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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DO CERES – DHC
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – LICENCIATURA
COMPONENTE CURRICULAR: METODOLOGIA DE ENSINO DA HISTÓRIA
PROFESSOR: ANDRÉ MENDES SALLES
DISCENTES: DAMIÃO MARCOS, DAVID JEFERSON, PRENTICE GEOVANNI

Análise do Documento Curricular – 12.12.2020

Para análise de um documento curricular, escolhemos o Documento Curricular


do Estado do Rio Grande do Norte. Por ele, pretendemos abordar os caminhos
educacionais que partem desde o Estado Nacional até às esferas micro entre professor e
estudante. O documento foi organizado por Andréa Carla Pereira Campos Cunha,
Jailma Silva de Oliveira, Margarete Ferreira do Vale De Sousa e Maria Lucia Soares da
Costa Lima Figueiredo.
É um documento curricular de referência para as escolas do Rio Grande do
Norte em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento
normativo que foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) instituindo um
conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais em que todos os estudantes
da Educação Básica devem desenvolver ao longo de suas etapas – Educação Infantil,
Ensino Fundamental e respectivas modalidades, estando o Ensino Médio em processo
de homologação.
Assim, é importante destacar que o documento foi elaborado dessa união de
Estado e municípios, ou seja, houve todo um esforço em diversas instâncias para que
houvesse um alcance que corroborasse com a realidade a ser trabalhada. Na construção
dele procurou-se estabelecer e desenvolver condições de igualdade e de equidade
quanto ao desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens por toda rede de
ensino do Estado. Para tanto, foi instituído uma Comissão Estadual destinada à
implementar a Base Nacional Comum Curricular no Estado do Rio Grande do Norte
(BNCC/RN) em relação à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental, por meio de uma
Portaria SEEC/GS n. 141/2018, sob presidência da Secretária de Estado da Educação e
da Cultura do Rio Grande do Norte e representações da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime) e da União Nacional dos Conselhos Municipais de
Educação (UNCME), com o compromisso de estabelecer e cumprir as premissas do
regime de colaboração.
Por fim, esse currículo configurou-se como um processo democrático na medida
em que as escolas se mobilizaram e puderam contribuir significativamente na sua
construção. Além do mais, contou com a participação de professores e agentes da
sociedade civil, por meio de mais de 15 mil acessos a consulta pública on-line. É um
currículo crítico, com medidas reflexivas e contextualizadas, que se alinham com a
diversidade regional norte-rio-grandense e com o propósito de melhorar a aprendizagem
e do desenvolvimento dos nossos estudantes. Feita toda essa apresentação e a já situados
em toda complexidade que um documento desse exige para se fazer ativo na sociedade,
nossa análise consistiu em separar o tópico que trata das relações étnicos-raciais, para,
em seguida, analisar como essa necessidade será abordada nos anos finais do Ensino
Fundamental. Portanto, nossa análise partirá do macro até o micro. Afinal, o conteúdo
aqui abordado é uma demanda social que precisa ser trazida para o campo da sala de
maneira que impacte de volta na sociedade. Sendo assim, percebamos os afunilamentos
que vão desde sua produção até sua aplicação na vida do professor e estudante, esses
agentes sociais tão importantes para mudar uma realidade tão complexa como a que
vivemos hoje.

Educação das Relações Étnico-Raciais


Publicado no ano de 2018 e tendo sido pensado de modo apresentar soluções
metodologicamente sistematizadas frente aos processos que envolvem a aquisição de
ensino-aprendizagem no estado do Rio Grande do Norte, o Documento Curricular do
Rio Grande do Norte analisado neste presente texto se propõe a pensar diversas
demandas de problemas que atravessam a educação dos alunos norte-rio-grandenses.
Dentre os vários objetivos circunscritos nesse documento, reside nesse impresso um
tópico que aborda um dilema pertinente no Brasil, isto é, a necessidade de ações
afirmativas que busquem por em debate a educação das relações étnicos-raciais. Logo,
torna-se imprescindível examinarmos de que forma o Documento Curricular do Rio
Grande do Norte se posiciona perante a essa demanda temática que se faz tão necessária
entre os estudantes potiguares.
Antes de estudarmos o tópico seis do nosso documento em análise, ao qual
corresponde ao ponto que diz respeito as relações étnico-raciais, nos visualizamos tendo
a seguinte dúvida: quais as motivações que justificam a produção de um outro texto
impresso que busque tratar sobre esse mesmo tema, uma vez que a BNCC (Base
Nacional Comum Curricular) já se dispôs a se deter sobre esse mesmo objeto?! A razão
disso se fez clara após a leitura do tópico examinado supracitado, quando esse
documento nos conduziu a perceber que pensar a educação das relações étnico-raciais
representa dialogar com realidades tanto de dimensões geográficas e temporais mais
extensas, quanto de realidades locais de espaço-temporais. Ou seja, seu intensão nos
externa uma busca dos educandos potiguares por dialogar com as conjunturas
específicas do nosso estado, de modo a pensar o tema das relações étnico-raciais,
partindo das particularidades relativas ao ensino norte-rio-grandense.
Outrossim, percebemos que o documento em questão evoca forças para um
engajamento maior por parte das instituições escolares, de sorte que seja atenuado as
desigualdades sociais que se perpetuam também entre os estudantes e professores do
Rio Grande do Norte:

A escola é um dos espaços em que são reproduzidos alguns dos


posicionamentos e práticas que nossa sociedade conserva e que contribuem
para a produção de desigualdades sociais, tais como preconceitos e
discriminações sociais, regionais/territoriais e socioeconômicas, bem como
naturalização de explorações, exclusões, injustiças e barreiras ao pleno
exercício dos direitos. (CUNHA et al, 2018, p.30)

Portanto, é possível auferir que o tópico seis do Documento Curricular do Rio


Grande do Norte pretende por em prática uma proposta de política curricular que não só
agregue com a plena execução das competências da nossa Base Nacional Comum
Curricular, as quais tratam da necessidade de uma reeducação frente ao tema das
relações étnico-raciais na educação brasileira; mas também que este documento sirva de
um material capaz de garantir uma conversa maior com os professores e alunos
potiguares a respeito da identificação e combate a qualquer tipo de discriminação ou
injustiça social, a começar por nossas instituições de ensino. Com isso, espera-se que
esse respectivo documento atenda a Resolução CNE/CP n.1/2014, a qual torna essencial
a educação das relações étnicos-raciais e o ensino de história e cultura afro-brasileira,
africana e indígena; para a formação de cidadãos preocupados com o respeito em
relação as pluralidades sociais vigentes em nossa nação.
Documento Curricular do Rio do Grande do Norte para o ensino de História –
anos finais
O mundo contemporâneo é para a sociabilidade algo que deve ser discutido,
analisado pelo método histórico, objetivo esse que traga à luz sua formação, os espaços
culturais dos países e das regiões, os personagens e suas identidades, as continuidades e
as rupturas que fizeram nascer as conjunturas da nossa prática social presente.
Acreditamos que a escola tem função manga quando nos referimos ao desenvolvimento
crítico dos indivíduos. O espaço escolar é um terreno de fomentação das realidades, da
discussão de questões étnico-raciais que nos levam a pensar pela História das
cronologias, eventos, fatos, documentos, a possibilidade de tornar a vida melhor para
todos.
Pensando o ensino de história e a necessidade do mesmo estar em diálogo com a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), propomos analisar o “Documento
Curricular do Rio Grande do Norte para o ensino de História”, na tentativa de apontar
em teoria o que está em convergência com o documento normativo das redes de ensino
e suas instituições públicas e privadas, BNCC e elaborado para as suas realidades
regionais, étnicas e culturais. Exploraremos o documento a partir da problematização da
construção histórica dos territórios brasileiros e das habilidades que se propõe tanto a
atender as exigências da BNCC como em oferecer uma formação crítica para os alunos
que dimensione questões étnicas, espaciais e históricas. Ademais, seguindo este
caminho, tentaremos chegar à conclusão de uma reflexão acerca do que está previsto em
teoria no documento.
Como já foi pontuado, o Documento Curricular do Rio Grande do Norte é uma
emergência de 2018, que se desenvolveu a partir da necessidade de uma formação mais
crítica dos alunos ao pensarem historicamente suas realidades. Tal objetivo havia de
dialogar com as exigências da Base Nacional Comum Curricular, que requisitava o
operar de questões étnicas, temporais, espaciais, mundiais e regionais no currículo
escolar. A parte do documento a qual nos deteremos discute o currículo para os anos
finais do ensino fundamental. O documento fala que:

“A proposta para os Anos Finais está pautada nos procedimentos básicos no


processo de ensino e aprendizagem em História, à luz da BNCC:
identificação dos eventos considerados importantes na História do Ocidente
(África, Europa e América, especialmente no Brasil e Rio Grande do Norte),
ordenando-os de
forma cronológica e localizando-os no espaço geográfico; estabelecimento de
condições para que os estudantes compreendam e reflitam sobre os
significados da produção, circulação e utilização de documentos (materiais e
imateriais), elaborando críticas sobre formas já consolidadas de registro e de
memória, por meio de várias linguagens; e, por fim, identificação,
reconhecimento e interpretação de diferentes versões de um mesmo
fenômeno, avaliando hipóteses e argumentos com vistas ao desenvolvimento
de habilidades necessárias para a elaboração de proposições próprias”.
(CUNHA et al, 2018)

Ao que está postulado, os alunos terão uma formação histórica acerca dos
espaços a nível de horizonte. Estudarão sobre a Europa, a África, que hibridiza o Brasil,
e o rio Grande do Norte, mostrando recorte para suas realidades. Então, em teoria,
teríamos um cumprimento das exigências da BNCC. Dentro desse leque, onde serão
criadas reflexões da história dos povos, das culturas a níveis mundiais, nacionais e
regionais, os alunos poderão fazer links mais críticos acerca de seus presentes, de suas
identidades, lugares práticos e de fala.
Vemos que há uma proposta de construção crítica para os alunos, de uma
reflexão que evidencia os primeiros habitantes, suas etnias, identidades por lentes mais
afinadas. Os alunos terão, pelo método histórico do professor, o contato com
documentos, fatos, linguagens escritas, faladas, pintadas, materiais e imateriais, o que
mostra a vontade de criar indivíduos que aprendam a pensar mais criticamente por si
mesmos, uma vez que terão o contato com o fazer-se crítico. O documento leva a
conhecimento do professor, este que deverá ser também um pesquisador, o atendimento
dessas exigências que aparecem em teoria, pois assim fomentarão as leis previstas pela
Base Nacional Comum Curricular.
Bem explícito no documento estão as habilidades (EF07HI11) e (EF07HI12) da
BNCC a serem desenvolvidas pelo currículo, que propõem como ferramenta de trabalho
para cumprir as exigências de aprendizado dos povos, suas etnias, identidades e
espaços, a análise e formação histórico-geográfica do território da América portuguesa
por meio de mapas históricos e identificação e distribuição territorial da população
brasileira em diferentes épocas, considerando a diversidade étnico-racial e étnico-
cultural (indígena, africana, europeia e asiática).
Conclusão
Em vista disso, podemos constatar que o Documento Curricular do Rio Grande
do Norte não só cumpre os seus objetivos, inicialmente supracitados neste trabalho,
traçados para o diálogo entre o estado potiguar e o tema da educação das relações
étnico-raciais; como também acata aos seus propósitos pensados para fazer ponte entre
o Rio Grande do Norte e o ensino de História, nos anos finais do Ensino Fundamental.
Isso se evidencia quando encontramos no impresso analisado propostas para
reformular projetos políticos; garantir que os projetos curriculares sejam efetivamente
cumpridos de acordo com a BNCC; e estabelecer reflexões sobre o calendário e suas
datas locais com as temáticas que atravessam o tema da educação das relações étnico-
raciais.
Ainda sobre o seu sucedimento perante suas propostas para trabalhar o tema das
relações étnico-raciais nas redes de ensino norte-rio-grandenses, podemos chegar à
conclusão de que este documento atende a esta problemática por meio da produção e
distribuição de materiais didáticos que discutam sobre a identificação e combate a
posturas de cunho racista, preconceituosas ou discriminatórias, nas dependências
escolares; garantindo assim a plena formação continuada dos principais agentes
envolvidos nesse processo, isto é, escola, professores, e alunos.
Olhando para o outro ponto que nos cabe, referente ao currículo e o ensino de
História nos anos finais, o documento também atende as necessidades e demandas,
dialoga com as exigências da BNCC, reflete questões macro à dimensões regionais,
micro, e recorta boas habilidades dentro de uma problemática para atender as demandas
que fizeram surgir o próprio documento. No mais, ao que se pode ver na teoria, a
proposta de um ensino mais crítico está arquitetada para futuras formações críticas, que
valorizem discussões de identidade, etnia, espaços e pertencimentos.
Referências Bibliográficas:
CUNHA, Andréa Carla Pereira Campos et al. Documento curricular do Estado do
Rio Grande do Norte: ensino fundamental. Natal: Offset, 2018. 1103 p.

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