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Congresso Nacional

LNEC, 3 a 5 de novembro de 2021

Reabilitação de Hotel no Sul de Portugal

Hugo Marques
GEG, Porto, Portugal, hmarques@geg-engineering.com

José Cunha
GEG, Porto, Portugal, jcunha@geg-engineering.com

Manuel Cardoso
GEG, Porto, Portugal, mcardoso@geg-engineering.com

Hélder Almeida
GEG, Porto, Portugal, halmeida@geg-engineering.com

Resumo
O presente artigo descreve a intervenção proposta num Hotel no Sul de Portugal que irá ser
profundamente remodelado para albergar uma nova unidade de uma cadeia internacional de resorts
de luxo. A preocupação com uma abordagem sustentável deste projeto foi uma das razões que
motivou a decisão de manter e reabilitar o edifício atual. É assim descrito todo o processo de análise
e caracterização da estrutura existente bem como a avaliação do impacto das alterações necessárias
e respetivas soluções estruturais propostas.
A conversão do antigo hotel irá implicar a demolição parcial e reabilitação dos edifícios principais
existentes, complementada com a construção de novos. A proposta de Arquitetura obrigará à
realização de diversos reforços estruturais de alguma complexidade construtiva. Acrescem ainda
algumas intervenções para assegurar o prolongamento da vida útil desta estrutura.
O hotel localiza-se no Sul de Portugal, numa zona de elevado risco sísmico e na proximidade da costa
sobre uma arriba. Estas condicionantes influenciam a conceção estrutural bem como a escolha dos
materiais a utilizar de forma a garantir a sua durabilidade e bom desempenho.
O edifício existente, dos anos 70 do seculo XX, é uma construção tipo túnel. Apesar de este tipo de
construção, na qual todos os elementos funcionam monoliticamente, apresentar uma boa capacidade
resistente e baixo custo também limita bastante a introdução de qualquer alteração na estrutura. Além
disso existem, no atual sistema estrutural, descontinuidades entre os níveis superiores e a fundação,
o que fragiliza o comportamento global da estrutura expondo-a ao risco do mecanismo de “soft story”.
Assim uma das principais intervenções foi alterar o sistema estrutural de forma a tornar as estruturas
capazes de responder de forma adequada no caso da ocorrência de um evento sísmico estando a
abordagem adotada enquadrada pela legislação em vigor que inclui os Eurocódigos.

Palavras-chave: Betão; Projeto; Reabilitação; Hotel; Sismo


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1 INTRODUÇÃO
A reabilitação e reconstrução de edifícios existentes tem-se revelado uma tendência crescente
ocupando um lugar de destaque na área da construção em Portugal. Por forma a contrariar a
degradação dos edifícios e possibilitando a sua adaptação a novos requisitos existem diversas técnicas
de reabilitação e reforço de estruturas. Esta abordagem está mais desenvolvida para estruturas em
betão armado que são a solução mais utilizada na construção de edifícios a partir dos anos 50, em
Portugal. O presente artigo descreve a reformulação estrutural de um hotel construído nos anos 70,
que será alvo de uma intervenção profunda visando a satisfação dos novos requisitos da arquitetura.
As intervenções propostas exigem a realização de várias modificações na estrutura, que variam entre
demolições parciais de lajes e paredes para abertura de couretes e portas, até demolição de pisos
completos. A introdução de novas aberturas em elementos estruturais afeta inevitavelmente a sua
resistência, motivando a necessidade de diversas soluções de reforços localizados, tendo como
propósito a salvaguarda da resistência dos elementos diretamente afetados pela inclusão de
negativos, bem como a garantia da transmissão dos esforços para os elementos verticais resistentes.
Para além de reforços localizados, os edifícios incorporam ainda novas estruturas para realização de
espaços como restaurantes localizados no topo dos edifícios ou escadas de emergências junto às
fachadas dos edifícios.
A consideração do atual enquadramento normativo, em especial as ações sísmicas, bem como
alterações na distribuição dos carregamentos, obrigaram a detalhadas analises globais de que resultou
a necessidade de intervenções mais significativas como introdução de novas paredes ou reforço de
existentes, eliminação de juntas e reforço de fundações.
A intervenção na estrutura existente teve por base um detalhado levantamento geométrico, a consulta
de elementos originais de projecto obtidos nos arquivos do município e uma serie de ensaios de
caracterização do estado da estrutura. Foi realizada ainda uma campanha de prospeção geológico
geotécnica.
A reformulação deste edifício constitui um enorme desafio de engenharia onde estruturas existentes
se conjugam com novas estruturas, originado um edifício capaz de responder às elevadas exigências
impostas e capaz de suportar as diversas funcionalidades do hotel. Além da complexidade inerente à
adaptação de uma estrutura existente, tiveram-se ainda em consideração outras exigências
ambientais e económicas que também influenciaram significativamente o projeto da estrutura.

Figura 1. Fotografia Aérea do Hotel Existente

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2 CONSTRUÇÃO EXISTENTE

2.1 Descrição estrutural


Os edifícios existentes apresentam uma construção do tipo túnel, solução amplamente utilizada na
década de 70 dada a elevada rentabilidade que se conseguia obter na sua utilização. É um tipo de
construção que apresenta uma boa capacidade resistente associada a um baixo custo de produção e
por isso uma solução bastante difundida na época.

Figura 2. Excerto da memória descritiva do edifício existente (1973)

Neste tipo de construção a betonagem das lajes e paredes ocorre em simultâneo resultando numa
estrutura em que todos os elementos funcionam monoliticamente e, portanto, com uma elevada
rigidez (‘Fig. 3’). No entanto, a rigidez horizontal não é equivalente nas duas direções do edifício. A
maioria deste tipo de edifícios apresenta uma rigidez horizontal muito inferior na direção
perpendicular às paredes, o que influencia o comportamento global do edifício face às solicitações
sísmicas, que à época não eram consideradas no cálculo estrutural, contrariamente ao enquadramento
atual que é bastante mais exigente neste capítulo. É de notar ainda a reduzida espessura dos
elementos, tendo as lajes 15 cm e as paredes entre 15 e 20 cm.

Figura 3. Exemplo de construção tipo túnel atual

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Para além das limitações que a solução apresenta, nos edifícios em estudo constata-se que este tipo
de construção não foi mantido desde o nível da cobertura até às fundações, resultando numa solução
com forte irregularidade do sistema estrutural. Isto traduz-se numa fragilização da estrutura em
situações de risco, podendo ocorrer o colapso com a formação do mecanismo “soft story” (‘Fig. 4’).

Figura 4. Ilustração do fenómeno “Soft Story” e esquema estrutural existente.

O fenómeno “soft story” ocorre quando existe uma variação brusca em altura da rigidez, massa ou
resistência dos elementos estruturais do edifício. A utilização de uma solução com pilares nos pisos
inferiores e paredes nos pisos superiores é um dos exemplos que origina o mecanismo de “soft-story”.
A solução estrutural do tipo túnel construída sobre pilares origina uma estrutura que se comporta
como um pêndulo invertido, concentrando a maior parte do deslocamento nos pisos inferiores ao nível
dos pilares, resultando numa resposta da estrutura com um drift elevado que pode originar uma
situação de colapso.

2.2 Ações de inspeção e diagnóstico


As atividades de inspeção e diagnóstico que precederam as fases iniciais do projeto identificam a
existência de diversas patologias como a carbonatação do betão, deterioração do recobrimento,
redução das seções e pontualmente corrosão de armaduras. Foi possível também identificar e
confirmar a localização e secção de armaduras bem com a reduzida classe de resistência do betão.
Com esta informação foi posteriormente realizada a verificações de resistência nos elementos da
estrutura existente.
Para assistir na determinação das medidas de prolongamento da vida útil e avaliar a influência e
profundidade da carbonatação no betão, realizaram-se diversos ensaios numa campanha mais extensa
que veio complementar a inspeção inicial.

Figura 5. Provetes resultantes dos ensaios de fenolftaleína

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Nos edifícios existentes verifica-se que a profundidade de carbonatação se encontra próxima e por
vezes acima da espessura de recobrimento dos elementos estruturais representando um risco elevado
de corrosão das armaduras. Para mitigar os efeitos do processo de corrosão e aumentar a vida útil da
estrutura, alem de intervenções de reparações pontuais do betão danificado propôs-se ainda a
aplicação de um tratamento abrangente a todos os elementos que confere uma proteção adequada
face à durabilidade desejada tendo por referência a norma NP EN 1504 “Produtos e sistemas para a
proteção e reparação de estruturas de betão”.

3 INTERVENÇÕES PROPOSTAS

3.1 Alterações nos edifícios existentes


Para a conversão do antigo hotel irão existir demolições parciais e reabilitação de três edifícios
existentes (´Fig. 6’), denominados edifício 2, edifício 3 e edifício 4, separados entre si por juntas de
dilatação. Além da reabilitação integral dos edifícios, incluem-se ainda novas estruturas de forma a
cumprir as ampliações previstas no programa.

3.1.1 Edifícios 2 e 3
O Edifício 2 consiste numa estrutura de betão armado com oito pisos e uma cave enterrada. A proposta
de Arquitetura consiste na demolição dos dois pisos elevados e substituição por uma estrutura
metálica para um novo restaurante e uma área técnica de AVAC. São introduzidas ampliações na cave
e novas estruturas metálicas para escadas de emergência, elevador panorâmico e um novo espaço ao
nível do piso 0. A ampliação das varandas da fachada Norte é concretizada através de uma estrutura
metálica porticada.
O Edifício 3 consiste numa estrutura de betão armado com nove pisos e uma cave. Este edifício é
sujeito a uma grande reformulação imposta pelo novo layout da Arquitetura. Na fachada sul, além da
inteira reformulação da fachada está prevista a demolição dos níveis superiores para instalar a
principal área técnica de AVAC. Os corredores e cobertura do lobby serão demolidos na integra e
reconstruídos com recurso a uma estrutura metálica que se prolonga até à cobertura. Existe ainda um
conjunto de estruturas adicionais executadas em estrutura metálica como escadas de emergência
(uma interior e outra exterior) e uma estrutura metálica para um novo restaurante.

Figura 6. Perspetiva 3D dos edifícios 2 e 3, demolições (amarelo) e nova construção (vermelho).

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3.1.2 Edifício 4
O Edifício 4 trata-se de uma estrutura de betão armado com oito pisos e uma cave (‘Fig. 7’). As
principais alterações consistem na demolição de aproximadamente metade do edifício, dos corredores
de acesso aos quartos e da fachada norte. É proposta a construção de dois novos núcleos de escadas
e elevadores e reconstrução dos corredores em betão armado. Prevê-se também a ampliação das
varandas da fachada sul que se desenvolvem através de uma estrutura metálica porticada.

Figura 7. Perspetiva 3D do edifício 4, demolições (amarelo) e nova construção (vermelho

3.2 Intervenções Gerais

3.2.1 Estabilidade Global e Juntas de dilatação


Foram realizados modelos numéricos de todos os edifícios no sentido de avaliar todos os aspetos
relevantes para as verificações de segurança.

Figura 8. Modelo numérico da estrutura do edifício 3.

Além da verificação das secções e determinação da necessidade de reforço, estes modelos serviram
também para avaliação do comportamento global quer em termos de estabilidade quer no
comportamento às ações horizontais, em especial a ação sísmica. Dado a localização do edifício numa
zona de elevado risco sísmico e na proximidade da costa exposta a ventos marítimos, torna-se
essencial o desenvolvimento de soluções estruturais que permitam melhorar o comportamento da

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estrutura face a este tipo de ações, nomeadamente soluções que permitam reduzir o drift entre pisos,
aproximar a resistência e rigidez nas duas direções e aumentar a resistência e rigidez à torção do
edifício.
No decorrer desta análise foi possível comprovar que a existência de juntas de dilatação no interior de
cada um dos edifícios não permitia garantir a estabilidade global dos mesmos. Assim, propôs-se a
eliminação das juntas de dilatação no interior dos edifícios e a manutenção das juntas de dilatação
entre edifícios (‘Fig. 9’).

Figura 9. Planta onde estão assinaladas as juntas de dilatação a eliminar nos edifícios existentes

Foi ainda necessário a inclusão de novas paredes e núcleos ou o reforço dos existentes de modo a
garantir a estabilidade global do edifício e o seu bom desempenho, entre outras intervenções.

3.2.2 Fundações
De acordo com a informação disponível no projeto de fundações da atual estrutura foi admitida uma
tensão admissível do solo de 300 kPa. Este valor foi confirmado pelos estudos geotécnicos realizados
atualmente. Com base nos modelos que refletem as alterações e novas estruturas propostas
procedeu-se à verificação da tensão atuante, considerando as dimensões das fundações existentes.
Verificou-se que a tensão admissível, de um modo geral, seria ultrapassada para o novo nível de
carregamento, sendo necessário proceder ao reforço das fundações. Tendo em conta as limitações
existentes propôs-se a utilização da solução de microestacas dadas as restrições impostas pela
estrutura existente. Esta solução é executada recorrendo ao encamisamento de betão da sapata
existente e introdução de microestacas (N80) com secção Ø88.9x7.5mm ou Ø127x16mm e
comprimentos totais entre 6m e 10m (‘Fig. 10’).

Figura 10. Reforço das fundações existentes com encamisamento e microestacas

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Algumas das vantagens das microestacas relativamente a outras soluções são:


• Fácil execução em espaços exíguos;
• Diâmetro pequeno o que permite serem implementadas em vários ângulos;
• Não é necessário proceder à escavação sobre fundações existentes;
• Podem intersetar as fundações existentes;
• Transmitem a carga da superestrutura diretamente a estratos de solos competentes.

O reforço de fundações existentes com recurso a microestacas permite também um controlo mais
rigoroso dos assentamentos diferenciais, provocados pelo aumento da carga do edifício com a
introdução de novos pisos e funcionalidades. Esta solução melhora significativamente a capacidade
resistente à ação sísmica das estruturas existentes.

3.3 Intervenções especiais no Edifício 3


Em geral, e também no caso do edifício 3, a abordagem adotada para as novas estruturas introduzidas
nos edifícios existentes foi recorrer a estruturas metálicas pela possibilidade de reduzir a massa, não
agravando excessivamente as ações a que a estrutura já estava sujeita. Existem também vantagens
construtivas dada a maior facilidade de montagem dos elementos e a capacidade de usar secções mais
esbeltas favorecendo a concretização da imagem proposta pela arquitetura.

3.3.1 Abertura fachada sul


Uma das alterações mais complexas do edifício 3 localiza-se na fachada sul onde a arquitetura
pretende uma imponente abertura para o lobby. A concretização deste requisito tem um impacto
significativo na atual estrutura uma vez que se desenvolve desde o piso 0 até ao piso 4 onde é
necessário a demolição parcial dos pisos e paredes de apoio, mas mantendo-se os pisos superiores
(‘Fig. 11’). Por forma a viabilizar as alterações introduzidas, desenvolveu-se um esquema estrutural
que garante a correta transmissão de cargas entre os elementos existentes e as novas fundações. A
conceção desta solução teve em especial atenção a sequência construtiva da demolição e construção
uma vez que a estrutura localizada acima do piso 4 se irá manter e terá por isso que se assegurar a
transferência de cargas para a nova estrutura.

Figura 11. Abertura na fachada sul para o Lobby central do edifício 3, demolição/nova construção

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A solução estrutural desenvolvida consiste na introdução de vigas metálicas ao nível do piso 4, para
suporte dos pisos superiores e transferência das cargas para duas novas paredes em betão armado.
Estas paredes também contribuem para o aumento da rigidez às ações horizontais e concentram a
transmissão das cargas da estrutura na fundação obrigando à realização de novas fundações
constituída por maciços de microestacas. A definição de um faseamento construtivo é essencial,
principalmente quando a complexidade da solução o exige e de forma a refletir os princípios adotados
na conceção da solução (‘Fig. 12’)

Figura 12. Principais passos do faseamento construtivo da abertura na fachada sul

3.3.2 Lobby e Cobertura


Dando ainda cumprimento à proposta de arquitetura foi necessário a remodelação total do lobby (‘Fig.
13’). Face às novas exigências da arquitetura e infraestruturas concluiu-se que seria necessário
aumentar o pé-direito dos corredores. Além da reconstrução dos corredores a proposta de arquitetura
prevê ainda que o lobby central seja coberto à cota do piso 5. Desta forma, todos os corredores que
se desenvolvem à volta do lobby central serão demolidos. De forma a reduzir a carga transmitida pelos
corredores, considerou-se uma solução para os pavimentos constituída por uma laje alveolar com
espessura total de 24 cm. O pavimento é suportado por uma nova estrutura metálica com vigas
apoiadas no alinhamento das paredes existentes.

Figura 13. Lobby central do edifício 3 e estrutura metálica para as áreas técnicas.

Na cobertura e uma vez que o vão central apresenta uma dimensão considerável, aproximadamente
15,0 metros, combinaram-se os dois sistemas estruturais, apoio dos corredores e cobertura do lobby,
de modo que o peso da cobertura do piso 5 seja distribuído pelas vigas metálicas que apoiam os
corredores de forma a minimizar o impacto no espaço do lobby com pilares adicionais.

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Ao nível das coberturas são realizadas diversas estruturas metálicas que substituem coberturas
existentes, mas reduzindo-se o número de apoios e aumentando o pé-direito. Dadas as exigências
técnicas do edifício existe ainda no nível 5 da cobertura deste edifício uma estrutura com 3 pisos
inteiramente dedicada à instalação de esquipamentos mecânicos de AVAC (‘Fig. 12’).

4 CONCLUSÕES
O projeto de reconversão do antigo hotel criou uma série de desafios que envolvem diversas
demolições parciais e reabilitação estrutural. Verificou-se que o edifício existente apresentava diversas
debilidades estruturais nomeadamente ao nível da resistência sísmica, agravada pela localização do
edifício numa zona de sismicidade elevada e ainda pela regulamentação em vigor ser bastante mais
exigente. Além do desenvolvimento conceptual de soluções que permitiram cumprir os requisitos de
adequado desempenho estrutural, houve ainda necessidade de ter em consideração o faseamento
construtivo de forma a tornar as soluções viáveis.
As soluções adotadas tiveram necessariamente em consideração as cargas adicionais aplicadas à
estrutura existente procurando-se a sua otimização pelo que soluções em estrutura metálica foram
utilizadas de forma recorrente. Também é extensa a necessidade de reforços metálicos para suporte
das estruturas existentes após demolições parciais. O betão armado, em elementos novos ou reforços,
foi utilizado principalmente em elementos rígidos cuja função principal é a de garantia da estabilidade
global do edifício, tais como as paredes. As fundações nas situações em que se revelou necessário
foram reforçadas com recurso as soluções de encamisamento de betão e introdução de microestacas.

Figura 14. Modelo BIM da estrutura final do edifício 3

É de realçar ainda que a utilização da metodologia BIM revelou-se fundamental ao longo das diferentes
fases de projeto. Por um lado, permitiu trabalhar com mais confiança tendo por base um levantamento
rigoroso das estruturas existentes, onde foram introduzidas as correções necessárias e identificadas
todas as demolições e impacto das mesmas. Foi ainda uma ferramenta fundamental na coordenação
dos projetos das diferentes especialidades e arquitetura garantindo-se que as soluções são
compatíveis e que antecipadamente foram resolvidos os conflitos mais significativos.

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