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BEPA 2018;15(173):11-28

Informe técnico

Doença Mão-Pé-Boca: diretrizes e orientações para surtos


Hand-Foot-Mouth Disease: guidelines and outbreaks management
Naíma MortariI, Ana Lucia Frugis YuI, Bernadete Lourdes LiphausI, Patricia Marques FerreiraI,
Marcela RodriguesI, Juliana Akemi Guinoza AndoI, Yara Yatiyo YassudaII, Denise Brandão de AssisII,
Rita de Cassia Compagnoli CarmonaIII, Braulio Caetano MachadoIII, Maria do Carmo Sampaio
Tavares TimenetskyIII, Telma Regina Marques Pinto CarvalhanasI
I
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre
Vranjac”. IIDivisão de Infecção Hospitalar. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”.
III
Núcleo de Doenças Entéricas. Centro de Virologia. Instituto Adolfo Lutz. Coordenadoria de Controle de
Doenças. Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo, Brasil.

RESUMO

A Doença Mão-Pé-Boca (DMPB) é uma afecção exantemática viral aguda,


usualmente autolimitada, causada por enterovírus humanos não-pólio.
Fatores ambientais, socioeconômicos e imunológicos proporcionam a
circulação dos enterovírus de modo sazonal. Surtos da DMPB são
frequentes em crianças menores de cinco anos. Durante a circulação dos
agentes etiológicos da DMPB, particularmente por ocasião dos surtos,
quadros clínicos mais graves podem ocorrer como meningite, encefalite,
paralisia flácida aguda, miocardite, pericardite, pancreatite, alterações do
sistema nervoso autônomo e mais raramente falência cardiopulmonar e
óbito. Este documento traz orientações relativas à etiologia,
epidemiologia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento, medidas de
controle e manejo dos surtos de DMPB, no sentido de subsidiar as ações
dos profissionais de saúde da assistência e da vigilância epidemiológica
do estado de São Paulo.

PALAVRAS-CHAVE: Doença Mão-Pé-Boca. Enterovírus. Vigilância


Epidemiológica. Surtos. Diagnóstico.

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ABSTRACT
Hand-Foot-Mouth Disease (HFMD) is a mild rash illness caused by non-
polio human enterovirus. Environmental, socioeconomic and
immunologic factors may lead to its circulation with seasonal pattern.
HFMD outbreaks are frequent in children under 5-year-old. During
enterovirus circulation and in HFMD outbreaks, severe manifestations
may occur such as meningitis, encephalitis, acute flaccid paralysis,
myocarditis, pericarditis, autonomic nervous system dysregulation,
shock and death. This guideline provides instructions concerning
aetiology, epidemiology, clinical features, diagnosis, treatment, control
measures and HFMD outbreaks management, as a resource for
assistance and surveillance health professionals from Sao Paulo State.

KEYWORDS: Hand-Foot-Mouth Disease. Enterovirus. Epidemiological


Surveillance. Outbreaks. Diagnosis.

INTRODUÇÃO
A Doença Mão-Pé-Boca (DMPB - CID10: ambientais, socioeconômicos e imunológicos
B09 e B08.4) é uma afecção exantemática viral proporcionam a circulação dos EV de modo
aguda, usualmente autolimitada, causada por sazonal.1
enterovírus (EV) humanos não-pólio.1 Surtos No intuito de subsidiar os profissionaisde
destes agentes são registrados em todo o saúde da assistência e vigilância epidemiológica
mundo desde a década de 1960.2,9 Durante a do Estado de São Paulono atendimento de
circulação dos EV não-pólio, as crianças casos e na notificação, investigação e controle
menores de cinco anos são as mais acometidas.1 dos surtos de DMPB, este documento traz
As principais manifestações clínicas da DMPB orientações relativas à etiologia, epidemiologia,
são: febre, erupção cutânea em mãos e pés e quadro clínico, diagnóstico, tratamento,
vesículas na boca. Particularmente por ocasião medidas de prevenção e controle dos surtos.
de surtos da doença, quadros clínicos mais Destemodo, estas orientações permitirão uma
graves podem ocorrer, como meningite, melhor integração e fortalecimento dos fluxos
encefalite,paralisia flácida aguda, miocardite, e ações frente aos surtos, contribuindo para o
pericardite, pancreatite, alterações dosistema monitoramento e conhecimento do
nervoso autônomo e mais raramente falência comportamento epidemiológico dos EV no
cardiopulmonar e óbito.1-3 Fatores território paulista.

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Agentes Etiológicos A primeira caracterização de surto de DMPB


ocorreu em 1957, no Canadá, onde foi
Os EV são vírus RNA de fita simples,
identificado o vírus coxsackie (CV).9 O CV-A16
pertencem à ordem Picornavirales, família
é um dos sorotipos mais frequentemente
Picornaviridae, gênero Enterovírus e possuem
relacionados à DMPB, inclusive em São Paulo.
grande heterogeneidade genética e fenotípica.
Desde 2008, o CV-A6 vem sendo identificado em
A classificação baseia-se nas semelhanças físico-
países do norte da Europa, Estados Unidos e
bioquímicas, características epidemio- lógicas,
Sudeste Asiático, após sofrer variações
patogênicas e quadros clínicos. A evolução das
genéticas.10 Em São Paulo, já foram descritos
técnicas moleculares permitiu melhor
casos/surtos de E-6, E-4 e CV-B3.11-13 A
entendimento das relações entre as espécies,
correlação do EV-A71 com a DMPB ocorreuem
levando à frequente readequação taxonômica
surtos na Bulgária em 1975, e no Japão na década
como mostrado no Quadro 1.4-8
de 1980.14 O EV-A71 é um sorotipo
dermatotrópico e neurotrópico, mais virulento
Aspectos Epidemiológicos
e responsável por casos graves.14 Estudos de
Os EV são prevalentes em todo o mundo soroprevalência e vulnerabilidade têm sido
e possuem relevante potencial para doenças realizados com o intuito de vacinar populações
emergentes, dada sua marcada variabilidade nas áreas em que EV-A71 apresenta maior
genética adaptativa e evolutiva.1 morbimortalidade.15

Quadro 1. Alterações na classificação taxonômica dos Enterovírus.4-8

Espécies de interesse que


Revisão da classificação Base técnica da classificação
sofreram readequação

Anterior em Grupos:
Poliovírus (PV)
Echovírus (E) Propriedades físicas, bioquímicas, EV-A72,
características epidemiológicas e
Coxsackievírus A (CV-A) apresentação clínica atual Hepatite A
Coxsackievírus B (CV-B)
Enterovírus (EV)

Atual em Espécies:
Poliovírus tipos 1,2,3
Enterovírus A* (EV-A)
Echovírus 22 e 23, atual
Enterovírus B* (EV-B) Propriedades moleculares, Paraechovírus 1 e 2,
biológicas e genéticas respectivamente
Enterovírus C* (EV-C)
Rinovírus RVH-87, atual EV-D68
Enterovírus D* (EV-D)
Enterovírus E à L** (EV-E à EV-L)
Rhinovírus A à C** (RV-A à RH-C)

*Espécies de EV detectados em humanos


**Espécies de EV detectados em animais

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A DMPB tem distribuição geográfica leite materno e a transmissão transplacentária


variável; é endêmica nos países do Sudeste também pode ocorrer.21,22 Ambientes fechados
Asiático e Oeste do Pacífico.10,14,15 A DMPB tem e aglomerados podem contribuir para a
variação temporal, com sazonalidade relacionada persistência da circulação dos EV, e fatores sócio
ao verão e à época de chuvas.16 A infectividade da comportamentais facilitam a infecção no período
DMPB pode ser comparadaà de doenças como pré-escolar.20
difteria, caxumba, poliomielite, com número
básico de reprodução de até R0=30, ou seja, uma Período de incubação e de transmissão
pessoa doente é capaz de transmitir a doença
O período de incubação é variável, mas
para até 30 indivíduos suscetíveis.16,17 Observa-
geralmente dura de 3 a 7 dias.19 Os EV
se alta taxa de ataque em creches – cerca de
permanecem viáveis por até duas semanas em
30% –, e redução da incidência durante as férias
secreções de mucosa oral, e por quatro a oito
escolares.16 Em 1998, Taiwan registrou 3% de
semanas nas fezes, podendo este período se
casos graves, sendo que 20% destes evoluíram
estender em pacientes imunocomprometidos.23
para óbito, a maioria deles em crianças menores
de cinco anos.2 A DMPB tem impacto na
Suscetibilidade
assistência à saúde, com ocupação de leitos
hospitalares. No primeiro trimestre de 2018, Todos os indivíduos sem exposição prévia a
58% dos casos notificados no Vietnã precisaram determinado EV são suscetíveis, uma vez quea
de internação, evidenciando a necessidade de imunidade induzida é sorotipo específica.16 Há
reorganização dos serviços desaúde para receber alguma proteção cruzada entre o CV-A16e o
esses pacientes.18 EV-A71 por cerca de dois meses após a
infecção.16 Transferência placentária de IgG para
Modo de transmissão o feto parece proteger de infecções graves, porém
não evita a manifestação de DMPB em
Os EV que causam DMPB se multiplicamnas
neonatos.23,24 Os anticorpos neutralizantes
tonsilas palatinas, na mucosa oral e no trato
protegem contra a doença, mas quando em baixo
digestório; são resistentes às variações do pH,
título, não previnem a reinfecção pelo mesmo
passam a barreira gástrica e se multiplicam
tipo de EV em pessoas imunes, o que contribui
intensamente no intestino delgado.19 Dessa
para a persistência de sua circulação na
forma, a transmissão direta ocorre pela via fecal-
população.15,25
oral, por fezes e possivelmente vômitos,e por
secreções de vias aéreas como muco, saliva,
Aspectos clínicos
gotículas e pelo contato com lesões cutâneas.19 A
transmissão indireta ocorre por meio de Os EV são capazes de determinar inúmeras
superfícies e fômites contaminados, uma vez síndromes clínicas. Diferentes sorotipos
que os EV podem permanecer em associam-se a um mesmo sintoma, enquanto um
temperatura ambiente sem perder sua mesmo sorotipo pode causar várias
viabilidade.19 Os EV já foram observados no manifestações clínicas como mostrado no Quadro
2.5

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Quadro 2. Sorotipos de enterovírus e síndromes clínicas correlatas.3,26

Síndrome clínica Sorotipo

Poliomielite PV-1 a 3

Neuropatias EV-A71, CV-B, E

Conjuntivite hemorrágica EV-A70, CV-A24

Pleurodinia, miopericardite CV-B1 a 5

Insuficiência respiratória EV-D68

Pancreatite CV-B, EV-A71, CV-A4, CV-A16

DMPB CV-A16, CV-A6, EV-A71

A DMPB se caracteriza por três fases A DMPB é classificada pela Organização


clínicas:27 Mundial da Saúde1 de acordo com a suagravidade
● Pródromo: dois a quatro dias antes do em:
aparecimento do exantema ocorrem 1) DMPB ou herpangina sem
febre, adinamia, irritabilidade, complicações;
prostração, diarreia, vômitos,
2) DMPB com acometimento neurológico:
odinofagia e mialgia.
meningite asséptica, encefalite,
● Fase aguda: máculas eritematosas em encefalomielite, romboencefalite,
mãos e pés, com vesículas de 2 a 5 mm síndrome de Guillain-Barré, mielite
que regridem sem formação de crostas; transversa aguda, paralisia flácida
lesões aftoides dolorosas na língua, aguda;
palato, mucosa oral e retrofaringe,
3) DMPB com alterações do sistema
que dificultam alimentação e causam
nervoso autônomo (disautonomia);
desidratação. As lesões persistem por
cerca de sete a 10 dias. 4) DMPB com falência cardiopulmonar:
miocardite, edema pulmonar.
● Convalescença: prostração, que pode
durar semanas. O descolamento
Diagnóstico laboratorial
ungueal (onicomadese) tardio (até
dois meses após o início dos sintomas) A identificação do agente etiológico da
pode ocorrer.28,29 DMPB pode ser realizada por meio dos

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seguintes exames: sorologia IgG pareada, imuno- Vigilância Epidemiológica


histoquímica anticorpo-específica, transcrição
No Brasil, incluindo o Estado de São Paulo,
reversa seguida da reação pela polimerase em
os casos isolados de DMPB não são de
tempo real (qRT-PCR),30 RT-PCR convencional,
notificação compulsória, porém os surtos da
isolamento viral e sequenciamento genômico. A
doença devem ser notificados.32 Desta maneira, é
sensibilidade do método pode variar de acordo
possível ter conhecimento da magnitude da
com o agente etiológico, por exemplo, o
doença e estabelecer as medidasde prevenção e
desempenho dacultura viral é reduzido para os
controle cabíveis.
CV-A.11,30

Roteiro para investigação epidemiológica:


Diagnóstico diferencial
1. identificar os suspeitos que
O diagnóstico diferencial da DMPB inclui:
preencham a definição de caso de
sarampo, rubéola, varicela, escarlatina, infecção
DMPB;
por adenovírus, mononucleose,
gengivoestomatite herpética, estomatite aftoide, 2. avaliar se o caso requer notificação de
escabiose e reação medicamentosa.1 meningite viral e usar o instrumento
apropriado;
Tratamento 3. coletar e encaminhar as amostras
Não há tratamento específico para DMPB. biológicas de acordo com o protocolo
Medidas de suporte devem ser orientadas, tais laboratorial;
como o uso de analgésicos, antitérmicos e
4. orientar as medidas de controle;
hidratação.1 A amamentação de crianças com
DMPB deve ser estimulada.1 Imunoglobulina 5. instituir as medidas de precaução;
não específica tem sido indicada paraos 6. monitorar os contatos próximos;
casos de encefalite, paralisia flácida,
7. analisar os dados (no sistema
disautonomia, alterações da imunidade como
local, municipal, estadual
agamaglobulinemia e imunodeficiência comum
e federal). A qualidade dos dados
variável, crianças com meningite crônica ou
sepse neonatal por enterovírus. No entanto, há é de importância vital para uma
pouca evidência de seus reais benefícios e sua análise fundamentada;
indicação deve ser discutida caso a caso.31 8. divulgar as orientações sobre a
doença e o efetivo controle do surto;
Imunização
9. encerrar os casos e o surto;
O desenvolvimento de vacinas paraprevenção
10. emitir o relatório final.
e redução da morbimortalidade pelos EV é um
desafio. Não há vacina disponível no Brasil. Definição de caso de DMPB: Febre,
Uma vacina inativada para o EV-A71 encontra- exantema papular e/ou vesicular em tronco e/ou
se em uso na China, desde 2015.15 membros e/ou mãos e pés, com ou semvesículas
e/ou úlceras em cavidade oral.15

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Definição de surto: ocorrência de dois ou podendo perpetuar o surto (atenção à lavagem das
mais casos que atendam a definição de DMPB mãos na troca de fraldas).33,34
no mesmo espaço geográfico e relacionados no
Alertar as instituições envolvidas, estimular
tempo contemplado no período de incubação.1
o esclarecimento dos progenitores, capacitaros
Notificação dos surtos: Os surtos de DMPB prestadores de serviço quanto às medidas de
devem ser notificados no SinanNet, módulo Surto prevenção da transmissão (Suplemento 2). Ao
(Figura 1) com o CID10 – B09 (Doença lado disso, realizar atividades socioeducativas
exantemática) e os casos relacionados ao surto para manutenção do alto padrão de higiene, tais
devem ser registrados na planilha de como:33,34
acompanhamento de surto (Figura 2), onde o
● higienização das mãos com
mesmo CID10 – B09 deve ser usado no campo
água e sabão, principalmente
“Agravo/Doença”. A última coluna desta
se sujidade visível, ou produtos
planilha, campo “Diagnóstico Final – CID10”,
alcoólicos;
deve ser preenchida com o CID10 – B08.4
(Estomatite vesicular devida a enterovírus com ● evitar roer unhas e chupar dedo;
exantema), para os casos confirmados como ● higienização dos itens de
DMPB. uso pessoal;
Confirmação laboratorial: A coleta de
● limpeza e desinfecção do ambiente
amostras biológicas para o diagnóstico etiológico
com solução de álcool etílico com
do surto deve seguir as orientaçõesdo Protocolo
concentração de 70%. No caso de
Laboratorial de DMPB (Suplemento 1) quanto ao
sujidade visível, preferir limpeza
material a ser coletado, número de amostras,
seguida de desinfecção com solução
transporte e conservação.30
clorada de alta concentração (15ml de
alvejante concentrado 5 a 6% ou 30ml
Medidas de Prevenção e Controle:
de água sanitária a 2% para um litro de
água), deixar secar. Objetos pessoais
Cuidados no Domicílio, nas Creches e
devem ser enxaguados após 10
Escolas
minutos, antes de retornarem ao uso.
Orientar isolamento social dos casos,
● evitar a circulação de crianças
enquanto durar a fase aguda da doença. A criança
menores de cinco anos em
não deve frequentar a creche por cercade sete
aglomerações públicas, nos períodos
dias ou até o desaparecimento das lesões
de surto.
cutâneas, sujeito à reavaliação médica. No
retorno da criança às atividades na creche,
Cuidados com as gestantes e puérperas
assegurar o cumprimento das medidas de higiene
pessoal e do ambiente pelos cuidadores e As gestantes devem evitar contato com
funcionários, visto que a excreção viral pelas pessoas com DMPB, e recomenda-se que
fezes na convalescença persiste por semanas, procurem seu médico informando a exposição
para orientação específica. Nutrizes de

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lactentes infectados são estimuladas a manter - crianças em uso de fraldas;


a amamentação, devendo usar máscaracirúrgica, - crianças com diarreia incontinente;
higienizar as mãos e os mamilos após a
amamentação.1,23 Nutrizes infectadas sintomáticas - ocorrência de surto em unidades de
devem realizar pausa na lactaçãoaté resolução saúde.
dos sintomas, pois podem transmitir EV pelo Embora haja evidência de excreçãoviral
leite.20-22 em tecidos respiratórios, não há recomendação
formal para adoção de precaução de gotículas
Cuidados no atendimento aos pacientes em para as enteroviroses em unidades de saúde.38
ambientes de saúde ● Transporte do paciente: deve ser
A aerossolização de secreções respiratórias, limitado ao mínimo possível e,
vômitos e a contaminação fecal de quando realizado, deve-se reforçar a
superfícies podem causar surtos em serviços higienização das áreas que tiveram
de saúde.33,35,36 O Serviço de Controle de contato com secreções do paciente.39
Infecção Hospitalar deve enfatizar os ● Procedimentos de limpeza e
procedimentos de limpeza e desinfecção de rotina desinfecção: por se tratar de
já estabelecidos na instituição, bem como vírus não envelopado, à
reforçar as medidasde precaução padrão e/ou semelhança dos poliovírus,
contato adequadas para o atendimento do o nível de desinfecção deve ser
paciente.35-37 intermediário. A solução indicada
é de hipoclorito de sódio,
● Precauções padrão: reforçar adesão
concentração comercial padrão
aos componentes desta precaução,
(alvejante concentrado a 5-6%)
com atenção especial à higiene
e suas diluições de 1:10 a 1:100,
das mãos,33 uso de equipamentos
garantindo o tempo de contato
de proteção individual durante
do saneante. Após a limpeza e
manipulação de secreções e
desinfecção, os objetos devem ser
cuidados com materiais e utensílios
enxaguados em água corrente.
contaminados.
É possível empregar produto
● Precauções de contato: devem ser alcoólico etílico de concentração
mantidas durante todo o evento, nas 60-80%.39
seguintes situações:

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Suplemento 1 - Protocolo Laboratorial para Doença Mão-Pé-Boca (DMPB)30


O diagnóstico laboratorial dos enterovírus quadro respiratório associado. Coletar a secre-
(EV) relacionados à DMPB é recomendado indi- ção de orofaringe com swab não alginatado, de
vidualmente para todos os casos que evoluírem preferência swab Rayon, em tubo de prolipro-
para óbito e nos casos graves e/ou hospitaliza- pileno estéril com tampa rosqueada contendo
dos, e em situações de surto (vide fluxograma). A 3 a 5 mL de solução salina estéril como meio
identificação do vírus é de extrema importân- cia de transporte. Enviar imediatamente em banho
para a vigilância epidemiológica e para as de gelo (entre 2 a 8ºC) ou conservar em freezer
medidas de prevenção e controle. (entre -70 a -80ºC), e transportar em nitrogênio
No contexto de um surto, o sistema de líquido ou gelo seco.
vigilância instituído preconiza a coleta de cinco Fezes: coletar, de preferência até o 14º dia
amostras do total de casos de DMPB perten- do início dos sintomas, uma amostra conten-
centes a um mesmo surto. O caso deverá ser do 2 a 8 gramas ou aproximadamente 1/3da
notificado na planilha de acompanhamento de capacidade do coletor universal de fezes (potes
surto e o surto na ficha especificada do Sinan- plásticos com tampa de rosca). Estocara -20ºC
Net, módulo “surto”. e transportar em caixas isotérmicas com gelo
reciclável. Amostra de fezes deve ser coletada
Espécimes clínicos (amostras biológicas): caso não seja possível a coleta oportuna da
● Secreção de orofaringe: 1 swab secreção de orofaringe (até o7º dia de início
dos sintomas). A realização da qRT-PCR nas
● Fezes: 2 a 8 gramas (1/3 do coletor universal)
fezes está condicionada a entrada das 1ª e 2ª
● Líquor: 3 a 5 mL (quando suspeita de amostras de sangue ou soro (verificar as
meningite/encefalite) orientações do diagnóstico soro- lógico). A
● Sangue: 5 mL, sem anticoagulante
detecção do enterovírus nas fezes só tem
significado patológico quando ocorrer conversão
● Soro: 3 mL
sorológica.
● Fragmento de tecido: mínimo 1 mm
Líquor: Na presença de manifestações
Identificar os tubos com os dados do paciente neurológicas seguir o Protocolo Laboratorial
e enviar o material coletado acompanhado da de Meningites Virais disponível na página do
Ficha de Encaminhamento Laboratorial ao Centro de Vigilância Epidemiológica (http://
Instituto Adolfo Lutz (IAL). www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-
-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigi-
Metodologia utilizada: lancia/doencas-de-transmissao-respiratoria/
meningites/doc/meningite_viral17_protoco-
1. Detecção de enterovírus por PCR em lo_laboratorial.pdf).
Tempo Real (qRT-PCR) A identificação do sorotipo de Enterovírus
Secreção de Orofaringe: coletar a amostra na detectado por qRT-PCR será realizada em até
fase aguda da doença (até o 7º dia de início dos 10% das amostras positivas por surto (vide
sintomas), principalmente nos casos com fluxograma).

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2. Diagnóstico sorológico (pesquisa de preferencialmente 72 horas. Conservar e


anticorpos para Enterovírus) transportar em temperatura ambiente em caixa
Enviar duas amostras de sangue (5 mL sem isotérmica. Evitar temperaturas acima de 40ºC.
anticoagulante) ou soro (3 mL). Uma amostra O endereço para envio das amostrasbiológicas
deve ser coletada na fase aguda da doença (até é: Núcleo de Gerenciamento de Amostras
o 3º dia do início dos sintomas) e a outra na fase Biológicas, Instituto Adolfo Lutz, Avenida Dr.
de convalescença (15 a 20 dias após a primeira Arnaldo, 355, São Paulo/SP, CEP: 01246-902.
coleta). As amostras pareadas permitem
Para informações adicionais, entrar em
verificar a conversão sorológica. Coletar no
contato com os responsáveis pelas áreas técnicas
mínimo 5 mL de sangue em tubo estéril com
tampa de borracha, sem anticoagulante, enviar dos laboratórios: Centro de Virologia, Dra. Maria
imediatamente ao IAL e transportar em do Carmo Sampaio Tavares Timenetsky, (11)
temperatura ambiente. Os soros podem ser 3068-2904, virologia@ial. sp.gov.br; Núcleo de
estocados a -20ºC e encaminhados ao IAL em Doenças Entéricas, Ritade Cássia Compagnoli
caixa isotérmica com gelo reciclável. Carmona, (11) 3068-
2909, doencasentericas@ial.sp.gov.br.
O exame somente será realizado após o
recebimento da 2ª amostra de sangue ou soro. O exame imuno-histoquímica em
fragmentos de tecidos é realizado no Centro
3. Detecção de enterovírus por imuno- de Patologia do Instituto Adolfo Lutz, telefone
histoquímica em fragmentos de tecidos (11) 3068-2870 ou 2871. Maisinformações estão
disponíveis no site do Instituto Adolfo Lutz no
Para pesquisa do antígeno viral específico,
Manual Eletrônico de Exames – Amostras
acondicionar cada fragmento de tecido/órgão
Biológicas, disponível em
(pele, miocárdio, encéfalo) com no mínimo1
http://www.ial.sp.gov.br/ial/servicos/exames-
mm em frasco de boca larga (tipo coletor
amostras-biologicas
universal) contendo solução fixadora de
formalina 10% ou formalina tamponada no
volume de 20 vezes o volume do fragmento.
Identificar o frasco com nome do pacientee Autoria: Rita de Cássia Compagnoli
topografia. Este procedimento requer no mínimo Carmona/NDE/CV/IAL
24 horas para fixação adequada,

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Fluxo 1. Diagnóstico laboratorial dos enterovírus - DMPB


Legenda: DPMB: doença mão-pé-boca; EV: enterovírus; LCR: líquido cefalorraquidiano; RNA: ácido ribonucleico; PCR: reação
de cadeia polimerase. RT-PCR: transcrição reversa seguida de PCR, método convencional; qRT-PCR: PCR em tempo real

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Figura1. Ficha de investigação de surto - SinanNet


Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-
epidemiologica/homepage/downloads/fichas/inv_sur_net.pdf

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Figura 2. Planilha para acompanhamento de surto - SinanNet


Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/homepage/downloads/fichas/surto_planilha_net.pdf
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Suplemento 2 - O que você precisa saber sobre Doença Mão-Pé-Boca (DMPB)1,28

O que é Doença Mão-Pé-Boca? ● Após cerca de dois dias, aparecem


A Doença Mão-Pé-Boca (DMPB) é uma lesões características na pele, que dão
nome à doença:
afecção aguda, altamente transmissível, causada
por diversos tipos de enterovírus exclusivos de ● Pontos vermelhos distribuídos
humanos, como o Coxsackie e o Enterovírus. predominantemente em mãos, dedos
e na sola dos pés. Pequenas bolhas
Qual a idade habitual do aparecimento da (vesículas) também podem aparecer
DMPB? nos joelhos, nos cotovelos, nas
nádegas e na região genital, que
A DMPB é mais comum em crianças menores
duram de sete a 10 dias.
de 10 anos de idade, especialmente nos menores
de cinco anos, mas às vezes podese manifestar ● Pontos vermelhos na boca, no
em adultos. fundo da garganta, às vezes na
língua, parte interna das bochechas
A DMPB é contagiosa? e nas gengivas, tornam-se pequenas
úlceras, dolorosas, que demoram
Sim. Surtos da doença ocorrem no período
quatro a seis dias para curar.
do verão, principalmente em creches e escolas.

Como a DMPB é diagnosticada?


Qual o risco da DMPB?
O profissional de saúde deve avaliar a idade
Os sintomas variam de pessoa a pessoa. Nem
do paciente, seus sintomas e o aspecto das lesões
todas as pessoas infectadas ficam doentes, mas
da pele e da boca. Exames complementares
mesmo assim podem transmitir o vírus. Pode
podem ser solicitados pelo médico, tanto para
ocorrer desde infecção assintomática até doença
a identificação do vírus, nos surtos, como para
grave que necessite de hospitalização como
avaliar a condição geral dos casos graves.
encefalite e meningite. Outro risco da DMPB é a
desidratação.
Como as pessoas transmitem a DMPB?

Como a DMPB se manifesta? A DMPB é de transmissão respiratória, bem


como fecal-oral. O vírus está presente nas
Após a infecção pelos vírus, os sintomas
fezes, nariz (muco) e garganta (saliva ou
levam de três a seis dias para aparecer, e são:
escarro). Você pode se infectar direta ou
● Febre, por vezes alta, que dura em indiretamente, se:
média cinco dias.
● Aspirar ar contaminado com o vírus
● Falta de apetite, prostração, que pode quando uma pessoa infectada espirrar
persistir por semanas. ou tossir perto de você.
● Dor de garganta, dificuldade para ● Tocar nas fezes de uma pessoa
engolir. infectada (ao trocar uma fralda, por
exemplo).

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● Tocar no nariz (muco), na boca, ● Descartar fraldas e artigos sujos


encostar na saliva ou escarro de uma com todo cuidado. Como as fezes
pessoa infectada e depois tocar em continuam transmitindo o vírus
seus olhos, nariz ou boca. por até dois meses, é importante
● Tocar em objetos contaminados manter essas medidas para evitar a
pelo vírus – atenção a brinquedos, persistência do surto.
maçanetas de portas e outros. ● Lavar as roupas imediatamente após
a troca.
Quando ocorre a transmissão e o contágio?
● Usar luvas ao aplicar loções ou
O período de maior transmissão do vírus tratamento nas bolhas/lesões e
ocorre durante a primeira semana da doença,mas higienize as mãos antes de calçar as
pode se estender por várias semanas, mesmo luvas e após retirá-las.
quando a pessoa infectada não apresente mais
● Evitar contato próximo, como beijos,
nenhum sintoma. Manter as medidas de
abraços e o compartilhamento de
higiene é fundamental para bloquear a
utensílios, como copos e talheres de
transmissão da doença.
pessoas infectadas.

Como prevenir a DMPB? ● Isolamento social é fundamental


para evitar que a DMPB se
As seguintes medidas de higiene colaboram
propague pela creche, escola,
para reduzir o risco de infecção:
vizinhos ou bairro. Crianças
● Manter as mãos limpas, higienizar e adultos doentes devem
as mãos sempre, com água e sabão permanecer em casa. Deve
em caso de sujidade visível, ou com haver resolução das lesões para
solução alcoólica, principalmente retorno às atividades, o que será
depois de usar o banheiro e após a avaliado pelo profissional de
troca de fraldas. Garanta que o álcool saúde. Crianças e adultos que não
gel tenha uma concentração de 60 estejam bem o suficiente para
a 80%, e mantenha-o sempre bem
participar das atividades rotineiras
tampado.
devem permanecer em repouso até
● Limpar e desinfetar todos os recuperação.
utensílios e brinquedos, o local
● Atualmente, não há vacina disponível
de troca de fraldas, os locais de uso
no Brasil para a prevenção dos vírus
comum (maçanetas, mesas e cadeiras
causadores de DMPB.
de sala de aula, corrimão de escadas,
brinquedos do parque, entre outros).
Qual é o tratamento da DMPB?
Primeiro lave com água e sabão e
depois desinfete com uma solução. Não há tratamento específico. Alguns
Voltar a usar o local só após a recursos aliviam os sintomas e previnem
solução secar. complicações, como:

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● Antitérmicos e analgésicos de acordo mantendo os cuidados de higiene


com a duração dos sintomas. Atenção: das mãos. As nutrizes devem
crianças NÃO devem tomar aspirina. usar máscara cirúrgica e
higienizar os mamilos após a
● Bochechos e/ou gargarejos com
amamentação.
enxaguatórios bucais sem álcool
aliviam a dor de garganta.
O que pode dar errado?
● Manter boa hidratação, oferecer
Embora raro, a DMPB pode se apresentar
líquidos frios para a criança, como
como doença grave. Prestar atenção para os sinais
derivados lácteos (leite, iogurte,
de alerta. Se o doente estiver muito debilitado,
vitaminas). Alimentos apimentados ou
com sonolência, alteração da consciência, com
ácidos e bebidas ácidas gaseificadas
delírios, fraqueza nos membros, tremores ou
devem ser evitados, pois podem fazer
espasmos em membros, vômito persistente,
as lesões da boca doerem mais.
dificuldade para respirar, procurar o serviço de
● A amamentação de crianças saúde mais próximo, para receber os cuidados
com DMPB deve ser estimulada, adequados.

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Correspondência/Correspondence to:
Telma R.M.P. Carvalhanas
Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória
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Cerqueira César, São Paulo, SP, Brasil
CEP: 01246-000,
Telefone: (+55) 11 3066-8757
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