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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.

524/2012-9

GRUPO II – CLASSE II – 2ª CÂMARA


TC-044.524/2012-9
Apensos: TC-032.792/2011-5, TC-037.283/2012-0, TC-
020.687/2014-1, TC-028.650/2014-0, TC-004.655/2015-0, TC-
015.803/2015-5 e TC-019.427/2015-8
Natureza: Tomada de Contas Especial
Responsáveis: Rogério Carvalho Santos, Mônica Sampaio de
Carvalho, Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto, Sílvio Alves
dos Santos, ex-Secretários de Saúde do Estado de Sergipe, Estado
de Sergipe, Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda., Elfa
Medicamentos Ltda., Crisfarma Comércio Representações e
Serviços Ltda., Farmaconn Ltda., Majela Hospitalar Ltda. e Atma
Produtos Hospitalares Ltda.
Unidade: Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVERSÃO


DE REPRESENTAÇÃO. AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS
EXCEPCIONAIS SUPOSTAMENTE ACIMA DO PREÇO
MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). OMISSÃO,
POR NÃO INFORMAR, À CMED, SOBRE AS VENDAS DE
MEDICAMENTOS COM VALORES SUPERIORES AO PMVG.
AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO PREVISTOS NO
GRUPO 1B DO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA. PRECARIEDADE DO
ALMOXARIFADO CENTRAL DA SECRETARIA DE SAÚDE.
CITAÇÃO. APRECIAÇÃO DE EVENTUAL SOBREPREÇO NA
ESFERA DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO. CARACTERIZAÇÃO DE DESVIO DE OBJETO EM
RAZÃO DE COMPRA DE MEDICAMENTOS NÃO
PREVISTOS. ACOLHIMENTO PARCIAL DAS ALEGAÇÕES
DE DEFESA E DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA.
EXCLUSÃO, DA RELAÇÃO PROCESSUAL, DAS
FORNECEDORAS DE MEDICAMENTO. CONTAS
REGULARES COM RESSALVA.

RELATÓRIO

Trata-se de tomada de contas especial relativa a possível superfaturamento na aquisição de


medicamentos pela Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Sergipe, criada a partir da conversão
de representação (TC-032.792/2011-5) e que tem como apensos a auditoria (TC-037.283/2012-0) que
apontou irregularidades conexas, bem como processos de solicitação de informação.
2. Na sequência, apresento a instrução elaborada na Secex/SE, aprovada por seus dirigentes:
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de tomada de contas especial oriunda de conversão do TC 032.792/2011-5,
determinada pelo Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça 9), em decorrência de superfaturamento
no fornecimento de medicamentos pela empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda.
(CNPJ 06.234.797/0001-78), caracterizado por vendas de fármacos à Secretaria Estadual de Saúde de
Sergipe (SES/SE) a preços acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG, contrariando o
disposto no item 28, Anexo I, da Portaria 2.577/2006 e art. 48, da Portaria 2.981/2009, ambas do
Ministério da Saúde. Os autos ainda apuram irregularidades apontadas em auditoria de conformidade
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sobre matéria conexa (Fiscalis 992/2012), em razão do apensamento do processo de auditoria (TC
037.283/2012-0) aos presentes autos (peça 61 do TC 037.283/2012-0).
HISTÓRICO
2. O processo original trata de representação formulada pelo Ministério Público Federal –
Procuradoria da República no Estado de Sergipe (peça 2), com base em denúncia apresentada àquela
procuradoria, em razão de indícios de superfaturamento no fornecimento de medicamentos
especializados pela empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. a diversas secretarias
estaduais de saúde do Nordeste.
3. Em síntese, o denunciante noticiara que a empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda. estaria fornecendo medicamentos de dispensação excepcional às secretarias estaduais de saúde
sem respeitar o Coeficiente de Adequação de Preços – CAP fixado pela Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos (CMED) e sem desonerar o ICMS destas operações de venda, conforme
estipulado pelo Convênio ICMS 87/2002, editado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária
(CONFAZ).
4. Com vista a apurar os fatos, esta Unidade Técnica, após a realização de diligências iniciais,
promoveu inspeção na Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe (Fiscalis 887/2012), no período de
28/8/2012 a 11/9/2012, por meio da qual foi possível confirmar a competência desta Corte de Contas
para fiscalizar as despesas públicas envolvidas e constatar indícios de danos ao erário no valor de
R$ 844.505,00, em cifras históricas, consoante a conclusão da instrução à peça 6, p. 11. Atribuiu-se
esse prejuízo à empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda., em solidariedade com os
respectivos titulares da SES/SE que estavam à frente da Secretaria nos períodos em que ocorreram as
irregularidades.
5. O Tribunal, ao apreciar o feito, mediante o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça 9),
acolheu a proposição da Unidade Técnica, convertendo os autos na presente tomada de contas
especial e determinando a citação dos responsáveis.
6. Em face das graves irregularidades constatadas na representação original, esta Secex/SE
posteriormente realizou auditoria de conformidade, no período de 1º/10/2012 a 1º/11/2012 (Fiscalis
992/2012), com o objetivo de fiscalizar a aplicação dos recursos federais repassados ao Fundo
Estadual de Saúde de Sergipe a partir de 2010 no âmbito do Programa de Aquisição de Medicamentos
Excepcionais.
7. A auditoria, tratada nos autos do TC 037.283/2012-0, focou o trabalho na verificação da
existência de superfaturamento dos fármacos adquiridos pela SES/SE decorrente da não observância
do Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG), haja vista o que havia sido constatado na
fiscalização anteriormente realizada. Ao final desse trabalho, constataram-se, além de outras
irregularidades, superfaturamentos de medicamentos especializados na ordem de R$ 1.300.000,00,
conforme o achado de auditoria inserto no item 3.1 do Relatório (peça 58 do TC 037.283/2012-0,
p. 10-16), e detalhamento dos débitos à peça 53 dos referidos autos.
8. O Exmo. Ministro-Relator da auditoria (TC 037.283/2012-0), ao apreciar esses trabalhos
realizados pela Secex/SE, determinou, ante a conexão da matéria, o apensamento definitivo dos autos
da auditoria à presente tomada de contas especial, autorizando as citações e audiências propostas por
esta Unidade Técnica (peça 61 do TC 037.283/2012-0).
9. O auditor informante da instrução anterior (peça 245), ao compulsar as citações e
audiências realizadas, verificou que, em cumprimento ao Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça
9), foram promovidas as citações dos responsáveis pelas irregularidades apontadas no processo
original de representação (TC 032.792/2011-5), cujos expedientes e comprovantes de recebimento das
comunicações (AR) estão juntados às peças 16, 17, 19, 21-23, 33 e 40 do presente processo.
10. Porém, quanto à auditoria objeto do TC 037.283/2012-0, verificou-se que não foram
promovidas todas as citações determinadas pelo Relator (peça 61), faltando a citação do Estado de
Sergipe em decorrência de desvio de finalidade na compra de fármacos. Já as demais citações e
audiências foram providenciadas, na forma proposta pelo Relatório de Auditoria (peça 58 do TC

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037.283/2012-0), cujos expedientes e comprovantes de recebimento das comunicações (AR) estão


juntados às peças 121-134, 135-139, 142-145, 152-153, 161-162 e 175.
11. Por conseguinte, esta Unidade Técnica, anuindo às conclusões da instrução anterior,
promoveu a citação faltante, cujo expediente, anexo e comprovante de recebimento da comunicação
(AR) estão juntados às peças 248, 249 e 257.
EXAME TÉCNICO
12. Em cumprimento ao Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça 9), foram promovidas as
citações dos responsáveis pelas irregularidades apontadas no processo original de representação (TC
032.792/2011-5), cujos expedientes e comprovantes de recebimento das comunicações (AR) estão
juntados às peças 16, 17, 19, 21-23, 33 e 40 do presente processo.
13. Todos os referidos responsáveis compareceram aos autos, apresentando alegações de
defesa, como também juntando documentos, conforme tabela abaixo:
Defesas Documentos juntados
Responsáveis (peças)
(peças)
Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. 28; 29, p. 1-40 29, p. 41-538
Mônica Sampaio de Carvalho 37 -
Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto 49 50 a 81
Rogério Carvalho Santos 82, p. 1-10 82, p. 11-50; 83 a 116
14. Já em atenção ao despacho do Exmo. Ministro-Relator da auditoria posterior (peça 61 do
TC 037.283/2012-0), foram promovidas as citações e audiências na forma proposta pelo Relatório de
Auditoria (peça 58 do TC 037.283/2012-0), cujos expedientes e comprovantes de recebimento das
comunicações (AR) estão juntados às peças 121-134, 135-139, 142-145, 152-153, 161-162, 175, 248,
249 e 257.
15. Da mesma forma, todas essas citações e audiências foram também respondidas pelos
responsáveis, que apresentaram alegações de defesa e razões de justificativa, como também
documentação, conforme tabela abaixo:
Defesas Documentos juntados
Responsáveis
(peças) (peças)
Crisfarma Comércio Representações e Serviços
151, p. 1-5; 235 151, p. 6-10
Ltda.
156 a 157; 158, p. 7-
Sílvio Alves dos Santos 158, p. 1-6; 160, p. 1-6
12; 160, p. 7-37
Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. 164, p. 1-45; 236 164, p. 46-583
Farmaconn Ltda. 166, p. 1-5 166, p. 6-24
191, p. 30-68; 192 a
Mônica Sampaio de Carvalho 182; 191, p.1-29
206
184, p. 50-57; 185;
Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto 184, p. 1-49; 186, p. 1-15
186, p. 16-61; 187
Majela Hospitalar Ltda. 209; 217, p. 1-8 217, p. 9-24
Atma Produtos Hospitalares Ltda. e Elfa 218, p. 20-67; 219,
218, p. 1-19; 219, p. 1-19
Medicamentos Ltda. (defesa em conjunto) p. 20-67
226, p. 11-23; 227,
Rogério Carvalho Santos 226, p. 1-10; 227, p. 1-18
p. 19-31
Estado de Sergipe 262, p. 1-12 262, p. 13-32

ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA APRESENTADAS


16.  RESPONSÁVEL: EXPRESSA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA.
(CNPJ 06.234.797/0001-78)
IRREGULARIDADES ATRIBUÍDAS PELO ACÓRDÃO 6.401/2012-TCU-1ª CAMARA
16.1 Irregularidade (peça 9, citações 1 a 5): vendas de medicamentos excepcionais à
Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe por preços acima do Preço Máximo de Venda ao Governo –

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PMVG, no âmbito dos Pregões 157/2009, 281/2009 e 17/2010, conforme subitem 1.7 do referido
acórdão.
16.2 Argumentos: (peça 29, p. 1-28)
16.2.1 A CMED, nos termos de sua Resolução 4/2003, considera que o ICMS incidente na
operação de compra e venda de medicamentos, via de regra, é parte integrante do ‘preço fábrica’.
16.2.2 Posteriormente, através da Resolução 4/2006, a CMED instituiu o Coeficiente de
Adequação de Preço – CAP, ou seja, impôs às empresas que pretendessem comercializar
medicamentos com a Administração Pública (em seus diversos níveis) um desconto compulsório.
16.2.3 Já com a edição do Comunicado da CMED 15/2007, que reajustou o desconto
compulsório, foi inserido o item 4.3 que restou assim redigido: ‘O CAP será aplicado sobre o Preço
Fábrica do produto, publicado no sítio eletrônico da ANVISA, descrito no item 3, retirados antes os
tributos, quando for o caso’.
16.2.4 Assim, mais uma vez, a expressão utilizada na parte final do item 4.3 do Comunicado da
CMED 15/2007, não deixa dúvidas no sentido de que o CAP deverá ser aplicado sobre o preço de
fábrica dos medicamentos e, apenas em casos excepcionais, sobre o ‘preço de fábrica’ desonerado do
imposto, quando o laboratório ou o distribuidor praticar a desoneração (exclusão do ICMS) do
produto em questão. Isso implica dizer que, caso não haja desoneração, o CAP será aplicado sobre o
preço de fábrica do medicamento onerado do imposto em sua respectiva alíquota incidente à espécie,
para obtenção do PMVG.
16.2.5 Quanto ao Convênio CONFAZ 87/2002, há que se esclarecer, desde já, que a venda de
medicamentos com o valor do ICMS incidente à espécie não constitui irregularidade alguma. A
desoneração de ICMS nas operações realizadas com fármacos não é obrigatória para toda e qualquer
venda destinada à Administração Pública.
16.2.6 A cláusula primeira, § 1°, do Convênio CONFAZ 87/2002 (que isenta da incidência de
ICMS as operações de compra e venda de certos medicamentos, desde que o seu adquirente seja a
Administração Pública federal, estadual e municipal), estabelecia que o gozo dessa isenção estava
atrelado ao simultâneo atendimento de alguns requisitos, quais sejam:
 I) que os medicamentos comercializados também fossem isentos ou tributados à alíquota zero
por meio do imposto de importação e pelo imposto sobre produtos industrializados (IPI), de
competência federal;
 II) que a receita bruta decorrente da venda desses medicamentos também fosse isenta da
incidência do PIS e da COFINS, de competência federal;
 III) que a empresa comerciante de medicamentos deduzisse esse benefício fiscal do preço de
venda da mercadoria, assim considerado aquele praticado pelo comerciante caso essa isenção de
ICMS não existisse, identificando explicitamente essa dedução e o seu valor no correspondente
documento fiscal;
 IV) que essa exoneração tributária não implicasse na redução dos recursos repassados pelo
SUS às entidades federadas.
16.2.7 Frise-se que essa redação do § 1°, cláusula primeira, do Convênio CONFAZ 87/2002 é
anterior à edição do Convênio CONFAZ 57/2010, que, entre outras disposições, revogou o inciso III,
acima colocado.
16.2.8 Isto é, até a data de 22/4/2010 (quando o Convênio CONFAZ 57/2010 passou a produzir
efeitos), para a aplicação da isenção do ICMS incidente sobre a venda de medicamentos realizada
para a Administração Pública, era imprescindível que concorressem todas as condições descritas nos
incisos I a IV do parágrafo primeiro da cláusula 1ª do Convênio CONFAZ 87/2002, sendo que a falta
de qualquer uma delas pressupunha a venda dos fármacos onerada do ICMS incidente à espécie.
16.2.9 Trata-se de isenção condicionada que, diversamente das isenções compulsórias e
obrigatórias, tem os seus efeitos atrelados à verificação da situação concreta dos particulares.
16.2.10 Tanto é verdade que a questão relativa à venda de medicamentos onerada de ICMS
está condicionada à situação concreta do particular, que o Convênio CONFAZ 140/2001 (que também

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trata da isenção do referido tributo) estabelece em seu parágrafo primeiro que a aplicação do
benefício está condicionada somente ‘a que a parcela relativa à receita bruta decorrente das
operações realizadas com os produtos listados nesta cláusula esteja desonerada das contribuições do
PIS/PASEP e COFINS.
16.2.11 Ou seja, o Convênio CONFAZ 140/2001, na forma do seu § 1°, da sua cláusula
primeira, determina, compulsoriamente, que todos os medicamentos discriminados nos incisos I a XI,
que sejam desonerados de PIS, PASEP e COFINS, devem ser vendidos isentos do valor
correspondente ao ICMS incidente sobre a operação. Trata-se, pois, de norma impositiva, de caráter
objetivo, e que independe da vontade e da situação concreta do particular para sua aplicação.
16.2.12 Note-se que se tratavam de situações completamente distintas, enquanto o Convênio
CONFAZ 140/2001 impunha ao contribuinte a isenção do ICMS incidente sobre a operação de venda
dos medicamentos desonerados de PIS, PASEP e COFINS, o Convênio CONFAZ n. 87/2002, por seu
turno, conferia ao contribuinte a possibilidade ou não de que os medicamentos descritos em seu anexo
único fossem vendidos isentos de ICMS, desde que, entre outras condições, ele, contribuinte, abatesse
do preço da mercadoria o valor equivalente ao imposto que seria devido se não houvesse a isenção.
16.2.13 Porém, no presente caso, a situação concreta da defendente não permitia que a
condição para aplicação da isenção prevista no inciso III do § 1°, da cláusula primeira do Convênio
CONFAZ 87/2002, pudesse ser atendida para possibilitar o abatimento do imposto devido na outra
fase da operação de venda de todo e qualquer medicamento destinado à Secretaria de Saúde do
Estado de Sergipe.
16.2.14 O ICMS cobrado nas operações de entrada de mercadorias (operações anteriores) é
apropriado pelo adquirente (contribuinte) como crédito e, posteriormente, compensado com o
montante do imposto devido nas operações de saída de mercadorias (operações posteriores), de tal
sorte que as operações anteriores geram crédito e as operações posteriores geram débito de ICMS.
16.2.15 Nas circunstâncias de venda desonerada de ICMS, a defendente não detém condições
de efetuar a compensação do crédito pago na operação anterior de compra de medicamentos,
assumindo integralmente o ônus econômico e financeiro dessa operação com relação ao ICMS.
16.2.16 Desta forma, a venda desonerada do ICMS implicaria em verdadeira margem negativa
para comercialização dos medicamentos. Além disso, o STJ já entendeu que o ICMS compõe o preço
da mercadoria.
16.2.17 Por essa razão, a empresa não está obrigada a aplicar a isenção do valor
correspondente ao ICMS incidente sobre o preço fábrica dos medicamentos fornecidos à Secretaria de
Saúde do Estado de Sergipe.
16.2.18 Nesse sentido, cita-se posição de tributarista consultado pela defendente sobre o caso
em análise. Ainda se observa que em pregão realizado pela Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo foi consignado expressamente a possibilidade das empresas licitantes optarem pela inclusão ou
não do ICMS nas suas propostas de preços. E que para a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará a
desoneração é facultativa.
16.2.19 Inclusive, em decorrência de se tratar de verdadeira faculdade do particular (de optar
ou não pela venda desonerada durante os certames públicos), qualquer edital destinado à aquisição
de medicamentos que preveja a obrigatoriedade de venda desonerada de medicamentos incorre em
violação direta ao comando constitucional disposto no art. 37, inciso XXI, que estabelece que ‘todas
as licitações públicas devem ser pautadas na igualdade de condições entre os participantes’.
16.2.20 Isto porque, no caso concreto das distribuidoras de medicamentos, tal como a
defendente, não existe a possibilidade de se aproveitar do crédito do ICMS pago na operação de
entrada das mercadorias, o que, todavia, não acontece com os estabelecimentos industriais e os
importadores, que também participam comumente de licitações públicas.
16.2.21 A esse respeito dispõe categoricamente o § 2° do citado Convênio CONFAZ 87/2002,
que ‘não se exigirá o estorno do crédito fiscal previsto no art. 21 da Lei Complementar 87/1996,
relativo à operação antecedente à saída do fármaco ou medicamento constantes do anexo único deste

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convênio, com destino às entidades públicas referidas nesta cláusula, realizadas diretamente pelo
estabelecimento industrial ou importador’.
16.2.22 Tal situação, por si só, revela a inobservância ao princípio da isonomia, encartado
expressamente no art. 37, inciso XXI, da Carta Magna, porquanto licitantes de uma mesma disputa
pública possuem condições distintas com relação à tributação do preço de venda dos medicamentos.
16.2.23 Em outro aspecto, em que pese a revogação do já mencionado inciso III, § 1° da
cláusula primeira do Convênio CONFAZ 87/2002 (que condicionava a isenção ao aproveitamento,
pelo contribuinte, do crédito relativo ao ICMS na etapa subsequente da operação), ainda assim, após
(e atualmente), a defendente também não está obrigada a fornecer medicamentos isentos do valor
correspondente ao ICMS incidente à espécie.
16.2.24 O que se questiona é a legalidade da isenção concedida pelo Convênio CONFAZ
87/2002, em face do art. 150, inciso I, parágrafo 6°, da Constituição Federal/1988, ao afirmar que:
‘(...) Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei
específica, federal, estadual ou municipal (...)’.
16.2.25 Seguindo a mesma trilha, o art. 176 do Código Tributário Nacional dispõe nesse
mesmo sentido.
16.2.26 Diante da inexistência de lei específica tendente a incorporar a isenção referida ao
ordenamento jurídico interno do Distrito Federal, domicílio da empresa, o Convênio CONFAZ
87/2002 não tem aptidão para produzir efeitos na esfera de direitos dos contribuintes.
16.2.27 Vale ressaltar, também, que, ainda que a denominada isenção pudesse ser
internalizada mediante simples Decreto Executivo, os Decretos 23.247/02 e 32.042/10 do Distrito
Federal não reproduzem integralmente os requisitos estabelecidos pelo Convênio CONFAZ 87/2002,
na redação do Convênio CONFAZ 57/2010.
16.2.28 É que o Convênio CONFAZ 57/2010 revogou o inciso III do § 1° da cláusula 1ª do
Convênio CONFAZ 87/2002, e inseriu o § 6° a esta mesma cláusula, transformando em obrigação o
que antes era condição para a isenção (o desconto do valor do ICMS do preço dos medicamentos).
16.2.29 Como se percebe, o RICMS/DF continua a seguir a redação original do Convênio
CONFAZ 87/2002, não tendo incorporado (sequer por Decreto) as alterações trazidas pelo Convênio
CONFAZ 57/2010.
16.2.30 Isso significa que, na sistemática adotada pelo RICMS/DF, os contribuintes que não
efetuarem a dedução do imposto do preço dos produtos comercializados, tal como a requerida, não
farão jus à isenção fiscal, em razão do descumprimento de condição para a fruição do benefício em
comento.
16.2.31 Assim, e de acordo com o referido diploma normativo, os contribuintes que, a exemplo
da defendente, não deduzirem o valor relativo ao ICMS pago na operação de entrada do produto,
estão legalmente impedidos de isentar, do preço de venda da mercadoria, o valor relativo ao aludido
tributo.
16.2.32 Ressalta-se, ainda, o caráter facultativo da isenção prevista no Convênio CONFAZ
87/2002, pois, como essa isenção pode vir a representar um ônus concreto para as empresas, assim
como se verifica em seu caso, cumpre exclusivamente a elas optar ou não pela sua fruição.
16.2.33 Para que os Estados abdiquem do seu legítimo interesse de tributar essas operações
pelo ICMS, é necessário que o particular beneficiado por meio dessa isenção tenha condições
concretas de suprimir a expressão econômica desse benefício fiscal do preço de venda dos
medicamentos.
16.3 Análise:
16.3.1 Os argumentos carreados pela empresa Expressa são, em essência, os mesmos que ela
apresentou em oitiva juntada aos autos do TC 019.588/2011-9, por ocasião de auditoria de
conformidade realizada pela Secretaria de Controle Externo na Paraíba (Secex-PB) na Secretaria de

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Saúde do Estado da Paraíba (SES/PB), que também teve o objetivo de verificar a regularidade da
aplicação dos recursos federais no Programa de Medicamentos Excepcionais.
16.3.2 Cabe trazer à baila a análise procedida pela Secex-PB naqueles autos, inserta no
relatório integrante do Acórdão 1.154/2013 – TCU – Plenário, com a qual se manifesta inteira
concordância, pela qual se afastam os argumentos repetidos no presente processo pela empresa
Expressa:
‘122. Nesse ponto, faz-se necessário tecer alguns comentários, à guisa dos fatos e documentos
juntados pela Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda., em suas justificativas.
123. A Constituição da República confere ao Estado e aos particulares a prerrogativa de
oferecer à coletividade um distinto conjunto de comodidades e utilidades materiais. Reserva ao Estado
a prestação de serviços públicos e aos particulares o desempenho de atividades econômicas.
124. No desempenho dessas atividades o Estado e os particulares estão submetidos a distintos
regimes jurídicos. Enquanto o Estado presta serviço público por força e nos termos de normas de
direito público (onde impera o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado
e a indisponibilidade, pela Administração, do interesse público), o particular desempenha atividades
econômicas no campo da livre iniciativa.
125. Todavia, por força da Lei Maior, excepcionalmente o Estado poderá intervir no domínio
econômico: a) por imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo (art. 173, caput);
ou b) como agente normativo e regulador, oportunidade em que exercerá função de fiscalização,
incentivo e planejamento (art. 174, caput).
126. O art. 174, § 4º, da CF/1988 afirma que ‘a lei reprimirá o abuso do poder econômico ‘que
vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Desse modo, alguns estudiosos admitem a atuação estatal no controle de preços, por exemplo, a fim de
formar um mercado privado e concorrencial ou para restabelecê-lo.
127. Uma parcela do poder do Estado é destinada à atividade de tributação, por meio da qual
os particulares são obrigados a entregar parcela do seu patrimônio ao Estado. Trata-se, portanto, de
uma modalidade constitucionalmente autorizada de ingerência do Estado sobre o direito de
propriedade.
128. Assim, sempre que uma pessoa praticar determinado fato economicamente relevante
poderá ser colocada no dever de levar parte dessa riqueza ao Estado, ou seja, de pagar um tributo.
Entretanto, em algumas situações, o direito positivo prevê que a prática desse fato econômico não
faz nascer o tributo. Três são os institutos que disciplinam essa situação: não-incidência, imunidade
e isenção.
129. Segundo o art. 150, § 6º, da Constituição Federal/1988, toda isenção deve ser
necessariamente prevista em lei. Assim, a pessoa política pode criar um tributo por lei e, somente por
lei, poderá isentá-lo. Entretanto, em relação ao ICMS a concessão de isenção é diferente, uma vez
que todos os Estados e o Distrito Federal devem concordar com a outorga de uma isenção no
âmbito do ICMS. Assim, qualquer espécie de isenção de ICMS é, pois, condicionada a uma comunhão
de vontades de todos os Estados, o que se dá por meio de Convênio no âmbito do Conselho Nacional
de Política Fazendária – CONFAZ.
130. Nesse contexto, não há qualquer vício formal nas isenções de ICMS veiculadas por meio
do Convênio CONFAZ 87/2002, já que todos os Estados e o Distrito Federal consentiram com a
outorga desse benefício fiscal. Desse modo, resta prejudicada a alegação do defendente quanto à
ilegalidade da isenção concedida por esse convênio.
(...)
133. Por todo o exposto, entende-se que não assiste razão à defendente quando questiona a
legalidade da isenção concedida pelo Convênio CONFAZ 87/2002, alegando a inexistência de lei
específica tendente a incorporar essa isenção ao ordenamento jurídico interno do Distrito Federal,
domicílio da empresa, uma vez que tais convênios representam um acordo de vontades entre todos os
Estados da Federação, que se vinculam aos termos do ajuste, não havendo que se questionar a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

eficácia do referido convênio em qualquer ente federado. E caso as isenções de ICMS fossem
concedidas unilateralmente pelos Estados, estar-se-ia diante do que se denomina ‘guerra fiscal’.
134. Também não merece acolhimento a alegação de que a isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002 tem caráter facultativo, cabendo exclusivamente à empresa optar ou
não pela sua fruição. Nesse aspecto, entende-se ser completamente descabida a alegação da
defendente, uma vez que não cabe ao particular escolher entre cumprir ou não uma decisão do
Estado, amparada pelo princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.
135. Segundo Marçal Justen Filho, ‘a supremacia do interesse público significa sua
superioridade sobre os demais interesses existentes na sociedade’. Os interesses privados não podem
prevalecer sobre os interesses públicos. Ou seja, sempre que houver conflito entre um interesse
individual e um interesse coletivo deve prevalecer o interesse público.
136. Entende-se que, em face da supremacia do interesse público sobre o privado, a Secretaria
de Saúde da Paraíba só deve contratar empresas que forneçam medicamentos desonerados do
ICMS, conforme previsão do Convênio CONFAZ 87/2002, e tais empresas, nos processos licitatórios
devem apresentar suas propostas em consonância com o instrumento convocatório. Ademais, caso a
empresa não tenha interesse em arcar com o ônus econômico e financeiro dessa operação com
relação ao ICMS, conforme alegação da defendente, ela tem liberdade para não participar do
certame.
137. Assim, restou esclarecida a questão relativa a não desoneração do ICMS no fornecimento
de medicamentos pela Distribuidora Expressa, uma vez que o próprio mérito da defesa apresentada,
onde ela afirma não ter condições de arcar com o ônus financeiro da isenção e assume a não
concessão desse benefício, comprova a irregularidade constatada pela equipe de auditoria. Portanto,
suas justificativas não comportam acolhimento, devendo ser mantida a irregularidade relativa à venda
de medicamentos sem a isenção prevista no Convênio CONFAZ 87/2002.
138. Ressalte-se que a apuração de eventual possibilidade de compensação do crédito pago
na operação anterior de compra de medicamentos pela referida empresa, assim como outras
questões levantadas na sua defesa, poderão ser discutidas no âmbito do Poder Judiciário, em ações
apropriadas.’ (grifos acrescidos)
16.3.3 Acrescente-se que, ao contrário do alegado, não ocorre afronta, mas obediência ao
comando constitucional que assegura isonomia aos licitantes (art. 37, inciso XXI), ao se prever em
edital destinado à aquisição de medicamentos a obrigatoriedade de venda desonerada de
medicamentos.
16.3.4 A previsão em edital licitatório no sentido de exigir que a proposta contemple o valor do
ICMS é que gera desigualdade de tratamento. Isto porque as alíquotas do ICMS variam entre os
governos estaduais, indo de 12% a 19%. Como a venda é contemplada com a isenção, no momento do
pagamento, esta alíquota não poderá ter impacto algum para o poder público, mas gera uma
desigualdade na aferição das propostas dos fornecedores.
16.3.5 Por exemplo, caso dois fornecedores apresentem valor idêntico de R$ 100,00, mas, por
serem provenientes de estados com alíquotas diferentes, terem embutido no valor 12% e 19% de
ICMS, respectivamente, resta claro que, mesmo tendo apresentado o mesmo valor, a segunda proposta
é a mais vantajosa para a Administração, pois pagará, desonerando o ICMS, R$ 81,00, ao passo que
se pagaria ao primeiro fornecedor R$ 88,00. Na mesma linha de raciocínio, poderíamos ter até uma
proposta mais barata (R$ 95,00 com alíquota de 12%, com valor a pagar de R$ 83,60) e ainda ser
pior que os R$ 81,00 daquela segunda proposta (R$ 100,00, com 19% de ICMS).
16.3.6 Nesse sentido, o TCU, ao apreciar o Relatório de Levantamento objeto do TC
009.625/2011-9, fixou a seguinte determinação, inserta no item 1.6.1 do Acórdão 140/2012 – TCU –
Plenário, in verbis:
‘1.6.1. ao Ministério da Saúde, com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU,
com fundamento na Cláusula Primeira do Convênio – CONFAZ 87/2002, que, no prazo de 60
(sessenta) dias, oriente os gestores federais, estaduais e municipais acerca da aplicação da isenção do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

ICMS nas aquisições de medicamentos por meio de cartilhas, palestras, manuais ou outros
instrumentos que propiciem uma repercussão ampla, alertando aos entes que as propostas dos
licitantes devem contemplar a isenção do tributo;’ (grifos acrescidos)
16.3.7 Como se vê, para que haja igualdade de condições entre os concorrentes e para que os
órgãos da Administração não venham a arcar com valores maiores nas aquisições de medicamentos, o
correto é que as propostas dos licitantes já prevejam o valor isento do ICMS.
16.3.8 Ante o exposto, não se acolhem esses argumentos carreados.
16.4 Argumentos: (peça 29; p. 29-40)
16.4.1 Todos os produtos vendidos pela defendente à Secretaria de Saúde de Sergipe
observaram o PMVG, não havendo nenhuma irregularidade nos preços praticados. Tampouco existe
qualquer tipo de fraude executada pela defendente mediante inclusão de ICMS no preço dos
medicamentos que já contêm o tributo, e jamais embutiu o valor do ICMS em duplicidade no preço de
venda dos medicamentos fornecidos. O que ocorre é que o ICMS incidente sobre os produtos compõe
o preço de fábrica dos medicamentos, consoante já explicado.
16.4.2 Desta forma, a Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. deve observar a alíquota
do Distrito Federal, que é de 17%, pois é o ente federativo onde está sediada.
16.4.3 O ICMS cobrado na operação encontra-se devidamente destacado nas notas fiscais, e,
conforme tabelas agora apresentadas (peça 29, p. 31-39), não houve irregularidade nem
superfaturamento nos preços praticados pela defendente.
16.4.4 Importa anotar que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara apontou equivocadamente
que as vendas do medicamento ‘Sacarato de hidróxido férrico, 100 mg inj. (5ml)’ ocorreram em razão
do Pregão 157/2009, no entanto decorrem do Pregão 528/2008.
16.4.5 À época do fornecimento dos aludidos medicamentos para a Secretaria de Saúde do
Estado de Sergipe, a alíquota do CAP definida pela CMED era de 24,92%, conforme se depreende do
teor do Comunicado 15, de 28/12/2007, vigente de 1º/1/2008 até 3/2/2010. Também para os Pregões
281/2009 e 17/2010 vigorava a alíquota de 24,92% para o CAP.
16.4.6 Pelo exposto, a defendente pugna pelo acolhimento da defesa.
16.5 Análise:
16.5.1 A empresa responsável apresenta nas tabelas juntadas à peça 29, p. 31-39, os preços
dos medicamentos adjudicados nos discutidos Pregões 528/2008, 281/2009 e 17/2010, bem como de
supostos Preços Máximos de Venda ao Governo – PMVG, no intuito de demonstrar que não houve
superfaturamento nas questionadas vendas de fármacos à Secretaria de Saúde de Sergipe, alegando
que, em todas as vendas, observou o PMVG.
16.5.2 Seus argumentos não merecem acolhida. Em primeiro lugar, porque os valores
tabelados de PMVG não estão desonerados do ICMS. Conforme já analisado acima no item 16.3, a
isenção de ICMS é obrigatória para os medicamentos em questão, consoante estabelece o Convênio
CONFAZ 87/2002.
16.5.3 Ademais, o defendente considerou apenas os preços adjudicados nos citados pregões,
que nem sempre são os mesmos dos preços faturados nas notas fiscais; estes sim, são os preços hábeis
para verificar a existência de superfaturamento. Por exemplo, na tabela do defendente consta o preço
adjudicado do medicamento ‘Entacapone 200mg’ de R$ 2,79 (peça 29, p. 32), ao passo que este item
foi faturado por R$ 2,81, como se observa na respectiva nota fiscal 73.574 (peça 29, p.423). Insta
anotar que os valores faturados foram devidamente considerados para o cálculo dos débitos
apontados no Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara, como no caso do item exemplificado (peça 9, p.
3).
16.5.4 Ainda cumpre observar que os valores de PMVG tabelados pelo defendente consideram
listas de preços de fábrica do momento da licitação (peça 29, p. 357-378), ao passo que é devido, para
efeito de verificação de débito, o momento de faturamento dos medicamentos, pois as variações dos
preços máximos dos medicamentos regulados pela CMED devem ser observadas ao longo de todo o
período de contratação do fornecedor, devendo ser revisados os preços adjudicados de acordo com os

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

máximos estipulados pela CMED. Para o cálculo dos débitos apontados pelo Tribunal, considerou-se
devidamente as listas de preços de medicamentos vigentes no momento da emissão das notas fiscais,
como se verifica na instrução que fundamenta o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara:
‘28. Ademais, ressalte-se que o valor do preço de fábrica – PF de cada medicamento foi
retirado da tabela CMED/Anvisa vigente no momento da liquidação da despesa, ou seja, da emissão
da nota fiscal e do fornecimento dos medicamentos (tabelas PF insertas na peça 38). Nessas tabelas,
foram utilizados os PF 17% (com ICMS de 17%), abatendo-se este percentual do PF antes de
descontar o CAP, para se obter o PMVG, consoante a fórmula PMVG = (PF-ICMS) * (1– CAP) acima
colocada.’
16.5.5 Também não estão corretos os valores de CAP considerados nos cálculos do fornecedor,
pois utilizou em todos os cálculos de PMVG o CAP de 24,92%, vigente de 1º/1/2008 a 3/2/2010.
Acontece que houve fornecimento de medicamentos após 3/2/2010. Para estes casos, este Tribunal
utilizou devidamente o CAP de 22,85%, definido pelo Comunicado CMED 1/2010, que vigeu desde
então até 18/3/2012, como se verifica na instrução que apontou os valores dos vertentes débitos (peça
6, p. 4):
‘29. Para as notas fiscais emitidas no exercício de 2009 até 3/2/2010, foi considerado o CAP
de 24,92%, fixado pelo Comunicado CMED 15/2007, vigente no período. Para as notas fiscais
emitidas após 4/2/2010, utilizou-se o CAP de 22,85%, definido pelo Comunicado CMED 1/2010, que
vigeu desde então até 18/3/2012 (pesquisa no site www.portal.Anvisa.gov.br, em 3/9/2012).’
16.5.6 Como se vê, os cálculos dos débitos considerados por este Tribunal no Acórdão
6.401/2012-TCU-1ª Câmara foram acertados, afastando-se os cálculos e valores apresentados pelo
defendente.
16.5.7 Por fim, insta reconhecer que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara apontou
equivocadamente que as vendas do medicamento ‘Sacarato de hidróxido férrico, 100 mg inj. (5ml)’
ocorreram em razão do Pregão 157/2009, no entanto decorrem do Pregão 528/2008, como se verifica
na respectiva nota fiscal, nota de empenho e contrato de fornecimento (peça 30, p. 3-6, do TC
032.792/2011-5). Não obstante o erro material que deve ser corrigido, permanece intacto o débito
apontado, que discrimina devidamente a nota fiscal (n. 45.152) que o fundamenta.
16.5.8 Ante o exposto, considerando que estão corretos os cálculos dos PMVG e dos débitos
apontados no Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara, rejeitam-se essas alegações em análise.
16.6 Argumentos: (peça 28)
16.6.1 Com o fito de reforçar seus argumentos anteriores juntados à peça 29, a defendente traz
à baila a decisão do Ministério Público Federal no Estado do Ceará, referente à mesma denúncia,
caso em que se entendeu, tanto pela regularidade das operações praticadas pela requerente, como
pela incompetência do Ministério Público de atuar na situação, por se envolver interpretação de
norma tributária, sendo esta atribuição do Ministério da Fazenda.
16.6.2 Destaca-se o seguinte trecho da decisão:
‘Assim, em conclusão, não se vislumbra, sob matiz algum (seja, por um lado, por ausência de
irregularidades nas licitações, seja, por outro, na matéria restante, por falência de atribuições deste
Parquet), interesse público primário em deslindar a questão, afastando-se a competência deste
Ministério Público.
Destarte, declino a atribuição para atuar no presente feito, determinando, após aprovação da
respectiva Câmara, a remessa dos fólios à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN) no Ceará, por
ser o órgão competente, com a devida baixa na distribuição.’
16.6.3 Destarte, resta mais uma prova do acerto das operações praticadas pela defendente e
da ausência de fundamento das acusações perpetradas. Ficando patente a improcedência do
superfaturamento e sim por se tratar de interpretação da aplicação de norma tributária.
16.6.4 Por fim, nos termos do artigo 168 do Regimento Interno deste Tribunal, requer o direito
de sustentar oralmente suas razões caso os autos sejam encaminhados ao plenário.
16.7 Análise:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

16.7.1 Os argumentos carreados pelo defendente não lhe socorrem. Isto porque este Tribunal
exerce sua jurisdição independentemente das demais, não estando vinculado, portanto, à referida
decisão do Ministério Público Federal. Este Tribunal tem reiteradamente reafirmado o princípio da
independência da sua jurisdição, mesmo em relação às instâncias civil e penal, para efeito de
apuração de condutas antijurídicas perpetradas por agentes públicos, como assente na jurisprudência
desta Corte (Acórdão 436/1994 – Primeira Câmara, Decisão 278/1994 – Segunda Câmara, Decisão
66/1994 – Segunda Câmara, Decisão 97/1996 – 2ª Câmara, Acórdão 406/1999 – 2ª Câmara, dentre
outros).
16.7.2 Ademais, a suposta ausência de irregularidades nas licitações de que trata o feito
apreciado pelo Ministério Público Federal no Estado do Ceará não implica em regularidade das
licitações discutidas nos presentes autos, realizadas por outros órgãos públicos, do estado de Sergipe.
16.7.3 Por fim, observa-se que deve ser concedido o pedido de sustentação oral a ser
produzida pela responsável. Ressalte-se que a produção de sustentação oral é medida aceita no rito
processual desta Corte. Todavia, o interessado deve requerê-la nos moldes do artigo 168 do
Regimento Interno/TCU. Ou seja, a responsável deve acompanhar o trâmite processual com vistas a
cientificar-se do dia da sessão de julgamento, atentando-se para a publicação da pauta no Diário
Oficial da União, que deverá ocorrer com antecedência mínima de 48 horas. O pedido deve ser
dirigido ao Presidente do respectivo Colegiado em até quatro horas do início da sessão.
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
16.8 Irregularidades: vendas de medicamentos à Secretaria de Saúde de Sergipe por preços
acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG
16.9 Argumentos: (peça 164; p. 1-29)
16.9.1 A defendente apresenta nesta parte de sua defesa os mesmos argumentos antes
carreados em resposta às irregularidades atribuídas pelo Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça
29, p. 1-28), acima colocados no item 16.2, sendo desnecessário repeti-los.
16.10 Análise:
16.10.1 Estes argumentos não lhe aproveitam, conforme análise já realizada no item 16.3.
16.11 Argumentos: (peça 164; p. 29-33)
16.11.1 A defendente aduz que o Tribunal, mediante o Acórdão 1.154/2013 – TCU – Plenário,
ao apreciar processo em que também são apurados indícios de superfaturamento na venda de
medicamentos de alto custo à Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba (TC 019.588/2011-9),
entendeu que a ausência de desoneração do ICMS não deve ser considerada como débito (a ser pago
pela defendente), e consignou que o cálculo para se apurar a existência de superfaturamento deve ser
realizado excluindo-se o valor relativo ao ICMS.
16.11.2 Desta forma, a defendente entende que, para a análise concreta do presente caso, é
imperioso que se aplique o mesmo entendimento construído no citado julgamento, referente à exclusão
do valor do ICMS para o cálculo a respeito da existência ou não de superfaturamento.
16.11.3 A seu ver, a aplicação do aludido precedente ao caso em tela é necessária não somente
em virtude de estar em consonância com o preceito da razoabilidade, mas, também, pelo princípio da
legítima confiança, a fim de se evitar decisões conflitantes prolatadas pelo mesmo Tribunal. E, ainda,
por outro lado, para possibilitar o mesmo desfecho a situações controvertidas idênticas, preservando-
se, assim, em última análise, a tão almejada segurança jurídica.
16.12 Análise:
16.12.1 Os argumentos não prosperam. Isto porque não há que se falar em prejuízo da legítima
confiança ou da segurança jurídica, mas em divergência entre deliberações do Tribunal prolatadas em
processos distintos.
16.12.2 A divergência consiste no seguinte: pelo citado Acórdão 1.154/2013, o Plenário desta
Casa entendeu que a quantia proveniente da isenção do ICMS prevista no Convênio CONFAZ
87/2002, que deixou de ser aplicada pelos gestores quando da licitação e contratação do fornecimento

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

de medicamentos excepcionais à SES/PB, não deve ser considerada como débito, motivo pelo qual se
rejeitou a proposta de conversão dos autos em tomada de contas especial – TCE; já a 1ª Câmara desta
Corte, mediante o Acórdão 6.401/2012, acolheu as conclusões desta Unidade Técnica, no sentido de
considerar como débito a quantia do ICMS que não foi desonerada dos preços praticados pelos
fornecedores, convertendo os autos na presente TCE e determinando as citações em análise com o fim
de ressarcir os cofres do Fundo Nacional de Saúde.
16.12.3 Frise-se que os entendimentos divergentes foram manifestados por colegiados distintos
desta Casa.
16.12.4 Observa-se que há previsão no Regimento Interno do TCU (art. 91) para resolver a
apontada divergência. Trata-se do incidente de uniformização de jurisprudência, pelo qual, poderá o
colegiado, por sugestão de ministro, ministro-substituto ou representante do Ministério Público,
decidir pela apreciação preliminar da controvérsia.
16.12.5 Acerca da divergência suscitada, com as devidas vênias aos entendimentos
manifestados em sentido contrário nos autos do TC 019.588/2011-9, entende-se que a quantia
proveniente da isenção do ICMS prevista no Convênio CONFAZ 87/2002, que deixou de ser aplicada
pelos gestores públicos quando das licitações e contratações do fornecimento de medicamentos de alto
custo às Secretarias Estaduais de Saúde deve ser considerada como débito, conforme decidido pelo
Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara. Nesse sentido, cabe gizar as seguintes ponderações.
16.12.6 Os medicamentos cujos preços são discutidos fazem parte do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica – CEAF, estratégia instituída pela Portaria GM/MS
2.981/2009 para acesso a medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
16.12.7 O CEAF foi dividido em três grupos, ficando sob responsabilidade da União os
medicamentos do Grupo 1 (art. 9º da Portaria GM/MS 2.981/2009). Os medicamentos deste grupo, em
geral, destinam-se a tratar doenças complexas e representam um alto custo para o tratamento (art.
11).
16.12.8 Os medicamentos do Grupo 1 são financiados pelo Ministério da Saúde, por aquisição
centralizada (Grupo 1A) ou mediante repasses financeiros (Grupo 1B), nos termos do art. 60 da
referida portaria.
16.12.9 Já de acordo com o art. 48 do citado normativo, na aquisição dos medicamentos dos
Grupos 1 e 2, os gestores deverão observar o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG), conforme
regulamentação vigente da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), e os preços
praticados no mercado, no sentido de obter a proposta mais vantajosa para a administração pública.
E em seu parágrafo único, estabeleceu-se que deverão verificar, ainda, a aplicação dos benefícios
fiscais que incidem sobre os medicamentos listados nos Convênios ICMS (CONFAZ) vigentes.
16.12.10 Como se vê, as transferências de recursos pelo governo federal aos estados para
financiar o Grupo 1B do CEAF têm como destinação exclusiva a aquisição destes medicamentos,
respeitando-se os preços máximos fixados pela CMED e aplicando-se as isenções de ICMS previstas
no Convênio CONFAZ 87/2002, acordo vigente que concede esse benefício fiscal.
16.12.11 Quando não é aplicada a isenção do ICMS nas aquisições dos medicamentos,
recursos importantes que deveriam ser destinados para a melhoria da saúde da população são
transferidos para o tesouro dos governos estaduais mediante a arrecadação do tributo, resultando em
desvio de finalidade dos recursos. São valores expressivos, uma vez que a maioria dos estados
estabeleceu a alíquota de 17% para as vendas de medicamentos.
16.12.12 Outro efeito negativo ocorre no cálculo do valor mínimo estabelecido
constitucionalmente para ser aplicado na saúde, uma vez que estes recursos serão considerados como
aplicações em serviços de saúde, apesar de não estarem sendo efetivamente investidos na função.
16.12.13 Desta forma, entende-se que não é uma opção do gestor público e do fornecedor de
medicamentos observar ou não a isenção do ICMS, mas sim uma obrigação, pois o recurso deveria
ser destinado para a aquisição de medicamentos. Uma vez que o ICMS deixou de ser um custo, pois
passou a ser isento, constitui ato antieconômico o seu recolhimento. O resultado é o pagamento

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

indevido do tributo, que será recolhido aos cofres estaduais, ou no caso de má-fé da empresa, a
apropriação do valor do imposto.
16.12.14 Insta ressaltar que não se está falando em má-fé nem em locupletamento da empresa,
mas em seu dever de reparar um dano que causou ao erário por sua culpa. Isto porque a empresa tem
a obrigação de conhecer a legislação tributária e, portanto, o destacamento do ICMS em operação
isenta do imposto com posterior recolhimento aos cofres estaduais, o que no caso não restou
comprovado, deve ser reprovado e considerado culposo, o que dá azo à reparação do prejuízo
causado aos cofres do Fundo Nacional de Saúde.
16.12.15 Outrossim, entende-se que é questão alheia e que não reflete no mérito das presentes
contas um possível acerto da empresa com o fisco estadual acerca dos impostos recolhidos, cabendo
ao fisco estadual verificar o regular recolhimento dos impostos devidos e, à empresa, caso tenha
interesse e seja cabível, pleitear junto à fazenda estadual ou por vias judiciais a devolução ou o
crédito do imposto recolhido indevidamente.
16.12.16 Ante o exposto, ainda considerando que os recursos em questão são essenciais para a
saúde de pacientes acometidos com doenças graves, que em muitos casos dependem da assistência
farmacêutica para sua sobrevivência, dependendo de uma contínua dispensação gratuita destes
medicamentos de alto custo para garantir o direito básico à vida, entende-se que se deve considerar a
não aplicação da isenção de ICMS prevista no Convênio 87/2002 como débito, com o fim de recompor
os recursos da saúde indevidamente desviados.
16.12.17 Porém, caso o Tribunal venha a entender de forma diferente, e em atenção à
celeridade processual, promovem-se logo novos cálculos para apurar o dano aos cofres públicos
federais decorrente das vendas de medicamentos excepcionais à SES/SE por preços acima do PMVG,
excluindo do cálculo a parcela relativa ao ICMS, deixando de considerar como débito a quantia
relativa à isenção do ICMS prevista no Convênio CONFAZ 87/2002, que não foi aplicada na
aquisição dos medicamentos. Cabe observar que os valores dos débitos relativos às vendas realizadas
pelas empresas Farmaconn Ltda., Majela Hospitalar Ltda., Elfa Medicamentos Ltda. e Atma Produtos
Hospitalares Ltda. não sofreram alterações, pois estas empresas não destacaram o ICMS nas notas
fiscais, consignando no documento fiscal que a operação é isenta do imposto, motivo pelo qual não há
ICMS a desconsiderar do débito.
16.12.18 Quanto às citações constantes dos itens do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara,
relativas a vendas da Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda., as tabelas abaixo mostram
valores de PMVG recalculados, excluindo-se a parcela relativa ao ICMS, e decorrentes valores dos
débitos que irão remanescer, caso o Tribunal decida dessa forma. Observa-se que é retificado o erro
material comentado no item 13.5.7, alterando-se o número do pregão informado do medicamento
‘Sacarato de hidróxido férrico, 100 mg inj. (5ml)’, de 157/2009 para 528/2008:
 Débitos do item 1.7.1 do Acórdão – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda. e Rogério Carvalho Santos:
Débito oriundo do Pregão eletrônico 528/2008
Nota Fiscal Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
(R$) Ordem
bancária
Sacarato de hidroxido
45152 férrico 100 mg inj. 4.000 0,00 2/12/2009
4,98 5,27
(5 ml)
32252 6.000 0,00 19/8/2009
 Débitos do item 1.7.2 do Acórdão – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda., Rogério Carvalho Santos e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo dos pagamentos relativos ao Pregão 281/2009
Nota Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

(R$) Ordem
bancária
Entacapona 200 mg
73574 2,81 2,81 24.000 0,00 25/2/2010
(comprimido)
Everolimo 0,5 mg
10,87 10,87 1.920 0,00
(cápsula)
73526 25/2/2010
Everolimo 1 mg
21,75 21,75 1.920 0,00
(cápsula)
Adalimumabe 40 mg
71042 2012,36 2012,36 80 0,00 25/2/2010
(seringa)
Betainterferona 1b
71250 204,16 209,78 120 0,00 25/2/2010
9.600.000 UI (amp)
  Débitos do item 1.7.3 do Acórdão – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda. e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo do Pregão 281/2009
Nota Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
(R$) Ordem
bancária
Ciclosporina 100
201,42 218,87 18 0,00
mg/ml (frasco 50 ml)
Betainterferona 1b
204,16 209,78 300 0,00
9.600.000 UI (amp)
87356 30/3/2010
Everolimo 0,75 mg
16,31 16,76 1.500 0,00
(comprimido)
Rivastigmina 2,0
257,17 264,27 100 0,00
mg/ml (120ml)
Entacapona 200 mg
2,81 2,88 12.000 0,00
(comprimido)
117451 14/9/2010
Rivastigmina 2,0
257,17 276,02 80 0,00
mg/ml (120ml)
Débito oriundo do Pregão 17/2010
Nota Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
(R$) Ordem
bancária
Danazol 100 mg
108633 1,49 1,60 100 0,00 10/8/2010
(cápsula)
Creon enzima
pancreática 10.000 0,81 0,87 1.200 0,00
ui / Solvay
112165 Creon enzima 11/10/2010
pancreática 25.000
1,64 1,76 4.200 0,00
ui / Solvay –
pancreatina
Leuprorrelina 11,25
111227 mg injetavel 973,79 1045,17 30 0,00 11/10/2010
(seringa)
Atorvastatina 20 mg
111225 3,73 4,02 36.270 0,00 11/10/2010
(comprimido)
Leflunomida 20 mg
110658 6,20 6,66 21.000 0,00 11/10/2010
(comprimido)
110783 Atorvastatina 20 mg 3,73 4,02 191.700 0,00 11/10/2010

14
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

(comprimido)
Atorvastatina 20 mg
110780 3,73 4,02 191.340 0,00 11/10/2010
(comprimido)
Ziprasidona 80 mg
122767 8,10 8,69 11.550 0,00 11/10/2010
(cápsula)
Rivastigmina 1,5
115974 3,18 3,41 9.800 0,00 11/10/2010
mg/ml (cápsula)
Sildenafila 20 mg –
14,04 15,08 9.000 0,00
por comprimido
112495 11/10/2010
Ziprasidona 40 mg
4,84 5,23 3.000 0,00
(cápsula)
Rivastigmina 4,5
4,12 4,45 7.000 0,00
mg/ml (cápsula)
114115 11/10/2010
Rivastigmina 6,0
4,20 4,53 4.060 0,00
mg/ml (cápsula)
Mesilato de
134286 Bromocriptina 2,5 1,62 1,73 1.400 0,00 23/11/2010
mg
Ziprasidona 80 mg
121096 8,10 8,69 450 0,00 27/12/2010
(cápsula)
Clozapina 100 mg
113095 3,22 3,46 450 0,00 29/12/2010
(comprimido)
Atorvastatina 20 mg
118371 3,73 4,02 630 0,00 29/12/2010
(comprimido)
Clozapina 100 mg
3,22 3,46 7.050 0,00
(comprimido)
114108 Micofenolato de 29/12/2010
sodio 360 mg 8,44 9,06 18.000 0,00
(compr.)
Rivastigmina 3,0
3,63 3,92 22.400 0,00
mg/ml (cápsula)
Rivastigmina 4,5
114133 4,12 4,45 10.500 0,00 29/12/2010
mg/ml (cápsula)
Rivastigmina 6,0
4,20 4,53 4.060 0,00
mg/ml (cápsula)
Leflunomida 20 mg
121743 6,20 6,66 15.000 0,00 29/12/2010
(comprimido)
Sacarato de
hidroxido ferrico 100
122874 5,27 5,65 3.600 0,00 29/12/2010
mg injetavel (frasco
de 5 ml)
Ziprasidona 40 mg
123316 4,84 5,23 2.100 0,00 29/12/2010
(cápsula)
Sildenafila 20 mg –
123193 14,04 15,08 9.000 0,00 29/12/2010
por comprimido
Cabergolina 0,5 mg
123168 20,63 19,14 3.600 5.364,00 29/12/2010
(comprimido)
 Débitos do item 1.7.4 do Acórdão – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda., Mônica Sampaio de Carvalho e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto:
Débito oriundo do Pregão 281/2009
Nota Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
(R$) Ordem
bancária
15
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Entacapona 200 mg
2,81 2,88 12.000 0,00
(comprimido)
141011 19/7/2011
Rivastigmina 2,0
257,17 276,02 120 0,00
mg/ml (120ml)

Débito oriundo do Pregão 17/2010


Nota Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
(R$) Ordem
bancária
Calcitriol 1,0 mcg
139732 12,33 13,23 450 0,00 24/3/2011
injetavel (ampola)
Ziprasidona 80 mg
139869 8,10 8,69 7.800 0,00 24/3/2011
(cápsula)
Sacarato de
140260 hidroxido ferrico 100 5,27 5,65 2.400 0,00 24/3/2011
mg inj. (5 ml)
Leuprorrelina 11,25
mg injetavel 973,79 1045,17 30 0,00 24/3/2011
(seringa)
140364 Cabergolina 0,5 mg
20,63 19,14 3.600 5.364,00 24/3/2011
(comprimido)
Sildenafila 20 mg –
14,04 15,08 9.000 0,00 24/3/2011
por comprimido
Leflunomida 20 mg
130260 6,20 6,66 15.000 0,00 27/7/2011
(comprimido)
Creon enzima
pancreática 25.000
131805 1,64 1,76 14.190 0,00 27/7/2011
ui / Solvay –
pancreatina
Ziprasidona 40 mg
132769 4,84 5,23 2.400 0,00 27/7/2011
(cápsula)
Rivastigmina 6,0
4,20 4,53 7.560 0,00
mg/ml (cápsula)
134602 Rivastigmina 2,0 27/7/2011
mg/ml (frasco 257,17 276,02 100 0,00
120ml)
Rivastigmina 3,0
134600 3,63 3,92 22.400 0,00 27/7/2011
mg/ml (cápsula)
Creon enzima
133637 pancreática 10.000 0,81 0,87 1.800 0,00 27/7/2011
ui / Solvay
Clozapina 100 mg
3,22 3,46 9.000 0,00 27/7/2011
(comprimido)
134556
Rivastigmina 1,5
3,18 3,41 9.800 0,00 27/7/2011
mg/ml (cápsula)
Olanzapina 10 mg
133005 12,86 13,81 58.800 0,00 27/7/2011
(comprimido)
Atorvastatina 20 mg
135153 3,73 4,02 119.970 0,00 27/7/2011
(comprimido)
Entacapona 200 mg
169822 2,79 3,01 5.940 0,00 1/12/2011
(comprimido)
176409 Creon enzima 1,64 1,76 5.580 0,00 1/12/2011
pancreática 25.000
16
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

ui / Solvay –
pancreatina
 Débitos do item 1.7.5 do Acórdão – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda. e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto:
Nota Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal unitário (R$) Débito (R$) Pagamento/
(R$) Ordem
bancária
Mesilato de
169796 Bromocriptina 2,5 1,62 1,73 1.064 0,00 24/3/2011
mg
Rivastigmina 1,5
3,18 3,41 10.248 0,00
mg/ml (cápsula)
Rivastigmina 3,0
3,63 3,92 32.900 0,00
mg/ml (cápsula)
Rivastigmina 4,5
169820 4,12 4,45 13.328 0,00 31/3/2011
mg/ml (cápsula)
Rivastigmina 6,0
4,20 4,53 10.164 0,00
mg/ml (cápsula)
Rivastigmina 2,0
257,17 276,02 150 0,00
mg/ml (120ml)
Entacapona 200 mg
169824 2,79 3,01 25.500 0,00 31/3/2011
(comprimido)
Sacarato de
171718 hidroxido ferrico 100 5,27 5,65 5.040 0,00 31/3/2011
mg inj. (5 ml)
Leflunomida 20 mg
171211 6,20 6,66 30.420 0,00 31/3/2011
(comprimido)
Olanzapina 10 mg
172066 12,86 13,81 40.012 0,00 31/3/2011
(comprimido)
Olanzapina 10 mg
171209 12,86 13,81 40.012 0,00 31/3/2011
(comprimido)
Ziprasidona 80 mg
174670 8,10 8,69 16.800 0,00 13/4/2011
(cápsula)
Cabergolina 0,5 mg
174494 20,63 19,14 4.800 7.152,00 13/4/2011
(comprimido)
Ziprasidona 40 mg
174021 4,84 5,23 5.880 0,00 13/4/2011
(cápsula)
Creon enzima
176414 pancreática 10.000 0,81 0,87 2.010 0,00 15/4/2011
ui / Solvay
Sildenafila 20 mg –
179337 14,04 15,08 3.510 0,00 29/4/2011
por comprimido
Sildenafila 20 mg –
176899 14,04 15,08 17.010 0,00 29/4/2011
por comprimido
Sildenafila 20 mg –
175281 14,04 15,08 2.160 0,00 29/4/2011
por comprimido
 Já em relação às citações originadas da auditoria de conformidade, indicadas na peça 53 do
TC 037.283/2012-0, as tabelas abaixo mostram valores de PMVG recalculados, excluindo-se a
parcela relativa ao ICMS, e decorrentes valores dos débitos que irão remanescer, caso o Tribunal
decida dessa forma, ressalvando que os débitos relativos às vendas realizadas pelas empresas
Farmaconn Ltda., Majela Hospitalar Ltda., Elfa Medicamentos Ltda. e Atma Produtos Hospitalares
Ltda. não sofreram alterações, pois estas empresas não destacaram o ICMS nas notas fiscais,

17
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

consignando no documento fiscal que a operação é isenta do imposto, não havendo, portanto, ICMS a
desconsiderar do débito:
 Débitos da citação 1 – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda. e Rogério Carvalho Santos:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda.
Preço
Nota Princípio Ativo / PMVG Valor do
Pregão unitário Quant. Data Pgto
Fiscal Medicamento (R$) Débito (R$)
(R$)
131136 Sildenafila 20mg / 19.890 79.560,00
Revatio (por 17,24 13,24
3522 comprimido) 7.020 28.080,00
Infliximabe 10 mg/ml
308/ 3868 injetável/ Remicade (por 1.926,20 1.920,31 360 2.120,40
12/2/2009
2007 frasco ampola de 10 ml)
Vigabatrina 500mg /
3558 2,05 1,57 4.200 2.016,00
Sabril (por comprimido)
Leflunomida 20mg /
3558 7,61 5,85 27.990 49.262,40
Arava (por comprimido)
TOTAL (R$) 161.038,80
  Débitos da citação 2 – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda., Rogério Carvalho Santos e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda.
Preço Valor do
Nota Princípio Ativo / PMVG
Pregão unitário Quant. Débito Data Pgto
Fiscal Medicamento (R$)
(R$) (R$)
Mesalazina 500 mg / 30/3/2010
71645 2,43 2,43 2.500 0,00
Pentasa (por comprimido)
Cabergolina 0,5 mg /
70423 Dostinex (por 16,84 17,83 2.000 0,00
comprimido)
Sacarato de hidróxido
66184 férrico / Noripurum (por 4,98 5,26 6.000 0,00
frasco de 5 ml)
Micofenolato de sódio 360
mg / Myfortic (por 7,97 8,44 4.920 0,00
comprimido)
528/200 66183
Ciprofibrato 100 mg /
8 Oroxadin (por 1,36 1,44 15.000 0,00
comprimido)
Ziprasidona 40 mg /
67016 4,59 4,86 1.980 0,00
Geodon (por cápsula)
Atorvastatina 10 mg /
2,01 2,13 12.000 0,00
Lipitor (por comprimido)
69186
Atorvastatina 20 mg /
3,53 3,73 200.400 0,00
Lipitor (por comprimido)
Rivastigmina 2,0 mg/ml
66186 solução oral / Exelon (por 242,84 257,16 195 0,00
frasco de 120ml)
66185 Rivastigmina 4,5 mg /
3,90 4,13 14.980 0,00
Exelon (por cápsula)
Rivastigmina 6 mg / 3,99 4,21 7.000 0,00
Exelon (por cápsula)

18
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Clozapina 100 mg /
83902 3,04 3,45 6.000 0,00 11/6/2010
Leponex (por comprimido)
Rivastigmina 1,5 mg /
3,00 3,40 3.976 0,00
Exelon (por cápsula)
Rivastigmina 3 mg /
3,45 3,91 10.976 0,00
Exelon (por cápsula)
Rivastigmina 6 mg / 21/10/201
113391 3,99 4,53 5.488 0,00
Exelon (por cápsula) 0
Ziprasidona 80 mg /
7,65 8,68 14.790 0,00
Geodon (por cápsula)
Sirolimo 1mg / Rapamune
20,55 22,72* 1.200 0,00
(por drágea)
Atorvastatina 20 mg /
3,53 4,02 338.310 0,00
Lipitor (por comprimido)
Ciprofibrato 100 mg /
Oroxadin (por 1,36 1,55 7.200 0,00
81935
comprimido)
Leuprorrelina 11,25mg
injetável / Lupron Depot 919,53 1045,16 10 0,00
(por seringa)
19/3/2010
Sildenafila 20mg / Revatio 22.377,6
81896 17,67 15,08 8.640
(por comprimido) 0
Cabergolina 0,5 mg /
83385 Dostinex (por 16,84 19,14 2.000 0,00
comprimido)
Everolimo 0,75 mg /
83398 Certican (por 15,40 17,50 600 0,00
comprimido)
528/200 Micofenolato de Sódio 360
8 mg / Myfortic (por 7,97 9,06 4.800 0,00
comprimido)
Atorvastatina 20 mg /
3,53 4,02 51.690 0,00
79433 Lipitor (por comprimido) 5/3/2010
Atorvastatina 10 mg /
2,01 2,28 30.000 0,00
Lipitor (por comprimido)
Sildenafila 20mg / Revatio
17,67 15,08 360 932,40
(por comprimido)
TOTAL (R$) 23.310,00
* Produto não sujeito à aplicação do CAP 
 Débitos da citação 3 – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda. e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda.
Pregã Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant. Valor
Data
o Fiscal Medicamento unitário (R$) do
(R$) Débito Pagamen
to
(R$)
20534 Acitretina 10 mg / 27/2/2012
9 Neotigason (por 2,62 2,65 2.880 0,00
cápsula)
Acitretina 25 mg / 6,35 6,44 10.020 0,00
Neotigason (por
cápsula)
19
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Leuprorrelina
20005 11,25mg injetável / 1.060,6
1.045,17 87 0,00
1 Lupron Depot (por 3
seringa)
Ziprasidona 80 mg /
19992
Geodon (por 8,69 8,81 1.680 0,00
3
cápsula)
Entacapona
200mg / Comtan 3,02 3,06 24.000 0,00
(por comprimido)
Rivastigmina 1,5 mg
/ Exelon (por 3,41 3,45 10.500 0,00
cápsula)
Rivastigmina 3 mg /
20131
Exelon (por 3,91 3,97 20.300 0,00
8
cápsula)
Rivastigmina 4,5 mg
/ Exelon (por 4,44 4,50 10.500 0,00
cápsula)
Rivastigmina 6 mg /
Exelon (por 4,53 4,60 7.700 0,00
cápsula)
Leuprorrelina
20125 11,25mg injetável / 1.060,6
1.045,17 113 0,00
0 Lupron Depot (por 3
seringa)
Ziprasidona 40 mg /
19950
Geodon (por 5,22 5,30 8.010 0,00
5
cápsula)
1/12/2011
Cabergolina 0,5
19846
mg / Dostinex (por 22,14 22,46 6.480 0,00
0
comprimido)
Leflunomida 20mg /
19846
13/201 Arava (por 6,65 6,83 30.000 0,00
2
1 comprimido) 13/12/201
Ziprasidona 80 mg / 1
19296
Geodon (por 8,69 8,81 19.320 0,00
5
cápsula)
Entacapona
19806
200mg / Comtan 3,02 3,06 24.000 0,00
9
(por comprimido)
Rivastigmina 4,5 mg
/ Exelon (por 4,44 4,50 10.500 0,00
19799 cápsula)
8 Rivastigmina 6 mg /
Exelon (por 4,53 4,60 7.700 0,00 1/12/2011
cápsula)
Rivastigmina 1,5 mg
/ Exelon (por 3,41 3,45 10.500 0,00
19806 cápsula)
7 Rivastigmina 3 mg /
Exelon (por 3,91 3,96 20.300 0,00
cápsula)
26892 Cabergolina 0,5 22,14 23,16 4.128 0,00 20/4/2012
20
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

mg / Dostinex (por
comprimido)
9 Ziprasidona 80 mg /
Geodon (por 8,69 9,36 7.380 0,00
cápsula)
Acitretina 25 mg /
26852
13/201 Neotigason (por 6,35 6,63 3.200 0,00
6
1 cápsula)
TOTAL (R$) 0,00
 Débitos da citação 4 – responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda., Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto e Sílvio Alves dos Santos:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos
Ltda.
Pregã Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant Valor
o Fiscal Medicamento unitário (R$) . do Data
(R$) Débito Pagamen
(R$) to
Pramipexol 1mg /
26814
Sifrol 4,62 4,84 13.980 0,00 2/8/2012
0
(por comprimido)
13/201 27434 Rivastigmina 6 mg /
4,53 4,73 4.928 0,00 26/6/2012
1 5 Exelon (por cápsula)
Mesalazina 500 mg /
27238
Pentasa (por 2,65 3,01 2.500 0,00 26/6/2012
6
comprimido)
Ziprasidona 40 mg /
5,30 5,62 4.980 0,00
Geodon (por cápsula)
Ziprasidona 80 mg /
28383 8,82 9,36 6.000 0,00
Geodon (por cápsula) 24/9/2012
0
40/201 Cabergolina 0,5 mg /
2 Dostinex (por 22,47 23,16 3.000 0,00
comprimido)
Sildenafila 20mg /
28417
Revatio (por 14,89 15,77 18.000 0,00 24/9/2012
8
comprimido)
TOTAL (R$) 0,00
 Débitos da citação 5 – responsáveis solidários – Elfa Medicamentos Ltda., Rogério Carvalho
Santos e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Elfa Medicamentos Ltda.
Pregão Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quan Valor do
Data
Fisc Medicamento unitário (R$) t. Débito
al (R$) (R$) Pagamen
to
281/20 Donepezila 5mg /
20.388,0
09 Eranz 249,19
8170 300,16 400 0
(por cx 28 *
comprimidos)
8/3/2010
Donepezila 5mg /
Eranz 249,19 29.103,8
8175 300,16 571
(por cx 28 * 7
comprimidos)
1265 Donepezila 5mg / 300,16 260,28 400 15.952,0 21/10/10
5 Eranz * 0
21
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

(por cx 28
comprimidos)
Donepezila 5mg /
1206 Eranz 260,28 22.771,4 11/10/201
300,16 571
5 (por cx 28 * 8 0
comprimidos)
Entecavir 0,5mg /
Baraclude
9679 581,70 390,74 30 5.728,80 1/6/2010
(por cx 30
comprimidos)
Donepezila 5mg /
1103 Eranz 260,28 22.771,4
300,16 571 9/6/2010
3 (por cx 28 * 8
comprimidos)
Hidroxiureia
17/201 1333 500mg / Hydrea 17/11/201
100,00 91,22 70 614,60
0 0 (por cx 100 0
cápsulas)
TOTAL (R$) 117.330,23
* Produto não sujeito à aplicação do CAP
 Débitos da citação 6 – responsáveis solidários – Elfa Medicamentos Ltda., Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto e Sílvio Alves dos Santos:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Elfa Medicamentos Ltda.
Pregão Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant. Valor do
Fiscal Medicamento unitário (R$) Débito (R$) Data
(R$) Pagamento

Hidroxiureia 500mg /
13/2011 47687 Hydrea (por cx 100 109,00 95,40 68 924,80 26/6/2012
cápsulas)
Hidroxiureia 500mg /
40/201
49103 Hydrea (por cx 100 111,00 95,40 100 1.560,00 15/8/2012
2
cápsulas)
TOTAL (R$) 2.484,80
 Débitos da citação 7 – responsáveis solidários – Crisfarma Comércio Representações e
Serviços Ltda., Rogério Carvalho Santos e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Crisfarma Comércio Representações e
Serviços Ltda.
Pregã Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant. Valor
Data
o Fisc Medicamento unitário (R$) do
al (R$) Débito Pagament
o
(R$)
17/201 Quetiapina 200mg 11/10/201
0 1330 / Seroquel XRO 0
267,90 287,84 348 0,00
5 (por cx 30
comprimidos)
1254 Quetiapina 200mg
4 / Seroquel XRO
267,90 287,84 147 0,00
(por cx 30
comprimidos)
Quetiapina 100mg 138,88 149,27 674 0,00
/ Seroquel
(por cx 28
22
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

comprimidos)
Quetiapina 100mg
1254 / Seroquel
138,88 149,27 41 0,00
3 (por cx 28
comprimidos)
TOTAL (R$) 0,00
 Débitos da citação 8 – responsáveis solidários – Crisfarma Comércio Representações e
Serviços Ltda. e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Crisfarma Comércio Representações e
Serviços Ltda.
Pregã Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant Valor do
Data
o Fiscal Medicamento unitário (R$) . Débito
(R$) (R$) Pagament
o
Quetiapina 200mg
/ Seroquel XRO
25440 287,10 292,10 121 0,00 27/2/2012
(por cx 30
comprimidos)
13/201 Gosserrelina
1 3,60mg / Zoladex 407,64 407,65 300 0,00
(por cx 1 seringa)
21893 24/10/11
Gosserrelina
10,80mg / Zoladex 1.043,70 1059,18 100 0,00
(por cx 1 seringa)
TOTAL (R$) 0,00
 Débitos da citação 9 – responsáveis solidários – Farmaconn Ltda., Rogério Carvalho Santos e
Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Farmaconn Ltda.
Pregão Nota Princípio Preço PMVG Quant. Valor do Data
Fiscal Ativo / unitário (R$) Débito Pagamen
Medicamento (R$) (R$) to
Donepezila
10mg / Gen.-
35327 Ranbaxy 7,31 6,69* 6.000 3.720,00 5/8/2010
(por
281/200 comprimido)
9 Donepezila
10mg / Gen.-
27444 Ranbaxy 7,31 6,69* 6.000 3.720,00 25/3/2010
(por
comprimido)
281/200 Donepezila
9 10mg / Gen.-
25/11/201
41704 Ranbaxy 7,31 6,69* 9.000 5.580,00
0
(por
comprimido)
TOTAL (R$) 13.020,00
* Produto não sujeito à aplicação do CAP
 Débitos da citação 10 – responsáveis solidários – Majela Hospitalar Ltda., Rogério Carvalho
Santos e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Majela Hospitalar Ltda.

23
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Pregã Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant. Valor do


Data
o Fisca Medicamento unitári (R$) Débito
Pagamen
l o (R$)
to
(R$)
Formoterol 12 mcg
17/201 2186 + budesonida 400 45.000,0 11/10/201
0,90 0,65 180.000
0 8 mcg pó inalante / 0 0
Alenia (por cápsula)
TOTAL (R$) 45.000,00
 Débitos da citação 11 – responsáveis solidários – Atma Produtos Hospitalares Ltda., Rogério
Carvalho Santos e Mônica Sampaio de Carvalho:
Débito oriundo de pagamentos realizados à empresa Atma Produtos Hospitalares Ltda.
Pregão Nota Princípio Ativo / Preço PMV Quant. Valor
Data
Fiscal Medicamento unitári G do
Pagamen
o (R$) Débito
to
(R$) (R$)
Riluzol 50mg /
Rilutek 840,9 1.011,6
3465 891,52 20
(por cx 56 4 0
comprimidos)
Raloxifeno 60mg
528/20 4.642,6 11/5/201
(por cx 28 93,80 88,37 855
08 5 0
comprimidos)
3453 Olanzapina
10mg / Zyprexa 320,8 83.043,
340,20 4.285
(por cx 28 2 30
comprimidos)
TOTAL (R$) 88.697,55
16.13 Argumentos: (peça 164; p. 33-34)
16.13.1 O defendente repete os mesmos argumentos já colocados no item 16.6, trazendo à baila
a decisão do Ministério Público Federal no Estado do Ceará, referente à mesma denúncia, caso em
que teria se entendido, tanto pela regularidade das operações praticadas pela requerente, como pela
incompetência do Ministério Público de atuar na situação, por se envolver interpretação de norma
tributária, sendo esta atribuição do Ministério da Fazenda.
16.14 Análise:
16.14.1 Estes argumentos não procedem, conforme já analisado no item 16.7.
16.15 Argumentos: (peça 164; p. 34-45)
16.15.1 Da mesma forma que respondeu à citação decorrente do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª
Câmara, afirma que os produtos vendidos pela defendente à Secretaria de Saúde de Sergipe
observaram o PMVG, não havendo nenhuma irregularidade nos preços praticados. Tampouco
existiria qualquer tipo de fraude executada pela defendente mediante inclusão de ICMS no preço dos
medicamentos que já contêm o tributo, e jamais teria embutido o valor do ICMS em duplicidade no
preço de venda dos medicamentos fornecidos. Sustenta que o ICMS incidente sobre os produtos
compõe o preço de fábrica dos medicamentos, consoante já explicado.
16.15.2 Desta forma, aduz que a Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. deve observar
a alíquota do Distrito Federal, que é de 17%, pois é o ente federativo onde está sediada
16.15.3 Assim, considerando que o ICMS cobrado na operação encontra-se devidamente
destacado nas notas fiscais, apresenta tabelas com preços dos medicamentos (peça 164, p. 36-45), no
intuito de demonstrar que não houve irregularidade nem superfaturamento nos preços praticados pela
defendente.
16.15.4 Pelo exposto, a defendente pugna pelo acolhimento da defesa.
16.16 Análise:
24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

16.16.1 A empresa responsável apresenta nas tabelas juntadas à peça 164, p. 36-45, os preços
dos medicamentos adjudicados nos discutidos Pregões n. 308/2007, 528/2008, 13/2011 e 40/2012, bem
como de supostos Preços Máximos de Venda ao Governo – PMVG, no intuito de demonstrar que não
houve superfaturamento nas questionadas vendas de fármacos à Secretaria de Saúde de Sergipe,
alegando que em todas as vendas observou o PMVG.
16.16.2 Seus argumentos não merecem acolhida. Em primeiro lugar, porque os valores
tabelados de PMVG não estão desonerados do ICMS. Conforme já analisado acima no item 16.3, a
isenção de ICMS é obrigatória para os medicamentos em questão, consoante estabelece o Convênio
CONFAZ 87/2002.
16.16.3 Ademais, conforme já analisado no item 16.5, o defendente considerou apenas os
preços adjudicados nos citados pregões, que nem sempre são os mesmos dos preços faturados nas
notas fiscais; estes sim, são os preços hábeis para verificar a existência de superfaturamento. Insta
anotar que os valores faturados que estão consignados nas notas fiscais foram devidamente
considerados para o cálculo dos débitos apontados nas citações decorrentes da auditoria, como se
verifica nos dados das notas fiscais insertos nas tabelas à peça 53 do TC 037.283/20122-0.
16.16.4 Ainda cumpre observar que os valores de PMVG tabelados pelo defendente
consideram listas de preços de fábrica do momento da licitação (peça 164, p. 293-296; p. 365-378; p.
431-439; p. 504-506), ao passo que é devido, para efeito de verificação de débito, o momento de
faturamento dos medicamentos, pois as variações dos preços máximos dos medicamentos regulados
pela CMED devem ser observadas ao longo de todo o período de contratação do fornecedor, devendo
ser revisados os preços adjudicados de acordo com os máximos estipulados pela CMED. Para o
cálculo dos débitos apontados na auditoria, considerou-se devidamente as listas de preços de
medicamentos vigentes no momento da emissão das notas fiscais, como se verifica no Relatório de
Fiscalização que fundamenta as citações em análise (peça 58, p. 12, do TC 037.283/2012-0):
‘Ainda se observa que o valor do preço de fábrica – PF de cada medicamento foi retirado da
tabela CMED/Anvisa vigente no momento da liquidação da despesa, ou seja, da emissão da nota
fiscal e do fornecimento dos medicamentos (tabelas PF insertas nas peças 8-12). Nessas tabelas,
foram utilizados os PF 17% (com ICMS de 17%), abatendo-se este percentual do PF antes de
descontar o CAP, para se obter o PMVG, consoante a fórmula PMVG = (PF-ICMS) * (1- CAP) acima
colocada.’
16.16.5 Também não estão corretos os valores de CAP considerados nos cálculos do
fornecedor, pois utilizou nos cálculos de PMVG as alíquotas CAP que estariam vigentes no momento
das adjudicações dos pregões eletrônicos, da seguinte forma: para o Pregão 308/2007, CAP de
24,69%; para o Pregão 528/2008, CAP de 24,92%; para o Pregão 13/2011, CAP de 22,85%; para o
Pregão 40/2012, CAP de 24,38%. Acontece, conforme já dito, que o correto para efeito de cálculo dos
débitos levantados é aplicar o CAP vigente no momento do fornecimento dos medicamentos, ou seja,
nas datas de faturamento das notas fiscais. Verifica-se no Relatório de Fiscalização que os valores de
CAP foram aplicados devidamente, seguindo essa premissa (peça 58, p. 12, do TC 037.283/2012-0):
‘A CMED fixou os seguintes valores do CAP para cada exercício em exame, que foram
utilizados nos cálculos do PMVG, de acordo com a data de emissão das notas fiscais: para 2008, CAP
de 24,92%, fixado pelo Comunicado CMED 15/2007 (peça 51, p. 6); para 2009, o mesmo CAP de
2008, 24,92%, já que não há comunicado da CMED que fixe outro valor para 2009, conforme
pesquisa no sítio eletrônico da Anvisa (http://portal.Anvisa.gov.br/wps/content/ Anvisa
+Portal/Anvisa/Pos+-+ Comercializacao+-+
Pos+-+Uso/Regulacao+de+Marcado/Assunto+de+Interesse/Legislacao+da+CMED/Comunicados);
para 2010, CAP de 22,85%, fixado pelo Comunicado CMED 1/2010 (peça 51, p. 7); para 2011, CAP
de 24,38%, estabelecido pela Resolução CMED 3/2011 (peça 51, p. 8-12); para 2012, CAP de
21,87%, fixado pelo Comunicado CMED 3/2012 (peça 51, p. 13).’

25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

16.16.6 Como se vê, os cálculos dos débitos considerados na auditoria que ensejou as


questionadas citações foram acertados, afastando-se os cálculos e valores apresentados pelo
defendente.
16.16.7 Ante o exposto, considerando que estão corretos os cálculos dos PMVG e dos débitos
apontados nas discutidas citações, rejeitam-se essas alegações em análise.
16.17 Argumentos: (peça 236, p. 1-3)
16.17.1 A defendente junta parecer técnico proferido pelo Setor de Economia do Ministério
Público Federal do Estado da Bahia, no âmbito do P.A. n. 1.14.000.001922/2011-54, ressaltando que,
no referido parecer, o Setor de Economia do órgão ministerial analisa a ‘obrigatoriedade ou não da
desoneração do ICMS’ no fornecimento de medicamentos realizados pela Expressa, ou seja, trata-se
da mesma questão objeto de discussão no âmbito deste processo e que também foi objeto de denúncia
anônima.
16.17.2 Destaca do conteúdo do referido parecer que o Setor de Economia, entre outras
conclusões, manifestou-se no sentido de que ‘verifica-se uma interpretação contraditória e confusa
quanto à aplicação do Convênio CONFAZ 87/2002, quanto à obrigatoriedade da isenção do ICMS
nos preços dos medicamentos a serem exigidos no momento da licitação, sendo esta discussão ainda
recente, cujo entendimento carece de pacificação’.
16.17.3 Ressalta ainda que, ‘conforme a recente determinação e recomendação do TCU no
Acórdão 140/2012 a controvérsia é disseminada em outras unidades da federação e deve-se inclusive
à falta de clareza e até inconstitucionalidade do próprio dispositivo legal que institui a questionada
isenção’.
16.17.4 Aduz que, nos termos do parecer do Setor de Economia, ‘não foram encontradas
evidências de prática de sobrepreço ou qualquer fraude nas licitações realizadas, considerando que os
processos de compras foram concorrenciais e não houve favorecimento da empresa Expressa
Distribuidora Ltda.’. E que se observou o destacamento do ICMS nas notas fiscais, o que reforçaria a
regularidade dos preços praticados pela empresa.
16.17.5 Pondera que tal questão revela-se sobremaneira relevante, uma vez que somente seria
identificado o dano aos cofres públicos, caso os preços praticados pela Expressa com o ICMS contidos
não tivessem sido destacado nas notas fiscais, ou seja, se as vendas tivessem sido consideradas como
desoneradas do ICMS, isso posto com a indicação na Nota Fiscal de Vendas do percentual de 0%
relativo a esse tributo, e ainda estivessem acima do Preço Máximo de Venda ao Governo estabelecido
pelo Resolução 04/2006 do CMED, o que definitivamente não ocorreu.
16.17.6 Cumpre ressaltar que as conclusões do referido parecer coadunam-se com as
considerações apresentadas, por esta própria Corte de Contas no âmbito do processo TC
019.588/2011-9, no pronunciamento do Ministério Público, e no Acórdão 1.154/2013 – Plenário que,
entre outras questões, também reconhecem que:
 a) a matéria relativa à isenção do ICMS, até o momento, não se encontra plenamente
sedimentada no âmbito da Administração Pública;
 b) considerando a incidência do ICMS nas vendas efetuadas pela empresa, somente se poderia
falar em locupletamento se fosse constatada a sua inadimplência junto ao fisco, o que não se verifica
no presente caso, não cabendo, portanto, se falar em débito; e
 c) não há indícios que a Expressa, ao considerar a incidência do referido tributo, tenha agido
de má-fé com vistas a se beneficiar da situação.
16.18 Análise:
16.18.1 Os elementos de defesa finais da Expressa não lhe aproveitam. Em primeiro lugar,
como já dito anteriormente no item 16.7.1, este Tribunal exerce sua jurisdição independentemente das
demais, não estando vinculado, portanto, ao citado parecer do Ministério Público Federal.
16.18.2 Ademais, já demonstramos que é exigível no caso presente a isenção do ICMS
estabelecida no Convênio CONFAZ 87/2002, conforme análise posta no item 16.3.

26
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

16.18.3 Quanto aos entendimentos deste Tribunal manifestados no Acórdão 1.154/2013 – TCU


–Plenário, já foi observado que há entendimento divergente nesta Casa, pois o Acórdão 6.401/2012-
TCU-1ª Câmara, que converteu os autos da representação na presente TCE reconheceu como parcela
dos débitos a quantia proveniente da isenção do ICMS prevista no Convênio CONFAZ 87/2002, que
deixou de ser aplicada pelos gestores públicos e pelos fornecedores de medicamentos quando das
licitações e contratações dos discutidos fármacos.
16.18.4 Desta forma, conforme as análises colocadas no item 16.12, diverge-se, com as
devidas vênias, dos entendimentos insertos no Acórdão 1.154/2013 – TCU –Plenário, entendendo-se
como acertado o teor do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara. Observa-se que, caso o Tribunal
decida de forma diversa, já foram efetuados novos cálculos dos débitos em questão, desconsiderando
a parcela do ICMS, conforme tabelas acima colocadas nos itens 16.12.18 e 16.12.19.
16.18.5 Por fim, cumpre observar que a inconstitucionalidade apontada pelo Acórdão
140/2012 não se refere à questionada aplicação da isenção do ICMS, mas à forma de apresentação
das propostas nas licitações, que devem apresentar valores desonerados do ICMS, para que haja
igualdade de condições entre os concorrentes e para que os órgãos da Administração não venham a
arcar com valores maiores nas aquisições de medicamentos, conforme já analisado nos itens 16.3.3 a
16.3.7.
16.18.6 Ante todo o exposto, não se acolhem as alegações de defesa da Expressa Distribuidora
de Medicamentos Ltda. em relação a todas as irregularidades a ela atribuídas no presente processo
(apontadas originalmente pelo Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara e pelo Relatório de Fiscalização
da auditoria de conformidade – peça 58 do TC 037.283/2012-0), motivo pelo qual se entende que
permanecem incólumes os débitos a ela atribuídos na presente tomada de contas especial.
16.18.7 Porém, caso o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, devem ser acolhidas parcialmente as alegações de defesa desta empresa,
pois restam elididos parcialmente os respectivos débitos, conforme se verifica na comparação dos
valores originais com os insertos nas tabelas do item 16.12.18 (itens 1.71 a 1.7.4) e do item 16.12.19
(citações 1 a 4).
17.  RESPONSÁVEL: MÔNICA SAMPAIO DE CARVALHO (CPF 662.546.205-53)
17.1 Tendo em vista que há semelhança nas duas defesas apresentadas pela responsável, serão
analisadas as alegações das duas citações em conjunto.
IRREGULARIDADES ATRIBUÍDAS PELO ACÓRDÃO 6.401/2012-TCU-1ª CAMARA
17.2 Atos impugnados (peça 9, citações 2, 3 e 4): fixação de preço de referência de
medicamentos excepcionais por valor acima do PMVG nos pregões 281/2009 e 17/2010 e realização
de pagamentos destes medicamentos por preços acima do PMVG. Os atos contrariam o disposto no
item 28, Anexo I, da Portaria 2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria 2981/2009, ambas do Ministério
da Saúde.
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
17.3 Atos impugnados (peça 53 do TC 037.283/2012-0, citações 2, 5, 7, 9, 10 e 11): ordenar
pagamentos de medicamentos especializados adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde de
Sergipe por preços acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG; não observância do
PMVG na fixação de preços de referência de medicamentos no Pregão Eletrônico 17/2010 e nas
decorrentes atas de registro de preços. Os atos contrariam o disposto no item 28, Anexo I, da Portaria
2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria 2981/2009, ambas do Ministério da Saúde.
17.4 Argumentos: (peça 37; peça 182, p. 1-8)
17.4.1 A Secretaria de Estado da Saúde compõe a estrutura administrativa do Governo do
Estado de Sergipe e suas compras e contratações são geridas e vinculadas à Superintendência de
Compras Centralizadas, unidade que compõe a Secretaria de Estado do Orçamento, Planejamento e
Gestão – SEPLAG (anteriormente denominada Secretaria de Estado da Administração – Sead).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

17.4.2 As responsabilidades e ações da Superintendência de Compras Centralizadas são


regulamentadas pela Lei Estadual 5.280/2004 e, no exercício de suas atividades ou atribuições, fica
obrigada à observância das normas, regras, exigências e condições estabelecidas nas legislações
federal e estadual pertinentes para licitações e procedimentos licitatórios, contratos, compras,
limitações, autorizações e a tudo o mais sobre aquisição de bens, materiais, equipamentos e serviços.
17.4.3 Desta forma, as compras realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde são aprovadas
de acordo com o conjunto normativo delimitado pela Superintendência de Compras Centralizadas,
além de serem sistematizadas e controladas pelos softwares e sítios postos à disposição pela já citada
Superintendência.
17.4.4 Todos os processos de compra necessitam de consulta estimativa prévia, nos quais são
verificados os preços praticados pelos fornecedores que ofertam propostas à Secretaria de Estado da
Saúde, parametrizando a compra pela consulta mínima a três fornecedores do ramo respectivo. Além
desta, é notório que a SEPLAG também toma por base outras referências de preço, além da ampla
divulgação dos processos licitatórios promovidos e pela robusta concorrência para cada um dos
processos mencionados.
17.4.5 Nacionalmente, verificamos que a observância da aplicabilidade do CAP – Coeficiente
de Adequação de Preço e do PMVG – Preço Máximo de Venda ao Governo necessita de melhor
orientação e acompanhamento por parte da CMED – Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamento e das áreas afins no Ministério da Saúde. Salvo melhor juízo, a responsabilização do
ordenador de despesa foi cumprida por ato que comprovadamente possuía respaldo legal e foi objeto
de auditorias do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, além de ter sido acompanhado e
controlado sistematicamente pela Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão,
atestando que não houve falta de zelo com a coisa pública, sobretudo no objeto licitado –
medicamentos.
17.4.6 É importante, porém, verificarmos a prática de cada gestor público e, no caso
específico, a gestão em que fui ordenadora de despesa da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe. A
investigação processual comprova o cumprimento da norma estabelecida pelo Governo do Estado,
sobretudo os princípios atinentes aos processos licitatórios, como o da publicidade e o da
formalidade.
17.4.7 Observa-se que o Pregão 157/2009 teve orçamentos estimativos apresentados por 10
empresas e contou com a participação de 69 empresas que disputaram o certame; já o Pregão
281/2009 teve orçamentos estimativos apresentados por 7 empresas e contou com a participação de
57 empresas concorrentes; e o Pregão 17/2010 teve orçamentos estimativos apresentados por 4
empresas e contou com a participação de 74 licitantes.
17.4.8 Todo este quantitativo de empresas interessadas e participantes em cada pregão depõe
que, enquanto ordenadora de despesa, não havia possibilidade de suspeição sobre o preço de mercado
praticado, ainda que o mesmo estivesse em valor superior ao Preço Máximo de Venda ao Governo
(PMVG), que reflete a realidade nacional, com nuances que aplicam ao preço cotado para o mercado
local valores que o diferenciam a cada praça. Entretanto, verificamos em cada processo licitatório o
cumprimento das prerrogativas legais e normativas que vinculam à Secretaria de Estado da Saúde ao
Sistema Centralizado de Compras do Estado de Sergipe, tendo inclusive os respectivos pregoeiros
adjudicado o objeto licitado com fulcro na pesquisa de mercado acostada a cada processo.
17.4.9 Reitero que as contratações realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde foram
precedidas de coleta de orçamentos estimativos para a verificação do preço de mercado,
parametrizando a avaliação dos preços cotados pelos fornecedores quando dos lançamentos nas
modalidades utilizadas pelo sistema de compras centralizadas ComprasNet da Secretaria de Estado
do Planejamento Orçamento e Gestão.
17.4.10 A equipe técnica da Superintendência de Compras Centralizadas exige a consulta
prévia de preços como condição para aprovação e o enquadramento numa das modalidades de
compra colocadas à disposição através do mencionado sistema estadual informatizado de compras – e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

que são dispensa de licitação, dispensa por valor e dispensa presencial, além da inexigibilidade de
licitação e dos encaminhamentos para a realização de licitações através de pregão, convite, tomada
de preços e concorrência.
17.4.11 Este é o regramento seguido pela Superintendência de Compras Centralizadas, e está
regulamentado pela Lei Estadual 5.280/2004, pela Instrução Normativa Seplag 01/2005, pela
Instrução Normativa Conjunta PGE/Sead 01/2007, e por toda a legislação pertinente.
17.4.12 Considerando que o preço ofertado é parametrizado por consultas prévias e foi objeto
de leilão invertido através dos Pregões 157/2009, 281/2009 e 17/2010, seguindo o fluxo previamente
definido pelos órgãos supracitados, não caberia a mim, na condição de ordenadora de despesa,
alterar procedimento existente e definido por outro órgão que tem competência regimental para o
exercício desta função, assim como alterar uma ação provocada por uma circunstância na qual o
próprio mercado ditou e conduziu os resultados.
17.4.13 Toda a rotina de procedimentos normatizados e exigidos pela Secretaria de
Planejamento, Orçamento e Gestão do nosso Estado foi rigorosamente seguida – dando lisura,
transparência e publicidade aos processos de compras enquanto desempenhei minhas funções como
ordenadora de despesa.
17.4.14 É importante ressaltar que a não observância do PMVG não induz a uma compra sem
parâmetro mercadológico, tendo em vista que efetivamos as respectivas coletas para checagem do
preço na praça de Sergipe. Apesar de efetivarmos as coletas prévias de preços, a não observância do
PMVG se deveu à falta de exigência dentro do sistema de compras centralizadas do Governo do
Estado de Sergipe, e ao qual éramos vinculados e operantes.
17.4.15 À época da realização dos Pregões 157/2009, 281/2009 e 17/2010 não existiam, nem
no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde e nem na Superintendência de Compras Centralizadas,
procedimentos de controle para verificação direta de aplicação deste preço máximo de venda.
Todavia, nossas áreas operacionais internas obedeciam estritamente ao que normatizava o Governo
do Estado, e todo o conjunto de leis aplicáveis.
17.4.16 Diante do que argumentamos, julgamos que não se pode inferir que não trabalhamos
com preço fora daquele que praticava o mercado local e as empresas revendedoras que aqui
operavam. Além do que, como ordenadora de despesa no exercício daquela atividade administrativa,
pautei todos os meus atos na conformidade dos ditames e princípios da legalidade, e, no caso
específico em questão, seguimos o regramento operacionalizado e gerido pela Superintendência Geral
de Compras Centralizadas.
17.4.17 É notório que não podemos nos afastar da importância do princípio da legalidade
estrita, nem da segurança jurídica por este amparada; apenas que o princípio da legalidade está
balizado em uma interpretação sistêmica que não olvida que o direito é também fato e valor e não
apenas norma. Assim, é substancial avaliar a natureza prática de cada processo de compra,
principalmente no que se refere à aplicabilidade de norma que deve ser exigida pelo detentor do meio
pelo qual é feita a gestão do processo informatizado de compras.
17.4.18 Desse modo há de se entender que a aplicação de um preço, após a sua
parametrização por coletas de preços estimativas na praça da contratação, não se configura como
sendo ‘superfaturado’. Precisamos avaliar todo o contexto processual e normativo ao qual o
ordenador de despesa estava submetido.
17.4.19 Não podemos penalizar o ordenador, nem tampouco nossos agentes, por uma
imputação do mercado, pois estando atestado nos autos dos procedimentos que, após pesquisas de
preços e do pleito licitatório, nenhuma empresa apresentou proposta que trouxesse valor redutor para
as compras ora executadas nos pregões listados.
17.4.20 É cediço que a licitação é um pressuposto do desempenho satisfatório pelo Estado das
funções administrativas a ele atribuídas. No entanto, existem hipóteses em que a licitação se sujeita à
posição dos integrantes do mercado.

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17.4.21 Nos processos trazidos pelo TCU, verificamos que cumprimos todo o rito regular da
compra. Mantido o entendimento acostado no Processo TC 044.524/2012-9 do TCU, o ordenador de
despesa, que não agiu de má-fé, muito menos imbuído por intenção dolosa, pois pode ser verificado
no conjunto processual de cada pregão que houve a obediência a um rito padrão e regulamentar, além
de ampla publicidade e de ampla participação por parte de empresas interessadas dentro do ramo
licitado.
17.4.22 Ademais, a conjuntura factual que riscava o mercado local no instante da aquisição
encontra-se devidamente atestada como ‘preço de mercado’ por todo o conjunto de peças de
orçamento encaminhadas por empresas do ramo ou por pesquisa através de sítios especializados.
17.4.23 A utilização de pesquisa de preços estimada para a aquisição corrobora com a
necessidade de apresentação de valor para a verificação de oferta de preço compatível com o
conteúdo técnico dos serviços, e não um ato de descumprimento da aplicabilidade do PMVG, não
cabendo portanto penalizar o ordenador de despesa que, no uso de suas atribuições regimentais,
apenas ratificou a conduta legal da área operacional que, por sua vez, seguiu a norma imperativa
gerida pela Superintendência Geral de Compras Centralizadas da Seplag.
17.4.24 Diante da situação em que os respectivos pregoeiros realizaram toda a publicidade
atinente ao pregão, bem como travaram as negociações invertidas de preço, conforme obriga a
legislação, fica comprovado que tal processo não conseguiu equiparar o preço paramétrico existente
não por dolo ou má-fé.
17.4.25 Sendo assim, apelamos para o princípio da razoabilidade a fim de que a exigência de
medidas adequadas e coerentes, levem em consideração o contexto, o decurso temporal e os elementos
de transitoriedade de substituição de normativas e procedimentos que, em boa parte das situações,
requerem uma nova mensuração.
17.4.26 Acrescentam-se as sérias dificuldades que as Secretarias de Saúde de todo o país vêm
enfrentando, pois, não é de hoje que nos encontramos cada vez mais dependentes das condições
impostas pelas indústrias e distribuidores de medicamentos e insumos essenciais para assistência dos
usuários do SUS, situação que vem inviabilizando os processos de aquisição de medicamentos e
insumos estratégicos.
17.4.27 O ordenador de despesa se depara diuturnamente com os constantes fracassos nos
processos licitatórios, acarretando em sérios problemas de desabastecimento da sua rede e
descontinuidade do tratamento dos usuários assistidos, vendo-se obrigado a lançar mão muitas vezes
de compras emergenciais, elevando consideravelmente o custo da aquisição e tornando-o vulnerável
junto aos órgãos de controle, tudo isso em razão do modus operandi praticado pelo mercado
farmacológico.
17.4.28 Há de se considerar que o citado desabastecimento acarreta o ajuizamento de
inúmeras ações judiciais, agravando substancialmente o fluxo para acesso a medicamentos
padronizados, desorganizando o planejamento e a logística da área de Assistência Farmacêutica e
onerando sobremaneira o orçamento e os recursos financeiros do Estado.
17.4.29 Ademais, além das macro dificuldades apresentadas, a Administração Pública
Estadual ainda se depara com outras que deixam o ordenador de despesa engessado, não tendo este
condição sequer, de buscar os menores preços praticados no mercado, em virtude do monopólio
existente, como é o caso específico da empresa Expressa Distribuidora de Medicamentos, também
citada nos presentes autos, que detém o controle de mercado de todos os itens contemplados nos
Pregões 13/2011 e 40/2012.
17.4.30 Desta feita, considerando fatores como: a crescente garantia da acessibilidade aos
serviços públicos de saúde; o incremento da informação e conscientização da sociedade na cobrança
de seus direitos ao Estado; o crescente investimento feito pela gestão estadual na área da saúde; o
aumento vertiginoso da demanda de usuários inseridos no Sistema Único de Saúde; a crescente
judicialização da saúde que onera sobremaneira os cofres do tesouro estadual; a lógica predatória em
que se fundamentam as atividades das indústrias farmacêuticas e suas respectivas representantes; o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

controle mercadológico que se observa em determinados seguimentos; dentre outros, é inegável que
tal situação vem a acarretar uma flagrante e latente vulnerabilidade ao gestor, que se afronta com o
difícil dilema de manter sua rede abastecida, garantindo a devida assistência aos usuários do SUS,
mas em contrapartida vê-se obrigado por vezes a acatar os preços impostos pelo mercado,
principalmente quando falamos em representantes e distribuidores exclusivos, ou coibido a ceifar
recursos de outros investimentos ou custeios para acalentar a demanda significativa da assistência
farmacêutica.
17.4.31 Não há dúvida de que enquanto ordenador de despesa, não havia possibilidade de
suspeição sobre o preço de mercado praticado, ainda que o mesmo estivesse em valor superior ao
Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG), que reflete a realidade nacional, com nuances que
aplicam ao preço cotado para o mercado local valores que diferenciam a cada praça. Entretanto,
verificamos em cada processo licitatório o cumprimento das prerrogativas legais e normativas que
vinculam a Secretaria de Estado da Saúde ao Sistema Centralizado de Compras do Estado de Sergipe,
tendo inclusive os respectivos pregoeiros adjudicado o objeto licitado com fulcro na pesquisa de
mercado acostada a cada processo.
17.4.32 Ademais, há de se observar que a responsabilidade para aplicação do CAP no preço
de venda de medicamento a órgãos da Administração Pública é exclusivamente da empresa
fornecedora, conforme prevê a Resolução 04/2008 da ANVISA / CMED, in verbis:
‘Art. 1º O caput do artigo 1º da Resolução nº 4, de 18 de dezembro de 2006, que ‘dispõe sobre
o Coeficiente de Adequação de Preços – CAP, sua aplicação, e altera a Resolução CMED nº 2, de 5 de
março de 2004’, passa a vigorar com a seguinte redação:
‘As distribuidoras, as empresas produtoras de medicamentos, os representantes, os postos de
medicamentos, as unidades volantes, as farmácias e drogarias deverão aplicar o Coeficiente de
Adequação de Preço – CAP ao preço dos produtos definidos no art. 2º desta Resolução, sempre que
realizarem vendas destinadas a entes da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.’
17.4.33 Em seguida continua o mesmo artigo 1° da Resolução 04/2006:
§ 1º O CAP, previsto na Resolução nº. 2, de 5 de março de 2004, é um desconto mínimo
obrigatório a ser aplicado sempre que forem realizadas vendas de medicamentos destinadas aos entes
descritos no caput.
§ 2º A aplicação do CAP sobre o Preço Fábrica – PF resultará no Preço Máximo de Venda ao
Governo – PMVG.
§ 3º O CAP será aplicado sobre o PF.’
17.4.34 Desta feita, além da utilização de pesquisa de preço estimado para aquisição, situação
que corrobora com a necessidade de apresentação de valor para verificação de oferta de preço
compatível com o conteúdo técnico dos serviços, e não ato de descumprimento da aplicabilidade do
PMVG, como também em razão da obrigatoriedade que as empresas fornecedoras detêm em repassar
o desconto obrigatório pela incidência do CAP nas vendas à Administração Pública, entendemos
procedente a aplicação de pena à empresa proponente para a devolução aos cofres públicos dos
valores excedentes ao PMVG, ao invés da penalização do ordenador de despesa que, no uso de suas
atribuições regimentais, apenas ratificou a conduta legal da área operacional que, por sua vez, seguiu
a norma imperativa gerida pela Superintendência Geral de Compras Centralizadas da Seplag e foi
alvo das empresas fornecedoras que não repassaram nas suas propostas de venda o desconto que lhes
são obrigadas por instrumento normativo legal próprio.
17.4.35 Se o cumprimento da lei, na prática, fosse atividade mecânica, os seres humanos
seriam dispensáveis na atividade administrativa. A razoabilidade como princípio é a exigência de
medidas adequadas e coerentes, levando em consideração o contexto e o decurso temporal que, em
boa parte das situações requer uma nova mensuração.
17.4.36 Ante o exposto, percebe-se que enquanto gestora adotei todas as medidas cabíveis e
necessárias para atendimento dos princípios da legalidade, publicidade e moralidade, não sendo

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

possível a imputação de responsabilização pela não aplicação estrita e literal de normativos, sem que
seja feita avaliação de todo contexto e que compõe o fato gerador da auditoria realizada por esta
Corte de Contas.
17.5 Análise:
17.5.1 Os argumentos carreados pela ex-Secretária da Saúde de Sergipe não merecem
acolhida. De início, cabe observar que a alegada vinculação das compras e contratações da SES/SE à
Superintendência de Compras Centralizadas, unidade da Secretaria de Estado do Orçamento,
Planejamento e Gestão – SEPLAG, e o dito cumprimento da legislação pertinente às licitações e
compras centralizadas (em especial a Lei Estadual 5.280/2004, Instrução Normativa Seplag 01/2005 e
Instrução Normativa Conjunta PGE/Sead 01/2007) não permitem, nem justificam, o descumprimento
de normativos do Ministério da Saúde, que impõem ao gestor público a obrigatoriedade de observar
os preços máximos estipulados pela CMED/Anvisa quando da realização de compras de
medicamentos excepcionais por órgãos e entidades públicas.
17.5.2 Com efeito, nos termos do item 28 do Anexo I da Portaria 2.577/2006 do Ministério da
Saúde, os gestores responsáveis pela compra de medicamentos de dispensação excepcional ‘deverão
observar os preços cobrados no mercado e o preço máximo permitido para venda, conforme
regulamentação vigente da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED,
objetivando alcançar o melhor benefício na aquisição’.
17.5.3 Nesse mesmo sentido, a Portaria 2.981/2009 do Ministério da Saúde, que, ao revogar
em seu art. 78 a Portaria anterior MS 2.577/2006, passou a regular esse Programa de Assistência
Farmacêutica, alterando a denominação do Componente de Medicamentos de Dispensação
Excepcional para Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (art. 2º), manteve, nos
termos do art. 48, a mesma prescrição de o gestor público, na aquisição dos medicamentos sob
responsabilidade da União e dos Estados (grupos 1 e 2), ‘observar o Preço Máximo de Venda ao
Governo (PMVG) conforme regulamentação vigente da Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos (CMED) e os preços praticados no mercado, no sentido de obter a proposta mais
vantajosa para a administração pública’.
17.5.4 Como se vê, ao contrário do alegado, a responsabilidade para aplicação do redutor
CAP no preço de venda de medicamento, chegando-se ao PMVG fixado para venda a órgãos da
Administração Pública não é exclusivamente da empresa fornecedora. Era de se esperar que a ex-
gestora da saúde, ao ordenar os questionados pagamentos, verificasse não só os preços de mercado,
mas os referidos preços máximos permitidos para venda ao governo, chamados PMVG, que são
estipulados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED. Frise-se que em
nenhum momento de sua defesa a ex-gestora apresentou motivo razoável que a impedisse de observar
o PMVG ao ordenar os discutidos pagamentos de medicamentos especializados.
17.5.5 Ou seja, não bastaria para o caso em análise, seja por ocasião da realização da
licitação, seja no momento do pagamento, verificar se os preços praticados pelos fornecedores são
compatíveis com os de mercado. Esperava-se que a ex-gestora ordenasse a implementação de
procedimentos de controle no âmbito da Secretaria Estadual da Saúde de Sergipe para desconsiderar
cotações, propostas e faturamentos dos fármacos com valores acima do PMVG, comunicando à
CMED/Anvisa qualquer tentativa de venda irregular por parte dos distribuidores de medicamentos.
Mas a própria responsável afirmou que não havia à época dos fatos tais procedimentos de controle no
âmbito da Secretaria de Saúde, confirmando sua omissão.
17.5.6 Frise-se que esta prática de venda dos medicamentos especializados ao governo por
preços superiores aos máximos permitidos sujeita o infrator às sanções previstas na Lei 10.742/2003,
nos termos do art. 8º da resolução CMED 4/2006. Ademais, consoante o parágrafo único desse
dispositivo, ‘as empresas produtoras de medicamentos responderão solidariamente com as
distribuidoras pelas infrações por estas cometidas’.
17.5.7 Desta forma, não procede a alegação de que as secretarias de saúde sujeitam-se a
monopólios e às condições impostas pelas indústrias e distribuidores de medicamentos; ocorre o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

contrário, todo o setor farmacêutico é estritamente regulado no Brasil, devendo essas empresas
sujeitarem-se às regras impostas pela Lei 10.742/2003 e aos preços máximos de venda fixados pelo
governo, seja para venda ao setor privado ou público, sob pena de sofrerem as sanções previstas no
art. 56 do Código de Defesa do Consumidor, conforme prescrito no art. 8º da Lei 10.742/2003.
Ressalta-se que as referidas sanções vão desde a aplicação de multa até a interdição total do
estabelecimento.
17.5.8 Importa acrescentar que não foram questionados os procedimentos e condutas dos
pregoeiros e gestores da Superintendência de Compras Centralizadas, unidade da Secretaria de
Estado do Orçamento, Planejamento e Gestão – SEPLAG, responsável por realizar as licitações
demandadas pela SES/SE, pois, ao realizarem as licitações, tomaram como base as viciadas cotações
de preço realizadas pela SES/SE, que informou à SEPLAG preços de mercado em desconformidade
com o PMVG. Ademais, não foram verificadas outras irregularidades nos procedimentos licitatórios
que responsabilizassem os pregoeiros e/ou outros servidores da SEPLAG.
17.5.9 Outrossim, a própria responsável aduz que a equipe técnica da Superintendência de
Compras Centralizadas exige a consulta prévia de preços como condição para aprovação e o
enquadramento da modalidade de compra, confirmando que a responsabilidade por verificar os
preços não é da Secretaria de Planejamento, mas da SES/SE. Ao passo que aquela secretaria apenas
exerceu a atividade meio, realizando os procedimentos licitatórios, esta especificou os medicamentos a
serem adquiridos, informando os viciados preços coletados no mercado.
17.5.10 Cabe por fim trazer à baila o ensinamento de Maria Helena Diniz, para a qual ‘o
comportamento do agente será reprovado ou censurado, quando, ante circunstâncias concretas do
caso, se entende que ele poderia ou deveria ter agido de modo diferente’ (in Curso de Direito Civil
Brasileiro, Responsabilidade Civil, Ed. Saraiva, p. 33).
17.5.11  Ante o exposto, e considerando que a ex-gestora poderia ter agido de forma diferente,
adotando medidas e controles adequados para verificação dos preços dos medicamentos
especializados praticados pelos fornecedores, por simples conferência de tabelas de preço divulgadas
pela CMED, entende-se que é razoável reprovar sua conduta, motivo pelo qual não se acolhem as
alegações de defesa apresentadas.
17.6 Argumentos: (peça 182, p. 8-15):
17.6.1 Cumpre-nos registrar que a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, juntamente
com a sua Superintendência Geral de Compras Centralizadas, entes estes responsáveis pela instrução
e execução de todo processo licitatório no Estado de Sergipe, já efetuaram a abertura dos devidos
processos administrativos para apurar a infração cometida pelas empresas que não utilizaram o
PMVG nos processos de compra do governo, visando a responsabilização destas empresas e o devido
ressarcimento ao erário dos valores não descontados, conforme se vê através das portarias e ofícios
que instruem cada um dos processos administrativos ora anexados.
17.6.2 Acrescente-se, ainda, que, visando assegurar o ressarcimento dos valores glosados no
âmbito do supracitado processo de Tomada de Contas Especial, após notificação da SEPLAG, a
Controladoria Geral do Estado expediu notificações a cada uma das empresas citadas no Ofício
0359/2013 TCU/SECEX-SE, cobrando o recolhimento dos valores apontados por esta Corte de
Contas, sob pena de abertura de inquérito policial civil para apuração de crime contra a Ordem
Tributária e a Administração Pública, conforme demonstram as notificações ora anexadas.
17.6.3 No tocante à aquisição de medicamentos com preços superiores àqueles previstos pelo
PMVG e regulamentados pela CMED, além da ausência de responsabilidade da justificante no
presente caso, em virtude de esta não ser responsável pelo processo licitatório do Estado, sendo estes
centralizados pela Superintendência Geral de Compras Centralizadas, órgão vinculado à outra
Secretaria que não a de Saúde, podemos nos valer de outro princípio da Tomada de Contas Especial
para se evitar a responsabilização da justificante, qual seja o Princípio da Proteção ao Erário o qual
segundo Fernandes (2004) esclarece que a Administração Pública obriga-se a envidar esforços para a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

proteção do erário, recompondo prejuízos experimentados ou determinando providências para obter a


prestação de contas de autoridades omissas.
17.6.4 Douto Secretário, é preciso considerar que todas as medidas administrativas já foram
adotadas pelo estado de Sergipe para viabilizar a responsabilização das empresas que em
descumprimento dos preceitos legais e suas obrigações institucionais furtaram-se em conceder o
benefício já por elas utilizados com a desoneração tributária e repassar os medicamentos respeitando
o devido Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG, bem como viabilizar a restituição da
diferença dos valores pagos a estas empresas que excederam o referido PMVG, conforme se vê dos
documentos e notificações já anexadas.
17.6.5 Sendo assim, razão não assiste a esta Corte de Contas para manter tal preceito como
uma irregularidade insanável e mantendo-a como uma impropriedade no processo de prestação de
contas da ordenadora de despesa.
17.6.6 Nesse mesmo sentido, levando-se em consideração as ações que já foram adotadas pela
Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, responsável pela realização das licitações no estado
de Sergipe, bem como pela Controladoria Geral do Estado de Sergipe, e utilizando-se do Princípio da
Razão Suficiente Ab-rogável, o qual segundo Costa (2007, p. 52) ensina que ‘a síntese desse princípio
tem sua origem na filosofia de Gottfried W. Leibiniz, podendo ser consubstanciada na afirmação de
que nada acontece sem que tenha uma causa ou razão determinante’, não há o que se falar em
responsabilização da ordenadora de despesa pelas inconformidades apontadas na presente tomada de
contas especial.
17.6.7 Ademais, se o responsável pela lesão ao erário adota providências suficientes para
recompor o prejuízo ou fazer cessar a causa da instauração, a tomada de contas especial deve ser
encerrada.
17.6.8 Considerando as razões fáticas e principiológicas já apresentadas, ressalvamos que no
tocante ao julgamento das contas o TCU julgará nos termos previstos no art. 16 da Lei 8.443/1992, o
que no caso em tela caberá o reconhecimento da regularidade na aplicação dos recursos, uma vez que
tanto a Seplag quanto a CGE já adotaram as providencias necessárias para assegurar a tempestiva
restituição dos valores aos cofres do F'NS, conforme informações e documentações já acostadas à
presente defesa.
17.6.9 Há de se frisar ainda que em momento algum foi verificada a má-fé da ordenadora de
despesa nas ações por ela desempenhadas no exercício de suas funções, nem tampouco pode-se
verificar qualquer nexo causal entre sua conduta e o dano constatado ao erário, razão pela qual
requer que esta Corte de Contas adote o posicionamento seguido por alguns tribunais no sentido de
que não houve má-fé por parte dos gestores, nem tampouco ficou demonstrado dano ao erário não
ressarcido, fazendo-se necessária a utilização do animus para a descaracterização da irregularidade.
17.6.10 Em caráter alternativo, se esta Colenda Corte entender que o dano ao erário refletido
na não utilização do PMVG nas vendas de medicamentos efetuadas cm favor da Administração
Pública ainda não foi satisfeito ou liquidado em razão dos procedimentos administrativos ainda
estarem abertos e tramitando junto à Seplag e à CGE, requer que seja a presente tomada de contas
especial suspensa até que se conclua o trâmite administrativo já comprovado através dos documentos
acostados nessa peça.
17.6.11 Diante de todo o exposto, demonstro não ter praticado quaisquer atos desabonadores
de conduta, muito menos que resultaram lesão ao erário. Logo, verifica-se que não se pode atribuir à
defendente qualquer responsabilidade.
17.6.12 Requer ainda que, caso não haja o devido acatamento da defesa apresentada, que seja
esta submetida ao órgão superior competente, na forma do art. 56, § 1º, da Lei 9.784/1999.
17.7 Análise:
17.7.1 Os argumentos não prosperam, pois as supostas medidas adotadas pela Secretaria de
Estado de Planejamento e Gestão, juntamente com a sua Superintendência Geral de Compras

34
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Centralizadas, e pela Controladoria Geral do Estado de Sergipe para ressarcir o erário não têm o
condão de elidir as irregularidades praticadas pela ex-gestora.
17.7.2 Ademais, esta Corte exerce sua jurisdição independentemente das demais, e inexiste
litispendência entre processo deste Tribunal e outro que trate do mesmo assunto, seja administrativo
ou em tramitação no Poder Judiciário. Este Tribunal tem reiteradamente reafirmado o princípio da
independência da sua jurisdição para efeito de apuração de condutas antijurídicas perpetradas por
agentes públicos, como assente na jurisprudência desta Corte (Acórdão 436/1994 – Primeira Câmara,
Decisão 278/1994 – Segunda Câmara, Decisão. 066/1994 – Segunda Câmara, Decisão 97/1996 – 2ª
Câmara, Acórdão 406/1999 – 2ª Câmara, dentre outros).
17.7.3  Desse modo, as alegadas medidas adotadas por órgão do estado de Sergipe não
constituem fatos impeditivos para a atuação desta Corte de Contas na presente tomada de contas
especial.
17.7.4 Também cabe gizar que as empresas fornecedoras respondem em solidariedade com a
ex-secretária, pois concorreram para o cometimento do dano apurado. Ao se beneficiarem com o
enriquecimento ilícito, caracterizado pelas vendas a preços superiores aos máximos permitidos, devem
responder solidariamente com os agentes públicos que praticaram as irregularidades que deram
causa aos danos constatados, nos termos do art. 16, § 2º, da Lei 8.443/1992.
17.7.5  E pelo instituo da solidariedade, todos os responsáveis solidários devem responder pelo
total do dano causado.
17.7.6 Outrossim, não há que se falar em instauração indevida da presente tomada de contas
especial, nem em que há razões para encerrá-la. Observa-se que o Tribunal, ao detectar, no curso de
suas fiscalizações, irregularidade que resulte dano ao erário, deve converter, desde logo, o processo
de fiscalização em tomada de contas especial, nos termos do art. 47 da Lei 8.443/1992. Ademais, os
responsáveis solidários pelo dano, com exceção da empresa Crisfarma Comércio Representações e
Serviços Ltda. (CNPJ 32.734.295/0001-16), conforme será analisado adiante, não recompuseram os
prejuízos levantados na fiscalização.
17.7.7 Ainda importa esclarecer que em nenhum momento deste processo foi atribuída má-fé à
ex-gestora, mas culpa em face de não ter observado os preços máximos de venda ao governo ao
ordenar os pagamentos. E quem dá causa a dano deve repará-lo, mesmo que não tenha tido intenção
em sua conduta, bastando a caracterização do elemento subjetivo culpa.
17.7.8 Por fim, cabe observar que não se pode acolher seu requerimento de submeter sua
defesa a órgão superior, em grau de recurso, caso não haja o acatamento de suas alegações, na forma
do art. 56, § 1º, da Lei 9.784/1999, pois cabe aos responsáveis, havendo sucumbência e interesse, em
momento oportuno, qual seja, a partir da ciência de decisões proferidas pelo TCU, interpor recursos
contra as deliberações desta Corte. Ademais, os recursos no âmbito do TCU não são regidos pela Lei
9.784/1999, mas por lei específica, a Lei Orgânica do TCU (arts. 31 a 35 da Lei 8.443/1992).
17.7.9 Ante todo o exposto, não se acolhem as alegações de defesa da Sra. Mônica Sampaio de
Carvalho em relação a todas as irregularidades a ela atribuídas no presente processo (apontadas
originalmente pelo Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara e pelo Relatório de Fiscalização da
auditoria de conformidade – peça 58 do TC 037.283/2012-0), motivo pelo qual permanecem
incólumes os débitos a ela atribuídos na presente tomada de contas especial, com exceção do débito
atribuído em solidariedade com a empresa Farmaconn Ltda., que restou elidido parcialmente,
conforme colocado a seguir no item 21.4.10. Também lhe aproveita o valor recolhido ao erário pela
Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda., pelo qual ela responde em solidariedade,
conforme analisado adiante no item 24.6.
17.7.10 Porém, caso o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, devem ser acolhidas parcialmente as alegações de defesa desta
responsável, pois restam elididos parcialmente os respectivos débitos, conforme se verifica na

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

comparação dos valores originais com os insertos nas tabelas do item 16.12.18 (itens 1.7.2, 1.7.3 e
1.7.4) e do item 16.12.19 (citações 2, 5, 7, 9, 10 e 11).
18.  RESPONSÁVEL: ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES DE SOUZA PINTO (CPF
084.008.688-11)
IRREGULARIDADES ATRIBUÍDAS PELO ACÓRDÃO 6.401/2012-TCU-1ª CAMARA
18.1 Atos impugnados (peça 9, citações 4 e 5): fixação de preço de referência de medicamentos
excepcionais por valor acima do PMVG no pregão 17/2010 e realização de pagamentos de
medicamentos por preços acima do PMVG decorrentes dos Pregões 281/2009 e 17/2010. Os atos
contrariam o disposto no item 28, Anexo I, da Portaria 2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria
2981/2009, ambas do Ministério da Saúde.
18.2 Argumentos: (peça 49, p. 3):
18.2.1 Primeiramente, com a data máxima vênia, cabe o esclarecimento de que a referida
Portaria GM/MS 2.577/2006, quando vigente, era composta por um total de nove artigos, não sendo
passível, portanto, qualquer contravenção a um suposto seu ‘artigo 28’, em que pese existir um nexo I,
no qual consta um tópico 28 com escrita muito semelhante à escrita do artigo 48 da Portaria GM/MS
2.981/2009.
18.2.2 É plausível também, com a data máxima vênia, o esclarecimento de que, à época
referente ao fato denunciado, a Portaria GM/MS 2.577/2006 encontrava-se revogada pelo art. 78 da
Portaria GM/MS 2.981/2009.
18.3 Análise:
18.3.1 De início, cabe observar que a Portaria GM/MS 2.981/2009 entrou em vigor noventa
dias após sua publicação, conforme estabelecido em seu art. 77. Como foi publicada no Diário Oficial
da União 228, Seção I, página 725, em 30/11/2009, sua vigência teve início dia 28/2/2010.
18.3.2 Acontece que as irregularidades originalmente denunciadas e confirmadas nos autos
acerca da inobservância do PMVG nas aquisições de medicamentos não ocorreram apenas na
vigência da Portaria GM/MS 2.981/2009, mas também em processos de aquisição realizados em 2009
(Pregões Eletrônicos 157/2009 e 281/2009), período em que vigorava a Portaria GM/MS 2.577/2006.
Desta forma, não há que se falar que à época do fato denunciado a Portaria GM/MS 2.577/2006
encontrava-se revogada pelo art. 78 da Portaria GM/MS 2.981/2009.
18.3.3 Observa-se que em todas as citações dos responsáveis foi feita menção às duas referidas
portarias do Ministério da Saúde, que abrangem todo o período em que foram detectadas as
irregularidades. Claro que, a depender da data da irregularidade, aplica-se o dispositivo indicado da
primeira ou da segunda portaria, pois uma sucede à outra, mas mantendo o mesmo dispositivo que
fundamenta as irregularidades, qual seja, a obrigação de observar o PMVG nas aquisições dos
fármacos em questão.
18.3.4 Por outro lado, cabe, de fato, esclarecer que há um erro na referência ao dispositivo da
Portaria GM/MS 2.577/2006. Onde se lê nos atos impugnados ‘contrariando ao disposto no art. 28,
da Portaria 2577/2006’, deve-se ler ‘contrariando ao disposto no item 28, Anexo I, da Portaria
2.577/2006’. Frise-se que se trata de mero erro material, não ensejando nenhum prejuízo à defesa,
pois, além de o teor do dispositivo que fundamenta a irregularidade ter sido descrito corretamente,
não há art. 28 na Portaria GM/MS 2.577/2006.
18.4 Argumento: (peça 49, p. 3):
18.4.1 Observa-se, quanto ao teor do item 1.7.5 do Acórdão 6.401/2012, no qual o denunciado
em questão é responsabilizado por ação de ‘fixação de preço de referência no Pregão 17/2010’, que
não seria cabível e nem possível imputar tal responsabilidade, haja vista que somente fora investido
das responsabilidades do cargo diante da Secretaria de Estado da Saúde a partir de 5/1/2011,
portanto em período além do qual foram fixados os preços de referência do respectivo pregão em tela.
18.5 Análise:
18.5.1 Procede sua alegação, pois, consoante o rol de responsáveis à peça 31 do TC
032.792/2011-5, o responsável foi Secretário de Estado da Saúde de Sergipe no período de 5/1/2011 a

36
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

4/6/2012. Não obstante, permanece intacta sua responsabilização pelos débitos insertos no citado item
1.7.5 do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça 9, p. 7-8, citação 5), pois, mesmo restando
elidido o ato de fixação dos preços de referência do Pregão 17/2010, ainda lhe restam atribuídos os
pagamentos dos fármacos por valores acima do PMVG, no período de 24/3 a 29/4/2011, que constam
na tabela dos débitos inserta no referido item 1.7.5, ressaltando que nessa época ele estava à frente da
pasta da saúde estadual.
18.5.2 Desta forma, acolhe-se essa alegação, elidindo-se a citada irregularidade acerca da
fixação de preço de referência (inserta no item 1.7.5 do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara), porém
permanece a seguinte conduta a ele atribuída no mesmo item 1.7.5, pela qual ele continua responsável
pelos débitos arrolados: ‘realização de pagamentos de medicamentos excepcionais por valor acima do
Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG no pregão 17/2010, contrariando ao disposto no art.
48, da Portaria GM/MS 2981/2009’.
18.6 Argumentos: (peça 49; p. 3-7):
18.6.1 Após discorrer sobre a legislação do CAP – Coeficiente de Adequação de Preço (item 2
da defesa) e sobre a forma como são realizadas as compras públicas pelos órgãos da administração
direta do governo do estado de Sergipe, informando no caso específico dos Pregões 281/2009 e
17/2010 o nome e quantitativo das empresas que participaram dos orçamentos estimativos e dos
processos licitatórios (item 3 da defesa), aduz que não participou dos referidos pregões em nenhum
instante de todo o seu trâmite, na Secretaria de Estado da Saúde ou em qualquer outro órgão da
Administração Pública do estado de Sergipe, considerando que só foi efetivado junto a cargo da
administração direta do governo do estado a partir de 5/1/2011, o que resultaria na desqualificação
dos termos da denúncia.
18.7 Análise:
18.7.1 Conforme já analisado acima, o Sr. Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto não é
responsável por nenhuma participação dos discutidos Pregões 281/2009 e 17/2010, pois, de fato, ele
apenas atuou como Secretário da Saúde a partir de 5/1/2011, momento em que os citados pregões já
tinham sido realizados. Por oportuno, observa-se que não se atribuiu a ele irregularidade qualquer na
realização do Pregão 281/2009, mas apenas em relação à fixação de preços do Pregão 17/2010, que
restou elidida.
18.7.2 Mas isso não descaracteriza nenhum dos débitos relativos aos Pregões 281/2009 e
17/2010 a ele impostos (itens 1.7.4 e 1.7.5 do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara, à peça 9, p. 5-8),
pois foram atribuídos a ele os pagamentos dos fármacos em questão a preços superiores aos máximos
fixados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED, conforme se verifica no
teor dos citados itens.
18.7.3 Desta forma, não há que se falar em desqualificação dos discutidos débitos.
18.8 Argumentos: (peça 49; p. 7-10):
18.8.1 Os itens 1.7.4 e 1.7.5 do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara imputam ao responsável
a responsabilidade solidária pela realização de pagamentos de medicamentos excepcionais a preços
acima do PMVG, tendo como fundamento o levantamento de notas fiscais pagas pelo responsável em
razão da compra de insumos relativos aos Pregões 281/2009 e 17/2010.
18.8.2 Não obstante o vício claro existente no tópico 1.7.5, já retro comentado, pois quem fora
nomeado somente em data ulterior à de fixação de preço de referência jamais poderia tê-la feito, a
intenção em responsabilizar um gestor pelo pagamento de compras realizadas segundo processos
licitatórios de trâmite anterior à sua nomeação, e sobre os quais não houve nenhum questionamento
prévio, seja da parte dos concorrentes, seja da parte dos órgãos de controle estaduais, seja da parte
de representantes do controle social da comunidade, mostra-se, no mínimo, confusa e equivocada,
ensejando pensar que deveria o mesmo preservar-se de suposto dano ao erário público e
responsabilizar-se pelo efetivo desabastecimento de insumos tidos como estratégicos e de necessidade
imprescindível à população que deles faz uso. E isso, sem levar em consideração o tempo médio
demandado para ser feito novo processo licitatório na área pública de qualquer governo. Por mais

37
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

meritório que seja o zelo pela preservação das boas práticas de gestão pública, dentre as quais o zelo
pelo erário público, o respeito às normas e regramento público e a devida cautela não se poderia
compartilhar da concordância pela responsabilidade do mal resultado que tal juízo de valor e tal
atitude intempestiva de um eventual gestor que assim procedesse acarretaria à população.
18.8.3 Todavia, e mais além na solidez da argumentação de suspeição infundada da denúncia,
ao se confrontar o que preconiza a legislação ANVISA/CMED em relação à definição de preços de
medicamentos para venda ao Governo e à aplicabilidade do CAP, correlacionado ao que fora
resultado dos processos licitatórios que resultaram dos Pregões 281/2009 e 17/2010, mais grave e
eloquente é a conclusão de que, de fato, tal confusão ocorrera, pois evidencia-se a demonstração
cabal de equívoco no levantamento e interpretação dos dados apontados, tais como se expõem nos
números da tabela a seguir:
Medicamento Valor Valor PMVG PMVG PF 2009 PMVG PF 2009 PMVG
pago no pago no 2009 2010 (ICMS de 2009 (ICMS 2010
Pregão Pregão (segundo (segundo 12% a (segundo de 12% (segundo
281/2009 17/2010 TCU) TCU) 19%) Anvisa) a 19%) Anvisa)
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) CAP = (R$) CAP =
24,92% 22,85%
(R$) (R$)
Atorvastatina 3,73 3,34 4,91 a 3,79 a
20 mg 5,33 4,11
Cabergolina 20,63 15,89 27,05 a 20,86 a
0,5 mg 29,40 22,68
Calcitriol 1,0 12,33 10,98 16,17 a 12,47 a
mcg injetável 17,57 13,55
Clozapina 100 3,22 2,87 4,22 a 3,25 a
mg 4,59 3,54
Creon enzima 0,81 0,72 1,05 a 0,81 a
pancreática 1,15 0,89
10.000 ui
Creon enzima 1,64 1,46 2,15 a 1,65 a
pancreática 2,34 1,80
25.000 ui
Entacapona 2,81 2,79 2,39 2,50 3,52 a 2,64 a 3,68 a 2,83 a
200 mg 3,83 2,98 4,00 3,08
Leflunomida 6,20 5,53 8,13 a 6,27 a
20 mg 8,84 6,82
Leuprorrelina 973,79 867,49 1.252,06 965,96 a
11,25 mg a 1.049,41
injetável 1.360,23
Mesilato de 1,62 1,44 2,12 a 1,63 a
Bromocriptina 2,31 1,78
2,5 mg
Olanzapina 12,86 11,46 16,87 a 13,01 a
10 mg 18,33 14,14
Rivastigmina 3,18 2,83 4,17 a 3,21 a
1,5 mg/ml 4,53 3,49
Rivastigmina 257,17 257,17 229,10 229,10 323,06 a 242,55 a 337,43 a 260,32 a
2,0 mg/ml 350,96 263,50 366,58 282,81
Rivastigmina 3,63 3,25 4,75 a 3,66 a
3,0 mg/ml 5,16 3,98
Rivastigmina 4,12 3,69 5,43 a 4,18 a
4,5 mg/ml 5,90 4,55
Rivastigmina 4,20 3,76 5,54 a 4,27 a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

6,0 mg/ml 6,02 4,64


Sacarato de 5,27 4,69 7,36 a 5,67 a
hidróxido 8,10 6,24
férrico 100
mg inj
Sildenafila 20 14,04 12,52 18,43 a 14,21 a
mg 20,03 15,45
Ziprasidona 4,84 4,34 6,38 a 4,92 a
40 mg 6,93 5,34
Ziprasidona 8,10 7,21 10,62 a 8,19 a
80 mg 11,54 8,90
18.8.4 Da análise criteriosa da tabela correlacionada às listas de preços de medicamentos
preconizadas pela ANVISA/CMED, percebe-se primeiramente que nenhum dos insumos relativos à
denúncia está isento completamente da cobrança de ICMS. A maior parte dos estados brasileiros
cobra a alíquota de 17% de ICMS para medicamentos, dentre os quais o estado de Sergipe. Pois bem,
não se levando em conta tal informação específica, por si só, já reveladora de que caberia um valor
maior a ser cobrado no PMVG, mas sim a faixa de variação possível dentre as diferentes alíquotas de
cobrança de ICMS (de no mínimo 12% ao máximo 19%), e aplicando-se o desconto do CAP para o
respectivo ano, para nenhum dos produtos denunciados foi possível obter-se o valor estipulado pelo
TCU como o correto a ser considerado como PMVG, ficando todos eles acima do mesmo.
18.8.5 E, para constatação surpreendente e reveladora, com exceção do medicamento
Leuprorrelina (quanto ao qual restou dúvida na sua especificação descrita na denúncia), todos os
demais tiveram seus preços cobrados pela empresa vencedora dos certames em tela em valores abaixo
ou, quando muito, igual ao que determinava o cálculo do PMVG preconizado pela legislação CMED
com a aplicação do CAP.
18.8.6 Diante do exposto nítida e claramente pelos cálculos apurados e, sendo repetitivo, mas
esclarecedor, cabe reiterar a orientação da ANVISA/CMED quanto a como proceder para a aplicação
do CAP: ‘...Por outro lado, aplicar o desconto do CAP ao valor proposto pela licitante e que esteja
abaixo do PF contraria as determinações da Resolução CMED 4, de 2006, que determina que o CAP
seja aplicado sobre o PF’.
18.8.7 Em resumo, o PMVG é o Preço Máximo de Venda ao Governo nos casos discriminados
pela Resolução CMED 4, de 2006, e, como tal, serve como teto de preços para as aquisições de
medicamentos pela Administração Pública.
18.9 Análise:
18.9.1 Os argumentos não procedem. Em primeiro lugar cabe observar que é de se esperar que
o gestor público observe o PMVG não só ao realizar as licitações para aquisição dos medicamentos
excepcionais, mas também durante toda a execução dos contratos decorrentes, devendo providenciar
mecanismos de controle para rever os preços que, ao longo da execução contratual, fiquem em
desconformidade com os preços máximos fixados pela CMED.
18.9.2 Desta forma, não obstante o gestor não ter participado dos Pregões 281/2009 e
17/2010, conforme já se reconheceu em análise anterior, é devida a censura de sua conduta ao
ordenar os pagamentos sem observar os preços máximos de venda ao governo.
18.9.3 Ademais, não procede a alegação de que a população ficaria desassistida caso não
ordenasse os inquinados pagamentos. Isto porque a legislação que rege as compras públicas prevê a
possibilidade de compras diretas em caráter de emergência, por exemplo, quando a falta de
medicamentos essenciais na rede estadual de saúde representa iminente risco à saúde da população.
Ademais, para que as aquisições fossem regulares, poderia o gestor ter providenciado a
implementação de controles internos para rever os preços dos fármacos ao longo da execução dos
contratos, ajustando-os ao limite do PMVG.
18.9.4 Frise-se que em nenhum processo de pagamento que ele ordenou os inquinados
pagamentos consta justificativa do gestor para desrespeitar o PMVG, nem comunicação dele à
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

CMED, órgão competente para instaurar processos administrativos e aplicar as cabíveis sanções aos
distribuidores e produtores de medicamentos, sobre a prática de venda irregular por parte dos
fornecedores da Secretaria de Saúde.
18.9.5 Outrossim, ao contrário do alegado, cabe repisar que os medicamentos em questão
estão isentos de ICMS, nos termos do Convênio CONFAZ 87/2002, conforme já analisado.
18.9.6 Tampouco lhe aproveita a tabela de preços que ele apresenta, porque os valores
tabelados de PMVG (colunas ‘segundo Anvisa’) foram calculados sem desonerar os preços de fábrica
do ICMS, que deveria ser procedido antes de aplicar o CAP, como a própria Anvisa esclarece em seu
portal eletrônico, na seção ‘perguntas e respostas’ que se encontra ao acessar ‘Regulação de
Mercado/Compras Públicas, in verbis:
‘Como o PMVG é calculado?
O PMVG é calculado a partir da seguinte fórmula:
PMVG = PF * (1- CAP)
Onde:
PMVG: Preço Máximo de Venda ao Governo
PF: Preço Fábrica
CAP: Coeficiente de Adequação de Preço
Observação: Desonerar o ICMS antes da aplicação do desconto, quando for o caso.’ (grifo
acrescido)
18.9.7 No caso, os medicamentos em questão estão isentos de ICMS, conforme já visto.
18.9.8 Ante o exposto, não se acolhem essas alegações.
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
18.10 Atos impugnados (peça 53 do TC 037.283/2012-0, citações 3, 4, 6 e 8): ordenar
pagamentos de medicamentos especializados adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde de
Sergipe por preços acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG; não observância do
PMVG na fixação de preços de referência de medicamentos nos Pregões Eletrônicos 13/2011 e
40/2012, bem como nas decorrentes atas de registro de preços. Os atos contrariam o disposto no item
28, Anexo I, da Portaria 2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria 2981/2009, ambas do Ministério da
Saúde.
18.11 Argumentos: (peça 184; p. 4-49):
18.11.1 Inicialmente o defendente alega que é complexo o estabelecimento do Preço Máximo
de Venda ao Governo – PMVG, aduzindo que só a partir de novembro de 2011 as listas de preços da
CMED passaram a incluir o PMVG, e que havia listas com preços PMVG relativos a diversas
alíquotas de ICMS, mas a partir de 2012 só há referência ao PMVG que corresponde à alíquota zero
de ICMS.
18.11.2 Acrescenta que gestores e órgãos de controle apresentam dificuldades em assimilar as
diversas alterações pela qual passou o Convênio CONFAZ 87/2002, devido à complexidade e
especificidade que o tema da isenção tributária envolve.
18.11.3 Em seguida, na mesma linha de argumentação trazida pela Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda., entende que a isenção de ICMS é facultativa, observando ainda que, no caso de
venda para a Administração situada em outro estado, o fornecedor contribuinte de ICMS deve aplicar
a alíquota interna de seu estado de origem.
18.11.4 Discorre sobre a aplicação do Coeficiente de Adequação de Preço – CAP, redutor que
incide sobre os preços de fábrica para a formação do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG.
18.11.5 Cita acórdãos do Tribunal de Contas da União que apontam falhas nas ações de
Assistência Farmacêutica e que dirigiram determinações e recomendações ao Ministério da Saúde, à
CMED, a Secretarias Estaduais de Saúde e ao CONFAZ acerca da temática da aquisição de
medicamentos pelos entes públicos, incluindo-se entre os quais os de alto custo, objetivando a

40
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

adequação das aquisições públicas de medicamentos (Acórdãos 140/2012, 3.016/2012, 1.146/2011,


1.437/2007, 1.673/2004, do Plenário, e 1.350/2010, da 1ª Câmara).
18.11.6 Acerca do teor das determinações e recomendações insertas nesses acórdãos, o
responsável, segundo seu próprio juízo de valor, analisa a aponta falhas em providências adotadas
pelo Ministério da Saúde e pela CMED em resposta às determinações.
18.11.7 Frisa que o Conselho Nacional de Política Fazendária só atendeu o item 1.7.2 do
Acórdão 140/2012 – Plenário, abaixo transcrito, em 5/4/2013, mediante o Convênio 13/2013:
‘1.7.2. ao Conselho Nacional de Política Fazendária, com fulcro no art. 250, inciso III, do
Regimento Interno/TCU, que altere o § 6° da Cláusula Primeira do Convênio ICMS 87/2002, tendo
em vista a inconstitucionalidade do dispositivo ao afrontar o art. 37, inciso XXI, da Carta Magna, de
forma a prever expressamente que as propostas dos licitantes contemplem o preço isento do ICMS e
que a competição entre eles considere este valor.’
18.11.8 Considerando que tais acórdãos, por vezes, teriam reiterado
recomendações/determinações ao Ministério da Saúde no sentido de promover a orientação dos
gestores, alega a ausência de clareza das informações, seja pela complexidade do tema, seja pela
constante alteração dos atos normativos, que implicaria na dificuldade do ente público na
interpretação e cumprimento da ampla legislação pertinente. 
18.11.9 Na mesma linha de raciocínio da Sra. Mônica Sampaio de Carvalho (argumentos
colocados no item 17.4), conclui que a autoridade administrativa de aprovação dos discutidos
processos de compras é plena e total da Secretaria de Estado da Administração – atual Seplag,
enquanto ‘Unidade Gerenciadora’ do mesmo, cabendo às demais secretarias, tidas como ‘unidades
participantes’, exclusivamente a demanda inicial sobre ‘o quê’, ‘quando’ e ‘quanto’ comprar de
insumos, materiais ou prestação de serviços, mas sempre não podendo interceder em relação ao
‘como’ proceder e, muito menos, o ‘quanto’ pagar.
18.11.10 Também na mesma forma colocada pela Sra. Mônica Sampaio de Carvalho (item
17.6), aponta medidas administrativas que teriam sido adotadas pela Seplag e pela Controladoria
Geral do Estado de Sergipe – CGE para tratar das irregularidades aqui discutidas, inferindo que se
mostra mais uma evidência da centralização do processo de compra na Seplag e do respectivo
controle, quando necessário, pela CGE, alheios às possibilidades e iniciativas diretas da Secretaria de
Saúde, motivo pelo qual não se pode responsabilizá-lo pelos discutidas aquisições de medicamentos.
18.11.11 Por fim, pondera que só atualmente, após analisada toda a arguição feita pelo citado,
em especial a resultante da análise dos julgados do TCU sobre a matéria, não poderia o mesmo se
furtar de concluir que, caso fosse ele hoje demandado para solicitar a compra, orientar ou opinar a
respeito dos trâmites de compra de medicamentos excepcionais por ente governamental (da
Administração Pública Direta ou Indireta), seria muito mais fácil concluir pela necessidade de serem
seguidas as regras pelas quais foi acusado pela auditoria do TCU de não tê-las seguido. No entanto,
isso somente seria possível hoje, posto que:
 a) já foram publicadas novas listagens da CMED com outra formatação que não a confusa
lista de 2011;
 b) já foram publicados acórdãos do TCU com orientações ao Ministério da Saúde, à CMED e
ao CONFAZ, esclarecedoras do arcabouço normativo a respeito do tema, e tais publicações ocorridas
em datas após as datas de ocorrência dos eventos denunciados pela Auditoria
 c) já foi publicada Nota Técnica do Ministério da Saúde orientando melhor os gestores sobre
como procederem a respeito das compras dos medicamentos excepcionais, também em data após as
datas dos eventos denunciados pela Auditoria;
 d) já foi realizada alteração dos termos do Convênio 87/2002 pelo Convênio 13/2013,
definindo mais claramente como os fornecedores de medicamentos excepcionais devam proceder em
relação à isenção do ICMS e ao PMVG, também em data após os eventos denunciados pela auditoria;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

 e) e, por último e mais importante, já estão em trâmite os processos promovidos pela Seplag e
pela CGE do Governo do Estado de Sergipe com vistas à apuração de possível cobrança a maior
pelos fornecedores de medicamentos.
18.12 Análise:
18.12.1 Os argumentos carreados pelo responsável não lhe socorrem.
18.12.2 De início cabe observar que, não obstante haver fragilidades nas listas de preços de
medicamentos divulgadas pela CMED, não se vislumbra óbice que impeça sua aplicação. Mesmo que
não esteja disponível o PMVG em todas as listas, seu cálculo é obtido por simples operações
matemáticas, deduzindo-se do preço de fábrica (desonerado do ICMS, quando for o caso) o percentual
do redutor CAP, que também é publicado pela CMED.
18.12.3 Quanto à alegada facultativa isenção do ICMS, repisa-se que, ao contrário, a isenção
para os medicamentos em questão é obrigatória, conforme a análise já posta acima no item 16.3.
18.12.4 Tampouco os citados acórdãos do TCU lhe aproveitam, pois, não obstante dirigirem
determinações e recomendações objetivando a melhoria das aquisições públicas de medicamentos,
não consta em nenhum destes julgados que o gestor público não deve observar o PMVG nas compras
dos medicamentos especializados, irregularidade atribuída ao ex-gestor da Saúde.
18.12.5 Também não se pode imputar responsabilidade plena pelas aquisições discutidas à
Seplag, pois, como já analisado nos itens 17.5.8 e 17.5.9, a responsabilidade por verificar os preços
não é da Secretaria de Planejamento, mas da SES/SE, que foi quem elaborou os preços de referência.
Ao passo que aquela secretaria apenas exerceu a atividade meio, realizando os procedimentos
licitatórios, esta especificou os medicamentos a serem adquiridos, informando os viciados preços
coletados no mercado. Por outro lado, esperava-se que o ex-gestor ordenasse a implementação de
procedimentos de controle no âmbito da Secretaria Estadual da Saúde de Sergipe para desconsiderar
cotações, propostas e faturamentos dos fármacos com valores acima do PMVG, comunicando à
CMED/Anvisa qualquer tentativa de venda irregular por parte dos distribuidores de medicamentos.
18.12.6 Também não altera o mérito destas contas as supostas medidas adotadas pela
Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, e pela Controladoria Geral do Estado de Sergipe
para corrigir os processos de compras de medicamentos e para ressarcir o erário, pois essas
suscitadas medidas não têm o condão de elidir as irregularidades praticadas pelo ex-gestor.
Outrossim, como já dito, esta Corte exerce sua jurisdição independentemente das demais, e inexiste
litispendência entre processo deste Tribunal e outro que trate do mesmo assunto.
18.12.7 No mais, o defendente permanece no plano das alegações, afirmando que só hoje seria
possível observar as regras fixadas pela CMED para a aquisição dos medicamentos especializados,
mas sem apresentar elementos objetivos que tenham absolutamente lhe impedido de respeitar, à época
dos fatos praticados, o limite de preço fixado pela CMED.
18.12.8 Ante todo o exposto, acolhem-se parcialmente as alegações de defesa apresentadas
pelo Sr. Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto, considerando que resta elidida a conduta referente
à fixação de preço de referência do Pregão 17/2010 (item 1.7.5 do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª
Câmara). Não obstante, permanecem intactos os débitos atribuídos pelo item 1.7.5, em face de
restarem irregulares as ordens de pagamento dos respectivos fármacos, bem como os demais débitos a
ele atribuídos nas presentes contas (apontadas originalmente pelo Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª
Câmara e pelo Relatório de Fiscalização da auditoria de conformidade – peça 58 do TC
037.283/2012-0). Não obstante, ressalva-se que lhe aproveita o valor recolhido ao erário pela
Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda., pelo qual ele responde em solidariedade,
conforme analisado adiante no item 24.6.
18.12.9 Porém, caso o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, devem ser acolhidas parcialmente as alegações de defesa deste
responsável, pois restam elididos parcialmente os respectivos débitos, conforme se verifica na

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

comparação dos valores originais com os insertos nas tabelas do item 16.12.18 (itens 1.7.4 e 1.7.5) e
do item 16.12.19 (citações 3, 4, 6 e 8).
19. RESPONSÁVEL: ROGÉRIO CARVALHO SANTOS (CPF 411.687.205-91)
19.1 Impende observar inicialmente que o ex-gestor, em resposta às duas citações, decorrentes
do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara e da auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0),
apresentou duas peças de defesa de idêntico conteúdo argumentativo, apenas distinguindo-se as
licitações que foram objeto das irregularidades (peça 82. p. 1-10 e peça 226, p. 1-10). Desta forma,
será analisada apenas uma peça de defesa (peça 82), aproveitando-se para a outra a mesma análise.
IRREGULARIDADES ATRIBUÍDAS PELO ACÓRDÃO 6.401/2012-TCU-1ª CAMARA
19.2 Atos impugnados (peça 9, citações 1 e 2): fixação de preço de referência de medicamentos
excepcionais por valor acima do PMVG nos Pregões 157/2009 e 281/2009, e realização de
pagamentos de medicamentos por preços acima do PMVG decorrentes do Pregão 157/2009. Os atos
contrariam o disposto no item 28, Anexo I, da Portaria 2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria
2981/2009, ambas do Ministério da Saúde.
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
19.3 Atos impugnados (peça 53 do TC 037.283/2012-0, citações 1, 2, 5, 7, 9, 10 e 11): ordenar
pagamentos de medicamentos especializados adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde de
Sergipe por preços acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG; não observância do
PMVG na fixação de preços de referência de medicamentos nos Pregões Eletrônicos 308/2007,
528/2008, 281/2009, 17/2010, bem como nas decorrentes atas de registro de preços. Os atos
contrariam o disposto no item 28, Anexo I, da Portaria 2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria
2981/2009, ambas do Ministério da Saúde.
19.4 Argumentos: (peça 82; p. 1-10):
19.4.1 Preliminarmente, o defendente ressalta que o Acórdão em epígrafe afirmou
equivocadamente que os medicamentos ‘Sacarato de Hidróxido Férrico 100mg inj (5ml)’ foram
vendidos em decorrência do Pregão Eletrônico 157/2009, entretanto, as vendas se deram em face do
Pregão 528/2008.
19.4.2 No mérito, apresenta alegações abaixo sintetizadas, que em sua maioria coincidem com
a linha de argumentação carreada aos autos pela Sra. Mônica Sampaio de Carvalho, colocada acima
no item 17.4:
 a) as compras realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde são aprovadas, conduzidas,
controladas com espeque no conjunto normativo postos à disposição da Superintendência Geral de
Compras Centralizadas, além de serem sistematizadas e controladas pelos softwares e sítios postos à
disposição pela já citada Superintendência;
 b) os processos de compra necessitam de consulta estimativa prévia de preços, colhendo-se no
mínimo três orçamentos com fornecedores do mesmo ramo, obtendo-se, a partir daí, o preço
referencial de compra;
 c) o procedimento adotado pela Superintendência Geral de Compras Centralizadas, nos
processos para registro de preço, guarda simetria com o que reza o art. 15 da Lei 8.666/1993, no qual
se dispõe que as compras devem, sempre que possível, ser processadas através de sistema de registro
de preços, sendo este registro precedido de ampla pesquisa de mercado;
 d) neste sentido, a conduta do defendente para fixação de preço e realização de pagamento
dos medicamentos é regular, tendo sua gestão, inclusive, sido considerada regular pelo Tribunal de
Contas de Sergipe; ademais, a Procuradoria Geral do Estado de Sergipe emitiu parecer favorável à
consecução das licitações em comento;
 e) o próprio Superintendente Geral de Compras Centralizadas, nos autos do Pregão 281/2009,
proferiu despacho motivado permitindo ao pregoeiro que adjudicasse o objeto licitado, posto que em
consonância com o valor de mercado;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

 f) os pregões em comento ( 281/2009 e 591/2008) tiveram orçamentos estimativos realizados


mediante ampla pesquisa de mercado, e contaram com a participação de diversas empresas
competindo entre si para disputar o certame, denotando que, enquanto ordenador de despesa, não
havia possibilidade de suspeição sobre o preço de mercado praticado, ainda que o mesmo estivesse em
valor superior ao Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG), que reflete a realidade nacional, com
nuances que aplicam ao preço cotado para o mercado local valores que o diferenciam a cada praça;
 g) a própria jurisprudência desta Casa tem reconhecido que esse mercado de medicamentos
apresenta tamanha variação de preços, que ao analisar superfaturamento deve-se levar em
consideração não só as circunstâncias da compra, como local, época e quantidade. Nesse sentido, cita
voto do Ministro Benjamim Zymler nos autos do TC 003.721/2001-0;
 h) à época da realização dos pregões referidos não existiam, nem no âmbito da Secretaria de
Estado da Saúde, e nem na Superintendência de Compras Centralizadas, procedimentos de controle
para verificação direta de aplicação deste preço máximo de venda. Todavia, nossas áreas
operacionais internas obedeciam estritamente ao que normatizava o governo do estado, e todo o
conjunto de leis aplicáveis;
 i) desse modo há que se entender que a aplicação de um preço, após ampla coleta de preços
estimativos na praça da contratação, não se configura como sendo superfaturado;
 j) toda a rotina de procedimentos normatizados e exigidos pela Secretaria de Planejamento,
Orçamento e Gestão do nosso estado foi rigorosamente seguida – dando lisura, transparência e
publicidade aos processos de compras enquanto o defendente desempenhou suas funções como
ordenador de despesa, restando patente, portanto, que não agiu com má-fé, nem imbuído por intenção
dolosa;
 k) por outro lado, não há como o defendente ser responsabilizado pelas irregularidades
apontadas, pois todo o procedimento para aquisição dos medicamentos se deu pela Superintendência
Geral de Compras Centralizadas, órgão da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, que
inclusive homologou as licitações, adjudicando o objeto às empresas vencedoras;
 l) ainda que se entenda pelo superfaturamento, este não deve ser imputado ao defendente e,
sim, ao órgão competente para realização das mencionadas aquisições, no caso em voga, a
Superintendência Geral de Compras Centralizadas e a Secretaria de Planejamento, Orçamento e
Gestão.
19.5 Análise:
19.5.1 Inicialmente cabe observar que já foi reconhecido o equívoco apontado em preliminar,
conforme análise posta no item 16.5.7. Porém trata-se de mero erro material que não tem o condão de
elidir a respectiva irregularidade.
19.5.2 No mérito, seus argumentos não procedem. Impende observar que a maior parte de suas
alegações já foi apresentada pela Sra. Mônica Sampaio de Carvalho, colocada acima no item 17.4, as
quais foram devidamente afastadas pelas análises postas no item 17.5.
19.5.3 Com efeito, não procede sua linha de argumentação no sentido de que seguiu os devidos
preceitos legais que regem as licitações e procedimentos normativos que regulam o sistema de
compras centralizadas implantado pelo governo estadual, observando os preços de mercado. Isto
porque, para realizar as compras dos fármacos, não bastaria que fosse realizada uma pesquisa de
mercado, mas que fossem respeitados os preços máximos permitidos para venda ao governo, conforme
apontado nos atos impugnados.
19.5.4 Com efeito, nos termos do item 28 do Anexo I da Portaria 2.577/2006, e do art. 48 da
Portaria 2.981/2009, que sucedeu ao primeiro normativo, o Ministério da Saúde estabeleceu que os
gestores responsáveis pela compra dos discutidos medicamentos devem observar os preços cobrados
no mercado e o preço máximo permitido para venda, conforme regulamentação vigente da Câmara de
Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED, objetivando alcançar o melhor benefício na
aquisição.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

19.5.5 Nem pode ser acolhida sua tentativa de imputar a responsabilidade à Secretaria de


Planejamento, Orçamento e Gestão pelos atos impugnados a ele atribuídos, conforme já analisado
nos itens 17.5.8 e 17.5.9.
19.5.6 Outrossim, não lhe socorrem as suscitadas manifestações a seu favor formuladas pelo
Tribunal de Contas de Sergipe e pela Procuradoria Geral do Estado de Sergipe, pois, como já foi dito,
este Tribunal exerce sua jurisdição independentemente das demais, não estando vinculado às citadas
instâncias.
19.5.7 Já quanto à alegação que agora se inova, acerca do citado trecho do voto do Ministro
Benjamim Zymler nos autos do TC 003.721/2001-0, insta frisar que o relator do referido processo é o
Ministro Iram Saraiva, não se encontrando tal voto no referido processo, que trata de obras públicas,
assunto bem diverso da matéria em debate nos presentes autos. De qualquer sorte, o teor do trecho do
voto citado não lhe ajuda, pois trata de nuances de superfaturamento acerca de variações de preço de
mercado, não sendo possível se inferir do texto que o mercado pode descumprir o multicitado PMVG.
19.5.8  Desta forma, e considerando que o ex-gestor poderia ter agido de forma diferente,
adotando medidas e controles adequados para verificação dos preços dos medicamentos
especializados praticados pelos fornecedores, por simples conferência de tabelas de preço divulgadas
pela CMED, entende-se que é razoável reprovar sua conduta.
19.5.9 Ante todo o exposto, não se acolhem as alegações de defesa do Sr. Rogério Carvalho
Santos em relação a todas as irregularidades a ele atribuídas no presente processo (apontadas
originalmente pelo Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara e pelo Relatório de Fiscalização da
auditoria de conformidade – peça 58 do TC 037.283/2012-0), motivo pelo qual permanecem
incólumes os débitos a ele atribuídos na presente tomada de contas especial, com exceção do débito
atribuído em solidariedade com a empresa Farmaconn Ltda., que restou elidido parcialmente,
conforme colocado a seguir no item 21.4.10. Também lhe aproveita o valor recolhido ao erário pela
Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda., pelo qual ele responde em solidariedade,
conforme analisado adiante no item 24.6.
19.5.10 Porém, caso o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, devem ser acolhidas parcialmente as alegações de defesa deste
responsável, pois restam elididos parcialmente os respectivos débitos, conforme se verifica na
comparação dos valores originais com os insertos nas tabelas do item 16.12.18 (itens 1.7.1 e 1.7.2) e
do item 16.12.19 (citações 1, 2, 5, 7, 9, 10 e 11).
20. RESPONSÁVEL: SÍLVIO ALVES DOS SANTOS (CPF 148.889.205-91)
20.1 Cumpre observar inicialmente que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara não atribuiu
nenhuma irregularidade a este responsável, que apenas foi citado em decorrência dos fatos apontados
na auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0).
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
20.2 Atos impugnados (peça 53 do TC 037.283/2012-0, citações 4 e 6): ordenar pagamentos de
medicamentos especializados adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe por preços
acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG. Os atos contrariam o disposto no item 28,
Anexo I, da Portaria 2577/2006 e/ou o art. 48, da Portaria 2981/2009, ambas do Ministério da Saúde.
20.3 Argumentos: (peça 160; p. 1-6):
20.3.1 O ex-gestor da saúde apresenta argumentos idênticos aos apresentados pela Sra.
Mônica Sampaio de Carvalho. Em síntese apertada, alega dificuldades que as Secretarias de Saúde
vêm enfrentando (argumentos idênticos colocados nos itens 17.4.26 a 17.4.30) e apresenta
considerações sobre os discutidos processos de compra, alegando que não pode ser responsabilizado
pelos fatos apontados (argumentos idênticos colocados nos itens 17.4.1 a 17.4.25).
20.3.2 Acrescenta que expediu ofício em dezembro de 2012 à Superintendência Geral de
Compras da Seplag, questionando a obrigatoriedade da aplicação do PMVG, bem como a revisão de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

todos os editais de aquisição de medicamentos para atender o CASE, nos anos de 2010, 2011 e 2012,
à luz do Convênio ICMS 87/2002 que concede isenção do ICMS nas operações de fármacos e
medicamentos destinados a órgãos da Administração Pública, pleiteando a instauração de
procedimento administrativo objetivando a apuração de responsabilidade das empresas fornecedoras
dos insumos atinentes às atas de registro de preço.
20.4 Análise:
20.4.1 Os argumentos carreados não procedem, pois são idênticos aos apresentados pela Sra.
Mônica Sampaio de Carvalho, os quais já foram devidamente afastados pelas análises insertas no
item 17.5.
20.4.2 Também não lhe socorrem as suscitadas medidas administrativas adotadas em dezembro
de 2012, pois foram providenciadas apenas após a descoberta das irregularidades pela equipe de
auditoria desta Unidade Técnica, não tendo o condão de reparar os atos inquinados anteriores. Era
de se esperar que o ex-gestor adotasse tais medidas antes de ter ordenado os pagamentos dos
fármacos a preços superiores aos máximos permitidos.
20.4.3 Ante o exposto, não se acolhem as alegações de defesa do Sr. Sílvio Alves dos Santos em
relação a todas as irregularidades a ele atribuídas no presente processo (apontadas originalmente
pelo Relatório de Fiscalização da auditoria de conformidade – peça 58 do TC 037.283/2012-0),
motivo pelo qual se entende que permanecem incólumes os débitos a ele atribuídos nesta tomada de
contas especial.
20.4.4 Porém, caso o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, devem ser acolhidas parcialmente as alegações de defesa deste
responsável, pois restam elididos parcialmente os respectivos débitos, conforme se verifica na
comparação dos valores originais com os insertos nas tabelas do item 16.12.19 (citações 4 e 6).
21. RESPONSÁVEL: FARMACONN LTDA. (CNPJ 04.159.816/0001-13)
21.1 Cumpre observar inicialmente que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara não atribuiu
nenhuma irregularidade a esta empresa, que apenas foi citada em decorrência dos fatos apontados na
auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0).
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
21.2 Irregularidades: vendas de medicamentos à Secretaria de Saúde de Sergipe por preços
acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG
21.3 Argumentos: (peça 166; p. 1-5)
21.3.1 Inicialmente alega que nas questionadas vendas de fármacos, acreditava ter efetuado o
cálculo do produto vendido conforme determinava a legislação vigente, aplicando o redutor CAP
sobre o preço de fábrica dos medicamentos.
21.3.2 Ressalta que nos anos de 2008 e 2009 ainda pairavam inúmeras dúvidas sobre a correta
aplicação do CAP, tanto para as empresas vendedoras, como para os órgãos/administradores públicos
em geral, seja pela existência de diversas normas expedidas pela Câmara de Regulação de
Medicamentos – CMED sobre a matéria, seja pela necessidade de conjugação destas com a
normatização proveniente do CONFAZ.
21.3.3 Pondera que em 2009 a Anvisa não publicava a tabela de preços de produtos já com a
dedução do CAP como faz hoje, sendo o cálculo de preços um trabalho feito manualmente pelas
próprias licitantes, mediante a utilização de tabelas de preços fornecidas pelos laboratórios
fabricantes.
21.3.4 Aduz que não constava o produto Donepezila na publicação CMED da época da
licitação, tanto assim que o próprio TCU teria realizado seus cálculos tomando como referência os
dados e informações relativas ao ano de 2010 seguinte. Desta forma, não estando esse medicamento,
que foi cotado no pregão, na relação de fármacos fixados pela CMED vigente à época, entende como
ilegítima qualquer pretensão de submissão de tal produto à dedução do percentual da alíquota CAP.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

21.3.5 Por fim, afirma que, se houve venda de medicamento por preço acima do PMVG, não
foi por atitude deliberada da empresa, nem por má-fé, mas por ausência de legislação clara e precisa
sobre a matéria. Prova disso seria a homologação e adjudicação da licitação e a ausência de
identificação de equívoco nos preços por parte da Secretaria de Saúde.
21.3.6 Com essas considerações, ainda afirmando que não agiu com dolo nem em conluio com
o gestor público, pugna pela improcedência do apontado prejuízo ao erário.
21.4 Análise:
21.4.1 É preciso observar de plano que não se atribuiu dolo, má-fé, nem conluio na apontada
venda irregular do fármaco Donepezila, mas resta patente sua culpa ao não ter observado o PMVG ao
faturar o medicamento, como se verá a seguir.
21.4.2 A observância do PMVG na venda dos medicamentos em questão nos presentes autos é
obrigatória, inclusive o descumprimento, por parte de empresas distribuidoras e produtoras de
medicamentos, na aplicação do Coeficiente de Adequação de Preços – CAP e a consequente
inobservância do Preço Máximo de Venda ao Governo sujeita o infrator às sanções previstas na Lei
10.742/2003, nos termos do art. 8º, caput, da Resolução CMED 4/2006, e o art. 7º, caput, da
Resolução CMED 3/2011.
21.4.3 Não obstante o produto em questão (Donepezila) ter sido licitado em 2009, foi vendido
em 2010, como se verifica nas respectivas notas fiscais (peça 24, p. 28 e 45; peça 25, p. 4, do TC
037.283/2012-0). Desta forma, era de se esperar que à época da venda a empresa verificasse o
PMVG.
21.4.4 Por um lado, reconhece-se a alegação de que a Donepezila é um medicamento que não
estava sujeito à aplicação do CAP, nem no momento da licitação nem à época da questionada venda,
pois não consta do rol de medicamentos anexado ao Comunicado 10/2009 da CMED (peça 49, p. 12-
18, TC 037.283/2012-0), normativo vigente à época dos fatos. Como foi considerado o CAP no cálculo
do débito, deve-se corrigir o cálculo.
21.4.5 Porém, para a formação do PMVG, deve ser aplicado não só o CAP sobre o preço de
fábrica, mas antes a desoneração do ICMS, como já analisado. Frise-se que consta nas notas fiscais
que o produto é isento de ICMS. Com efeito, consta seu nome na relação dos medicamentos isentos do
imposto pelo Convênio CONFAZ 87/2002, em redações do convênio à época dos fatos (peça 50, p. 7,
TC 037.283/2012-0).
21.4.6 Refazendo o cálculo do PMVG devido, abate-se do valor da tabela de preços de fábrica
vigente à época (peça 10, p. 459, TC 037.283/2012-0) o ICMS, chegando ao valor unitário de R$ 6,69.
21.4.7 Como o produto foi vendido a R$ 7,31, continua havendo, mesmo menor, um débito que
deve ser ressarcido ao erário, conforme tabela abaixo colocada:
Quantificação do débito
Nota Princípio Ativo / Preço PMVG Quant. Valor do
Fiscal Medicamento unitário (R$) Débito (R$)
(R$) Data
Pagamento
Donepezila 10mg /
35327 Gen.-Ranbaxy 7,31 6,69 6.000 3.720,00 5/8/2010
(por comprimido)
Donepezila 10mg /
27444 Gen.-Ranbaxy 7,31 6,69 6.000 3.720,00 25/3/2010
(por comprimido)
Donepezila 10mg /
41704 Gen.-Ranbaxy 7,31 6,69 9.000 5.580,00 25/11/2010
(por comprimido)
TOTAL (R$) 13.020,00
21.4.8 Frise-se que, mesmo que o Tribunal entenda que não deve ser considerado no débito o
ICMS recolhido pelo fornecedor, permanece o mesmo valor calculado, pois a Farmaconn não
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

destacou em suas notas fiscais o imposto, inclusive registrando no documento fiscal que a operação é
isenta de ICMS. Ainda cumpre anotar que os valores corrigidos do PMVG e correspondente débito
foram também considerados nos cálculos alternativos de débitos colocados na tabela do item
16.12.19.
21.4.9 As demais alegações da empresa quanto à dificuldade de entender a legislação
pertinente e quanto à não observância das irregularidades pelos órgãos estaduais também não têm o
condão de afastar a irregularidade, pois não são óbices absolutos para observar o PMVG, conforme
já dito diversas vezes ao longo desta instrução.
21.4.10 Ante todo o exposto, acolhem-se parcialmente as alegações de defesa carreadas pela
empresa Farmaconn Ltda., permanecendo as irregularidades a ela atribuídas no presente processo
(originalmente apontadas pelo Relatório de Fiscalização da auditoria de conformidade – peça 58 do
TC 037.283/2012-0), mas elidindo-se parcialmente o valor do débito a ela atribuído, o que aproveita
também a seus devedores solidários, os Srs. Rogério Carvalho Santos e Mônica Sampaio de Carvalho.
21.4.11 Ainda que o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, não são alteradas as conclusões acima acerca do acolhimento parcial
das alegações de defesa, pois, conforme analisado no item 16.12.19, os respectivos débitos não sofrem
alterações, já que esta empresa não destacou o ICMS nas notas fiscais, consignando no documento
fiscal que a operação é isenta do imposto, não havendo, portanto, ICMS a desconsiderar do débito.
22.  RESPONSÁVEL: MAJELA HOSPITALAR LTDA. (CNPJ 02.483.928/0001-08)
22.1 Cumpre observar inicialmente que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara não atribuiu
nenhuma irregularidade a esta empresa, que apenas foi citada em decorrência dos fatos apontados na
auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0).
22.2 Ainda cabe registrar que foram juntados aos autos duas peças idênticas de defesa da
responsável (peças 209 e 217, p. 1-8), sendo a segunda dirigida não ao TCU, mas ao Controlador-
Geral do Estado de Sergipe. Sendo idênticas as peças, procede-se apenas à análise da primeira.
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
22.3 Irregularidades: vendas de medicamentos à Secretaria de Saúde de Sergipe por preços
acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG
22.4 Argumentos: (peça 209, p. 1-3)
22.4.1 A responsável, considerando que o contrato em questão foi acordado, executado e
concluído, em razão do pagamento e entrega dos produtos, entende que, se houver ordem
administrativa e/ou judicial no sentido de determinar a devolução dos valores pagos pelos cofres
públicos, tal decisão estaria declarando, também, a nulidade do processo licitatório.
22.4.2 Como consequência da declaração de nulidade do referido processo licitatório, as
partes deveriam retornar para o status quo em que se encontravam, devolvendo-se os valores pagos
pela Administração e os produtos para a empresa, ou a devolução dos valores destes produtos em caso
de já haverem sido consumidos ou estarem com prazo de validade inferior a um ano.
22.4.3 A manifestante não pode ser compelida à obrigação de restituir valores sem que haja o
retorno dos bens, precisa e especificamente, entregues ao Estado-Administração, sob pena de
enriquecimento ilícito deste último, vez que o mesmo recebeu os medicamentos requeridos por
licitação nas condições da proposta de preços cotados pela manifestante e, neste momento, procura
verificar a possibilidade de ser ressarcido de valores despendidos a maior sem se responsabilizar
pelos produtos entregues.
22.4.4 Os preços, propostas e documentos de habilitação foram aprovados pela comissão de
licitação do respectivo pregão através da emissão do parecer técnico, o qual validou as condições
ofertadas pela licitante.
22.4.5 Insta salientar que, caso houvessem sido questionados os preços exigidos pela
Administração no momento da fase de lances, mas não agora, com certeza absoluta a manifestante

48
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

não teria sequer participado do processo licitatório, tendo em vista a impossibilidade de praticar
preços menores do que aqueles cotados, sob pena de amargar prejuízo naquela operação.
22.4.6 Para haver o ressarcimento ao estado referente aos valores gastos com a compra, os
produtos deveriam ser devolvidos nas mesmas condições em que foram entregues e a manifestante
devolver os valores recebidos do estado por tais bens, sob pena de enriquecimento ilícito do estado.
22.5 Análise:
22.5.1 Os argumentos não procedem. Ao contrário do alegado, o status quo cujo retorno
deve-se buscar no caso presente é do erário público, pois as verbas da saúde foram desfalcadas em
razão dos viciados processos de licitação e contratação que não observaram o PMVG nas aquisições
dos fármacos.
22.5.2 Frise-se que a responsabilidade em observar o PMVG não é só do gestor público, mas
também das empresas distribuidoras e produtoras de medicamentos, que estão sujeitas, inclusive, às
sanções previstas na Lei 10.742/2003, caso não respeitem o PMVG, nos termos do art. 8º, caput, da
Resolução CMED 4/2006, e o art. 7º, caput, da Resolução CMED 3/2011.
22.5.3 A empresa defendente, ao não observar o PMVG em sua proposta e no contrato
celebrado, bem como ao emitir nota fiscal com valor acima do máximo estipulado pelo governo,
concorreu para o dano, o que enseja a sua obrigação de ressarcir o erário, restituindo o status quo do
erário.
22.5.4 Desta forma, não há que se falar em enriquecimento ilícito do Estado-Administração ao
se exigir o pagamento dos apontados débitos, pois esses valores correspondem a acréscimos ilícitos
insertos nos preços praticados pela defendente, que assim auferiu benefícios indevidamente nas
vendas de medicamentos por preços superiores ao PMVG.
22.5.5 Ante o exposto, não se acolhem as presentes alegações.
22.6 Argumentos: (peça 209, p. 3-9)
22.6.1 A defendente nunca comercializou produtos em dissonância com a legislação vigente,
posto ter sido observado o desconto obrigatório para venda ao governo.
22.6.2 A sistemática utilizada pelo TCU ao apontar os débitos, não só ignorou a Resolução
CMED 2/2004, que estabelece os critérios para definição dos preços dos medicamentos, como aplicou
critério alheio aos ditames desse normativo para aferição dos preços.
22.6.3  Com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, verifica-se que a
alegação utilizada no ofício citatório de preços acima do PMVG jamais alcançaria o fim almejado,
por dois motivos: porque não observou os critérios estabelecidos pela Resolução CMED 2/2004; e
porque não foram apontados os critérios utilizados para se chegar à conclusão de existência de
indícios de prática de preços acima do PMVG, visto que se podem encontrar preços diferentes do
mesmo produto em qualquer processo licitatório do Brasil.
22.6.4 Inicialmente, verifica-se que a Resolução CMED 2/2004, em seus arts. 7º e 12, traz
consignada a necessidade de se fazer uma média aritmética para se aferir o preço médio de mercado,
percebendo-se, desde já, que o citado ofício foi elaborado omitindo quais os critérios utilizados para
se chegar à conclusão de indícios de preço acima do PMVG, bem como restou omisso se foram
considerados os critérios mínimos estabelecidos na legislação, cujas omissões conduzem ao
cerceamento do direito ao contraditório e à ampla defesa da manifestante.
22.6.5 Por essa razão, também não se pode estabelecer média de mercado com análise direta,
pura, simples, única e absoluta no preço mais baixo praticado. A cautela recomenda, e o princípio da
proporcionalidade respalda, que se faça, no mínimo, um simples cálculo aritmético para se determinar
a média de preços de um produto.
22.6.6 Por exemplo: um medicamento que custe R$ 20,00 no Distrito Federal, R$ 15,00 em São
Paulo e R$ 12,00 em Pernambuco: é possível afirmar que a média de preço deste produto é R$ 12,00?
Necessariamente, a resposta deve ser negativa.

49
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

22.6.7 Portanto, denota-se ter desconsiderado os critérios fundamentais de formação de preço,


tais como o custo do transporte e outras despesas necessárias, deixando de observar o que prescreve a
Resolução CMED 2/2004, em seus arts. 4º, VI, VII; e 5°, caput.
22.6.8 Nesse diapasão, o TCU não verificou se referido processo licitatório foi regular.
Ademais, a maioria dos laboratórios-fabricantes de produtos farmacêuticos tem sede na Região Sul e
Sudeste, devendo-se levar em consideração, por lógico, o custo do frete para o estado de Sergipe, o
que não se sabe, pois foi omitido qual o critério utilizado por esse Tribunal.
22.6.9 Apesar disso tudo, mesmo tendo todos esses gastos, nenhum medicamento ofertado pela
manifestante na licitação em que participou teve seu preço em dissonância com aquelas normas do
CMED/ANVISA.
22.6.10 Salienta-se, ainda, que, se o preço ofertado pela empresa fosse maior do que o PMVG,
este deveria ter sido analisado no momento da fase de lances da disputa, na qual o pregoeiro tem o
total poder de comprar balizado pelos preços praticados na Administração Pública (art. 15, inciso V,
Lei 8.666/1993).
22.6.11 Ademais, no pregão realizado para adquirir os medicamentos em questão cabia ao
pregoeiro verificar e validar se o preço ofertado pela defendente foi o menor, não se podendo alegar
que a empresa concorreu para a existência de indícios de preços praticados acima do PMVG.
22.6.12 Não se pode agora, após ter ocorrido a licitação, há mais de 2 anos, alegar que a
manifestante colocou os medicamentos por ela fornecidos com preços acima do PMVG, pois, se eles
estivessem destoando das normas da CMED, sequer teriam sido contratados.
22.6.13 Em face de todo o exposto, tendo em vista a inexistência de inconformidades na nota
fiscal examinada pela fiscalização do TCU, bem como a demonstração cabal de que a
comercialização dos medicamentos feita pela manifestante sempre se adstringiu à política de preços
máximos determinadas pelo governo, conforme ora demonstrado, requer a defendente:
 a) a nulidade da acusação, em face do cerceamento do direito ao contraditório e à ampla
defesa, caracterizado pela omissão de quais os critérios utilizados para se chegar à conclusão de
indícios de preços acima do PMVG, bem como por ter omitido a consideração dos critérios mínimos
estabelecidos na legislação;
 b) a improcedência das irregularidades a ela atribuídas.
22.7 Análise:
22.7.1 Os argumentos não prosperam. Em primeiro lugar, salienta-se que a citada Resolução
CMED 2/2004 não guarda nenhuma relação com o objeto da auditoria realizada, nem é capaz de
refletir no mérito da presente tomada de contas especial, pois trata de assunto alheio às
irregularidades apontadas.
22.7.2 Com efeito, o citado normativo estabelece critérios para definição de preços de
produtos novos que as empresas produtoras de medicamentos venham a comercializar no país, fixando
regras para a proposição e fixação de preços de fábrica. Acontece que os medicamentos que foram
objeto da auditoria que ensejou a citação da defendente não são novos, já são comercializados no país
e já têm preços de fábrica fixados pela CMED.
22.7.3 Tampouco há que se falar que as irregularidades e decorrentes débitos foram apontados
sem a exposição dos critérios utilizados. O achado de auditoria relativo aos superfaturamentos
discutidos, inserto no relatório de fiscalização (peça 58, p. 10-16, TC 037.283/2012-0), descreve toda
a metodologia e critérios utilizados para se apurar os débitos em questão. Por oportuno, transcrevem-
se trechos do achado de auditoria que demonstram a utilização de critérios que respaldam os débitos:
‘Nos termos do item 28 do Anexo I da Portaria 2.577/2006 do Ministério da Saúde (peça 56),
os gestores responsáveis pela compra de medicamentos de dispensação excepcional ‘deverão observar
os preços cobrados no mercado e o preço máximo permitido para venda, conforme regulamentação
vigente da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED, objetivando alcançar o
melhor benefício na aquisição’. Já o subitem 28.1 desta Portaria prescreve que ‘os responsáveis pelas

50
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

aquisições devem verificar, ainda, a aplicação dos benefícios fiscais que incidem sobre os
medicamentos, listados nos Convênios ICMS – CONFAZ vigentes’.
A denominação do Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional foi alterada
para Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, pela Portaria 2.981/2009 do Ministério
da Saúde (art. 2º) (peça 54), que então aprovou e regulamentou, no âmbito do Sistema Único de
Saúde, este Componente integrante do programa de assistência farmacêutica. Este normativo repisou,
no art. 48, as disposições anteriores da Portaria 2.577/2006 acerca da observância ao Preço Máximo
de Venda ao Governo fixado pela CMED e à aplicação dos benefícios fiscais que incidem sobre os
medicamentos, listados nos Convênios ICMS – CONFAZ vigentes.
As Resoluções CMED 4/2006 e 3/2011 (peça 51, p. 1-5 e 8-12) regulamentam os preços destes
medicamentos de dispensação excepcional destinados à Administração Pública. Dispõem sobre o
Coeficiente de Adequação de Preços – CAP, um desconto mínimo obrigatório a ser aplicado sempre
que forem realizadas vendas de alguns medicamentos destinados à Administração Pública, dentre os
quais se incluem os medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.
Anualmente a CMED edita comunicados com a relação destes produtos cujos preços serão
submetidos ao CAP.
A aplicação do CAP sobre o Preço Fábrica – PF resultará no Preço Máximo de Venda ao
Governo - PMVG, preço de referência para as compras públicas destes medicamentos, que é
calculado a partir da seguinte fórmula, conforme consta no sítio da Anvisa
(www.Anvisa.gov.br/regulacaodemercado/compraspublicas/perguntas e respostas):
a) Para aqueles medicamentos sobre os quais o CAP deve incidir, o PMVG é:
PMVG = PF * (1- CAP), onde:
PMVG = Preço Máximo de Venda ao Governo;
PF = Preço-fábrica;
CAP = Coeficiente de Adequação de Preço;
Observação: Desonerar o ICMS antes da aplicação do desconto, quando for o caso, então:
PMVG = (PF-ICMS) * (1- CAP),
b) Para aqueles medicamentos sem incidência do CAP:
PMVG = PF – ICMS
Para averiguar as ocorrências de superfaturamento na presente auditoria, compararam-se os
preços de referência dos medicamentos (PMVG) com os preços constantes nas notas fiscais de venda
de medicamentos especializados à SES-SE, constantes dos processos de pagamento disponibilizados à
equipe de auditoria, relativos aos exercícios de 2010 a 2012. (peças 13-26).
(...)
As tabelas dos preços dos medicamentos fixados pela Anvisa estão juntadas às peças 8 a 12 e
os cálculos dos débitos estão detalhados na tabela da peça 52.
Impende observar que incide sobre todos os medicamentos em exame a desoneração do ICMS,
haja vista que estão relacionados no Convênio CONFAZ 87/2002 (peça 50).
(...)
Ainda se observa que o valor do preço de fábrica – PF de cada medicamento foi retirado da
tabela CMED/Anvisa vigente no momento da liquidação da despesa, ou seja, da emissão da nota
fiscal e do fornecimento dos medicamentos (tabelas PF insertas nas peças 8-12). Nessas tabelas,
foram utilizados os PF 17% (com ICMS de 17%), abatendo-se este percentual do PF antes de
descontar o CAP, para se obter o PMVG, consoante a fórmula PMVG = (PF-ICMS) * (1- CAP) acima
colocada.
A CMED fixou os seguintes valores do CAP para cada exercício em exame, que foram
utilizados os cálculos do PMVG, de acordo com a data de emissão das notas fiscais: para 2008, CAP
de 24,92%, fixado pelo Comunicado CMED 15/2007 (peça 51, p. 6); para 2009, o mesmo CAP de
2008, 24,92%, já que não há comunicado da CMED que fixe outro valor para 2009, conforme
pesquisa no sítio eletrônico da Anvisa

51
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

(http://portal.Anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Pos+-+Comercializacao+-+Pos+-
+Uso/Regulacao+de+Marcado/Assunto+de+Interesse/Legislacao+da+CMED/Comunicados); para
2010, CAP de 22,85%, fixado pelo Comunicado CMED 1/2010 (peça 51, p. 7); para 2011, CAP de
24,38%, estabelecido pela Resolução CMED 3/2011 (peça 51, p. 8-12); para 2012, CAP de 21,87%,
fixado pelo Comunicado CMED 3/2012 (peça 51, p. 13).
Foi considerada como data do débito e ocorrência a data do pagamento constante das ordens
de saque e/ou ordens bancárias emitidas em favor dos fornecedores. A localização dos respectivos
documentos no processo está indicada na tabela constante da peça 52.’
22.7.4 Desta forma, sendo clara a utilização de devidos critérios para a apuração dos débitos,
não há que se falar em cerceamento do direito ao contraditório e à ampla defesa.
22.7.5 Outrossim, importa frisar que as falhas dos gestores públicos ao não observarem o
PMVG nos processos de aquisição não legitimam as vendas de medicamentos por parte dos
fornecedores a preços superiores aos máximos permitidos pelo governo. Como já dito, os
distribuidores e fabricantes de medicamentos estão obrigados a observar o PMVG.
22.7.6 Ainda cabe pontuar que, ao contrário do alegado, a Majela Hospitalar Ltda. praticou
preço superior ao PMVG em venda à Secretaria de Saúde de Sergipe, conforme dados detalhados do
débito (peça 53, p. 11, TC 037.283/2012-0).
22.7.7 Ante todo o exposto, não se acolhem as alegações de defesa apresentadas pela empresa
Majela Hospitalar Ltda., permanecendo as irregularidades a ela atribuídas no presente processo
(originalmente apontadas pelo Relatório de Fiscalização da auditoria de conformidade – peça 58 do
TC 037.283/2012-0), e, por conseguinte, os respectivos débitos.
22.7.8 Mesmo que o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais decorrente da inobservância da isenção do imposto prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, não devem ser acolhidas as alegações de defesa desta empresa, pois,
conforme analisado no item 16.12.19, os respectivos débitos não sofrem alterações, já que esta
empresa não destacou o ICMS nas notas fiscais, consignando no documento fiscal que a operação é
isenta do imposto, não havendo, portanto, ICMS a desconsiderar do débito.
23. RESPONSÁVEIS: ATMA PRODUTOS HOSPITALARES LTDA. (CNPJ
41.118.886/0001-50) E ELFA MEDICAMENTOS LTDA. (CNPJ 09.053.134/0001-45)
23.1 Cumpre observar inicialmente que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara não atribuiu
nenhuma irregularidade a estas empresas, que apenas foram citadas em decorrência dos fatos
apontados na auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0).
23.2 Ainda se observa que as duas empresas apresentaram defesa em conjunto e autuada em
duplicidade (peças 218 e 219), motivo pelo qual se analisa somente o primeiro documento.
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
23.3 Irregularidades: vendas de medicamentos à Secretaria de Saúde de Sergipe por preços
acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG
23.4 Argumentos: (peça 218; p. 2-19)
23.4.1 A responsabilização pelo dano supostamente causado ao erário público não é de
responsabilidade desta defendente, mas sim dos gestores públicos em comento. Registra-se que as
defendentes cumpriram os requisitos dos editais licitatórios quanto à formação dos preços.
23.4.2 Não restou violado o art. 15, inciso V, da Lei de licitações, posto que, todas as
aquisições foram feitas dentro dos parâmetros de preços praticados no âmbito de órgãos e entidades
da Administração Pública; para tanto, eram realizadas pesquisas e consultas de preços no SICAF –
Sistema de Cadastramento de Fornecedores, ao Guia de Farmácia – ABCFARMA e ao BRASÍNDICE,
tendo inclusive o ordenador de despesas, à época das aquisições, feito comparação de preços junto a
diversos órgãos, cujas instituições procederam aquisições de medicamentos em preços superiores aos
praticados pelas defendentes. Basta consultar as ditas aquisições, junto aos referidos órgãos estatais e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

confrontá-los com os preços praticados por estas defendentes nas vendas ao estado de Sergipe, como
prova de que não havia sobrepreço praticado por esta defendente, com a devida obediência ao PMVG.
23.4.3  A fiscalização do TCU não comparou os preços praticados com os preços registrados
no SICAF, ABCFARMA, BRASÍNDICE e CMED, o que caracteriza arbitrariedade e cerceamento de
defesa.
23.4.4 Vislumbramos inconsistências quanto à apuração do PMVG versado por esta auditoria,
uma vez que se considerou uma operação bilateral, onde o fabricante venderia direto à Administração
Pública, o que não é o caso em comento, onde há um terceiro interveniente, que são justamente as
defendentes, que ao adquirirem os produtos vendidos junto aos laboratórios fabricantes, os comprou
sem aplicação de qualquer dos mecanismos criados para vendas realizadas à Administração Pública,
tais como aplicação do CAP, Preço Fábrica, dentre outros.
23.4.5 Os valores de PMVG levantados na auditoria não condizem com a realidade fática, uma
vez que que as defendentes adquiriam os produtos dos fabricantes a preços superiores que os
apontados PMVG, como atestam as notas fiscais de entrada dos medicamentos. Ademais, os preços
praticados só foram possíveis por conta de desconto comercial concedido pelo laboratório fabricante,
para que as defendentes pudessem concorrer com preços mais baixos do que os praticados no
mercado à época.
23.4.6 Além da ocorrência acima citada, referente aos preços praticados pelos laboratórios e
pelas defendentes, que demonstram a improcedência dos valores de PMVG tabulados na auditoria,
considerando que em alguns casos encontram-se abaixo dos preços de aquisição, acrescentam-se
outros questionamentos específicos para alguns produtos mencionados na fiscalização:
 a) o medicamento Evista 60mg (Raloxifeno) não está sujeito à aplicação do CAP, não
constando em lista regulada pela CMED;
 b) a auditoria listou produto que não está sujeito ao CAP (Donepezila), alegando que deveria
ser desonerado de ICMS; porém pode ser verificado nas notas fiscais que essas vendas foram
procedidas sem a tributação do imposto, não havendo razão para a devolução de valores a este título.
23.4.7 Portanto, não é razoável considerar que certos preços estão superfaturados, utilizando,
de forma isolada, o preço apurado de um único e determinado critério, sem levar em conta uma faixa
de normalidade.
23.4.8 Por outro lado, trazemos a colação planilhas de comparação de preços, cujo teor nos
revela, primeiro, a inexistência de sobrepreço; segundo, a comprovação de que a Administração
obteve considerável vantagem nas aquisições, isto se levarmos em consideração os preços nelas
apresentados, bem como os preços que serviram de parâmetros para aferição.
23.4.9 No presente caso, as defendentes Atma e Elfa insurgem-se em razão do fato de que os
preços admitidos pela Secex-SE foram tomados sem se considerar os custos decorrentes da
comercialização no estado de Sergipe, ou seja, foram tomados a partir de valores médios praticados
pelos laboratórios, sem se considerar as variações regionais que impõem alterações pontuais a tais
preços, e, mais ainda, a Secex-SE desconsiderou como parâmetros de aferição de preços, os
quantitativos comercializados.
23.4.10 A fiscalização preferiu levantar preços em sites da internet, sem trazer as notas fiscais
dos preços pesquisados e sem considerar os quantitativos, especificação, marca e origem dos
fármacos, ou verificar se se tratam de medicamento ético, similar ou genérico. Nem foi apontado se
nos preços estão incluídos custos relativos a encargos, impostos, frete, custo operacional, tampouco se
os produtos adquiridos são exclusivos. Nem foi considerado o preço local à época da aquisição e
outros fatores relevantes para se chegar ao real preço de mercado e ao preço adquirido pela
Secretaria de Saúde.
23.4.11 Com efeito, além dos vícios descritos nos parágrafos anteriores, verifica-se claramente
que os levantamentos efetuados pela auditoria foram incompletos e insuficientes, posto flagrante o
descompasso entre os produtos adquiridos e os produtos pesquisados, bem como a divergência do

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

quantitativo de produtos informados na pesquisa e a quantidade de produtos adquiridos pela


Secretaria.
23.4.12 Em suma, a auditoria errou ao não comparar os preços praticados com os de mercado.
23.4.13 Cumpre destacar o Acórdão 1.437/2007-TCU-Plenário e respectivo voto do Relator
(TC 017.168/2007-5), onde este Tribunal pronunciou entendimento de modo favorável aos argumentos
trazidos pelas defendentes.
23.4.14 Um outro fator importantíssimo que deve ser levado em consideração por Vossa
Excelência é que o segmento comercial da defendente é de vender produtos éticos, que tem origem
controlada pelo Governo Federal e, portanto, possuem as defendentes compromisso com a qualidade
na venda de produtos de marca, diferentemente dos produtos que serviram de parâmetros para a
comparação da Secex-SE, ou seja, foi levado em conta apenas o preço do medicamento e não a marca
e a sua procedência.
23.4.15 Há de se observar um fato importante, é que, a defendente jamais concorreu para as
dispensas de licitação, nem tão pouco se beneficiou de tais situações, sempre buscando participar dos
pregões realizados e por ela vencidos, quando na via contrária sempre evitava a contratação direta.
Em muitas das vezes as defendentes foram procuradas para apresentar propostas para participação
de dispensas e recusaram-se a fornecer e até mesmo a participar de tais aquisições, pois a
inadimplência da Secretaria era enorme, o que não gerava confiança no recebimento de eventual
venda que viesse a ser realizada, tanto é que, até hoje, a defendente encontra-se com um crédito em
aberto.
23.4.16 Ante tudo que foi aqui arrazoado através do caderno comprobatório que ora faz juntar
aos autos, tais como Notas Fiscais, Notas de Empenho, Registros de Preços no SICAF, planilhas, não
merecem prosperar as frágeis alegações de suposto sobrepreço na venda de medicamentos destas
defendentes ao estado de Sergipe. Desta forma, requerem:
 a) a declaração da nulidade do procedimento, em face do cerceamento de defesa gerado pela
falta de sintonia entre os levantamentos realizados pela Secex-SE e as provas dos autos;
 b) a produção de prova pericial, no sentido de comparar os preços praticados com os preços
constantes na listagem do SICAF, à época das aquisições;
 c) superado o pedido de nulidade, o acolhimento das alegações de defesa.
23.5  Análise:
23.5.1 Os argumentos carreados não procedem. Em primeiro lugar, cumpre observar que o
edital não é regra absoluta de uma licitação, pois não pode conter disposições contrárias ao
ordenamento jurídico. Ademais, para sua validade, não basta que observe os ditames da Lei
8.666/1993, mas todos os princípios e dispositivos normativos que norteiam a Administração e as
aquisições públicas.
23.5.2 No caso, houve uma falha nos editais das licitações em questão, pois não exigiram que
as propostas dos licitantes observassem os preços máximos de venda ao governo. Não obstante, o
viciado edital praticado pelos gestores públicos não pode servir de escusa para a prática de atos
ilícitos por parte dos licitantes.
23.5.3 Desta forma, era dever dos fornecedores observar o PMVG, como determina os
normativos que regem a matéria, seja ao participar da licitação, seja ao contratar com a
Administração e faturar os medicamentos.
23.5.4 A propósito, como já dito, os fornecedores de medicamentos sujeitam-se às regras
impostas pela Lei 10.742/2003 e aos preços máximos de venda fixados pelo governo, seja para venda
ao setor privado ou público, sob pena de sofrerem as sanções previstas no art. 56 do Código de Defesa
do Consumidor, conforme prescrito no art. 8º da Lei 10.742/2003. Ressalta-se que as referidas
sanções vão desde a aplicação de multa até a interdição total do estabelecimento.
23.5.5 E, nos termos do art. 8º, caput, da Resolução CMED 4/2006, e o art. 7º, caput, da
Resolução CMED 3/2011, o descumprimento à aplicação do CAP sobre o preço de fábrica, nas vendas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

ao governo dos medicamentos especializados, sujeita o infrator àquelas sanções previstas na Lei
10.742/2003.
23.5.6 Frise-se que a irregularidade apontada não se relaciona com preços praticados pelo
mercado, nem com preços registrados no SICAF, ABCFARMA e BRASÍNDICE, mas com o
descumprimento dos preços máximos de venda ao governo – PMVG fixados pela CMED. Desta forma,
a única comparação que é devida para a apuração dos débitos apontados, e que foi realizada pela
auditoria, é a dos preços praticados pelos fornecedores com o PMVG fixado pela CMED.
23.5.7 Ressalta-se que o PMVG é um valor estabelecido para todo o país, divulgado em listas
da CMED, que não varia em função de custos e encargos específicos de mercado local ou de
fornecedor. Tampouco reflete no PMVG o preço que o fabricante vendeu ao distribuidor, pois a
multicitada regra é clara ao impor que a venda ao governo deve respeitar o citado limite de preço.
23.5.8 Caso o distribuidor concluísse que não poderia respeitar o preço máximo, sob pena de
arcar com prejuízos na venda, não deveria ter participado da licitação, nem ter contratado com a
Administração. Gize-se que a livre iniciativa é princípio fundamental da república brasileira,
conforme declarado no art. 1º da Constituição Federal, não estando o defendente forçado a realizar
qualquer venda.
23.5.9 Sobre o medicamento Raloxifeno 60mg, insta observar que, ao contrário do alegado, o
mesmo estava sujeito à aplicação do CAP por ocasião de sua venda, que ocorreu em 10/2/2010, data
de emissão da respectiva nota fiscal da Atma (peça 26, p. 13). Nesta data estava em vigência o rol de
medicamentos listados no Comunicado 10/2009 da CMED (peça 49, p. 12-18, TC 037.283/2012-0),
constando de sua relação o Raloxifeno 60 mg, o que comprova a referida sujeição ao CAP.
23.5.10 Já acerca do produto Donepezila vendido pela Elfa, de fato, não consta das listas de
medicamentos sujeitos à aplicação do CAP, mas isto foi observado nos cálculos do débito em questão,
conforme dito pela própria defendente, estando consignado na tabela que indica os débitos (peça 53,
p. 7, TC 037.283/2012-0). Por outro lado, era obrigatória a desoneração do ICMS, pois este
medicamento consta da relação do Convênio CONFAZ 87/2002 que impõe a isenção do imposto (peça
50, p. 16). Desta forma, foram utilizados os preços de fábrica desonerados de ICMS, vigentes à época
das vendas, seguindo os critérios transcritos no item 22.7.3. Assim, chegou-se aos valores de PMVG
insertos na citada tabela de débitos, os quais, por serem menores que os praticados pela Elfa, dão azo
aos débitos apontados.
23.5.11 Frise-se que a Elfa não destacou em suas notas fiscais o ICMS, inclusive registrando
no documento fiscal que a operação é isenta do imposto. Desta forma, mesmo que o Tribunal entenda
que não deve ser considerado no débito o ICMS recolhido pelo fornecedor, permanece o mesmo valor
do débito calculado na auditoria, já que não houve o citado recolhimento.
23.5.12 Tampouco pode-se dizer que o Acórdão 1.437/2007-TCU-Plenário e respectivo voto do
Relator (TC 017.168/2007-5) são favoráveis aos argumentos trazidos pelas defendentes. Por
oportuno, cabe transcrever trecho do citado voto, que observa a tentativa frustrada de o setor
farmacêutico impugnar os normativos da CMED, consignando-se a necessidade da adoção de
providências que visem a garantir a observância dos devidos descontos nas aquisições públicas de
medicamentos (peça 218, p. 14):
‘16. Por certo que houve reação da indústria farmacêutica que tentou, via judicial, impugnar
os normativos expedidos pela CMED. Dessa forma, a Associação da Indústria Farmacêutica de
Pesquisa – Interfarma ingressou no STJ com mandado de segurança contra a Resolução 4/2007. É
claro que eventual sucesso da lnterfarma nessa demanda colocaria por terra a tão buscada fixação de
critérios de aceitação de preço. Dessa forma, orientei minha assessoria a acompanhar o deslinde da
questão. Eis que notícia alvissareira chegou no dia 27 de junho, data em que o Superior Tribunal de
Justiça apreciou o processo e, em julgamento da Primeira Seção, por unanimidade, denegou a
segurança, conforme certidão de julgamento que fiz juntar à fl. 95.
17. Vê- se, portanto, que a normatização que fixa preços e estabelece a obrigatoriedade de
desconto mínimo a ser praticado na aquisição de produtos fármacos está posta no ordenamento

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

jurídico. Resta adotar providências que visem garantir a observância dessas regras por parte dos
administradores públicos e a sua utilização por parte dos sistemas de controle, no intuito de que o seu
cumprimento previna as nefastas situações de dispêndio indevido de dinheiros públicos com o
pagamento de preços exorbitantes praticados pelas empresas do setor.’
23.5.13 No mais, as defendentes permanecem no plano das alegações, aduzindo que vendem
medicamentos éticos, que não participaram de vendas diretas da Secretaria de Saúde de Sergipe, que
supostamente se encontra inadimplente, fatores alheios à apontada obrigatoriedade de observância do
PMVG, motivo pelo qual não são aptos a elidir as irregularidades.
23.5.14 Ante todo o exposto, não se acolhem as alegações de defesa apresentadas em conjunto
pelas empresas Atma Produtos Hospitalares Ltda. e Elfa Medicamentos Ltda., permanecendo as
irregularidades a elas atribuídas no presente processo (originalmente apontadas no Relatório de
Fiscalização da auditoria de conformidade – peça 58 do TC 037.283/2012-0), bem como os
respectivos débitos.
23.5.15 Mesmo que o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais, decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, não devem ser acolhidas as alegações de defesa destas empresas, pois,
conforme analisado no item 16.12.19, os respectivos débitos não sofrem alterações, já que estas
empresas não destacaram o ICMS nas notas fiscais, consignando no documento fiscal que a operação
é isenta do imposto, não havendo, portanto, ICMS a desconsiderar do débito.
24. RESPONSÁVEL: CRISFARMA COMÉRCIO REPRESENTAÇÕES E SERVIÇOS
LTDA. (CNPJ 32.734.295/0001-16)
24.1 Cumpre observar inicialmente que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara não atribuiu
nenhuma irregularidade a esta empresa, que apenas foi citada em decorrência dos fatos apontados na
auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0).
IRREGULARIDADES APONTADAS PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
24.2 Irregularidades: vendas de medicamentos à Secretaria de Saúde de Sergipe por preços
acima do Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG
24.3 Argumentos: (peça 151, p. 1-5)
24.3.1 É preciso esclarecer que em momento algum foi intenção da empresa ora citada agir em
desacordo com a legislação que rege a comercialização de medicamentos ou mesmo agir com má-fé
de modo a prejudicar o erário e mesmo os gestores.
24.3.2 A empresa observou as condições do edital licitatório e respectivos preços de referência,
sendo o órgão público responsável pelo procedimento licitatório que fixou o preço máximo de venda
em desacordo com a tabela elaborada pela CMED. Ademais, os editais não traziam a obrigatoriedade
de cumprir o PMVG.
24.3.3 Considerado que o edital é a lei da licitação, não pode o TCU querer exigir a devolução
de valores decorrentes de vendas lícitas, posto que obedeceram o edital.
24.3.4 Toda exigência que não as contidas na Lei 8.666/1993 e no edital são ilegais, devendo-
se, inclusive, restringir as exigências de qualificação ao mínimo necessário para se assegurar a
execução satisfatória do contrato, com o objetivo de buscar a ampla competitividade e a proposta
mais vantajosa para a Administração.
24.3.5 No que diz respeito à empresa ora notificada, o CAP foi aplicado em todos os vendidos
para o estado de Sergipe.
24.3.6 Quanto à desoneração do ICMS, essa também não pode prosperar, posto que, quando
não foi repassada ao estado de Sergipe, foi decorrente de fatos alheios a sua vontade, o que em nada
faz concluir que houve suposto superfaturamento de preços.
24.3.7 Ademais, quando o desconto do ICMS não foi repassado, foi oportunamente recolhido
aos cofres do estado de Sergipe através do recolhimento do ICMS pelo regime normal de tributação.
24.3.8 Com essas considerações, pugna pela improcedência das acusações.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

24.4 Análise:
24.4.1 Os argumentos carreados não procedem, utilizando-se a análise anterior, colocada nos
itens 23.5.1 a 23.5.5, para afastar seus argumentos principais.
24.4.2 Outrossim, em que pese a defendente ter afirmado que aplicou o CAP nas vendas em
questão, não apresenta objetivamente elementos que afastem os valores do PMVG apresentados na
auditoria, os quais, por serem inferiores aos praticados pelo fornecedor, como se verifica nos autos da
auditoria (peça 53, p. 9-10, TC 037.283/2012-0), evidenciam o débito. Tampouco a empresa rebate os
critérios utilizados na auditoria para o cálculo do PMVG, acima transcritos no item 22.7.3.
24.4.3 Acerca do suposto recolhimento do ICMS, já concluímos que a não aplicação da
isenção prevista no Convênio CONFAZ 87/2002, por parte do fornecedor, enseja débito, em razão de
ter dado causa ao desvio dos recursos do Fundo Nacional da Saúde para os cofres estaduais,
conforme analisado no item 16.12.
24.4.4 Não obstante, considerando a comentada divergência entre deliberações do Tribunal
que tratam da matéria, e que a Crisfarma destacou o ICMS nas notas fiscais de fornecimento,
observa-se que, caso o Tribunal decida de forma diferente ao proposto no presente caso, as
respectivas parcelas devem ser desconsideradas do débito, prevalecendo os valores recalculados
insertos nas tabelas do item 16.12.19.
24.4.5 Ante o exposto, não se acolhem as alegações de defesa carreadas pela Crisfarma
Comércio, Representações e Serviços Ltda.
24.4.6 Cabe observar que a Crisfarma, após a apresentação de sua defesa, recolheu o débito a
ela atribuído, corrigido monetariamente, conforme análise a seguir. Não obstante, em face do não
acolhimento de suas alegações de defesa, o que implica em sua condenação, e não se vislumbrando no
caso a boa-fé, conforme analisado adiante na conclusão, está obrigada a pagar os juros de mora, nos
termos do art. 202, § 1º, do Regimento Interno do TCU. Desta forma, subsiste o débito, a ser
calculado com os devidos juros, abatendo-se deste os valores já recolhidos aos cofres do Fundo
Nacional de Saúde.
24.5 Argumentos: (peça 235)
24.5.1 Não obstante a Crisfarma ter encaminhado a defesa acima colocada, requer o
arquivamento do processo, considerando que recolheu aos cofres do Fundo Nacional de Saúde,
mediante as Guias de Recolhimento da União e comprovantes de pagamento juntados, as duas dívidas
a ela atribuídas pelo expediente citatório, com as devidas correções monetárias.
24.6 Análise:
24.6.1 A Crisfarma foi citada pelo Ofício 0365/2013-TCU/SECEX-SE, de 7/5/2013 (peça 131).
Não obstante a empresa ter encaminhado defesa (peça 151), recolheu aos cofres do Fundo Nacional
de Saúde, mediante as Guias de Recolhimento da União juntadas às peças 230 e 231, as duas dívidas
a ela atribuídas pelo expediente citatório (peça 131, p. 3-4), acrescidas de correção monetária,
conforme demonstrativos de débitos juntados às peças 243 e 244.
24.6.2 Porém, em face da rejeição de suas alegações de defesa, permanece obrigada a pagar
os juros de mora, conforme analisado acima.
24.6.3 Desta forma, subsiste o débito indicado na auditoria, a ser calculado com os devidos
juros, abatendo-se deste os valores já pagos. Observa-se que, por este débito residual, respondem em
solidariedade com a empresa: o Sr. Rogério Carvalho Santos e a Sra. Mônica Sampaio de Carvalho,
em relação à dívida 1 (peça 131, p. 3), e o Sr. Antônio Carlos Guimarães de Sousa Pinto, em relação à
dívida 2 (peça 131, p. 4).
24.6.4 Ante todo o exposto, não se acolhem as alegações de defesa carreadas pela Crisfarma
Comércio, Representações e Serviços Ltda., permanecendo as irregularidades a elas atribuídas no
presente processo (originalmente apontadas no Relatório de Fiscalização da auditoria de
conformidade – peça 58 do TC 037.283/2012-0), bem como os respectivos débitos, ressalvando-se que
se devem deduzir da dívida os valores já recolhidos.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

24.6.5 Porém, caso o Tribunal venha a entender que não deve ser considerado como débito o
ICMS lançado nas notas fiscais, decorrente da inobservância da isenção do ICMS prevista no
Convênio CONFAZ 87/2002, devem ser acolhidas as alegações de defesa a Crisfarma, pois, conforme
os valores recalculados dos débitos colocados na tabela do item 16.12.19, restam elididos os débitos a
ela atribuídos (citações 7 e 8 da tabela).
25. RESPONSÁVEL: ESTADO DE SERGIPE (CNPJ 00.407.523/0001-57)
25.1 Cumpre observar inicialmente que o Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara não atribuiu
nenhuma irregularidade ao estado de Sergipe, que apenas foi citado em decorrência do desvio de
finalidade apontado na auditoria de conformidade (TC 037.283/2012-0).
IRREGULARIDADE APONTADA PELA AUDITORIA DE CONFORMIDADE (TC
037.283/2012-0)
25.2 Irregularidade: compra, com recursos do FNS, de produtos não previstos no Grupo 1B do
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Anexo I da Portaria Ministério da Saúde
2.981/2009), caracterizando desvio de finalidade.
25.3 Argumentos: (peça 262, p. 3-8)
25.3.1 Após expor breve síntese da imputação (peça 262, p. 1-2), o estado de Sergipe, por meio
da Procuradoria-Geral do Estado, alega inicialmente que a assistência farmacêutica é dever
compartilhado entre todos os entes da federação, que não se poderia limitar a responsabilidade da
União ao financiamento dos fármacos previstos no Grupo 1 do Componente Especializado de
Assistência Farmacêutica – CEAF, motivo pelo qual seria possível a utilização de recursos federais
para aquisição de medicamentos não incluídos no Grupo 1B (Anexo I da Portaria Ministério da Saúde
2.981/2009).
25.3.2 Pondera que os três grupos de medicamentos que fazem parte do CEAF, cuja
responsabilidade pelo fornecimento de cada grupo foi delineada no art. 9º da Portaria MS 2.981/2009
(Grupo 1 – responsabilidade da União; Grupo 2 – responsabilidade dos estados e DF; Grupo 3 –
responsabilidade dos Municípios) não contemplando todos os medicamentos e produtos farmacêuticos
fornecidos pelo SUS.
25.3.3 Afirma que, apesar de os produtos adquiridos pelo estado de Sergipe não estarem
incluídos no Grupo 1B do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, eles também não
compõem os Grupos 1A, 2 e 3 deste mesmo Componente.
25.3.4 Assim, entende que não se pode imputar ao estado de Sergipe a responsabilidade de
adquirir, com recursos próprios, os questionados produtos, pois se fosse entender que o elenco do
Grupo 1B fosse taxativo, deveria ser atribuído o mesmo caráter ao rol do Grupo 2.
25.3.5 Nesse sentido, infere que restringir a responsabilidade da União na assistência
farmacêutica devida pelo SUS ao financiamento dos medicamentos arrolados no Grupo 1 acarretaria
uma situação de manifesto desequilíbrio entre os entes federativos em desfavor dos Estados-Membros,
que sofreriam ônus muito superiores as suas capacidades financeiras.
25.3.6 Para corroborar sua tese, apresenta manifestação da Secretaria de Estado da Saúde,
que, em apertada síntese, expõe os seguintes aspectos:
 a) o estado de Sergipe cotidianamente fornece insumos exames básicos que são de
responsabilidade dos municípios, o que dificulta ao estado o desempenho do papel que lhe cabe;
 b) 30% dos pacientes atendidos pelo estado não são sequer contemplados por medicamentos,
procedimentos e serviços estabelecidos na Política Nacional de Saúde;
 c) além de 264 tipos de medicamentos especializados que o estado de Sergipe tem a obrigação
de fornecer, outros 100 são dispensados pelo estado por força de decisões judiciais, cujo número tem
aumentado muito nos últimos anos;
 d) esse processo de judicialização da política de saúde (cuja maior parte da demanda é
custeada com recursos do estado – 85%) prejudica a coletividade, pois, em 2012, foram destinados 10
milhões de reais para atender menos de 1.000 usuários por demandas judiciais, deixando 17,8 milhões
de reais para atender o resto de todo o público atendido pelo SUS no estado;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

 e) já a dispensação de fórmulas alimentares e das insulinas decorre de Termo de Ajustamento


de Conduta firmado com o Ministério Público Federal, que moveu ação contra o estado para fornecer
tipos de insulinas que não são contempladas pelo Ministério da Saúde.
25.3.7 Nesse contexto, observa que os estados não possuem capacidade financeira para,
sozinhos, arcarem com os custos do dever de assistência farmacêutica, em face do crescimento
exponencial do número de ações judiciais relacionadas ao fornecimento de medicamentos e do
limitado rol de fármacos estabelecidos pela Portaria 2.981/2009, que não satisfaz a demanda da
população.
25.3.8 Assere que, caso adotada por esta Corte a interpretação conferida no Relatório de
Fiscalização à Portaria 2.981/2009, ao limitar em demasia a responsabilidade da União,
sobrecarregaria os estados muito além da sua capacidade de financiar o direito à saúde, o que, por
conseguinte, criaria gravíssimos entraves ao cumprimento desse dever estatal. Isso porque os custos
decorrentes do fornecimento de medicamentos não previstos na Portaria 2.981/2009, inclusive por
força de decisões judiciais, recairiam integralmente sobre os estados, ficando a União isenta dessa
responsabilidade, a qual, nos termos da Constituição Federal, deve ser compartilhada por todos os
entes de Federação.
25.3.9 Dessa forma, concluindo que não há como sustentar que os produtos farmacêuticos
previstos no Grupo 1 do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica sejam os únicos
passíveis de financiamento pela União, pugna pela improcedência do discutido desvio de finalidade.
25.4 Análise:
25.4.1 Os argumentos carreados pelo estado de Sergipe não prosperam, como se verá a seguir.
25.4.2 A Constituição Federal de 1988 estabeleceu no art. 198, caput, que as ações e serviços
públicos de saúde no país integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único, o chamado SUS, que apresenta como uma de suas diretrizes a descentralização, com direção
única em cada esfera de governo (inciso I).
25.4.3 Como bem colocado pelo responsável, o financiamento do Sistema Único de Saúde,
incluindo as ações do Programa de Assistência Farmacêutica, é dever compartilhado entre todos os
entes da federação, como prevê o § 1º do referido art. 198 da Magna Carta.
25.4.4 Porém esse compartilhamento de deveres segue diretrizes e prioridades das políticas,
programas e planos de saúde, que definem, de forma pactuada, a divisão de responsabilidades entre
os níveis de governo (federal, estadual e municipal).
25.4.5 A Lei 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde) atribui à direção nacional do SUS a
responsabilidade de elaborar o planejamento estratégico nacional no âmbito do SUS em cooperação
com os estados, municípios e Distrito Federal (art. 165, inciso XVIII).
25.4.6 No que diz respeito à Política Nacional de Assistência Farmacêutica, a Resolução
338/2004 do Conselho Nacional de Saúde estabelece como um de seus eixos estratégicos a
‘descentralização das ações, com definição das responsabilidades das diferentes instâncias gestoras,
de forma pactuada e visando a superação da fragmentação em programas desarticulados’.
25.4.7 E com base nos princípios e eixos estratégicos definidos pela Política Nacional de
Assistência Farmacêutica, a Portaria MS 2.981/2009, vigente à época da fiscalização, regulamentou e
aprovou, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica – CEAF.
25.4.8 O CEAF, de acordo com o art. 8º da Portaria MS 2.981/2009, é uma estratégia de
acesso a medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde, caracterizado pela busca da garantia
da integralidade do tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cuidado estão
definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – PCDT, publicados pelo Ministério da
Saúde. Assim, no âmbito do CEAF, os medicamentos devem ser dispensados para os pacientes que se
enquadrarem nos critérios firmados no respectivo PCDT, cujo objetivo é o estabelecimento dos
critérios de diagnóstico de cada doença, do algoritmo de tratamento das doenças com as respectivas

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

doses adequadas e os mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do


tratamento e a supervisão de possíveis efeitos adversos.
25.4.9 De acordo com o parágrafo único do referido art. 8º, ‘o acesso aos medicamentos que
fazem parte das linhas de cuidado para as doenças contempladas no âmbito deste Componente será
garantido mediante a pactuação entre a União, estados, Distrito Federal e municípios, conforme as
diferentes responsabilidades definidas nesta Portaria’.
25.4.10 Os medicamentos fornecidos pelo Programa foram divididos em três grupos, ficando
os do Grupo 1 sob responsabilidade da União, os do Grupo 2 sob responsabilidade dos Estados e
Distrito federal, os do Grupo 3 sob responsabilidade dos Municípios e Distrito Federal (art. 9º da
Portaria MS 2.981/2009).
25.4.11 Já conforme o art. 18 dessa Portaria, ‘a ampliação de cobertura para medicamentos
no âmbito do CEAF ocorrerá mediante os critérios estabelecidos pela Comissão de Incorporação de
Tecnologias do Ministério da Saúde (CITEC/MS), conforme ato normativo específico e pactuação na
Comissão Intergestores Tripartite (CIT)’, que é instância colegiada de articulação, negociação e
pactuação entre os gestores de saúde das três esferas de governo para a regulamentação e a
operacionalização das políticas públicas de saúde no âmbito do SUS, nos termos do art. 14-A da Lei
8.080/1990, e do Decreto 7.508/2011.
25.4.12 O § 2º do art. 18 estabelece que ‘a responsabilidade pelo financiamento das
incorporações (de novos medicamentos, de ampliação de cobertura para medicamentos já
incorporados e incorporações de novas concentrações e/ou apresentações farmacêuticas) deverá ser
pactuada no âmbito da CIT, respeitando-se a manutenção do equilíbrio financeiro entre as esferas de
gestão e a garantia da linha de cuidado da doença’.
25.4.13 Como se vê, a ampliação de cobertura para medicamentos do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica, bem como a definição da responsabilidade pelo
respectivo financiamento, não se pode dar de forma unilateral, por decisão do estado de Sergipe, mas
mediante pactuação na Comissão Intergestores Tripartite e observância aos critérios estabelecidos
pela Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde.
25.4.14 Desta forma, não merece acolhida a alegação de que o estado de Sergipe poderia
adquirir, com os recursos do CEAF, fármacos ou outros insumos que não estão incluídos no Programa
de Assistência Farmacêutica.
25.4.15 Ressalta-se que, em face da natureza limitada dos recursos disponíveis nos orçamentos
públicos, os programas de governo precisam estabelecer critérios e eleger prioridades no atendimento
à população.
25.4.16 Ademais, cabe notar que, nos termos do art. 36 da Lei 8.080/2009, o processo de
planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o
federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de saúde
com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos municípios, dos estados, do Distrito
Federal e da União.
25.4.17 O § 1º desse artigo acrescenta que os planos de saúde são a base das atividades e
programações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), e seu financiamento será
previsto na respectiva proposta orçamentária. E o § 2º veda a transferência de recursos para o
financiamento de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações emergenciais ou de
calamidade pública, na área de saúde.
25.4.18 Como o estado de Sergipe não apresentou nenhuma dessas situações excepcionais, não
haveria como o Fundo Nacional de Saúde repassar recursos ao estado para financiar medicamentos
não previstos no Programa de Assistência Farmacêutica.
25.4.19 Tampouco aproveita ao estado de Sergipe os suscitados Termos de Ajustamento de
Conduta acordados com o Ministério Público Federal, nem as citadas decisões judiciais que impõem
o fornecimento de medicamentos não contemplados no CEAF. A uma, porque não consta na defesa do
responsável que a União seja partícipe em qualquer dessas ações, motivo pelo qual não se pode exigir

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sua condenação, sob pena de flagrante desrespeito ao devido processo legal. A duas, porque, fora do
âmbito do judiciário, qualquer definição de responsabilidade pelo financiamento dos fármacos
dispensados mediante essas demandas judiciais deveria ser pactuada no âmbito da Comissão
Intergestores Tripartite, conforme já analisado.
25.4.20 Ante o exposto, não se acolhem as alegações de defesa apresentadas, restando
caracterizado o apontado desvio de finalidade.
25.5  Argumentos: (peça 262, p. 8-12)
25.5.1 Em sua segunda linha de defesa, o estado de Sergipe alega que os recursos do Fundo
Nacional de Saúde são distribuídos aos entes federativos segundo o quociente de sua divisão pelo
número de habitantes, independentemente de qualquer procedimento prévio, e que uma vez
transferidos ao estado, esses recursos passam a compor o Fundo Estadual de Saúde, podendo ser
utilizados livremente no financiamento dos serviços de saúde prestados pelo estado de Sergipe.
25.5.2 Assim, afirma que não é correto o entendimento inserto no relatório de fiscalização de
que os recursos oriundos de transferências fundo a fundo, da União para o estado de Sergipe, devem
ser aplicados apenas na aquisição de medicamentos que fazem parte do Grupo 1B do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica.
25.5.3 Em outras palavras, assere que, ainda que o rol de medicamentos do Grupo 1B fosse
taxativo, nada impediria que outros medicamentos fossem adquiridos pelo estado com recursos do
Fundo Nacional de Saúde transferidos ao Fundo Estadual de Saúde na forma dos artigos 35, § 1°, da
Lei 8.080/1990 c/c art. 3°, § 1°, da Lei 8.142/1990.
25.5.4 Para reforçar sua tese, aduz que os recursos destinados ao custeio dos medicamentos
incluídos no Grupo 1B são repassados segundo forma e parâmetros específicos, diversos daquele
previsto no § l° do art. 35 da Lei 8.080/1990, cuja base é a média das APAC emitidas e aprovadas
conforme critérios e valores de referência indicados para o Grupo 06, Subgrupo 01, da Tabela de
Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde,
nos termos dos artigos 63 e 64 da Portaria MS 2.961/2009.
25.6 Análise:
25.6.1 Os argumentos não procedem, pois esta Corte de Contas, desde a Decisão
506/1997-TCU-Plenário, firmou o seguinte entendimento sobre a matéria em questão:
‘...os recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde – SUS, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, constituem recursos federais e que, dessa forma, estão sujeitos à
fiscalização desta Corte as ações e os serviços de saúde pagos à conta desses recursos, quer sejam os
mesmos transferidos pela União mediante convênio, quer sejam repassados com base em outro
instrumento ou ato legal’ (grifos acrescidos).
25.6.2 Em relação ao controle externo, a competência para a fiscalização dos recursos federais
que compõem o SUS é dada ao TCU pela Constituição (art. 71, VI), explicitada pelo art. 3º do Decreto
1.232/1994:
‘ Art. 3º Os recursos transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde serão movimentados, em
cada esfera de governo, sob a fiscalização do respectivo Conselho de Saúde, sem prejuízo da
fiscalização exercida pelos órgãos do sistema de Controle Interno do Poder Executivo e do Tribunal
de Contas da União.’ (grifos acrescidos)
25.6.3 Ainda, impende observar que os recursos federais transferidos na modalidade fundo a
fundo, mesmo dispensados da celebração de convênio ou instrumento similar, caracterizam relação
convenial entre a União e as demais esferas de governo, de acordo com a Decisão
449/1998-TCU-Plenário.
25.6.4 Considerando que os recursos do SUS em questão foram repassados pelo Fundo
Nacional de Saúde ao estado de Sergipe pela modalidade fundo a fundo, conclui-se que o repasse
caracteriza relação convenial e os valores constituem recursos federais, motivo pelo qual não
poderiam ser aplicados pelo estado de Sergipe em qualquer objeto ou ação da Saúde, mas no objeto
pactuado para esse repasse, qual seja, a aquisição dos medicamentos elencados no Grupo 1B do

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Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Anexo I da Portaria Ministério da Saúde


2.981/2009). Desta forma, permanece incólume o discutido desvio de finalidade atribuído ao estado
de Sergipe.
25.6.5 Ante todo o exposto, considerando que as alegações de defesa apresentadas pelo estado
de Sergipe não são capazes de afastar a irregularidade em questão, permanecem incólumes os
respectivos débitos, decorrentes do desvio de finalidade constatado na auditoria, apontados à peça 55
do TC 037.283/2012-0.
ANÁLISE DAS RAZÓES DE JUSTIFICATIVA APRESENTADAS
26. Insta observar de início que, dos dois processos originários, só a auditoria de
conformidade apontou irregularidades que ensejaram a realização de audiência.
27. Como tais irregularidades são comuns aos ex-gestores da saúde estadual, que em grande
parte das defesas apresentam alegações semelhantes, serão apresentadas as defesas de todos os
responsáveis por cada ato impugnado, analisando-as em conjunto, quando for possível.
IRREGULARIDADE (peça 58, p. 29): aplicação de recursos federais oriundos do Fundo
Nacional da Saúde em compras de produtos não previstos no rol de medicamentos do Grupo 1B do
Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (Anexo I da Portaria/Ministério da Saúde
2.981/2009), conforme tabela de peça 55 (TC 037.283/2012-0), caracterizando desvio de finalidade.
28. RESPONSÁVEL: ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES DE SOUZA PINTO (CPF
084.008.688-11)
28.1 Argumento: (peça 186, p. 3-4)
28.1.1 A auditoria atribuiu ao responsável desvio de finalidade pela aquisição dos produtos
‘Aptamil sem lactose’ e ‘Modulen IBD’. Não procede o achado, pois está fundamentado em lista do
Anexo I da Portaria M.S. 2.981/2009, que não estava vigente à época dos fatos, uma vez que a
Portaria 3.439/2010 atualizou os anexos I a IV daquele normativo.
28.2 Análise:
28.2.1 Os argumentos não procedem, pois o achado de auditoria colocado no Relatório de
Fiscalização (peça 58, p. 21) baseou-se no referido Anexo I da Portaria M.S. 2.981/2009 já atualizado
pela Portaria 3.439/2010, como se verifica à peça 54, p. 16).
28.3 Argumentos: (peça 186, p. 4-7)
28.3.1 Os produtos em comento servem para tratar importantes patologias, sendo fornecidos
pela Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe em face de ação do Ministério Público Federal que
resultou na pactuação de responsabilidades pelos entes federados no fornecimento de fórmulas
alimentares no ano de 2006.
28.3.2 Acrescenta-se que o Centro o de Atenção Especializada de Sergipe – CASE – unidade
da Secretaria de Estado da Saúde responsável pela dispensação de Medicamentos de Alto Custo
possui em seu cadastro quantitativo sempre crescente de pacientes que necessitam de terapia
nutricional de acordo com protocolo estabelecido.
28.4 Análise:
28.4.1 Em que pese a importância da referida fórmula e o suscitado número crescente de
pacientes que dela necessitam, não há previsão normativa para desviar os recursos destinados ao
Grupo 1B do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica, objeto da audiência em
discussão, para a aquisição destes produtos, que poderiam ter sido adquiridos com verbas próprias do
estado de Sergipe.
28.4.2 Quanto à suscitada pactuação de responsabilidades pelos entes federados decorrentes
de ação do Ministério Público Federal, depreende-se da Ata juntada pelo responsável (peça 186, p.
27-29) que se referem a fornecimentos de fórmulas lácteas específicas para tratar casos de alergia
alimentar múltipla (de marca Pregomin e similares), acordando-se que apenas fica sob
responsabilidade da União, em solidariedade com o estado de Sergipe e/ou o município de Aracaju, o
fornecimento a pacientes residentes em Aracaju, com renda familiar superior a três salários mínimos,
bem como a pacientes localizados nos demais municípios sergipanos.

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28.4.3 Como o gestor não traz aos autos elementos aptos a comprovar que os produtos em
questão (Aptamil e Modulen) destinam-se para tratar casos de alergia alimentar múltipla, nem que a
aquisição corresponde à referida parcela de responsabilidade da União (pacientes de Aracaju com
renda familiar superior a três salários mínimos e pacientes dos demais municípios sergipanos), não há
como acolher seus argumentos.
28.5 Argumentos: (peça 186, p. 7-12)
28.5.1 A ausência de protocolo nacional instituído, definição de fonte de recurso, e pactuação
de responsabilidades entre os entes federados, promoveu e promove a interposição de uma série de
processos que visam à garantia do fornecimento das fórmulas alimentares para os casos de alergias
alimentares múltiplas e outras patologias que necessitam das mesmas como alternativa terapêutica.
28.5.2 Os casos judicializados, em sua grande maioria, desde que comprovada a necessidade
do paciente, tem seu fornecimento concedido, baseados no art. 196, da Constituição Federal.
28.5.3 Em Sergipe, no ano de 2004, em face da Ação Civil Pública (Processo
2004.85.00.002900-0) movida pelo Ministério Público Federal, tendo como réus a União Federal,
Estado de Sergipe e Município de Aracaju, o Poder Judiciário proferiu sentença para que fosse
determinado aos réus, de forma solidária, o fornecimento gratuito e ininterrupto de composto
hidrolisado proteico denominado PREGOMIN não só à determinada paciente, mas sendo extensivo a
todos os pacientes que dele necessitassem, conforme prescrição médica.
28.5.4 Em reunião relacionada ao Processo Administrativo 1.35.000.000405/2004-17, ocorrida
em 9/9/2004, na sede do MPF- Procuradoria da República do Estado de Sergipe, pactuou-se, em
relação às responsabilidades dos entes federados ante aos casos de alergia alimentar, que:
‘V – Quando for confirmado pelo município de Aracaiu o diagnóstico de Alergia Alimentar
Múltipla, e a investigação social indicar que o paciente possui renda familiar de até 03 (três) salários
mínimos, o mesmo município fornecerá a fórmula alimentar;
VI – Quanto aos demais casos de pacientes residentes em Aracaju, com renda superior a três
salários mínimos, o fornecimento da fórmula será repartido entre a União, Estado e Município,
devendo a questão ser debatida no âmbito da comissão tripartite;
VII – Quanto aos demais casos de pacientes residentes em outros municípios sergipanos, o
fornecimento da fórmula será repartido entre a União e Estado de Sergipe, devendo a questão ser
debatida no âmbito da comissão bipartite;’
28.5.5 Em decorrência do citado processo, ainda no que se refere ao acesso dos pacientes
portadores de alergias alimentares múltiplas, o estado de Sergipe, em 16/11/2006, publicou a
Portaria1.889, que instituiu o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Programa Estadual para
o Tratamento de Alergia Alimentar.
28.5.6 Em face disso, apesar de o Ministério da Saúde não propor protocolo e definição de
fonte de recursos, o estado de Sergipe instituiu e mantém no Centro de Atenção Especializada de
Sergipe – CASE, responsável pela dispensação de medicamentos de alto custo, cadastro de portadores
de alergia ao leite de vaca, intolerância à lactose e doença de Crohn, para a dispensação de fórmulas
alimentares, como já dito na presente justificativa.
28.5.7 Não obstante as diversas ações judicias a este respeito, ainda persiste a lacuna quanto
ao acesso dos usuários SUS às terapias nutricionais.
28.5.8 No intuito de suprir referida lacuna, cita-se sentença proferida no âmbito de ação civil
pública proposta pelo MPF (Processo 20500-96.2012.4.01.3300 – Justiça Federal de 1ª Instância –
14ª Vara da Bahia), juntada à peça 186, p. 32-46, pela qual condenou-se a União, para que, através
do Ministério da Saúde, gestor federal do Sistema Único de Saúde, determine procedimento uniforme
para todo o território nacional, de fornecimento de forma contínua, fórmulas lácteas hidrolisadas de
aminoácidos livres, às crianças de até três anos de idade, usuárias do SUS, portadoras de Alergia
Alimentar Múltipla, que delas, comprovadamente, necessitem, como forma de garantir sua nutrição e
desenvolvimento, segundo prescrição médica, prevendo a fonte de financiamento suficiente para
atender à demanda e definindo as responsabilidades, no âmbito do SUS, pela aquisição, distribuição e

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

dispensação do produto, bem como pela necessária avaliação, orientação e acompanhamento clínico
dos pacientes em uso do suplemento.
28.6  Análise:
28.6.1 Em que pesem os citados processos e as ações ajuizadas, não se acolhem as razões
apresentadas.
28.6.2 A citada pactuação com o MPF, no âmbito do Processo Administrativo
1.35.000.000405/2004-17, não lhe aproveita, conforme já analisado no item 28.4.
28.6.3 Já a referida sentença prolatada nos autos do Processo 20500-96.2012.4.01.3300
(Justiça Federal de 1ª Instância – 14ª Vara da Bahia) fixou diversos critérios para o fornecimento das
fórmulas no âmbito do SUS: os produtos devem ser fórmulas lácteas hidrolisadas de aminoácidos
livres, e os pacientes devem ser crianças de até três anos de idade, usuárias do SUS, portadoras de
Alergia Alimentar Múltipla, que comprovadamente necessitam do produto como forma de garantir sua
nutrição e desenvolvimento, segundo prescrição médica.
28.6.4 Porém o responsável não traz elementos capazes de demonstrar que: os produtos em
debate Aptamil e Modulen são fórmulas lácteas hidrolisadas de aminoácidos livres; foram
beneficiárias crianças com as características apontadas pela sentença.
28.6.5 Salienta-se que, por força do que dispõe o art. 70, parágrafo único, da Constituição
Federal, bem assim o art. 93 do Decreto-lei 200/1967 c/c o art. 66 do Decreto 93.872/1986, compete
ao gestor comprovar que não é responsável pelas irregularidades apontadas na aplicação dos
recursos públicos, isto é, cabe ao gestor o ônus da prova. O Tribunal firmou jurisprudência nesse
sentido, conforme se verifica nos acórdãos 903/2007 – 1ª Câmara; 1.445/2007 – 2ª Câmara;
1.656/2006 – Plenário.
28.6.6 Tal entendimento é confirmado pelo Supremo Tribunal Federal em decisão proferida em
sede de Mandado de Segurança (MS 20.335/DF, Relator Ministro Moreira Alves), cuja ementa da
deliberação vem transcrita a seguir:
‘MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. CONTAS
JULGADAS IRREGULARES. APLICACÃO DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53 DO DECRETO-
LEI 199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM
NATUREZA DE SANÇÃO DISCIPLINAR. IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A
CERCEAMENTO DE DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE
DESPESAS PROVAR QUE NÃO É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, QUE LHE SÃO
IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO PÚBLICO.
COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI ALEGADO, ENTRE A ACUSAÇÃO E A
CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA LICITAÇÃO. MANDADO DE
SEGURANÇA INDEFERIDO.’ (grifos acrescidos).
28.6.7 Desta forma, considerando que o responsável não traz elementos aptos a desconstituir
as irregularidades, não há como acolher as justificativas apresentadas.
29. RESPONSÁVEIS: MÔNICA SAMPAIO DE CARVALHO (CPF 662.546.205-53) E
ROGÉRIO CARVALHO SANTOS (CPF 411.687.205-91)
29.1 Argumentos: Sra. Mônica (peça 191, p. 5-17); Sr. Rogério (peça 227, p. 2-9)
29.1.1 Estes responsáveis apresentam, em sua essência, idênticos argumentos. Em síntese,
alegam que a aplicação imediata e excepcional dos recursos federais se deu pela necessidade
imperiosa da aquisição de outros medicamentos imprescindíveis à assistência farmacêutica dos
usuários do SUS, haja vista o cumprimento de ações judiciais e, principalmente, para proteger a
saúde e a vida dos usuários. Na oportunidade não houve tempo hábil à reserva e alocação de recursos
próprios do estado; entretanto, salienta-se que o montante de recurso federal utilizado para aquisição
dos medicamentos exteriores ao rol ministerial foi devidamente retirado dos cofres do tesouro estadual
para cumprir tal finalidade, atendendo assim ao anseio normativo e suprindo a necessidade
assistencial da população.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

29.1.2 Sendo assim, aduzem que nesse panorama apresentado, seja para atendimento de uma
necessidade excepcional e imperiosa da coletividade, seja para cumprimento de decisões judiciais, é
que os justificantes se utilizaram, em caráter excepcional, do montante de R$ 3.124.662,86 de
recursos federais para adquirir outros medicamentos que não àqueles constantes no rol da portaria
ministerial, mas que o mesmo montante de recurso foi retirado do tesouro estadual para cumprir com
a finalidade normativa constante da portaria oriunda do Ministério da Saúde, não se podendo assim
falar em desvio de finalidade na utilização dos referidos recursos federais, na medida em que houve
uma devida compensação com a posterior utilização dos recursos provenientes do tesouro estadual.
29.1.3 No intuito de comprovar a aplicação dos recursos estaduais, a Sra. Mônica apresenta
relação de aquisições de medicamentos sob responsabilidade da União que teriam sido adquiridos
com a posterior utilização de recursos próprios de Sergipe, no montante de R$ 2.678.143,80.
Relaciona também pagamentos efetuados com recursos federais em cumprimento a ordens judiciais,
no total de R$ 679.651,84. Acrescenta ainda planilha de aquisição de medicamentos durante o
exercício de 2010 pela Secretaria de Estado da Saúde, correlacionada com a data dos efetivos
pagamentos, para se demonstrar que a finalidade do recurso previsto na portaria ministerial foi
devidamente atendida, totalizando R$ 5.060.209,45.
29.1.4 Para corroborar com o entendimento da legalidade dos atos dos justificantes no sentido
de utilizar em caráter excepcional os recursos previstos na Portaria Ministerial 2.981/2009 para fins
de aquisição de outros medicamentos, mas que teria cumprido com a finalidade precípua do recurso,
trazem a deliberação da Comissão Intergestores Tripartitte – CIT, que na 6ª Reunião Ordinária,
realizada em 28/07/2011, que discutiu o tema da utilização dos saldos financeiros do Bloco de
Assistência Farmacêutica, pela qual restaria reconhecida a possibilidade de ser efetuado gasto de
recursos federais repassados para cumprimento dos serviços de saúde de forma global e não
fragmentada.
29.1.5 Assim, teria sido seguido o mesmo entendimento já disposto na Portaria MS 2.025/2011,
que trata da aplicação de recursos no âmbito do Bloco de Financiamento da Assistência
Farmacêutica, bem como na Lei Complementar 141/2012, a qual regulamenta o § 3º do art. 198 da
Constituição Federal, que dispõe sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde, estabelecendo a
movimentação de recursos da União, Estados e Municípios, assim como as normas de fiscalização,
avaliação e controle das despesas com saúde nas três esferas de governo.
29.1.6 Aduzem que, em publicação do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde,
acerca do art. 27 da Lei Complementar 141/2012, restou consignado que o recurso repassado por ente
federativo a outro que não foi aplicado conforme pactuado deve ser reposto pelo ente federativo, e não
pelo gestor público. Ainda consideram que, em caráter alternativo, nada impede que os recursos em
questão sejam posteriormente descontados dos repasses futuros do Fundo Nacional de Saúde para o
Fundo Estadual de Saúde.
29.2 Análise:
29.2.1 Os argumentos não merecem acolhida.
29.2.2 Insta observar inicialmente que os responsáveis não refutam os atos impugnados,
confirmando que aplicaram o montante dos recursos federais apontados pela auditoria
(R$ 3.124.662,86) na aquisição de outros medicamentos que não aqueles constantes no rol da citada
portaria ministerial (Grupo 1B do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica – Anexo I
da Portaria/Ministério da Saúde 2.981/2009).
29.2.3 Não obstante assumirem a prática irregular, alegam como excludente de culpabilidade
para suas condutas uma suposta necessidade imperiosa da aquisição de outros medicamentos
imprescindíveis à assistência farmacêutica dos usuários do SUS, haja vista o cumprimento de ações
judiciais e, principalmente, para proteger a saúde e a vida dos usuários.
29.2.4 Não se acolhem tais argumentos, pois mesmo que se demonstre a suscitada necessidade
imperiosa da aquisição de outros medicamentos alheios ao Grupo 1, eles deveriam tê-los adquirido

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com recursos próprios do estado de Sergipe. Ademais, não se demonstra que o tesouro estadual não
dispunha de recursos financeiros, à época dos fatos, para garantir o acesso da população a
medicamentos que estão sob sua responsabilidade.
29.2.5 Com efeito, os medicamentos especializados são garantidos mediante a pactuação entre
a União, estados, Distrito Federal e municípios, conforme as diferentes responsabilidades definidas na
Portaria 2.981/2009 do Ministério da Saúde, consoante o parágrafo único do art. 8º deste normativo.
E no art. 9º são discriminados os medicamentos especializados em três grupos, indicando-se o ente
federado responsável por cada um, da seguinte forma:
‘Grupo 1 – Medicamentos sob responsabilidade da União
Grupo 2 – Medicamentos sob responsabilidade dos Estados e Distrito Federal
Grupo 3 – Medicamentos sob responsabilidade dos Municípios e Distrito Federal’
29.2.6 Como se vê, a União só é responsável pelos medicamentos do Grupo 1, não podendo o
estado aplicar recursos da União destinados a este grupo em aquisições de outros medicamentos.
29.2.7 Outrossim, a suposta compensação mediante utilização posterior de recursos estaduais
na aquisição de produtos que estão sob responsabilidade da União não elide o desvio de recursos
apontado, pois não há previsão normativa para tal compensação, motivo pelo qual não é capaz de
desconstituir a irregularidade apontada.
29.2.8 Também não lhe socorrem os dispositivos da Portaria MS 2.025/2011 (peça 193, p. 62-
63), a qual, seguindo a citada pactuação da reunião da Comissão Intergestores Tripartite de
28/7/2011 (peça 193, p. 46-61), alterou a Portaria MS 204/2007, na parte que trata da aplicação de
recursos no âmbito do Bloco de Financiamento da Assistência Farmacêutica.
29.2.9 Isto porque, ao contrário do alegado, não restou reconhecida a possibilidade de ser
efetuado gasto de recursos federais repassados para cumprimento dos serviços de saúde de forma
global e não fragmentada. Por oportuno, transcreve-se a parte dispositiva da Portaria MS
2.025/2011:
‘Art, 1° O caput do § 2° e os §§ 3° e 4° do art. 6° da Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro
de 2007, passam a vigorar com a seguinte redação:
‘Art. 6° .................................(...).
       § 2° Os recursos referentes aos Blocos de Atenção Básica, Atenção de Média e Alta
Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, Vigilância em Saúde, Gestão do SUS e Assistência
Farmacêutica não poderão ser utilizados para o pagamento de: (...).
§ 3° Findo o exercício anual, eventuais saldos financeiros disponíveis no Bloco de
Financiamento da Assistência Farmacêutica poderão ser remanejados para os outros Blocos de
Financiamento previstos nesta Portaria, exceto para o Bloco de Investimentos na Rede de Serviços de
Saúde, e desde que sejam cumpridos previamente os seguintes requisitos:
I – tenham sido executadas todas as ações e serviços previstos no Bloco de financiamento da
Assistência Farmacêutica:
II – elaboração de Plano de Aplicação da destinação dos recursos financeiros que serão
remanejados, de acordo com a Programação Anual de Saúde;
III – dar ciência do Plano de Aplicação, previsto no inciso anterior, ao respectivo Conselho de
Saúde;
IV – aprovação do Plano de Aplicação previsto no inciso II pela Comissão Intergestores
Bipartite (CIB); e
V – inclusão da execução do Plano de Aplicação, previsto no inciso II, no Relatório Anual de
Gestão (RAG).
§ 4° As demais possibilidades de remanejamento de recursos entre os Blocos de Financiamento
serão reguladas em portaria específica.’ (NR)
Art. 2° O art. 6° da Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de 2007, passa a vigorar
acrescido do seguinte § 6°: ‘§ 6° Os recursos financeiros remanejados nos termos do § 3° deste artigo

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

não serão considerados na série histórica dos tetos para fins de transferências futuras.’ (grifos
acrescidos)
29.2.10 Como se vê, não há previsão de utilização global, não fragmentada, dos recursos da
Assistência Farmacêutica, pois a portaria condiciona o remanejamento de recursos entre os blocos do
programa à existência de eventuais saldos financeiros disponíveis nos finais dos exercícios, impondo
ainda o cumprimento de diversos requisitos para tal.
29.2.11 No caso, não se demonstra que os recursos desviados correspondem a saldos
financeiros, nem se comprovam os requisitos necessários para o remanejamento dos recursos.
29.2.12  Por fim, não lhe socorrem o teor da publicação do Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde e do art. 27 da Lei Complementar 141/2012, que excluem a responsabilidade do
gestor público pelo ressarcimento de valores repassados por ente federativo a outro que não foram
aplicados conforme pactuado, pois, nem na auditoria, nem na presente tomada de contas especial,
atribui-se débito aos responsáveis pelo desvio de finalidade em comento. O respectivo débito foi
atribuído ao estado de Sergipe, como se verifica na proposta de encaminhamento da equipe de
auditoria relativa ao achado em questão (peça 58, p. 23).
29.2.13 Ante o exposto, não se acolhem as justificativas apresentadas.
IRREGULARIDADE (peça 58, p. 29): Omissão quanto ao poder-dever de noticiar à Câmara
de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED irregularidades cometidas por empresas
distribuidoras, ao venderem medicamentos por preços superiores ao Preço Máximo de Venda ao
Governo – PMVG fixado pela CMED, conforme notas fiscais indicadas na tabela de peça 53.
30. RESPONSÁVEIS: MÔNICA SAMPAIO DE CARVALHO (CPF 662.546.205-53),
ROGÉRIO CARVALHO SANTOS (CPF 411.687.205-91), SÍLVIO ALVES DOS SANTOS (CPF
148.889.205-91) E ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES DE SOUZA PINTO (CPF 084.008.688-11)
30.1 Argumentos: Sra. Mônica (peça 191, p. 17-29); Sr. Rogério (peça 227, p. 9-18); Sr. Sílvio
Santos (peça 158, p. 1-5):
30.1.1 Estes três responsáveis escolheram linhas de defesa idênticas, alegando, em síntese
curta, que, na condição de ordenadores de despesa da Secretaria de Saúde, não havia possibilidade de
suspeição sobre o preço de mercado praticado, ainda que em valor superior ao Preço Máximo de
Venda ao Governo (PMVG).
30.1.2 No intuito de sustentar esta alegação, refutam as irregularidades apontadas nas
citações e as respectivas responsabilizações, apresentando os mesmos argumentos que trouxeram aos
autos em resposta às citações, resumidamente: as Secretarias de Saúde enfrentam sérias dificuldades;
não podem ser responsabilizados pelas licitações em debate, pois estas são realizadas por outra
secretaria estadual; não havia mecanismos de controle para verificação direta de aplicação do
PMVG; as licitações seguiram os normativos que regem a matéria; houve pesquisa de preços
levantados com diversos fornecedores; houve ampla competitividade nas licitações; a
responsabilidade pela aplicação do CAP é exclusiva dos fornecedores; para se apurar
superfaturamento, deve-se levar em conta o mercado em que o gestor atua; já foram abertos processos
administrativos visando o ressarcimento ao erário.
30.1.3 O Sr. Sílvio Santos acrescenta que ele próprio notificou a Superintendência Geral de
Compras, órgão da multicitada Seplag, em dezembro de 2012, observando a obrigatoriedade de
aplicação do PMVG e pleiteando que a Seplag cientificasse a CMED caso verificasse a venda com
valores acima do PMVG.
30.1.4 A Sra. Mônica ainda discorre sobre os princípios e fundamentos que devem nortear o
julgamento da tomada de contas especial, repetindo também argumentação apresentada em reposta às
citações, colocada acima no item 17.6.
30.2 Argumentos: Sr. Antônio Carlos (peça 186, p. 12-15)
30.2.1 O Sr. Antônio Carlos também apresenta argumentos já trazidos por ocasião de suas
respostas às citações, alegando que é papel exclusivo da Seplag a condução autônoma de
praticamente todo o processo de compras do governo estadual.

67
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

30.2.2 Aduz que em dezembro de 2012 o Secretário de Saúde notificou a Superintendência


Geral de Compras, órgão da multicitada Seplag, em dezembro de 2012, observando a obrigatoriedade
de aplicação do PMVG e pleiteando que a Seplag cientificasse a CMED e os Ministérios Públicos
Federal e Estadual em Sergipe, caso verificasse a venda com valores acima do PMVG.
30.2.3 Em resposta, a Seplag teria aberto processos administrativos para apurar os fatos,
visando o ressarcimento ao erário.
30.3 Análise conjunta:
30.3.1 De início, cumpre observar que a alegada providência adotada em dezembro de 2012
pelo Sr. Sílvio Santos, comentada por ele próprio e pelo Sr. Antônio Carlos, no sentido de pleitear que
a Seplag cientificasse a CMED e o Ministério Público caso verificasse a venda com valores acima do
PMVG é posterior à auditoria, já que esta foi realizada entre outubro e novembro de 2012, motivo
pelo qual não é apta a elidir a omissão ocorrida anteriormente, apurada na fiscalização.
30.3.2 No mais, os responsáveis não inovam em suas defesas, pois repetem os mesmos
argumentos apresentados ao responderem as citações que lhes atribuíram as irregularidades relativas
à não observância do PMVG na fixação de preços nas licitações e nos pagamentos ordenados aos
fornecedores de medicamentos.
30.3.3 Considerando que estes argumentos já foram devidamente afastados ao serem
examinadas as respectivas alegações de defesa oferecidas pelos responsáveis (consoante itens 17 a 20
acima), e que eles não apresentam elementos de defesa que refutem diretamente a apontada omissão,
ou que excluam suas culpas ao não comunicarem à CMED as irregulares vendas de medicamentos ao
governo por preços superiores ao PMVG, rejeitam-se suas razões de justificativa.
IRREGULARIDADE (peça 58, p. 29): precariedade das instalações do Almoxarifado
Central da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, onde são estocados os medicamentos do
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, em desconformidade com o item 2.3 do
manual ‘Boas Práticas para Estocagem de Medicamentos’ (Ministério da Saúde, Central de
Medicamentos, Brasília, 1990).
31. RESPONSÁVEL: SÍLVIO ALVES DOS SANTOS (CPF 148.889.205-91)
31.1 Argumentos: (peça 158, p. 5)
31.1.1 No que tange à situação estrutural do Almoxarifado Central, frisamos que o notificado
ocupou a titularidade da Secretaria de Saúde por aproximadamente seis meses, ou seja, tempo
insuficiente para proceder com grandes mudanças. No entanto, dentro do planejamento de ações
elaboradas pela SES, a necessidade de reforma do referido espaço já havia sido identificada, com a
previsão de seu início para o mês de Julho/2013.
31.2 Análise:
31.2.1 O responsável assumiu a pasta da saúde estadual em junho de 2012, conforme rol de
responsáveis à peça 6 do TC 037.283/2012-0. A auditoria de conformidade que identificou o achado
em comento foi realizada no período compreendido entre outubro e novembro de 2012, conforme
consta no resumo do Relatório de Fiscalização (peça 58 daqueles autos). Concorda-se que este
intervalo de tempo entre o início de seu exercício na Secretaria de Saúde e a realização da auditoria
não é longo o suficiente para realizar todas as mudanças e reformas necessárias para se adequar as
instalações do prédio onde são armazenados os medicamentos que fazem parte do programa de
assistência farmacêutica.
31.2.2 Não obstante, era de se esperar que nesses poucos meses em que esteve à frente da
Secretaria de Saúde adotasse, no mínimo, as providências que eram urgentes, que não podiam esperar,
sob pena de colocar em risco a integridade física do prédio e, por conseguinte, do estoque de
medicamentos. Por exemplo, constatou-se na auditoria extrema precariedade das instalações elétricas
do prédio, verificando-se quadros de energia abertos e com fios soltos, à mostra, podendo causar
curtos-circuitos e consequentes incêndios (fotografia à peça 58 do TC 037.283/2012-0, p. 25).
31.2.3 Mas o responsável não apresenta nenhuma providência que tomara no início de sua
gestão para resguardar o prédio e o estoque dos evidentes perigos de incêndio.

68
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

31.2.4 Ante o exposto, considerando que era de se esperar conduta diversa do agente no início
de sua gestão na saúde, entende-se que o alegado curto período à frente da Secretaria de Saúde não
serve de excludente de culpabilidade, nem elide a irregularidade apontada, motivo pelo qual rejeitam-
se suas razões de justificativa.
CONCLUSÃO
32. Em face das análises promovida no exame técnico (itens 13 a 31), conclui-se pela rejeição
das alegações de defesa apresentadas pelos Srs. Rogério Carvalho Santos, Mônica Sampaio de
Carvalho e Sílvio Alves dos Santos, pelas empresas Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda.,
Elfa Medicamentos Ltda., Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda., Majela Hospitalar
Ltda. e Atma Produtos Hospitalares Ltda., e pelo Estado de Sergipe, uma vez que não foram
suficientes para sanear as irregularidades a eles atribuídas.
33. Ainda em face das análises citadas, conclui-se pela rejeição parcial das alegações de
defesa apresentadas pelo Sr. Antônio Carlos Guimarães de Sousa Pinto, elidindo-se a conduta a ele
atribuída no item 1.7.5 do Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara, qual seja, a fixação de preço de
referência no Pregão 17/2010, mas sem que haja alteração no respectivo débito, em face de ele ter
ordenado os inquinados pagamentos (análise no item 18.5); também se conclui pela rejeição parcial
das alegações da empresa Farmaconn Ltda., uma vez que ela logra êxito parcial em apontar erros no
cálculo do débito detalhado à peça 53, citação 9, p. 10-11, do TC 037.283/2012-0 (análise no item
21.4).
34. Assim, permanecem intactos os débitos atribuídos aos responsáveis nas presentes contas,
detalhados no Acórdão 6.401/2012-TCU-1ª Câmara (peça 9) e nas peças 53 e 55 do TC
037.283/2012-0, com exceção dos débitos colocados à p. 10-11 desta peça 53 (citação 9), que restam
diminuídos, devendo-se substituir os valores originais pelos seguintes:
Quantificação do débito
Nota Princípio Ativo / Medicamento Preço PMVG Quant. Valor do
Fiscal unitário (R$) Débito (R$)
(R$) Data
Pagamento
Donepezila 10mg / Gen.-Ranbaxy
35327 7,31 6,69 6.000 3.720,00 5/8/2010
(por comprimido)
Donepezila 10mg / Gen.-Ranbaxy
27444 7,31 6,69 6.000 3.720,00 25/3/2010
(por comprimido)
Donepezila 10mg / Gen.-Ranbaxy
41704 7,31 6,69 9.000 5.580,00 25/11/2010
(por comprimido)
TOTAL (R$) 13.020,00
35. Ainda cabe observar, acerca dos débitos remanescentes, que se deve abater das quantias
atribuídas à Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda. os valores já ressarcidos por esta
empresa, o que aproveita também seus devedores solidários (análise no item 24.6).
36. No tocante à aferição da ocorrência de boa-fé determinada pelo § 2º do art. 202 do
RI/TCU, verifica-se o seguinte:
 a) não se identificam nos autos elementos que permitam reconhecer a boa-fé dos ex-gestores
da saúde citados neste processo, qualquer que seja, haja vista que não consta dos autos nenhuma
providência por parte deles, seja por ocasião da realização dos processos licitatórios, seja ao ordenar
os inquinados pagamentos, para implementar os controles necessários e suficientes para que se
observasse o PMVG nas aquisições de medicamentos em comento, zelo esperado de um gestor público
diligente com o fim de resguardar o erário;
 b) já acerca das empresas citadas, importa analisar a boa-fé de seus administradores,
considerando que seus atos geram consequências para a pessoa jurídica. Porém, em relação a
qualquer empresa citada neste processo, não se identificam nos autos elementos que permitam
reconhecer a boa-fé, posto que, mesmo que houvesse alguma dúvida sobre a clara obrigação de a
empresa observar o PMVG, não consta dos autos nenhum pedido de esclarecimento junto à
69
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Administração acerca da ausência de previsão dessa obrigação nos editais licitatórios, cuidado
esperado de uma pessoa prudente para se resguardar da participação de licitações eivadas de vícios.
37. Desta forma, nos termos do art. 202, § 6º, do Regimento Interno do TCU, o Tribunal deve
proferir, desde logo, o julgamento definitivo de mérito pela irregularidade das contas dos Srs. Rogério
Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53),
Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11) e Sílvio Alves dos Santos (CPF
148.889.205-91), condenando-os em débitos solidários com as empresas que concorreram para os
danos, e aplicando aos ex-gestores e às empresas condenadas em débito a multa, de forma individual,
prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
38. Alternativamente, caso o Tribunal entenda que deve ser excluído do débito a quantia
relativa à isenção do ICMS prevista no Convênio CONFAZ 87/2002, que não foi aplicada na
aquisição dos medicamentos, deve permanecer o mesmo julgamento acima colocado, condenando em
débito todos os responsáveis, com exceção da empresa Crisfarma Comércio Representações e Serviços
Ltda., pois, salvo para esta empresa, restam ainda débitos diminuídos a serem imputados a todos os
ex-gestores e empresas responsáveis, aplicando-se aos responsáveis solidários os valores recalculados
das dívidas a partir das citadas premissas, consoante as tabelas insertas nos itens 16.12.18 e 16.12.19.
39. Já em face da utilização, pelo estado de Sergipe, de verba do FNS destinada ao
Componente Especializado de Assistência Farmacêutica, na aquisição de medicamentos e insumos
alheios ao programa, configurando desvio de finalidade, deve o Tribunal, considerando que a
comunidade foi beneficiada com os fármacos dispensados, imputar o débito correspondente (apontado
à peça 55 do TC 037.283/2012-0) ao estado de Sergipe, conforme entendimento pacífico desta Corte
(Acórdão 48/2007 – 2ª Câmara, Acórdão 3340/2006 – 1ª Câmara, Acórdão 3341/2006 – 1ª Câmara,
Acórdão 369/2005 – 1ª Câmara, Acórdão 506/2005 – 2ª Câmara, Acórdão 928/2005 – 1ª Câmara,
Acórdão 651/2004 – 2ª Câmara e Acórdão 2333/2004 – 1ª Câmara), sem prejuízo de aplicar multas
individuais, com base no art. 58, incisos II e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, incisos II e III, do
Regimento Interno, aos agentes públicos que, responsáveis pelos desvios (os Srs. Rogério Carvalho
Santos, Mônica Sampaio de Carvalho e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto), não lograram
êxito em afastar as irregularidades (vide itens 28 e 29).
40. Neste sentido, e considerando a impossibilidade de aferição da boa-fé de ente federado,
deve-se conceder novo prazo para que o estado de Sergipe recolha os débitos decorrentes do referido
desvio de finalidade aos cofres do Fundo Nacional de Saúde. Impende observar que não há prejuízo
na adoção desta medida concomitantemente aos julgamentos e condenações dos demais responsáveis
que serão propostos, haja vista não haver solidariedade entre eles.
41. Acerca das demais irregularidades que são objeto das audiências realizadas, conclui-se
pela rejeição das razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Antônio Carlos Guimarães de Souza
Pinto, Rogério Carvalho Santos, Mônica Sampaio de Carvalho e Sílvio Alves dos Santos, já que não
foram suficientes para elidi-las, nem para afastar suas responsabilizações pelos atos impugnados.
Desta forma, deve-se aplicar-lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, incisos II e III, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 268, incisos II e III, do Regimento Interno do TCU.
42. Serão propostas as seguintes medidas, indicadas no encaminhamento do Relatório de
Fiscalização da auditoria realizada no âmbito do TC 037.283/2012-0 (peça 58 dos referidos autos):
a) dar ciência à Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe acerca dos constatados limites nas
instalações físicas do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe – CASE e da necessidade de realização
de estudos e planejamento para compatibilizar a estrutura de funcionamento do CASE com a
crescente demanda pelos serviços de dispensação de medicamentos especializados, sob risco de
descontinuidade do serviço e/ou de prejuízos à saúde do público atendido;
b) comunicar à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED a omissão da
Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe quanto ao poder-dever de noticiá-la sobre a irregularidade
cometida por empresas distribuidoras, ao venderem medicamentos por preços superiores ao Preço
Máximo de Venda ao Governo – PMVG, para adoção das medidas que entender cabíveis,

70
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

encaminhando-se cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que
a fundamentarem.
43. Por fim, deve-se encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do
relatório e do voto que a fundamentarem, ao Secretário-Chefe da Controladoria-Geral do Estado de
Sergipe, em atendimento a seu requerimento juntado à peça 236, para a adoção das medidas que
entender cabíveis em sua alçada.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO
44.  Entre os benefícios potenciais propostos do exame desta tomada de contas especial pode-
se mencionar o ressarcimento de R$ 5.057.924,59, em valores históricos, aos cofres do Fundo
Nacional de Saúde em decorrência dos débitos imputados aos responsáveis, a aplicação de multas, a
expectativa de controle decorrente da ação do Tribunal e a melhoria da gestão dos recursos públicos
federais destinados ao fornecimento de medicamentos especializados à população local. Ainda cabe
destacar que já há um benefício efetivo decorrente deste processo, qual seja, o recolhimento de
R$ 76.932,14 (peças 230 e 231) aos cofres do FNS efetuado pela empresa Crisfarma Comércio
Representações e Serviços Ltda.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
45.  Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, e § 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III, e
§ 5º, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que sejam julgadas irregulares as contas
dos Srs. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de Carvalho (CPF
662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos Guimarães de
Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), ex-secretários de Saúde do Estado de Sergipe, e condená-los, em
solidariedade com as empresas abaixo arroladas, ao pagamento das quantias a seguir especificadas,
com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do
Fundo Nacional de Saúde, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a
partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em
vigor, observando que foram descontados os valores já ressarcidos pela Crisfarma Comércio
Representações e Serviços Ltda., lançados como crédito nas respectivas tabelas:
Débitos originados no TC 032.792/2011-5:
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
2.440,00 2/12/2009
3.660,00 19/8/2009
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78), Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
11.520,00 25/2/2010
3.552,00 25/2/2010
7.104,00 25/2/2010
27.368,00 25/2/2010
3.604,80 25/2/2010
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
355,68 30/3/2010
9.012,00 30/3/2010
3.600,00 30/3/2010
71
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

3.783,00 30/3/2010
5.040,00 14/9/2010
2.245,60 14/9/2010
16,00 10/8/2010
108,00 11/10/2010
756,00 11/10/2010
3.189,00 11/10/2010
14.145,30 11/10/2010
14.070,00 11/10/2010
74.763,00 11/10/2010
74.622,60 11/10/2010
10.279,50 11/10/2010
3.430,00 11/10/2010
13.680,00 11/10/2010
1.500,00 11/10/2010
3.010,00 11/10/2010
1.786,40 11/10/2010
252,00 23/11/2010
400,50 27/12/2010
157,50 29/12/2010
245,70 29/12/2010
2.467,50 29/12/2010
16.560,00 29/12/2010
8.512,00 29/12/2010
4.515,00 29/12/2010
1.786,40 29/12/2010
10.050,00 29/12/2010
2.088,00 29/12/2010
1.050,00 29/12/2010
13.680,00 29/12/2010
17.064,00 29/12/2010
Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78), Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53) e Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
5.040,00 19/7/2011
3.368,40 19/7/2011
607,50 24/3/2011
6.942,00 24/3/2011
1.392,00 24/3/2011
3.189,00 24/3/2011
17.064,00 24/3/2011
13.680,00 24/3/2011
10.050,00 27/7/2011
2.554,20 27/7/2011
1.200,00 27/7/2011
3.326,40 27/7/2011
2.807,00 27/7/2011
8.512,00 27/7/2011
162,00 27/7/2011
3.150,00 27/7/2011
3.430,00 27/7/2011
82.320,00 27/7/2011
72
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

46.788,30 27/7/2011
1.722,60 1/12/2011
1.004,40 1/12/2011
Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
191,52 24/3/2011
3.586,80 31/3/2011
12.502,00 31/3/2011
5.731,04 31/3/2011
4.472,16 31/3/2011
4.210,50 31/3/2011
7.395,00 31/3/2011
2.923,20 31/3/2011
20.381,40 31/3/2011
56.016,80 31/3/2011
56.016,80 31/3/2011
14.952,00 13/4/2011
22.752,00 13/4/2011
2.940,00 13/4/2011
180,90 15/4/2011
5.335,20 29/4/2011
25.855,20 29/4/2011
3.283,20 29/4/2011
Débitos originados no TC 037.283/2012-0:
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
124.312,50 12/2/2009
43.875,00 12/2/2009
119.642,40 12/2/2009
3.108,00 12/2/2009
76.972,50 12/2/2009
Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78), Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
1.025,00 30/3/2010
4.080,00 30/3/2010
3.660,00 30/3/2010
4.723,20 30/3/2010
2.400,00 30/3/2010
1.089,00 30/3/2010
2.880,00 30/3/2010
86.172,00 30/3/2010
5.731,05 30/3/2010
7.040,60 30/3/2010
3.430,00 30/3/2010
1.020,00 11/6/2010
675,92 21/10/2010
2.195,20 21/10/2010
1.262,24 21/10/2010

73
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

6.507,60 21/10/2010
2.028,00 21/10/2010
64.278,90 19/3/2010
504,00 19/3/2010
520,40 19/3/2010
44.496,00 19/3/2010
1.900,00 19/3/2010
522,00 19/3/2010
2.160,00 5/3/2010
9.821,10 5/3/2010
3.300,00 5/3/2010
1.854,00 5/3/2010
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
1.209,60 27/2/2012
10.020,00 27/2/2012
14.341,08 27/2/2012
2.301,60 27/2/2012
11.520,00 27/2/2012
5.670,00 27/2/2012
12.383,00 27/2/2012
7.350,00 27/2/2012
5.467,00 27/2/2012
18.626,92 27/2/2012
6.568,20 1/12/2011
22.615,20 1/12/2011
29.400,00 13/12/2011
26.468,40 13/12/2011
11.520,00 1/12/2011
7.350,00 1/12/2011
5.467,00 1/12/2011
5.670,00 1/12/2011
12.586,00 1/12/2011
12.012,48 20/4/2012
6.789,60 20/4/2012
2.688,00 20/4/2012
Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78), Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11) e Sílvio Alves
dos Santos (CPF 148.889.205-91):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
8.388,00 2/8/2012
2.956,80 26/6/2012
375,00 26/6/2012
3.137,40 24/9/2012
6.300,00 24/9/2012
9.720,00 24/9/2012
32.400,00 24/9/2012
Responsáveis solidários – Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-45), Rogério
Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
20.388,00 8/3/2010
29.103,87 8/3/2010
74
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

15.952,00 21/10/10
22.771,48 11/10/2010
5.728,80 1/6/2010
22.771,48 9/6/2010
614,60 17/11/2010
 Responsáveis solidários – Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-45), Antônio
Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11) e Sílvio Alves dos Santos (CPF
148.889.205-91):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
924,80 26/6/2012
1.560,00 15/8/2012
 Responsáveis solidários – Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda. (CNPJ
32.734.295/0001-16), Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
10.088,52 11/10/2010
4.261,53 11/10/2010
10.096,52 11/10/2010
614,18 11/10/2010
29.799,74 (Crédito) 30/9/2013
Responsáveis solidários – Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda. (CNPJ
32.734.295/0001-16) e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
5.402,65 27/2/2012
20.787,00 24/10/11
16.458,00 24/10/11
47.132,40 (Crédito) 30/9/2013
Responsáveis solidários – Farmaconn Ltda. (CNPJ 04.159.816/0001-13), Rogério Carvalho
Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
3.720,00 5/8/2010
3.720,00 25/3/2010
5.580,00 25/11/2010
 Responsáveis solidários – Majela Hospitalar Ltda. (CNPJ 02.483.928/0001-08), Rogério
Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
45.000,00 11/10/2010
 Responsáveis solidários – Atma Produtos Hospitalares Ltda. (CNPJ 41.118.886/0001-50),
Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF
662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
1.011,60 11/5/2010
4.642,65 11/5/2010
83.043,30 11/5/2010
b) fixar novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento
no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno do TCU, para que
o estado de Sergipe efetue e comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das quantias a seguir
especificadas aos cofres do Fundo Nacional de Saúde, atualizadas monetariamente a partir das datas
indicadas até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
108.288,00 11/6/2010
4.560,00 5/4/2010
75
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

29.640,00 5/4/2010
53.040,00 28/5/2012
50.000,00 16/4/2012
19.552,00 1/3/2010
16.544,00 1/3/2010
70.000,00 9/6/2010
189.000,00 5/3/2010
238.000,00 13/4/2010
105.000,00 9/6/2010
13.400,00 25/3/2010
116.195,75 25/3/2010
95.294,00 25/3/2010
147.660,75 25/3/2010
8.870,00 25/3/2010
16.492,50 25/1/2010
78.662,50 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
112.375,00 25/1/2010
11.835,00 25/1/2010
19.915,00 25/1/2010
3.870,24 25/1/2010
11.087,50 25/1/2010
16.492,50 25/1/2010
78.662,50 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
112.375,00 25/1/2010
11.835,00 25/1/2010
19.915,00 25/1/2010
3.782,28 25/1/2010
11.087,50 25/1/2010
16.492,50 25/1/2010
78.662,50 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
112.375,00 25/1/2010
11.835,00 25/1/2010
19.915,00 25/1/2010
3.870,24 25/1/2010
11.087,50 25/1/2010
10.995,00 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
80.910,00 25/1/2010
58.435,00 25/1/2010
8.870,00 25/1/2010
27.000,00 5/4/2010
1.732,50 5/4/2010
49.000,00 5/3/2010
156.800,00 5/3/2010
23.652,00 5/3/2010
16.800,00 25/3/2010
15.696,00 25/3/2010
11.269,44 25/3/2010
18.782,40 5/3/2010
9.321,12 21/12/2011
76
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

2.330,28 21/12/2011
155.352,00 21/12/2011
63.255,36 12/5/2010
10.257,00 20/10/2010
3.795,00 20/10/2010
c) aplicar aos Srs. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), e às empresas Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda. (CNPJ 06.234.797/0001-78), Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ
09.053.134/0001-45), Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda. (CNPJ 32.734.295/0001-
16), Farmaconn Ltda. (CNPJ 04.159.816/0001-13), Majela Hospitalar Ltda. (CNPJ 02.483.928/0001-
08) e Atma Produtos Hospitalares Ltda. (CNPJ 41.118.886/0001-50), individualmente, a multa
prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno do TCU, com a fixação do
prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos
efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
d) aplicar aos Srs. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), individualmente, a multa prevista no art. 58,
incisos II e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, incisos II e III, do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), os recolhimentos das dívidas aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a
dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
f) autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 parcelas mensais e consecutivas,
caso solicitado, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovarem
perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior,
para comprovarem os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,
atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
g) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em Sergipe, nos termos do
§ 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção
das medidas que entender cabíveis;
h) dar ciência à Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe acerca dos constatados limites nas
instalações físicas do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe – CASE e da necessidade de realização
de estudos e planejamento para compatibilizar a estrutura de funcionamento do CASE com a
crescente demanda pelos serviços de dispensação de medicamentos especializados, sob risco de
descontinuidade do serviço e/ou de prejuízos à saúde do público atendido;
i) comunicar à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED a omissão da
Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe quanto ao poder-dever de noticiar à CMED irregularidade
cometida por empresas distribuidoras, ao venderem medicamentos por preços superiores ao Preço
Máximo de Venda ao Governo – PMVG, para adoção das medidas que entender cabíveis,
encaminhando-se cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que
a fundamentarem;
j) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde e ao Secretário-Chefe da
Controladoria-Geral do Estado de Sergipe.
77
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO ALTERNATIVA


46. Alternativamente, caso o Tribunal entenda que deve ser excluído do débito a quantia
relativa à isenção do ICMS prevista no Convênio CONFAZ 87/2002, que não foi aplicada na
aquisição dos medicamentos, propõe-se:
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, e § 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III, e
§ 5º, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que sejam julgadas irregulares as contas
dos Srs. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de Carvalho (CPF
662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos Guimarães de
Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), ex-secretários da Saúde do Estado de Sergipe, e condená-los, em
solidariedade com as empresas abaixo arroladas, ao pagamento das quantias a seguir especificadas,
com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do
Fundo Nacional de Saúde, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a
partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em
vigor, abatendo-se, na oportunidade, os valores já ressarcidos:
Débitos originados no TC 032.792/2011-5:
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
5.364,00 29/12/2010
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78), Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53) e Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
5.364,00 24/3/2011
7.152,00 13/4/2011
Débitos originados no TC 037.283/2012-0:
 Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78) e Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
79.560,00 12/2/2009
28.080,00 12/2/2009
2.120,40 12/2/2009
2.016,00 12/2/2009
49.262,40 12/2/2009
Responsáveis solidários – Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ
06.234.797/0001-78), Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
932,40 5/3/2010
22.377,60 19/3/2010
 Responsáveis solidários – Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-45), Rogério
Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
20.388,00 8/3/2010
29.103,87 8/3/2010
15.952,00 21/10/10
22.771,48 11/10/2010
5.728,80 1/6/2010
22.771,48 9/6/2010

78
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

614,60 17/11/2010
 Responsáveis solidários – Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-45), Antônio
Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11) e Sílvio Alves dos Santos (CPF
148.889.205-91):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
924,80 26/6/2012
1.560,00 15/8/2012
 Responsáveis solidários – Farmaconn Ltda. (CNPJ 04.159.816/0001-13), Rogério Carvalho
Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
3.720,00 5/8/2010
3.720,00 25/3/2010
5.580,00 25/11/2010
 Responsáveis solidários – Majela Hospitalar Ltda. (CNPJ 02.483.928/0001-08), Rogério
Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF 662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
45.000,00 11/10/2010
 Responsáveis solidários – Atma Produtos Hospitalares Ltda. (CNPJ 41.118.886/0001-50),
Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91) e Mônica Sampaio de Carvalho (CPF
662.546.205-53):
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
1.011,60 11/5/2010
4.642,65 11/5/2010
83.043,30 11/5/2010
b) fixar novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento
no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno do TCU, para que
o estado de Sergipe efetue e comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das quantias a seguir
especificadas aos cofres do Fundo Nacional de Saúde, atualizadas monetariamente a partir das datas
indicadas até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
108.288,00 11/6/2010
4.560,00 5/4/2010
29.640,00 5/4/2010
53.040,00 28/5/2012
50.000,00 16/4/2012
19.552,00 1/3/2010
16.544,00 1/3/2010
70.000,00 9/6/2010
189.000,00 5/3/2010
238.000,00 13/4/2010
105.000,00 9/6/2010
13.400,00 25/3/2010
116.195,75 25/3/2010
95.294,00 25/3/2010
147.660,75 25/3/2010
8.870,00 25/3/2010
16.492,50 25/1/2010
78.662,50 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
112.375,00 25/1/2010
11.835,00 25/1/2010
19.915,00 25/1/2010
79
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

3.870,24 25/1/2010
11.087,50 25/1/2010
16.492,50 25/1/2010
78.662,50 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
112.375,00 25/1/2010
11.835,00 25/1/2010
19.915,00 25/1/2010
3.782,28 25/1/2010
11.087,50 25/1/2010
16.492,50 25/1/2010
78.662,50 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
112.375,00 25/1/2010
11.835,00 25/1/2010
19.915,00 25/1/2010
3.870,24 25/1/2010
11.087,50 25/1/2010
10.995,00 25/1/2010
67.425,00 25/1/2010
80.910,00 25/1/2010
58.435,00 25/1/2010
8.870,00 25/1/2010
27.000,00 5/4/2010
1.732,50 5/4/2010
49.000,00 5/3/2010
156.800,00 5/3/2010
23.652,00 5/3/2010
16.800,00 25/3/2010
15.696,00 25/3/2010
11.269,44 25/3/2010
18.782,40 5/3/2010
9.321,12 21/12/2011
2.330,28 21/12/2011
155.352,00 21/12/2011
63.255,36 12/5/2010
10.257,00 20/10/2010
3.795,00 20/10/2010
c) aplicar aos Srs. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), e às empresas Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda. (CNPJ 06.234.797/0001-78), Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-
45), Farmaconn Ltda. (CNPJ 04.159.816/0001-13), Majela Hospitalar Ltda. (CNPJ 02.483.928/0001-
08) e Atma Produtos Hospitalares Ltda. (CNPJ 41.118.886/0001-50), individualmente, a multa
prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno do TCU, com a fixação do
prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos
efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
d) aplicar aos Srs. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de
Carvalho (CPF 662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos
Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), individualmente, a multa prevista no art. 58,
80
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

incisos II e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, incisos II e III, do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), os recolhimentos das dívidas aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a
dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
f) autorizar, desde logo, o pagamento das dívidas em até 36 parcelas mensais e consecutivas,
caso solicitado, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovarem
perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior,
para comprovarem os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,
atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
g) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em Sergipe, nos termos do
§ 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção
das medidas que entender cabíveis;
h) dar ciência à Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe acerca dos constatados limites nas
instalações físicas do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe – CASE e da necessidade de realização
de estudos e planejamento para compatibilizar a estrutura de funcionamento do CASE com a
crescente demanda pelos serviços de dispensação de medicamentos especializados, sob risco de
descontinuidade do serviço e/ou de prejuízos à saúde do público atendido;
i) comunicar à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED a omissão da
Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe quanto ao poder-dever de noticiá-la acerca da
irregularidade cometida por empresas distribuidoras, ao venderem medicamentos por preços
superiores ao Preço Máximo de Venda ao Governo – PMVG, para adoção das medidas que entender
cabíveis, encaminhando-se cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do
voto que a fundamentarem;
j) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde e ao Secretário-Chefe da
Controladoria-Geral do Estado de Sergipe.”
3. O Ministério Público diverge da unidade técnica, nos seguintes termos:
“Trata-se de tomada de contas especial convertida de representação (TC 032.792/2011-5,
Acórdão 6.401/2012 – 1ª Câmara) em razão de superfaturamento no fornecimento de medicamentos à
Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe (SES/SE) por preços acima do Preço Máximo de Venda ao
Governo – PMVG (ofensa ao item 28 do Anexo I, da Portaria 2.577/2006 e art. 48 da Portaria
2.981/2009), ambas do Ministério da Saúde, além de irregularidades apontadas em processo de
auditoria de conformidade sobre matérias conexas (TC 037.283/2012-0), apensado aos presentes
autos.
Em linhas gerais, as ocorrências consistem na realização de pagamentos de medicamentos
excepcionais por valores acima do PMVG, sem respeitar o Coeficiente de Adequação de Preços –
CAP e/ou sem desonerá-los de ICMS (ocorrências verificadas nos Pregões SES/SE 308/2007,
528/2008, 281/2009, 17/2010, 13/2011 e 40/2012); utilização de valores federais relacionados ao
objeto para aquisição de medicamentos não previstos, caracterizando desvio de finalidade em proveito
do Estado de Sergipe; bem como a precariedade das instalações do Almoxarifado Central da SES/SE,
no qual são estocados os medicamentos do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica –
CEAF, em desconformidade com as normas do Ministério da Saúde.
Após a instrução regular, a unidade técnica propôs julgar irregulares as contas dos
responsáveis, Sr. Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de Carvalho
(CPF 662.546.205-53), Sílvio Alves dos Santos (CPF 148.889.205-91) e Antônio Carlos Guimarães de
81
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), ex-secretários de Saúde do Estado de Sergipe, com fulcro no art.
16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, da Lei 8.443/1992, condenando-os em valores de débito solidariamente
com as empresas Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ 06.234.797/0001-78), Elfa
Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-45), Crisfarma Comércio Representações e Serviços
Ltda. (CNPJ 32.734.295/0001-16), Farmacon Ltda. (CNPJ 04.159.816/0001-13), Majela Hospitalar
Ltda. (CNPJ 02.483.928/0001-08), Atma Produtos Hospitalares Ltda. (CNPJ 41.118.886/0001-50), na
forma exposta nas tabelas de débito da instrução, e aplicando a todos os responsáveis,
individualmente, a multa prevista no art. 57, além de outra multa prevista no art. 58, inciso II, da
referida lei, apenas para os gestores (item 45, ‘a’, ‘c’ e ‘d’).
Também foi proposta a concessão de um novo e improrrogável prazo para que o estado de
Sergipe comprove o recolhimento do débito individual a ele atribuído em razão do desvio de valores
para custeio de medicamentos não previstos no programa. Além disso, propôs dar ciência à Secretaria
Estadual de Saúde e Sergipe – SES/SE e comunicar à Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos – CMED/Anvisa acerca das irregularidades, bem assim encaminhar cópia da
deliberação à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde – SE/MS e à Controladoria-Geral do
Estado de Sergipe (item 45, ‘b’, ‘h’, ‘i’, e ‘j’ da instrução).
Formulou, ainda, proposta alternativa, caso se entenda indevida a condenação em débito pela
não desoneração de ICMS nos termos do Convênio CONFAZ 87/2002, proposta idêntica nos outros
aspectos, mas já efetuado um recálculo dos valores de débito, excluindo a correspondente parcela
(item 46 da instrução). No recálculo, os valores reduzem consideravelmente, inclusive, com relação a
alguns dos débitos solidários, sequer perfazem o limite mínimo para constituição e prosseguimento de
tomada de contas especial.
II
Feito esse relato, pedimos vênias para divergir da proposta da Secex/SE (peça 274), deixando
de acolher a sua proposta principal (item 45) e também a alternativa (item 46), pelos motivos que
passamos a expor, contemporizando o tratamento da matéria com os julgamentos mais recentes do
Tribunal relacionados aos diversos aspectos dessa proposta de encaminhamento.
III
Sobre a não desoneração de ICMS na licitação e nos contratos para fornecimento de
medicamentos excepcionais, alinhamo-nos às decisões mais recentes que, reconhecendo não se tratar
de casos isolados, concluem ser descabida a constituição de débito, optando por expedir
recomendações e dar ciência no sentido de que sejam inseridas nos editais e contratos cláusulas
específicas acerca da aplicação do Convênio ICMS CONFAZ 87/2002.
Nessa linha, pode-se mencionar os Acórdãos de Relação 1.140/2012 – Plenário e 9.790/2011 –
2ª Câmara, os Acórdãos 1.154/2013, 3.596/2014 e 860/2015 – Plenário, entre outros. Mencionada
jurisprudência pode até divergir na forma do encaminhamento final, mas é uniforme em não constituir
débito pela não isenção de ICMS e seus reflexos nas vendas acima do PMVG.
Não bastasse isso, tal matéria ainda mostra aplicabilidade controvertida e decisões judiciais
diversificadas, e um tratamento ainda mais incerto à época dos fatos (Pregões da SES/SE 308/2007,
528/2008, 157/2009, 281/2009, 17/2010, 13/2011 e 40/2012). Reconhecimento disso é o próprio
Acórdão 140/2012 – Plenário – que é posterior às licitações –, por meio do qual o Tribunal
determinou ao Ministério da Saúde que orientasse gestores federais, estaduais e municipais acerca da
aplicação da isenção de ICMS, com explicações e ampla repercussão, alertando os entes federados
para que passem a contemplar expressamente os respectivos procedimentos de isenção em seus editais
e contratos para aquisição de medicamentos excepcionais.
No caso, aliás, nem os editais dos pregões, tampouco os contratos deles decorrentes fizeram
menção ao Convênio ICMS CONFAZ 87/2002, evidenciando falta de transparência desse aspecto no
momento de apresentação das propostas de preço, não estabelecendo se os orçamentos deveriam
estar, ou não, desonerados de ICMS.

82
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

Um mesmo certame ter recebido indistintamente propostas de preço oneradas e desoneradas


de ICMS bem ilustra a dúvida existente à época nesse aspecto e como ela se refletiu na publicidade e
na formulação das propostas de preço pelos licitantes, comprometendo também a aferição do menor
preço (maior desconto), considerando o fato de as alíquotas que seriam objeto de isenção variarem de
acordo com o estado de origem do produto (atualmente, por exemplo, para o ICMS é de 19% no RJ,
18% em SP, 12% em MG e PR, e 17% nos demais estados e DF) quando o destinatário não for
contribuinte do imposto, adotando-se a alíquota interna da origem, não sendo susceptível comparar
valores onerados e desonerados, se posteriormente, na execução, os mesmos seriam nivelados nesse
aspecto. Nessas condições, o que poderia parecer o menor preço pode não sê-lo, e vice-versa. Não é a
interpretação ideal acerca da aplicabilidade da norma de desoneração, mas a praxe verificada em
determinado período em várias localidades no País, como bem ilustra a jurisprudência do Tribunal.
Razoável, pois, concluir que a matéria sobre isenção de ICMS não se encontrava plenamente
sedimentada na Administração Pública ao tempo daqueles certames a ponto de amparar uma
exigência de cumprimento do Convênio ICMS CONFAZ 87/2002.
Além disso, as Notas Fiscais emitidas evidenciam o ICMS como tendo sido efetivamente
cobrado e integrado o valor pago pelos medicamentos. Logo, se houve incidência do imposto
estadual, só haveria o locupletamento por parte das empresas fornecedoras se constatada a sua
inadimplência junto ao fisco competente. Entretanto, tal apuração foge ao escopo da tomada de
contas especial e mesmo do interesse federal tutelado pela Corte de Contas, outra razão para não se
constituir um débito relativamente à não desoneração de ICMS nessas vendas de medicamentos
excepcionais à SES/SE.
IV
Com relação ao possível débito resultante da venda de medicamentos excepcionais à SES/SE
por preços acima do PMVG (sendo o PMVG = PF – ICMS – redutor CAP), que embasa a proposta
alternativa de condenação em débito solidário com relação aos gestores e algumas empresas, que
forneceria o preço de referência/parâmetro a ser comparado com os preços praticados pelas
empresas, utilizado na apuração do possível débito relativo à venda de medicamentos por valores
acima da tabela CMED/Anvisa, perfilhamos o entendimento sustentado no Acórdão 1.018/2015 –
Plenário, no sentido de encaminhar cópia dos autos para o Tribunal de Contas Estadual, tendo em
vista eventual sobrepreço, ademais, melhor apurável em âmbito de interesse local, e à CMED, haja
vista o descumprimento da Portaria CMED 4/2006 naquelas aquisições.
De acordo com esse entendimento, o ônus da contratação com sobrepreço em relação ao
PMVG recai sobre o próprio orçamento estadual, visto que a sistemática de financiamento do
programa de governo federal estabelecida pela Portaria GM/MS 2981/2009 prevê a transferência de
verbas federais aos estados com base nas autorizações de procedimentos de alta complexidade –
APACs. Seus valores resultam dos quantitativos de medicamentos dispensados multiplicados pelo
PMVG ou pelo preço de mercado dos medicamentos, caso este se mostre menor que as tabelas de
PMVG do CMED/Anvisa.
Nessas condições, sem desprezar a competência do Tribunal, parece mesmo razoável não
imputar um débito no âmbito do TCU, mas sim encaminhar a questão ao Tribunal de Contas Estadual,
para que adote as providências que entender cabíveis com vistas a um eventual ressarcimento dos
cofres estaduais em decorrência do sobrepreço apontado nestes autos. Além disso, cabe dar ciência à
Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED/Anvisa, haja vista o descumprimento
da Portaria CMED 4/2006 nas aquisições tratadas no presente processo, em que pese as alegações de
alguns defendentes no sentido de que àquela época foi realizada pesquisa de preços em nível local e
contratados os preços de mercado da Seplag/SE, não evidenciando sobrepreço, apesar da diferença a
maior em relação ao PMVG da CMED/Anvisa.
Além disso, deve-se reconhecer a razoabilidade da tese pela inadequação do padrão usado no
cálculo do sobrepreço, sobretudo nos casos em que houve exclusivamente a inobservância do PMVG

83
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

da CMED/Anvisa e não aplicação do redutor CAP, mas foram observados parâmetros de preço de
órgãos locais, apurados à época com base nos preços do mercado local.
Ademais, em todos os casos, cabe reconhecer que a responsabilidade pela não aplicação do
redutor CAP não seria somente das empresas contratadas, mas também da própria Administração
contratante caso tal previsão não tenha constado do edital de licitação e do contrato, sendo os preços
propostos aceitos pela Administração contratante, na medida em que guardavam compatibilidade com
os preços do mercado local registrados em seus próprios bancos de dados. Em muitos casos, inclusive,
esses mesmos preços se mostraram também compatíveis com o PMVG da CMED/Anvisa,
corroborando a adequação de preços e parâmetros.
Nesse ponto, diversamente de considerar os valores fixados como PMVG de uma maneira
absoluta e impositiva, parece razoável concluir que à época da realização dos certames (pregões da
SES/SE 308/2007, 528/2008, 281/2009, 17/2010, 13/2011 e 40/2012) não existissem procedimentos
para verificação direta deste PMVG, mas apenas aplicação de preços após a obtenção de parâmetros
coletados na praça da contratação, o que não o configura necessariamente como sendo
sobrepreço/superfaturamento.
A propósito, os responsáveis ressaltam que houve parametrização com os preços colhidos na
praça da contratação, refletindo os preços locais em um tempo no qual inexistiam, ou ainda eram
precários e/ou duvidosos, os meios para verificação direta do PMVG, com base nas tabelas da
CMED/Anvisa.
Desse modo, são razoáveis as alegações de alguns responsáveis no sentido de que houve
observância dos preços registrados por órgão estadual e cumprimento à legislação estadual de
licitações e compras centralizadas em contraposição à observância dos preços máximos fixados pela
CMED/Anvisa, o que à época não era claro, nem impositivo, conclusão que também nos parece
razoável.
V
Quanto ao débito imputado ao estado de Sergipe, concluímos na linha dos julgados que
entenderam pela não imputação de um débito ao ente federado, reconhecendo-se que houve desvio de
objeto, mas não desvio de finalidade – como sustenta a unidade técnica –, tendo em vista que os
valores federais vieram a custear outras despesas na área de saúde em proveito da coletividade local.
Mais especificamente, houve custeio de medicamentos não autorizados pela legislação específica, a
qual restringia tais aquisições aos medicamentos previstos no Grupo 1B do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica (Anexo I da Portaria do Ministério da Saúde 2.981/2009).
Nesse sentido, os Acórdãos 1.143/2015, 5.677/2014, 2.078/2011, 1.797/2014 e 1.798/2014 – 1ª
Câmara, Acórdãos 2.190/2013 e 7.527/2013 – 2ª Câmara; entre outros.
Senão vejamos que determinar o ressarcimento aos cofres do FNS desses valores destinados à
saúde pública no estado de Sergipe seria penalizar duplamente a coletividade local, primeiro, com a
não obtenção da aplicação dos recursos na finalidade de saúde específica, e depois, por condená-la
ao recolhimento desses valores aos cofres do FNS, comprometendo seu atual orçamento com um
possível débito por despesas há muito realizadas com desvio de objeto pelos gestores da SES/SE.
VI
Sobre as responsabilidades dos gestores, aliás, pensamos que devam ser acolhidas as razões
relacionadas à venda de medicamentos sem a desoneração do ICMS e/ou acima do PMVG, pelo
reconhecimento da inexistência de entendimento impositivo à época acerca da matéria, conforme
anteriormente sustentado neste parecer. Tal ocorrência havia sido imputada aos Srs. Rogério
Carvalho Santos, Mônica Sampaio de Carvalho, Sílvio Alves do Santos e Antônio Carlos Guimarães
de Souza Pinto, bem como às empresas fornecedoras dos medicamentos, as quais já propusemos que
sejam excluídas do rol de responsáveis, caso venham a ser acolhidas as conclusões deste parecer.
Relativamente à situação da precariedade do Almoxarifado Central – imputada exclusivamente
ao Secretário Estadual de Saúde à época da fiscalização, Sr. Sílvio Alves dos Santos, nomeado em
4/6/2012, também propomos que sejam acolhidas as razões de justificativa, pois não parece ser

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

razoável que ele responda sozinho pela situação encontrada, especialmente se ela foi resultado da
omissão de sucessivas gestões da SES/SE e sua gestão parece ser a que menos devesse responder pelo
fato, considerando o curto período no exercício do cargo.
De outra parte, cabe ainda refletir se as responsabilidades dos gestores estaduais em razão das
condições do Almoxarifado Central estarem em desconformidade com normas do Ministério da Saúde
seria apurável em processo de tomada de contas especial ou se teria uma apuração mais adequada
perante a Corte de Contas estadual.
Por fim, com relação à responsabilidade pelos pagamentos com desvio de objeto, para custear
medicamentos não autorizados pelas normas específicas, caberia responsabilidade aos Srs. Rogério
Carvalho Santos, Mônica Sampaio de Carvalho e Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto. Nada
obstante, dadas a insuficiência dessas ocorrências para macular as contas dos responsáveis e a
inadequação de que isso venha a ser objeto exclusivo de tomada de contas especial, abstemo-nos de
propor outras providências além da expedição de recomendações e ciência das irregularidades.
Nessas condições, mostra-se razoável propor o arquivamento dessa tomada de contas especial,
por ausência dos pressupostos para desenvolvimento válido e regular do processo, porém,
acautelando-se em expedir recomendações e dar ciência a determinados órgãos/entidades.
Alternativamente, caso o Tribunal entenda de subsiste algum debito nos presentes autos,
manifestamos concordância com a proposta da unidade técnica apenas quanto ao débito individual
imputado ao estado de Sergipe por desvio de objeto em proveito da coletividade local, ou seja, para
propor que antes do julgamento das contas dos responsáveis seja concedido ao estado de Sergipe um
novo e improrrogável prazo para recolhimento do debito, sem juros, apenas corrigido
monetariamente.
Quanto aos demais débitos e responsabilidades dos agentes e empresas, opinamos pela
insubsistência, dadas as razões arguidas neste parecer.
VII
Desse modo, com vênias por divergir da unidade técnica (peça 274), propomos:
a) excluir as empresas do rol de responsáveis;
b) arquivar a presente tomada de contas especial, por ausência dos pressupostos para
desenvolvimento válido e regular, considerando a inexistência de débito aos cofres federais;
c) dar ciência à Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe – SES/SE sobre a ausência no edital
de licitação e no contrato de cláusula que trate especificamente da aplicação do Convênio ICMS
CONFAZ 87/2002 e quaisquer normas que impliquem em desoneração tributária, bem como sobre a
necessidade de observância dos parâmetros de preços máximos estipulados pelos órgãos/entidades
federais competentes quando da utilização de valores federais, ou do preço de mercado, caso este se
mostre inferior aos valores máximos tabelados;
d) recomendar à Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe – SES/SE que passe a incluir nos
editais de licitações e contratos cláusula que trate especificamente da aplicação do Convênio ICMS
CONFAZ 87/2002 e quaisquer normas que impliquem em desoneração tributária, de modo a
assegurar a isonomia entre os participantes, a publicidade e a obtenção da proposta mais vantajosa
para a Administração Pública;
e) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida ao Tribunal de Contas do Estado
de Sergipe – TCE/SE, para que adote as providências que entender cabíveis, com relação a um
eventual ressarcimento dos cofres estaduais em decorrência do possível sobrepreço apontado nestes
autos;
f) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida à Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos – CMED/Anvisa, para as providências que entender cabíveis, haja vista
um possível descumprimento da Portaria CMED 4/2006 nas aquisições tratadas no presente processo;
g) dar ciência às partes e aos órgãos/entidades interessados.
Se, eventualmente, o Tribunal entender de maneira diversa, especificamente no sentido de que
não cabe excluir a imputação de débito ao estado de Sergipe por desvio de objeto em proveito da

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

coletividade local, entendendo que o ente público deva responder pelo débito individual conforme
proposto pela unidade técnica (peça 274, item 46, ‘c’), então, alternativamente, alvitramos que seja
concedido ao referido ente público um novo e improrrogável prazo para recolhimento do débito sem
juros, apenas acrescido monetariamente, nos termos do art. 202, §§ 3º a 5º, do Regimento Interno, e
que isso ocorra antes do julgamento das contas dos demais responsáveis, com vistas a equalizar as
etapas do processo com relação a todos os responsáveis, o que convém à racionalização processual.
Quanto à cogitação de possíveis débitos por superfaturamento e sobrepreço, porém, abstemo-nos de
constituí-los, tendo em vista as diversas razões arguidas neste parecer.”
2.
3. É o relatório.

86
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

4.

VOTO

Este processo cuida de tomada de contas especial convertida de representação


(TC-032.792/2011-5) por determinação do Acórdão 6.401/2012 – 1ª Câmara, em decorrência de
superfaturamento indicado na aquisição de medicamentos pela Secretaria de Estado da Saúde do
Estado de Sergipe, e tem como apensos a auditoria (TC-037.283/2012-0) que apontou irregularidades
conexas, bem como processos de solicitação de informação.
2. Foram realizadas citações e audiências de gestores públicos, de fornecedores de
medicamentos e do Estado de Sergipe a respeito das seguintes irregularidades:
a) superfaturamento, pela aquisição de fármacos excepcionais com valores acima do Preço
Máximo de Venda ao Governo (PMVG), em afronta ao item 28, Anexo I, da Portaria 2.577/2006 e art.
48, da Portaria 2.981/2009, ambas do Ministério da Saúde, sem respeitar o Coeficiente de Adequação
de Preços (CAP) fixado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e sem
desonerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em desconformidade com o
Convênio ICMS 87/2002, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz);
b) omissão, por não informar, à CMED, sobre as vendas de medicamentos com valores
superiores ao PMVG;
c) desvio de finalidade em função da compra de medicamentos não previstos no Grupo 1B do
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Anexo I da Portaria 2.981/2009 do
Ministério da Saúde);
d) precariedade do Almoxarifado Central da Secretaria de Saúde de Sergipe.
3. Após análise dos elementos de defesa trazidos aos autos, a Secex/SE propõe julgar
irregulares as contas de quatro ex-secretários de saúde, condenando-os em débito, solidariamente com
empresas fornecedoras, além de fixar novo e improrrogável prazo para que o Estado de Sergipe
recolha o prejuízo que lhe foi atribuído e aplicar multas com base nos art. 57 e 58 da Lei 8.443/1992.
Ressalto que há proposta alternativa, com a supressão, do débito, dos valores relativos à não
desoneração do ICMS.
4. O Ministério Público discorda da secretaria. Sugere excluir as empresas da relação
processual, arquivar o processo pela ausência de pressupostos para desenvolvimento válido e regular
(pela inexistência de débito), assim como dar ciência à Secretaria de Saúde de Sergipe sobre a ausência
no edital de licitação de regra relativa à desoneração tributária.
5. Acolho o essencial do parecer da Procuradoria.
6. Inicialmente, entendo que não houve desvio de finalidade na compra de medicamentos com
recursos transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde, de produtos não previstos no Grupo 1B do
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Anexo I da Portaria Ministério da Saúde
2.981/2009). Em casos como esse, a jurisprudência do TCU é pacífica no sentido que se trata de desvio
de objeto, pois, apesar de a destinação dos valores não ter sido especificamente a estabelecida, houve a
aplicação dos recursos em ações da mesma área finalística. Em processos de contas, impropriedades
como essa, implicam a consignação de ressalva.
7. No tocante à precariedade das instalações do Almoxarifado Central da Secretaria de Saúde
de Sergipe, foi atribuída somente a Sílvio Alves dos Santos, secretário à época da constatação da
irregularidade. De fato, como bem afirma o Ministério Público, não se mostra adequada a
responsabilização apenas desse gestor, que esteve no exercício do cargo durante seis meses, sendo que
o problema teve início muito antes de sua posse, tendo perdurado por gestões anteriores.
8. Quanto aos valores praticados acima do PMVG, assinalo que este é obtido a partir do Preço
de Fábrica, do qual é deduzido o ICMS, multiplicando o resultado dessa subtração pelo redutor
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

[PMVG = (PF – ICMS) * (1 – CAP)]. Assim como o Parquet, considero que deve ser adotado, para o
caso em exame, o mesmo entendimento que prevaleceu no Acórdão 1.018/2015 – Plenário. Na
ocasião, decidiu-se encaminhar cópia do processo ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), visto que,
conforme a sistemática da então vigente Portaria GM/MS 2.981/2009, eventual sobrepreço em
comparação ao PMVG é suportado pelo tesouro estadual.
9. De acordo com o mencionado normativo, os montantes repassados pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) às Unidades da Federação, atinentes aos medicamentos excepcionais, não tinham relação
com os valores que seriam praticados pelas secretarias de saúde; a referência eram as tabelas do
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Reproduzo, a seguir, trechos do relatório e
do voto que acompanham o Acórdão 1.018/2015 – Plenário, que tratam do assunto:
“RELATÓRIO
(..)
33.1. Tal situação decorre da forma como o governo federal financia o componente
especializado da assistência farmacêutica, nos termos definidos pela Portaria 2.981, de 26/11/2009. É
que, pela sistemática do normativo na medida em que estes são dispensados ao público, o SUS
repassa os valores respectivos tomando por base os preços constantes das tabelas do SIA/SUS,
independentemente do preço utilizado para aquisição dos medicamentos pela Secretaria de Saúde.
33.2 Para melhor compreensão, transcrevemos trecho do item 4 do relatório de fiscalização
(peça 48):
‘Tudo considerado, sobreleva notar que as irregularidades de maior gravidade detectadas –
sobrepreço e aquisição de medicamentos não enquadráveis como excepcionais – acabaram por gerar
um quadro onde a participação financeira do Estado do Piauí no financiamento da aquisição dos
medicamentos acaba por impor um ônus financeiro ao Estado próximo ou até mesmo superior ao
próprio montante de recursos federais recebidos.
Para obter dados contábeis consolidados referentes à aquisição de medicamentos
excepcionais, solicitou-se ao Tribunal de Contas do Estado as respectivas relações de empenhos
referentes aos exercícios de 2009 e 2010. Os extratos da consulta fornecidos revelam que foram
empenhados em 2009 nada menos que R$ 25.202.952,63 para custear despesas de ‘natureza
33903219 Medicamentos Excepcionais MinSaúde’ contra R$ 12.891.524,76 transferidos pelo Fundo
Nacional de Saúde, conforme o site do Ministério da Saúde. Ou seja, quase a metade das despesas
com medicamentos excepcionais, em teoria, correram por conta de fontes outras que não as
transferências federais para financiamento dos medicamentos excepcionais.
No ano de 2010, a situação foi semelhante, os empenhos para a mesma natureza de despesa,
consideradas todas as fontes, chegaram a R$ 30.365.164,00, enquanto as transferências federais
alcançaram somente R$ 13.226.645,77. A diferença aqui superou as próprias transferências federais
do período.
Tais ocorrências ligam-se diretamente à forma de financiamento do programa pelo Governo
Federal.
Veja-se que as transferências têm como base as Autorizações de Procedimentos de Alta
Complexidade (APACs) , como já referido quando se tratou do financiamento do componente no item
‘1.2 – Visão Geral do Objeto’, e seus valores resultam dos quantitativos de medicamentos
dispensados, constantes das relações em anexo às portarias que regulam a matéria, multiplicados
pelos respectivos PMVGs ou valores de mercado dos medicamentos, caso estes se mostrarem menores
(art. 61 da Portaria GM/MS n. 2.981/2009).
Pagando, na aquisição de medicamentos excepcionais, valores maiores que os PMVGs, como
se mostrou ser a regra, a diferença acabará sendo assumida pelo próprio Estado, já que os valores
adotados para as transferências fundo a fundo não são os de aquisição pelas Secretarias de Saúde.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 044.524/2012-9

O mesmo se dará quando o Estado se utilizar das transferências para aquisições de


medicamentos não integrantes do rol daqueles financiados pelo Governo Federal, como os
oncológicos, pois não poderá o Estado exigir a restituição posteriormente à dispensação.’
34. Desta feita, incumbe ao Estado, ao final, suportar o ônus das contratações com sobrepreço.
O dano ao erário, em princípio, foi suportado pelo Estado do Piauí, e não pelo FNS, que
unilateralmente fixa seus preços, sem, em nenhum momento do processo, participar dos processos de
licitação, contratação e pagamento dos produtos.
35. Assim, entendemos cabível o encaminhamento dos autos ao TCE/PI para que adote as
providências que julgar necessárias com relação ao sobrepreço verificado na aquisição, pela Sesapi,
de medicamentos integrantes do componente especializado da assistência farmacêutica.
(...)
VOTO
(...)
Conforme consignado pela unidade técnica, o ônus das contratações com sobrepreço recaiu
sobre o orçamento estadual. Isso porque a sistemática de financiamento do programa pelo Governo
Federal, estabelecida pela Portaria GM/MS 2.981/2009, prevê a transferência de verbas aos Estados
baseada nas Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade (APACs). Seus valores resultam
dos quantitativos de medicamentos dispensados multiplicados pelos respectivos PMVGs ou valores de
mercado dos medicamentos, caso estes se mostrem menores.
Dessa forma, alinho-me à proposta da unidade técnica de encaminhamento da questão ao
TCE/PI para que adote as providências que entender cabíveis, com vistas ao ressarcimento dos cofres
estaduais em decorrência do sobrepreço apontado nestes autos, bem assim à Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos – CMED, haja vista o descumprimento da Portaria CMED 4/2006 nas
aquisições tratadas neste processo.” (grifos acrescidos)
10. Dessa forma, reputo adequado o posicionamento do Ministério Público, que entende que, se
há débito, não se trata de recursos abrangidos pela jurisdição desta Corte, devendo a questão ser
encaminhada à consideração do Tribunal de Contas Estadual, assim como foi determinado por meio do
Acórdão 1.018/2015 – Plenário em situação semelhante.
11. Acrescento observação pertinente da Procuradoria a respeito das notas fiscais presentes nos
autos, que indicam que o ICMS foi efetivamente incorporado ao preço final dos produtos, levando à
conclusão de que o desvio em favor das empresas somente seria possível com o não pagamento do
imposto ao fisco estadual. A natureza do tributo reforça a competência do TCE. Nesse sentido, também
penso ser apropriado, seguindo julgados recentes, dar ciência ao jurisdicionado para que inclua, nos
editais e nos contratos, cláusulas específicas sobre a desoneração do aludido imposto.
12. Minha divergência com o Ministério Público é quanto à sua sugestão de arquivar o processo
por ausência de pressupostos de desenvolvimento válido e regular. A meu ver, embora a conclusão seja
pela inexistência de débito em relação ao Tesouro Nacional, o processo foi devidamente criado – pois
existiam indícios consistentes da ocorrência de dano ao erário federal –, tendo seguido seu curso
regularmente, com a apuração desse suposto prejuízo. Ao final, creio que este Tribunal está apto a
julgar as contas dos responsáveis. Aliás, tendo em vista que houve desvio de objeto e considerando a
precariedade das instalações do almoxarifado da secretaria de saúde, deve-se consignar a devida
ressalva às contas dos ex-secretários, ante sua participação nessas impropriedades.
Diante do exposto, acolhendo a essência do encaminhamento sugerido pelo Ministério Público,
voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à 2ª Câmara.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 12 de setembro de
2017.

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JOSÉ MÚCIO MONTEIRO


Relator
5.

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6.

ACÓRDÃO Nº 8518/2017 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo TC-044.524/2012-9
1.1 Apensos TC-032.792/2011-5, TC-037.283/2012-0, TC-020.687/2014-1, TC-028.650/2014-0, TC-
004.655/2015-0, TC-015.803/2015-5 e TC-019.427/2015-8
2. Grupo II, Classe II – Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis: Rogério Carvalho Santos (CPF 411.687.205-91), Mônica Sampaio de Carvalho (CPF
662.546.205-53), Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto (CPF 084.008.688-11), Sílvio Alves dos
Santos (CPF 148.889.205-91), ex-secretários de Saúde do Estado de Sergipe, Estado de Sergipe (CNPJ
13.128.798/0001-01), Expressa Distribuidora de Medicamentos Ltda. (CNPJ 06.234.797/0001-78),
Elfa Medicamentos Ltda. (CNPJ 09.053.134/0001-45), Crisfarma Comércio Representações e Serviços
Ltda. (CNPJ 32.734.295/0001-16), Farmaconn Ltda. (CNPJ 04.159.816/0001-13), Majela Hospitalar
Ltda. (CNPJ 02.483.928/0001-08) e Atma Produtos Hospitalares Ltda. (CNPJ 41.118.886/0001-50)
4. Unidade: Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
7. Unidade Técnica: Secex/SE
8. Representação legal: Alexandre Levizon (OAB/SP 270.836), Antônio Eduardo Silva Ribeiro
(OAB/SE 843), Crisleide Reis Valadares (CPF 532.826.125-91), Max de Carvalho Amaral (OAB/SE
5.229), Ana Cristina de Sousa Cardoso (CPF 642.309.536-15), Osmar Tavares dos Santos Júnior
(OAB/PB 9.362), Alexandre Aroeira Salles (OAB/DF 28.108), Alan Wiston Lima Freitas Chaves
(OAB/CE 18.970) e outros

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, convertida de
representação (TC-032.792/2011-5) por determinação do Acórdão 6.401/2012 – 1ª Câmara, em
decorrência de superfaturamento verificado na aquisição de medicamentos pela Secretaria de Estado
da Saúde do Estado de Sergipe, tendo como apenso a auditoria (TC-037.283/2012-0) que apontou
irregularidades conexas.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª
Câmara, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, e
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1 excluir da relação processual as sociedades empresárias Expressa Distribuidora de
Medicamentos Ltda., Elfa Medicamentos Ltda., Crisfarma Comércio Representações e Serviços Ltda.,
Farmaconn Ltda., Majela Hospitalar Ltda. e Atma Produtos Hospitalares Ltda.;
9.2 julgar regulares com ressalva as contas de Rogério Carvalho Santos, Mônica Sampaio
de Carvalho, Antônio Carlos Guimarães de Souza Pinto e Sílvio Alves dos Santos, dando-lhes
quitação;
9.3 dar ciência à Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe sobre a ausência no edital de
licitação e no contrato de cláusula relativa à aplicação do Convênio ICMS CONFAZ 87/2002 ou de
outras normas que impliquem desoneração tributária, bem como sobre a necessidade de observância
dos parâmetros de preços máximos estipulados pelos órgãos/entidades competentes quando da
utilização de valores federais, ou do preço de mercado, caso este se mostre inferior aos valores
máximos tabelados;
9.4 recomendar à Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe que inclua, nos editais de
licitações e contratos, cláusula relativa à aplicação do Convênio ICMS CONFAZ 87/2002 ou de outras
normas que impliquem desoneração tributária, de modo a assegurar a isonomia entre os participantes, a
publicidade e a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública;
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9.5 encaminhar cópia desta deliberação:


9.5.1 ao Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, para que adote as providências que
entender cabíveis, com relação a um eventual ressarcimento dos cofres estaduais em decorrência do
possível sobrepreço;
9.5.2 à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), para as providências que entender cabíveis, haja vista um possível
descumprimento da Portaria CMED 4/2006;
9.6 arquivar o processo.

10. Ata n° 33/2017 – 2ª Câmara.


11. Data da Sessão: 12/9/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-8518-33/17-2.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (na Presidência), Aroldo Cedraz, José Múcio Monteiro
(Relator) e Ana Arraes.
13.2. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


JOÃO AUGUSTO RIBEIRO NARDES JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
na Presidência Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Subprocurador-Geral

7.

92

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