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O jornalismo é uma forma de conhecimento?


Eduardo Meditsch
Universidade Federal de Santa Catarina
Setembro de 1997

Índice conhecer seria necessariamente o ato de per-


guntar e de responder à pergunta. Neste as-
1 Introdução 1 pecto, a interrogação colocada no título pelo
2 Abordagens do jornalismo como co- professor Mário Mesquita é extremamente
nhecimento 2 apropriada.
3 Pressupostos do jornalismo como co- Não posso garantir se, ao final da minha
nhecimento 3 exposição e do debate que faremos sobre ela,
4 Características do jornalismo como alguém no auditório estará suficientemente
conhecimento 6 esclarecido para responder a pergunta do tí-
5 Problemas do jornalismo enquanto co- tulo. A pergunta é demasiado complexa e ad-
nhecimento 9 mite interpretações diferenciadas. Vou apre-
6 Efeitos do jornalismo enquanto co- sentar aqui a minha visão, que aponta para
nhecimento 11 esta mesma frase como resposta à pergunta,
7 Conclusão: a pertinência do jorna- no sentido afirmativo, sem o ponto de inter-
lismo enquanto conhecimento 11 rogação, embora com algumas ressalvas.
8 Referências Bibliográficas: 12 No entanto, há uma segunda pergunta
subjacente a este debate, que é a que está
1 Introdução expressa no tema geral do curso, e que
pode representar uma armadilha: “Jorna-
Convidaram-me a vir até aqui falar so- lismo: Transmissão de Conhecimentos ou
bre uma pergunta, o que é uma perspec- Degradação do Saber? Aparentemente, se
tiva bastante interessante. Dizia o educador respondermos à primeira pergunta de uma
Paulo Freire, que faleceu no Brasil há pouco determinada maneira – por exemplo, su-
tempo, que todo o conhecimento autêntico primindo o ponto de interrogação – esta-
nasce de uma pergunta. Dizia mais: que remos automaticamente respondendo à se-
não há conhecimento sem pergunta. O ato de gunda, posicionando-nos entre as duas alter-

Conferência feita nos Cursos da Arrábida - Uni- nativas que estão dadas na sua formulação.
versidade de Verão. Os jornalistas gostam de montar este tipo
de armadilha, e os incautos costumam cair
2 Eduardo Meditsch

nelas com facilidade. Aí, é necessário ter lecida à margem deste padrão foi desmora-
cuidado para evitar um tropeço. Então, sa- lizada, considerada imperfeita e pouco legí-
liento que ao longo da exposição procurarei tima.
responder à primeira pergunta suprimindo Esta visão que entronizava “a Ciência”
o ponto de interrogação, mas que esta res- como “o método de conhecimento” estabe-
posta não implica necessariamente num po- lece a primeira das abordagens do problema
sicionamento entre os termos que aparecem do Jornalismo em relação ao conhecimento:
como mutuamente excludentes na segunda para ela, o Jornalismo não produz conheci-
pergunta. A hipótese que vou defender é mento válido, e contribui apenas para a de-
de que o Jornalismo é uma forma produ- gradação do saber. São notáveis as observa-
ção de conhecimento. No entanto, na prá- ções do intelectual austríaco Karl KRAUS a
tica, esta forma de conhecimento tanto pode este respeito, escritas no início do século:
servir para reproduzir outros saberes quanto
para degradá-los, e é provável que muitas ve- “O que a sífilis poupou será devastado
zes faça essas duas coisas simultaneamente. pela imprensa. Com o amolecimento ce-
rebral do futuro, a causa não poderá mais
ser determinada com segurança.(...) A
2 Abordagens do jornalismo imagem de que um jornalista escreve tão
como conhecimento bem sobre uma nova ópera como sobre
A questão do Jornalismo enquanto conheci- um novo regulamento parlamentar tem
mento, por sua complexidade, admite muitas algo de acabrunhante. Seguramente, ele
interpretações, como já foi dito. Para simpli- também poderia ensinar um bacteriolo-
ficar a exposição, vou classificar estas inter- gista, um astrônomo e até mesmo um pa-
pretações, que compreendem diferentes nu- dre. E se viesse a encontrar um especia-
ances, em três abordagens principais: lista em matemática superior, lhe prova-
A primeira delas nasce da definição de ria que se sente em casa numa matemá-
conhecimento não como um dado concreto, tica ainda mais superior.”
mas como um ideal abstrato a alcançar. Uma
Kraus não representa um crítico isolado.
vez estabelecido este ideal, passa a ser o pa-
Seu pensamento influenciou profundamente
râmetro para julgar toda a espécie de conhe-
muitos outros intelectuais de respeito, como
cimento produzido no mundo humano. A era
Walter BENJAMIN e os fundadores da Es-
moderna, com as fantásticas realizações da
cola de Frankfurt. Apesar das críticas que
técnica na transformação da vida humana e
este ponto de vista vêm recebendo nos úl-
no domínio da natureza, acabou por realizar
timos anos, sua influência ainda pode ser
o sonho dos filósofos positivistas de entroni-
constatada em grande parte da produção aca-
zar “a Ciência” como única fonte de conhe-
dêmica contemporânea sobre o Jornalismo,
cimento digna de crédito. O “método cien-
que de uma forma ou de outra o situa no
tífico” foi escolhido como o parâmetro ade-
campo do conhecimento como uma ciência
quado para se conhecer e dominar o mundo,
mal feita, quando não como uma atividade
e toda a tentativa de conhecimento estabe-
perversa e degradante.

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Uma segunda forma de abordagem do do Jornalismo em relação à Ciência ou à


Jornalismo enquanto conhecimento o situa História pode ser útil para elucidar algumas
ainda como uma ciência menor, mas admite das suas diferenças, mas parece insuficiente
já que não é de todo inútil. Pode-se utili- para definir o que ele tem de específico. Daí
zar como exemplo desta abordagem o ex- que tenha surgido uma terceira abordagem,
jornalista e sociólogo do conhecimento Ro- que dá mais ênfase não ao que o Jornalismo
bert PARK, que publicou um artigo sobre tem de semelhante, mas justamente ao que
o tema em 1940. A partir da perspectiva ele tem de único e original. Para esta ter-
filosófica do pragmatismo de William JA- ceira abordagem, o Jornalismo não revela
MES, que abandona o conhecimento como mal nem revela menos a realidade do que a
um ideal para observá-lo como um dado da ciência: ele simplesmente revela diferente. E
vida humana, concluindo que as pessoas e ao revelar diferente, pode mesmo revelar as-
as coletividades lidam simultaneamente em pectos da realidade que os outros modos de
suas vidas com várias espécies de conheci- conhecimento não são capazes de revelar.
mento, PARK começa a definir o Jornalismo Além desta maneira distinta de produ-
a partir do que tem de diferente, do que lhe é zir conhecimento, o jornalismo também tem
específico como forma de conhecimento da uma maneira diferenciada de o reproduzir,
realidade. vinculada à função de comunicação que lhe
Embora admita a distinção entre tipos de é inerente. O Jornalismo não apenas repro-
conhecimento, o sociólogo norte-americano duz o conhecimento que ele próprio produz,
não avança neste aspecto muito além do que reproduz também o conhecimento produzido
JAMES já havia realizado ao distinguir entre por outras instituições sociais. A hipótese
um “conhecimento de” utilizado no cotidi- de que ocorra uma reprodução do conheci-
ano e um “conhecimento sobre”, sistemático mento, mais complexa do que a sua simples
e analítico, como o produzido pelas ciências. transmissão, ajuda a entender melhor o pa-
Para situar o Jornalismo, PARK vai propor pel do Jornalismo no processo de cognição
a existência de uma gradação entre as duas social. Mas, para tornar aceitável esta ter-
espécies de conhecimento e colocar a notícia ceira abordagem, é necessário compartilhar
num nível intermediário entre elas. alguns dos seus pressupostos.
Este tipo de diferenciação do Jornalismo
a partir do grau de profundidade que alcança
3 Pressupostos do jornalismo
comparativamente à Ciência ou à História é
admitida pelos próprios jornalistas. Ao fa- como conhecimento
zerem comparações entre o seu trabalho e o Além do pragmatismo que orientou Ro-
dos cientistas, os jornalistas costumam suge- bert PARK, diversas outras correntes teóri-
rir esta forma de gradação. Quando não se cas oferecem bases de apoio não só para se
refere à profundidade de análise, a gradação aceitar como também para se definir a espe-
pode referir-se também à velocidade da pro- cificidade do Jornalismo enquanto conheci-
dução, e o Jornalismo já foi definido como a mento.
História escrita à queima-roupa. As epistemologias críticas, que nas últi-
A comparação quantitativa dos atributos

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mas décadas têm se dedicado a desmistificar poderão ser considerados absurdos em ou-
o preceito positivista da infalibilidade da Ci- tro. Ao mesmo tempo, grande parte do que
ência, e a demonstrar o caráter cultural e his- costuma ser considerado descoberto e sabido
tórico de toda a forma de conhecimento, con- hoje, por nossa civilização, provavelmente é
tribuíram para destruir o ideal de uma ver- ignorado por nove entre dez seres humanos
dade única e obrigatória, e principalmente civilizados.
para estabelecer os limites lógicos de qual- Os auditórios a que se dirigem os dife-
quer reivindicação de objetividade. Ao rela- rentes discursos também tornam mais com-
tivizarem as verdades científicas, estas cor- plexa a questão do saber em nossa sociedade.
rentes críticas permitiram também a aceita- A sociologia e a antropologia do conheci-
ção de outras verdades como eventualmente mento, ao se debruçarem sobre o cotidiano
válidas e relativas, de acordo com os seus das pessoas comuns, e não apenas sobre os
pressupostos e objetivos. relatos dos sábios, reforçaram a idéia de que
Contribuíram para esta nova visão o extra- a metodologia científica não é o único modo
ordinário desenvolvimento da compreensão de conhecer e provavelmente sequer o mais
das linguagens, também elas, enquanto pro- importante para a nossa sobrevivência indi-
dutos históricos e culturais. O estudo do dis- vidual e de nossa existência gregária. Di-
curso, que se interessa pela utilização con- versos tipos de conhecimentos circulam em
creta das linguagens, demonstrou que todo diversas redes sociais (BERGER & LUCK-
o enunciado que se refere à realidade, ao MANN, 1966). Essa descoberta não signi-
refletí-la de certa maneira, também necessa- fica uma vitória do irracionalismo, que apon-
riamente a refrata de certa maneira (BAKH- taria para o retorno a um mundo assombrado
TIN, 1929). pelos demônios, como na Idade Média des-
Por este caminho, procura-se distinguir crita por Carl Sagan. Pelo contrário, aponta
a verdade que um enunciado pode conter para a necessidade de uma Razão mais refi-
da realidade mesma, a realidade referente nada, que dê conta da extrema complexidade
que se encontra fora do enunciado. Falar do mundo, que cada vez mais se expõe a nós
de “a verdade”, enquanto substantivo, atri- e com isso desafia todos os nossos parâme-
buto coisificado, assim vai perdendo o sen- tros.
tido. Mais apropriado será se falar no adje- Entre os fenômenos mais complexos com
tivo, no enunciado “verdadeiro”. E poderão que nos deparamos hoje está o funciona-
existir muitos enunciados verdadeiros, even- mento do cérebro humano. O conhecimento
tualmente até contraditórios entre si, ainda sobre o cérebro tem avançado em progressão
que cada um coerente com seus pressupos- geométrica nas últimas décadas, e a noção da
tos, porque nenhum enunciado é capaz de es- sua complexidade tem aumentado na mesma
gotar a realidade inteira. proporção. Já há algum tempo, pensadores
Os diferentes gêneros de discurso vão como o pedagogo Paulo Freire vinham aler-
abordar a realidade de diferentes maneiras, tando para a evidência de que a abertura per-
definindo verdades diversas, cada uma perti- manente é o que distingue o cérebro humano
nente a um objetivo ou a uma situação. Os do cérebro dos animais. É essa abertura o
argumentos validados num campo do saber que determina a nossa capacidade infinita de

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aprendizagem e o que nos faz superar con- uma mensagem do emissor ao receptor, por
tinuamente qualquer obstáculo a esta apren- meio de um processo singelo de codificação
dizagem, inclusive os estabelecidos por nós e descodificação, está completamente supe-
mesmos, como indivíduos ou como coletivi- rado pelo conhecimento atual do cérebro hu-
dade. As concepções fixas e os paradigmas mano. Para dar um só exemplo, a emoção,
estanques são alguns destes obstáculos que antes tão desprezada pelo ideal de objetivi-
temos superado. dade científica, e classificada como “ruído”
Paulo Freire também advertia para o fato no ideal mecânico da comunicação de men-
de que o saber não pode ser transmitido. Ob- sagens, vai aparecer agora como um com-
servava que quando qualquer tipo de infor- bustível imprescindível à maquinaria da ra-
mação é comunicada de uma pessoa a ou- zão humana (DAMÁSIO, 1994).
tra com sucesso, isto implica que ela não foi A intensa pesquisa que vem sendo reali-
apenas transferida, como seria de uma dis- zada no campo da inteligência artificial, no
quete para outra num computador, mas que caminho de criar máquinas que pensem, tem
foi re-conhecida pela pessoa que a recebeu. contribuído também para elucidar de certa
O cérebro humano não é um recipiente onde forma a maneira como nós pensamos, e mexe
se possa depositar conhecimentos: a apren- em nossos juízos de valor sobre o que seja a
dizagem implica numa operação cognitiva, maneira mais correta de pensar. Cada obstá-
onde quem aprende tem um papel tão ativo culo encontrado pelo computador para fazer
quanto quem ensina. Assim, tanto quem en- o que fazemos chama a atenção dos cientis-
sina quanto quem aprende não se limitam tas para um recurso a mais das nossas pró-
a reproduzir um saber que existia anterior- prias mentes, e contribui para a elucidação
mente a seus atos, mas re-criam este conhe- de maneira cada vez mais sofisticada de seu
cimento nos próprios atos de aprender e de funcionamento. Os técnicos do M.I.T., que
ensinar. Desta forma, pode-se afirmar que o desenvolvem máquinas inteligentes, surpre-
conhecimento não se transmite, antes se re- endem o mundo ao revelarem que são capa-
produz. zes de substituir especialistas em áreas tec-
A moderna ciência cognitiva, que já conta nológicas de ponta para muitos procedimen-
com um conhecimento mais aproximado do tos, mas não conseguem criar nada aproxi-
funcionamento do cérebro, confirma esta in- mado ao bom senso de uma criança de cinco
tuição dos pedagogos: a comunicação está anos.
indissoluvelmente ligada à cognição (SPER- O processo incessante de produção e re-
BER & WILSON, 1986). Nosso equipa- produção do conhecimento depende não só
mento cognitivo não registra nem arquiva do equipamento cognitivo dos indivíduos,
informações tal qual as recebe, antes as mas também das possibilidades de sociali-
processa, classifica e contextualiza, recons- zação de suas experiências. Por isso, cada
truindo a informação recebida a partir de es- vez mais se presta atenção no papel desem-
quemas de interpretação e informações pré- penhado pelas instituições e pelas tecnolo-
vias sobre o tema, o emissor e a situação co- gias intelectuais disponíveis em cada socie-
municativa. O esquema clássico da comu- dade e em cada cultura. Diversos autores têm
nicação como a transferência mecânica de demonstrado as mudanças ocorridas nas for-

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mas de pensar e de conhecer em conseqüên- lismo como gênero de conhecimento difere


cia do surgimento da escrita, de sua reprodu- da percepção individual pela sua forma de
tibilidade através da imprensa e, mas recen- produção: nele, a imediaticidade do real é
temente, num processo que ainda estamos um ponto de chegada, e não de partida. Esta
vivendo, da revolução eletrônica (GOODY, ressalva é importante para se discutir os pro-
1977; ONG, 1986; LÉVY, 1990). blemas do Jornalismo como forma de conhe-
Com tantas surpresas, com a descoberta cimento e de seus efeitos. No entanto, ao se
de tantas limitações e ao mesmo tempo de fixar na imediaticidade do real, o Jornalismo
tantas possibilidades novas no que já conse- opera no campo lógico do senso comum, e
guimos saber, não é aconselhável descartar esta característica definidora é fundamental.
a priori qualquer das formas disponíveis de A partir dela, pode-se questionar até que
conhecer e re-conhecer o mundo, por mais ponto o Jornalismo como modo de conheci-
limitada e singela que possa parecer. Daí a mento pode ser rigoroso. O conhecimento
necessidade de se compreender melhor como do senso comum foi até bem pouco tempo
funciona o Jornalismo como modo de conhe- desprezado pela teoria, uma vez que toda a
cimento, e de investigar até que ponto ele não ciência moderna se constituiu com base na
será capaz de nos revelar aspectos da reali- sua negação. Mas, na medida em que as
dade que não são alcançados por outros mo- ciências humanas passaram a valorizar a ob-
dos de conhecer mais prestigiados em nossa servação do cotidiano para o desvendamento
cultura. das relações sociais, o que era visto como "ir-
relevante, ilusório e falso"começou a apare-
cer não só como um objeto digno de conside-
4 Características do jornalismo
ração pela teoria do conhecimento mas, em
como conhecimento última análise, como o seu objeto principal
Ao utilizar a distinção entre “conhecimento (SANTOS, 1988:8).
de” e “conhecimento sobre”, o primeiro sin- Conforme BERGER & LUCKMANN
tético e intuitivo, o segundo sistemático e (1966:40), o senso comum corresponde a
analítico, dentro da tradição do pragma- uma atitude cognitiva percebida como natu-
tismo, Robert PARK observa que o Jorna- ral. "A atitude natural é a atitude da consci-
lismo realiza para o público as mesmas fun- ência do senso comum precisamente porque
ções que a percepção realiza para os indi- se refere a um mundo que é comum a mui-
víduos. Conforme Nilson LAGE (1992:14- tos homens. O conhecimento do senso co-
5), o Jornalismo descende da mais antiga mum é o conhecimento que eu partilho com
e singela forma de conhecimento – só que, os outros nas rotinas normais, evidentes da
agora, projetada em escala industrial, orga- vida cotidiana". Além disso, a atitude cogni-
nizada em sistema, utilizando fantástico apa- tiva natural estabelece uma certa percepção
rato tecnológico”. da realidade como dominante:
Adelmo GENRO FILHO (1987:58), outro
pesquisador brasileiro que se debruçou sobre "Comparadas à realidade da vida cotidi-
esta questão, também ressalva que o Jorna- ana, as outras realidades aparecem como
campos finitos de significação, enclaves

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dentro da realidade dominante marcada sação, será também menos artificial e esoté-
por significados e modos de experiên- rico.
cia delimitados. A realidade dominante Evidentemente, como todo conhecimento,
envolve-as por todos os lados, por as- o senso comum não é tão democrático como
sim dizer, e a consciência sempre retorna sugere o termo. O conhecimento é repartido
à realidade dominante como se voltasse socialmente, devido ao simples fato do indi-
de uma excursão”. "Todos os campos fi- víduo não conhecer tudo o que é conhecido
nitos de significação caracterizam-se por por seus semelhantes, e vice-versa, processo
desviar a atenção da realidade da vida que culmina em sistemas de perícia extra-
cotidiana. (...) É importante, porém, ordinariamente complexos. A distribuição
acentuar que a realidade da vida cotidi- social de conhecimentos, desta forma, não
ana conserva a sua situação dominante se dá apenas em termos quantitativos (uns
mesmo quando estes ’transes’ ocorrem. conhecem mais do que outros), mas tam-
Se nada mais houvesse, a linguagem seria bém qualitativos (conhecem coisas diferen-
suficiente para nos assegurar sobre este tes). Cada campo de conhecimento é com-
ponto. A linguagem comum de que dis- partilhado por um auditório específico. A
ponho para a objetivação de minhas ex- questão dos auditórios, assim como a dos
periências funda-se na vida cotidiana e campos lógicos, estabelece diferenças entre
conserva-se sempre apontando para ela o modo de conhecimento das ciências e do
mesma quando a emprego para inter- Jornalismo.
pretar experiências em campos delimita- A linguagem formal dos cientistas
dos de significação"(BERGER & LUCK- justifica-se por sua universalidade, a univer-
MANN, 1966:43-4). salidade ideal de seu auditório. Porém, esta
universalidade será igualmente formal, uma
É o fato de operar no campo lógico da re- universalidade de direito mas não de fato,
alidade dominante que assegura ao modo de uma vez que esta linguagem só circula por
conhecimento do Jornalismo tanto a sua fra- determinadas redes e cria uma incomunica-
gilidade quanto a sua força enquanto argu- ção crescente entre os dialetos das diversas
mentação. É frágil, enquanto método analí- especialidades. Neste sentido, quanto mais
tico e demonstrativo, uma vez que não pode as ciências produzem conhecimento, mais
se descolar de noções pré-teóricas para re- tornam opaco este conhecimento (VIEIRA
presentar a realidade. É forte na medida em PINTO, 1969:165-6). Para penetrar nesta
que essas mesmas noções pré-teóricas ori- opacidade, é necessário também penetrar na
entam o princípio de realidade de seu pú- rede institucional que a mantém, através dos
blico, nele incluídos cientistas e filósofos processos pedagógicos específicos.
quando retornam à vida cotidiana vindos de Já o ideal de universalidade do Jornalismo
seus campos finitos de significação. Em con- caminha em outra direção. O auditório uni-
seqüência, o conhecimento do jornalismo versal que idealmente persegue refere-se a
será forçosamente menos rigoroso do que o uma outra rede de circulação de conheci-
de qualquer ciência formal mas, em compen- mento, constituída pela comunicação para
devolver à realidade a sua transparência co-

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letiva. É uma universalidade de fato, em- DIJK, 1980:248). O Jornalismo serve ao


bora precária, porque só estabelecida institu- mesmo tempo para conhecer e reconhecer.
cionalmente de forma indireta e imperfeita, Por outro lado, a revelação da novidade é
tal e qual o espaço público pressuposto pelo um dado estrutural da retórica do Jornalismo
ideal democrático que a precede e a requer. - a conclusão a que conduz a sua argumenta-
Sua amplitude é também limitada em outra ção. A forma com que chega a esta novidade
direção, a intenção do emissor na delimita- também é diferente daquela utilizada pela ci-
ção do universo do público alvo. Mas é na ência. Enquanto a ciência, abstraindo um as-
preservação deste auditório ideal que o Jor- pecto de diferentes fatos, procura estabele-
nalismo encontra uma de suas principais jus- cer as leis que regem as relações entre eles,
tificações sociais: a de manter a comunicabi- o Jornalismo, como modo de conhecimento,
lidade entre o físico, o advogado, o operário tem a sua força na revelação do fato mesmo,
e o filósofo. Enquanto a ciência evolui rees- em sua singularidade, incluindo os aspectos
crevendo o conhecimento do senso comum forçosamente desprezados pelo modo de co-
em linguagens formais e esotéricas, o Jorna- nhecimento das diversas ciências.
lismo trabalha em sentido oposto. Como propusemos em trabalho anterior,
Além da questão do rigor, outra crítica que no método científico a hipótese pressupõe
comumente se faz ao Jornalismo é a de que uma experimentação controlada, isto é, um
ele não seria tão capaz de revelar o novo corte abstrato na realidade através do isola-
como a ciência. Partindo de premissas re- mento de variáveis que permita a obtenção
tiradas necessariamente do senso comum, a de respostas a um questionamento baseado
argumentação da notícia parte do que o au- em sistema teórico anterior. O Jornalismo,
ditório já sabia, ou era suposto saber. "Se o por sua vez, não parte de uma hipótese nem
avião caiu, é claro que existia o avião e que o de sistema teórico anterior, mas da observa-
avião pertence à categoria das coisas capazes ção não controlada (do ponto de vista da me-
de cair"(LAGE, 1979:41). Em virtude disto, todologia científica) da realidade por parte
a novidade contida numa notícia é limitada. de quem o produz. Também se diferencia
Como propõe VAN DIJK (1980:176), esta das ciências pelo tipo de corte abstrato que
novidade "é a ponta de um iceberg de pressu- propõe. O isolamento de variáveis é substi-
posições e, em consequência, da informação tuído pelo ideal de apreender o fato de todos
previamente adquirida”. os pontos de vista relevantes, ou seja, em sua
Esta constatação sugere que o conheci- especificidade (MEDITSCH, 1990:72).
mento proporcionado pelo Jornalismo tem GENRO FILHO (1987:163) apóia-se nas
um duplo papel na construção do senso categorias hegelianas do universal, particu-
comum, em que a revelação da novidade lar e singular para definir o modo de co-
refere-se a apenas um aspecto. A compreen- nhecimento produzido socialmente pelo Jor-
são da notícia envolve o processamento "de nalismo:
grandes quantidades de informação estrutu-
radora, repetida e coerente, que sirva como "...o critério jornalístico de uma informa-
base para ampliações mínimas e outras mu- ção está indissoluvelmente ligado à re-
danças em nossos modelos do mundo"(VAN produção de um evento pelo ângulo de

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sua singularidade. Mas o conteúdo da siologia permite constatar que o Jornalismo


informação vai estar associado (contradi- não é uma "ciência mal feita", simplesmente
toriamente) à particularidade e universa- porque não é uma ciência e nem pode aspirar
lidade que nele se propõem, ou melhor, a ser tal. Por um lado, o Jornalismo como
que são delineados ou insinuados pela forma de conhecimento é capaz de revelar
subjetividade do jornalista. O singular, aspectos da realidade que escapam à meto-
então, é a forma do Jornalismo, a estru- dologia das ciências (a ciência exclui o sin-
tura interna através da qual se cristaliza gular, cf. ATLAN in PESSIS-PASTERNAK,
a significação trazida pelo particular e o 1991:72); por outro, é incapaz de explicar
universal que foram superados. O parti- por si mesmo a realidade que se propõe a
cular e o universal são negados em sua revelar. "O universo das notícias é o das
preponderância ou autonomia e mantidos aparências do mundo; o noticiário não per-
como o horizonte do conteúdo”. mite o conhecimento essencial das coisas,
objeto do estudo científico, da prática teó-
A cristalização no singular explica tam- rica, a não ser por eventuais aplicações a fa-
bém como o Jornalismo consegue produzir tos concretos. Por trás das notícias corre uma
informação nova com uma grande economia trama infinita de relações dialéticas e percur-
de meios em relação aos outros modos de sos subjetivos que elas, por definição, não
conhecimento: "Como o novo aparece sem- abarcam"(LAGE, 1985b:23).
pre como singularidade, e esta sempre como Por fim, é preciso ressaltar que o con-
o aspecto novo do fenômeno, a tensão para teúdo do jornalismo, ao estar preso ao senso
captar o singular abre sempre uma perspe- comum, está também necessariamente vin-
tiva crítica em relação ao processo. A sin- culado a um contexto. O texto só adquire
gularidade tende a ser crítica porque ela é a sentido dentro de um contexto. Isto difi-
realidade transbordando do conceito, a rea- culta tanto a sistematização quanto a acumu-
lidade se recriando e se diferenciando de si lação destes conteúdos, contrariamente ao
mesma"(GENRO FILHO, 1987:212). que ocorre com a ciência que isola o texto
Pode-se assim chegar mais perto do que do contexto. Mas, neste sentido, o conheci-
seria uma fisiologia normal do Jornalismo mento produzido pelo jornalismo é mais sin-
como forma de produção e reprodução de tético e mais holístico do que aquele produ-
conhecimento. É possível, como propõe zido pela ciência.
LAGE (1979:37), isolar teoricamente "uma
organização relativamente estável", dissoci-
ando esse "componente lógico"das ideolo-
5 Problemas do jornalismo
gias que inevitavelmente o contaminam na enquanto conhecimento
realidade concreta - o "componente ideoló- Embora nesta perspectiva se considere que o
gico"que caracteriza a patologia diagnosti- Jornalismo produz e reproduz conhecimento,
cada pelos seus críticos, para encontrar a sua não apenas de forma válida mas também útil
especificidade, uma vez que a ideologia é um para as sociedades e seus indivíduos, não se
fenômeno social mais geral. pode deixar de considerar que esse conhe-
Ao mesmo tempo, este esboço de sua fi-

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cimento por ele produzido tem os seus pró- profissionais ou não. Neste ponto, a prolife-
prios limites lógicos e, quando observado na ração recente da instituição do provedor de
prática, apresenta também uma série de pro- leitores – o ombudsman – é certamente um
blemas estruturais. Como toda outra forma progresso, não apenas pelo que possa discu-
de conhecimento, aquela que é produzida tir diretamente da produção dos media, mas
pelo Jornalismo será sempre condicionada também por contribuir para levantar o véu
histórica e culturalmente por seu contexto que encobre os procedimentos habituais de
e subjetivamente por aqueles que participam construção da informação jornalística.
desta produção. Estará também condicio- Outro aspecto problemático do jornalismo
nada pela maneira particular como é produ- enquanto conhecimento é a velocidade de
zida. sua produção. No entanto, ao mesmo tempo
Nas últimas décadas se multiplicaram os em que a velocidade representa um limite,
trabalhos científicos que salientam o fato representa também uma vantagem em rela-
do Jornalismo não ser uma imagem da rea- ção a outros modos de conhecimento. A
lidade extraída unicamente desta realidade, velocidade não é uma característica exclu-
mas sim uma construção onde os projetos, siva do jornalismo, mas sim da civilização
as técnicas e seu manejo, as ferramentas e as em que vivemos que, por funcionar assim,
matérias primas também interferem no pro- necessita de informações produzidas rapida-
duto final (TRAQUINA, 1993). Inúmeras mente.
mediações condicionam o modo como o Jor- E, por fim, não poderíamos deixar de ci-
nalismo cria e processa a informação sobre tar a espetacularização como uma aspecto
a realidade, desde o schemata profissional problemático do jornalismo como conheci-
(MÉRÓ, 1990) - o modo particular como os mento. O que distingue uma matéria jorna-
jornalistas vêem o mundo, passando pelos lística de um relato científico, de um texto di-
objetivos, a estrutura e a rotina das organiza- dático ou de um relatório policial é o fato de
ções onde trabalham, as condições técnicas e que se dirige a pessoas que não tem obriga-
econômicas para a realização de suas tarefas ção de ler aquilo. Em consequência, procura
e, finalmente, o jogo de poder e os confli- de alguma forma aliciar as pessoas para que
tos de interesses que estão inextricavelmente se interessem por aquela informação, através
implicados na circulação social desta infor- de técnicas narrativas e dramáticas. Isto não
mação (MESQUITA, 1995). é um mal em si, o uso destas técnicas se jus-
Um dos principais problemas do Jorna- tifica amplamente pela eficácia comunicativa
lismo como modo de conhecimento é a falta e cognitiva que proporcionam. O problema é
de transparência destes condicionantes. A quando passam a ser utilizadas em função de
notícia é apresentada ao público como sendo objetivos que não os cognitivos, como a luta
a realidade e, mesmo que o público perceba comercial por audiência e o esforço político
que se trata apenas de uma versão da reali- de persuasão. No cotidiano do jornalismo
dade, dificilmente terá acesso aos critérios praticado em nossas sociedades, é muito di-
de decisão que orientaram a equipe de jor- fícil distinguir entre estes três tipos de obje-
nalistas para construí-la, e muito menos ao tivo.
que foi relegado e omitido por estes critérios,

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O jornalismo é uma forma de conhecimento? 11

6 Efeitos do jornalismo enquanto certamente também lhes ensina muita coisa


conhecimento útil. Sabe-se que uma pessoa com forma-
ção superior tira mais proveito das notícias
Concretamente, muito pouco se sabe sobre do que uma pessoa privada da escola básica.
os efeitos do Jornalismo sobre os indivíduos Mais uma vez, não se pode culpar o Jorna-
ou as sociedades. Existem várias hipóteses lismo por isso.
a este respeito, mas é muito difícil isolar as
variáveis de forma a testá-las para fins de
comprovação (SAPERAS, 1987). É inegá- 7 Conclusão: a pertinência do
vel que os meios de comunicação tem um jornalismo enquanto
poder muito grande no meio social, mas é conhecimento
difícil determinar até que ponto este poder é
exercido de forma autônoma e até que ponto Considerados estes prós e contras, pode-se
funciona apenas como instrumento de outros enfim discutir se há alguma pertinência em
poderes instituídos. Muitos dos pecados atri- se considerar o Jornalismo como forma de
buídos ao Jornalismo, inclusive pelas teorias conhecimento de direito próprio, ao invés de
e hipóteses que tentam explicar as suas con- um simples instrumento para transmitir co-
sequências, na verdade têm causas enraiza- nhecimentos produzidos por outrem e even-
das em solos mais profundos. A manipu- tualmente, com isso, degradar estes saberes.
lação do sistema democrático, a disparidade Com todo o respeito pelas opiniões divergen-
crescente entre o topo e a base das socieda- tes, procurei responder a pergunta que me
des, a disseminação dos preconceitos, este- apresentaram de maneira afirmativa, supri-
reótipos e ideologias dos poderosos não são mindo o seu ponto de interrogação.
criações do Jornalismo, embora ele eventu- Teoricamente, procurei demonstrar que o
almente participe de tudo isso. Como pro- que pode sustentar esta pertinência não são
duto social, o Jornalismo reproduz a soci- os argumentos dos jornalistas, mas sim os
edade em que está inserido, suas desigual- desenvolvimentos recentes nas áreas da epis-
dades e suas contradições. Nenhum modo temologia, teoria do discurso, sociologia do
de conhecimento disponível está completa- conhecimento e psicologia da cognição, dis-
mente imune a isto. ciplinas que possuem um respeitável emba-
Também é bastante difícil isolar os efei- samento científico e filosófico.
tos do Jornalismo sobre o ambiente cogni- Creio que na prática pode-se apontar mais
tivo dos indivíduos. Quando tiram os olhos algumas razões para se levar mais a sério
do jornal ou da TV, ou desligam o rádio, esta questão. Ao se deixar de considerar
as pessoas encontram inúmeros outros pon- o jornalismo apenas como um meio de co-
tos de contato com a realidade, ligam-se municação para considerá-lo como um meio
em incontáveis outras redes de informação de conhecimento, estará se dando um passo
que funcionam à margem dos media e, com no sentido de aumentar a exigência sobre os
isso, amadurecem seus critérios de discerni- seus conteúdos. Conhecimento implica em
mento (SOUSA,1995). O Jornalismo even- aperfeiçoamento pela crítica e requer rigor.
tualmente pode desinformar as pessoas, mas Considerar o jornalismo como modo de

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12 Eduardo Meditsch

conhecimento implica também em aumen- 1985 Por uma pedagogia da pergunta.


tar a exigência sobre a formação profissional Rio de Janeiro, Paz e Terra
dos jornalistas, que deixam de ser meros co-
GENRO FILHO, Adelmo
municadores para se transformarem em pro-
dutores e reprodutores de conhecimento. 1987 O Segredo da Pirâmide: para
Por fim, o conhecimento da realidade é uma Teoria Marxista do Jornalismo.
uma questão tão vital para os indivíduos e Porto Alegre, Editora Tchê
para as sociedades que, se o jornalista não é
GOODY, Jack
apenas quem o comunica, mas também quem
o produz e o reproduz , deve estar subme- 1977 Domestication of Savage Mind.
tido a um controle social e a uma avaliação Ut. Trad. Port. Domesticação do Pen-
técnica mais próxima e mais permanente. A samento Selvagem. Lisboa, Presença,
questão do conhecimento que o jornalismo 1988
produz e reproduz e de seus efeitos pode ser JAPIASSÚ, Hilton
demasiado estratégica para a vida de uma so-
1975 O Mito da Neutralidade Cientí-
ciedade para ser controlada exclusivamente
fica. Rio de Janeiro, Imago
pelos jornalistas como grupo profissional ou
pelas organizações onde trabalham. 1983 A Pedagogia da Incerteza. Rio de
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