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Resumo
A instabilidade de coberturas metálicas por empoçamento define-se como um fenômeno
progressivo, no qual, devido às cargas permanentes, geram deformações que criam regiões de
empoçamento potencial para a água da chuva. O empoçamento agrava-se devido a chuvas
intensas, associadas às falhas de drenagem. Com a água parada na zona deformada, a
cobertura recebe uma sobrecarga extra, fazendo que ela sofra uma nova deformação e um
incremento da zona de empoçamento. Este processo se repete até que a deformação da
cobertura se estabilize, ou, em alguns casos, possua um ponto de estabilidade tão distante
fazendo com que a deformação e as solicitações na estrutura extrapolem os valores limites
normatizados. A ocorrência do empoçamento torna-se evidente em um grupo específico de
edificações, com características peculiares: coberturas planas ou com baixas inclinações,
grandes áreas cobertas e capacidade de drenagem limitada. A análise da instabilidade ao
empoçamento configura-se como uma análise não-linear, efetuada através de métodos
iterativos, que consiste em verificar se os elementos de cobertura e suas respectivas rigidezes
levam o elemento a uma configuração estável de equilíbrio. A instabilidade ocorrerá quando a
rigidez da estrutura for menor que a rigidez crítica, definida como sendo a rigidez mínima
limite para ocorrência da instabilidade.
Abstract
The instability of steel roof for ponding load can be defined as a progressive phenomenon, in
which, due to permanent loads, generates deflections create zones of potential ponding for
rainwater. The ponding effect is increased due to intense rain, associated with failure in the
drainage system. With the rainwater laying at the deflected zone, the roof receives extra
loading, generating a new deflection and increasing the ponding zone. This process is repeated
until the roof deflection stabilize, or, in some cases, the stability state is so distant, that the
deflection and the stress of the structure extrapolate the standard limit values. The occurrence
of ponding is evident in a group of specific buildings, with peculiar characteristics: flat roof or
with small slope, covered large areas with limited drainage. The instability analysis for ponding
is configured as a non-linear analysis, made through iterative process, which consists in
verifying whether the roof elements and their respective stiffness lead to a stable equilibrium
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* Contribuição tecnocientífica ao Construmetal 2016 – Congresso Latino-americano da
Construção Metálica – 20 a 22 de setembro de 2016, São Paulo, SP, Brasil.
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configuration. The instability will occur when the structures stiffness is less than the critical
stiffness, which is defined as the minimum limit stiffness for the occurrence of instability.
1.1 Objetivos
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Segundo SIMON WIJTE (2006) [7], um evento pluviométrico é caracterizado segundo a
sua intensidade e duração. Dentre estes, geralmente, a intensidade é o responsável pelo
fenômeno de empoçamento, visto que, eventos de longa duração, porém de média ou baixa
intensidade são bem resolvidos pelo sistema de drenagem. Os eventos, de alta intensidade,
são os causadores das maiores lâminas d’água sobre o plano de cobertura, aumentando assim
o potencial a ocorrência do empoçamento.
O colapso parcial de uma estrutura de cobertura devido ao empoçamento, só ocorre
em determinadas situações especiais. O acumulo de água em uma cobertura, gera o colapso
parcial quando existe a ocorrência de uma das duas circunstancias a seguir:
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Possuir grande área de cobertura;
“NEN 6702, 2001. É aconselhado que a inclinação da cobertura seja maior que
1,6%, para se evitar possíveis empoçamentos na mesma. ”
A seguir, três imagens com caráter ilustrativo, com a finalidade de explicitar o acima
dito:
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Figura 03 – Potencial ao empoçamento em coberturas com medianas inclinações.
Fonte: SIMON WIJTE - Ponding collapse analyses of light weight roof structures by water raising
capacity.
Além destas propriedades, DUNCAN STARK (2008) [6] afirma que, para a ocorrência do
empoçamento, a cobertura deve ser relativamente flexível.
Segundo ele, no último século, houve uma tendência ao uso de matérias cada vez mais
resistentes. Por usar materiais de alta resistência, como o aço, tem sido possível estruturar
grandes coberturas através de peças mais leves e esbeltas, resultando em uma cobertura de
menor altura. Todas essas propriedades tornam a estrutura bastante flexível. O aumento da
flexibilidade da estrutura de cobertura, resulta em uma vulnerabilidade ao fenômeno de
empoçamento.
Neste contexto, a instabilidade irá ocorrer quando a rigidez da estrutura for menor que
a rigidez crítica, que segundo BLAAUWENDRAAD (2005) [1], é definida como sendo a rigidez
mínima limite para ocorrência da instabilidade.
Para estruturas de cobertura inclinada, quando a rigidez da estrutura é maior do que a
rigidez crítica, o volume total de água armazenado na cobertura só aumentará caso a lâmina
d’água venha a aumentar, ou seja, existe uma relação praticamente linear entre lâmina e
volume. Quando a rigidez da estrutura é igual a crítica, o volume total armazenado na
cobertura aumentará mesmo sem um acréscimo na lâmina d’água. E quando, a rigidez da
estrutura for menor do que a crítica, o volume total armazenado na cobertura aumentará
mesmo com uma diminuição da lâmina d’água. Porém, neste último caso, vemos que, a
diminuição da lâmina só ocorre após que um certo nível de água é alcançado.
Já em estruturas de cobertura planas, ou seja, sem inclinação, quando a rigidez da
estrutura é maior do que a crítica, ocorre um aumento do volume armazenado proporcional
ao aumento da lâmina d’água. Quando a estrutura possui rigidez menor do que a crítica,
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ocorre um aumento do volume armazenado com a diminuição da lâmina d’água, porém este
evento se inicia no início do processo.
A seguir é apresentado um gráfico, que mostra a relação entre volume total
armazenado e lâmina d’água existente, tanto para coberturas inclinadas ou planas, para
diferentes rigidezes da estrutura de cobertura:
Figura 06 – Gráfico mostrando a relação entre volume armazenado e lâmina d’água para diferentes
rigidezes.
Fonte: SIMON WIJTE - Ponding collapse analyses of light weight roof structures by water raising
capacity.
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Figura 07 – Terça bi-apoiada em apoios “rígidos” submetida a um carregamento uniformemente
distribuído.
Fonte: HERWIJNEN, SNIJDER, FIJNEMAN - Structural design for ponding of rainwater on roof structures.
Aonde:
Esta equação pode ser aproximada por um carregamento senoidal, com o intuito de
melhor simular o efeito do empoçamento. O máximo momento fletor e as deformações
oriundas do carregamento senoidal se assemelham muito aos de uma carga uniformemente
distribuída e as relações matemáticas entre carregamento, momento fletor e deformações são
simples. A seguir uma imagem ilustrativa do carregamento senoidal:
Fonte: HERWIJNEN, SNIJDER, FIJNEMAN - Structural design for ponding of rainwater on roof structures.
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A amplitude máxima do carregamento senoidal se situa no meio do vão, e possui valor
equivalente a:
(2)
Fazendo:
(3)
Então:
(4)
(5)
(8)
O momento fletor máximo ocorre no meio do vão, e possui valor bastante semelhante
ao de uma carga uniformemente distribuída:
(10)
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Sabe-se que a equação da linha elástica de uma viga é a derivada segunda da equação
do momento fletor dividido pelo produto entre inércia e módulo de elasticidade, como
apresentado a segui:
(11)
(12)
A flecha máxima ocorre no meio do vão, e assim como o momento fletor, o seu valor é
bastante semelhante ao de uma carga uniformemente distribuída:
(13)
(14)
A flecha adicional pode ser calculada de forma análoga ao exposto na equação (15):
(15)
A deflexão ou flecha total é a soma das flechas, que pode ser calculada através
da seguinte equação:
(16)
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Se:
(17)
(18)
(19)
(20)
Resultando assim:
(21)
SIMON WIJTE (2006) [7], em seu artigo, mostrou que para esta tipologia de estrutura,
em vão de até 16 metros, a rigidez mínima normatizada superava a crítica de empoçamento,
não tendo grande potencial a ocorrência do fenômeno. Já para vão acima de 16 metros, a
rigidez crítica superava a de norma, tornando o fenômeno potencialmente possível.
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A seguir é apresentado um gráfico explicitando o acima dito:
Figura 09 – Gráfico mostrando a relação entre a rigidez crítica (EIcr) e a mínima normatizada (EIu-ad) em
função do vão do elemento.
Fonte: HERWIJNEN, SNIJDER, FIJNEMAN - Structural design for ponding of rainwater on roof structures.
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2 MATERIAIS E MÉTODOS
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Figura 11 – Cobertura em colapso – II/IV
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Figura 13 – Cobertura em colapso – IV/IV
Para verificar se o colapso desta cobertura foi possivelmente causado pela ação da
chuva, foram feitas análises iterativas de modelos computacionais tridimensionais.
Estas análises foram iniciadas desconsiderando qualquer acumulo de água. A estrutura
inicial, foi carregada com cargas de peso próprio e equipamentos instalados na cobertura,
então esta foi processada e obteve-se o valor da deformação em vários pontos. Editou-se
então o modelo, incluindo a deformação causado pelo carregamento, e inseria-se o
carregamento causado pelo acumulo de água, onde a lâmina de água da estrutura
indeformada recebia um acréscimo dado pela deformação. Com as cargas adequadas, o
modelo era reeditado para a posição indeformado e o modelo era reprocessado, onde
obtinham-se novos valores de deformação. O processo então era repetido até que o valor da
deformação converjisse para um valor, ou, em alguns casos, possuisse valores extremamente
elevados de deformação e solicitação, muito além dos limites. A figura 14 abaixo mostra o
crescimento da deformação a cada estágio da iteração.
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Figura 14 – Crescimento da deformação a cada etapa da iteração
Pensando em verificar não apenas se o acumulo de água era uma possível causa para o
colapso, como também estudar o comportamento de diversar configurações da cobertura, os
modelos consideraram combinaçãoes entre as variáveis comprimento e altura das joists,
inércia dos banzos das joist, espaçamento entre os joists, e altura da lâmina de água no ponto
de apoio da cobertura com o fechamento. Como já apresentado, dois valores de comprimento
e dois valores de altura de joists foram utilizados. Para a inércia dos banzos das joists, três
casos foram considerados: sem reforço nos banzos (Imín), com reforço no trecho central do
banzo superior (Imed), e com reforço em todos os banzos (Imáx). O espaçamento entre as joists
era da ordem de 2m, porém, foram feitos alguns modelos com distância reduzida (ordem de
1m) no trecho mais baixo da cobertura, a parte mais carregada pela ação do acumulo de água.
Por fim, a altura da lâmina de água era dada pela distância entre o ponto mais baixo da
cobertura e o ponto mais alto da calha ou fechamento que poderia ser uma barreira para a
água. A figura 15 apresenta um esquema desta configuração. Foram utilizados 3 valores de
lâmina de água: 0cm (sem barreira para acumulo de água no apoio), 5cm e 12cm.
Água acumulada
Cobertura
Joist Joist
Joist
Fechamento
Calha
Fonte: Do próprio autor.
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Além destas características, foram feitos modelos com um trecho de cobertura, entre
vigas principais, isolados e outros com uma combinação de vários trechos, para analisar se o
carregamento de multiplos trechos influenciaria na deformação do conjunto.
Os resultados das análises são apresentados na tabela 02 e 03. Os valores destacados
em vermelhor representam valores superiores aos limites para cada caso, segundo os limites
apresentados na tabela 01, onde a deformação é limitada à vão/180 e os esforços limites
foram informados pelo fornecedor das joists. São apresentados os valores de deformação e
solicitações para o primeiro caso de carregamento (apenas peso próprio e equipamentos) e o
último caso da iteração, sendo este o ponto de convegência da deformação ou um caso com
valores tão além do limite e com convergência distante que decidiu-se parar a iteração nele.
Altura
Deformação Tração Compressão
Vão (m) da joist Inércia
limite (cm) limite (tf) limite (tf)
(cm)
21,90 91 Imin 12,17 20,00 13,00
21,90 120 Imed 12,17 20,00 13,00
25,75 120 Imed 14,31 20,00 29,00
25,75 120 Imáx 14,31 49,00 29,00
Fonte: Do próprio autor.
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(continuação)
Altura Lâmina Flecha NkBI NkBS NsdBI NsdBS
Dist. Estágio
Vão da de
Inércia entre de
(m) joist água
joists carga (cm) (tf) (tf) (tf) (tf)
(cm) (cm)
1° 5,20 6,19 -4,46 9,29 -6,69
25,75 120 IMed Normal 12,00
10° 64,50 83,69 -60,24 125,54 -90,36
1° 4,70 5,37 -3,68 8,06 -5,52
21,90 91 IMin Normal 0,00
6° 5,00 5,91 -4,04 8,87 -6,06
1° 4,65 5,37 -3,68 8,06 -5,52
21,90 91 IMin Normal 5,00
14° 10,30 12,79 -8,55 19,19 -12,83
1° 4,70 5,37 -3,68 8,06 -5,52
21,90 91 IMin Normal 12,00
12° 59,60 75,43 -50,55 113,15 -75,83
1° 2,95 2,87 -2,45 4,31 -3,68
21,90 91 IMin Reduzido 0,00
3° 3,01 2,95 -2,50 4,43 -3,75
1° 2,95 2,87 -2,45 4,31 -3,68
21,90 91 IMin Reduzido 5,00
7° 4,63 4,94 -3,94 7,41 -5,91
1° 2,95 2,87 -2,45 4,31 -3,68
21,90 91 IMin Reduzido 12,00
14° 11,69 13,19 -10,27 19,79 -15,41
E00 3,40 4,70 -3,06 7,05 -4,59
21,90 120 IMin Normal 0,00
E02 3,40 4,72 -3,08 7,08 -4,62
E00 3,40 4,70 -3,06 7,05 -4,59
21,90 120 IMin Normal 5,00
E07 5,20 7,54 -4,91 11,31 -7,37
E00 3,40 4,70 -3,06 7,05 -4,59
21,90 120 IMin Normal 12,00
E14 13,70 20,90 -13,58 31,35 -20,37
E00 2,20 2,54 -2,02 3,81 -3,03
21,90 120 IMin Reduzido 0,00
E02 2,20 2,56 -2,03 3,84 -3,05
E00 2,20 2,54 -2,02 3,81 -3,03
21,90 120 IMin Reduzido 5,00
E05 3,00 3,67 -2,82 5,51 -4,23
E00 2,20 2,54 -2,02 3,81 -3,03
21,90 120 IMin Reduzido 12,00
E07 6,20 8,16 -6,14 12,24 -9,21
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(continuação)
Altura Lâmina Flecha NkBI NkBS NsdBI NsdBS
Dist. Estágio
Vão da de
Inércia entre de
(m) joist água
joists carga (cm) (tf) (tf) (tf) (tf)
(cm) (cm)
* Foram utilizadas joists com as duas alturas, as mais altas nos pontos mais próximos dos painéis de
fechamento
** As joists com 91cm de altura tinham inércia mínima, as de 120cm de altura tinham inércia média
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4 CONCLUSÃO
Agradecimentos
Como este artigo foi desenvolvido pelos autores Lucas Milani e Gustavo Coldebella,
ambos agradecem:
A Deus por ter nos concedido saúde e força para superar as dificuldades.
Ao nosso orientador Vitor Faustino Pereira, pela paciência, incentivos e correções.
Ao nosso coorientador Daniel Fidelis Pereira, por suas correções e críticas.
Aos nossos pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a nossa formação, a vocês, o
nosso muito obrigado.
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REFERÊNCIAS
2 HERWIJNEN, F.; SNIJDER H.H.; FIJNEMAN H.J. Structural design for ponding of rainwater
on roof structures. Eindhoven University of Technology, The Netherlands - 2006.
7 WIJTE, S. N. M. Ponding collapse analyses of light weight roof structures by water raising
capacity. The Netherlands - 2006.
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