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0 aproveitamento econômico
do Vale do São Francisco
1947
imprensa Nacional — Rio de Janeiro - - Brasil
Luiz Viana Filho
Deputado Federal
0 aproveitamento econômico
do Vale do São Francisco
1947
Imprensa Nacional — Rio de Janeiro — Brasil
DISCURSO DO SR. DEPUTADO LUIZ VIANA
Ante realidades tão graves foi que mana. Pois bem: se diante disso ima-
a Constituinte de 45 instituiu a cota ginarmos que o São Francisco pode
constitucional, destinada, justamente, produzir cerca de um milhão e meio
ao total aproveitamento econômico de cavalos de força motriz, teremos
da imensa região. Desde aí não tem uma idéia, embora vaga, das possibili-
faltado o paralelo, geralmente feito, dades daquele Vale, no dia em que,
entre as obras a serem realizadas por uma obra de conjunto que nos
no São Francisco e aquelas que vêm permita o total aproveitamento das *
sendo feitas no Vale do Tennessee. sua energia hidro-elétrica, dotar-
Por isso mesmo e em face do rela- mos suas populações, e mais aqueles
tório de 1946, da famosa T. V. A. que para ali naturalmente se dirigi-
que deseja mostrar à Câmara, como rem, da energia elétrica, da força e
sua obra que, à primeira vista, pode do potencial que é capaz de produzir.
parecer local, é eminentemente na- (Apoiados.)
cional . J á que me referi ao Vale do Ten-
Também contra o Tennessee, na nesse, não é mal que aborde outras ci-
Câmara dos Deputados dos Estados fras, talvez táo eloqüentes quanto es-
Unidos, uma corrente de opinião se tas, e que mostram o que será a obra
levantou declarando que aquelas agora tentada. Basta dizer que, en-
obras grandiosas, mas de enorme dis- quanto em 1934, a produção do Vale
pêndio, iriam beneficiar quase que do Tennessee e eqüivalia apenas a
exclusivamente uma região. Dois 60 % da média verificada nos Esta-
presidentes — Coolidge e Hoover —as dos Unidos, hoje, registra 50 % acima
vetaram. da média da América do Norte! Que
Está provado, entretanto, hoje, pe- produziu esse milagre?
lo citado Relatório, que 54% de todas O Sr. Aureliano Leite — V. Exce-
as despesas do Tennessee são feitas, lência poderia citar, também, em abo-
não nos sete Estados marginais do no da sua afirmação, o caso do noro-
vale, mas nas demais unidades que este dos Estados Unidos, da região da
compõem a federação americana. Columbia, que era paupérrima e se tor-
Também no São Francisco, quando nou, por efeito do seu aproveitamen-
para ali carregarmos as somas vulto- to, uma das grandes fontes de produ-
sas, porém indispensáveis para as ção da América do Norte.
obras de que carecemos, nessa oca- O SR. LUIZ VIANA — E' a região
sião teremos criado para o Brasil, do Colorado.
para. suas indústrias, em todo o Nor- Aliás, entre cs trabalhos que consul-
te c em todo o "'ai, um imenso cen- tei está, justamente, um sobre o Uper-
tro consumidor. Ao mesmo tempo Colorado e no qual tive oportunidade
teremos aberto às necessidades na- de ver que, na região do rio Colora-
cionais novos mercadas e novas fon- do, desde 1860 se utilizam os campos
tes de produção. de irrigação com êxito perfeitamente
Justamente este argumento, Sr. notável e acessível ou aplicável à re-
Presidente, se me afigura decisivo gião do São Francisco.
e capital, para que a Câmara, se-
jam quais forem os dispêndios exi- Dizia eu, porém, desejar trazer ao
gidos, jamais regateie as verbas ne- conhecimento da Casa, para melhor
cessárias para a realização e con- percepção das conseqüências benéficas,
clusão das obras de aproveitamento verdadeiramente miraculosas, que po-
da energia hidro-elétrica, que, como derão ter as obras do São Francisco,
sabem os Srs. Deputados, representa alguns dados sobre a evolução do va-
mais de B% de todo o potencial bra- le do Tennessee. Vou, pois, referir-
sileiro. me a toneiagem-milha transportada
Seria, aliás, desnecessário que eu pelo grande rio americano: enquanto
aqui me referisse à importância que em 1926, não excedia de 46 milhões,
tem na vida dos povos, na era con- em 1945 esse total se elevou a 256 mi-
temporânea, o aproveitamento da lhões, isto é, mais de seis vezes num
energia hidro-elétrica que — já al- espaço oe vinte anos!
guém concluiu — eqüivaler a multi- Em relação ao São Francisco — en-
plicar por quinze a energia de cada tretanto se recuarmos vinte anos no
individuo. E Davi* Lilienthal, um dos tempo — quase nada ali se alterou!
diretores da T. v. A.: escreve que a Na América do Norte, porém, não se
eletricidade é o moderno escravo, tra- verificou milagre algum. Houve, ape-
balhando suavemente para o homem, nas, o aproveitamento racional. Foi o
ao mesmo tempo em que avalia cada nomem, com a técnica e os conheci-
kilcwatt em dez dias de energia hu- mentos modernos da ciência, no apro-
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veitamento de uma região, então po- bamos o efeito que terá cada barra-
bre, onde grassava a ignorância, e a gem, cada tijolo, cada pá de cimento
doença numa população sempre em que fôr colocada no leito do São Fran-
busca de emigrar. Não se pense que o cisco.
Vale do Tennessee, , antes das obras Importa ter muita atenção com o
ali realizadas, fosse zona ricai, alguma problema, até porque lá no Tennessee,
Canaan americana. Não ! Longe disso. não houve obra de improvisação, mas
Foi, talvez, a pior das regiões dos Es- sim, a fixação de um objetivo, só al-
tados Unidos e, hoje, nos oferece o cançado um século mais tarde.
espetáculo de uma das mais próspe- Já em 1824, Calhoum, Secretário da
ras, ricas e progressistas. Guerra de Monroe, aconselhava ao fa-
O Sr Aurelia.no Leite — Resolveu moso Presidente americano que des-
também o problema da migração ao se ordens e instruções para ó apro-
mesmo tempo, pois uma coisa está co- veitamento da região situada à mar-
nexa com a outra. gens do Tennessee, onde hoje tem
O SR. LUÍS VIANA — E' claro justamente a Tennessee Valley Autho-
que o aproveitamento do São Francis- rity a sua sede.
co implicará naturalmente em levar- Desde essa época tinham os ame-
mos para suas margens novas corren- ricanos as vistas voltadas para os pro-
tes imigratórias, que farão com que blemas do Tennesse, que, como disse,
se inverta o plano inclinado atual, só haveriam de ver realizados mais
quando o que vemos são populações do de um século depois, quando, em 1933,
Vale do São Francisco em constante sob o aguilhão da crise, tendo necessi-
migração para os demais Estados do dade de traçar para a América do
Brasil. Norte ameaçada de uma das maiores
Este Sr. Presidente, o quadro que catástrofes de sua história, um plano
se nos depara. capaz de reanimar e também de absor-
Não é menos exato que, para reali- ver a imensa massa dos sem-trabalhos,
zar tais obras, devemos ter um conhe- estipendiados pelo Tesouro; quando
cimento justo dos objetivos que de- em 1933, o Presidente Roosevelt diri-
vemos alcançar, porque sem' êle, sem giu ao Congresso Americano a men-
sabermos das metas a atingir, e dos sagem em que pedia a aprovação do
recursos de que dispomos, poderemos plano mais tarde convertida em Ten-
ingressar numa aventura oujo fim, nesse Valley Act.
evidentemente, ignoramos. Pois bem, lá nos Estados Unidos —
recolho esta informação de um dos
Por isso, meu intento é não so- trabalhos que compulsei, dedicados à
mente fixar o que consideramos obje- matéria — "cada barragem da T.V.
tivo primacial desta grande e generosa A., diz o autor, é o projeto de vários
cruzada, como, também, fixar, com ab- fins, e os engenheiros da T.V.A., es-
soluto conhecimento, os planos que colheram-no não apenas para dar n a -
terão de proceder à realização das vegação fácil ao rio e maior proteção
obras. possível contra as enchentes, mas pa-
Quanto aos objetivos, não tenho dú- ra assegurar muitos outros benefícios,
vida em dizer que, imediatamente li- dos quais a energia é somente um de-
gados ao curso das águas do São les. Cada barragem é parte de um sis-
Francisco, estão quatro problemas. tema para todo o rio, das cabeceiras
Primeiro: o aproveitamento da ener- à embocadura. A localização, as di-
gia hidro-elétrica; segundo: a nave- mensões, o trabalho de cada barragem
gação; terceiro: a irrigação; quarto: está determinado em relação com to-
controle ou regularização do curso de das as demais e, assim, todo o poten-
suas águas. cial estimado do rio, em conjunto, po-
Quanto à energia elétrica, desneces- de ser aproveitado".
sário será insistir, em face dos es- Bem se vê Sr. Presidente que
clarecimentos, ou pelo menos, das mo- certas obras, como esta das barra-
destas considerações que já fiz, mos- guns não podiam ser feitas senão me-
trando, a importância que tem na diante estudo completo, meticuloso, mi-
vida e no progresso do nosso século, nucioso de todo o ojirso do rio, e não
da nossa era, o aproveitamento da isoladamente, como se o pudéssemos
energia hidro-elétrica. (.Apoiados) dividir por seções. Isto, porque, como
Kjeria grave erro, entretanto, se, an- já disse alguém, aquilo que a nature-
tes desse aproveitamento, não traças- za fêz uno, o homem não pode apro-
sem o plano capaz de nos dar uma veitar senão na sua unidade, no seu
visão de conjunto a fim de que sai- todo, no seu conjunto.
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que suas águas estão secando — se dimensões que requer, ela transcende
não cuidarmos, de logo, de construir- de muito a uma realização regional
mos;, sobretudo nas suas cabeceiras, para ser de fato grande obra nacio-
nos seus- afluentes, reservatórios de nal.
compensação -capazes de atender às
necessidades permanentes d* sua na- Mas, não acredito que esse empreen-
ve-g-ação. Tais reserva t6rias, porém, dimento, do vulto que deve ser possa
que serão, por certo, ama. das partes ser realizado se não o fizermos aten-
.mais relevantes -das obras do São dendo a alguns preceitos fundamen-
Francisco. ainda -carecem de asfud.cs tais, dentre os quais está o enuncia-
muito profundos, de estudos muito do pelo grande Roosevelt. em 1933, na
graves, pois envolvem problemas da sua mensagem ao Congresso America-
maior monta.. Basta dizei, Sr Presi- no, de que a TVA por êle ide?..izada
dente, que a barragem do Boqueirão devia ser uma corporação revestida-
— um dos sonhos de quantos se de- dos poderes do Governo mas com a
dicam ao São Francisco — terá ca- flexibilidade e iniciativa de uma em-
pacidade para criar, num dos seus presa privada.
afluentes, umn reservatcuja de água Realmente,, não creio que dentro de
equivalente duas M-êzes ac Lago de As- normas burocráticas seja possí^íl or-
suan e, aproximadamente, igual ao ganizar uma corporação, uma -ntida-
da Baia do Guanabara, ainda divide dade, como aquela, ou capaz de le-
as .opiniões -dos entendidos os Senho- var avante obra como a do São Fran-
res Geraldo Rocha, Coireia Leal e cisco. Evidentemente, ela tropeçaria,
Adonistc Oüv-e-ira. ficaria embaraçada, talvez inibida den-
O Sr. Theúdclo de Albuquerque — tro dos meandros da burocracia, tão
Ciiws-o vezes maior; são dez milhões nossos conhecidos.
de metros cúbicos. "
E' necessário que esse órgão tenha
O SR. LU 13 VIANA — Agradeço a um poder maior e flexibilidade ainda
retificação. São, <Le fato, dez milhões maior. Só poderemos consegui-la
de metros cúfricos. concedendo-lhe grande autonomia de
Só a construção da barragem do poderes, a par também de grande res-
Boqueirã-o, Sr. Presidente, será sufi- ponsabilidade .
ciente para assegurar trinta por cer-
to de toda & vasão da Paulo Afonso Por isso mesmo, no substitutivo que
isto é, terá como conseqüência imedia- tive a honra de apresentar, incluí dis-
ta que o S. Francisco, suas Barragens positivo idêntico ao aceito pela Co-
suas usina,s hidroelétricas não virão missão de Constituição e Justiça, in-
mais a conhecer os horrores da -éca e felizmente repelido pela Comissão de
da estiagem. Isso se refletiria então Finanças, segundo o qual a diretoria
sobre todo o -calado do lio, permitin- da Comissão do Vale do São Francis-
do o tráfego de- navios permanente co, além de um prazo fixo, devia ter
e livremente, ae janeiro a dezembro, a aprovação prévia do Senado Federal.
navios qu-e hoje, durante e cerca de Somente assim poderemos pretender
quatro ou cinco me-s-es do ano, ficam assegurar aos homens incumbidos des-
encostados em Joazeir-o e Pirapora, ou sa obra a independência e ainda a
faze.ni pequerios percursos, uma vez altitude moral, a altitude técnica ne-
que são incapazes dé vencer as cor- cessária e empreendimento de tal
redeiras e cachoeiras na época da es- menta.
tiagem. O Sr. Hermes Lima — Nem se com-
Todavia se grande é meu entusias- preende que a Comissão de Finanças
mo e minha fé nas obras que. cevem haja recusado a aprovação do Senado
sex realizadas no São Francisco, não a essa nomeação.
é menor minha convicção de que, pri- O SR. LUÍS VIANA — Devo, aliás,
meiro, há, muito qu-e pensar .Só numa esclarecer a V. Ex. a que, embora des-
•c-oisa não devemos pensar: no quanto cendo ao plenário com parecer da Co-
a. gastar. Mas., devemos meditar sobre missão de Finanças, o substitutivo n a
o modo por que há. de ser realizad-i verdade não representa a opinião da-
essa obra ver ladeira mente gigar.tesca, quela Comissão.
única no BrasiL, e rara no nrmdo:
obra que se destina não apenas apro- Tanto isso é exato, Sr. Presidente,
veitar o vale, mas. a constitulr-se tam- que a maioria dos membros da Comis-
bém num exemplo para toda a na- são que assinaram o substitutivo o fi-
cionalidade. Será posta à prova a pró- zeram com restrições ou vencidos.
pria capacidade de realização, de ini- Além disso, pleiteio que os diretores
ciativa, de execução de nossa gente, da Comissão do São Francisco a
porque, verdadeiramente, dentro das
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exemplo do que se faz no Tennessee, intenção foi apenas deixar desde logo,
— exemplo que invoco a cada passo, no substitutivo, algum incisos, algum
obedecendo ao conselho de um dos artigo que . assegurasse aqueles fun-
grandes conhecedores do assunto, Se- cionários determinados benefícios, já
nhor Geraldo Rocha, — não tenham que se lhes tirava o da estabilidade.
direto interesse da região, e seja a sua Sr. Presidente, acredito extraordi-
a nomeação aprovada pelo Senado, e nariamente benéfico para a boa ai ar-
com mandato fixo, o que não exclui d i a dos serviços das obras do São
— como decidiu a Corte Suprema, no Francisco que os funcionários esco-
aresto de Morgan contra a união ame- lhidos pela Comissão sejam apenas
ricana — os poderes do Presidente em consideração ao seu mérito e à
para, dentro da competência atribuí- sua capacidade.
da pela Constituição do país, demitir O Sr. Medeiros Neto — Isso pre-
ou propor a demissão do diretor fal- tende a Comissão do Vale do São
toso ou daquele que provadamente, Francisco.
> praticar falta grave. No entanto, não
compreendo, e ninguém compreende, O SR. LUIZ VIANNA — Sei disso;
que a Câmara pense de outro modo, nem podia ser outra a intenção de
que homens destinados à tarefa tão V. Ex.a. Apenas no meu substitutivo
grande, e de tamanha responsabili- procurei colocar alguns incisos; não
dade, possam ser demitidos ad nutum dei a isso apenas caráter de aspira-
como qualquer funcionário extranu- ção, de ideal, mas de imposição le-
merário. gal. De modo que a falta constitui
falta capaz de acarretar a demissão
Além dessa cautela, que me parece do próprio diretor que a comete.
indispensável como referência à dire- O Sr. Hermes Lima — Por que V.
toria ou ao diretório da Comissão do Ex.a diz, no substitutivo, que os go-
Vale do São Francisco,, é necessário vernadores dos Estados de Minas,
se lhe atribuam as maiores responsa- Bahia, Pernambuco, Alagoas e Ser-
bilidades, e dentre estas se encontram gipe poderão designar, sem ônus pa-
aquelas que os obriga, na admissão ra os cofres federais, observadores
dos seus funcionários, inteira isenção que participarão das reuniões da Di-
completo afastamento da política para retoria do Vale de São Francisco,
que ali só impere a eficiência e o mé- com direito idêntico ao de seus di-
rito. retores . . .
O Sr. Hermes Lima — Por que O SR. LUIZ VIANNA — Menos o
V. Ex. a , em seu substitutivo mandou de voto.
aplicar as regras gerais do funciona-
lismo público ao funcionalismo da Co- O Sr. Hermes Lima — . . . menos
missão do Vale do São Francisco? o de voto, por que?
O SR. LUÍS VIANA — No que não O SR. LUIZ VIANNA — Vou dizer.
se refere à estabilidade. Repare Vos- Evidentemente, segundo entendo,
sa Excelência: o substitutivo exclui os interesses locais nas obras a se-
estabilidade porque justamente por rem realizadas pela Comissão do S.
ser obra transitória, entendo que todos Francisco são os maiores. E quando
os funcionários devem ser temporá- digo interesses, não me refiro aos de
rios, interinos ou aa título precário, ordem subalterna. Pela própria na-
como prefira V. Ex. , mas que a esses tureza das obras, terão de afetar ser-
funcionários se apliquem os demais viços públicos, terão de submergir
dispositivos dos Estatutos públicos, isto certas áreas, terão de aproveitar ca-
é, as demais vantagens, referentes à choeiras estaduais, terão de provoca;*
licença, férias, enfermidades, enfim, modificações de salários, enfim, acar-
a outros dispositivos benéficos que lá retarão, no primeiro momento, mu-
existam. Foi essa, pelo menos; minha tação extraordinária e de grave re-
intenção. percussão na vida de cada um des-
O Sr. Hermes Lima — A legislação ses Estados. Assim, meu desejo é que,
do trabalho não bastaria para isso? junto à Comissão, sem voto, sem
capacidade de deliberar, mas poden-
O SR. LUÍS VIANA — Não me in- do emitir sua opinião, falar, objetar,
surjo contra a orientação de V. Ex. a , houvesse um representante de cada
assim de primeiro plano. E' matéria Estado.
evidentemente para debate mais am-
plo e no qual acredito que poderemos Não creio que nisso haja qualquer
ficar perfeitamente de acordo. Minha mal, desde quando não há ônus para
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a Comissão nem para, o país, uma delibera, deverá votar de acordo com
vez que os representantes não votam, os interesses nacionais.
não deliberam, não fazem mais que
aconselhar, ponderar, esclarecer. E' O Sr. Juraci Magalhães — Sem es-
faculdade que, evidentemente, não se quecer, todavia, que os interesses ge-
pode negar a qualquer desses Esta- rais são a soma de interesses parti-
dos profundamente interessados na culares, é o que me cumpre observar
solução e também na marcha das ao nobre Deputado Sr. Hermes Lima.
obras do São Francisco. O Sr. Hermes Lima — Sem dúvida,
O Sr. Hermes Lima — V. Ex.a per- mas os interesses particulares, em da-
mite um aparte? do momento, poderão interferir con-
trariamente ao desenvolvimento nu-
O SR. LUIZ VIANNA — Sabe V. ma esoale de tempo mais longa do
Ex.a que sempre o ouço com o maior que o da obra a realizar.
prazer.
O Sr. Hermes Lima— A maior di- O SR. LUIZ VIANA — Não há dú-
ficuldade da Comissão vai ser, exa- vida que V. Ex.a tem razão. Não
tamente, a de superar o regionalis- acredito, entretanto, que a participa-
mo, que inte-rvirá no desenvolvimen- ção desses elementos por mim pro-
to das obras. postos possam ter a conseqüência
imaginada por V. Ex. a .
O SR. LUIZ VIANNA — Não creio.
O Sr. Hermes Lima — Temo que Mas, Sr. Presidente, outro ponto
os representantes estaduais, embora para mim do maior relevo, quanto à
auxiliem, atrapalhem muito. criação da Comissão do São Francisco
é o da localização da sua sede..
O SR. LUIZ VIANNA — Sabe V.
Ex.a que meu ponto de vista não é O Sr. Hermes Lima — E' funda-
outro, senão o de que as obras do mental.
São Francisco sejam realizadas com
o espírito exclusivamente voltado pa- O SR. LUIZ VIANA — E» para
ra a nacionalidade. Precisamos ba- mim fundamental, como bem diz o
nir, inteiramente, qualquer aspecto ilustre Deputado Sr. Hermes Lima.
regional, qualquer interesse mesqui- Aliás, já dizia o Presidente Roose-
nho desse ou daquele Estado, para velt, numa de suas mensagens diri-
que os interesses do País superem to- gidas ao Congresso a propósito das
dos os demais. Não acredito, entre- obras do Tennessee, com aquela pre-
tanto, que a participação no debate, cisão de linguagem que é muito da
nas deliberações de maior relevância eloqüência americana:
para cada uma das unidades da Fe-
deração, possa comprometer o espí- "Não é sábio dirigir tudo de
rito altamente nacional que deve, re- Washington."
almente,, como bem diz V. Ex.a, pre-
sidir às deliberações da Comissão. Acho, Sr. Pxesidente, que nestas
poucas palavras está dito tudo que
O Sr. Hermes Lima — Veja, porém, poderia dizer sobre a matéria visto
V. Ex.R: não digo ser o interesse re-a como, a verdade é que, no Bra-sin ain-
gional mesquinho. Sei que V. Ex. da estamos concorrendo, cada vez
também pensa assim . mais, para que se chegue aquele gi-
O SR. LUIZ VIANA — Muitas ve- gantismo urbanístico de que falava,
zes pode ser. no depoimento a Comissão do São
Francisco, o Sr. Geraldo Rocha, gi- •
O Sr. Hermes Lima — Muitas ve- gantismo urbanístico que traz todos
zes pode ser e muitas vezes pode não os malefícios, e não nos dá benefício
ser, e geralmente não é. algum. E\ realmente, extraordinário
O SR. LUIZ VIANA — • E' o que que em assunto que se me afigura tão
acredito. evidente, causa tamanha celeuma,
O Sr. Hermes Lima — Mas, não tais os interesses, mesmo honestos co-
há dúrida alguma que o interesse re- mo são todos eles, mas que pelo sub-
gional, apesar de não ser mesquinho, consciente, ou não sei por que outra
pode interferir com os objetivos do via de raciocínio, são levados a se ba-
interesse geral da grande obra a rea- ter extrênuamente pela localização
lizar. de tudo no Rio de Janeiro. Daqui ha-
veremos de dirigir o Acre e o São
O SR. LUIZ VIANA — Neste caso, Francisco, como haveremos de vigiar
a maioria da diretoria que é quem as fronteiras do Rio Grande do Sul.
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O SR. LUIZ VIANA — Sr. Presi- de planificação, sem mais ônus para
dente, se não estou enganado, o Re- a. Comissão üo S. Francisco. Vê o
gimento permite que ao orador seja nobre orador que não se trata de uma
concedida mais meia hora, desde que porta de saída...
algum deputado inscrito lhe ceda a
palavra. O SR. LUIZ VIANA — Na reali-
dade, é.
O SR. PRESIDENTE — O Regi-
mento permite requerimento verbal O Sr. Manuel Novais — . . . mas
para prorrogação da sessão. Subme- de verdadeira fórmula, criada por
to à deliberação do plenário o reque- aquilo que V. Ex.a procura prevenir,
rimento do Sr. Juraci Magalhães, de introduzindo a representação dos go-
prorrogação da sessão por 30 minutos, vernadores .
para que o orador termine suas con-
siderações. O SR. LUIZ VIANA — Sr. Pre-
sidente, como argumento contrário à
Os senhores deputados que o apro- localização da Comissão no S. Fran-
vam queiram conservar-se sentados. cisco, aventa o ilustre colega Sr. Ma-
(Pausa.) nuel Novais e necessidade que teria,
Está aprovado. não só do contacto permanente, es-
treito, contínuo com o Presidente da
Continua com a palavra o Sr. República, mas também a movimen-
deputado Luiz Viana. tação das verbas das próprias obras.
O Sr. Manuel Novais — Ê sempre Ora, também dependente, subordi-
umaa fórmula, e vou prová-lo a V. nada ao Presidente da República é a
Ex. . Tennessee Vallay Authority. Apesar
O Sr. Fernando Nóbrega — E' uma disso, entretanto, a Seção VIII da-
solução política, premiando Minas, quele ato do Legislativo Norte-Ame-
Bahia e o centro. ricano dispôs expressamente, que o
principal "Office", como se chama,
O Sr. Manuel Novais — A fórmula ou a Sede da TVA, devia ser em
seria deixar a sede na Capital da Muscle Shoals — coração do Tennes-
República, criando duas Diretorias de see. Além disso, seria perfeitamente
Obras: uma, no Estado de Minas Ge- viável que, tanto para esses entendi-
rais, para atender aos problemas da mentos, como para amovimentar as
seção do Médio S. Francisco perten- verbas a que S. Ex. alude, a Dire-
cente ao Estado e do Alto S. Fran- toria tivesse aqui representantes seus,
cisco; e outra, na Bahia, para aten- mas erro profundo será criarmos, no
der à seção do Médio S. Francisco Rio de Janeiro, cabides de empregos,
relativo ao Estado, e do Baixo S. novas autarquias, para serem invadi-^
Francisco, estabelecendo-se, assim, das pelo protecionismo, visando apenas *
equilíbrio perfeito na planificação e colocar dezenas ou centenas de fun-
execução do serviço. Isto foi feito. O cionários e não o interesse público na-
argumento que se podia apresentar cional .
contra essa idéia consistiria na neces- O Sr. Hermes Lima — Aí é que esta
sidade de serem criadas três Direto- o problema.
rias, com três Administrações pró- O SR. LUIZ VIANA — O problema
prias, o que não acontecerá, porque não é dos diretores, é sobretudo dos
a Administração Central é constituí- funcionários.
da de três Diretores, na Capital da
República. Mesmo na fase da plani- O Sr. Hermes Lima — O problema
ficação, temos necessidade de manter, é o perigo de se estabelecer, no Rio
em cada uma dessas regiões, forço- de Janeiro, um escritório burocrático
samente, uma residência de engenha- com um número de funcionários que
ria, porque os Diretores não podem não terá fim.
planificar sem os elementos forneci-
dos pelos engenheiros, estudando lo- O SR. LUIZ VIANA — V. Ex.a diz
calmente o S. Francisco. Nesta hi- bem: não terá fim.
pótese, ao invés de mantermos dois O Sr. Manuel Novais — V. Ex. a
Diretores aqui no Rio de Janeiro, sem está equivocado. Como foi traçado o
função, eles assumiriam, nos Estados, plano pela Comissão Parlamentar do
a função desses engenheiros residen- S. Francisco, na fase de planifica-
tes e pessoalmente dirigiriam a parte ção não teremos a diretoria como
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mente no qual êle procura mostrar "so- sunto me animo a- trazer ao debate,
mo a localização da sedes de serviços, justamente o último, com o qual con-
junto às obras a serem realizadas, tem cluirei a matéria, que é o dos recur-
caráter profundamente democrático, sos.
tão democrático que não tenho dúvicta
de que o Deputado Agamemnon Ma- No meu entender, nada, nada e
galhães, com a sua fidelidade ao»-, prin- nada .poderá ser feito de grande no
cípios democráticos, acabará rendido São Francisco sem que ponhamos à
ao argumento. disposição dessa Comissão recursos
realmente largos. Por isso, o país pre-
E' isso o que diz Lilienthal: cisa compreender que a obra não é
"Julgo impossível a democracia regional, mas nacional, e para ela de-
ser uma realidade viva se o povo ve concorrer toda a economia, que, por
for alguma coisa remota para o sua vez, dela receberá, em tempo
governo e não for cada dia uma oportuno, também todos os benefí-
parte dele, ou se o controle e di- cios.
reção do qu^ íaz a vida de cada O Sr. Agamemnon Magalhães —
região, a indústria, as fazendas, a Apoiado.
distribuição de utilidades estiver
removida para longe do centro da O SR. LUÍS VIANA — E basta ci-
vida e do local da comunidade." tar o caso do Boulder Canion, uma
barragem americana, na qual ioi des-
O Sr. Agamemnon Magalhães — pendido um bilhão de cruzeiros, como
Sem técnicos, sem ação, está tudo lembrou em depoimento aqui presta-
perdido. do d Sr. Agenor Miranda.
O SR. LUÍS VIANA — Infelizmen- Isso dá pequena idéia do vulto das
te, é assim que vejo o problema. Não despesas que serão reclamadas justa-
posso vê-lo como o Deputado Agamem- mente pelas obras do São Francisco.
non Magalhães que, a meu ver, o sim-
plifica excesivamente para considerá- Devemos, pois, banir da idéia, do
lo . . . pensamento, a impressão de que elas
poderão ser feitas com a cota cons-
O Sr. Agamemnon Magalhães — titucional. Mercê de Deus a Carta
Quero ação, rendimento. Fora daí não Magna apenas fixou o mínimo, e
aceito princípio algum. esse terá de ser muitas e muitas ve-
O SR. LUÍS VIANA — E' melhor zes ultrapassado, porque, ou nós nos
não entrarmos na matéria da ação. deliberamos a ultrapassá-lo, ou então
estaremos querendo encher o oceano
O Sr. Agamemnon Magalhães — com gotas dágua.
Se V. Ex. a quiser ler as críticas que
se fazem nos Estados Unidos . . . O Sr. Manoel Novaes — Não há
O SR. LUÍS VIANA — Evidente- ninguém nesta Casa, medianamente
mente, ninguém ignora isso. de bom senso, e não é ê&te o juízt> que
faço do Parlamento, que pense que a
O Sr. Agamemnon Magalhães •- cota constitucional salva tudo. Não é
A América tem dinheiro e pode se possível.
dar ao luxo de gastar. Nós não temos
dinheiro; devemos ser objetivos. O SR. LUIZ VIANNA — Estou de
pleno acordo com V. E x 8 .
O SR. LUÍS VIANA — Para V.
Ex. a o objetivo é criarmos uma sede Sr. Presidente, já posso concluir,
no Rio; nomearmos 100 funcionários, uma vez que o tempo está esgotado e
dezenas, centenas, milhares de dacti- não permite abordar várias outras
lógrafos e escriturários . . . matérias que acredito profundamente
interessantes e das quais, talvez, ain-
*<) Sr. Agamemnon Magalhães -- da tenha oportunidade de tratar nes-
Os funcionários não serão técnicos. ta Casa, tais como as relações que
O SR. LUÍS VIANA — V. Ex. 8 se irão estabelecer entre a Comissão
parece até que está ficando ingênuo e os Estados, os Municípios, as popu-
depois de velho, se não se zanga que lações locais, as próprias empresas
assim o chame. (Riso) privadas, os campos agronômicos de
Sr Presidente, depois do agradável experimentação federal, municipais e
«ntrechoque de opiniões com figura estaduais.
tão ilustre quanto é a do Deputado Ao chegar ao fim da digresão, que
Agamemnon Magalhães, ainda irai as- a Câmara tão generosamente ouviu,
quero apenas lembrar que, ao traçar Pois bem, Sr. Presidente, nas obras
o plano, verdadeiramente de propor- do Rio São Francisco o que renasce
ções americanas, o que /ale dizer de para o Brasil é o espírito dos ban-
proporções gigantescas, o Presidente deirantes naquilo que eles tiveram de
Roosevelt,dizia que, ao lado das obras arrojado, no que tiveram como capa-
do Tenn-essee, o que ressurgia, o que cidade de iniciativa e; também, de
renascia na América do Norte, era o abnegação e sacrifício pela grandeza
e unidade do Brasil. (Muito bem',
espirito do pioneiro. muito bem. Palmas).
SUBSTITUTIVO APRESENTADO PELO SR. LUIZ VIANA
"Cria a Comissão do Vale do S. com direitos idênticos aos dos seus di-'
Francisco incumbida de traçar e retores.
executar um plano de aproveita- Art. 6.° A C.V.S.F. terá a sua sede
mento total das possibilidades eco- no médio São Francisco, no local mais
nômicas do rio São Francisco e conveniente, a juízo da diretoria, para
seus afluentes, e dá outras provi- a realização de cada fase do plano a
dências. ser executado.
Art. l.° Fica instituída a C-V.S.F. 5 Até a conclusão do plano a que se
que terá a seu cargo traçar e executar refere o artigo 1.°, a Comissão terá a
um plano de aproveitamento total do sua sede provisória na cidade de Jua-
vale do São Francisco, bem como coor- zeiro, Estado da Bahia.
denar os serviços e obras da União* Art. 7.° Todas as nomeações para a
Estados e Municípios nessa região, e C.V.S.F. serão feitas a título de co-
que possam contribuir para melhor missionamento, contrato, ou inteirini-
execução do plano mencionado. dade.
Art. 8.° As nomeações serão feitas
Art. 2° Compor-se-á a diretoria da pela diretoria da C.V.S.F. à qual
C.V.S.F. de 1 diretor-presidente e compete nomear, punir, e demitir to-
mais 2 diretores, todos de nomeação dos os funcionários. V
cio Presidente da República, depois de Parágrafo único — A nomeação e
aprovada a escolha pelo Senado Fe- promoção dos funcionários não pode-
deral, não podendo esta recair senão rão ser feitas senão em obediência ao
em brasileiro nato, de notória idonei- mérito e ^eficiência, sob pena de de-
dade moral e reconhecida competência missão do diretor considerado respon-
para o exercício da função, e que não sável pela inobservância deste pre-
participe de qualquer empresa ou ne- ceito.
gocio suscetível de ser diretamc- e be-
neficiado pela efetivação dos objetivos Art. 9.° A demissão do diretor con-
da. Comissão. siderado responsável -pela falta pre-
vista no artigo anterior, ou qualquer
Art. 3.° O prazo do mandato dos di- outra considerada grave, será feita
retores será de seis anos. pelo Presidente da República, depois
§ 1.° A fim de evitar a renovação da aprovação do Senado Federal, que
simultânea de todos os diretores, a também poderá ter a iniciativa de pro-
primeira diretoria será composta de por ao Presidente da República a de-
diretores com mandatos de 2, 4, e 6 missão de qualquer diretor da C. V.
anos, e que serã.o fixados pelo Pre- S. F .
sidente da República no ato da no-
meação. Art. 10.° Excetuados os dispositivos
§ 2.° No caso de vaga de qualquer dos apenas compatíveis com os funcioná-
diretores e substituto completará o rios que tenham estabilidade, apli-
prazo respectivo. cam-se aos funcionários da C.V.S.F.
Art. 4.° Cada diretor perceberá a os preceitos vigentes para o funcio-
remuneração mensal de Cr$ 15.000,00, nalismo público federal.
sendo-1b P vedado exercer qualquer ou- Art. 11 O quadro de funcionários,
tro função de caráter público ou par- bem como os respectivos vencimen-
ticular . tos, deverá ser organizado pela C.V.
Art. 5.° Os governadores dos Estados S.F., e submetido à aprovação da Câ-
de Minas, Bahia, Pernar-buco, Alagoas mara dos Deputados, mediante mensa-
e Sergipe poderão designar, sem ônus gem do Presidente da República.
para os cofres federais, observadores, Art. 12 Quando julgar conveniente
que, excetuado « voto, participarão das o Presidente da República poderá de-
reuniões da diretoria da C.V.S.F, signar para servir na C.V.S.F., qual-
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quer funcionário ou técnico da União nar seus planos, obras, e serviços com
requisitadc pela Comissão. os da C.V.S.F.
Art. 13 A C.V.S.F., ao organizar Parágrafo único. As verbas para os
as suas tabelas de salários procurará serviços e obras acima mencionados
fixá-los tendo em vista as condições não correrão por conta da quantia
de cada região, a fim de atenuar quan- prevista no artigo 29 das Disposições
to possível as perturbações oriundas Transitórias • da Constituição Federai.
da mudança de atividade das popula- Art. 17 Enquanto não fõr aprova-
ções locais. do o plano previsto no artigo 1 a C
Art. 14 Ao fazer a prestação de con- V.S.F.," submeterá à apreciação do
tas a que se refere o artigo a C. Congresso Nacional, meliante men-
V.S.P., fica obrigada a apresentar a sagem do Presidente da República,
relação nominal de todos os traba- os ante-projetos anuais de trabalho a
lhadores, mencionando os serviços e serem executados, e que justificará
salários de cada qual. devidamente.
Art. 15 A execução do plano a que Art. 18 Na elaboração dó plano pa-
se refere o artigo 1.°, dependerá de ra total aproveitamente econômico do
prévia aprovação do Congresso Na- vale do São Francisco, nos termos do
cional, ao qual será submetido me- artigo 1.°, deverá a C.V.S.F., ter co-
diante mensagem do Presidente da Re- mo precípuos objetivos os seguintes:
pública à Câmara dos Deputados. ü
) regularização do regime fluvial
§ 1.° De acordo com o plano que do São Francisco e dos seus afluen-
houver sido aprovado, o Congresso tes, a fim de ser asseguarada melhor
Nacional descriminará no Orçamento distribuição da águas em benefício da
da União, as verbas previstas no ar- navegação, da irrigação, do aprovei-
tigo 29 do Ato das Disposições Cons- tamento da energia hidro-elétrica. e
titucionais Transitórias da Constitui- do controle das enchentes;
ção Federal. b) adoção dum sistema de transpor-
§ 2.o Quando devidamente autori- tes compatível com o progressivo de-
zada pelo Congresso Nacional, a C. senvolvimento da região;
V.S.F., poderá contrair empréstimo c) utilização dos recursos naturais
interno ou externo destinado à exe- a fim de melhorar as condições de
cução de obras determinadas. Os em- vida da região, e conseqüente fixarão
préstimos assim autorizados poderão das populações locais;
ser garantidos pela quota estabelecida d) aproveitamento da energia hidro_
no artigo 29 do Ato das Disposições elétrica e sua aplicação na agricultu-
Constitucionais Transitórias da Cons- ra e emi indústrias;
tituição Federal. e) introdução de conhecimentos
§ 3.° Abatidas as verbas porventu- científicos nas atividades agro-pecuá'
ra atribuídas aos Ministérios, no rias da região,
Orçamento da União, por conta da Art. 19 Para melhor elaboração e
quota prevista no artigo 29 do Ato das execução do plano previsto no artigo
Disposições Constitucionais Transitó- 1.°, o Presidente da República, pode-
rias da Constituição Federal, será a rá determinar à C.V.S.F., a reali-
importância mínima prevista no cita- zação de estudos, pesquizas e projetes,
do artigo das Disposições Transitórias bem como pedir ao Congresso a vo-
posta, em conta no Banco do Brasil, tação de leis e a abertura dos créditos,
à disposição da C.V.S.F., que a dis- que julgar necessários.
penderá de acordo com a discriminação
estipulada no § 1.° do artigo 15, re- Art. 20 A fim de preencher as fi-
tendo os saldos verificados para se- nalidades a que se destina, poderá a
rem aplicados na execução do plano C.V.S.F.:
aprovado, segundo determinar o Con- o) realizar qualquer das obras pro-
gresso Nacional. jetadas por administração direta, ou
Art. 16 As obras e serviços de ca- contrato, mediante concorrência pú-
ráter nacional, que vêm sendo rea- blica, ficando entendidos que, ainda
lizadas pelos Departamentos de Saú- nesse caso, lhe caberá a fiscalização
de Pública, Educação, Nacional de Es- e responsabilidade.
tradas de Rodagem, Nacional de Es- b) realizar serviços de utilidade pú-
tradas de Ferro, Correios e Telégrafos, blica, seja diretamente seja através
e Nacional de Obras Contra a Seca, de empresa organizada com esse ob-
continuarão a ser realizados por esses jetivo e da qual texá sempre a dire-
Depaitftmentos, que deverão coorde- ção;
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