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um suprimento alimentar incerto, uma população pouco numerosa e

outros aspectos da vida social, na nossa especulação sôbre origens


sociais só podemos usar êste relacionamento como algo sugestivo, sem
nunca estarmos certos se formas ancestrais de sociedade foram seme-
CAPÍTULO II lhantes. Mas podemos estudar os povos primitivos de modo a prover-
nos de um material sôbre o qual podemos imaginar a conduta humana,
————e | dando-nos elementos sôbre quando e como certas condutas são apren-
Como Escreve didas. Vamos às sociedades primitivas buscar material sôbre os limites
além dos quais a sociedade não pode negar a herança biológica do
um Antropologo homem e também em busca de variações na conduta humana que talvez
de outra forma nunca imaginássemos como possíveis.
Os antropólogos têm certas peculiaridades ocupacionais advindas
do seu tipo de trabalho. Por trabalharmos com povos. primitivos que *
não têm linguagem escrita, desenvolvemos maneiras de estudar a con-.
duta viva, em vez de traços delas que encontramos em documentos tais
No JARGÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO AMERICANOS E DE QUTRAS
como questionários, declarações de renda, testamentos, certificados e-
relações sociais profissionais, subsiste há muito uma expressão: «from
assim por diante. Trabalhamos a maior parte do tempo a sós ou em:
where I sit». * E” dita geralmente de modo meio irônico, implicando
pares de sexos opostos e fazemos isso por uma série de razões — falta
uma mudança total no ponto de vista. Quando alguém afirma com um
de dinheiro, falta de pessoal e urgência da tarefa e porque a maioria
sorriso ou um rictus de cumplicidade nos lábios: «from where I sit»,
das comunidades primitivas são tão pequenas que a presença de dois
está admitindo que ninguém percebe mais que parte da verdade. Signi- *
observadores de sexo oposto é tudo quanto podem suportar. Porque
fica que a contribuição de um sexo, uma cultura ou uma disciplina cien- trabalhamos a sós, temos que saber algo sôbre todos os aspectos da
tífica, que poderá mesmo fundir as áreas do sexo e da cultura,
é sempre « sociedade; e um padrão de trabalho que começou com um simples de-
parcial e deve estar sempre à espera da contribuição de outros
para* sejo de saber algo sôbre tudo que faz um povo em artes, folclores, sis-
uma verdade mais total, Esse livro está sendo escrito do pon
to de vista: tema de parentesco, confecção de recipientes e preparação de alimentos,
E uma mulher de meia-idade, americana e antropóloga.
Isto é parte casamentos, enterros, acabou desenvolvendo-se sob forma sistemática,
ind pi do livro: que as mulheres vêem o mundo O antropólogo passou a trabalhar com uma sociedade inteira como pano
de
e a omem e, assim fazendo, ajudam a raça humana a de fundo. Éle não se especializa na conduta das crianças, nas práticas
crer ini a Necessáriamente, um americano es- dos propagandistas ou nos detalhes das habitações, como é o caso de
à de modo diverso de um estrangeiro, com dife estudiosos que trabalharam principalmente com sociedades complexas.
renid
tes pra
ir de envolvimento. A contribuição especial - Os antropólogos aprendem, pelo trabalho de campo, a pensar muitas -
Ssita porém de mais comentário de um antro-.
s. coisas ao mesmo tempo, como não estão acostumados a fazer muitos .
|
Os materiais de e eis de um antropólogo são as condutas der | sd estudiosos da conduta humana. Êste modo de pensar faz a referência .
POVOS vivos, ap
tilharam padrõ
rendida S de seus antepassados, que com êles compar- *
es c 0 A
parentemente
À, a disparata
maneira — a maneira
como é dos
esculpido pela
um totem :
-
dialmente sociedades Es Os laboratórios antropológicos são primor- + z uma oração, como se compõe um poema ou.
co ndição pequenos
Pumitivas, grupos isolados que, porRa « * como se persegue um veado — a uma totalidade, que é o modo de vida,
con desta.
“OFrente principal gegoráf: so Z
da Seográfica ou histórica, permaneceram fora da de um povo. Êste é o hábito mental que levamos para nosso trabalho, -
res. () q e Contrastam fortem erv and O PiJi c ticas
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à sociedade como um todo unifica, entre
Dente as origens de moço UUÍZ dos:da
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OS povos aprimi AR de
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va Guiné por exemplo, a simulação do alimento fora '
ara um bebê e um posterior abandono real dêste tipo
, “Htyene t em his: órias fo | n5288 “gritos dirigidos aos cães a que êstes nunca obedecem,
sões entre grupos que nunca têm fim. Olhando o padrão
de Bali, é possível reconhecer
.

naquelas construções
» partes pré-fabricadas independentes, que se unem com

a 37
Mais ES ”
a mesma atitude dos bal;
la co ns tr uç ão , expressando
o tempo pe de partes independentes
Neses
po hu ma no , um sistema
para com O Goi
ito exata. Buscamos regula Unidas
mas cuja unida de nem sempre é mu lidade. Aos conhecimentos dêstes costumes, a habilidade de
pô-los em -
dentro de uma socieda
ridades :
da co nd uta humana prática ou não, o antropólogo adiciona uma co ntínua co
ii uit os as pe ct os
encontrá-l as , porque todos de dada 0 nsciência das:
êstes atos tão variados diferenças — no tom de voz e nas próprias p alavras, nas se
e mnenhados por sêres humanos são de-o giiências.
que,
além de sua humanidade de conduta, como por exemplo por que uma di Scussão simplesm
Co-o ente se
se em uma tradição e um modo comum de ver o mundo. o
desvanece num país enquanto em outros um conjunto interrel
acionado
de diálogos iniciais poderia levar a uma dispu ta de socos ou a um
Em segundo lugar, à Antropologia é uma ciência comparativa.« im-
pávido muro de silêncio.
Conseguimos nossos pressupostos comparando o que fizeram duas Cul- . Se o leitor quer apreciar a discussão antropológica de nossa socie-
muras diferentes. Explicitamente, de modo a nos exercitarmos, mandamos, dade, que é especialmente a quarta parte dêste livro, há um ponto que
estudantes para povos remotos e exóticos onde eles se exporão a modos
deve ser concretamente enfrentado. Será esta consciência da conduta
de conduta bem diferentes dos nossos, tão diferentes que nenhum humana fria e impiedosa? Encontramos uma dúvida profunda nas mentes
esfôrço mental servirá para redefinir os novos em têrmos dos velhos dos leigos sôbre se o conhecimento e a delicadeza podem estar unidos
costumes conhecidos. Vivendo entre povos que lhes são estranhos, os ou se uma consciência mais larga leva a uma manipulação mais ampla,
antropólogos fazem vários ajustamentos. Aprendemos a falar ou pelo frieza ou desejo de poder. Encontramos êste mêdo expresso nas histó-
menos ouvir e pensar em línguas muito diferentes em que há vários rias contadas frequentemente sôbre filhos de psicólogos e psiquiatras,
gêneros ou nenhum, em que as palavras se podem conjugar de modos quando cada deslize ou falha são notados e ligados com histórias falsas
diferentes de nossas tentativas de enquadrá-las em nossas categorias de experimentos que tais cientistas teriam feito com os filhos. As histó-
gramaticais familiares e que poderão ser faladas com um sistema foné- rias contadas sôbre antropólogos nos recantos primitivos do mundo
tico sistemáticamente relacionado a sons que nossos órgãos da pa- onde êle é uma parte tão esperada da paisagem quanto o comerciante,
lavra podem produzir, mas que não são aquêles aprendidos. Mesmo o geógrafo, o funcionário do govêrno, o missionário, são muito signi-

po
nossos hábitos muscularês recebem certo impacto nesses outros modos ficativas, portanto. Pois o folclore vigente sôbre os antropólogos no su-
de vida. Em Samoa, aprendi a dobrar meu corpo duas vêzes sempre doeste do Pacífico quase sempre toma forma de uma acusação por
que passava por uma pessoa de alta estirpe que estivesse sentada e terem-se despido, usando costumes nativos de diversos tipos. Éles não
hoje quando devo passar rente a alguém a quem devoto muito respeito são acusados de arruinar a sociedade nativa ou de uma manipulação
sinto um curioso prurido nas costas. Aprendemos a perguntar às crian- espúria das hortas nativas para assistir a alguma mágica agrícola ou
ças que estão chorando coisas como: «que foi?». Aprendemos a fazer de envenenar um grupo de pessoas de idade e sexo determinados de
outras especulações sôbre o significado de dentes cerrados ou mãos modo a poder descrever uma série de funerais. Mas são acusados de
lentas quando começamos a interpretar a conduta humana num contexto ter tirado os véus da civilização, perucas, meias e camisas, para vestir
nôvo e depois, de maneira mais flexível, sempre que
uma saia de capim, uma tanga ou simplesmente nada. Eu mesma, na
lidamos com um
nóvo caso. Assim o estudante que como antropólogo participou profun- qualidade de cicerone e anfitriã antropóloga, tive que me acostumar
damente do aprendizado sôbre uma outra cultura torna-se um instru- com um funcionário do govêrno, imobilizada num linho branco sem
mento modificado. mácula, tensamente sentada atrás de uma mesa de chá disposta com
esmêro, para três meses mais tarde êle descrever qual a impressão que
Rai Condição específica do antropólogo
treinado não deve ser eu dava com uma saia de capim ou envôlta numa toalha de banho. Mas
de uma cultas o que acontece com pessoas que experimentam passar depois de uma primeira sensação de ultraje, êsse conjunto de mitos
trabalhar EE a outra, casar-se com um membro de uma outra cultura, sôbre os antropólogos pode tornar-se muito confortador. Porque, em-
línguas Não a membro s de outras cultur as ou mesmo falar diversas bora haja incríveis mentirosos e nenhum antropólogo chegue ao extre-
qa e trata simplesmente de saber que um certo animal de mo do confôrto ou ao uso da roupa nativa tal como rotineiramente o
nas é chamado cachorro em português, é igualmente desig- acusam, essas histórias tocam em vários pontos verdadeiros em espírito.
Por dog, chien, hund, nubat, maile e assim por diante.E' certo sm Slas dizem
E] na linguagem do folclore que o antropólogo deixa de lado:
eSsoas que as exigências de sua própria cultura e tenta assimilar e compreender a *
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a sorte de
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ST Sa a a e e

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limites de sua cul srau precioso de apuro e compreensão além d E E x ju = am A d a a AMO cultura“nativa. Elas afirmam que êle rompe com tôdas as barreiras de *
sees higiênicos de que se cerca a maioria dos europeus
Rs bo º tura ]
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raça, clas e temor


o | a

e americanose recebem a comida simplesmente das mãos dos nativos.


Finalmente, êsses pequenos contos dizem de maneira clara que o modo
pelo qual os antropólogos estudam os povos não é a experimentação,'
»

39
mas sim o conhecimento por observação e participação. O
na dieta Dalva a
não sômente anota o consumo de sagu Come q sendo válidas e importantes, e as conclusões alcan çadas por quaisquer
êle pesa no estômago; alo mas
suficiente para saber O quanto delas devem ser contrastadas mutuamente.
anota verbalmente ou por fotografia a forte pressão ds a Sômente / A abordagem antropológica consiste em visitar sociedades pri-
em tôrno do pescoço, mas também carrega o bebê e serie dos bebês mitivas sem nenhuma teoria por demais específica e em vez disso efetuar
da própria traquéia; se apressa ou se detém a caminho dá Contração perguntas exploratórias * abertas. Como bebês do sexo masculino e
mônia, ajoelha-se quase cego pelo incenso, enquanto os és Uma ceri- feminino aprendem seus papéis sociais nas diferentes sociedades? Que
ancestrais falam ou os deuses se recusam a aparecer. O es dos tipos de conduta classificam algumas sociedades como masculina ou
entra na organização e observa mas não modifica. Assim Ttropólogo, feminina? Que condutas não conseguiram classificar como tipificadas
rias sintetizam os princípios básicos do trabalho de camp o setas histó.. sexualmente? Quais as semelhanças e diferenças perceberam as várias
A mpo culturas no homem e na mulher? Não perguntamos inicialmente se há
logo, que vê o povo com o qual trabalha como sêre s Paso antropó. :
oo h diferenças sexuais específicas na personalidade que são sistemáticas e,
maior
estatura nao é nem ras nem menor do que a sua
anos: cuja
em aprender seus hábitos
Ue se
a despeito da cultura, associadas à masculinidade e feminilidade, tais
com profundos detalhes é Es d dep
como passividade, iniciativa, curiosidade, capacidade de abstração, e
modo de vida tão intocado quanto possível, tratan ar seu:
do o contexto glooba
bal interêsse pela música. Perguntamos que diferenças são esperadas na
conduta das crianças, como são elas utilizadas em têrmos sexuais para
definir a diversidade de papéis e se ter sucesso nas respostas esperadas.
Com a consciência, pois, de que estêve ex post A Tal inquirição efetua várias coisas. Primeiro, elimina todo nosso-
o de maneira pro- | * pêso de preconceitos culturais sôbre homem e mulher, que tradicional--
funda a outro modo de vida, o antropólogo pa
ssa a pensar sôbre mi- | | mente insistem em diferenças inatas ou a tentativa mais contemporânea
gre contrastantes entre as muitas culturas. Se tem
a a oportunidade de estudar muitas so sorte, como eu de negar muitas diferenças que foram aceitas históricamente. Isto libe-
ciedades primitivas compará- ra-nos a mente do uso de certos tipos de argumentos invocados pró
veisE, dee modo que cada nova expe jênci
riência reforça a distinção em relação e contra o movimento feminista, a partir de reconstruções duvidosas de
peréncia prévia e a memória se torna
com contrastes e compEarações. Ma
tão plen períodos idílicos da História, quando mulheres governaram e tudo era '
s estudando ou não muitas socie- paz, e também de argumentos acirrados sôbre por que as mulheres
dades diferentes, apre -Se a usar o material sôbre elas, pensando os não foram grandes compositoras de música. As dezenas de afirmações .
elementos da vi da es quimó sem nunca ter estado no Ártico e lendo feitas todos os dias — «elas não são como os homens», ou «os homens
+ são sômente crianças grandes», «as mulheres têm mentalidade infantil»;
“«as mulheres são mais sensíveis que os homens», «os homens são mais
sensíveis que as mulheres», «as mulheres são mais volúveis que os
Quando che a homens, «os homens são mais volúveis que as mulheres» — devem
E
lidade, como as cn perguntar o que é masculinidade, o que é femini- ser varridas da mente como fôlhas de outono dos jardins, de modo a
nO ou.0s homéne dis a Sexo masculino diferem das do sexo femini- tornar possível uma elucidação geral. :
de abordar o probl a Na os antropólogos têm seu modo específico Mas porque o método antropológico consiste em estar em meio à
indistintas na qual - Não utilizamos testes sôbre formas coloridas um povo, aprender sua língua e seus costumes, torna-se muito compli- -
de
outro. Nã cado comunicar os resultados dêsse método a terceiros. A tareta
-
apresentar a moldura de um modo de vida contrastante é extremamente
Pode- se escrev er um livro contando minuc iosam ente a vida dos
simples.
samoanos, manus, esquimós ou bagandas, pode-se levar o leitor ao in-
o. de EE fornecendo-lhes testes de rapidez nativa s, sentá- lo ao lado das carpid eiras num entêrro,
terior das casas
otões, nem tomamos ratos e porcos da os passos dos dança rinos num casame nto, escuta r conversas tão
es h -* seguir
ormônios sexuais de modo a apreciar mu- — inacre ditáve is, tão inespe radas, que O leitor experi mentar ia, ainda que
es tão detalhados de pacientes. de forma pálida, algo que o antropólogo viveu anteriormente. Às vêzes
a que sexo ce Profundamente estruturadas que é im, o leitor aos detalh es de fantás ticos arranj os de pa-
"é difícil conduzir nte, que presc revem
vive “o A decidi am vir e cneem, nem acompanhamosamehistóri
Ome . DER Pri
as de
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Data on the Problem of
2 MEAD, Margaret, “Anthropological (Simpósio — Segundo Colóquio em Psicodinâmica e
Medicine, Vol. IV (1942), pp. 396-97
; as essa Medicina Experimental).

“diferem, - 4
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]
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a
modos especiais de conduta a primos que são relacion
de um irmão e uma irmã, mas não entre irmãos e irmãs
modo pelo qual o fantasma do pai mantém a língua da * OU ain da q tem nada a ver com a concepção e que um bebê em miniatura peram-
mulher de seu
filho dentro da ordem. A experiência provou que se o antro bula pela neve até que se atira dentro do ventre materno subino dodos elopel
interessado nesse tipo de comunicação, em trazer ao leitor Pólogo está
produzindo
lado dos sapatos da mãe, prende a imaginação,
UM Sentido : necessário. «Ah!, diz o leitor, então os homens nem sempre como
do contexto vivo existente de um outro modo de vida, tal
pode ser feito.
Os leitores consentiram que houvesse três culturas num s deram a biologia da concepção tal como nós o fazemos» (e êle terá
os enormes passos necessários à passagem de tribos in O livro, dando de ser realmente muito culto para adicionar à sua última frase «como
aldeia papua (Nova Guiné), ou de grupo de povos levemente a ciência agora conhece»). «Que interessante! assim eu entendo como
tados a um grupo de canibais. Ademais, os nomes d e t adparen- isto faria diferença na maneira pela qual a família se organiza ou como

ore
ribos estran pais zelosos devem cuidar de seus filhos», e assim por diante. E quando
os incidentes de vida e morte, da feitiçaria e do c has
erimonial, to

e
misturam; mas permanece um resíduo. O leitor t dos se afirmo que muito poucas sociedades humanas tiveram condições de
erá submergido

e
experiência de compreensão dos costumes extrema na minimizar de fato o papel materno na criação infantil, embora os
mente diversos nativos das ilhas Rossel acreditem que o pai lance um ôvo na fêmea *,
dronizados pela natureza humana, mesmo que por pa-
uma hora sôme que é vista, portanto, como receptáculo puramente passivo, ou que os
Mas até aqui, buscando relatos antropológ nte.

E
icos montenegrinos neguem à mãe qualquer relação com a criança *, também

e
que pode Ser um psiquiatra, biólogo, ge
ólogo, juiz arrebato o leitor porque fica claro para êle que é mais difícil negar o
ou mãe de cinco crianças, tentamos parentesco materno que o paterno. Mas quando afirmo: «Em tôdas as
fazer apenas du
sociedades humanas reconhece-se que as mulheres dão à luz crianças»
sem discutir antes uma série de dados sôbre imagens de fatos do ta-
manho de uma polegada rolando arrepiados na neve, em busca das
botas de sua mãe, ou de irmãos gêmeos que desejam ser reencarnados
dando pequenos pulos como pássaros e inspecionando um grupo de
mulheres para ver quais delas escolherão para mãe, existe uma ten-
dência irresistível de dizer: «E daí?» e morre o assunto.
* Mesmo assim, entre a afirmação do leigo «é claro que nenhuma
sociedade humana toleraria o incesto», que nasce de seus lábios através
de um ensinamento tradicional de nossa sociedade e a afirmação antro-
pológica «tôdas as sociedades humanas conhecidas têm regras contra
o incesto» — encontra-se tôda uma massa de experiência que o segundo
orador expressou em detrimento do primeiro. Quando o primeiro utiliza
to da infância e a conduta adulta. Quero a palavra «incesto» êle quer dizer relações entre pais e filhos,
Positivas resultantes de um estudo irmãos e irmãs biolôgicamente relacionados. Na nossa sociedade êle não
incluirá primo-irmãos, ainda que acredite que o casamento entre primos
seja causa de doenças ou concordará com alguns grupos religiosos que
espe-
além de deixar claro como e o dif
correratê aê proíbem o casamento com primos-irmãos, a não ser por dispensa
a
Trata-s-se de uma Ro o
estas descobererttas. resultados, cial. O antropólogo que fala do incesto estará também se referindo
depois
pode melhor expressas arVEefa muito difícil, tãEs o di fícil que uma êste grupo biológico primário, mas chegará a essa afirmação
anedota consi a dime nsão imens a e bizar ra de certos grupo s de incesto
de derar
centenas de membros de um único clã, ou uma avó
que talvez incluam
avó, dependendo
prima-irmã do tronco da prima-irmã ou do tronco da
caso. Depoi s de aprec iar em vário s ponto s da Terra os diferentes
do inc est o, a
s por dif ere nte s pov os sôb re tab us de
“costumes elaborado Entre o
“afirmação do leigo terá sido um tipo especial de abstração.
tros no mundo!» Seeu tivesse escrito «nenhuma sociedade naturalmente...» e a afirmação do
— aro umento
argume
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ma soc ied ade con hec ida ... » est á tôd a uma sér ie
antropólogo «nenhu
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minuciosos e difíceis, feitos sob a luz do lampião ou de uma
fogueira, artepelo exp lorador, mis
sionário ou cientista moderno de dife
s do mundo. Mas como devem ser introduzidas tais Obser- com outro. Ou pode significar a maneira pela qual uma jovem planeja,
e E a comunicação entre escritor e leitor? economiza ou talvez costure um vestido que vai usar no baile em que
va verá seu amado indiferente, o qual, encontrando-a, poderá escolhê-la
O método que geralmente utilizamos para preencher
a lacuna entre outra vez. Pela mente de cada um passa tôda uma série de tramas e
E bservaçõe
dia ciêncisa doespecí
cientista e as necessidades daqueles que são leigos
fica é o uso da autoridad incidentes: carros, trabalho, cortes no ordenado, a falha de uma co-
e simplesmente. Pon
ho nexão aérea ou ocasionalmente pais em dúvida no caso de os amantes
ii capa no meu livro ou lanço na página-título tôdas as bôlsas de serem muito jovens ou ainda pais ricos demais para se preocuparem
estudo que tive, ou pelo menos as mais eminentes. O leitor INSpeciona com o problema. Misturada à imagem de nossa própria experiência,
a lista. Se êle fôr perfeitamente culto ou pes estarão cenas de cinema, novelas, seriados de rádio, imagens ocasio-
adiante consultando alguma fonte de informação.soa Umped ante, irá mais
a vez a par da nais de Tom Mix atravessando as planícies ou Ingrid Bergman num
minha pessoa; que me submeti aos rituais apropriados tenso papel, talvez alguma coisa de «Romeu e Julieta» ou versos no
para obtenção
de graus superiores, que tive bôlsas de estudo e fiz expedi estilo de velho «Valentine». Se a pessoa é mais sofisticada, poderão
ções e escrevi
monografias publicadas em editôras cultas, 0 leitor passa a ler
o que
surgir algumas dúvidas sôbre o próprio amor, se é uma palavra senti-
digo com o respeito ao que é chamado «autoridade»
no assunto. Depois, mental para «os hormônios», mesclando-se às imagens de armadilhas
quando quiser usar o material terá que fazer uma bus amorosas, corações despedaçados eos dizeres «João ama Maria» ra-
ca das outras
autoridades que concordam comigo, ou quantas aut biscados nos muros de um prédio vazio. O amor é uma emoção admi-
oridades estão em
lados opostos e que explicações podem ser dadas tida, sentida por pessoas que podem ser como nós, FEuRço ao
entre êles, se são relevantes ou devem ser
par a as diferenças dirigindo carros, competindo com rivais, lutando ns Ee o
explicadas em têrmos de quan dr : no
ideologias políticas ou adesões históricas. Se quando rejeitadas, elevando-se a alturas inauditas
o leitor desejar simples- amado. Mesmo quando a história de Romeu e Julieta é lida cui
mente usar as descobertas da autoridade
nas suas relações humanas vistos idênticamente a um moderno casal gn
comuns, éle se verá mais cedo ou mais samente êles são
tarde diante de um argumento com a inimizade dos Montaguese dos Capuletos fazendo par o a
em que incute sua autoridade na cabeça
de outra pessoa e recebe de trama. Afinal de contas, ninguém sabe o que sentiam Ee e e
volta a autoridade dela. Os resultados
serão tão simples de prever Shakespeare sabia muito pouco mais do que 1 Pra ad go
inglês que escrevia para uma platéia inglêsa do s Sa Ea
nhecimento do passado pode encher nossa bôca de palavr DE :
mas elas serão reconhecidas como incluindo sentimentos est E
vida moderna, tal como a fidelidade após a morte, que é e SEA
uma emoção suspeita, difícil de encontrar entre os e o as
e possivelmente mais digna das atenções de um psiq
das de um poeta.
Entre êste jovem leitor que nunca saiu da puenes e É ccd
nhece a conduta de outros períodos, de outras e e e diEths
através de lentes especiais fornecidas por Holywoo o EEE ólogo
contemporâneos, que a vêem exatamente como à qa o cados
Cheguei àquelas arm.
Mal afirmação, mas, em vez disso, como eu * que se senta informalmente no chão da casa de pa O titia na
PE E “lirmações e o que é o processo antropológico. RO nela. oa:
: de cabeças da Nova Guiné, há sem dúvida uma Ee
consideração do rob IESERR da experiência que o antropólogo traz à “experiência. Nos Estados Unidos há milhões de pe
que «Love will fi Problema humano, façamos a simples afirmação de de seu s re sp ec ti vo s pe O na ra
car ne eo
ro
cionalidade estr an ge ir a
nossa tradição. ps “ay : * Um adágio- tão gasto quanto am
geens de um transporte umdificijol vem a merica
j no essa fr
ado em que a vida pode ser e é em outras sociedades.inO- icanos e asiáticos
ase lembrará ima-
a- pessoas que viveram em países europetis, E Ds amátes ou ami-
aprendendo através de relações pa pç e mor tudo vence».
E
- gos a diferença do efeito de uma ras ais sérvios ou escoceses, com
Muitos tiveram tais experiências com Pp : eses, em contacto
babás alemãs,
SAS namorados italianos
7

E
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tista branca
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do século XX
. ou ami os franc 1
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AR não é fáci
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l para uma cien


direto e íntimo que
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E.
aê Fa 45
ER Pi?
Di = ="
encontrar numa tribo da Nova Guiné. Estes membrorel s de climas
per gun tar : des eja ndo -se açõ es roca A história é elaborada e amadurecida para integrar uma estrutura apro-
cionais diferentes poderão ço
soa s que viv em uma vid a dif ere nte , ser á le priada, para ser à réplica adequada à última história relatada e con-
profundas com pes pa êle s
que viveram e ama ram for a de seu paí s est arã o mel hor pré duzir à confiança mais profunda. Mas quando se fala a um psiquiatra
ados o processo consciente de busca, ao qual se subordina a relação do psi-
para conceber o comportamento numa perspectiva «cross-cul ti quiatra com as pessoas, é substituído pelo dar e receber íntimos de
do
que cientistas que perambulam com um caderno de notas sempre Ocu» pa- um relacionamento global. Se o psiquiatra é hábil e o paciente suficien- -
po de ver ain da mai s? Ess a obj eçã o Dar cdE ;
dos e sem ter tem temente perseguido pelos temores e ansiedades que relata, então essa
de razão. Visualizamos a pequena criança americana com os ter parte
e finca- ênfase impessoal na compreensão e no uso da compreensão é mantida,
dos no chão e os dentes cerrados, lutando em vão contra o não interpessoal mas pessoalmente, até que um dia o consultório é
que a tia alemã segura sua mão ou um jovem pintor america
deixado para sempre. O paciente será diferente. O aprendizado do
nando-se sôbre a mesa com carinhoso interêsse olhando o iôa
pressão no rosto de sua mulher francesa. Então com E go de ex- médico sôbre o paciente será de um tipo bastante diferente do apren-
de E m-se êstes dizado dêste sôbre o médico, coisa que aliás, normalmente, nunca dis-
quadros com o do antropólogo sentando-se à mesa cutirão juntos.
cabeças, anotando observações sôbre um povo para m caçador de
Quando um antropólogo entra na aldeia de um povo primitivo
ato de escrever tem algo de mágico, e certame P O qual O próprio
nte parece difícil que é sózinho ou com seu companheiro para estabelecer um lar entre outros
ga melhor o que se passa na cabeça dêste lares, a situação também é controlada e consciente. Êle não quer com-
q rHança ou um amante que aprenderão
homem do
o significativo preender a cultura para ter uma casa construída, um jardim arado,
e E

——.
importante nos valôres que diferem carregadores para seus pertences, trabalhadores para um nôvo campo
dos seus
de pouso ou conversos para sua religião. Nem mesmo, como médico,
quererá curar doenças ou mudar idéias sôbre saúde pública, persua-
dindo-os a enterrar seus mortos num pequeno cemitério, em vez de sob

CR
a terra da casa (onde estarão menos sôzinhos). Ele não quer aperfei-
çoá-los, convertê-los, governá-los, comerciar com êles, recrutá-los ou
curá-los. Éle só quer compreendê-los e, assim, adicionar ao conheci-*

a
mento as limitações e potencialidades dos sêres humanos. * Tanto
E am conhecimento profundo de quanto o psiquiatra deve limitar-se a um objetivo, a cura, assim o an-:
como as
ver livre da atual. Nem que seja
pela tropólogo deve disciplinar-se dentro de um só objetivo: à observação -
tratamento diferente na hora e compreensão dos indivíduos como reveladoras de sua cultura. Para o-
de ir para
ma fábrica e o trabalho tem sido co
ntinua- leigo, muitas discussões da técnica psiquiátrica parecem inaceitáveis.
não
Por que deve haver tanta discussão sôbre se O psicanalista deve ou
com
deve apertar a mão de seu paciente, visitá-lo ou ter um consultório
entre médico
candidatura de modo a apazi ocêcé saberá exatamente como organizar a duas portas? Mas justamente porque à relação psiquiátrica
que êsses pequenos detalhes têm
p a ou tirar proveito dos ódios e alianças e paciente é parcial e estilizada é
a de uma cri; ança que observe uma de ser levados em conta.
que fregiiente suces- vai viver n uma aldeia nativa, cada minúcia
: Quando o antropólogo
que contempla o oi a escola num pais estrangeiro, ou
a é det ida men te con sid era da e sub ord ina da à tareia
da vida organizad
e dev erá con str uir a cas a? não ser á nem ond e a vista é
principal. Ond
ita , o ar mai s pur o, ond e há men os bar ulh o e menos porcos.
mais bon va fala-
iso lad a da viz inh anç a de Ma nn gw on , viú
Não cuidadosamente
sem pre mom ent os de agr ess ivi dad e, não lon ge da casa
deira que tem
Kog i Kum ban , cuj o fil ho Mag gie ndo nun ca pára de chorar
de Kwowi e. a noit
foi adotado e depois foi devolvido durante
porque primeiro
Nenhuma consideração sôbre beleza, quietude e saúde será levada em
a antropologia
i i lica estudo de uma cultura. Existe uma ciência,
ao
º
clentis se torna um pr ático que busca alterar, com vistas a melhorar,
aplicada, em que
QU O clentsta E êrno, entre dois grupos étnicos em uma comu-
nativa e gov
diferentes. Aqui se aplica

en-
nacionalidades

staarndo a avidcoma pre


à que-“ cerSe to,esperaajudur
Felaci OTeil Idiã dO amante Ou onidade tos
ou menent
rel,aciona re unidad es sscoo per ati vas q
de dua s
uma ética diversa.

inteira. . 41
o
conta na escolha do local. Em vez disso, traça-se um sumári mapa da
aldeia, notando especificamente templos, casas de homens Casa de
e páti os. Est uda m-s e os lug are s vaz ios , ond e houve c considerações para escolha do lugar era que Bangwin Er
"euniões dSas an- mais próximo, tinha uma espôsa grávida e os E ciniesida ta
se tratava ra
teriormente e que tipo de casa eram. Se, por exemplo, mente observáveis numa sociedade primitiva, onde os bebês a
aconteceu em nossa casa em Alitoa, do antigo local da casa cer eo vir ao mundo sempre às duas horas da madrugada ou dê ondas
dos homens, o chão será «quente» e os visitantes poder-se-ão Pg! estão pescando. A verdade é que o bebê de aiiôia nica ee
de vir ali, por mêdo de que alguma parte da pessoa seja su ai Tchamwole estava pescando, mas eu estava suficientemente De k
à pela
terra que acreditam estar saturada de magia. No caso dos ME
a
ouvi-lo ralhando com ela por estar grávida há tanto tempo E el ee
der-se-á adquirir, junto com a casa, a personalidade de u m Re homemo pondia: por que você me hostiliza? o bebê nascerá quando Nise áte
recentemente morto, cujo fantasma ainda se compraz em passear na é um ser humano e escolhe a hora de nascer. Êle não é di orco ou
sua velha residência. Seus parentes femininos terão tanto mê do dêle que um cachorro que nascem quando os outros dizem para ansces Pude
jamais ousarão visitar a nova casa. Mas se alguém se de cidir a não mos filmar a cena em que Bangwin despedaçou o cêsto de dormir de
habitar o lugar porque muita mágica já foi dêle pronunciad sua outra mulher, ato que equivaleria para nós a quebrar um piano ou
um fantasmo que é particularmente agressivo está sempre àporOU aliporquenã amassar um carro nôvo. Ou ainda uma outra cena, quando Tchamwole
é porque se prefere um campo neutro ou fantasmas mais disdred que cuidava de seu bebê em outra casa, se roia de ciúmes porque a
porque após uma consideração cui idadosa,
je
um outr k outra espôsa estava gozando dos prazeres do matrimônio e foi cami-
menos complicações para o trabalho. O local poderá trazer nhando com dificuldade para colocar um aviso de «mantenha distância»
Assim, a nossa casa na nos coqueiros que lhe pertenciam (a ela, primeira mulher). A escolha
of esc olhida no não dj ER aldei a de Tambumum, junto ao rio Sepik, dessa casa perto- de uma mulher grávida foi antropolôgicamente recom-
mente central asa oa características: suficiente- pensada.
a aldeia vizinha, » a aumentando o
contacto com est a outra. Tão
ã pert o era da c Quanto à escolha da casa e sua construção, outros detalhes são
; e
que podíam P asa dos gran conscienciosamente conjugados de modo a aumentar nossa capacidade
: » escutar as flautas queÉ nela se tocava ; , no ea os e chances de observação. Os empregados não são escolhidos porque
saibam cozinhar e sejam honestos, embora sejamos gratos por essas
coincidências, mas porque se integrarão no trabalho de campo na me-
dida em que são representantes das duas casas principais ou das duas
metades da comunidade dividida ou porque estão na idade certa, ou
porque têm o sexo apropriado para trazer, ou pelo menos não amedron-
tar, o tipo de informante que se precisa. Entre os Manus, onde fui
homens que era paralelam à dis
pes nossa casa : va
fica entre a estrada dos
estudar crianças novas, tôda a «equipe» doméstica tinha menos de 14
ficava na direção do | Ap argem do rio e a estrada das mulheres anos, porque haveria problemas por causa de relações de tabu quando
que afastadas
Os que pass
pa avam de u nterior. Durante m eu trabalho, podia: ver todo
4 s são meninos mais velhos. Nesse caso, as meninas teriam sido
de
da casa. A idade de 12 a 13 anos não é a ideal para uma equipe
e algumas vêzes o jantar foi jogado na lagoa próxima à
empregados
se davam
qual nossa casa estava perigosamente fincada, enquanto
desenhos infantis
lutas calorosas na cozinha. Mas entre milhares de
inos.
que colecionei, havia desenhos de meninas e men
de pl an ej am en to e dis cip lin a de esc olh a, vi-
Tudo isso necessita am en to com O
m co nt ud o tr an sf or ma r o re la ci on
sando um objetivo, se se tem nos braços O
E fri o e neg oci sta . Ma s qu an do
que O que aconteciaÊ usando povo primitivo em ha nd o- se par a rev ivê -la,
des fal eci da, tr ab al
inha de ser laboriosamente corpo flácido de uma criança de sua mã e que permanece
ob se rv ar à co nd ut a
avia temporais tem-se a obrigação de em ve z de iso lar -se na
fortes. Havia um . ro de ma de ir a,
SR batendo sua cabeça num travessei a que já se to mo u no colo.
os se m vid
angústia de outros pequenos corp lev ar- nos à um po em a ou à
que poderia
O nosso sentimento pessoal ou a vo nt ad e de esc rev er uma
á longe,
ç a casa vViáva HO MCIO dO CEU, uma prece para alguém que est da morte e buscar um mo-
Sua condi
ndição de excelente es o porém, não tirava carta, ou o des ejo de ab an do na r à cen a
rio. Finalmente, uma de
na
dd

Rd AD) A ba
— 4
49
Macho e Fêmea
exi ste , tud o ist o deve est ar su bo rd in ad o à obr i
mento à sós que não se
ção de apreciar, ouvir, anotar e compreender. Mesmo uma falha de
nos guiar. No momento em que chegamos a uma aldeia estranha e
autodisciplina, como a vez em que irrompi em lágrimladaso por
de uma are Ssen-o
um
te ao inexplorada, não sabemos qual dos sexos usa adornos, se a cabeça ras-
timento irrecuperável de ter passado tôda a noi ER pada que vemos atrás de uma árvore pertence a um homem ou uma
doente e, voltando para casa na madrugada
balinesa muito
jar da mulher, se aquela figura distante no alto de um coqueiro é um homem
montanha, fui mordida pelo cachorro da família, deve ser rir lat a- — na medida em que as mulheres não devem fazer coisas difíceis e
rop ólo go co mo um est ímu lo par a des cob
mente usada pelo ant perigosas tais como subir em palmeiras — ou se é uma mulher porque
as pessoas fazem quando o mal-estar se apresenta dêste ou aaquele que
subir em palmeiras é trabalho para mulheres e crianças. Temos que
modo. elaborar nossa compreensão, a partir da conduta mesma das pessoas
- Os antropólogos diferem muito entre si nos modos pelos quai aprendendo simultâneamente como uma sogra atua e se há uma ex-
vivem com outros povos; alguns curam doenças, outros ajudas 1 pressão que a defina como tal. Para o antropólogo, treinado a render-
sertar peças quebradas de máquinas modernas, caçam com êles se a seu material, esperar, apreciar e ouvir, até que a fórmula emerja
e
dão-lhes carne enlatada para festas. Seja qual fôr o tipo de a nao de uma miríade de atos menores e palavras de um pequeno grupo, com
mento que se estabelece quando se vive muitos o qual convive intimamente, o próprio material estruturará suas cate-
mor meses partilhánde RR
SR
es e alegrias de tôda uma aldeia, , êle
ê deve voltar- Ee gorias. Assim, escapará das perguntas baseadas sômente na nossa ou
unico: a compreensão da cultura. Se pardiuia objetivo em outras civilizações conhecidas. * '
Assim sendo, as abordagens do an Fora do manancial de nossas observações e de outros antropólogos,
tropólogo de um assunto como memórias mescladas como imagens,
a relaçã
re odadent re os sex Os, são
ão dif
di erente sejam elas guardadas em nossas
sensibili e Espere - s daquelas que um homem de ou catalogadas em cartões que devem ser cuidadosamente
frases, sons,
manuseados pelas pontas dos dedos, organizamos o material que nos
ajudará a formar hipóteses, testar a utilidade de nossas hipoteses e
sugerir novas linhas de trabalho. Esse é o processo que distingue a ex-
pressão leiga «em nenhuma sociedade naturalmente» da expressão an-
tropológica «em nenhuma sociedade conhecida», cujo sentido quero
preservar na mente do leitor nas páginas que se seguem.
* Por trás da palavra «homem», estão em minha mente um conjunto
de imagens de gente com pele branca, negra e amarela, hômens com
cortes de cabelo à escovinha, homens com cabeças raspadas, homens

s Para aquêles que estão interessados no modo pelo qual cada resultado é usadb para a
formulação de Ha teses que poderão ser testadas com material sôbre primitivos, a descrição
de um passo adiante poderá elucidá-los.
estudar, por exmplo “o tempo que faz as obs Uma vez feitos êstes estudos, agrupado o estranho conjunto de silabas sem sentido em
um padrão fonético e uma gramática, ordenadas em um sistema de parentesco as palavras
ED" exemplo, o modo diverso de falar o ioga em que as crianças chamam os adultos, os têrmos através dos quais as pessoas se descrevem
o significado de expressões
, , em momentos diferentes e em diferentes contextos, e aprendido
tais como “êle é um falcão nôvo”, “mas nós nunca pegamos o crânio” e “seu pescoço era
podemos levar tudo para casa para ser organizado. Como fazê-lo? Talvez
rápido”, finalmente
do modo pero qual minha própria mente trabalharia para responder a uma
um breve esquema
questão possa ajudar. Suponhamos que alguém interessado na psicologia do desenvolvimento
é
ou da religião me pergunte: “Você pode dizer alguma coisa sôbre a relação| entre
infantil
à uma trib moldura (qu E as pessoas que se mantêm jovens e as crenças
o, éu volto
sôbre a imortalidade?”. Primeir
o conhecimento de que os índios americanos
Partir de frases a Guiné, pergar do inglês. Mas se vamos minha mente para sociedades primitivas, revivendo
estão geralmente pouco interessados na imortalidade e que os mortos individualizados desem-
fraco el. Talvez eu r enita a frase “florescemos como a grama pela manhã
ão etnólogo tem anais apreendidas do nativo ae língua é esta? e a indios das planícies
de e ndolta sontos cortados” e passe a usá-la para caracterizar a atitudeimagdos
e de deduzir qual é à e Ra feto a frente ara com
para € a morte. Ao mesmo tempo, talvezaprosurj a uma dezena de ens concretas e espe-
| ios pedindo ao peixe que se xime para ser apanhado e depois jogando fora
na ca. Assim também "mundo sem
nas Da que se EOENCARE; os espíritos dos mortos — todo
serem especificamente os avós de alguém — vindo
um panteão
dançar nas máscaras do
do outro

é homens e mulheres. Para estudar o aa [207 vm % | ovo Omaha de que todos os gêmeos são reencarnados. São pequenas
Tespe; dO sul da Alemanh | a hec erer
“novC o
rbd gnificativas do trabalho de centenas de etnólogos que dão atualidade ao problema.
sob a 1.: Peito dos nanéi eve- se con |
g a À

?, ess Rss
rn, (dev
OD qa

históricos da mulher Vida


E, “as

ec uma categoria
E

nh talvez buscando
el

ve -s e co são minha mente se voltará para outra parte do mundo,


om - Ge
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0 luga r qo *
Papéis
teUt ônic a, a vis ão do cr vner n a Eu ro pa , seu lug ar =


a
êstes.
per - as: VE
caminho.
Ed
como culto ao anc
5
Isto é, poderei
as atitudes locais para com os ancestrais,
estral e reencarn ação
dizer: “e
ou então direi:
para um quadro
na Indonésia...” e deixarei
“Sim,
global”.
minba
e vamos
Se a
mente
trazer
reencar-

aldeia especie tscar aa O nicae e -


parece
gnação ap
adicionando:
É
relevante,
claro a
pode rei pensar em
será interessante
quando morrer”.
culturas conhecidas como tendo crença nela,
ver qual é a relação entre
Isto poderá
quem você é
levar à comparação entre aC
talvez
quando
e
nasce e quem voc
: tanc bos os povos, os recém-nascidos são tratados como tendo podêres proféticos
culturas as crianças aprendem complexas habilidades: desde cedo.
O TUásces ado “ambas as ão entre o apren-
Poderel aqui acrescentar a pergunta: será talvez um ponto chave para arerelaç
i a posição balinesa
a teor ia do nas cim ent o e da imo rta lid ade? e então com
dizado e

4º 51
ens em trajes finos nas sociedades con-
s, hom ão colares de conchas de pérolas
Crianças que poderão estar vestidas com pequenas réplicas das roupas
músculos que crescem € estutam, ou outros dos adultos, vestidas com uma longa Sala, com a qual aprendem a
de uma mulher; homens cujos dedos são andar gradativamente, crianças que vivem completamente nuas até 10 ou
| eourar uma ferramenta menor do que uma 12 anos, crianças que permanecem passivas enquanto os seus carrega-
s para Ses enfiam contas mínimas em barbantes,
e se sentam re com o simples cheiro dos bebês e dores esmagam o arroz ou brincam de correr, crianças que se abraçam
firmemente enquanto a canoa vira e mãe e filho caem na água, crianças
cr ia nças co m br aç os fi rm es ; homens para as quais não há designativo, que são às vêzes chamadas de rato,
entilmente as
a 5 re pronto s a movimentar-s : e para frente e para inseto ou homens pequenos. Crianças que foram queridas, crianças cujas
cujos
: ivessem aprestes à lançar um arpão, homens
braços prad de estaturas palavras são tidas como profecias; crianças que são sub-humanas até
trás SEcomo
T se estive ao e dêles, mulheres, novamente com tonalidades terem dentes, crianças que são chamadas de monstros e seus dentes
muito diversas. E ao, algumas com cabeças calvas, outras com crescem irregularmente, crianças que não têm brinquedos e se dependu-
np e E areia cujo busto pende tão baixo a ponto de al- ram nas pernas dos adultos e crianças tão alegres e brincalhonas como
ser jogad o sôbre os ombros e mulheres com peque- a própria alegria.
o gen do como as figuras das tumbas dos Médici em Florença S Êste livro trata de homens e mulheres, como crianças e como adul-
mulheres que fazem suas saias de capim fartalhar enquanto caminham, tos. A mente do leitor será preenchida por imagens diferentes das
mulheres que utilizam estas mesmas saias de capim como escudo pro- minhas. O problema é que, se escrevo baseada neste «background»,
tetor da virtude, mulheres cujos braços parecem inúteis sem uma crian- aquêles que me lêem poderão reter palavras tais como «homem», «mu-
ça: mulheres que seguram seus filhos de forma que parecem ter nas lher», «prole» como palavras abertas que carregam um eco, ainda que
mãos pequenos gatos selvagens, mulheres mais rápidas que seus ma- não o detalhe preciso destas variedades da conduta humana, cujo co-
ridos na luta e mulheres que se espalham como fôlhas ante sinais de nhecimento estou tentando comunicar.
uma briga; mulheres cujas mãos nunca estão paradas e mulheres que
se sentam após um duro dia de trabalho, mãos cansadas sôbre o colo.
E, em frente, ao lado, às suas costas, nos seus braços, com a mão em
tórno de seus pescoços, sentadas nos ombros e a tiracolo, em cestos,
rédes, penduradas por cordas que saem do berço, estão as crianças.
mem que o indivíduo é reencarnado sucessivamente na mesma
eo da vida não tem um
família, de modo que o
clímax real, mas simplesmente completa infindáveis conjuntos

e
aa entre êste mundo e o outro de
— e à posição dos manus, onde os sêres humanos são


ater de de matéria do corpo dos pais e das mães, alcançam podêres plenos na

ÁS
Mortê ph » PER por algum tempo como poderosos fantasmas imediatamente após a

a
Então. Rd fi subme
rgir em regiões cada vez mais profundas de moluscos e lodaçais.

Y
EE dE oltoa is mar: Os balineses acreditam que se pode aprender em qualquer idade
seaté possa
a idade Sa ad é os velhos aprendem com muito pouco esfôrço relativo. À beleza dura
Super ao: esquanto entre os manus as pessoas se acabam aos
so s e também posêue um destino mula Emir eEgiPOR Que acreditam na reencar-
40 anos. Talvez
Dai poderei Considerar de Connie nata LZAÇÃO que seria interessante explorar futuramente”.

0 mesm
zado em “aiterents Percorrerei meu pensamento em busca do que conhecemos sôbre aprendi-
sôbre 0 próprio aprendizado. «diferentes culturas, isolando em um
para evitar O castigo. Num outro “Pos? aprendizado por hábito, por nível o que conhecemos
recompensa, por castigo,
dendo a esculpir, dados da: caio nivel, dados concretos como filmes de um escultor apren-
“ciclo Ou Ouvital
etc. p”;oderei reineste' retor cia” é8& duasqdades cate
pode em goriqueas meninos se tornam
etnoló cas, como: aprendizes de hábeis| artesãos O
que matérias de ue dera impossivel ir à Uateait de NR aleabascas
de perdi Ds como as duas co Cr RAR
E pipes
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a upadas
socie

em tais SACRO rias) de modo.


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