexequível. (BRASIL,
2013)
25
b) Princípio da imparcialidade:
c) Princípio da confidencialidade:
d) Princípio da oralidade:
e) Princípio da informalidade:
26
f) Princípio da decisão informada:
g) Princípio da autonomia:
Diz respeito à “autonomia para conduzir a negociação da melhor forma e no
interesse dos litigantes, desde que não excedam os limites legais, morais ou impostos
pelos próprios envolvidos” (CAMBI; FARINELI. 2011. p. 280). É a liberdade que a
partes possuem sobre o conteúdo da mediação, decidirem prosseguir ou não, fazerem
propostas e chegarem a um acordo.
27
A Resolução CNJ 125/2010 ainda estabeleceu os seguintes princípios
específicos: (I) independência e autonomia do mediador e conciliador, que
não devem sofrer pressões externas e podem interromper os procedimentos
quando considerarem que são inexistentes as condições para o seu
desenvolvimento; (II) respeito à ordem pública e às leis vigentes de modo a
garantir que eventual acordo não colida com tais regras; (III) empoderamento,
estimulando as partes a resolver seus problemas futuros pela
autocomposição a partir dessa experiência judiciária; (IV) validação, dever de
estimular as partes e se perceberem como seres humanos e se respeitarem
mutuamente. (GUERRERO, 2014. p. 328 apud NASCIMENTO, 2019)
I - imparcialidade do mediador;
II - isonomia entre as partes;
III - oralidade;
IV - informalidade;
V - autonomia da vontade das partes;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé. (BRASIL, 2015)
Escuta ativa:
28
Perguntas abertas:
Perguntas como: fale-me sobre essa situação; conte-me sobre como foi sua
experiência com; explique um pouco mais sobre..., fale sobre sua impressão
referente a esse fato, sobre essa situação; trazem para o contexto dos
conflitos uma riqueza de detalhes e temas que são importantes para as partes
e são uma matéria-prima rica para o mediador. (SALES, 2016. p. 946)
Estimular a empatia:
Anotações:
As anotações servem para que o mediador se lembre o que foi relatado, registre
os pontos mais relevantes. Isso deve ser feito com a ciência das partes e com
moderação, anotando o mínimo possível para não prejudicar o contato visual que o
mediador deve ter com os mediandos, o que pode obstar a comunicação, cuja atenção
deve se voltar para as pessoas e não as anotações.
Resumo:
29
4) permite que o mediador tenha a certeza de que as pessoas entendem o
que estão afirmando. (SALES, 2016. p. 947)
Paráfrase:
30
necessidade? O que te motiva? O que é importante para você? Enfim, deve
o mediador questionar, possibilitando a autorreflexão e novas respostas.
(SALES, 2016. p. 948)
Teste de Realidade:
31
coloque no contexto real da vida. Posso fazer o que concordei desde o momento em
que saí da reunião de mediação?
32
Nesse modelo, o papel do mediador será o de facilitador da comunicação,
orientando os mediandos a alcançarem o acordo de modo colaborativo, com
a satisfação de seus interesses. (DALLA; MAZZOLA, 2019. p. 780)
33
mediação transformativa é de fato um modelo que usufrui dos conflitos como
oportunidade para as partes interagirem, aprenderem e crescerem.
Por sua vez, o modelo de Sara Cobb e Janet Rifkin parte da premissa de que
a linguagem é constitutiva, e não apenas representativa da realidade. Em
vista disso, os conflitos são transformados a partir destas estruturas
discursivas, privilegiando-se os elementos de expressão verbais e não-
verbais. O resultado pode advir de várias direções, numa causalidade circular
que se retroalimenta. (DALLA; MAZZOLA, 2019. p. 782)
Além disso, explica que “o método tem apoio na sólida teoria da negociação
problem-solving de Harvard, e parte da premissa de que, se ambas a partes
seguirem essas técnicas e estiverem de boa-fé, elas realizarão uma
negociação de alto nível que as levará a um acordo, ou no mínimo, à certeza
de que fizeram tudo o que podiam antes de partir para uma ação judicial ou
uma arbitragem.” (DALLA; MAZZOLA, 2019. pp. 782-783)
34
Mas, inobstante o modelo e base teórica adotada, é essencial que o mediador
tenha uma postura de colaboração e comprometimento, agindo de boa-fé, urbanidade
transparência.
2.1.4.1 Pré-mediação
35
Todas essas medidas e precauções devem ser seguidas na pré-mediação, e
também a inclusão sobre os honorários do mediador e os custos processuais
relacionados.
2.1.4.2 Etapas
a) Apresentação e recomendações:
36
Assumem o compromisso de não comentar com outras pessoas os assuntos
que forem conversados e resolvidos nas reuniões de mediação, uma vez que
essas conversas são sigilosas;
O(a) Mediador(a) declara que não é amigo íntimo ou parente e que não é ou
foi chefe ou chefiado por qualquer das partes, declarando-se independente e
apto a atuar com diligência e imparcialidade.
Local e Data:
Assinatura do(a) Solicitante:
Assinatura do(a) Solicitado(a):
Assinatura do(a) Mediador(a):
Assinatura de eventual co-mediador:
(VASCONCELOS, 2008. pp. 91-92)
A abordagem de escuta ativa pelo mediador deve ser adotada assim que se
inicia a narração e pedirá à outra parte que também escute até chegar sua vez.
Escutará e observará sem julgamentos (o mediador deverá se atentar aos seus
sentimentos e opiniões pessoais para que não influencia o ponto de vista dos
mediandos), anotando apenas o necessário.
37
Não é recomendável que se faça interrupções à parte que estiver em sua vez
de falar. Quando o mediador se encontrar em dificuldade de compreensão, deverá
estimulá-la com perguntas. Já para a parte que estiver na vez de escutar, caso haja
sua interferência, deverá o mediador interrompê-la para explicar a importância da
escuta.
38
c) Compartilhamento de um resumo do acontecido:
Depois que o resumo estiver completo e discutido, é mais fácil para as partes
identificarem um interesse comum. A rigidez da posição de polarização pode ser
superada nesse estágio inicial do processo, pois já é suportada pela periodicidade da
comunicação.
39
Neste momento, o mediador poderá fazer perguntas que facilitem a
identificação de interesses comuns. Quais serão os interesses comuns dos
pais que se separaram? Quais são os interesses comuns de dois vizinhos
que se estranharam? Quais são os interesses comuns de dois dirigentes da
empresa? Esses interesses não serão identificados, verdadeiramente, se os
problemas de relação não estiverem bem apropriados e o conflito
transformado pela comunicação construtiva. (VASCONCELOS, 2008. p. 95)
Sendo possível acordos parciais, devem ser incentivados pelo mediador, pois
podem fortificar a confiabilidade dos mediandos perante a composição. Embora com
incentivo do mediador, devem sempre resultar de diálogo direto entre as partes,
começando por questões mais simples e de fácil composição para as mais complexas
e discordantes.
Para se ter uma noção de como a tempestade de idéias pode ser útil,
imaginemos, numa partilha de bens, o que pode ser decidido, por exemplo,
em relação a uma casa. A casa pertencente em comum aos mediandos pode
ser vendida, alugada a terceiros, alugada a um deles, convertida em ponto
comercial, permutada por outra(s) ou permutada por apartamento(s) a
ser(em) construído(s) no respectivo terreno, demolida para exploração,
atividade de estacionamento, adquirida por um deles a fração ideal do outro,
transferida para os filhos com ou sem reserva de usufruto, etc.
40
f) Elaboração do acordo:
2.1.5.1 Pré-reunião
41
a) Primeira etapa da reunião conjunta:
O que for dito em reunião individual com uma parte não poderá ser
compartilhado com à outra.
42
d) Quarta etapa como reunião conjunta de fechamento:
Como quarta etapa, dá-se uma reunião conjunta em que será consolidada e
narrada uma história alternativa, onde se buscará a construção do acordo com base
nas opções, analisando vantagens e desvantagens, para vislumbrar solução nova.
Se for o caso, será finalizado com acordo provisório. O acordo será redigido de
maneira clara e positiva, com a legitimação das partes, fixação de condutas e
estabelecimento de critérios para avaliação futura do acordo.
2.2.1 Conceito
43
“É apropriada para lidar com relações eventuais de consumo e outras relações
casuais em que não prevalece o interesse comum de manter um relacionamento, mas
apenas o objetivo de equacionar interesses materiais.” (VASCONCELOS, 2008. p. 38)
Diferente da mediação que, por sua vez, embora seja igualmente meio
heterocompositivo, tem também características que lhe são próprias. Em seu
processo, é oportunizado para que as partes conjuntamente cheguem a uma
resolução consensual por si mesmas, com colaboração do mediador, mas sem sua
atuação direta.
[...] é possível observar que o mediador não traz soluções para o litígio,
podendo ser qualquer indivíduo, dotado de conhecimento acerca de
determinado assunto, devendo sempre ser imparcial no auxílio para dirimir o
conflito.
44
2.2.2 Validade
Perla Cruz esclarece que, mesmo que uma das partes queira reabrir o
processo judicial ou a conciliação por necessidade de incluir novos anexos e
comprovações, não é possível, porque já existe um acordo celebrado pelas
partes relativo ao mesmo objeto do processo judicial.
Art. 160. Nas cíveis e nas penais civilmente intentadas, poderão as Partes
nomear Juízes Árbitros. Suas Sentenças serão executadas sem recurso, se
assim o convencionarem as mesmas Partes.
Art. 161. Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação,
não se começará Processo algum. (BRASIL, 1824)
45
No Brasil, a autorização e o incentivo aos mecanismos adequados de solução
de controvérsias podem ser extraídos de diversos preceitos legais, a começar
pela Constituição Federal de 1988, cujo preâmbulo diz que:
46
resolução de conflitos por meios autocompositivos, voltados à maior pacificação social
e menor judicialização”. (BRASIL, 2009)
O Projeto aguardava a sua aprovação final desde então, mas foi devolvido
“sem manifestação” à Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania no
dia 16.12.2010 − um dia após a aprovação pelo Senado Federal do Projeto
de Lei para o novo Código de Processo Civil.
47
Não obstante, foi apresentado no Senado Federal o PLS 517/11, de iniciativa
do Senador Ricardo Ferraço, do Espírito Santo, objetivando regular de modo
abrangente a mediação, o que poderá suprir a lacuna existente em nossa
legislação. O Projeto, depois de ser consolidado pelas propostas
apresentadas pela Comissão de Juristas instituída pelo Ministério da Justiça
e presidida pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz Felipe
Salomão, teve o texto aprovado e encaminhado à Câmara dos Deputados
como Projeto de Lei nº 7169/2014. Após a apresentação e análise de
Emendas, o texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e de Justiça e
de Cidadania da Câmera em 07.04.2015, e retornou ao Senado para a
votação final do marco legal da mediação. O texto foi colocado em pauta do
Plenário do Senado em caráter de urgência e aprovado no dia 02.06.2015,
seguindo, depois, para a sanção Presidencial.
48
acordo, o conciliador ou mediador (art. 168); e) as formas de remuneração
dos conciliadores e mediadores (art. 169); f) os casos de impedimento (art.
170); g) a impossibilidade temporária do exercício da função (art. 171); g) o
prazo de impedimento de um ano para o conciliador e mediador assessorar,
representar ou patrocinar as partes (art. 172); h) as hipóteses de exclusão do
cadastro (art. 173); i) a criação de câmaras de mediação e conciliação para a
solução de controvérsias no âmbito da administração pública (art. 174); j) a
possibilidade de outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais (art.
175). (CABRAL, 2017. pp. 375-376)
2.3.1 Conceito
49
2.3.2 Validade
A Lei 9307/96 (Lei de Arbitragem), em seu artigo 1°, prevê que “as pessoas
capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a
direitos patrimoniais disponíveis.” (BRASIL, 2021) Isso poderá ocorrer em dois
momentos, pós ou previamente ao surgimento da questão controvertida.
50
Ainda nesse mesmo ano, o Código Comercial traz em seu bojo a figura do
juízo arbitral e, seguindo a tendência já delineada no passado, prescreve-o
de modo obrigatório às questões (I) resultantes de contratos de locação
mercantil, (II) suscitadas pelos sócios, entre si, ou com relação à sociedade,
inclusive quanto à liquidação ou partilha, (III) de direito marítimo, no que toca
a pagamento de salvados e sobre avarias, repartição ou rateio das avarias
grossas e (IV) relacionadas à quebra. (FIGUEIRA JR., 1999. pp. 30-31)
Não se pode deixar sem consideração que a solução dos conflitos é o objetivo
maior a ser alcançado pelo Estado Brasileiro, conforme disposto está no
Preâmbulo da Constituição Federal de 1988 [...].
51
posicionamento do constituinte brasileiro, não se confiou, de modo exclusivo,
ao Poder Judiciário, a entrega da prestação jurisdicional.
O art. 5º, inciso XXXV, da CF/88, ao dispor que “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” não invalida o
disposto no art. 1º, da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, ao determinar
que “As pessoas capazes de contratar poderão valer-se de arbitragem para
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.” No dispositivo em
apreço há uma faculdade outorgada ao cidadão capaz de contratar e de
dispor a respeito do seu patrimônio. Não consta qualquer impedimento do
litígio deixar de ser apreciado pelo Poder Judiciário.
Desta feita, a edição da Lei 9.307/96 fez com que a arbitragem passasse a ter
um novo respaldo jurídico.
52
Revista Jurídica Consulex. Maciel:
53
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende de. Teoria Geral do Processo. FGV Direito
Rio. 2020. Disponível em: <https://bit.ly/3oDBkhE> Acesso em: jun. 2021.
54
BRASIL. Resolução n° 02/2015. Aprova o Código de Ética e Disciplina da Ordem
dos Advogados do Brasil – OAB. Disponível em:
<https://www.oab.org.br/arquivos/resolucao-n-022015-ced-2030601765.pdf> Acesso
em: jun. 2021.
FIGUEIRA JR., Joel Dias. Arbitragem, Jurisdição e Execução. 2 ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999.
LIMA JR., José César Naves de. Acesso à Justiça: Uma mudança de paradigma na
atuação do Poder Judiciário sob a perspectiva da terceira onda renovatória. Revista
do Ministério Público do Estado de Goiás. pp. 99-111. n 36 jul-dez. Goiânia: 2018.
55
PERPÉTUO, Rafael. MIRANDA, Vanessa. NABHAN, Francine. PINTO, Jakeline. Os
métodos adequados de solução de conflitos: mediação e conciliação. Revista da
Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Vol. 24. n 2, 2018.
Redação. Especialista reforça que acordo de conciliação tem validade jurídica. Portal
Migalhas, 2017. Disponível em: <https://bityli.com/zGPR7> Acesso em: jun. 2021.
56
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
3 ADMISSÃO................................................................................................. 9
8 FÉRIAS ..................................................................................................... 20
9.3 Contagem dos Avos Como Divisor Para Apuração das Médias ......... 25
11 FGTS ........................................................................................................ 30
13 SEGURO-DESEMPREGO........................................................................ 41
14 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 46
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 PROCESSO DE FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO DIREITO DO
TRABALHO
4
organizacional do processo produtivo, a chamada indústria de grande escala. Essa
nova modalidade deslocou as formas primitivas de organização da produção, que se
materializaram no artesanato e na manufatura.
O primeiro fator deve ser esclarecido: a relação de trabalho, que surge do
trabalho livre, mas ao mesmo tempo é subordinada, permite ao empresário capitalista
fazer um uso ótimo da energia, inteligência, emoção e criatividade humanas, criando
um mecanismo de integração das pessoas no mundo. Sistema produtivo com
potencial máximo de geração de bens e serviços na sociedade histórica.
Em torno da relação de trabalho que permite ao trabalhador conciliar a
liberdade pessoal com a gestão do empresário, foi traçada a fórmula inovadora de
organização do sistema produtivo, que permite ao capitalismo se distanciar das
modalidades anteriores de produção, que maximiza não só a inteligência produtiva,
sistematizada e objetivada do homem, mas também a produtividade do trabalho nos
últimos dois séculos e meio.
O segundo fator deve ser esclarecido: o termo indústria de grande porte se
traduz em um modelo de organização do processo produtivo baseado no uso intensivo
de máquinas e em uma profunda especialização e mecanização das tarefas para a
realização de uma produção sequencial, em série de rotina.
O modelo da grande indústria levou ao uso massivo e concentrado do trabalho
assalariado, que se tornou um instrumento integrante do sistema industrial
característico do capitalismo emergente.
Por fim, como fator econômico importante, ocorreu na Europa Ocidental e nos
Estados Unidos da América, no final do século XVIII e no final do século XIX, um
processo de extensa e crescente concentração industrial (econômica ou de capital no
sentido mais amplo).
Acima de tudo, esse processo terá o poder de reforçar outros fatores
convergentes, como o uso massivo de mão de obra pelo sistema produtivo e a
formação de grandes contingentes urbanos de trabalhadores nessas sociedades.
Do ponto de vista social, os fatores que criaram condições favoráveis para o
surgimento do direito do trabalho são: a concentração proletária na sociedade
europeia e norte-americana em torno das grandes cidades industriais; o surgimento
de uma identificação profissional inovadora entre as grandes massas trabalhadoras,
5
que se baseia no mesmo universo de movimento dos seus trabalhadores, o universo
que se materializa na empresa.
Por fim, do ponto de vista político, as medidas tomadas e desenvolvidas ao
nível da sociedade civil e do Estado são fatores que conduziram ao surgimento do
Direito do Trabalho, então estruturado em torno de regras objetivas de recrutamento
e gestão dos trabalhadores como parte do sistema de produção.
Ao nível da sociedade civil, a descoberta dos trabalhadores da ação coletiva
(em vez da simples ação individual) como instrumento de ação quer na esfera política
(sobretudo perante o Estado), quer essencialmente na esfera profissional (isto é,
perante o empregador ou empregadores). Depois, o aperfeiçoamento desta estratégia
de ação coletiva através da formação e consolidação de organizações coletivas de
trabalhadores, sejam elas sindicais ou claramente mais políticas. Por fim, como
síntese de todo este processo, o surgimento de movimentos claramente políticos com
forte participação dos trabalhadores, dos quais os sindicatos nacionais e
internacionais, o socialismo e o comunismo são exemplos notáveis.
Tal normatização — típico Direito autônomo em contraposição ao heterônomo
estatal, ainda não surgido — se constituía, segundo Evaristo de Moraes Filho (1960,
p. 133), de “acordos coletivos, entre empregados e empregadores, entre sindicatos e
grupos de empresas, entre sindicatos operários e sindicatos patronais; de
regulamentos de empresa; de conciliação de greves e conflitos coletivos de trabalho;
de estatutos sindicais; de atividades cooperativas, e assim por diante”.
É claro que esta produção normativa autônoma, embora decorrente
essencialmente de um processo de organização e mobilização dos trabalhadores,
implica também o desenvolvimento (consciente ou inconscientemente) de uma
estratégia empresarial alternativa em termos de assimilação e disponibilização de
novos instrumentos de gestão interna do trabalho do sistema produtivo.
No plano da sociedade política, o Estado começou a construir respostas
diferenciadas à mobilização e pressão dos trabalhadores organizados do século XIX.
Nesse sentido, aliado ao conceito primitivo de impermeabilidade política às
compulsões dos trabalhadores (a repressão como única reação às demandas dos
trabalhadores), afirma-se também uma linha de ação estatal que retoma a regulação
autônoma surgida na sociedade civil, sem uma matriz clara a incompatibilidade entre
o Direito autônomo negociado e o Direito heterônomo produzido.
6
No contexto histórico-social em que convergem esses fatores econômicos,
sociais e políticos, o Direito então aplicável sob a forma de direito civil de orientação
liberal-individualista não tem uma resposta jurídica adequada ao fato novo da relação.
A clássica matriz Civilista tendia a reduzir todas as questões que surgiam no âmbito
da relação de trabalho, às próprias questões do antigo modelo do contrato bilateral,
que se regia pela autonomia da vontade dos seus sujeitos contratuais. Portanto,
questões de natureza civil e contratual, tratadas sob a perspectiva individual dos
sujeitos isolados da relação empregatícia, de um lado o empregador e, de outro lado,
o empregado. Ambos tomados, pelo Direito Civil, como se indivíduos singelos fossem.
Todo esse processo revelou a falácia da lei individualista liberal como modelo
explicativo da relação de trabalho, uma vez que descreveu ambos os sujeitos da
relação de trabalho como simples seres individuais. Com efeito, os trabalhadores
perceberam que um dos sujeitos da relação de trabalho (o empregador) foi sempre
um ser coletivo, ou seja, um ser cuja vontade era capaz de desencadear ações e
efeitos de impacto social, quer certamente no seio da comunidade de trabalho, quer
eventualmente mesmo dentro da comunidade em geral.
Em contrapartida, a vontade do trabalhador, como mera manifestação
individual, não tem a capacidade natural de trabalhar para além do âmbito limitado da
relação bilateral acordada entre empregador e trabalhador. O Direito Civil tratava os
dois sujeitos da relação de trabalho como seres individuais e, em sua equação
formalista, ocultava a qualidade essencial do coletivo que o empregador naturalmente
possui.
7
Essa afinidade se deve ao fato de todos estarem relacionados de uma forma
ou de outra e com graus variados de intensidade à categoria básica do Direito do
trabalho, a relação de emprego.
Todos esses ramos relacionados do Direito formam o que pode ser referido em
um sentido mais amplo como direito do trabalho, no qual o Direito do Trabalho ocupa
uma posição de destaque.
De fato, a relação de emprego, como categoria central do sistema capitalista
de produção, adquiriu notável potencial para a criação de relações socioeconômicas
e jurídicas correlatas, de alguma forma ligadas a ela e que produziram um número
diversificado ramos jurídicos próximos e associados.
Embora todos esses ramos indiscutivelmente se relacionem com a relação de
trabalho (e de fato nem mesmo sejam compreendidos se a relação de trabalho não
existir), alguns estão estruturados com sua própria relação jurídica específica como
uma categoria central que não deve ser confundida com a relação de trabalho , por
exemplo, no Direito Acidentário do Trabalho, é o caso: O cerne da construção de suas
normas e instituições jurídicas reside em uma relação jurídica complexa na qual o
Estado também está envolvido.
A área justrabalhista, no sentido mais amplo, entendida como a área de
estruturação e dinâmica dos ramos especializados do direito construída desde a
indução básica até a relação de trabalho, é, portanto, definida de forma bastante
ampla. Neste campo, não existem apenas os princípios, normas e sistemas jurídicos
do Direito do Trabalho, mas também as normas, princípios e sistemas jurídicos que
regulam a estrutura e a dinâmica das relações sociais e jurídicas. A estrutura e a
dinâmica dessas relações baseiam-se no seu próprio desenvolvimento, embora desde
a introdução até às relações laborais.
A rigor, o direito do trabalho, como conjunto de princípios, normas e instituições
jurídicas destinadas a regular as relações laborais, obviamente não inclui ramos do
direito em que a categoria básica não é o empregado-empregador, mas sim o seu
próprio relacionamento básico. Por esse motivo, não inclui, por exemplo, o Direito
Previdenciário, que trata das relações do empregado e do empregador como questões
específicas relacionadas ao Estado/Previdência. Direito Processual do Trabalho, que
se estrutura de acordo com a relação processual trilateral e angular autor-réu-
Estado/juiz.
8
3 ADMISSÃO
A palavra salário tem sua origem semântica no latim salarium, que significa sal,
que já era usado em Roma como meio de pagamento como "moeda de troca". Uma
das características do salário é a possibilidade de seu caráter composto, ou seja, a
possibilidade de parte da contraprestação ser paga em dinheiro e parte em in natura
(utilidades). Portanto, o salário é a contraprestação paga diretamente pelo
empregador em dinheiro ou em utilidades (habitação, etc.).
Como descreve, Barbosa (2020), entende-se por admissão o ato por meio do
qual o empregador aceita que o empregado passe a integrar a sua empresa. É quando
se inicia o vínculo empregatício.
Ainda de acordo com Barbosa, (2020). Ao ingressar em um emprego, o
empregado tem direito a receber uma contraprestação paga pelo empregador em
decorrência do trabalho realizado. Essa contraprestação se denomina salário.
O art. 457 da CLT define que compõem o salário a parte fixa, as comissões, as
porcentagens, as gratificações, os abonos e o valor total das diárias que excedam
50% do próprio salário, (BARBOSA, 2020).
O artigo 457 da CLT estipula que os alimentos “in natura” e os fornecidos por
meio de documentos de legitimação não são considerados salário e não fazem parte
da base de cálculo do imposto de renda pessoa física. Ao mesmo tempo, a medida
eliminou o termo “alimentação” do caput do artigo 458 da CLT.
9
e) Certidão de nascimento, casamento ou Carteira de Identidade – RG,
conforme o caso;
f) Cadastro de Pessoas Físicas – CPF;
g) Documento de Inscrição no PIS/PASEP, ou anotação correspondente na
CTPS;
h) Cópia da certidão de nascimento de filhos menores de 14 anos, para fins de
recebimento de salário-família;
i) Cartão da Criança, que substitui a carteira de vacinação;
j) Comprovante de endereço;
k) 1 foto 3x4. A ser usada no livro de registro de empregados.
É importante ressaltar que demais documentos podem ser solicitados de
acordo com o regime interno da empresa.
A sigla PCMSO significa Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional,
conforme especificado no item 7.2.1 da norma regulamentadora nº 07. O PCMSO é
parte integrante de uma ampla gama de iniciativas corporativas no campo da saúde
dos trabalhadores e com as quais precisam trabalhar as disposições previstas em
outras normas regulamentares.
O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO é
regulamentado pela norma regulamentadora nº 07 do Ministério do Trabalho e
Emprego, que estabelece a obrigação de elaborar e conduzir o programa de inspeção
médica por todos os empregadores e instituições que aceitem empregados como
trabalhadores, especifica Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –
PCMSO, com o objetivo de promover e manter a saúde de seus colaboradores como
um todo.
O PCMSO prevê a realização de entrevistas de emprego, exames médicos
regulares, reintegração, mudança de função e demissional. Além do objetivo de
prevenir, monitorar e controlar possíveis danos à saúde e integridade do empregado
e identificar riscos anteriores, principalmente no que se refere a doenças relacionadas
ao trabalho.
Assim como o PPRA, o PCMSO também devem ser realizados se a empresa
tiver apenas um funcionário, mesmo que seja o proprietário, pois também está exposto
a riscos.
10
A título de exemplo, o PCMSO pode exigir uma análise do ambiente de trabalho
dos funcionários, a fim de identificar os riscos que podem afetar a saúde dos mesmos.
Portanto, uma série de exames clínicos específicos e complementares podem ser
solicitados para cada tipo de nível de risco da empresa.
Ainda de acordo com a Lei nº. 8.213/91, art. 118 O empregado que sofreu
acidente do trabalho e ficar afastado por mais de quinze dias (período máximo de
permanência sob a responsabilidade do empregador, inclusive no tocante ao
pagamento das verbas salariais) tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção do seu contrato, após a cessação do auxílio-doença acidentário
(benefício previdenciário) e retorno ao trabalho.
Barbosa, (2020) ressalta, portanto, as empresas devem ter muito cuidado em
relação à saúde e ao bem-estar dos seus empregados, o que pode ser constatado se
verificarmos os mencionados exames obrigatórios aos quais estão sujeitos os
empregados, bem como a manutenção do seu contrato de trabalho até um ano após
a cessação do auxílio-doença acidentário.
Visto que trabalho é qualquer atividade humana que visa sustentar o próprio
trabalhador e, no caso sua família, deve-se concluir que seu universo é realmente
muito amplo. Porque sob o rótulo de “trabalho” as atividades são realizadas “por conta
própria” (também para autossubsistência) ou “por conta de outrem” (no sentido
econômico); de forma "autônoma" ou "subordinada"; de forma “eventual” ou “não
eventual” Em última análise, vários ramos com suas particularidades surgem de um
mesmo tronco comum, embora todos tenham o mesmo propósito de garantir a
sobrevivência humana. Vejam-se algumas dessas formas contratuais de trabalho de
maneira pormenorizada:
Esse texto normativo foi objeto de muitas críticas da doutrina, inclusive do autor
desta obra. Dizia-se aqui, em edição anterior, que, se as formalidades legais a que se
refere o art. 442-B da CLT estivessem relacionadas apenas à construção de um
instrumental composto de peças contratuais, aumentariam exponencialmente o
número de ações trabalhistas para se discutir a tênue diferença entre o empregado
regido pela CLT e o “autônomo exclusivo e não eventual” que se colocou à disposição
de um único tomador de serviços por pura necessidade, ainda que submetido às
exigências da pejotização.
12
Para trabalhos eventuais os contratantes não definem projetos para o futuro.
Não sabem de nada e não discutem sobre a continuidade do atendimento, que
costuma ser pontual e instantâneo. A imprevisibilidade da repetição é uma
característica dessa configuração e, devido à sua singularidade, ela não pode ser
repetida.
Portanto, perceba-se, então, a existência de dois tipos diferentes de avulsos:
a) O trabalhador avulso portuário, regido pela Lei n. 12.815, de 5 de junho
de 2013; e
b) O trabalhador avulso não portuário, regido pela Lei n. 12.023, de 27 de
agosto de 2009, caracterizada pela obrigatoriedade de colocação do sindicato no
quadro de convenção coletiva negociada (acordo coletivo de trabalho ou convenção
coletiva de trabalho). Um exemplo desse tipo de avulso visível são os chamados
“chapas”, trabalhadores que, por meio do sindicato, se colocam à disposição dos
caminhoneiros e demais transitários para a realização das atividades de carga e
descarga.
Anote-se que as entidades sindicais têm a dura missão de organizar a
prestação do trabalho oferecido pelo universo dos trabalhadores avulsos, sem
distinção entre associados ou não associados, e de gerir a outorga de todas as
parcelas correspondentes a essa retribuição.
Contratos de trabalho por tempo determinado, por outro lado, são aqueles
ajustamentos cuja validade depende de um prazo, da prestação de determinados
13
serviços ou mesmo da realização de determinados eventos, aproximadamente
previsíveis. Resumindo: os ajustes por tempo determinado são assim chamados
porque têm efeito até que surja um último mandato ou até que os objetivos nele
pretendidos sejam alcançados. O prazo final ou pré-determinado é atingido quando
chega o último dia do ajuste (exemplo: contrato de experiência); os objetivos do
contrato são alcançados quando um determinado serviço é prestado (exemplo:
contrato de obra certa) ou quando ocorre um evento aproximadamente previsível
(exemplo: contrato de colheita).
14
4 ATIVIDADES OU OPERAÇÕES INSALUBRES
Nos termos do art. 189 da CLT, entende-se por atividades insalubres aquelas
em que os trabalhadores, pela sua natureza, condições ou métodos de trabalho, estão
expostos a substâncias nocivas acima dos limites de tolerância fixados pelo tipo e
intensidade da substância e pelo tempo de exposição.
Por lei (Art. 155, I, CLT), compete ao Ministério do Trabalho identificar o agente
nocivo, especificando o tipo, as condições e os métodos nocivos, bem como
estabelecer os limites de tolerância. É quem aprova por ato administrativo a tabela
indicativa de atividades e operações insalubres e também é favorável à adoção de
normas sobre os critérios para caracterização de condições insalubres, limites de
tolerância a agentes agressores, agentes de proteção e tempo máximo de exposição
dos empregados a esses agentes.
A Norma Regulamentadora NR15) identifica agentes físicos (ruído, calor,
pressões hiperbáricas, vibração, frio e umidade), químicos (substâncias químicas e
poeiras minerais devidamente identificados no Anexo NR15), ou biológicos
(substâncias biológicas devidamente identificadas no anexo NR15) de natureza
nociva e os respectivos limites de tolerância, se não previstos na regulamentação do
Ministério do Trabalho, os agentes, por mais nocivos que pareçam, não fazem jus ao
adicional de insalubridade.
Note-se que o limite máximo ou mínimo de tolerância de concentração ou
intensidade é entendido em relação ao tipo e tempo de exposição à substância que
não afeta a saúde do trabalhador durante sua vida profissional. Se o limite de
tolerância for ultrapassado, o pagamento do adicional de insalubridade é devido em
valores diferentes, independentemente de o serviço ser executado de modo
intermitente.
15
O percentual incidente sobre o salário mínimo será variável — 10%, 20% ou
40% — porque levará em consideração a dimensão da nocividade, segundo se
classifique em grau mínimo, médio e máximo, respectivamente. A classificação do
grau de nocividade é feita por perícia do Médico do Trabalho ou Engenheiro do
Trabalho no Ministério do Trabalho, nos termos do art. 195 da CLT. Depois de levada
em consideração a situação insalubre, o juiz nomeia perito habilitado para atestar o
grau e, na falta de perito, obtém laudo pericial do órgão competente do Ministério do
Trabalho à época.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: [...] XIII — duração do trabalho
normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho; (BRASIL, 1943)
16
5.1 Definição do Salário por Hora Normal Trabalhada
17
6 TRABALHO DE DURAÇÃO ESPECIAL
7 BANCO DE HORAS
18
um aumento na produção acarretar no excesso de jornada, para que a empresa não
tenha que pagar horas extras.
O Banco de Horas Anual só pode ser efetuado por meio de convenção coletiva
ou convenção a ser concebida de forma a que as horas sejam compensadas no prazo
máximo de 1 ano.
Com o encerramento anual do Banco de Horas, a soma das horas semanais e
o limite máximo diário não pode ultrapassar 44 horas ou 10 horas, a jornada de
trabalho não pode ultrapassar 10 horas diárias, o que significa que podem ser
ultrapassadas duas horas.
No prazo máximo de 1 ano, o total das horas extraordinárias e do tempo normal
de trabalho deve corresponder ao total de 44 horas diárias permitidas por semana ou
a outro limite legalmente estipulado para a jornada semanal de trabalho.
Por exemplo, se as horas extras começam em 1º de junho, devem ser
compensadas antes de 31 de maio do ano seguinte, quando o primeiro ano tiver sido
atingido.
Neste período, o total de horas trabalhadas (as normais mais as prorrogadas)
não poderá ultrapassar 2.288 horas (52 semanas x 44 horas).
19
7.3 Horas extras
8 FÉRIAS
20
Se as férias forem concedidas após o período legalmente estipulado, ou seja,
levando em consideração os 12 meses após a data em que o direito foi adquirido, o
empregador deve pagar o dobro da remuneração devida.
Se o referido prazo vencer sem que o empregador tenha concedido as férias,
o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época
de gozo das mesmas.
É importante ressaltar de acordo com o § 3º do art. 134 da CLT: É vedado o
início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso
semanal remunerado. Ou seja, o início das férias, coletivas ou individualmente, não
devem coincidir com sábados, domingos, feriados ou dias de compensação de
repouso semanal pagos. Portanto, as férias devem começar a partir dos dias de
trabalho efetivos dos funcionários.
A Lei 13.467/2017, conhecida com Reforma Trabalhista, promoveu uma série
de alterações na CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, dentre elas, está a
possibilidade de fracionar as férias em até 3 períodos, com o consentimento do
empregado. Ou seja, desde que o funcionário concorde, as férias podem ser gozadas
em até 3 períodos, um dos quais não pode ser inferior a 14 dias corridos e o outro não
inferior a 5 dias corridos.
Um exemplo dessas férias fracionadas é quando o empregador concede o
primeiro período de 14 dias e o segundo e o terceiro períodos de 8 dias cada,
totalizando 30 dias. Se o trabalhador tiver direito a 24 dias de férias por ausência não
justificadas de 6 a 14 dias, o empregador pode conceder o primeiro período de 14 dias
e os restantes 2 dias seguintes, o empregado gozará 5 dias em cada um. Se, por outro
lado, o trabalhador tiver direito a férias de até 18 dias corridos por falta injustificada, o
empregador não pode fracionar as férias por não atender ao disposto na legislação.
Outra alteração realizada de acordo com a Lei 13.467/2017 é a proibição do
início do gozo das férias no período de 2 dias que antecede feriado ou dia de repouso
semanal remunerado.
A legislação garante a todos os empregados, remuneração de férias com, pelo
menos, 1/3 a mais do que o salário normal.
A CLT conceitua como salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador.
21
Vale ressaltar que as importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda
de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para
viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado.
O trabalhador tem o direito de converter 1/3 das férias que lhe são devidas em
abono pecuniário, no valor da remuneração que seria devida nos dias
correspondentes. Essa quantia será devida quando o empregado solicitar ao
empregador a conversão daquele período de férias em valor monetário. Em outras
palavras, são os dias conhecidos como de “venda das férias”.
A conversão de 1/3 do período de férias é uma faculdade atribuída apenas ao
empregado, devendo ser concedida obrigatoriamente pela empresa, quando
solicitada no prazo legal.
O valor do abono pecuniário é calculado com base nas férias mais 1/3 do salário
normal garantido pela Constituição Federal.
De acordo com o entendimento doutrinário, o abono pecuniário não deve ser
contabilizado como tempo de serviço, ou seja, não deve ser levado em consideração
antes ou depois das férias, pois é dinheiro, ou o funcionário ganha mais e descansa
menos. Dessa forma, o abono significa a conversão em dinheiro de 1/3 da duração
original das férias, equivalendo à metade do valor do descanso, ou seja, o valor do
abono deve corresponder à metade do valor das férias de fato gozadas.
O abono de férias ora mencionado, bem como o concedido em virtude de
cláusula do contrato de trabalho, de regulamento da empresa, de convenção ou
acordo coletivo, Desde que não ultrapassem 20 dias de vencimento, não fazem parte
da remuneração do empregado na acepção da legislação trabalhista.Com a
revogação do § 3º do artigo 143 da CLT, pela Lei da Reforma Trabalhista, o abono
pecuniário de férias passou a ser estendido aos empregados que trabalham em
regime de tempo parcial, que é aquele cuja duração não exceda a 30 horas semanais,
sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja
duração não exceda a 26 horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até 6
horas suplementares semanais. Ressaltando que sobre o valor do abono pecuniário
não há incidência da contribuição previdenciária, do FGTS e do IR/Fonte
22
8.2 Considerações para cálculo de férias
23
9.1 Valor a Ser Pago
9.3 Contagem dos Avos Como Divisor Para Apuração das Médias
25
10 FOLHA DE PAGAMENTO
26
Ela tem uma função operacional, fiscal e contábil e discrimina o salário
bruto e o salário líquido que o profissional receberá a cada mês.
O artigo 255 explica as etapas necessárias para o processamento adequado
da folha de pagamento:
Dados do empregador;
Dados do colaborador (função ou cargo);
Descontos feitos (INSS, FGTS, Vale-Transporte, contribuição sindical);
27
Número de dias trabalhados;
Valor de horas extras, adiantamentos e adicionais;
Valor bruto do salário;
Valor líquido do salário.
28
Salário bruto: o valor do salário bruto deve corresponder à base da categoria
profissional de cada empregado, sendo nesta base todos os demais cálculos de
impostos e benefícios.
INSS: Para o desconto ao Instituto Nacional do Seguro Social, devem ser
observadas as seguintes regras, com base no salário bruto dos empregados:
Por exemplo, veja como fica o cálculo para um salário de R$ 3.000,00 no ano
de 2022:
Exemplificando:
7,5% de R$ 1.212,00 (por seu salário ter ultrapassado a primeira faixa), que
corresponde a uma contribuição de R$ 90,90; +
9% sobre R$ 1.215,34 (esse valor refere-se a diferença de valores da segunda faixa:
R$ 2.427,35 – R$ 1.212,01, uma vez que o salário da segurada ultrapassou esta
faixa também), que corresponde a uma contribuição de R$ 109,38 +
12% sobre R$ 572,66 (valor residual do salário do segurado após passar pelas duas
faixas: R$ 3.000,00 – R$ 1.212,00 – R$ 1.215,34), que corresponde a uma
contribuição de R$ 68,72.
29
(*) Alíquota exclusiva do Facultativo Baixa Renda. Não dá direito a
Aposentadoria por Tempo de Contribuição e Certidão de Tempo de Contribuição.
11 FGTS
30
O FGTS pode ser definido como um pecúlio do trabalhador em prol da
sociedade, cuja inserção na vida brasileira, há mais de 50 anos, tem contribuído
também para o progresso da sociedade e para o desenvolvimento nacional.
Enquanto o trabalhador não tem direito ao saque desses recursos, os recursos
são utilizados na implementação das políticas públicas de habitação, saneamento
básico e infraestrutura urbana. Com o advento do FI-FGTS em 2008, o FGTS também
passou a investir em portos, geração de energia, rodovias, ferrovias e outras
operações de mercado.
31
iniciado a atividade autônoma ou servidor público estatutário ou em caso de
aposentadoria ou falecimento do empregado.
Portanto, o fato do empregado ter sido dispensado por justa causa não o
impede de sacar recursos de sua conta do FGTS quando se aposentar, ou quando
comprar ou quitar o pagamento da própria casa, valores esses por intermédio de seus
dependentes ou herdeiros em caso de morte.
Também pode ocorrer a morte do empregador individual. Não havendo
continuidade do contrato de trabalho com a cessação da atividade da empresa por
morte do empregador individual, os contratos de trabalho são rescindidos e os
empregados podem sacar os valores pagos de FGTS em sua conta durante a vigência
do contrato.
No caso de extinção total da empresa, fechamento de quaisquer dos seus
estabelecimentos, filiais ou agências ou supressão de parte das suas atividades, há a
previsão de saque dos valores depositados em sua conta do FGTS, em relação ao
último contrato de trabalho. (ROMAR, 2017).
32
empresa ou empresas diferentes, e que a operação seja financiável nas condições
vigentes para o SFH.
Outra possibilidade de saque do FGTS é o caso de o trabalhador ou qualquer
de seus dependentes ser acometido de neoplasia maligna (câncer), ou ser portador
do vírus da imunodeficiência humana (HIV), ou, ainda, estiver em estágio terminal em
razão de doença grave.
Além disso, admite-se o saque para o trabalhador que tiver idade igual ou
superior a 70 anos. O saque durante a vigência de trabalho também é previsto em
caso de necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorram de desastre
natural. (ROMAR, 2017).
33
Portanto, de acordo com sua hipótese de incidência, o FGTS somente deve
incidir sobre verbas da natureza salarial, sendo inadmissível sua incidência sobre
verbas indenizatórias.
São beneficiários os empregados urbanos e rurais, incluindo os que trabalham
apenas na época das colheitas, atletas profissionais, trabalhadores avulsos e
temporários, além dos empregados domésticos.
A partir da Lei Complementar nº. 150, de 1º de junho de 2015, passou a ser
obrigatória a inclusão do trabalhador doméstico no FGTS, conforme previsto no art.
21, cuja regulamentação iniciou no prazo de 120 dias a contar da sua promulgação:
A conta vinculada de FGTS recebe correção monetária, que tem como base a
atualização dos saldos de depósitos da poupança e a capitalização de juros
remuneratórios de 3% ao ano. Essa remuneração é creditada na conta vinculada no
dia 10 de cada mês (art. 13 da Lei nº. 8.036/1990) (BRASIL, 1990).
12 PROCESSO RESCISÓRIO
34
O contrato, por sua vez, irá determinar aquilo que ficou acordado inicialmente
entre empregado e empregador. Em um contrato por prazo indeterminado, por
exemplo, incidirão verbas adicionais sobre as verbas que são devidas em uma relação
de trabalho firmada por contrato com prazo determinado.
Já em relação ao motivo do rompimento do contrato, Mattos (2020) afirma que,
serão dadas tratativas distintas para cada situação. Desse modo, no mercado de
trabalho, há distinção clara entre um rompimento de contrato que parte do empregado
e um rompimento de contrato que parte do empregador, assim como há distinção
quando alguma das partes comete falta grave. Esses aspectos serão estudados
detalhadamente nas seções a seguir.
35
O desligamento por justa causa é o resultado de um ato ilícito por parte do
empregado que faz com que a confiança e a boa-fé entre as partes desapareçam e a
continuidade da relação de trabalho seja indesejável. (MATTOS 2020)
Dispensa indireta
A dispensa indireta ocorre por conta de ato faltoso do empregador que faz
desaparecer a confiança e a boa-fé existentes entre as partes, tornando indesejável o
prosseguimento da relação empregatícia. (MATTOS 2020)
Culpa recíproca
Caracteriza-se a culpa recíproca quando ambas as partes (empregador e
empregado) colaboram para a rescisão contratual em função da prática concomitante
de atos faltosos, ou seja, da ocorrência simultânea das culpas.
Além dos tipos de desligamento citados acima, podem ocorrer o rompimento
do contrato de trabalho por aposentadoria, seja ela especial ou não, ou pelo
falecimento do empregado. Em ambos os casos, será necessário realizar apurações
das verbas rescisórias, que terão tratativas distintas dos demais casos de
desligamento apresentados. (MATTOS 2020)
Existe ainda o desligamento por acordo entre empregado e empregador,
previsto no Art. 484 da Lei 13.467/17, como segue:
O contrato de trabalho pode ser rescindido por acordo entre o empregado e o
empregador, caso em que são devidas as seguintes verbas:
I - Por metade:
36
O § 1º, do artigo 18 da Lei n. º 8.036/90, determina que a indenização sobre o
saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é devida na hipótese de
demissão sem justa causa. Nesses casos, o empregador deverá depositar o valor
equivalente a 50% do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada
do FGTS do empregado durante a vigência do contrato de trabalho. Quarenta por
cento (40%) desse valor deverá ser pago ao empregado como verba rescisória e dez
por cento (10%) deverá ser retido nos cofres públicos.
12.3 Documentos
37
O recibo de quitação de rescisão de contrato de trabalho será válido somente
se formalizado de acordo com a legislação vigente, notadamente quanto à respectiva
homologação. (MATTOS 2020).
TQRCT
O Termo de Quitação de Rescisão do Contrato de Trabalho (TQRCT), assim
como o TRCT, é o instrumento para a quitação das verbas rescisórias, e será utilizado
para o saque do FGTS, porém em casos em que não é devido o THRCT. (MATTOS
2020)
THRCT
O Termo de Homologação da Rescisão do Contrato de Trabalho (THRCT) está
alinhado com o Art. 500 da CLT, tendo como objetivo preservar e garantir a
autenticidade do desligamento do trabalhador. A partir desse documento, evidencia-
se a anuência dos órgãos competentes para com o processo rescisório. (MATTOS
2020)
38
Para a rescisão do contrato de trabalho, quer o trabalhador tenha dado aviso
prévio, ou o empregador formalizava a dispensa imotivada do trabalhador, dentre
outras hipóteses de rescisão.
Com a promulgação da Lei nº 13.467/2017, foi introduzida a Lei da Reforma
Trabalhista, que trouxe algumas alterações à CLT - foi instituída uma nova modalidade
de dispensa, ou seja, rescisão contratual entre empregado e Empregador por acordo.
Portanto, empregados e empregadores podem agora decidir se rescindem o contrato
de trabalho por mútuo acordo.
Se a relação de trabalho for rescindida por mútuo acordo, as seguintes verbas
são devidas:
Metade:
a) Aviso-prévio, se indenizado:
O empregado tem direito a metade do total de dias do aviso-prévio indenizado,
sendo que esse cálculo leva em consideração os 3 dias a mais por tempo de serviço
na empresa a que se refere a Lei 12.506/2011.
Por exemplo, se o funcionário tiver 6 anos completos de serviço, o direito ao
aviso prévio é de 48 dias.
No entanto, se o contrato de trabalho for rescindido por mútuo acordo, o
empregador paga metade desses dias, ou seja, apenas 24 dias de aviso-prévio
indenizado.
b) da indenização de 40% calculada sobre o saldo do FGTS.
Na rescisão do contrato de trabalho por acordo, a empresa depositará na conta
vinculada do FGTS do empregado, somente 20% (metade da indenização de 40% do
FGTS) do montante de todos os depósitos realizados durante a vigência do contrato
de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.
Pagamento integral:
- Das demais verbas trabalhistas.
Na rescisão do contrato de trabalho por acordo, o empregado terá direito as
demais verbas trabalhistas pagas integralmente, considerando seu direito adquirido,
ou seja, saldo de salários, férias, vencidas e proporcionais, acrescidas de 1/3, salário-
família, se for o caso, e 13° Salário proporcional.
39
12.6 Homologação
40
13 SEGURO-DESEMPREGO
41
- Quando o benefício for solicitado pela primeira vez:
O trabalhador deverá já ter recebido ao menos 12 salários nos últimos 18
meses anteriores à data de dispensa.
- Pela segunda vez:
O trabalhador deverá receber pelo menos 9 salários nos últimos 12 meses
imediatamente antes à data de dispensa.
- Pela terceira vez ou mais:
O trabalhador deve ter recebido pelo menos 6 salários nos meses
imediatamente anteriores ao dia do despedimento,
Não podendo o trabalhador beneficiário do Seguro-Desemprego ter qualquer
outra fonte de rendimento de qualquer espécie, ou qualquer outra pensão de benefício
contínuo, durante este período.
42
- Não estar em gozo de nenhum benefício de prestação continuada da
Assistência Social ou da Previdência Social, exceto auxílio-acidente, auxílio-reclusão
e pensão por morte; e
- Não ter vínculo de emprego ou outra relação de trabalho ou fonte de renda
diversa da decorrente da atividade pesqueira.
43
- Não receba nenhum benefício da previdência social, exceto auxílio-acidente
e pensão por morte.
- Não possui renda própria para seu sustento e de sua família.
Para o empregado resgatado, o valor de cada parcela é de um salário mínimo.
A lei garante ao trabalhador o direito ao benefício por um período não superior
a três meses para cada período aquisitivo de doze meses a partir da última parcela
recebida.
44
1- Deve existir dispositivo tratando do assunto em acordo ou convenção coletiva
de trabalho, devidamente aceita pela entidade representativa da classe
trabalhadora;
2- O acordo ou a convenção coletiva exige homologação nas unidades locais do
Ministério do Trabalho e Emprego, ou seja, nas Superintendências Regionais
do Trabalho e Emprego (antigas Delegacias Regionais do Trabalho).
45
14 BIBLIOGRAFIA
46
BARBOSA, Maytê Ribeiro Meleto. Rotinas trabalhistas e previdenciárias. 1.ed. São
Paulo: Sagah, 2020.
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005.
MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
OLIVEIRA, Aristeu de. Cálculos trabalhistas. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
OLIVEIRA, Aristeu de. Rescisão do Contrato de Trabalho. São Paulo: Atlas, 2001.
47
SILVA, José Afonso. Comentário contextual à Constituição. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007.
48
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
3.2.4 Especificidade................................................................................................. 30
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS
4
Judiciário. Um de seus fundamentos, assim como de toda a teoria geral dos
recursos, é justamente a falibilidade humana. Na condição de ser humano, o
juiz que profere a decisão pode errar, e, por isso mesmo, há hipóteses em
que é possível uma revisão. Daí ser possível a utilização de determinado
instrumento para a retificação daquele erro. Essa seria a trave mestra do
sistema recursal. (PAMPLONA FILHO; SOUZA, 2020)
Alguns pretendem que tal princípio não possua assento constitucional. Outros
entendem que ele estaria implícito no conteúdo do arts. 5º, 102 e 105 da
CF/88, que indicam ser o sistema judiciário hierarquizado, alguns órgãos
possuindo mais autoridade do que outros. A própria estrutura recursal estaria
assentada de sorte a permitir a recorribilidade de algumas decisões.
(PAMPLONA FILHO; SOUZA, 2020)
5
O que se entende num todo, é que pelo princípio do duplo grau de jurisdição,
um recurso sempre será julgado por um órgão superior ao que já foi dado uma
decisão, mas, em tese, não é desta forma. Em alguns casos, como por exemplo
acontece com a impetração de Embargos, a decisão pode ser reexaminada pelo
mesmo juízo em que se deu origem a primeira decisão.
1.2.2 Unirrecorribilidade
Por este princípio, entende-se que para cada situação diversa, existe um
recurso apropriado para solucionar a controvérsia existente, não havendo
possibilidade legal para impetrar mais de um recurso perante o mesmo ato.
6
Fungível é aquilo que pode ser substituído por outro equivalente. Baseada na
noção de fungibilidade recursal, permite-se ao recorrente interpor um recurso
ao invés de outro, atentando-se em maior monta para o conteúdo do recurso,
em detrimento da forma adotada pelo recorrente. (FILHO; SOUZA. 2020)
1.2.4 Voluntariedade
7
1.2.5 Proibição de Reformatio in pejus
1.2.6 Taxatividade
Este princípio defende que só pode ser impetrado em juízo, os recursos que
estejam legalmente previstos em lei. Tal fato é para evitar que as partes possam criar
recursos ao longo do processo. Ou seja, sem previsão legal, não há que se falar em
utilização de algum recurso.
A extensão pode ser vista através do artigo 1.013 caput do CPC, onde trata da
matéria que será julgada, dispondo que a apelação devolverá ao tribunal o
conhecimento da matéria impugnada. (BRASIL, 2015)
Por esta forma de efeito, o órgão poderá julgar somente a parte da matéria que
tenha sido objeto de impugnação pela parte, ou seja, não será julgado novamente
todo o conteúdo da decisão.
9
do trabalho, de forma geral, não existe efeito suspensivo perante os recursos.
De acordo com o artigo 899 da CLT, os recursos possuem apenas efeito devolutivo.
10
Público, que age como parte ou fiscal da ordem jurídica, e ainda um terceiro
prejudicado.
Em outra situação, é citado também pela CLT, em seu artigo 898, a disposição
de que das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de serviço
público, ou, em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão recorrer, além dos
interessados, o Presidente do Tribunal e a Procuradoria da Justiça do Trabalho.
(BRASIL, 1943)
O interesse recursal das partes pode ser caracterizado por toda situação que
envolve a sucumbência. “Baseia-se no binômio necessidade e utilidade, ou seja, o
recorrente deverá demonstrar que o recurso interposto é o instrumento útil e
necessário para ter os seus anseios julgados pelo Tribunal. ” (SANTOS; HAJEL
FILHO, 2020)
A tempestividade se trata dos prazos que devem ser observados para interpor
os recursos. Esta observação se deve ao fato da essencial preservação da lógica de
11
que a relação processual sempre caminha para a frente e a indefinição acerca do
momento em que isso poderia acontecer ocasionaria inequívoco prejuízo.
(PAMPLONA FILHO; SOUZA. 2020)
Este pressuposto está elencado no artigo 218 do CPC, onde dispõe que os atos
processuais devem deverão ser realizados dentro do prazo da lei, e ainda em seu §
4º, que, será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.
(BRASIL, 2015)
12
Em relação ao valor do depósito recursal, a regra geral é que será o valor da
condenação, sendo observados sempre os limites exigidos para cada recurso. Os
artigos 789, 789-A, 789-B, da CLT, dispõe sobre os cálculos destes valores.
13
2 RECURSOS EM ESPÉCIE
Este recurso encontra respaldo através dos artigos 893 e 895 da CLT, sendo:
Art. 224. Cabe recurso ordinário para o Tribunal das decisões definitivas
proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho em processos de sua
competência originária, no prazo legal, contado da publicação do acórdão ou
de sua conclusão no órgão oficial.
14
I – ação anulatória;
II – ação cautelar;
IV – agravo regimental;
V – ação rescisória;
VI – dissídio coletivo;
IX – mandado de segurança.
Quanto a impossibilidade, não cabe recurso ordinário das decisões que tiverem
origem dos processos de rito sumário, ou seja, os processos em que o valor atribuído
à causa for igual ou inferior a dois salários mínimos. Assim é o entendimento dos §§
3º e 4º do artigo 2º da lei 5.584/1970.
Este recurso deve ser apresentado por escrito, e o prazo para interpor são 08
dias que serão contados a partir da data em que foi proferida a decisão a ser
impugnada, exceto nos casos que a parte forem as entidades de Direito Público da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munícipios, neste caso, o prazo será
contado em dobro.
15
Quanto ao efeito, o recurso ordinário segue a regra geral de gerar apenas efeito
devolutivo de forma vertical, ou seja, o Tribunal que receber a impugnação da matéria
poderá analisar todos os pontos da matéria.
Após a outra parte se manifestar, o recurso então seguirá para uma instância
superior, onde será distribuído a base de sorteio para definir o relator e revisor. Sendo
assim, caberá a turma decidir por uma das hipóteses do artigo 932 do CPC, que é
aplicado também ao processo do trabalho.
16
* Quadro do artigo Recurso Ordinário Trabalhista da autora Cláudia Mara de Almeida Rabelo
Viegas
Com previsão legal através do artigo 896 da CLT, o recurso de revista necessita
de alguns pontos cabíveis para sua aplicação. É cabível sobre as decisões proferidas
17
em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do
Trabalho, quando:
18
Em casos de ação por rito sumaríssimo, o recurso de revista é cabível somente
quando a decisão estiver contrária com algum dispositivo direto da Constituição
Federal de 1988, ou as sumulas do TST.
De acordo com o artigo 896, § 1º, da CLT, o recurso de revista deverá ser feito
por petição simples e endereçado ao presidente do TRT do qual faça parte a turma
que deferiu o acordão que será julgado pelo recurso; e as fundamentações
endereçadas para uma das turmas do TST.
19
Abaixo dispomos um mapa mental com todas as informações fundamentais sobre
recurso de revista:
A previsão legal dos embargos está disposta através do artigo 894 da CLT,
sendo:
20
Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8
(oito) dias:
21
A regra geral, é que os embargos de declaração não têm finalidade de modificar
os resultados de alguma decisão, e sim, como já vimos acima, de esclarecer. Porém,
em algumas situações pode vir a acontecer alteração, quando feito, denomina-se
então embargos de declaração com efeitos infringentes.
Após protocolar a petição inicial dos embargos, a turma competente irá abrir
vista para a outra parte apresentar contrarrazões no prazo legal de 08 dias. As
contrarrazões efetivam o princípio do contraditório, de modo que nessa oportunidade
caberá à parte interessada se opor às alegações do recurso. (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2020)
Sua interposição deve ser feita no prazo de 08 dias, e seguindo a regra geral,
para o Ministério público, a Fazenda pública, e a defensoria pública, e as autarquias
de direito público, será contado o prazo em dobro, ou seja, 16 dias.
23
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de
impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção
de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional
distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto
no art. 799, § 2º, da CLT.(BRASIL, 2005)
24
2.5 Agravo de Petição
Importante lembrar que nem todas as sentenças na execução (sentido lato) são
recorríveis. Por exemplo: as sentenças de liquidação, as quais serão impugnadas na
oportunidade dos embargos à execução ou na impugnação à sentença de liquidação
(art. 884). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020)
Assim como nos recursos anteriores, o agravo de petição deve ser interposto
no prazo de 08 dias, como prazo em dobro se o recorrente for o Ministério público, a
fazenda pública, ou a defensoria pública. Caso aconteça de o prazo vencer em
sábado, domingo ou feriado, será contado então seu término para o primeiro dia útil
seguinte.
25
(g) incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou
impedimento do juiz (arts. 910 e 525, § 1º, CPC). (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2020)
Uma das previsões legal deste recurso encontra-se no artigo 102 da CF/88,
onde rege que caberá ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso
extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
26
recorrida for contrária a dispositivo da mesma constituição; se tratar da
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; julgar válida lei ou ato de governo local
contestado em face desta Constituição e julgar válida lei local contestada em face de
lei federal.
“A Constituição não exige que a decisão seja de algum tribunal, mas que
tenha esgotada a via recursal ordinária, dessa forma cabível o recurso
extraordinário das decisões de juiz singular (quando inexistir recurso
ordinário) e das Turmas Recursais dos juizados Especiais Criminais e Civis”.
(MORAES, 2002. p. 1397. Apud, JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020)
Este recurso deve ser feito por escrito, juntamente com suas devidas
fundamentações. Uma vez que se trata de um recurso com esfera técnica, não é
admitido a interposição do mesmo sem a presença do advogado. Da mesma forma,
não se admite discutir fatos e provas, pois de acordo com a súmula 279 do STF, para
o simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
27
3 EXECUÇÃO TRABALHISTA
A execução trabalhista está regida através dos artigos 876 a 892 da CLT, e
também por outras leis como a 5.584/1970 e a 6.830/1980. Quando houver
necessidade por omissão, deverá ser observado as regras do CPC, porém, somente
em último caso. Ressalta-se que a lei de nº 13.467/17, que ficou conhecida como a
Reforma Trabalhista, modificou várias redações da CLT dando nova interpretação ao
tema.
28
O quadro abaixo nos mostra a hierarquia das normas a serem aplicadas no
processo de execução trabalhista.
29
3.2.2 Limitação Expropriatória
Por meio deste princípio, a lei assegura que o juiz mandará ser executada a
sentença de modo que se faça o menos gravoso possível ao devedor. O que acontece
na maioria das vezes, é que o credor da relação jurídica trabalhista é o trabalhador,
neste mesmo entendimento, Santos e Hajel Filho asseveram:
3.2.4 Especificidade
30
De acordo com o artigo 809 do CPC, o credor terá o direito de receber além de
perdas e danos, o valor da coisa que vier a se deteriorar, não for entregue, ou não for
reclamada pelo adquirente. (BRASIL, 2015)
Este princípio tem como base legal o artigo 775 e 200, parágrafo único do CPC.
Essas redações impõem que o exequente pode desistir de toda ação executória, ou
também de algumas medidas nela contida, independentemente da concordância do
devedor.
31
Obrigação certa é aquela que já se encontra pré-determinada pelo ato da
execução, não sendo passível de modificação. Sua origem está ligada ao objeto
material discutido no processo.
Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido
recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos
de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os
termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia
serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo. (BRASIL, 1943)
32
3.4 Execução Provisória e Definitiva
Entendemos então que a execução provisória pode ser alvo de recurso que a
impugne. Pois bem, este recurso deve gerar apenas efeito devolutivo, não é possível
que produza efeito suspensivo, uma vez que este impediria a decisão de gerar seus
efeitos.
O artigo 899 da CLT faz menção que a execução provisória deverá ir até a fase
da penhora. “Não se pode falar em liberação de valores. O juiz não irá julgar os
embargos eventualmente apresentados, pois o julgamento pode tornar-se inútil se a
sentença for modificada por meio de recurso. ” (MARTINS, 2016. Apud, SANTOS;
HAJEL FILHO, 2020)
33
Apesar de algumas correntes divergentes quanto à eficácia deste tema, a
doutrina majoritária entende que a execução provisória é suficiente até a fase da
penhora, uma vez que garante o direito requerido e até mesmo contribui para
negociação entre as partes, dando possibilidade a um acordo mais pacifico e com
maior celeridade
Por fim, temos a execução definitiva tem origem na sentença que é impossível
dela recorrer. A execução definitiva tem origem na sentença que é impossível dela
recorrer. De acordo com a redação dos artigos 876 e 784, I do CPC, esta acontece
quando já aconteceu o trânsito em julgado de sentença condenatória; o
inadimplemento do acordo realizado em juízo, ou da conciliação firmada perante as
comissões de conciliação prévia, ou ainda perante o descumprimento dos termos de
compromisso de ajuste de conduta firmados junto ao Ministério público; em caso de
cheques, e notas de promissória.
3.5 Legitimidade
35
III – o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a
obrigação resultante do título executivo;
A liquidação por cálculo talvez seja a modalidade mais comum usada na Justiça
do Trabalho. Através dela é possível chegar ao resultado da condenação por meio de
avaliações aritméticas.
36
Esta modalidade é possível quando existem nos autos todos os elementos
suficientes para a quantificação do julgado, bastando a mera conversão daquelas
informações, a quantificação, no correspondente em valor pecuniário. (FILHO;
SOUZA, 2020.)
Após uma das partes apresentar os cálculos, deverá ser conferido se a outra
parte tem o interesse de impugnação com as devidas argumentações sobre a
discordância.
37
3.6.3 Liquidação por arbitramento
Desta forma, deverá o credor ou o devedor requerer tal liquidação por meio de
uma petição, no qual o juiz irá examinar e fazer o pedido dos documentos que sejam
necessários para apuração da quantia devida.
38
Como exemplos de ação para a entrega de coisa certa, temos as ações
possessórias, tais como: imóvel cedido em função da existência do contrato de
trabalho; ferramentas, utensílios de trabalho, mostruários, que fiquem na posse do
trabalhador. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020)
Caso o executado cumpra com a entrega da coisa, será então lavrado o termo
com as devidas conclusões de que foi concluído e satisfatório a obrigação. A exceção
neste caso acontece caso houver o prosseguimento da execução para o pagamento
de frutos ou ressarcimento de prejuízos.
39
Em qualquer dos casos, é facultado às partes, no prazo de quinze dias,
impugnar a escolha feita pela outra. Na sequência, o juiz deverá decidir de plano ou,
se for necessário, ouvir perito de sua nomeação. (JORGE NETO; CAVALCANTE,
2020)
Os artigos 497 e 501 do CPC, dispõe que nas ações que tenham prestação de
fazer ou de não fazer, o juiz concederá tutela especifica ou irá determinar providencias
que garantam a obtenção de tutela pelo resultado prático semelhante.
Caso ainda assim a obrigação não venha a ser cumprida, poderá o juiz fixar a
multa para que o executado efetue o cumprimento da obrigação.
40
3.7.4 Obrigação de não fazer
A obrigação de não fazer permanente, é regida pelo artigo 822 do CPC, e diz
que se o executado tenha praticado o ato cuja abstenção se vinculou pela lei ou pelo
contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo
Esta espécie permanente é a mais comum perante a Justiça do Trabalho. Jorge Neto
e Cavalcante nos dá um exemplo para melhor entendimento:
41
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 38. ed. São Paulo: Saraiva,
2016.
SANTOS, Enoque Ribeiro dos; HAJEL FILHO, Ricardo Antonio Bittar. Curso de
direito processual do trabalho. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2020.
42
SOUZA, Letícia. Recurso de Revista. Disponível em:
https://www.dicasconcursos.com/recurso-de-revista/ Acesso em junho 2021
43
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
2 CONCEITO ............................................................................................................... 6
4.7 Contrato............................................................................................................... 11
2
9.1 Conduta humana ................................................................................................. 21
9.1.2 Omissiva 21
3
15.3 Fato de terceiro ................................................................................................. 30
19.1 Requisitos.......................................................................................................... 37
20 EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE.............................................................. 38
4
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
5
2 CONCEITO
6
Carlos Roberto Gonçalves leciona:
O Estado passou, então, a intervir nos conflitos privados, fixando o valor dos
prejuízos, obrigando a vítima a aceitar a composição, renunciando à vingança. Essa
composição permaneceu no direito romano com o caráter de pena privada e como
reparação, visto que não havia nítida distinção entre a responsabilidade civil e a penal.
(DINIZ, 2011. p. 27)
7
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. (GONÇALVES, 2005. p. 8)
4 DO CONTRATO DE TRABALHO
Para que haja um contrato é necessário que haja ao menos duas partes, um
vínculo jurídico entre elas e o objeto.
8
4.3 Força vinculante
Esse princípio quer dizer que o contrato faz lei entre as partes, melhor dizendo,
tem força obrigatória. Ao se firmar o contrato, com obediência do ordenamento
jurídico, vincula-se as partes ao cumprimento do que for contratado.
Este princípio está disposto nos artigos 421 e 2035 do Código Civil, in verbis:
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
A função social é uma norma de ordem pública, e sendo assim, pode ser
aplicada através de ofício pelo Juiz. É regra limitadora da autonomia da vontade para
que se observe o princípio da socialidade, tendo como objetivo a justiça contratual.
9
do contrato, e através de ofício substituir por outra, de forma que o contrato cumpra a
função social, sem precisar decretar a nulidade do contrato por inteiro.
Ainda que, o parágrafo único do artigo 421 do Código Civil mencione que nas
relações contratuais privadas preponderarão o princípio da intervenção mínima, e a
excepcionalidade da revisão contratual, será possível alterar as cláusulas contratuais
que não cumpra a função social do contrato.
O artigo 422 do Código Civil leciona: “Os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade
e boa-fé.” (BRASIL, 2002)
10
4.7 Contrato
11
contrato: bilateral, oneroso, e comutativo, onde o contrato de trabalho gera direitos e
obrigações, recíprocas entre as partes.
No que diz respeito as fases preliminares, como regra, não obrigam as partes.
Mas há uma proposta formal de condições de trabalho caso ela seja aceita pela parte
contrária, que obrigará o proponente caso o contrato de trabalho seja efetivado. O
artigo 428 do Código Civil disserta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por
meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado;
12
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
13
direito e obrigações; e capacidade de fato ou de exercício, que é a capacidade de
exercer pessoalmente os direitos, e praticar todos os atos da vida civil, sem precisar
de assistência ou representação, que é adquirida aos 18 anos de idade:
II - pelo casamento;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
14
O art. 442, da CLT, em regra geral quanto à sua forma, o contrato de trabalho
não exige formalidade escrita, podendo ser pactuado de forma: expressa ou tácita.
Porém alguns contratos requer uma formalidade especial, precisando ser escritos e
principalmente observados os requisitos previstos em lei especial.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por
qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante
o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido
subestabelecidos. (BRASIL, 2002)
15
Já o artigo 166 do Código Civil, disserta:
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
Desse modo, mesmo que tenha sido nulo o contrato de trabalho, o empregado
não precisará devolver os salários recebidos, pois o empregador não terá como
restituir a força de trabalho. Se a atividade realizada pelo trabalhador for ilícita não se
formará o vínculo de emprego, mesmo com o princípio da proteção ao trabalho
humano.
16
5 A RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
17
pessoa capaz ou incapaz), da violação de um dever fundado em algum princípio geral
de direito. Uma vez que não há vínculo anterior entre as partes, pelo fato de não
estarem ligadas por relação obrigacional.
A responsabilidade civil objetiva tem como critério a teoria do risco. Sendo que
essa teoria se baseia na ideia de risco, ou seja, aquele que criar o risco estará sujeito
a indenização pelo dano causado, independente de culpa.
Exemplos de responsabilidade civil objetiva: art. 14, § 4º, CDC das relações de
consumo é em regra objetiva, a única exceção é aquela dos profissionais liberais; art.
187 do CC decorrente de abuso de direito independe de culpa e fundamenta-se
apenas no critério objetivo finalístico; art. 933 do CC por fato de terceiro; art. 936 do
CC pelo fato do animal; art. 937 do CC pela ruína de edifício ou construção; artigos
929 e 930 da pessoa que agiu em estado de necessidade; e quando se tratar de risco
integral, nem o caso fortuito e a força maior são capazes de afastar a responsabilidade
civil.
18
dever ou obrigação preexistente; já a culpa stricto sensu é formada por dois elementos
(um objetivo e outro subjetivo) diz respeito ao aspecto psicológico do agente.
19
8 INDENIZAÇÃO NA RESPONSABILIDADE CIVIL
Quando houver casos em que a culpa for pequena e o dano material amplo,
grande, a desproporção nunca será para cima, mais sim pra baixo. Por exemplo,
causa com prejuízo material de um milhão de reais, mas pelo fato da culpa ser
pequena, o juiz julgará por equidade. Embora o prejuízo causado seja de um milhão,
pagaria por exemplo, quinhentos mil.
Havendo então, duas condições desse artigo: a primeira entende que precisa
haver um prejuízo muito grande e uma culpa pequena e a outra entende que a
diferença deve ser alta (excessiva).
20
9 ELEMENTOS OU REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
9.1.1 Comissiva
É a conduta que envolve um agir, uma ação do sujeito. Apesar disso, essa
ação acaba violando um dever jurídico imposto pela lei ou pelo contrato, que acaba
gerando danos que deverão ser indenizados.
9.1.2 Omissiva
Para haver a imputação de responsabilidade a um sujeito pela sua omissão, é
essencial que antes exista um dever de agir imposto pela norma. Sendo assim, se não
há o dever de agir, não há que se falar em conduta omissiva. Podendo ser
proveniente: da lei, do contrato, ou do dever de ingerência. Devendo haver um grau
de consciência no que se faz, para que assim, se enquadre como uma conduta
humana, sendo geralmente por conduta ilícita, mas também pode decorrer de ato lícito
previsto em lei.
21
9.2 Nexo de causalidade
10 TIPOS DE DANO
22
10.2 Danos patrimoniais positivos (danos emergentes)
11 DANOS EXTRAPATRIMONIAIS
a) Função Punitiva: em que o ofensor precisa sofrer uma repressão para que se
abstenha de praticar novamente a conduta que ensejou o dano moral;
23
A indenização não poderá exceder ao dano causado, pois segundo
ordenamento jurídico, a indenização não pode servir como pena civil, sendo capas até
mesmo ser considerado enriquecimento sem causa, caso seja desproporcional.
Já os critérios para a fixação do dano moral são: compensação pela dor sofrida;
condição financeira do ofensor; condição financeira da vítima; comportamento do
ofensor após a prática do ilícito.
24
Há possibilidade também de verificar a previsão legal em situações específicas,
um exemplo é no caso do homicídio, em que há previsão de pagamento das despesas
de funeral, médicas, luto e alimentos à dependente da vítima.
O sujeito do dano moral pode ser qualquer pessoa natural. O nascituro poder
ser vítima do dano moral, nos casos compatíveis com a sua natureza, as pessoas
falecidas e as pessoas jurídicas também.
Portanto, admite-se dano moral coletivo nos casos que ocorrer uma violação
coletiva da personalidade. Diante disso, a tutela processual deve se dar através de
ação civil pública, cujos legitimados estão no art. 5º da Lei de Ação Civil:
25
11.1.3 Dano moral por abandono afetivo
De acordo com o art. 6º VI do CDC, e Lei de Ação Civil Pública art. 1º, o dano
moral difuso tutelado pela previsão legal, só pode ser caracterizado como uma lesão
ao direito de toda e qualquer pessoa. Admitindo-se dano moral coletivo quando
ocorrer uma violação coletiva da personalidade.
Diante disso, a tutela processual deve acontecer mediante ação civil pública,
cujos legitimados estão no art. 5º da Lei de Ação Civil Pública.
É possível considerar o dano afetivo com uma visão objetiva, como a violação
ao dever de assistência, que causa um dano. A prescrição do dano moral, a pretensão
reparatória de responsabilidade civil, prescreve em 3 ou 5 anos, na forma do Código
Civil ou do Código de Defesa do Consumidor CDC.
12 DANO ESTÉTICO
Não pode haver dúvidas ou confundir os institutos, uma vez que a imagem é a
representação exterior, é a visão sensível de uma pessoa perante os outros. Por isso,
ao violar a imagem de um indivíduo sem a sua autorização, causa dano “in re ipsa”,
nos casos de fim econômico ou Comercial.
26
Segundo o art. 6 Código Civil, a morte extingue a personalidade, mas não
extingue a proteção aos direitos da personalidade. Sendo assim, o STJ entende que
deve ser reconhecida a legitimidade dos herdeiros do morto a formularem pretensão
indenizatória em razão da ofensa à imagem do falecido, seja em razão de prejuízo
material ou moral.
Para configurar o dano indireto, é preciso que uma mesma vitima sofra um dano
direto, e esse dano ao se alastra cause consequências nos demais fatos jurídicos. No
que lhe diz respeito, o dano reflexo é aquele que atinge uma da vítima direta indireta.
Havendo pluralidade de vítimas.
27
14 PERDA DE UMA CHANCE
A perda de uma chance permite uma indenização não pelo resultado não
obtido, e sim por ter perdido a chance de obtê-la, de forma que, quanto maior provável
será a chance, lembrando que tal valor indenizatório deve ser arbitrado pelo juiz.
Podendo ser cumulado com dano moral, patrimonial e estético. “Salvo as exceções
expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além
do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.” (BRASIL,
2002)
Nos artigos 186, 927, 948 e 949 do Código Civil, estão dispostos o fundamento
legal para a perda de uma chance. Há inúmeros julgados do Supremo Tribunal da
Justiça (STJ) que aceitam a perda de uma chance, um ótimo exemplo é o famoso
caso do “Show do Milhão” do programa de TV apresentado por Silvio Santos, de uma
participante que foi indenizada por uma pergunta sem resposta. “Por unanimidade, a
Quarta Turma do STJ rejeitou os embargos de declaração (recurso para sanar dúvida
ou contradição de sentença ou acórdão) no recurso especial e manteve o valor da
indenização confirmada em acórdão do STJ.” (Migalhas, 2006)
28
15 EXCLUDENTES DE NEXO DE CAUSALIDADE
O artigo 393, Código Civil, equipara essas duas expressões sob uma
denominação que é “inevitabilidade do evento”.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito
ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Caso aconteça esse tipo de evento que é inevitável, entende-se que o nexo
estaria rompido, não ocorrendo responsabilidade civil, como por exemplo: furacões
enchentes greves, etc.
29
Excepcionalmente, o grau de culpa pode ter importância na fixação do valor da
indenização em duas situações que não exclui, mas pode mitigar.
Vale citar a teoria do corpo neutro, que trata-se da aplicação do fato de terceiro
nas hipóteses em que o agente físico do dano atingido, é involuntariamente lançado
contra a vítima.
30
15.4 Cláusula de não indenizar (contratos)
Ocorre nos casos em que uma das partes contratantes declara que não será
responsável por danos emergentes do contrato em inadimplemento total ou parcial.
Refere-se à exoneração convencional do dever de reparar o dano, tendo requisitos
específicos: o consentimento deve ser bilateral; não colidir com preceito cogente de
lei, com a ordem pública e os bons costumes; e não deve eximir o dolo ou a falta grave
do estipulante.
E por fim, há três hipóteses que não é admitida: nos contratos consumo,
contrato de adesão e obrigações de resultado.
16 EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Mais cuidado, por que nos artigos 929 e 930 do Código Civil, diz que
independente da excludente de ilicitude, o dano causado em estado de necessidade
pode gerar o dever de indenizar.
31
16.2 Legítima defesa
É agir contra agressão injusta, atual ou iminente, e que excluída a ilicitude não
há o dever de indenizar. No entanto, caso seja ferido o direito de terceiro inocente, o
mesmo poderá demandar o agente, que terá uma ação regressiva contra o verdadeiro
culpado.
No que diz respeito à legitimidade ativa para a que haja a reparação civil,
entende-se que a vítima é a titular do direito. Poderão pleitear a reparação os
sucessores, nos termos do artigo 943 do Código Civil, juntamente analisado com os
artigos 12 e 20 do artigo mencionado.
Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica, podem pleitear dano material
ou dano moral, lembrando que a pessoa jurídica também tem exposição moral, como
32
mencionado. Por vezes, os familiares próximos sofrem danos, em consequência de
ato antijurídico praticado a outra pessoa.
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
33
V- Representa-los, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil e assistílos,
após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
Nesse extenso rol não consta o que talvez seja o mais importante dever dos
pais com relação aos filhos: o dever de lhes dar amor, afeto e carinho. A
missão constitucional dos pais, pautada nos deveres de assistir, criar e
educar os filhos menores, não se limita a vertentes patrimoniais. A essência
existencial do poder parental é a mais importante, que coloca em relevo a
afetividade responsável que liga pais e filhos, propiciada pelo encontro, pelo
desvelo, enfim, pela convivência familiar. (DIAS, 2009. p. 338)
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por
ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.
34
18.1 Abandono moral
19 ABUSO DE DIREITO
Por isso, que foi no Código Civil de 2002 que positivaram essa teoria do abuso
de Direito, disposto no artigo 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito
35
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. (BRASIL, 2002)
A doutrina traz alguns conceitos sobre o abuso de direito, assim disserta Marcel
Planiol: “...o direito cessa onde o abuso começa [...] e não se pode fazer uso abusivo
de um direito qualquer, pela razão irrefutável de que um só e mesmo ato não pode
ser, a um só tempo, conforme ao direito e contrário ao direito.” (PLANIOL, 2000)
“Os direitos são conferidos aos homens para ser usados de uma forma que se
acomodem ao interesse coletivo, obedecendo as suas finalidades, segundo o espírito
da instituição.” (JOSSERAND apud RODRIGUES, 1998. p. 314)
“Esta concepção já era desenvolvida por Kant, para quem a ideia de justiça é
indissolúvel da liberdade e da igualdade. Assim, o exercício da liberdade de cada um
deve compatibilizar-se com a liberdade dos demais. Justa é somente a ação, sob cuja
máxima a liberdade de arbítrio de cada um pode coexistir com a liberdade de todos.”
(KANT apud SALGADO, 1995, p. 245)
36
O fundamento ético da teoria do abuso de direito, pode determinar em que a lei
não deve permitir que alguém se sirva de seu direito exclusivamente para causar dano
a outrem.
Nos artigos 187 e 927 do Código Civil, o abuso de direito é comparado ao ato
ilícito, por ter característica de quando o seu titular ultrapassar manifestamente os
limites impostos pelo fim social ou econômico, pelos bons costumes e pela boa-fé, e
assim produzindo o dever de indenizar o terceiro prejudicado.
19.1 Requisitos
b) Exercício irregular do direito: o titular do direito vai além do preciso ao utilizar o seu
direito.
37
d) Violação do direito alheio: para haver a utilização de medidas judiciais da parte do
prejudicado é preciso que ocorra a violação ao direito alheio.
20 EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE
Nesse caso, é necessário que haja a inversão do ônus da prova, e quem deve
provar é o: construtor, produtor, fabricante, ou importador, que não existe defeito.
Verifica-se que isso acontece porque para o legislador eles têm condições de
enfrentar uma demanda, questionando a existência ou não do defeito nos produtos.
38
21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Redação dada pela Lei nº 11.448, de 15 de janeiro de 2007 à Lei nº 7.347,
de 24 de julho de 1985.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Direito administrativo. Rio de Janeiro: Editora
Lumen Iuris, 2002.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 25ª
ed. São Paulo: Saraiva. v. 7, 2011.
DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito Civil. 3º ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
39
FERNANDES, Antônio Monteiro. Direito do Trabalho. 3º ed. Coimbra: Almedina,
2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 8º ed. São Paulo
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. Parte geral. v. 1. São Paulo: Saraiva, 1998.
40
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
1 DA CONQUISTA À REFORMA DOS DIREITOS TRABALHISTAS ............... 4
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 DA CONQUISTA À REFORMA DOS DIREITOS TRABALHISTAS
Para uma abordagem adequada requer uma análise das origens históricas do
direito do trabalho, mostrando como os direitos dos trabalhadores foram cumpridos e
como essas garantias evoluíram até o nível constitucional.
Somente analisando o desenvolvimento dinâmico ao longo do tempo, a partir
do seu surgimento, pelas mudanças nos meios de produção e nas condições de
trabalho dos trabalhadores, é possível compreender a construção e as mudanças que
estão ocorrendo na concepção do direito do trabalho hoje.
4
Com o desenvolvimento da sociedade, as corporações de ofício começaram a
existir já na Idade Média, uma forma de trabalho mais complexa e em que os
trabalhadores tinham maior liberdade.
As corporações de ofício buscavam agrupar trabalhadores do mesmo setor e
local para criar um estatuto com algumas regras que disciplinassem as relações de
trabalho. Havia três personagens nesta organização, os professores, os
companheiros e os aprendizes.
Nas palavras de Martins, verbis:
1
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
5
motores a vapor já geravam milhares de desempregados que começaram a viver à
margem da sociedade.
Com o aumento do número de desempregados, havia uma grande procura de
empregos, o que fazia com que os empregadores pudessem expor seus trabalhadores
a condições extremamente humilhantes, obrigando-os a trabalhar em condições
insalubres, em casos de incêndios, explosão, intoxicação por gás, inundações,
deslizamentos de terra, prestação de serviços com baixos salários e com uso de várias
horas.
Foi um período sombrio para os trabalhadores que enfrentaram uma miríade
de riscos no desempenho das suas funções, pois não tinham um nível mínimo de
saúde, higiene e segurança no local de trabalho, estavam sujeitos a doenças ou
sofreram um acidente de trabalho. Em todo caso, se eles ficassem incapacitados, logo
seriam substituídos por outra pessoa que trabalharia até a exaustão sob os mesmos
riscos.
As cidades daquela época descreviam os problemas dos operários nas
fábricas. Enquanto um grupo de desempregados vivia à margem da sociedade, sem
oportunidade de buscar uma vida melhor, aqueles que tinham trabalho viviam em
condições terríveis, dadas as condições muitas vezes desumanas que lhes eram
impostas. Eles permaneciam enfornados durante horas em fábricas úmidas e sujas.
Nesse ponto, tornou-se evidente a necessidade de intervenção governamental,
capaz de regular as relações industriais e coibir abusos cometidos por empregadores.
Naquela época, ainda estimulados pelas ideias iluministas repetidas desde a
Revolução Francesa, surgiram movimentos da classe trabalhadora convocando o
Estado a intervir nas relações industriais e em busca do bem-estar social. Essa
pressão dos trabalhadores forçava o Estado a expandir as funções tradicionalmente
atribuídas a ele pela doutrina liberal: além de proporcionar segurança, justiça e
construção de obras públicas, distribuir a renda e melhorar a qualidade de vida dos
desfavorecidos”.
Com a crescente mobilização dos movimentos proletariados, o Estado
começou a interferir ainda que provisoriamente nas relações de trabalho, e leis
dispersas foram criadas em vários países para suprir a hiporregulamentação.
Levantar a proibição do trabalho infantil noturno e por mais de 12 horas e o “conseils
6
de prud'hommes”, um conselho estabelecido na França em 1806 para administrar
organizações de trabalhadores e resolver disputas industriais.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, surgiu pela força um movimento de
constitucionalismo social que pretendia elevar vários direitos sociais ao nível das
normas constitucionais.
Nesse contexto, foi criada em 1917 a Constituição do México, a primeira
constituição a conter diversos direitos trabalhistas, que estabelecia, verbis:
2
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho na Constituição de 1988. São Paulo:
Saraiva, 1989.
8
do trabalho insalubre para menores de dezoito anos e para as mulheres, o
repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos, as férias, a
indenização e o princípio da regulamentação do exercício de todas as
profissões. (NASCIMENTO, 1989, p. 8)
3
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
9
Sabe-se que o regime militar privou os cidadãos brasileiros de inúmeros direitos
políticos e civis, mas em termos de legislação trabalhista, apesar das mudanças,
muitos deles tinham o poder de proteger os trabalhadores.
Os primeiros passos do regime no campo do trabalho referiram-se à
regulamentação do direito à greve pela Lei nº 4.330 de 1 de junho de 19645 e à
criação da Lei nº 4.589 de 1 de dezembro de 19646, que apagou as autoridades fiscais
dos sindicatos e criou os Departamentos Nacionais de Emprego e Salário, de
Segurança e Higiene no Trabalho.
Com isso, o regime representou uma de suas principais influências no moderno
Direito do Trabalho, a saber, a introdução do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) pelo Decreto nº 59.820, de 20 de dezembro de 19667, que possibilitou ao
trabalhador optar pela adesão ao novo fundo ou continuação do antigo regime.
Logo após a fiscalização do FGTS, o novo regimento de 1967 foi aprovado e
alterado, vejamos:
5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4330.htm
6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4589.htm
7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D59820.htm
8
PEDROSO, Márcia Naiar Cerdote. Revista Latino-Americana de História: Edição Especial -
Lugares da História do Trabalho. Rio Grande do Sul: Unisinos, v. 1, n. 3, mar. 2012. Semestral.
10
Nesse ponto, vale destacar a grande conquista da CLT, que passou a ser vista
pela Lei Maior como um direito essencial para o bom funcionamento do Estado, que
é elevado a direito fundamental.
A respeito dessa conquista alcançada pelos direitos trabalhistas, salienta
Maurício Godinho Delgado, in verbis:
11
participação popular direta, separação de poderes, legalidade e direitos (individuais e
políticos)". Como eu disse, para obedecer aos direitos fundamentais dos cidadãos é
necessária uma lei maior que deve ser respeitada pelos subordinados, conhecida
como Constituição.9
Isso garante a participação direta e indireta da população no processo decisório
e garante que esse direito não seja prejudicado pelas atuais maiorias que chegam ao
poder. Ou seja, a existência da Constituição garante maior segurança jurídica,
sabendo-se que as regras continuarão a ser observadas independentemente de quem
estiver no poder.
Dito isso, conforme conclui o jurista italiano Pietro Costa, verbis:
9
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. 4. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2009.
12
Um sistema jurídico complexo é caracterizado por uma infinidade de fontes que
estabelecem regras de conduta. Isso se deve à necessidade de normas para manter
o bom funcionamento da sociedade.
Portanto, além de sua fonte direta, também chamada de fonte original, todo
pedido possui fontes indiretas ou inferidas que podem ser divididas em duas
categorias: fontes reconhecidas e fontes delegadas. As primeiras são aquelas
resultantes do reconhecimento de padrões já estabelecidos por outros regulamentos
anteriores, enquanto as fontes delegadas são baseadas quando a
autoridade para desenvolver padrões legais é delegada a órgãos inferiores. Desse
modo, fica claro que as regras também surgem dos mais diversos pontos e, assim,
uma ordem complexa se configura.
Em relação ao conceito e às diferenças entre fontes delegadas e fontes
reconhecidas, é necessário compreender o conceito geral sobre a formação e
estrutura do sistema jurídico.
Se todas as regras vêm do poder primitivo, enfrentaremos uma ordem simples,
mas na ordem real, as regras são realizadas por meio de múltiplos canais, que são
causados principalmente por dois fatores.
O primeiro está relacionado ao fato de que qualquer sociedade civil que forma
um sistema jurídico foi protegida por várias regras, incluindo moralidade, religião,
sociedade e tradição. Portanto, a nova ordem formada não pode apagar
completamente as raízes das normas anteriores, de modo que as normas existentes
passam a fazer parte da nova ordem, e esta nova ordem é restringida pela ordem
anterior. O poder básico aqui é mais legal do que histórico, porque o poder soberano
está sujeito a restrições externas.
O segundo ponto diz respeito à necessidade da instituição original manter
padrões constantemente atualizados para atender ao desejo do país de definir e
regulamentar padrões. Ao contrário da primeira situação, quando a restrição vem de
fora, é executada pelo poder originário e, por fim, termina com a autocontenção,
transferindo o poder normativo para o sistema que dele depende e criando um número
ilimitado de fontes.
Devido às diversas fontes do direito moderno, é necessário um elemento que
sustente a harmonia normativa e unifique todo o sistema jurídico.
13
As normas que existem em uma ordem não estão todas no mesmo nível. A
norma superior é a base da existência da norma inferior, ou seja, as primeiras dirigem
as últimas.
Em síntese, Kelsen explica:
Segundo o autor, cada regra criada possui uma regra superior que lhe dá uma
base efetiva (até a base final, que é uma regra básica), mas também impõe restrições
à sua implementação. Na maioria das vezes, as normas básicas superiores
determinam limites materiais e formais que delimitam o conteúdo que a norma inferior
pode regular e a forma como é transmitido.
Esses limites ficam claros quando analisamos os poderes que as normas
constitucionais conferem às leis ordinárias. O limite formal é explicado pelas várias
regras da Constituição, que descrevem em pormenor o funcionamento dos órgãos
legislativos na produção de normas. Os limites materiais, por outro lado, residem na
impossibilidade de a norma ordinária contrariar a norma constitucional, de modo que
nenhuma matéria promulgada pela lei ordinária pode violar a lei superior.
Para ilustrar a ideia de Kelsen, costuma-se exemplificar a escala normativa de
sua teoria em uma pirâmide onde as normas superiores apoiam as normas inferiores.
No entanto, em todo o processo de desenvolvimento da teoria da escala normativa, o
autor enfrentou o problema de que um padrão deveria se tornar uma pirâmide, sem
exigir um padrão superior ao conceito.
Este padrão supremo tem sido chamado de Padrão Básico e se refere à ideia
hipotética de um padrão que é hipotetizado que pode unificar as normas da mesma
ordem, mas ao mesmo tempo dar à constituição o poder de criar e regular outras
regras A principal função da norma fundamental “é dar unidade a todas as outras
normas, ou seja, faz com que as normas, que estão dispersas e provêm de diferentes
fontes, formem um conjunto unificado que pode ser chamado de "ordem".
14
Abaixo da norma básica, no topo da pirâmide está a Constituição, que é o
instituto o qual confere validade e todos os poderes do Estado são legítimos na medida
em que os reconhece e na medida em que os distribui. Afinal, é lei constitucional
suprema, pois contém a estrutura do Estado e a organização de seus órgãos; este
contém as normas básicas do estado, e só nisso se estabelece sua superioridade
sobre as normas jurídicas.
A Constituição tem o papel de principal norma não transcendental da teoria de
Kelsen, ou seja, está apenas subordinada à norma básica para que nenhuma outra
norma a possa violar.
Seguindo a estrutura hierárquica da pirâmide de Kelsen, na Constituição temos
as regras gerais oriundas dos Poderes Legislativo e Judiciário, enquanto a segunda
cria as regras gerais aplicando as regras existentes com a formação do judiciário.
Na base da pirâmide de Kelsen estão as normas individualizantes, que se
dividem em decisões judiciais isoladas e transações jurídicas. Quando diversos casos
semelhantes surgem em diferentes tribunais e o Judiciário tem necessidade de
unificar a decisão, ele efetua essa unificação criando a jurisprudência mencionada e
convertendo a norma individualizante em norma geral.
Por fim, há a figura do negócio jurídico em que o sistema jurídico confere às
partes o poder de regular seus desejos, geralmente por meio de um contrato. A forma
e o alcance deste contrato são exigidos por lei, mas dentro desses limites as partes
têm liberdade de negociação e estabelecem regras entre as partes que devem ser
cumpridas.
É, portanto, claro que a intenção de Kelsen ao desenvolver esse mecanismo
de hierarquia de normas visava criar uma unidade no sistema jurídico e evitar que ele
entre em contradição. Portanto, se houver antinomia entre os padrões inferiores e
superiores, ela pode ser facilmente resolvida, desde que os primeiros sejam
considerados inválidos, ou seja, se uma lei simples viola o direito constitucional, deve
ser considerada inconstitucional
15
fundamento da República Federativa do Brasil e o Estado de Direito, são todas as leis
e interesses públicos da perspectiva do propósito social, portanto, todas as normas e
todos os institutos do sistema jurídico nacional devem ser entendidos e interpretados
à luz desses princípios, e a interpretação deve mostrar a harmonia dos sistemas
jurídicos e ser baseada nos princípios básicos.
O ilustre Celso Antônio Bandeira Mello define o princípio da seguinte forma:
16
normas para que os empregadores possam assumir a responsabilidade civil pelos
danos causados aos trabalhadores no trabalho. Arnaldo Susseckind assegura, verbis:
10
SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. Revista e atualizada. Rio de
Janeiro: Renovar, 2010, p. 109.
11
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 19°.ed. São Paulo: LTr, 2020.
p,180
17
não resultem, direta ou 17 indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena
de nulidade da cláusula infringente desta garantia. (BRASIL, 1943)
Assim, aplica-se o princípio da regra mais favorável, que entre duas ou mais
regras que se apliquem simultaneamente e que sejam igualmente aplicáveis ao caso
concreto, se aplique a mais favorável para o trabalhador.
12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
13
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016. p. 98.
18
presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988)
19
A exceção à regra são os contratos por prazo determinado, inclusive o
contrato de trabalho temporário. A ideia geral é a de que se deve preservar o
contrato de trabalho do trabalhador com a empresa, proibindo-se, como
exemplo, uma sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. O
Enunciado 212 do TST adota essa ideia ao
dizer que “o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando
negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o
princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção
favorável ao empregado”. (MARTINS, 2012. p, 77)
4 DIREITO AO TRABALHO
22
promovida na busca por uma universalização igualitária da emancipação da
humanidade.
Os direitos sociais, especialmente o direito ao trabalho, tornaram-se o principal
padrão para alcançar a justiça social, ou seja, ao implementar os direitos sociais, só
se pode falar em direitos individuais ou transindividuais, caso contrário, é um discurso
vazio.
Desta forma, o direito ao trabalho como direito social fundamental constitui um
desses elementos essenciais da existência humana, de realização material e
espiritual. Por meio do trabalho, o homem interage com a natureza, transforma à sua
imagem e semelhança. Nesse diálogo, ele atinge as dimensões da possibilidade-
necessidade da ação ético-moral. Mas, dessa perspectiva, o trabalho deve ser
entendido como trabalho livre e criativo, em oposição ao trabalho forçado e de
emergência. Trabalho e lazer como dimensões complementares.
Por outro lado, o direito do trabalho pode ser entendido como específico.
Trabalho como gerador de riqueza, trabalho como regime de regra naturalizado. Neste
último há trabalho escravo, trabalho servil e trabalho assalariado.
Nesses sistemas, a lógica do trabalho é moldada de acordo com as nuances
da dominação, trabalho como finalidade, para manter vivo o mínimo existencial,
trabalho como um valor transcendental que é característico das religiões.
Com a superação do modo de produção feudal e a transição para o modo de
produção capitalista, a regra deixa de ser tradicionalmente patrimonial e passa para o
nível de regra legal. Todas as relações entre capital e trabalho são agora reguladas
por normas legais, fruto da autonomia da vontade e da liberdade individual formal.
Nessa perspectiva de promoção da liberdade individual, o pensamento liberal
ortodoxo entendeu que os indivíduos deixados à própria sorte acabariam encontrando
seu lugar na sociedade diante do mercado competitivo.
No final do século XIX, com confluência a esta ideologia, houve uma
confluência de ideias, a denúncia de mazelas sociais e a procura de soluções
específicas passou a ter grande impacto entre os trabalhadores, que começaram a
organizar-se e a reclamar.
No contexto destas transformações, surge a construção de um
constitucionalismo que vai absorver, mais a adiante, um novo conteúdo no campo dos
direitos fundamentais. Os direitos de proteção e emancipação sociais.
23
O rápido crescimento econômico dos países desenvolvidos e o forte aumento
no número de trabalhadores assalariados em vários campos das atividades humanas
estabeleceram a base material para o desenvolvimento do Estado de bem-estar.
O surgimento do Estado de bem-estar é o resultado de mudanças fundamentais
ocasionadas pela industrialização e é também uma resposta às demandas da
oposição à acumulação e à legalização do sistema capitalista. Sobretudo através da
expansão progressiva dos direitos civis, políticos e sociais, nesta ordem cronológica,
combinados com boas condições de enquadramento económico.
O Estado de bem-estar tem sido retratado como um longo processo de
desenvolvimento social por meio de uma série de políticas sociais desenvolvidas pelo
Estado para promover a cobertura de riscos de invalidez, velhice, doenças, acidentes
de trabalho, proteção e aconselhamento, além de buscar formas de diminuir o
desemprego.
Nos anos seguintes, após a Segunda Guerra Mundial, emergiu o espectro de
uma revolução socialista, especialmente sobre a Europa, acelerou a unificação entre
capital e trabalho e promoveu o nascimento do Estado de bem-estar. Uma estratégia
capitalista para contrariar os ideais revolucionários em dimensões universais.
A crença no direito absoluto à propriedade privada e a consequente exploração
ilimitada do trabalho humano empurrou o liberalismo econômico para além dos limites
do que é justificável e produziu uma ampla gama de queixas sociais.
O Direito do Trabalho nasceu neste contexto do Estado de bem-estar. Diante
desse cenário, surgiram várias correntes socialistas e comunistas para as quais o
Estado atuou com o dever de promover a regulação jurídica da vontade do indivíduo
por meio da adoção de atos normativos que organizariam a vida social desordenada
dos trabalhadores.
Antes da adoção dessa nomenclatura, o direito do trabalho era batizado com
várias denominações típicas de seu surgimento no início da revolução industrial, tais
como: direito do trabalho, direito do trabalho, direito do trabalho, direito das
sociedades ou sindicais, direito social e do trabalho; Esta nova lei surge como uma
série de normas jurídicas impostas pelo Estado para regular as relações industriais
gerais e a proteção do trabalhador em suas várias relações jurídicas com os
proprietários dos meios de produção.
24
Portanto, o Direito do Trabalho tornou-se uma disciplina normativa do trabalho
em uma sociedade do trabalho. Trabalho subordinado, ou seja, “uma pessoa usa sua
capacidade produtiva para trabalhar para outra pessoa, ou seja, o trabalho do
empregador que trabalha por conta dela”.
A legislação trabalhista só se aplica às relações de trabalho cujos contratos
tenham as características de ônus e filiação, que tenham a finalidade de produção e
lucro, e nada tenham a ver com caridade ou fins humanitários.
26
4.4 Direito Fundamental ao Trabalho e o Princípio da Dignidade Humana na
CF/88
27
atividade fundamental do trabalho, que primeiro transforma a pessoa em ser humano
e social.
Do que foi dito acima, outros elementos essenciais da troca material resultam
da relação entre o homem e a natureza, que é gerada pela atividade de trabalho: o
próprio trabalho, ou seja, a atividade orientada para um propósito, o objeto do trabalho
e os meios usado para realizar o trabalho.
Esses elementos essenciais trabalham juntos e formam um processo dialético
entre homem/homem e homem/natureza, uma vez que os humanos não apenas
influenciam a natureza em sua atividade produtiva, mas também interagem através
da troca de atividades e da cooperação entre eles. No processo de atividade produtiva,
as pessoas constroem relacionamentos mútuos e, dentro dessas relações sociais,
ocorre a ação do homem sobre a natureza.
A complexidade associada à atividade laboral é representada da seguinte
forma: 1) a relação entre a pessoa e o objeto, o produto, o resultado da objetivação
do seu trabalho; 2) a relação do homem com seu próprio trabalho, com sua própria
atividade produtiva; 3) relação do homem com sua vida genérica (seu ser genérico) e,
finalmente, 4) relação do homem com outras pessoas.
A dialética do trabalho como processo de desenvolvimento do ser biológico ao
social sempre se caracterizou por avanços e retrocessos, com inúmeros desafios que
exigiram ajustes e mudanças importantes.
Assim, entendemos que o trabalho em si é uma necessidade humana além de
outras necessidades humanas como alimentação e segurança. Para que o ser
humano não se realize sem ação, como sentido da ação, sempre intersubjetivo,
externalizando e transformando o mundo, humanizando a natureza e a si mesmo. É o
trabalho em si, um exercício da autonomia, da razão, um valor da capacidade humana
sem o qual não é possível uma vida digna.
Para apreciar esta dimensão do trabalho como uma necessidade humana em
si mesma e medir sua importância em relação à existência, é da maior importância
decifrar o conceito de dignidade da pessoa humana. Chama-se isso de valor do
elemento central, que prova e medeia o relacionamento de uma pessoa com os outros,
consigo mesmo e com a natureza.
A dignidade humana na compreensão moderna vem da religião, como diz a
Bíblia: "O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus". Ao contrário da
28
religião, o Iluminismo lidará com a centralidade dos seres humanos em relação ao
universo, trazendo a dignidade humana para o reino da filosofia, com base na razão,
a habilidade de fazer julgamentos morais e a habilidade de fazer autodeterminação
pessoal.
No século XX, a dignidade humana passou a ser um valor político
proporcionado pelo Estado e pela sociedade. Após a Segunda Guerra Mundial, com
a flexibilidade do positivismo jurídico, o conceito de dignidade humana se aprimorou,
e a fusão do direito, da filosofia moral e da filosofia política. A inclusão da dignidade
humana em vários documentos internacionais e nas constituições de países
democráticos fortalece o relacionamento.
Em vista desse significado jurídico, além do valor humano, a dignidade humana
também pode ser melhor decifrada por meio da filosofia. A filosofia lida com a filosofia
moral e jurídica, e seus elementos básicos são as ideias da razão e do dever, que se
desenvolvem na capacidade do indivíduo de controlar suas paixões e reconhecer em
si mesmo o comportamento correto.
Compreender o valor da dignidade humana implica definir os termos
"imperativo categórico" e autonomia. A ética é uma lei interna do homem, cujo objeto
é a vontade do mesmo. Assim como a física regula as leis da natureza, a ética
prescreve leis que regulam o comportamento diante dessa vontade, leis que
“deveriam” expressar um imperativo que determina o imperativo categórico ou
hipotético.
O imperativo categórico refere-se ao comportamento necessário e bom em si
mesmo, independentemente da finalidade, ou seja, independentemente do resultado
que produza. O imperativo categórico seria uma lei descrita da seguinte maneira: “Aja
de forma que a máxima de sua vontade se torne uma lei geral.
O imperativo hipotético que depende de seu objetivo seria um comportamento
necessário para atingir um objetivo específico, mesmo que só seja bom como um meio
para outra coisa. Em vez de listar o que é virtude e o que não é, uma lista de coisas
que devemos e não devemos fazer, o imperativo categórico exige, portanto, uma
autonomia do indivíduo, que identifica o sujeito passível de autodeterminação de
acordo com a representação de certas leis. Essas leis estão dentro do indivíduo, daí
a singularidade da filosofia, pois não é uma lei heterônoma de fora para dentro, mas
uma lei do próprio indivíduo, movida pela autonomia que expressa um livre arbítrio.
29
O indivíduo é um ser moral, o dever neste indivíduo moral tem precedência
sobre os impulsos e os interesses, ou seja, o indivíduo ético que age de acordo com
uma moral não pode se desviar do imperativo categórico. Atua orientando seu
comportamento de acordo com suas próprias leis elaboradas racionalmente, que
entende serem válidas para todos, isto é, de acordo com uma máxima de que quer
ser uma lei universal.
Partindo da autonomia, pré-requisito para o processamento do imperativo
categórico, é necessário também que essa autonomia se baseie no valor da dignidade
humana, portanto, em um mundo em que cada um categoriza seu próprio
comportamento a partir de um imperativo. Ninguém é usado como um objeto para
atingir certos fins da vontade dos outros. A dignidade é o valor de algo inestimável que
não pode ser substituído por mais nada, a condição de ser humano.
O que tem preço pode ser substituído por outro equivalente, mas quando algo
está acima do preço e não pode ser substituído, tem dignidade ”.
Com base no que foi dito acima a respeito da compreensão filosófica da
dignidade da pessoa humana, é necessário determinar como este termo é utilizado
no campo jurídico, uma vez que a dignidade da pessoa humana não é um termo que
possamos associar a uma visão abrangente e definição detalhada, como é habitual
na teoria jurídica. O conceito de dignidade humana é, por natureza, aberto e plural.
Apreciada no mundo do pós-guerra, a dignidade humana foi a arma legal e
social unificadora contra regimes totalitários como o Nazismo. Em pouco tempo, a
dignidade humana se tornou o grande alicerce da luta pelos direitos humanos e pela
igualdade para todos.
Difícil ou melhor, impossível construir um conceito transnacional de dignidade
humana, visto que, como já foi mencionado, é um conceito aberto e plural. Que se
configura em cada espaço e tempo de acordo com as realidades históricas, religiosas
e políticas dos diferentes países, o que dificulta a construção de um conceito unificado.
No entanto, face a esta dificuldade, sendo a dignidade da pessoa humana uma
categoria de direitos de grande importância, é necessário defini-la com o mínimo de
conteúdo que dê à sua interpretação e aplicação uniformidade e objetividade.
Forma que não permite o abuso da dignidade da pessoa humana, como recurso
retórico, aplicado a qualquer situação, inclusive sob o risco de legitimar posições
morais e autoritárias.
30
Como premissa fundamental, o conceito de dignidade humana em sua forma
jurídica exigirá um conteúdo mínimo que ofereça uma opção pelo laicismo e não
permitirá uma abordagem religiosa para a construção desse conteúdo, como a visão
judaica, cristã ou muçulmana, a não ser que são atos de valores que são
compartilhados por eles, que são naturalmente universais.
Deve também ser pensado com a máxima neutralidade política, com elementos
comuns a todas as formas de expressão, sejam liberais, conservadoras ou socialistas,
e por fim, que esses conteúdos sejam universais, multiculturais e compartilhados por
toda a humanidade.
Tendo esses limites na definição do conteúdo mínimo do conceito de dignidade
humana, ele tenta visualizar o valor desse conceito em sua forma jurídica. Conforme
já explicado, a dignidade humana e os direitos humanos são as duas faces da mesma
moeda. Um rosto voltado para a filosofia que expressa valores morais que tornam as
pessoas únicas e merecem igualdade.
Do outro lado está a lei, que traduz as posições jurídicas tomadas pelas
pessoas e amparadas pelo ordenamento jurídico com normas compulsórias e ações
judiciais.
Ao aplicar o conceito de dignidade humana, é muito útil analisar seus principais
conteúdos e estabelecer uma ponte entre a filosofia e o direito. Destes, três deles são
os conteúdos essenciais, a saber, o valor intrínseco da pessoa humana, a autonomia
do indivíduo e o valor social da pessoa humana.
O primeiro conteúdo mínimo trata do valor intrínseco da pessoa humana.
Elemento filosófico de dignidade que está intimamente relacionado com a natureza
do ser humano. Este valor é reconhecido em diversos documentos internacionais e
trata da posição especial do ser humano no mundo, que o difere de outros seres vivos
e coisas.
A racionalidade, a inteligência, a sensibilidade, a comunicação pela palavra e
pela arte, são justificativas únicas desta distinção. Desse valor intrínseco surge o
imperativo categórico já revelado acima, que é um determinante não utilitário e
também um determinante não autoritário, na ideia de que o Estado existe para o
indivíduo e não o indivíduo para o Estado.
O valor intrínseco da pessoa humana é o ser humano, independente de seu
dono, não pode ser tirado e nem perdido mesmo que o dono seja indigno de si mesmo.
31
É independente da própria razão, por isso estará sempre presente. em todas as
pessoas, independentemente de suas habilidades.
No plano jurídico, o valor intrínseco da pessoa protege a sua dignidade e é a
base dos direitos fundamentais. Por exemplo, temos o “direito à vida” em primeiro
lugar, é claro, que está no centro das decisões de grande complexidade moral e
jurídica sobre a pena de morte ou o direito a morrer com dignidade, ou a questão do
aborto.
Também temos o “direito à igualdade”, que prescreve o direito à igualdade de
tratamento, consideração e respeito para todas as pessoas, independentemente de
sua raça, religião ou nacionalidade. A lei não pode discriminar, assim como uma
pessoa não pode ser discriminada perante a lei, isso é igualdade formal. Para além
do valor intrínseco das pessoas, o respeito pela diversidade e identidade das minorias
sociais, a igualdade como condição de reconhecimento e dignidade pessoal.
Existem também "direitos à integridade física", como a proibição da tortura, da
escravidão e do castigo cruel. Existem também "direitos à integridade moral e
psicológica", como reconhecimento pessoal e direitos de nome, privacidade, honra e
imagem. Esse valor intrínseco da dignidade humana também protege as pessoas
contra si, evitando que elas se machuquem por causa de sua dignidade.
O segundo conteúdo, embutido no conceito de dignidade humana, envolve
autonomia individual, resultados racionais e livre exercício da vontade responsável,
que leva à autodeterminação individual.
É o direito de determinar o curriculum vitae, de desenvolver livremente a
própria personalidade, de elaborar os valores morais e de decidir sobre as próprias
decisões existenciais sem compulsões externas. Liberdade de escolher um trabalho,
de ser guiado pelas próprias ideologias. Qualquer obstrução a esses direitos é uma
violação da sua dignidade.
Como já foi dito, a autonomia é também o conteúdo mínimo da dignidade da
pessoa humana e na dimensão jurídica quando se trata das declarações jurídicas,
tanto nas declarações internacionais quanto internamente na Constituição brasileira,
princípio da ideia para apoiar tais declarações. Na declaração dos direitos individuais,
a dignidade e o direito à liberdade manifestam-se através da ideia de autonomia
privada, como direito à autodeterminação sem imposição externa ilegal.
32
Para tal escolha, é claro, a existência das condições necessárias para a
autodeterminação deve ser verificada, o que naturalmente combina o direito à
igualdade material. No nível político, a dignidade se expressa em termos de autonomia
pública, o direito de todas as pessoas de participar no processo democrático, de
participar no debate público, de se organizar socialmente e de influenciar as decisões
políticas.
O terceiro conteúdo mínimo ainda diz respeito ao valor comunitário presente no
conceito de dignidade humana, no campo jurídico trata do respeito ao indivíduo pelo
grupo. Esse elemento traduz uma expressão de dignidade associada a valores
comuns da comunidade, como a cultura, e seria um valor coletivo característico dos
padrões civilizacionais desse grupo.
O valor comum da dignidade moldará a liberdade de cada ser humano, por isso
as escolhas pessoais devem levar em conta os deveres e responsabilidades a eles
associados. Esta expressão de dignidade protege os indivíduos de decisões
egocêntricas que violam a dignidade de cada pessoa humana. Protege a dignidade
dos outros, os valores sociais e promove a solidariedade.
Deve-se notar que a dignidade não deve ser vista exclusivamente como
inerente à natureza humana, pois a dignidade também possui uma dimensão cultural
que é o resultado do desenvolvimento das diferentes gerações e de toda a
humanidade. Desse modo, dignidade é a interação e complementaridade entre a
dimensão natural e a dimensão cultural da dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, a dignidade da pessoa humana limita-se ao Estado e à tarefa
do Estado, e a dimensão cultural da dignidade humana é tarefa do poder público e da
comunidade, pois exige que o Estado oriente suas próprias ações, tanto no sentido
de preservar a dignidade existente quanto na ampliação das condições que
possibilitem o pleno exercício da dignidade humana e da liberdade.
Depois de esclarecidos os conteúdos essenciais do conceito de dignidade
humana, é possível compreender como esse conceito atinge seu nível jurídico-
normativo. A dignidade da pessoa humana ao nascer é um conceito filosófico de valor,
ligado à ideia do bom, do justo, do virtuoso, neste sentido a lei a toma como um valor
central, bem como os valores de segurança, justiça e solidariedade.
33
O desenvolvimento dos Estados em direção a Estados constitucionais
democráticos assumiu o conceito de dignidade humana como uma justificativa moral
para os direitos humanos e fundamentais, e uma decisão política fez desse valor a
base para a construção de documentos constitucionais e internacionais. com base no
princípio básico do Estado democrático.
A dignidade humana tornou-se um princípio jurídico com caráter constitucional,
tanto por ser positivamente identificada como norma expressa, quanto por ser base
de interpretação e mandato jurídico extraído do sistema. Portanto, serve tanto como
uma justificativa moral quanto como uma base normativa para os direitos
fundamentais.
É importante apontar a diferença entre princípios e regras neste ponto, sem
aprofundar a discussão de que os princípios são tarefas de otimização, ao contrário
das regras, eles não se aplicam na lógica do tudo ou nada. Os princípios são normas
jurídicas que ganham dimensão e peso em relação aos elementos do caso individual,
e a sua implementação deve realizar-se, tanto quanto possível, através de um sistema
de contrapesos com outros princípios, em que os factos sejam ponderados e
proporcionais de modo que sua intenção normativa pode dar lugar a elementos
opostos em determinadas circunstâncias.
A adoção da dignidade humana como valor jurídico na posição constitucional
leva à determinação do seu conteúdo, da sua estrutura normativa, da sua forma de
aplicação e da sua função no ordenamento jurídico. Os princípios constitucionais
devem estabelecer valores e orientar os objetivos do sistema constitucional.
Não definem quaisquer direitos específicos, quando determinadas regras são
extraídas de seu texto abstrato, são aplicadas por classificação, ou quando se opõem
a outros valores de igual peso e tamanho, são aplicadas por ponderação. São, claro,
ainda fontes de luz que brilham em todo o ordenamento jurídico, iluminam outras
disposições legais, condicionam o seu alcance e importância.
A eficácia dos princípios, em particular o princípio da dignidade humana, tem
três significados de eficácia, a saber, eficácia direta, interpretativa e negativa.
Por exemplo, o princípio da dignidade humana é uma regra específica e
objetiva em seu efeito imediato quando proíbe a tortura e o trabalho escravo ou
punição cruel. A eficácia interpretativa depende das normas jurídicas em geral através
34
dos valores protegidos por este princípio no que diz respeito às suas aplicações e
significados.
Em primeiro lugar, o princípio da dignidade humana faz parte do conteúdo dos
direitos materiais fundamentais, mas não deve ser confundido com eles.
Em segundo lugar, o princípio da dignidade da pessoa humana não é um direito
fundamental que se contraponha aos demais; pelo contrário, está acima deles e, em
relação a eles, desempenha um papel de parâmetro de ponderação em caso de
conflito entre eles.
Em terceiro lugar, o princípio da dignidade humana, como já o deciframos, é
um valor, mas não tem caráter absoluto, sempre assumirá diferentes expressões
desse valor, dependendo do caso individual, levando em consideração, entre outras
coisas, tempo, lugar e cultura.
A Constituição de 1988 foi a primeira na história do constitucionalismo brasileiro
a reservar um título próprio e uma posição superior em reconhecimento e homenagem
ao significado especial e à função desses princípios básicos.
Colocado no início do texto, o constitucionalista explicou clara e
inequivocamente a intenção de conferir aos princípios básicos a força das normas
básicas e orientadoras de todo o ordenamento constitucional, incluindo os direitos
básicos, que juntamente com os princípios constituem o essencial cerne da
constituição material.
5 CONTRATO DE TRABALHO
35
justifica ou não a interferência do Estado nas relações entre empregados e
empregadores; b) para satisfazer a concepção jurídica tradicional que não admite
qualquer relação fora do quadro da admirável teoria das obrigações do direito romano
e emprestada do direito civil moderno, as leis sociais aparecem como simples
cláusulas jurídicas nos contratos de trabalho.14
Lima também esclarece o contrato de trabalho, in verbis:
14
CALDERA, Rafael. Relação de trabalho. Trad. Carmen Dolores Correa Meyer Russomano.
São Paulo. Revista dos Tribunais, 1927
36
Nesse sentido, o artigo 442 da Consolidação das Leis Trabalhistas define o
contrato de trabalho: “O contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso
que corresponde à relação de trabalho”.15
Verifica-se também se a prestação do trabalho e não apenas o acordo de
vontade que forma o contrato é firmado para que o contrato seja negociado. Portanto,
como já mencionado, é necessário considerar o contrato de trabalho juntamente com
o contrato consensual, o contrato de realidade, expressão associada à ideia da
condição do ato extraída do direito administrativo; como se o mero acordo de vontade
snão fosse suficiente para dar realidade e efeito jurídico ao contrato, e como se isso
não deixasse por resolver o caso das relações de trabalho extracontratuais.
As relações de trabalho e os contratos de trabalho não fazem parte da
legislação trabalhista para todos os empregados, mas uma categoria especial de
empregados. Existem muitos tipos de trabalhadores que não estão incluídos nesta
aplicação. Apenas funcionários subordinados são protegidos por lei, uma CLT é
basicamente uma lei trabalhista.
A Justiça do Trabalho é a justiça do trabalhador, então esse esclarecimento é
necessário. O termo “contrato de trabalho” não contém uma definição precisa do
objeto, da mesma forma que o termo “relação de trabalho” deve ser objeto da mesma
crítica. A relação que pode ser estabelecida entre o contrato de trabalho e a relação
de trabalho deve ser explicada novamente. É mais do que um problema que o contrato
de trabalho e a relação de trabalho sejam expressões diferentes de uma mesma e
única realidade: o vínculo entre trabalhador e empregador.
A continuidade é muito importante para a execução do contrato de trabalho.
Deve haver continuidade para a existência do contrato, ou seja, deve haver um
procedimento unificado na relação. O prestador de serviço não é empregado, mas um
subordinado sujeito à responsabilidade do empregador.
Devido ao ónus, o trabalhador deve ser remunerado pelos serviços prestados
ao empregador, por isso a relação fica onerosa. Para uma pessoa, um contrato é um
intuitu personae, isto é, executado por uma determinada pessoa que está em uma
relação jurídica. O trabalhador é sempre uma pessoa singular, visto que o contrato é
a prestação de serviços, tratando-se de pessoa coletiva, caso contrário o próprio
trabalhador presta os serviços.
15
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
37
5.1 Contrato por Prazo Indeterminado e Determinado
16
LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de direito do trabalho e processo
trabalhista. 11°. ed. São Paulo: Ltr, 2005.135 p.
38
Segundo referência do artigo 443 da Consolidação das leis trabalhistas faz-se
necessário citá-lo.
O contrato a termo deve ser expresso, podendo ser escrito ou verbal. Isto é,
deve ser comunicado ao empregado o tempo de duração, pois a finalidade é
que as partes contratantes tenham conhecimento, do prazo de vigência do
contrato para não serem surpreendidas com o sei término, sem qualquer
aviso prévio (princípio da transparência e da
boa-fé). Havendo prova da ciência do empregado, desde a admissão, de que
seu contrato teria duração igual a 30 dias, por exemplo. Implementado o
termo e rompido o contrato, não serão devidos os haveres pertinentes à
dispensa imotivada. (Cassar, 2009. p,249)
17
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p,50
39
Seria melhor reconhecer que a legislação favorece aqueles que têm a condição
social de trabalhadores independentemente do contrato civil que tenham com seus
empregadores.
O conceito mencionado nesta categoria “direito individual do trabalho é a parte
do direito do trabalho que examina o contrato de trabalho individual e os regulamentos
legais ou oficiais que se aplicam a ele.
Da mesma forma, Delgado18 define os direitos pessoais de um funcionário
como "um contrato de trabalho que estipula os direitos, obrigações e obrigações de
ambas as partes. Em circunstâncias especiais, também se aplica a outras relações de
trabalho legalmente regulamentadas.
O direito coletivo do trabalho é o segmento do direito do trabalho responsável
por tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos acordos coletivos, da
representação dos empregados e das greves. O direito coletivo do trabalho é apenas
um ramo do Direito do Trabalho que não possui autonomia, pois não possui diferenças
específicas das demais áreas do Direito do Trabalho e, como as demais, está
amplamente incorporado à CLT.
18
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 19°.ed. São Paulo: LTr, 2020.
40
6 BIBLIOGRAFIA
41
PEDROSO, Márcia Naiar Cerdote. Revista Latino-Americana de História: Edição
Especial - Lugares da História do Trabalho. Rio Grande do Sul: Unisinos, v. 1,
n. 3, mar. 2012. Semestral;
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. 4. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2009;
SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. Revista e
atualizada. Rio de Janeiro: Renovar, 2010;
ZANGRANDO, Carlos. Princípios jurídicos do direito do trabalho. São Paulo:
LTr, 2011.
42
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
8 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 41
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 O DIREITO DAS MULHERES AO LONGO DAS CONSTITUIÇÕES
BRASILEIRAS
5
A percepção de proteção que costumeira em textos constitucionais anteriores,
era muito discriminatória, uma vez que as mulheres eram vistas como incapazes e
sem habilidades em grande parte da história da sociedade.
Nas palavras da Professora Eneida Melo Correia de Araújo:
6
de constrangimento e violência e que criam desigualdades na vida política, econômica
e social.
A Convenção também mostrou que os Estados devem planejar medidas para
proteger e fazer cumprir os direitos que visam não apenas à igualdade formal, mas,
acima de tudo, à igualdade material. Nas palavras de Sidney Guerra:
A Convenção foi ratificada pelo Brasil em 1984 com algumas ressalvas, tais
como: artigo 15, parágrafo 4º e artigo 16, parágrafo 1º, alíneas a,c,g e h. Apenas no
ano de 1994, o Decreto nº 26 de 1994 aprovou integral o texto da Convenção.
Os direitos que o Estado é obrigado a garantir incluem: igualdade perante a lei,
direito de voto, direito de participação, direito de acesso aos serviços de saúde, direito
ao trabalho e oportunidades nas mesmas condições que os homens.
Em relação à Constituição de 1988, nas palavras de Delgado:
A Nova Constituição, no artigo 5º, inciso I, estipula que todos são iguais perante
a lei indistintamente e garante aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
e igualdade entre homens e mulheres em termos de direitos e responsabilidades.
A Carta Magna foi desenvolvida para eliminar a discriminação contra as
mulheres e garantir o direito à igualdade de forma ampla, abraçando o princípio da
igualdade em seus aspectos formais e materiais. Do ponto de vista material, a
Constituição prevê tratamento diferenciado para aqueles em situação de desigualdade
que necessitam de proteção especial e estabelece diretrizes para garantir a igualdade
com os demais.
7
O pressuposto da não discriminação da isonomia é percebido no campo do
direito do trabalho, mas não se desvia do tratamento diferenciado das pessoas em
situação de desigualdade.
Nesses termos, Delgado ensina, verbis:
Continua o autor:
8
No que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, que estão elencados no
artigo 7º da Constituição, o inciso XX traz a “proteção do mercado de trabalho da
mulher por meio de incentivos especiais previstos nos dispositivos legais”. Neste
ponto, fica claro que a Constituição os trata de forma diferente, a fim de proteger
efetivamente o mercado de trabalho para as mulheres, não apenas formalmente, mas
também materialmente, a fim de confirmar os direitos das mulheres.
Para Eneida de Araújo, avanços legais têm sido feitos em relação à proteção
da mulher no trabalho, o que pode limitar a competência do empregador para aprovar
ou rescindir o contrato de trabalho. Para a autora, verbis:
9
sociais. Vários artigos não foram aceitos pela nova ordem democrática introduzida
pela Constituição de 1988, pois foi revogada por não ser amparada pela Carta Magna.
A CLT não introduziu nada de novo, apenas compilou a legislação que já
regulamentava o trabalho feminino. No texto original da Consolidação, as mulheres
eram proibidas: trabalho noturno; a extensão da jornada de trabalho sem a aprovação
de um atestado médico; trabalho subterrâneo, mineração, pedreira, trabalho público
ou privado e a proibição expressa de mulheres em trabalhos perigosos ou insalubres,
todas essas proibições foram revogadas pela Lei 7.855 de 1989.
A proibição do trabalho noturno feminino baseia-se em dois pilares: a teoria da
saúde e a teoria da proteção moral. Tanto é verdade que as exceções à regra geral
que permitia que as mulheres trabalhassem à noite em locais de entretenimento,
hotéis, restaurantes, bares e similares exigiam atestado de boa reputação além de
atestado médico.
A mulher que tinha que trabalhar à noite foi julgada por sua retidão moral. Mas
não era só sua moralidade na visão do legislador: tratava-se da saúde da mulher, que
sempre foi considerada muito mais frágil que a do homem, mas sem justificativa
científica para tanto. Dificultar a utilização de mão de obra feminina nos períodos
noturnos no entanto, significava negar às mulheres o acesso a alguns empregos e
enfatizar a divisão sexista de empregos entre homens e mulheres.
As mudanças começaram em 1989. A Lei nº 7.855/89 revogou as disposições
que permitiam aos cônjuges ou pais interferirem no contrato de trabalho da mulher,
como o artigo 446, bem como os artigos 384, 385, 378, 379, 380, 387 com a textos
discriminatórios claros.
Em 1999, a Lei nº 9.799 alterou o título da seção I de “duração e condições de
trabalho” para “duração, condições de trabalho e discriminação contra mulheres” em
resposta à premissa nacional básica de proteção contra a discriminação. O Brasil
aprovou o projeto de lei na Constituição de 1988. A lei também introduziu inovações
nos artigos 373-A, 390-B, 390-C, 390-E e alterou o parágrafo 4 do artigo 392,
acrescentando dois incisos.
A CLT trata de jornada de trabalho, trabalho noturno, períodos de descanso,
locais de trabalho, licença maternidade. A Consolidação dedicou 29 artigos, dos
artigos 372 a 401, dos quais serão comentados os principais.
10
O artigo 372 estabelece que as regras do trabalho masculino são aplicáveis ao
trabalho feminino e o seu parágrafo único prevê que o disposto neste artigo se aplique
aos trabalhos nas oficinas em que sirvam exclusivamente pessoas da família da
mulher e esteja esta sob a direção do esposo, do pai, da mãe, do tutor ou do filho. O
artigo 373, por outro lado, estipula que a jornada de trabalho da mulher é de 8 horas
diárias, salvo nos casos em que seja fixada uma duração menor.
O artigo 373-A introduziu uma série de ressalvas para corrigir situações que
impeçam o acesso das mulheres ao mercado de trabalho e proibiu os diversos
comportamentos que notoriamente o exigem.
Essa regra parece inofensiva, já que as mulheres preferem ocupar cargos em
certas profissões, como recepcionistas. Apesar da proibição expressa do inciso I do
artigo em discussão, atualmente existem publicações de cargos a serem ocupados
por mulheres com determinadas características físicas, em que o gênero é claramente
mencionado.
Continuando a análise do artigo 373 - A, os dispositivos II e III proíbem também
a recusa de emprego com base no sexo ou a sua contrapartida para efeitos de
remuneração, formação profissional e oportunidades de promoção. Em termos de
remuneração entre os sexos, a renda média de uma mulher com curso superior no
Brasil equivale à renda média de 62% do homem.
O inciso IV do artigo analisado veda a exigência de atestado de esterilidade ou
comprovação de gravidez para efeito admissão ou permanência no emprego. O inciso
V proíbe a obstrução do acesso ou a adoção de medidas subjetivas que impeçam o
adiamento da inscrição ou admissão em concursos, em empresas privadas, com base
no sexo, idade, cor da pele, situação familiar ou estado de gravidez. O último inciso,
V, trata da proibição de revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias, ensina Alice
Monteiro de Barros em relação a este tipo de revistas:
12
A discussão sobre o instrumento de diferenciação entre os sexos e o princípio
constitucional da igualdade se estabelece no sentido de verificar a manutenção do
comando, levando em consideração o caráter biossocial que caracteriza o trabalho
feminino; deve ser abolido para equiparar o tratamento ao trabalho dos homens ou
estendido aos homens para equipará-los aos direitos das mulheres.
O artigo 389 acrescenta que as instalações que empregam pelo menos trinta
(30) mulheres com idade superior a 16 (dezesseis) anos devem ter locais adequados
onde as trabalhadoras possam guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no
período da amamentação.
O artigo 390 visa proteger a integridade física da mulher e estabelece uma quantidade
máxima que a trabalhadora pode suportar por esforço muscular, sendo 20 (vinte)
quilos para o trabalho continuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional.
O ideal seria retirar essa restrição e submeter à avaliação individual as condições, a
duração da atividade e os prazos dos serviços”. As convenções coletivas poderiam
trazer maior consistência com a realidade, individualizando as obras visualizadas das
quais determinados trabalhadores estariam excluídos.
O artigo 390-B trata dos cursos de formação de trabalhadores oferecidos a
ambos os sexos. O 390-C afirma que empresas com mais de 100 empregos, de
ambos os sexos, devem manter programas de incentivo e aprimoramento profissional
da mão de obra. Percebe-se que a norma se aplica não apenas às mulheres, mas a
todos os funcionários, independentemente do sexo.
O artigo 390-E estipula que as pessoas jurídicas estão incluídas na, formação
profissional, sociedade civil, cooperativas, instituições públicas ou sindicais, e o órgão
principal de ensino, bem como o estabelecimento de acordos fixos para ações
conjuntas visando a sua implementação, projetos na área de promoção do emprego
feminino.
Os últimos artigos da proteção ao trabalho da mulher discutem a proteção à
maternidade A primeira norma de proteção à maternidade no Brasil foi o decreto nº
21.417-A de 1932, que regulamentou as condições de trabalho das mulheres nas
empresas industriais e comerciais.
Sua cláusula proíbe as grávidas de trabalhar 4 semanas antes e 4 semanas
após o parto (artigo 7), e as grávidas têm o direito de romper as obrigações do contrato
de trabalho a qualquer momento. Aquela que comprovar por meio de atestado médico
13
que o trabalho de que é responsável é prejudicial à gravidez (art. 8º), recebimento de
um auxílio correspondente à metade dos seus salários, de acordo com a média dos
seis últimos meses, e, bem assim, a reverter ao lugar que ocupava.
Se, nos termos do artigo 7º (artigo 9º), houver oportunidade de repouso de duas
semanas em caso de aborto não criminal, durante este período tem direito a receber
assistência na forma prevista no artigo anterior, bem como o retorno ao local ocupado
(art. 10), os intervalos diários para amamentar (art. 11), os locais adequados para a
supervisão e cuidado dos filhos por funcionárias durante o período de amamentação
(art. 12) e a impossibilidade de demissão de mulheres grávidas pelo simples motivo
da gravidez (artigo 13)
Como medida de incentivo ao ingresso da mulher no mercado de trabalho, a
Lei nº 6.136 foi promulgada em 1974 para transferir para a previdência social os
salários das gestantes incapacitadas do trabalho.
Como a Constituição de 1988 deu início a uma nova etapa nas questões de
direitos sociais, especialmente para as gestantes, o artigo 10, inciso II, b, do ADCT de
1988 estipulava que a estabilidade temporária deveria ser estabelecida 5 (cinco)
meses após o nascimento. A Constituição da República introduziu a proteção da
maternidade no artigo 6º e atribuiu ao Estado o dever de tomar medidas de proteção
não só contra a gestante, mas também ao feto, que necessita de muito mais proteção
do que a gestante. No art. 7º XVIII, o constituinte prorrogou a licença maternidade
para 120 (cento e vinte) dias.
Em 1995, com a Lei nº 9.029, o legislador aumentou a severidade contra
práticas discriminatórias de empresas relacionadas à maternidade ao proibir a
exigência de atestados de gravidez e esterilização, bem como outras práticas
discriminatórias para efeito de admissão ou duração da relação jurídica do trabalho.
A prática discriminatória de exigir um teste, exame, parecer, relatório, atestado,
declaração ou qualquer outro procedimento relacionado com a esterilização ou o
estado da gravidez, a tomada de medidas por iniciativa do empregador, que
configurasse indução ou instigamento à esterilização genética, promoção do controle
de natalidade, assim não considerado o oferecimento de serviços e de
aconselhamento ou planejamento familiar, realizados através de instituições públicas
ou privadas, submetidas às normas do Sistema Único de Saúde com pena de
detenção de um a dois anos e multa.
14
Em 2006, a Lei nº 11.324 começou a estender os direitos reconhecidos pelo
sistema jurídico das trabalhadoras domésticas à estabilidade temporária e à licença-
maternidade, sem distingui-las das mulheres grávidas que não eram trabalhadoras
domésticas. Em 2008, a Lei nº 11.770 estabeleceu o Programa Empresa Cidadã para
estender a licença-maternidade de 60 para 180 dias para reduzir o imposto de renda.
A lei também estendeu a licença-maternidade para funcionárias públicas em 180 dias.
Em 2013, foi aprovada a Lei nº 12.812, que estende as garantias constitucionais
às gestantes que engravidam no momento aviso prévio ou durante um contrato com
prazo determinado; a ampliação dos direitos da mulher foi fundamental para a
melhoria da qualidade de vida dos filhos e da gestante, após o parto.
O artigo 391 já inicia a seção com a proteção contra a dispensa da trabalhadora
e afirma: “Não é justo que a mulher rescinda o seu contrato de trabalho por ter
contraído matrimônio ou em estado de gravidez".
A própria Carta Magna prevê em seu artigo 7º, inciso XVIII, o direito de licença
à empregada gestante pelo período de 120 dias, sem prejuízo do vínculo empregatício
e do salário. O parágrafo único proíbe qualquer acordo individual ou coletivo de
restringir o direito da mulher ao emprego com base no casamento ou na gravidez.
O 391-A oferece estabilidade à gestante, mesmo no período de aviso prévio.
Esta disposição corresponde ao artigo10, inciso II, alínea b do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.
O artigo 392 prevê a licença de maternidade de 120 dias, sem prejuízo do
emprego ou do salário. Os seus parágrafos e incisos referem-se ao início do
afastamento da atividade laboral, aos períodos de descanso antes e depois do
nascimento da criança, à garantia da transferência de funções, sem prejuízo do
salário, se o estado de saúde o exigir, a dispensa do trabalho para o tempo necessário
à realização das consultas médicas.
392-A, redação da Lei nº 12.873/2013, coloca a trabalhadora grávida em pé de
igualdade com aquelas que tomam ou recebem guarda para fins de adoção no que se
refere ao direito à licença maternidade. A licença maternidade é concebida após a
apresentação do prazo legal. O parágrafo 5º do mesmo artigo equipara os casais do
mesmo sexo aos heteroafetivos, desde que a licença seja concedida a um dos pais
adotivos ou tutores, empregados ou trabalhadores. Inovação que traz tratamento
isonômico ao direito do trabalho, independentemente da orientação sexual.
15
Os artigos 392, B e C, dispõem sobre a concessão da licença de maternidade
em caso de morte da mãe e sobre a possibilidade de aplicação das disposições aos
trabalhadores do sexo masculino que adotarem ou obtiverem a guarda judicial para
fins de ação. Essas disposições suscitam a discussão sobre a necessidade de se
alterar a chamada licença paternidade, que passou a ser de 5 dias, e a igualdade
entre homens e mulheres no que se refere à licença maternidade.
O artigo 393 dispõe que, durante o período a que se refere o artigo 392, as
prestações adquiridas durante a licença estão integralmente seguradas e podem
regressar à função anteriormente exercida. O 394 afirma que uma mulher grávida
pode rescindir o contrato de trabalho com atestado médico se isso prejudicar a
gravidez.
O 394-A, incorporado à Lei nº 13.287 de 2016, estabelece que “durante a
gestação e a lactação, a trabalhadora gestante ou lactante é afastada de qualquer
atividade ou local insalubre e deve exercer suas atividades em local saudável”. “Esse
prognóstico visa garantir a saúde da gestante ou lactante, assim como do bebê.
Projeto de Lei 76/2014 (nº 814/2007 na Câmara dos Deputados) acrescenta o
parágrafo único do artigo 394-A da CLT com a seguinte redação:
16
O artigo 399 afirma que o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio expedirá
um diploma de benevolência aos empregadores que se destacarem na organização e
manutenção de jardins de infância e instituições de proteção a menores de idade pré-
escolar, desde que estes serviços sejam recomendados por generosidade ”E
eficiência das respectivas instituições.
Sobre esta questão, há quem diga que a raiz do problema está na legislação
de proteção, já que a discriminação contra as mulheres no mercado de trabalho se
deve à impossibilidade de os empregadores se beneficiarem das normas que
protegem a maternidade e a gravidez, aqueles que não estão interessados em
assumir mais compromissos de trabalho do que já têm com homens ou mulheres
solteiros. Portanto, como solução para o problema, defendem a flexibilização da
legislação de proteção ao trabalho feminino.
De acordo com o princípio da isonomia (artigo 5º da CLT), independentemente
do gênero, o objetivo de evitar a discriminação salarial feminina foi definido repetidas
vezes, e outro dispositivo estipulou que independentemente de gênero, nacionalidade
17
ou idade, deve existir a igualdade de remuneração (art. 461). A Constituição Federal
de 1988 prevê a proibição de remuneração, função e critérios de admissão com base
no sexo, idade, cor da pele ou estado civil (art. 7º, inciso XXX).
Segundo Arion Sayão Romita em seus ensinamentos (2000, p. 453): “[...] a
distinção que não se baseia em fundamentos razoáveis é proibida. A distinção é legal,
desde que seja razoável, não arbitrária. A distinção é aceitável; é plenamente
justificada se não for discriminatória.
O princípio da não discriminação é um princípio de proteção, resistência e
recusa a uma conduta considerada seriamente censurável.
Na verdade, a legislação trabalhista apenas enumera o princípio da não
discriminação como padrão principal. O princípio mais amplo e impreciso de igualdade
é usado apenas em circunstâncias limitadas, não como um parâmetro de informação
geral. No entanto, o princípio da não discriminação é onipotente no no ramo
justrabalhista especializado.
Segundo os dizeres de Américo Plá Rodrigues, in verbis:
18
da lei americana baseada na teoria do impacto desproporcional. Esta modalidade é
garantida por medidas legislativas, administrativas ou comerciais que, assumindo uma
situação de desigualdade pré-existente, agravam ou perpetuam essa injustiça,
enquanto o efeito discriminatório da aplicação da medida prejudica
desproporcionalmente determinados grupos ou indivíduos.
A discriminação oculta, que tem suas origens no direito francês, é caracterizada
pela intenção (não é encontrada na discriminação indireta). Além disso, a
discriminação encoberta é mascarada pelo uso de instrumentos aparentemente
neutros que escondem uma intenção verdadeiramente discriminatória.
É possível também se falar sobre discriminação positiva e negativa. A primeira
é a política pública, que visa eliminar maiores desigualdades. A discriminação ativa é
um mecanismo apropriado para proteger o princípio da igualdade.
A discriminação negativa pode resultar de racismo, preconceito ou pontos de
vista estereotipados. Por racismo podemos entender as teorias e crenças que
estabelecem uma hierarquia entre raças e grupos étnicos. Na arena política, essas
teorias baseiam-se no direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar
as demais.
Ressalta-se que aspectos regionais podem levar a práticas discriminatórias,
embora tecnicamente não correspondam ao conceito de racismo. Um exemplo claro
são os trabalhadores do Norte e Nordeste do Brasil em busca de melhores
oportunidades no Sul e Sudeste. Regiões cujo status regional é frequentemente usado
de maneira discriminatória.
4 MOVIMENTO DO FEMINISMO
19
oposto se expandiu e as diferenças entre os tratamentos propostos diminuíram.
Homens e mulheres, principalmente nas relações de trabalho.
Nas relações sociais sexuais, as tarefas relacionadas ao trabalho doméstico
são priorizadas para as mulheres e o trabalho produtivo para os homens, o que torna
a distribuição do tempo entre trabalho e família na vida das mulheres mais conflituosa
e perceptível.
Em geral, isso não acontece com os homens, que têm mais chance de escolher
entre trabalho e lazer. Essa naturalização dos diferentes lugares sociais que homens
e mulheres devem ocupar generaliza a "opção" das mulheres. Para mais família e
menos trabalho remunerado.
O início do movimento feminista se perdeu ao longo do tempo, pois sempre
houve mulheres ao longo da história que se revoltaram contra as condições que lhes
eram impostas, mas a primeira onda do feminismo surgiu no final do século XIX por
seus direitos, como o direito de voto, sendo apoiadas pelas chamadas "sufragistas",
que promoveram grandes manifestações na Inglaterra, onde foram severamente
reprimidas. O direito ao voto e à boas condições de trabalho eram os nortes principais
do movimento feminista em seu início.
No Brasil, o movimento feminista começou na década de 1970 como uma
resistência à ditadura com mulheres militantes e muitas vítimas da repressão da
época, visto que o movimento militar considerava perigosa qualquer manifestação do
feminismo.
Naquela época, havia muitos exilados políticos que tomaram conhecimento dos
movimentos feministas internacionais na Europa e os levaram a nível nacional.
Pensando nisso, nasceram no país as primeiras raízes do feminismo, referido por
muitos como uma espécie de feminismo radical que é fruto do sofrimento.
Antes, as mulheres brasileiras já estavam sob a influência do feminismo
internacional, inspirado por feministas marxistas como Alexandra Kollontai e
influenciadoras como Simone de Beauvoir, e movimentos que nasceram em diferentes
partes do mundo tomaram corpo no Brasil. Em 1932, as mulheres brasileiras
passaram a ter direito de voto com a promulgação novo Código Eleitoral Brasileiro. Ao
mesmo tempo, o movimento das trabalhadoras pelos direitos das mulheres foi
fortalecido.
20
O atual feminismo brasileiro nasceu na década de 70 no cenário internacional
que instituiu o Ano Internacional da Mulher (1975), o que propiciou a discussão da
Constituição feminina e, ao mesmo tempo, no contexto amargo das ditaduras latino-
americanas que eram vozes silenciosas, inexoráveis e dissidentes.
Com a democratização do Brasil na década de 1980, o feminismo na luta pelos
direitos das mulheres iniciou um período de grande fermentação com grupos e
coletivos espalhados pelo território nacional que buscavam discutir uma série de
questões femininas e aumentar a conscientização, e que eram objeto de
reivindicações femininas, visto que muitos dos direitos inerentes às mulheres não
existiam ou, se existiam, não eram reconhecidos e praticados. Essa era foi marcada
por grandes avanços na conquista dos direitos das mulheres, muitas delas inclusive
integraram a Constituição Federal de 1988, uma das constituições que mais defendeu
os direitos das mulheres.
Desde então, as mulheres no Brasil têm feito uma série de conquistas, inclusive
em relação à prevenção da violência contra a mulher, em relação aos seus direitos
trabalhistas ao mercado de trabalho, que envolve um número cada vez maior de
mulheres. A militância das mulheres também favoreceu a entrada dessas na política
nacional, o que favoreceu a luta pela efetivação dos direitos das mulheres.
Infelizmente, as mulheres ainda são relegadas a um papel secundário na política
nacional e na luta por maiores conquistas nessa área.
As mulheres contemporâneas conquistaram inúmeras vitórias em sua luta pela
igualdade e pelo reconhecimento de seus direitos, mas o cenário atual está longe do
ideal, há um duplo problema quando se fala das conquistas das mulheres brasileiras.
Essas conquistas foram confirmadas e premiadas, por exemplo, pelo órgão
constitucional, verifica-se que tais conquistas na prática e no cotidiano são mais afetas
no mundo teórico, na prática as mulheres sofrem uma espécie de violação disfarçada
de seus direitos protegidos pelo Estado. Por outro lado, as mulheres ainda não
cumpriram as suas reivindicações, pois muitos dos seus direitos nem sequer
encontram o selo da lei. Ainda existem formas de violência e opressão contra as
mulheres que são subjetivas, muitas vezes difíceis de identificar.
Enquanto persistem significativas desigualdades salariais entre homens e
mulheres que ocupam as mesmas funções, é inegável que a crítica feminista às
desigualdades no mercado de trabalho desempenhou um papel importante na intensa
21
diversificação vivida profissionalmente por mulheres nas últimas três décadas. Um dos
orgulhos do movimento feminista brasileiro é o fato de desde seu início ter se
identificado com as lutas populares e pela democratização do país.
Afinal, apesar de tantas lutas e tantas conquistas, elas ainda são ameaçadas
ou seus direitos são suprimidos ou retirados. Isso aconteceu com a recente reforma
trabalhista, que modificou importantes institutos conquistados por mulheres, que
defendem melhor proteção desses direitos. Além disso, tais mudanças na prática
podem resultar em perdas para as mulheres na transferência para empregos no
mercado de trabalho, pois acredita-se que a contratação de mulheres acarrete
maiores custos e despesas para empresas e organizações.
O princípio da isonomia, tão defendido no Brasil e também defendido
constitucionalmente, tem como lema tratar os desiguais como iguais para criar os
meios para isso, mas o respeito às particularidades foi reconhecido como parte dessa
igualdade. A legislação trabalhista protegeu amplamente essas desigualdades, como
a necessidade de pausas para amamentar, e a reforma trabalhista chegou ao ponto
de tentar suprimir algumas dessas diferenças e violar os direitos das mulheres
trabalhadoras.
O movimento feminista contemporâneo ganhou um forte aliado, a mídia e as
redes sociais, nas quais inúmeros grupos de mulheres tentam dar voz às mulheres e
trabalhar para empoderá-las. A união das Mulheres, qualificada como o caminho da
chamada igualdade, está se fortalecendo e se solidificando, o que vai contra o que
realmente foi conquistado e mostra que ainda há um longo caminho a percorrer. Pode-
se dizer que a reforma trabalhista está ligada ao feminismo na medida em que mudou
fundamentalmente as questões trabalhistas que afetam diretamente os direitos das
mulheres.
Atualmente, o movimento feminista ainda atua no Brasil e no mundo e foi
moldado ao longo de sua história por diversas conquistas e derrotas nas esferas
política, social e trabalhista. Eventos recentes, como a abolição de alguns direitos das
trabalhadoras feministas, assassinatos de mulheres envolvidas na política e outras
formas de opressão, velada ou aberta, mostram que a luta feminina ainda está longe
da glória, pois é uma luta para todos.
O mesmo autor destaca que foram elaboradas concepções modernas de
infância no decorrer desse processo de mudanças, norteadas pelo pensamento de
22
que a relação entre crianças e adultos é de grande dependência, o que culminou na
ideia de fortalecimento da família para a maior proteção das crianças e em uma maior
intervenção da sociedade nessa relação.
A classe burguesa foi a primeira a se conscientizar sobre a questão abordada
no parágrafo anterior e tempos depois, essa idéia foi difundida no meio das classes
trabalhadoras, esse processo foi diferente em relação aos modos e tempos para cada
uma dessas classes.
No período entre a Idade Média e o início da era moderna, não existia certo
cuidado com as crianças, uma vez que essas não eram reconhecidas pela sociedade.
Isso é demonstrado pelo fato de aos sete anos a criança ser considerada capaz de
conviver com os adultos e, assim, assumir certas responsabilidades.
Nas organizações hierárquicas, as antigas nomenclaturas de "mestre",
"funcionário público" e "aprendiz" são mantidas até os dias de hoje, as quais foram
então utilizadas nas instituições do grande poder como feudos, artesanato e a igreja
que surgiram após a fragmentação do Império Romano, como Camino (2004) aponta.
As empresas de artesanato existiam quando foram fundadas para proteger os
artesãos da zona urbana, surgidas com a emigração de trabalhadores do campo,
surgiu o chamado corporativismo na zona urbana. Os trabalhadores dessas empresas
eram divididos em assalariados e aprendizes.
24
Aos 12 anos, esse jovem era contratado como aprendiz por dois a dez anos,
dependendo da dificuldade de aprendizado do ofício.
O corporativismo terminou em declínio durante a Revolução Francesa,
enquanto na Inglaterra o corporativismo iniciou no início do século XIX. Perdendo
potência e consequentemente dando lugar às “máquinas” originado na época da
revolução industrial.
Nascimento (2005, p. 40) ressalta, porém, que as empresas tinham uma
relação muito autoritária com os trabalhadores e que era pensada mais para satisfazer
seus interesses do que para proteger os trabalhadores.
O autor registra que:
25
servos e trabalhadores corporativos foram substituídos pelo trabalho assalariado em
larga escala.
O trabalho infantil sempre existiu, mas no século XIX, durante a Revolução
Industrial, o chamado "meias-forças" foi usado porque se acreditava que mulheres
adultas, crianças e jovens empregavam muito menos forças do que os homens, e seus
salários eram bem inferiores.
Ainda no que se refere às “meias-forças”, na busca por maiores lucros no
mercado predatório com altíssima competitividade, buscaram-se soluções, como
baixar o preço dos produtos, reduzir os custos dos produtos por meio de salários mais
baixos e maior jornada de trabalho, a exemplo do emprego de mulheres e crianças
com salários menores que os homens.
Uma das razões para os trabalhadores aceitarem essa exploração são as
promessas feitas pelos donos das indústrias, como o acesso a alimentos e bens
abundantes que só os ricos tinham, período durante o qual as crianças na Inglaterra
se tornaram objetos de comercialização.
As crianças eram rigorosamente disciplinadas, a alimentação era pobre e ainda
submetidas a um longo dia de trabalho, de forma que acabavam dormindo nas fábricas
onde trabalhavam e expostas a coisas completamente insalubres e promíscuas.
Também não havia oportunidade de ensino. Portanto, as promessas feitas no início
da revolução industrial não foram cumpridas e as crianças não foram educadas, não
se desenvolveram e foram corrompidas por este ambiente.
Marin (2006) afirma que trabalho infantil foi usado para reduzir os custos de
produção, pois as crianças recebiam salários insignificantes e baixos para os
proprietários das fábricas e aceitavam as exigências com muito mais facilidade.
Depois de ver a situação das crianças, a sociedade passou a dar mais atenção
a essa questão.
26
A lei trabalhista foi criada na Inglaterra em 1802 para proteger o menor
trabalhador. As vantagens legais eram a jornada diária de 12 horas e a proibição do
trabalho noturno, mas as crianças entre cinco e seis anos continuavam trabalhando
nas fábricas.
Esta lei foi revogada e uma segunda lei foi subsequentemente aprovada em
1819 proibindo o emprego de crianças menores de 9 anos, com a carga de trabalho
de 12 horas mantida.
Em meio a essa situação, o movimento sindical nasceu e se fortaleceu, tendo
os legisladores inicialmente preocupados com a proteção da mulher e da criança.
Dezessete leis inglesas foram promulgadas entre 1802 e 1867 com o objetivo
de proteger as crianças entre as idades de 8 e 13 anos, mas somente em 1870 a
exploração do trabalho infantil foi reduzida.
As primeiras leis laborais visavam prevenir os abusos contra os trabalhadores
europeus, especialmente mulheres e menores. As lições aprendidas são transcritas a
seguir:
27
papel coordenador de interesses entre capital e trabalho. (NASCIMENTO, 2005, p.
44)
Nas primeiras décadas do século XX, o trabalho infantil tornou-se um problema
social. Hoje, no século XXI, milhões de crianças e jovens trabalham nas cadeias de
comércio, serviços e produção industrial e agrícola.
A legislação relativa ao trabalho infantil e juvenil foi-se desenvolvendo
gradativamente e o decreto oficial de 1825 foi a primeira medida de proteção aos
menores.
Em 1854, a escolaridade obrigatória foi regulamentada, mas a lei não era
geralmente aplicável porque o escravo não tinha essa garantia. O acesso também foi
negado a pessoas com doenças contagiosas e não vacinadas.
Essas restrições afetaram crianças de famílias que não tinham pleno acesso
ao sistema de saúde, o que nos leva a refletir sobre o impacto da acessibilidade e da
qualidade de uma política social sobre a outra, ou como a falta de cobertura afetou a
saúde, o acesso das crianças à escola, o que conduz a uma dupla exclusão dos
direitos sociais. No Brasil, como em outras sociedades, havia escravidão e
preconceito racial.
O aspecto mais humilhante da história colonial e imperial do Brasil foi a
escravidão de negros africanos por meio do tráfico de pessoas.
Desnecessário dizer que a importância dos negros para a economia e,
essencialmente, para a educação cultural do povo brasileiro, é generosa com todos
os povos, embora mais de três séculos de obediência ainda afetem a separação da
pobreza e do preconceito racial.
Oliva (2006, p.59) estima que entre 1550 e 1855 cerca de 4 milhões de
escravos africanos foram trazidos para o Brasil. Não havia regras entre senhores e
escravos, pois os escravos eram vistos como objetos e não como pessoas.
29
Em 1923 foi criado o Juizado de Menores, o primeiro da América Latina nessa
área, seu primeiro juiz foi Mello Mattos, o código seguiu os mesmos princípios da
criação do Juizado de Menores (OLIVA, 2006).
O período do Estado Novo entre 1937 e 1945 foi marcado pela criação de
mecanismos de implementação da política social no Brasil, tendo como resultados
mais marcantes a criação de leis trabalhistas, escolaridade obrigatória e seguridade
social vinculadas à inserção ocupacional que é uma cidadania regular. Em 1942 foi
criado o Serviço de Assistência ao Menor.
Era uma instituição do Ministério da Justiça e funcionava como equivalente do
sistema Penitenciário para a população menor de idade, sua orientação era corretiva
repressiva. O sistema oferece atendimento diferenciado para infratores e crianças
carentes e abandonadas
Em 1964 ocorreu o Golpe Militar, que paralisou o progresso democrático, a
Constituição de 1967 significou um retrocesso nos direitos sociais. Em plena ditadura
militar, foi aprovada a Lei nº 6.697 para menores de 10 de outubro de 1979, que
conceituou que se tratava de "menor em situação irregular" e conferiu à autoridade
judiciária poderes ilimitados para tratar do assunto.
Nas primeiras décadas do século XIX, as crianças trabalhavam para adultos e,
na Inglaterra, iam para a escola em vez de trabalhar. Um dos resultados da luta pela
abolição do trabalho infantil na década de 1980 foi o artigo 227, que foi incorporado à
Constituição Brasileira de 1988.
Com exceção da Somália e dos Estados Unidos, os estados membros das
Nações Unidas ratificaram a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança
em 20 de novembro de 1989.
A publicação da Constituição Federal de 1988 e 1989 com a Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, a adoção do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) em 1990, a base técnica e financeira do programa Internacional
para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) em conjunto com os programas do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) - desde 1992 - o combate ao trabalho infantil está incluído nas
políticas econômicas e sociais.
Percebe-se, portanto, que a problemática do trabalho infantil tem recebido
grande atenção do governo e da sociedade. Essa desigualdade persiste e está
30
relacionada à educação social do país. O Brasil foi estruturado socialmente a partir do
colonialismo, da escravidão, da oligarquia agrária, teve uma industrialização tardia e
uma discreta modernização da agricultura, ou seja, da população pobre.
Devido a problemas sociais como a violência, o trabalho infantil é visto como
uma solução para manter os jovens longe do crime e levar uma vida mais digna.
Outro aspecto notável da época foi a necessidade de reduzir os custos da mão
de obra para aumentar a competitividade da agricultura e da indústria. A prática do
trabalho infantil passou a ser condenada na sociedade rural brasileira porque, por seu
caráter expressivo, a visibilidade no contexto do desenho das relações de trabalho
correspondia ao processo de interdependência entre a agricultura e a indústria.
Com o desenvolvimento tecnológico, as famílias tiveram que assumir os
afazeres familiares como se não fossem, sob o risco de serem excluídas do mercado
de trabalho, que corresponde ao “trabalhador médio”. Nasceu da contradição entre
abandono e preocupação com a situação dos menores no Brasil.
O trabalho infantil tem seu conceito variante que depende do país em questão.
O termo “trabalho infantil” tem sido utilizado para simbolizar a atividade de
crianças e jovens em condições degradantes e proibidas por lei. O processo de
educação de menores a adultos é afetado pelas condições degradantes a que estão
expostos.
Ao integrar a criança ou o jovem como trabalhador, o empregador remunera-os
enquanto não forem responsáveis pelos atos que cometeram ou no âmbito do
reconhecimento da responsabilidade civil legalmente estabelecido.
Como as crianças e os jovens também não são responsáveis por seus atos,
eles entram no mercado de trabalho como um apêndice dos pais, com restrições que
erroneamente os caracterizam como trabalhadores livres.
Segundo esta definição, o trabalho infantil mobilizou o investimento de uma
verdadeira cruzada moral, liderada principalmente por porta-vozes da OIT -
Organização Internacional do Trabalho (OIT), no sentido de condenar formas
degradantes ou intoleráveis de pobreza.
31
Para efeitos de sua condenação, ele tem sido utilizado a partir da cristalização
de significados evidentes: ele responde a carências materiais e sociais dos que a eles
se submetem. E tem sido identificado às condições específicas de países de
desenvolvimento econômico dependente.
Marin define o trabalho infantil (2006, p. 13) como trabalho remunerado
realizado por crianças e adolescentes em certas atividades profissionais
reconhecidamente prejudiciais por afetar o desenvolvimento físico, emocional, moral,
social e intelectual de pessoas que ainda estão em formação.
Existem trabalhos infantis que não prejudicam a criança. Segundo essa visão,
pode-se entender que alguns trabalhos podem ser benéficos às crianças
desenvolvendo senso de responsabilidade e de valor das coisas. Definição de
trabalho infantil como um trabalho que explora a mão de obra da criança e prejudica
todos os tipos de desenvolvimento, lhe causando danos.
32
Para Martins (2006), as principais preocupações com as proibições de trabalho
para crianças e adolescentes dizem respeito a questões de preparação física e
desenvolvimento, cultura, moral e segurança; isso significa que crianças e jovens não
precisam ser expostos ao trabalho às custas de seu crescimento intelectual e cultural,
e não a atividades que possam prejudicar seu desenvolvimento físico normal ou
representar um perigo físico para eles, bem como qualquer tipo de trabalho que viola
seus princípios e pode influenciar a moralidade.
As proibições de trabalho para menores são: trabalho noturno aplicável após
as 22h, trabalho em ambiente insalubre, perigoso ou suscetível à moralidade, trabalho
em ruas, praças e lugares públicos, a menos que o juiz de menores tenha dado
autorização prévia concedida, trabalho que requer força muscular superior a 20 kg se
for contínua, ou 25 kg se for ocasional.
No que diz respeito à duração da jornada de trabalho, o menor pode prorrogar
no máximo oito horas por dia, com exceção de duas horas diárias, desde que uma
convenção coletiva ou um acordo individual preveja a compensação dessas horas e
em casos excepcionais não pode exceder o máximo de 12 horas e serão remuneradas
com acréscimo pago com acréscimo salarial de 50%. Ressalta-se que o Ministério do
Trabalho deve ser avisado no prazo máximo de 48 horas caso haja necessidade de
prorrogação do trabalho da criança (NASCIMENTO, 2005).
33
permitir que seu salário seja igual a meio salário mínimo vigente na primeira metade
do tempo destinado ao curso de aprendizagem e depois dois terços do salário mínimo.
É importante que o empregador cumpra rigorosamente os padrões de
treinamento, a fim de evitar a deturpação desse tipo de contrato e que os
empregadores se beneficiem da legislação visando benefício para a empresa. Caso
essa prática seja revisada, o empregador enfrentará sanções legais e o salário do
menor aprendiz será igual ao mínimo integral ou ao salário mínimo da categoria
(NASCIMENTO, 2005).
34
está a frequentar um curso normal de estudos e que, ao ingressar na empresa, tem
como objetivo de adquirir conhecimento, bem como o objetivo, será parte integrante
da empresa no futuro.
35
Metódico é o sistema segundo o qual o aprendiz combina seus conhecimentos
teóricos com os práticos no ambiente da empresa, somente essa fórmula confirma a
atitude e as condições especiais atribuídas ao menor aprendiz, caso contrário, a
empresa será fragilizada por meio de fiscalizações ou ações trabalhistas.
Diversas instituições são obrigadas a contratar e inscrever 30 aprendizes para
os cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem, o que equivale a um mínimo de 5%
e um máximo de 15% dos trabalhadores cujas funções requeiram formação
profissional para cada instituição. Exceção as empresas sem fins lucrativos com fins
educacionais.
37
maioria dos jovens que o fazem por absoluta necessidade de sobrevivência embora
muitas das vezes as atividades são consideradas informais, e consequentemente
distantes dos controles formais de fiscalização do Estado.
A Declaração Universal dos Direitos da Criança estabelece no artigo 2° o
objetivo principal da proteção do trabalho dos menores, para proteger seu
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social de forma saudável e normal
e em condições de liberdade e dignidade.
Neste sentido, o artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente garante que
as crianças e os jovens têm direito à proteção, à vida e à saúde através da
implementação de uma política social pública que possibilite um nascimento saudável
e harmonioso e um desenvolvimento em condições dignas.
38
24 anos e obrigar o jovem a aceitar uma aprendizagem. A idade máxima prevista n
não se aplica a aprendizes portadores de deficiência.
A título de ajuste empregatício específico, para ter validade, o contrato de
aprendizagem exige a anotação na CTPS, da matrícula e frequência do aprendiz caso
não tenha concluído o ensino fundamental, e da matrícula em currículo elaborado sob
a direção da instituição. Qualificado em formação técnica - especialista metodológico.
39
empresa por uma pessoa para fazer face à necessidade temporária de substituição
do seu pessoal permanente ou de acréscimo extraordinário de serviços.
Empresa de trabalho temporário é a pessoa física ou jurídica urbana
devidamente inscrita no Ministério do Trabalho e cuja atividade consiste em colocar
trabalhadores qualificados remunerados à disposição de outras empresas e receber
apoio de trabalhadores qualificados.
O contrato de trabalho celebrado entre as empresas de trabalho temporário
com cada funcionário enviado à empresa recrutadora ou cliente deve ser por escrito
e deve incluir claramente os direitos conferidos ao funcionário por esta lei.
Os trabalhadores temporários gozam de todos os direitos trabalhistas dos
trabalhadores empregados dentro de um determinado período de tempo.
40
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