Você está na página 1de 18

1

RECUPERAÇÃO DE NÍVEL E PRUMO DE EDIFÍCIOS


COM GRANDES RECALQUES DIFERENCIAIS

ADEMIR SCOBIN GRIGOLI


Engenheiro Civil
Rua José Clemente, 759
CEP - 87.020-070 - Maringá – Paraná - Brasil
E –Mail : grigoli@nobel.com.br

RESUMO

Um edifício alto, quando por um problema de recalque diferencial, ou por


um problema de ruptura de parte de sua estrutura, seja de um pilar ou seja de
uma viga, tem como conseqüência a apresentação de uma patologia com
elevado grau de complexidade para a sua solução. Esta patologia pode dar a
evidência de elevados desníveis e desprumos na sua estrutura.
Este trabalho mostra de forma detalhada, baseado em resultados de
procedimentos praticados e adotados por este autor, um mecanismo
tecnológico para a recuperação de nível e prumo de estruturas de concreto
armado de edifícios altos.

De maneira sintética, este mecanismo de recuperação, prepondera as


seguintes fases de análise do sistema afetado:
- análise geotécnica do solo – indicando condições atuais do solo onde o
edifício está executado, além de apontar condições para eventuais reforços
de fundações;
- análise da infra-estrutura – indicando condições atuais da fundação com
previsões de como estariam as novas cargas atuantes na fundação em
função do movimento da estrutura e possíveis condições de uma eventual
refundação;
- análise da supra-estrutura – indicando condições atuais da estrutura com
previsões de como estariam as novas cargas atuantes nas peças
estruturais em função do movimento sofrido pela estrutura;
- análise das cargas – indicando as flutuações das cargas, durante o estado
estático quando da execução da edificação, quando da ocorrência da sua
movimentação e também quando do provável retorno da estrutura ao seu
renível e ao seu reprumo;
- análise das condições estáticas – analisando os estados de tensões nas
peças estruturais, levando em consideração os coeficientes reais de
segurança disponíveis no conjunto;
- análise das condições dinâmicas – analisando através de simulações
computacionais os estados de tensões nas peças estruturais, levando em
consideração os coeficientes reais de segurança disponíveis no conjunto;
- análise dos núcleos centrais de inércia [10],[11] – analisando de forma
estática e dinâmica o comportamento da estrutura de concreto, indicando o
tipo de equilíbrio em que a mesma se encontraria, em cada fase do
processo de recuperação.
2

Tendo-se estudado a estrutura do edifício, estaticamente e


dinamicamente, através de equipamentos mecânicos apropriados, colocados
nos pilares do térreo ou no subsolo do edifício, com tais pilares cortados e
devidamente ancorados nestes equipamentos, faz-se o processo de retorno ao
renível e reprumo do edifício, com deslocamentos verticais de retorno, iguais
aos simulados via computador, dentro dos coeficientes de segurança
aceitáveis.

I - INTRODUÇÃO

Dentro do processo que envolve o assunto durabilidade das obras da


construção civil, tem despertado muita relevância a discussão do assunto
sempre envolvendo a idade da obra no que se concerne aos seus
componentes individuais, quais sejam: as propriedades inerentes à estrutura
interna do concreto, principalmente os reflexos da presença contínua da água
em seu interior; as propriedades inerentes ao aço estrutural, principalmente os
reflexos da tão prejudicial corrosão; as propriedades inerentes aos complexos
sistemas de impermeabilizações que se deficiente, diretamente comprometem
a performance de todo o conjunto de convivência de uma construção; as
propriedades dos mecanismos e gestões de execução de implantação de
alvenarias e revestimentos, que se implantados inconvenientemente,
comprometem todo o arranjo arquitetônico em curto espaço de tempo; as
propriedades dos sistemas estruturais, que de uma forma ou de outra,
dinamiza o mercado, sempre procurando melhores disposições econômicas,
mas que de certa forma pode, numa falta de méritos compatíveis ao estado de
carga atuante, desencadear distúrbios comprometedores à dinamicidade do
conjunto construtivo e em prejuízo à segurança envolvida na obra; não menos
importantes as propriedades geotécnicas dos solos constantes nas fundações
dos edifícios, que se não disponibilizado tecnicamente de acordo com os
coeficientes de segurança recomendados, pode minimizar a vida útil da
edificação. Ainda, todo um aparato de socorros patológicos tem se alavancado
no sentido de socorrer problemas ocorridos com obras da construção civil.
Vejamos notoriamente os avanços ocorridos na recuperação de peças
individuais de concreto, como a recuperação de vigas fissuradas por flexão;
recuperação de vigas fissuradas por cizalhamento; recuperação de ferragem
de vigas afetadas por processos contínuos de corrosão eletrolítica;
recuperação de lajes com múltiplas avarias; e ainda com ponderações de
riscos eminentes, as recuperações de pilares severamente abalados por
diversas formas agressivas e danosas.
3

FIGURA N O 01 - Detalhe [28] pilar com recalque por colapso de fundação.

HELENE [13], mostra que no estudo de patologia e terapia de edificações,


podemos encontrar percentualmente os seguintes índices: - fissuras ativas e
passivas 21%; - manchas superficiais 22%; corrosão de armaduras 20%; -
ninho 20%; - flechas excessivas 10%; - degradação química 7%. Nesta
discriminação, não cita patologias oriundas de recalques diferenciais, como o
mostrado na figura no 01, que achamos de elevada importância.
Esta forma especifica de patologia de obra chama muito a atenção,
conforme mostra a figura no 02, quando se trata de movimentos estruturais
globais, provocados por recalques diferenciais de grande monta. E uma
técnica muito conhecida é a de promover um reforço de fundação, promovendo
a estabilização de todo o conjunto, dando assim condições de uso do sistema.
Chama-nos a atenção, o fato de que, quando existir uma patologia
mostrando grandes recalques diferenciais, um simples reforço da fundação e
estabilidade do conjunto não resolve totalmente o incidente. O agravante é que
o desprumo e o desnível remanescente, pode tornar o sistema edificado como
desconfortável ou simplesmente inabitável.
Este trabalho, vem propor uma alternativa para estes casos de
desaprumos e desníveis acentuados, que para tornar a edificação habitável
novamente, além de se promover o reforço de fundação, viabilizando a
estabilidade do conjunto, também seja necessário o retorno do mesmo ao
prumo e nível original.
Edifícios altos com danos, tais como, os acima enumerados, podem com
o processo neste trabalho descrito, ser solucionado.

INCLINAÇÃO

RECALQUE

SOLO

FUNDAÇÃO

a b Detalhe mostrando a inclinação e o recalque


característico
4

FIGURA N O 02 - Mostra em "a" o edifício sem danos e em "b" o edifício com


desprumo e desnível.

II - CARACTERÍSTICAS DOS RECALQUES DIFERENCIAIS

É típico de um edifício alto com grandes recalques diferenciais, os


seguintes parâmetros identificadores e/ou seguintes formas:
a) Recalque de origem gradual[25], com a ocorrência de grandes recalques
durante algum tempo, levando em um determinado instante a existir riscos
eminentes de até mesmo uma eventual ruína;
b) Recalque de origem colapsoidal[05].[25], ocorridos de forma instantânea e
inesperada, com danos(rompimentos) em elementos estruturais de
sustentação, ocorrido em sua infraestrutura(fundação) ou em sua
superestrutura( pilares e vigas), danos provocados pela brusca alteração
das características reológicas do solo de sustentação, podendo ser
provocado por uma alteração imprevista do nível do lençol freático, uma
infiltração de grande quantidade de água oriunda de vazamentos
inesperados, ou até mesmo por situações de construções vizinhas
provocando descontensão do solo que envolve a infraestrutura, ou
alterações bruscas de carregamentos.

III - CONDIÇÕES DA INFRAESTRUTURA - SOLO/FUNDAÇÃO

Existindo-se um grande recalque diferencial em uma edificação, fica


evidente que as cargas atuantes durante a utilização do edifício, por algum
motivo, em algum instante, esteve maior do que a capacidade de suporte do
solo, seja por mal dimensionamento, seja por alteração da reologia do solo ao
longo do tempo.
Se uma vez determinado que no atual momento, a fundação não tem
mais condições de suportar estaticamente as cargas totais da edificação, deve-
se então promover a execução de uma indispensável refundação[10],[11],
conforme sugere a figura no 03.
As condições de como executar e qual o tipo de refundação a ser
executado, deve ser inquestionavelmente analisado e ponderado caso a caso.
O que deve ser prevalecido é que a refundação deve ser feita considerando um
dimensionamento para suportar todas as cargas estáticas de utilização da
edificação, assim como também as cargas dinâmicas que surgiriam durante um
eventual processo de movimentação da estrutura ao reprumo e ao renível da
edificação. Estas ponderações sobre as cargas dinâmicas envolvidas durante
o processo de retorno da edificação são indispensáveis e tais cargas, podem
ser obtidas durante o processo de simulação computacional[16],[17], através de

REFORÇO
FUNDAÇÃO
5

métodos e procedimentos universalmente já conhecidos.

FIGURA N O 03 - Esquema de proposta de reforço de fundação em edifício com


grande recalque diferencial. Cada caso, merece estudo de viabilidade em
particular atenção.

IV -PROCEDIMENTO ESTRATÉGICO A SER ADOTADO PARA


RECUPERAÇÃO DO NÍVEL E PRUMO

Todo edifício, uma vez submetido a uma anomalia patológica


caracterizada por recalque diferencial, apresenta um quadro referencial
marcado por:
a) dado um determinado referencial de nível no sistema que circunscreve a
edificação, nota-se que vai existir um lado do edifício que "afundou" mais
que o outro;
b) dado um determinado referencial de prumo no sistema que circunscreve a
edificação, nota-se que vai existir um relativo "tombamento" do edifício para
o lado onde houve "afundamento".
Diante do exposto em "a)" e "b)" acima, todo o procedimento
estratégico para se conseguir retornar o edifício ao prumo e nível
originário, será promover os cortes dos pilares do subsolo ou do térreo,
e, através de equipamentos adequados, promover recalques forçados no
lado onde houve menor "afundamento", tendo-se após sucessivos
recalques forçados e planejados, a recomposição do nível e prumo
originário do edifício.

V - ESTUDOS E PROJETO DE RECUPERAÇÃO

Todos os estudos preliminares e o diagnósticos formados, devem ser


dirigidos no intuito de viabilizar e analisar os seguintes itens básicos:
a) expectativa de durabilidade do conjunto danificado após a recuperação;
b) funcionalidade do conjunto recuperado, em função de eventuais alterações
arquitetônicas necessárias para demandar os reforços estruturais;
c) segurança estrutural envolvida durante o transcorrer do processo de
recuperação;
d) estética e conforto psicológico do pós-estado da estrutura recuperada.

Os projetos afins, devem de forma inequívoca discriminar e priorizar os


seguintes aspectos:
a) detalhes de procedimento;
b) especificação dos materiais a serem utilizados, seguido de detalhes de
aplicação e forma de manuseio e sua gestão no canteiro;
c) detalhes executivos dos procedimentos com memória de cálculo justificando
os caminhos adotados, inclusive com as simulações computacionais
executadas;
6

d) especificação dos ensaios de controle dos procedimentos a serem


executados ao longo da recuperação estrutural.

VI - MEDIÇÕES

Acontecido ou constatado o incidente, as evidências e os problemas


começam a ser visualizadas.
Recalques diferenciais, apresentam como sintomas evidentes o
aparecimento de desprumos de desníveis, fissuras em painéis de alvenaria e
fissuras em corpos de vigas e pilares de concreto, e em alguns casos podendo
se mostrar com muita preocupação em ruptura por esmagamento causado por
flexo-compressão em pilares situados nos pavimentos do térreo ou do subsolo.

FIGUA NO 0 4 - Mostrando[28] acompanhamento de prumo por equipamento de


gravidade - (método mais simples de apuração de prumo).

É necessário o acompanhamento periódico da evolução destas


anomalias. Este acompanhamento, seria promover periodicamente medições
dos desníveis e desaprumos com teodolitos óticos ou a lazer, ou mesmo com
prumos de gravidade, como mostra na figura no 04 e linhas de nível. E para o
acompanhamento da evolução das fissuras em painéis de alvenaria, vigas e
pilares, extensômetros micrométricos[22],[24]. Sendo que o histórico destas
medições anômalas podem deninir as prioridades estratégicas a serem
adotadas durante os estudos das patologias envolvidas.

VII - GEOTÉCNIA DO SOLO


7

No caso do envolvimento de uma edificação com patologia de grande


recalque diferencial, as causas, preponderantemente, podem estar
relacionadas com o substrato do solo.
Embora tendo-se em mãos eventuais estudos geotécnicos efetuados
quando da execução da fundação do edifício, é de bom arbítrio refazê-la, no
sentido de se obter informações adicionais que podem não estar incluídas no
estudo geotécnico original.
Diante do incidente ocorrido, faz-se necessário um estudo geotécnico
envolvendo diagnósticos relativos a:
a) perfil estratigráfico[08],[25] completo, mostrando camada por camada até a
presença do horizonte rochoso, determinando-se principalmente o
Standard Penetration Test (SPT);
b) para cada camada[25], extrair testemunho e com os mesmos em mãos,
determinar todos os índices físicos deste solo, seja de forma "in natura" ou
de forma "deformada";
c) determinar e analisar[25] o comportamento da posição do lençol freático;
d) determinar eventuais possibilidades[25], em função da variação da posição
do lençol freático, da ocorrência de processos de lixiviamento de solo,
principalmente em camadas com potenciais quantidades de elementos de
"fillers" sem substrato cimentante.

Diante do presente levantamento geotécnico[08],[16],[25] e com o perfíl


estratigráfico em mãos, promover estudos comparativos com o inicialmente
executado quando da execução da fundação do edifício e também promover
possíveis confrontos de suporte de carga entre o que suporta o solo e o que
apresenta de cargas atuantes da estrutura em uso.
Certamente deve-se analisar também situações evidentes que podem
alterar reologicamente as características de suporte do solo [05],[15],[23] do tipo:
a) eventuais vazamentos inesperados de água de origem em tubulações de
água de tubulações prediais;
b) eventuais vazamentos inesperados de água de origem em deficiências de
impermeabilidade em reservatórios subterrâneos;
c) eventuais vazamentos inesperados de água de origem em redes de
abastecimento públicas próximas aos limites de fronteiras ao terreno do
edifício;
d) eventuais deslocamentos de talude de terra, causadas por escavações
vizinhas, seja de origem de implantação de novas edificações ou de
implantação de serviços em vias públicas.

VIII - GEOMETRIA DAS PEÇAS CONSTITUINTES DO EDIFÍCIO

O procedimento de simulação dinâmica computacional do retorno da


estrutura do edifício ao reprumo e ao renível, tem por objetivo principal
determinar as flutuações das cargas e esforços em cada peça ou ponto
estratégico da estrutura do edifício.
Isto só é possível se antecipadamente for promovido um levantamento de
carga de todo o conjunto, elaborando-se pela determinação de todas as
medidas e dimensões de vigas, pilares, lajes, painéis de alvenaria e eventuais
8

enchimentos ou aberturas que promovam cargas ou alívios na estrutura do


edifício.
Até a ocorrência do recalque diferencial[23],[24], três etapas distintas de
carregamentos[03] se fazem presentes em todo este processo:
a) Edifício com cargas inertes, incluso móveis e utensílios, em estado antes da
ocorrência dos recalques diferenciais;
b) Edifício com cargas inertes, móveis e utensílios, cargas móveis tal como
quando habitado;
c) Edifício com cargas inertes, incluso móveis e utensílios, em estado após a
ocorrência dos recalques diferenciais.
Para cada uma das fases de carregamento, pode-se via computacional,
determinar todos os esforços nas diversas partes da estrutura, visando
estabelecer capacidade máxima de suporte de esforços em cada ponto da
estrutura ou da fundação. Atenção especial devendo-se dar ao caso "c)", onde
deve-se considerar os relativos deslocamentos sofridos pela estrutura.
Durante o processo de retorno do edifício ao renível e reprumo, ocorrem
situações de esforços nos elementos estruturais com as mais variadas
flutuações em sua ordem de grandeza. A cada deslocamento milimétrico de um
determinado ponto da estrutura no sentido de retorno ao renível e reprumo,
ocorrem plurisituações de acréscimos ou alívios de esforços nos demais pontos
da estruturas que devem ser analisados e ponderados, onde por certo a
capacidade de suporte de cada ponto limita estes deslocamentos.
A simulação computacional pode plenamente identificar o valor deste
deslocamento máximo admissível em cada ponto da estrutura e torná-lo como
elemento básico de controle durante todo o processo de renível e reprumo.

IX - DISTRIBUIÇÃO DO CONCRETO E DO AÇO NA ESTRUTURA DO


EDIFICIO

Não menos importante é o estabelecimento e a determinação de todas


as seções de concreto do edifício, de seus elementos constituintes, como as
vigas, lajes e pilares.
Juntamente com as determinações das seções de concreto, auxiliado à
pesquisa de informações contidas em croquís e/ou projeto estrutural, ou até
mesmo com entrevistas com pessoal que tenham trabalhado no canteiro de
obras, deve-se promover um levantamento das posições das ferragens nas
peças desta estrutura. Pois a posição das ferragens podem determinar com
melhor segurança os esforços reativos em tais peças durante o processo de
retorno da estrutura ao renível e reprumo.
A disposição das ferragens nas regiões de encontro[01],[07],[09] entre pilares
e vigas, e, também de vigas com lajes, podem indicar o nível de engaste entre
estes elementos, podendo com esta análise, determinar-se o nível referencial
de rigidez do porticamento da estrutura.
A associação intrínseca entre as posições das ferragens na estrutura e o nível
de rigidez do seu porticamento, poderá dar condições efetiva de se verificar o
quanto pode-se aceitar ou não o retorno da estrutura ao seu antigo nível e
prumo.
9

Note-se que a simulação computacional, utilizando-se a configuração da


estrutura de acordo com o que se apresenta no ambiente real, com possíveis
recalques forçados, dando retorno de nível à estrutura, evidentemente
estabelecerá o grau de segurança com que se tem que trabalhar, ao se
promover os milimétricos recalques de retorno.
Este grau de segurança com que devemos trabalhar pode ser
previamente avaliado pelo estado aparente do edifício após a ocorrência do
incidente. Certamente a presença de fissuras em vigas, pilares e painéis de
alvenaria, indicará cuidados maiores na quantificação do grau de segurança a
ser ponderado.
GRIGOLI[10](1999-a), descreve claramente como condições
indispensáveis, as seguintes situações, para que haja possibilidade de
recuperação de nível e prumo de uma estrutura: "Simulações em inúmeros
tipos de estruturas, forneceram parâmetros para que se pudesse afirmar ser
plenamente viável recuperar obras com problemas de nível e prumo, desde
que satisfaçam a algumas condições indispensáveis:
(a) ser viável a execução de uma refundação[16],[23],[25] para garantir
indiferença desta a esforços dinâmicos[14] que ocorrem durante o
processo de macaqueamento;
(b) Ter superestrutura porticada com reticulações dos seus elementos
(vigas e pilares) que garantam deslocamentos[08],[22],[24] elásticos;
(c) Ter superestrutura com conformação de concreto e ferragem que
garantam movimentos relativos da estruturas sem a probabilidade de
fissuramentos prematuros;
(d) Ter os pilares do térreo ou do sub-solo condições de resistência e
inércia para apoios de consoles metálicos previamente
dimensionados em função das características do edifício;
(e) Ter garantia de que o centro de gravidade atual se encontre em
posição adequada e satisfatória comparada à posição do núcleo
central de inércia de todo o conjunto."

X - CARACTERISTICAS REOLÓGICAS DO CONCRETO DA ESTRUTURA


DO EDIFICIO

Quando do levantamento das características físicas e geométricas do


conjunto do edifício, faz-se interessante a mensuração de alguns índices
importantes, tal como a resistência mecânica do concreto, realizada de
preferência com ensaios não destrutivos, do tipo Esclerômetria com o aparelho
Esclerômetro de Schmidt, evitando-se ao máximo a retirada de testemunho da
estrutura.
Também, através de modelos envolvendo a idade e sua resistência, deve-se
promover uma avaliação do Módulo de Elasticidade[3] do concreto da estrutura.

XI - CARACTERÍSTICAS DE INÉRCIA DO EDIFÍCIO


10

Toda estrutura de um edifício em estado de utilização tem fixo e bem


definido o seu estado de inércia, como mostra a figura no 05.

P a P b P c

NCIE NCID NCID NCIE


NCIDR

REFORÇO
FUNDAÇÃO

FUNDAÇÃO
INICIAL

FIGURA N O 05 - Comportamento dos núcleos de inércia do edifício. Em "a",


centro de gravidade com a estrutura em estado estável. Em "b", estrutura em
estados de instabilidade. Em "c", mostrando que o centro de gravidade da
estrutura tem que estar dentro da projeção do núcleo central de inércia para
que seja possível a sua recuperação de nível e prumo.

Se nos setorizarmos às formas de equilíbrio da edificação, como equilíbrio


estável entes da ocorrência do incidente, e equilíbrio instável ou indiferente
após a ocorrência do incidente, podemos concluir que um edifício somente
pode ser recuperado ao seu prumo e nível original, quando após ao incidente,
o conjunto estrutural permanecer em equilíbrio indiferente, de tal forma que se
o mesmo for descalçado no lado oposto ao recalque ocorrido, ele volta ao seu
estado original de nível e prumo pela própria inércia de seu próprio peso.
Determinar a posição do centro de gravidade da edificação após ao incidente e
determinar o seu núcleo central de inércia é preponderante e decisivo. Uma
edificação com grande recalque diferencial, só é possível de ser retornada ao
seu renível e reprumo, se o edifício estiver em equilíbrio indiferente, com o seu
centro de gravidade localizado dentro do seu núcleo central de inércia.

XII - EQUIPAMENTO UTILIZADO PARA REALIZAÇÃO DO REPRUMO E


RENÍVEL
11

O retorno do corpo do edifício ao renível e reprumo, após se ter executado a


refundação, necessário se faz que sejam cortados os pilares do térreo ou do
subsolo, e se promovam os devidos recalques forçados de retorno.
Tem que ser prevista uma fase após a implantação dos equipamentos
para o devido corte e seccionamento dos concretos e ferragens dos pilares,
conforme mostra a figura no 06. E, para isto, a geometria do equipamento a ser
implantado tem que obrigatoriamente prever espaços para estas
operacionalizações de corte de concreto e aço.

CORPO DO EDIFÍCIO

CORTE CORTE CORTE


CORTE
PILAR PILAR PILAR
PILAR

REFORÇO
FUNDAÇÃO

FIGURA N O 6 - Mostrando a estrutura com o reforço de fundação e onde os


pilares do térreo devem ser cortados para a colocação dos equipamentos.
12

FIGURA N O 07 - Vista do equipamento "macaco mecânico"[28]. Observar


particular facilidade de operacionalização.

Então em operação antecedente ao corte dos pilares, promove-se a colocação


do conjunto de equipamento em cada pilar. Estes equipamentos, mostrados
nas figuras no 07, 08, 09 e 10 são:
a) O equipamento que promove o movimento vertical de retorno é o macaco
mecânico. Este equipamento(macaco mecânico - mostrado nas figuras no
03 e 04) de grande praticidade, tem que atender às seguintes condições:
- suportar com segurança depois de devidamente dimensionado as cargas
oriundas do conjunto estático do edifício;
- suportar com segurança depois de devidamente dimensionado, as cargas
dinâmicas procedentes do movimento da estrutura;
- ser de tamanho adequado e apropriado para ser inserido entre a parte fixa e
a parte móvel do conjunto da edificação;
- ser de fácil operacionalização;
- ser sua industrialização de fácil e rápida execução.
13

b) A parte fixa, que fica presa na parte inferior do pilar seccionado, tendo a
função de apoiar os macacos mecânicos.
c) A parte móvel, que fica presa na parte superior do pilar seccionado, tendo
como função de dar suporte de transmissão de carga dos macacos
mecânicos ao pilar a ser movimentado.
d) Um sistema deslizante, que fica acoplado e fixado por parafusos
apropriados entre a parte fixa inferior e a parte móvel superior, tendo pois a
função de dar ligação e equilíbrio entre a parte fixa inferior e a parte móvel
superior. A fixação deste sistema deslizante ocorrendo quando naquele pilar
não estiver sendo promovido o macaqueamento.

APOIO SUPERIOR

PEGA DE CHAVE
ROSCA
QUADRADA
CURSOR

CORPO

BASE

CORTE
EQUIPAMENTO

FIGURA N O 08 - Detalhe esquemático do "macaco mecânico"[28]

e) Um extensômetro micrométrico de precisão, mecânico ou digital, que tem a


função de promover leituras ao longo do tempo do quanto está aquele pilar
recalcando forçosamente. Este extensômetro está acoplado entre a parte
inferior fixa e a parte superior móvel.
Os equipamentos de apoio, mostrados nas figuras no 09 e 10, formados
pelas partes superior móvel e parte inferior fixa, devem estar de tal forma
aderidos ao pilar de forma que não ocorram escorregamento deste na face do
pilar, após ao corte do concreto e ferragem do pilar. Aqui toda a carga da
supra-estrutura que reage no corpo do pilar seccionado, transferir-se-á
automaticamente para o corpo do equipamento, sendo que esta aderência
deva ser conseguida com a colagem das placas de aço ao pilar com colas a
base de epóxi [12], e com perfurações e apertos com parafusos atravessando e
atarrachados ao pilar, dimensionados para dar pressão de aderência e
retransmitir esforços para as partes superior móvel e inferior fixa do corpo do
pilar.
14

Especial atenção deva se dar ao mecanismo do sistema deslizante de


apoio, onde somente fica o pilar cortado solto sobre o conjunto de
equipamentos, no instante que estiver ocorrendo o recalque diferencial forçado
naquele pilar, e, os outros pilares, embora também cortados, ficam com este
sistema deslizante de apoio travado, para segurança do sistema global da
estabilidade da estrutura.

XIII - MACAQUEAMENTO DE RETORNO AO NÍVEL E PRUMO DO EDIFÍCIO

Uma vez implantados os equipamentos e estando todos os pilares cortados,


procede-se o macaqueamento. Tal procedimento deve contemplar as seguintes
etapas:
a) o macaqueamento de retorno da estrutura deve ser executado

PILAR

PLACA DE
ENRRIGECIMENTO PARAFUSO
APERTO

APOIO PLACA DE
EQUIPAMENTO APOIO ENRRIGECIMENTO
PARAFUSO DE PILAR
APERTO CORTADO EQUIPAMENTO
PILAR
CORTADO PLACA DE
PARAFUSO APOIO
ENRRIGECIMENTO
APERTO
PISO
EQUIPAMENTO APOIO

PLANTA
SECÇÃO DO CORTE PILAR
CORTE
LONGITUDINAL
na forma de
FIGURA N O 09 - Mostrando o conjunto de equipamento no acoplado no pilar
seccionado

recalque forçado com "deltas" no valor milimétrico estabelecido pelo que


suporta com segurança a estrutura na simulação computacional;
b) o mecanismo do sistema deslizante de apoio, só é liberado num
determinado pilar, no instante que estiver sendo o recalque diferencial
forçado naquele pilar, nos demais pilares o sistema deslizante de apoio
deve ficar fixo;
c) deve-se seguir o roteiro pré-estabelecido[28] de retorno tal como executado
nas simulações computacionais;
d) deve-se ter o acompanhamento no local do retorno do nível e prumo,
através de teodolitos apropriados, prumos de gravidade e/ou linhas de nível;
e) a cada "passo" do cursor do equipamento deve-se fazer uma vistoria geral
detalhada da estrutura e painéis de alvenaria para verificar se não existe o
15

surgimento de fissuras não previstas. Caso houver o aparecimento de


fissuras, deve-se promover a redireção dos movimentos de renível e
reprumo;
f) todo o processo de macaqueamento [28], no andar do desenvolvimento do
reprumo e do renível, deve ser acompanhado via processamento de dados,
tal como o modelo pré-estabelecido quando das execuções das
simulações, para que se acompanhe efetivamente os esforços em cada
peça da estrutura e no caso de acontecer o imprevisto narrado no item "e)"
acima, ter condições de reconduzir os procedimentos de recalques
forçados;

PARAFUSO
APERTO

PILAR
APOIO PARAFUSO
APERTO

PILAR APOIO PILAR


CORTADO CORTADO

EQUIPAMENTO
FERRAGEM
CORTADA

PARAFUSO APOIO
APERTO
PISO

EQUIPAMENTO

PILAR

APOIO

CORTE
TRANSVERSAL
DETALHE
FIGURA N O 10 - Detalhe mostrando corte e detalhe da colocação dos
equipamentos de apoio

g) o processo deve ser repetido sucessivamente, segundo o roteiro pré-


estabelecido até que se atinja o renível e reprumo almejado.

XIV - CUIDADOS COM A RECOMPOSIÇÃO DA SEÇÃO DE ARMADURA


APÓS AO RENÍVEL E REPRUMO

Estando a estrutura da edificação já voltado ao estado inicial de nível e


prumo, deve-se proceder a recuperação da seção do aço estrutural do pilar.
A sua reconstituição deve ser executada por soldagem com eletrodo voltaico
de aço-carbono, devendo-se respeitar com segurança apropriada as
armaduras de recomposição, tendo-se como transpasse mínimo os
recomendados por HELENE [12] e a NBR 6118[3].
16

XVI - CUIDADOS COM A RECOMPOSIÇÃO DA SEÇÃO DE CONCRETO


APÓS AO RENÍVEL E REPRUMO

Após a execução do renível e reprumo e também logo após à


reconstituição da armadura dos pilares, deve-se promover a recomposição da
seção de concreto, devendo-se seguir alguns critérios de primordial
importância:
a) as faces superior e inferior dos cortes no concreto, efetuados para o
macaqueamento devem estar com os planos de cortes horizontais e
faceados entre si;
b) o groute, deve ser de microconcreto de pedrisco e areia a base de cimento
de alta resistência inicial, com alta viscosidade, proporcionada
preferencialmente pela substituição parcial da água por um aditivo
superplastificante, acompanhado de uma pozolana ativa, podendo ser a
sílica ativa;
c) o groute, deve ter de Resistência Mecânica já aos 03(três) dias superior a
duas vezes ao fc-atual da estrutura, valor este definido pelo ensaio
esclerométrico não destrutivo;
d) o Módulo de Elasticidade do groute executado tem que ser compatível com
o Módulo de Elasticidade do concreto da estrutura existente.
Durante a concretagem da recomposição das seções de concreto, devido ao
grande risco envolvido, é indispensável um controle tecnológico do micro
concreto utilizado, na caracterização dos materiais envolvidos, no
dimensionamento do traço, no acompanhamento laboratorial da resistência aos
03 dias, 07 dias, 14 dias, 28 dias, 62 dias, 91 dias e 180 dias, com o
rompimento de 06 corpos de prova a cada idade. E ainda, procurando
promover a cura deste concreto, mesmo existindo determinada estanqueidade
das formas utilizadas, com eventuais imprimações de regiões das formas não
estanques.

Deve-se estabelecer um critério e um coeficiente de segurança entre as


cargas finais atuantes nas seções recompostas e a resistência do
microconcreto a uma determinada idade para se promover a retirada do
conjunto de equipamento. Esta carga de suporte do concreto utilizado no
groute, tendo como referencial o fator de segurança determinado pela relação
entre a carga de ruptura dos corpos de provas aos três dias de idade e a
resistência determinada pela Esclerômetria na análise preliminar da estrutura,
seja superior a duas vezes, é satisfatória.

XVII - CONCLUSÃO

A recuperação de níveis e prumos de edifícios altos, utilizando a


metodologia tal como é delineada neste trabalho mostra existir uma coerência
de viabilidade concreta para tal procedimento.
17

Na solução de problemas complexos desta natureza, os diversos


segmentos da engenharia possui recursos técnicos que podem viabilizar tais
procedimentos. A engenharia de estrutura tem condições com os
procedimentos de cálculos conhecidos, tais como por exemplo o eficiente
Método dos Elementos Finitos[01],]06],[07],[09],[14],[17],[20],[21],[26], aliado aos recursos
da informática, no sentido de promover de forma estática e/ou dinâmica[07],
simulações tanto no movimento da estrutura de concreto, como também no
comportamento do equipamento mecânico utilizado, que podem prever com
precisão em alto grau, todo o processo de retorno de uma estrutura ao renível
e reprumo. A engenharia geotécnica[02],[16],[23], também com os recursos
analíticos e computacionais aliados às metodologias laboratoriais, podem
precisar com segurança formas e processos de refundações compatíveis com
a necessidade da edificação. E não menos preparada a engenharia de
materiais[12],[13],[16] que estão envolvidos nos procedimentos patológicos[22],[24]
para as correções e recuperações afins, dentro de todo o processo de
recuperação.

XVIII - BIBLIOGRAFIA

[01] - AMENZADE, YU. A. Theory of Elasticity. Moscou: Mir Publishers, 1979.


[02] - ABNT - NBR 6122-1996 - Projeto e Execução de Fundações.
[03] - ABNT - NBR 6118 - Projeto e Execução de Obras de Concreto
Amado.
[04] - BISHOP, R. E. D, GLADWELL, G. M. L., MICHAELSON, S. The Matrix
Analysis of Vibration. Cambridge: University Press, 1965.
[05] - CINTRA, J. C. A. Fundações em Solos Colapsíveis. São Carlos:
Serviço Gráfico da EESC/USP, 1998.
[06] - CHEUNG, Y. K. Finite Strip Method in Structural Analysis . Pergamon
International Libray. New York: Robert Maxwell, 1976.
[07] - CLOUGH, R. W. & PENZIEN J. - Dynamics of Structures. London.
230p. Mc Graw Hill. 1975.
[08] - GOLNÇALVES C., ANDREO C. S., BERNARDES G. P. Ensaio de
Carregamento Dinâmico. 1a edição - São Paulo. 265p. 1996.
[09] - GOODNO, B. B., ASCE, A. M., GERE, J. M., ASCE, F. Anallysis of
Shear Cores Using Superelements. In: Journal of the Structural Division a
American Society of Civil Engineers. Vol. 102. Jan. 1976.
[10] - GRIGOLI, A. S. Recuperação, Renível e Reprumo de Edifício de Oito
Paviemntos. Anais do 41o Congresso Brasileiro do Concreto - IBRACON.
Salvador- Bahia. 1999-(a).
[11] - GRIGOLI, A. S. Recuperação de Estruturas de Concreto de Edifícios
Edificios Altos. Anais do 71o Encontro Nacional da Indústria da Construção
Civil - SINDUSCON NACIONAL. Salvador - Bahia. 1999(b).
[12] - HELENE, P. R. L. Manual Para reparo, Reforço e Proteção de
Estruturas de Concreto. São Paulo: Pini, 1992.
[13] - HELENE, P. R. L. Corrosão em Armaduras Para Concreto Armado.
Ed. PINI. 47p. São Paulo - SP. 1986.
18

[14] - IDE, P. S. Análise de Vibrações Livres em Torno de Configurações


Deformadas em Placas de Comportamento Geometricamente Não-linear
Pelo Método dos Elementos Finitos. Tese de Doutorado. EPUSP. 140 p.
1995.
[15] - KISELIOV, V. A. Mecanica de Construcion – tomo I. Moscou: Editorial
Mir, 1976.
[16] - MORAES, M. C. Estruturas de Fundações. São Paulo: McGraw-Hill,
1976.
[17] - PIMENTA, P. M. I.; YOJO, T. Análise não-linear de Pórticos Espaciais.
Proccedings of XI COBEM, ABCM Congress on Mechanical Engineering. São
Paulo. 1991.
[18] - PRUDÊNCIO, W. J. Durabilidade das Estruturas de concreto
Protendido . 34 ª . Reunião do IBRACON, julho de 1992, Curitiba. Anais
Curitiba-Ibracon, 1992. 36 p.
[19] - SHIGLEY, J. E. Dinâmica das Máquinas. São Paulo: Ed. Blucher ,
1969.
[20] - SOLER J. G. M. Análise Não-linear de Pórticos de Concreto Armado.
EPUSP. Tese de Doutorado. 99p. 1995.
[21] - SMITH, J. H.; GRIFFITHS, D. V. Programming the Finite Element
Method. John Wiley & Sons. N.Y. 2 a Edição. 1988.
[22] - SOUZA, V. C. M., RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de
Estruturas de Concreto. PINI. 256p. 1999.
[23] - TIMOSHENKO, S. P. , GOODIER J. N. Theory of
Elasticity.Tokio:Kosaido Printing, 1970.
[24] - THOMAZ, E. Trincas em Edifícios, Causas, Prevenção e
Recuperação. IPT/EPUSP/PINI. 195p. 1998.
[25] - TSCHEBOTARIOFF, G. P . Fundações, Estruturas de Arrimo e Obras
de Terra. São Paulo: McGraw-hill do Brasil, 1978.
[26] - YOJO, T. Análise Não-linear geometricamente Exata de Pórticos
Espaciais - Tese de Doutorado - EPUSP - 1993.
[27] - WINTER, G., NILSON, A.H. Proyecto de Estructuras de Hormigón.
Madri: Editorial Reverté, 1977.
[28] - APONTAMENTOS E DIÁRIOS DE OBRAS RECUPERADAS PELO
AUTOR - Do período de 1984 até 2000.

Você também pode gostar