O documento discute a Revisão da Vida Toda, que permite o cálculo da aposentadoria considerando todas as contribuições feitas ao INSS, incluindo as anteriores a 1994. O STF decidiu a favor desta revisão para benefícios concedidos entre 1999 e 2019. Agora, aposentados há menos de 10 anos podem entrar na Justiça para receber os valores atualizados considerando todo o histórico contributivo.
Descrição original:
Título original
Aula 02_Disciplina 1_BENEFICIOS PREVIDENCIARIOS DO RGPS_material_complementar
O documento discute a Revisão da Vida Toda, que permite o cálculo da aposentadoria considerando todas as contribuições feitas ao INSS, incluindo as anteriores a 1994. O STF decidiu a favor desta revisão para benefícios concedidos entre 1999 e 2019. Agora, aposentados há menos de 10 anos podem entrar na Justiça para receber os valores atualizados considerando todo o histórico contributivo.
O documento discute a Revisão da Vida Toda, que permite o cálculo da aposentadoria considerando todas as contribuições feitas ao INSS, incluindo as anteriores a 1994. O STF decidiu a favor desta revisão para benefícios concedidos entre 1999 e 2019. Agora, aposentados há menos de 10 anos podem entrar na Justiça para receber os valores atualizados considerando todo o histórico contributivo.
TEMA: Aposentadoria programada urbana – Revisão da Vida Toda
A Revisão da Vida Toda é uma espécie de revisão que leva em conta
todo período contributivo do segurado, ou seja, considera as contribuições previdenciárias anteriores a julho de 1994. Acima de tudo, a revisão da vida toda busca aplicar a regra permanente de cálculo do artigo 29 da Lei 8.213/91, em detrimento da regra transitória do artigo 3º da Lei 9.876/99. Na regra permanente (art. 29 da Lei 8.213/91), não há limitação temporal, enquanto na regra transitória (art. 3º da Lei 9.876/99) somente os salários de contribuição a partir de 07/1994 são considerados. Além disso, a regra transitória possui a previsão do divisor mínimo, que não consta na regra permanente, e que pode diminuir muito o valor do benefício. Em síntese, sempre confira o checklist ao analisar um caso de vida toda: - Data de início de benefício (DIB) posterior a 29/11/1999 (Lei 9.876/99) e anterior a 13/11/2019 (Reforma da Previdência), salvo se for caso de direito adquirido. - Possuir contribuições anteriores a 07/1994; - Ter o benefício concedido a menos de 10 anos (prazo decadencial). O prazo decadencial para o segurado ajuizar a demanda de revisão é de 10 anos, a contar do primeiro pagamento do benefício (art. 103, Lei 8.213/91). Assim, caso não tenha decorrido o prazo de 10 anos, é possível ajuizar a demanda para buscar a revisão do valor mensal do benefício e ainda as diferenças devidas, pelo menos dos últimos 5 anos, tendo em vista a prescrição quinquenal das parcelas atrasadas. Dessa forma, tem direito à revisão os segurados que recebam ou tenham recebido benefícios previdenciários calculados com base na Lei 9.876/99 e que tenham contribuições previdenciárias anteriores a julho de 1994. Destaque-se que a Revisão não se limita às aposentadorias programadas. Ou seja, benefícios como aposentadoria por incapacidade permanente, auxílio por incapacidade temporária e pensão por morte também podem ser revisados. Assim, essa é uma tese que busca oportunizar ao segurado optar pela forma de cálculo permanente se esta for mais favorável. No entanto, é necessário realizar o cálculo detalhado para saber se as contribuições anteriores a julho de 1994 resultam, de fato, em um benefício mais vantajoso. Para verificar a viabilidade da tese no caso concreto, é indispensável a realização do cálculo de renda mensal inicial com base na média de todos os salários de contribuição. O direito de incluir contribuições ao INSS anteriores a 1994 já havia sido reconhecido pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), restando a discussão sobre a constitucionalidade. Em seu parecer, a PGR (Procuradoria Geral da República) havia sugerido a manutenção da tese fixada pelo STJ, que garantia a aplicação do direito ao melhor benefício. O julgamento de processos relacionados com o tema ficou um ano suspenso, aguardando a análise do recurso do INSS pelo STF, até que, no dia 11 de junho de 2021, o Ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de vista no julgamento do Tema 1.102, deixando a votação empatada em 5×5. Assim, o seu voto favorável decidiu o caso. Semanas antes do início do julgamento pelo STF, intimada para se manifestar sobre o assunto, a Procuradoria Geral da República já havia se manifestado favorável à Revisão da Vida Toda, se tornando um importante fator para fundamentar a decisão dos ministros do supremo. Em 25 de fevereiro de 2022, o Supremo Tribunal Federal formou maioria e decidiu sobre o tema da Revisão da vida toda, firmando a seguinte tese no julgamento do Tema 1.102: “O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário após a vigência da Lei 9.876, de 26/11/1999, e antes da vigência das novas regras constitucionais, introduzidas pela EC em 103 /2019, que tornou a regra transitória definitiva, tem o direito de optar pela regra definitiva, acaso esta lhe seja mais favorável”. Em resumo, a tese garante a utilização de contribuições anteriores a julho de 1994 no cálculo dos benefícios previdenciários concedidos pelas regras anteriores à EC 103/2019 (Reforma da Previdência). Em outras palavras, a decisão dos ministros do STF garante aos aposentados do INSS, aposentados há menos de 10 anos, que conquistem, na Justiça, o direito à revisão do benefício, contemplando todas as contribuições, inclusive as realizadas antes de 1994. O relator do processo foi o Ministro Marco Aurélio, que apresentou voto favorável à tese, sendo o voto divergente apresentado pelo Ministro Nunes Marques. Dessa forma, seguiram o relator os ministros Edson Fachin, Carmen Lúcia, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski e por último Alexandre de Morais. Por outro lado, seguiram o voto divergente os ministros Dias Toffoli, Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Luiz Fux. O entendimento dos ministros se aplica a tribunais de todo o país e encerrará o assunto sobre as contribuições previdenciárias anteriores a julho de 1994. Agora, os aposentados que tiverem direito e puderem ser beneficiados por esta revisão, poderão ingressar com uma ação judicial e receber o valor calculado com juros e correção do período mais até cinco anos anteriores ao pedido. A correção beneficia quem teve salários altos no início da carreira, na comparação com os salários recebidos nos anos que antecederam a aposentadoria. O pedido desta revisão só deve ser feito na Justiça e nos primeiros dez anos da aposentadoria, contados a partir do primeiro pagamento do benefício, e precisa estar bem fundamentado para valer a pena.