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“Mosquitoes are the most important

vectors of arboviral diseases to


humans, and are considered one of
the deadliest animals by the World
Health Organization ’’
(WHO, 2017)
ARBOVÍRUS
compartilham a característica de serem
transmitidos por artrópodes hematófagos
Para assim serem classificados ...

Infectar vertebrado e invertebrado

iniciar uma viremia suficiente em um hospedeiro vertebrado

infecção persistente da glândula salivar do vetor


+ 545 espécies
BAGV
WEEV WNV
ROCV

150 Patogênicas
MOSV
SLEV
EEEV
CHIKV DENV IGUV

ILHV
Doenças em humanos
VEEV MAYV
CACV
ZIKV
YFV OROV
BUSV
Distribuídos entre 8 famílias virais:

Flaviviridae
Togaviridae
Peribunyaviridae
Phenuiviridae
Reoviridae
RNA
(ácido ribonucléico)
Orthomyxoviridae
Rhabdoviridae
*African swine fever virus
Asfaviridae
(ASFV)*
DNA: ácido desoxirribonucleico
Por que o Brasil apresenta tantos casos de arboviroses?

O que contribui para a amplificação viral?


 Condições ecológicas favoráveis:
presença de quatro biomas

 Clima tropical

 Proliferação de vetores

 Presença de hospedeiros suscetíveis


 Diversidade de agentes infecciosos
envolvidos

 Pluralidade de manifestações clínicas


GRANDE
PROBLEMA DE  Inexistência de apoio laboratorial
eficiente,
SAÚDE PÚBLICA imunoprofiláticas de medidas

 Dificuldade na implementação e
manutenção de medidas educativas e
sanitárias
 Falta de terapia específica
GRANDE
 Complexidade da interação entre o
PROBLEMA DE hospedeiro, reservatórios e vetores
SAÚDE PÚBLICA
 Fatores socioeconômicos:
debilitação dos pacientes
PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
As formas clínicas variam conforme o tipo de
arbovírus responsável pela infecção

 Doença febril (indiferenciada, moderada ou grave)


 Erupções cutâneas
 Artralgia
 Síndrome neurológica
 Síndrome hemorrágica

* A gravidade depende das condições biológicas do hospedeiro


INFECÇÕES EMERGENTES
Surgimento ou a identificação de um novo problema
de saúde ou um novo agente infeccioso

INFECÇÕES REEMERGENTES
Mudança no comportamento epidemiológico
de doenças já conhecidas, que haviam sido
controladas, mas que voltaram a representar
ameaça à saúde humana
Fatores envolvidos na emergência e reemergência

Demográficos: crescente urbanização

Aglomeração intensa, saneamento inadequado, habitação precária,


proliferação de fauna sinantrópica, agressão ao meio ambiente

Países desenvolvidos:
 da expectativa de vida
 de natalidade
 Imigração
Fatores envolvidos na emergência e reemergência

Socias e políticos:

 Guerras: grandes deslocamentos populacionais de massa


 Heterogeneidade no desenvolvimento socioeconômico

Econômicos:
 Comércio internacional
Fatores envolvidos na emergência e reemergência

Mudança e adaptação dos microrganismos

Grande plasticidade genética Alta frequência de mutações

RNA
adaptações a hospedeiros vertebrados e
invertebrados
Arbovírus emergentes/ reemergentes no Brasil
Dengue
(DENV)
Febre Amarela(YFV)
Zika (ZIKV)
Mayaro (MAYV)
Oropouche (OROV)
Chikungunya (CHIV)

Vírus de São Luis (SLEV)


Vírus do Nilo Ocidental (WNV)
Família Flaviviridae
 Composta por três gêneros:
Flavivirus Hepacivirus Pestivirus

 Codifica três proteínas estruturais:


40 espécies de arbovírus C, pré-M, E

 RNA fita simples  Sete proteínas não estruturais:


 Polaridade positiva NS1, NS2A, NS2B, NS3,
 Capsídeo icosaédrico NS4A, NS4B, NS5
 Virions esféricos
FEBRE AMARELA
(YFV)
 Brasil: século XVII, embarcações procedentes das Antilhas
Ae. Aegypti transmissor da FA
1°campanha sanitária
Convênio com a Fundação Rockefeller

1685 1691 1849 1881 1901-1903 1909 1928 1931

Ressurge No RJ
1° epidemia: Pernambuco
Febre amarela eliminada do RJ

Campanha contra febre amarela x eliminação do vetor


Circulação do Aedes aegypti. Ressurge em Salvador
FEBRE AMARELA
(YFV)
Três últimos casos de Febre amarela
urbana no Acre
Vacina antiamarílica Reintrodução do vetor x erradicação

1937 1938 1942 1958 1967-1973 1976 1986

Ae. Aegypti erradicado no Aedes albopictus: vetor


Brasil potencial
Outros vetores (Haemagogus capricornii, Ae. Reintrodução do vetor em Salvador
scapularis, Sabethes cloropterus)
FEBRE AMARELA
 incidência: 1984-1993 (YFV)
 1999-2003
 2008-2009 SP e RS: Maiores números de casos
Paraguai e Argentina, risco de reurbanização

 2014: Reemergência em áreas extra-amazônicas


 15 casos humanos
 2017: Casos em Minas Gerais e Espírito Santo
 448 casos confirmados
 144 óbitos
FEBRE AMARELA
(YFV)
Sete genótipos:
 Angola
 East - Central Africa Regiões  I
 II América do Sul
 East Africa da África
 West Africa genotype II
 West Africa genotype I
FEBRE AMARELA
Manifestações clínicas (YFV)
Doença infecciosa aguda, febril, de curta duração, de gravidade variável

• Grave: manifestações
hemorrágicas, com
insuficiência hepática e renal

• Maligna: alta letalidade com


icterícia, disfunção de múltiplos
órgãos e hemorragias
DENGUE (DENV)
 II Guerra mundial: isolamento do primeiro sorotipo
 Primeiras epidemias: Ilha de Java e Egito
 Transportes comerciais: novos surtos
 Américas: Caribe e Venezuela

 BRASIL: anos 60 e 70, explosão demográfica


 1981-1982: Boa Vista, Roraima
 1986-1987: Rio de Janeiro, outros estados
DENGUE (DENV)
Quatro sorotipos: V-
N
DE
DENV-1 DENV-2 DENV-3 DENV-4 5?

05 genótipos 04 02
 Variantes genéticas relacionadas a virulência e a origem geográfica da amostra
 Imunidade específica permanente
 Imunidade cruzada a curto prazo

Principais vetores:
Aedes aegypti, Aedes albopictus
DENGUE (DENV)
Doença febril que tem uma grande variação de formas clínicas
 Dengue Clássica (DC)
 Dengue com Complicações (DCC)
 Febre Hemorrágica da Dengue (FHD)

Síndrome do Choque
da Dengue (SCD)
ZIKA (ZIKV)
 Floresta Zika, Uganda em 1947
 Rede de monitoramento da febre amarela selvagem
 1ª: Soro de Macaco Rhesus
 2ª: Aedes (Stegomya) africanus
 3ª: Homem
 Casos esporádicos na África e Ásia
 2007 - primeiro surto (Micronésia)
 2013 - Polinésia Francesa
 2015 - primeiros relatos no Brasil - Bahia
ZIKA (ZIKV)

e s :
t e s
ó
ip 
H Copa do mundo de futebol em 2014
 Campeonato Mundial de Canoagem, RJ em 2014
 Copa das Confederações em 2013
 Imigrantes, militares em missão de paz vindos do Haiti
ZIKA (ZIKV)
Três genótipos: Duas linhagens:
 Oeste africano Africana
 Leste africano Asiática
Vetores:  Asiático
Ciclo biológico
• Aedes aegypti
• Aedes albopictus
• Culex quinquefasciatus
ZIKA (ZIKV)
Sintomatologia  80% dos casos são assintomáticos
 Levantamento de óbitos escassos

Condições severas: danos neurológicos


 Síndrome de Guillain-Barre
 Síndrome congênita do Zika
(microcefalia, outras alterações)
ZIKA (ZIKV)
ENCEFALITE DE SÃO LUIS (SLEV)
 Isolado em 1933 na cidade de St. Louis nos EUA
 BRASIL: circulação:1953 em residentes de Amazônia
 Evidência sorológica: 1964 mosquitos

2004: isolado de uma moradora de SP: doença febril

 Classificado em oito linhagens


 15 subtipos (sequências do genoma x distribuição geográfica)
 BRASIL: genótipos II, III, V e VIII (subtipo A e B)
Genótipo V: América Central e América do Sul
 VA: BR: Pará e Rondônia VB: Pará
 VIII A e B: Amazônia brasileira
ENCEFALITE DE SÃO LUIS (SLEV)
 Ciclo enzoótico primário (aves - mosquitos)
 Pode variar regionalmente:
biologia das espécies de mosquitos, da virulência das cepas

Vetores
Culex, Aedes, Psorophora, Sabethes, Trichoprosopon e
Wyeomyia
Manifestações clinicas: • Sintomas leves: febre e dor de cabeça
• Doença severa, como a meningite e encefalite

Casos fatais podem variar de 5% a 20%: população idosa


VÍRUS DO NILO OCIDENTAL
(WNV)
 Isolado na Uganda em 1937
 Primeiro surto de doença neuroinvasiva : Israel 1957
 1999: Nova York, EUA

Agente causador mais importante da encefalite viral


 Nove linhagens:
BRASI Diferem uns dos outros em mais de 20-25%
L
 I (Ia, Ib, Ic), II: surtos humanos na Europa, África, Oriente Médio, Américas
e Oceania
 VII: Koutango- carrapatos e roedores
 III: República Checa
 VIII e IX: Culex perfuscus (Senegal),
 IV: Rússia
 V e VI: Espanha Uranotaenia unguiculata (Austria)
VÍRUS DO NILO OCIDENTAL
(WNV)
 Ciclo de transmissão enzoótico entre aves e mosquitos

hospedeiros + importantes: alta viremia


 Mosquitos: “vetores de ponte”
Cx. pipiens ,
Cx. quinquefasciatus ,
Manifestações clinicas: Cx. tarsalis ,Culex spp; Aedes
 80% assintomáticas
 Mal-estar gripal a graves doenças neuroinvasivas
CDC: um em cada cinco indivíduos infectados (20-25%) pelo WNV desenvolve doença
leve e uma pessoa em 150 (0,67%) desenvolve WNND
ROCIO (ROCV)
 Isolado em 1975: amostras de tecido do SNC
 Surto: 1973 a 1980- Vale do Ribeira, SP
 Detecção em pássaro
 Outros dados sorológicos 1021 casos
100 óbitos
Dados escassos ... 200 indivíduos com sequelas

Reatividade cruzada?

 Região Sudeste (1989), Nordeste (1995), Sul (2004)


 Deslocamento através de aves migratórias
ROCIO (ROCV)
Ciclo de transmissão:
 Reservatório: aves selvagens (migratórias)
 Vetores: Aedes scapularis e Psorophora ferox
Hospedeiros acidentais: homem, equinos
Vetores secundários: mosquitos do gênero Culex

Manifestações clínicas:

 Viremia em humanos é baixa comparada a outros arbovírus


ILHÉUS (ILHV)
 Isolado pela primeira vez em 1944 em mosquitos
 Outros isolamentos de pacientes febris, mosquitos e
uma grande variedade de animais

Doença em humanos: casos esporádicos, associados a exposições em


regiões de floresta
 Alterações do SNC: encefalite
 Curto período de incubação
ILHÉUS (ILHV)
Ciclo: Aves silvestres implicadas como prováveis hospedeiros
Roedores, marsupiais desdentados, morcegos e macacos

Vetores: Psorophora ferox, Culex, Aedes, Coquillettidia, Haemagogus,


Sabethes, Trichoprosopon e Wyeomyia
Manifestações clínicas:
 Varia desde infecções assintomáticas até encefalite
DF: febre moderada ou elevada, cefaleia, calafrios,
fotofobia, artralgia, mialgias e astenia
Famiília Togaviridae
 RNA fita simples
Alphavirus Rubivirus  Polaridade positiva
 Capsídeo icosaédrico

30 espécies
Codifica cinco proteínas
10 complexos antigênicos estruturais:
 EEE  C, E1, E2, E3, 6K
Ndumu
 VEE  Trocara Codifica cinco proteínas
 WEE  Alfavírus aquáticos não estruturais:
 Semliki Forest  Alfavírus de plantas nsP1, nsP2, nsP3, nsP4
 Barmah Forest
 Milddelburg
CHIKUNGUNYA (CHIKV)

 1953 surto na Tanzânia


 Surtos e epidemias nos continentes
asiático e africano
 Década de 70, o vírus continuou a
disseminar-se pelo sul e sudeste
Asiático
 Brasil: Oiapoque, estado do Amapá
e Feira de Santana, Bahia-2014
CHIKUNGUNYA (CHIKV)
 África Central, Sul e Leste – ECSA
Três genótipos:  África Ocidental
 Asiático
Mutações na proteína E1 do envelope viral

Dois ciclos de transmissão:


Adaptação Aedes albopictus

 Homem: reservatório
CHIKUNGUNYA (CHIKV)
Manifestações clínicas
 70% apresentam infecção sintomática
Aguda: a fase aguda ou febril, que dura até o 14º dia
Subaguda: persistência das dores articulares, até 03 meses
Crônica: duração dos sintomas persiste além dos três meses
 Outro sintomas: Exantema, vômitos, sangramento e úlceras orais (sexo)
 Dor articular, edema e maior duração da febre (idade)
 Gravidade: manifestações neurológicas (encefalite, meningoencefalite,
mielite, síndrome Guillain Barré), cutâneas bolhosas e miocardite
CHIKUNGUNYA (CHIKV)
ENCEFALITE EQUINA DO LESTE
 Reconhecida como doença de (EEEV)
cavalos
 1831: morte de 75 cavalos nos EUA
 1845 - 1912: registro de epizootias
 1933: isolado em cerébros de equinos

1938: surto no nordeste dos EUA resultou em 30 casos de


encefalite fatal em crianças

 Brasil: sorodiagnóstico em equinos, aves silvestres e mosquitos nos


Estados de SP, MG, PE, BA, RJ, AM, CE, MS, PB e PA
 SP: Vale do Ribeira foram identificados anticorpos em humanos
ENCEFALITE EQUINA DO LESTE
04 linhagens:
(EEEV)
 I: estirpes circulantes na América
do Norte e Caribe (humanos,
equinos e outros animais
domésticos)

 II a IV: América do Sul (equinos)


ENCEFALITE EQUINA DO LESTE
Ciclo:
(EEEV)
Culiseta melanura 6 casos humanos/ano em média, nos EUA

Homem e cavalo:
hospedeiros acidentais

Aedes, Coquillettidia e Culex

Manifestações clínicas:
 Hipertermia, êmese, cefaleia severa, letargia e mal estar
 Encefalite: depressão ou hiperexcitabilidade, paralisia progressiva, hipertermia
severa, coma
MAYARO (MAYV)
 Isolado em 1954 no sangue de trabalhadores rurais em Trinidad &
Tobago
 Sorologia positiva na América do Sul
 Brasil: endêmico nos estados do Norte e Centro Oeste
 1955 no Pará em cerca de 100 trabalhadores
 1987, Itaruma, GO
 1968: anticorpos em índios xavantes, MT
 03 homens em Camapuã- MS
03 genótipos: MAYARO (MAYV)
D L N
Ciclo
América do Sul Brasil Peru
DISPERSO LIMITADA NOVA

Manifestações clínicas

 Erupção cutânea, febre, mialgia, dor


retro orbital, cefaleia, diarreia e
artralgia, que podem persistir por
meses ou até anos
Família
 Herbevírus
Peribunyaviridae
170 vírus
 Shangavirus 19 diferentes sorogrupos
 Tospovirus 48 complexos de espécies
 Orthobunyavirus
 Peribunyaviridae não  RNA fita simples, trissegmentado
classificados Dois segmentos L e M: polaridade negativa
Terceiro segmento: S ambissense
Proteínas estruturais: ribonucleoproteína N, G1, G2, L
Proteínas não estruturais: NSs, NSm
OROPOUCHE (OROV)
2006: 110 casos, PA
Isolamento de um
paciente febril em Relatado no norte do
2010: 100 casos em MA
Trinidad Estado do Pará
macaco (Callithrix sp.) na região de Arinos

1960
1955 1961-1980 1980-2004 2000 2004
BRASIL

Acre, 06 casos de OROV de 357 amostras


Sangue de uma preguiça e analisadas
mosquitos Ochlerotatus serratus
Espalhou-se para outros cinco estados do norte brasileiro
OROPOUCHE (OROV)
Quatro sorotipos

 I (Ia, Ib, Ic): cepas brasileiras isoladas nos estados do Acre,


Amazonas, Maranhão, Tocantins, Pará, Trinidad e Tobago
 II (IIa, IIb, IIc): cepas isoladas nos estados do Amapá, Pará e
Rondônia no Brasil, bem como cepas do Peru
 III (IIIa e IIIb): cepas isoladas no Acre, Minas Gerais e Rondônia
no Brasil e cepas de Panamá
 IV: cepas isoladas do estado do Amazonas no Brasil
Segundo arbovírus mais frequente dos causadores
de doença febril no Brasil
OROPOUCHE (OROV)

Manifestações clínicas Ciclo

 Doença febril aguda


 Cefaleia, mialgia, artralgia, anorexia,
tontura, calafrios e fotofobia
 Recidiva: 10 dias após o início dos
sintomas
 Manifestações neurológicas: meningite
Outros arbovírus?

La Crosse
Sindbis Onyong Nyong
Ross River Cacipacoré
Ngari Rift Valley
Usutu Encefalite Japonesa
Tucunduba
Alguns estudos Laboratório de Virologia ...
“Pequenas picadas, grandes ameaças”
Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS)

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