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DONA DE CASA PODE RECOLHER INSS PARA TER DIREITO A

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

Sergio Ferreira Pantaleão

Em setembro/2011 entrou em vigor a Lei 12.470/2011 que possibilitou à dona de casa,


de baixa renda, contribuir com a Previdência Social e garantir os principais benefícios
previdenciários como aposentadoria por idade, por invalidez, auxílio-doença, pensão
por morte, salário maternidade e auxílio-reclusão, exceto a aposentadoria por tempo de
contribuição.

A aposentadoria por idade (um dos benefícios a que terá direito) se dá aos 60 anos (se
mulher) e aos 65 anos (se homem).

Por se dedicar exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito da própria residência e


por não dispor de renda própria, a dona de casa é enquadrada na legislação
previdenciária como segurado facultativo. Nada obsta que o dono de casa também se
beneficie da nova alíquota para ter direito aos benefícios, já que a figura masculina
que trabalha no ambiente familiar já é algo comum hodiernamente.

Não só a dona de casa pode filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social como
segurado facultativo, mas qualquer pessoa maior de dezesseis anos de idade que não
exerça atividade remunerada tais como o estudante, o síndico de condomínio não
remunerado, o desempregado (até que encontre outro emprego), o bolsista ou estagiário,
o presidiário que não exerce atividade remunerada, dentre outros.

O percentual de contribuição que antes era de 11% (art. 21, § 2º da Lei 8.212/91) foi
reduzido para 5% sobre o salário mínimo a partir da nova lei, possibilitando que os
benefícios acima citados sejam garantidos à(ao) segurada(o) que contribuir com um
valor mensal de R$ 33,90 (válido a partir de jan/13).

Considerando o salário mínimo atual, a dona de casa irá contribuir anualmente com o
valor de R$ 406,80 e quando estiver incapacitada para o trabalho ou em período de
gestação, por exemplo, lhe será garantido o benefício mensal equivalente a um salário
mínimo, hoje de R$ 678,00.

De acordo com a referida lei todas as famílias com renda mensal de até 2 salários
mínimos (R$ 1.356,00) poderão contribuir com o percentual reduzido e ter direito aos
respectivos benefícios, desde que estejam inscritos no Cadastro Único de Programas
Sociais (CadÚnico). Para fazer a inscrição no CadÚnico procure a prefeitura de sua
cidade.

Para quem possui esta renda mensal e já contribuía no valor de R$ 74,58 (11%) poderá
passar a contribuir no novo percentual, tendo uma economia mensal de R$ 40,68 (R$
74,58 - R$ 33,90) e manter o direito aos benefícios.

Mesmo a dona de casa (ou dono de casa) que não é de família de baixa renda, ou seja,
que está fora da faixa da renda mensal familiar (R$ 1.356,00), também poderá contribuir
para a Previdência Social como segurada facultativa. Neste caso o valor da contribuição
é de, no mínimo, 11% sobre o salário mínimo, tendo direito aos mesmos benefícios já
citados anteriormente.

Como a contribuição é sempre sobre o salário mínimo, quando do recebimento do


benefício o valor também está limitado ao mínimo. O segurado (de baixa renda ou não)
só terá direito a receber acima do mínimo, quando optar por recolher 20% de INSS
sobre uma base de cálculo que couber em seu orçamento, ou seja, se recolher
mensalmente 20% sobre um valor de R$ 1.000,00 (R$ 200,00), quando se aposentar,
por exemplo, seu rendimento será equivalente a base de contribuição (R$ 1.000,00) e
não o salário mínimo.

Para quem não é contribuinte, poderá fazer a inscrição pelo telefone 135 ou pelo site da
Previdência Social clicando aqui. O número do PIS será automaticamente gerado após o
cadastro junto a Previdência. Para o cadastro na internet tenha em mãos os seguintes
dados:

 Nome completo;
 Nome da mãe completo;
 Data de nascimento;
 CPF;
 CTPS (se tiver);
 Carteira de Identidade (RG);
 Título de Eleitor;
 Certidão de Nascimento (informando o livro, folha e termo). 

A previdência social publicou os novos códigos de recolhimento para os contribuintes de baixa


renda, os quais poderão optar pelo recolhimento mensal ou trimestral, conforme códigos
abaixo:

Percentual de
Descrição
Pagamento
5% Facultativo Baixa Renda - Recolhimento Mensal
5% Facultativo Baixa Renda - Recolhimento Trimestral
15% Facultativo Baixa Renda - Recolhimento Mensal - Complemento
15% Facultativo Baixa Renda - Recolhimento Trimestral - Complemento
6% Facultativo Baixa Renda - Recolhimento Mensal - Complemento para plano simplificado da Previdência So
6% Facultativo Baixa Renda - Recolhimento Trimestral - Complemento para plano simplificado da Previdência

A dona de casa poderá emitir a Guia da Previdência Social - GPS para pagamento se
utilizando de um dos códigos acima (optando por recolher mensalmente ou
trimestralmente). Realizado o cadastramento pelo 135 ou pelo site da Previdência
Social, clique aqui para emitir a GPS.

Após a emissão da GPS o pagamento poderá ser feito acessando sua conta bancária pela
internet (caso seu banco disponibilize esta forma de pagamento) ou se dirigindo a uma
agência bancária mais próxima de sua residência. O valor mínimo da GPS que era de R$
29,00 passou para R$ 10,00 em função da redução do percentual de contribuição.
Esta redução exigiu também uma adaptação por parte dos bancos, os quais incluíram os
novos códigos de recolhimento bem como se adequaram ao novo valor mínimo de
recebimento.

O prazo para recolhimento da contribuição por parte do segurado facultativo é até o dia
15 do mês subsequente, ou seja, o valor de INSS a recolher da competência maio/2013 é
até o dia 15 de junho/2013, conforme estabelece o art. 30, alínea c, inciso II da Lei
8.212/91. Como dia 15 de junho é sábado, neste caso o recolhimento poderá ser feito até
o dia 17.

Com a nova possibilidade de contribuição a dona de casa que sofrer um acidente, por
exemplo, e não puder fazer as tarefas domésticas, terá direito a receber mensalmente o
valor de um salário mínimo, até que seja constatada a sua recuperação.

Será garantido da mesma forma a aposentadoria por invalidez em caso doença grave
que a incapacite definitivamente para as atividades diárias, bem como será assegurado
aos dependentes, a pensão por morte em caso de falecimento da segurada.

Sergio Ferreira Pantaleão é Advogado, Administrador, responsável técnico pelo Guia Trabalhista e autor de obras na área trabalhista e
Previdenciária.

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