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Resumo do capítulo 1 do Livro Sociedade de Risco, de Ulrich Beck.

Ao se analisar as concepções abordadas ao longo deste capítulo, pode-se


compreender diversos fatores que complementam e corroboram os fenômenos
descritos.
Neste capítulo, Beck busca entender e justificar a universalidade dos riscos através
de argumentações em torno dessa lógica social. Para o autor, os riscos são
oportunidades de mercado, uma vez que se baseiam no conhecimento e na ciência,
sendo estas justamente compreendidas como o novo bem a ser produzido. Neste
sentido, Beck afirma: “A sociedade de risco é [...] também a sociedade da ciência, da
mídia e da informação. Nela, escancaram-se assim novas oposições entre aqueles
que produzem definições de risco e aqueles que as consomem” (2). Portanto, o
conhecimento, a ciência, o saber etc., se tornaria o principal produto da
modernidade, e seria determinante para a manutenção do poder.
Beck começa defendendo a ideia de que a modernidade vive um momento de
ruptura histórica, como aconteceu na transição da sociedade feudal para a industrial,
a saber, sociedade feudal e agrária para a capitalista e industrial. No entanto, a
diferença é que essa ruptura não representa o fim da sociedade moderna, mas a sua
reconstrução. O autor afirma que a sociedade passa por uma transformação industrial,
vista pela produção e distribuição de riquezas, ou “sociedade industrial de risco”, onde
a produção de riscos sobrepuja a de bens.
O autor argumenta potenciais teses para as ameaças na arquitetura social e na
dinâmica política. Os riscos mais avançados do desenvolvimento das forças produtivas,
como toxinas, poluentes, desmatamento, estes sendo socialmente reconhecidos e
tidos como apolíticos acabam por se tornando políticos no decorrer do próprio
processo de industrialização.
Nessa concepção, pobres ou ricos não estariam imunes às ameaças advindas do
progresso, uma vez que os riscos seriam democráticos e globalizados, e a repartição
mais equalizada. Beck declara que, nessa nova concepção produtiva, as ameaças não
estariam mais atreladas à situação de classe do indivíduo, como era na sociedade
industrial clássica. O autor afirma que “enquanto na sociedade industrial, a ‘lógica’ da
produção de riquezas domina a ‘lógica’ da produção de riscos, na sociedade de risco,
essa relação se inverte”. Nesse sentido, essa percepção se baseava em um mundo
onde as incertezas predominavam, e, por sua vez, a distribuição de decisão sobre os
riscos para todos os indivíduos.
Beck afirma que os riscos são produtos reais e irreais por oferecerem perigos que já
ocorreram, mesmo que antevistos. Ao se analisar a concepção de tempo, pode-se
projetar o futuro a partir de fatores que se compreendem no presente. Nesse sentido,
o futuro torna-se prioritário, por ser capaz de antever riscos, em relação a qualquer
passado.
Embora reconheça o risco como elemento capaz de ser mensurável e calculável,
segundo leis de probabilidade, o ideal de risco ao qual Beck se refere é o risco
onipresente em qualquer âmbito decisório, e sua constatação é apenas uma
normalidade. É o risco cotidiano que se corre em um possível perigo inerente a
qualquer coisa que se decide enfrentar, como o medo do desemprego. Por sua vez, é
uma possibilidade na rotina dentro da concepção da “sociedade industrial de risco”.
Sendo os riscos considerados como incertezas fabricadas, Beck analisa e justifica as
possíveis razões para tal fenômeno, e aponta como fatores as inovações tecnológicas e
respostas sociais mais instantâneas, gerando um cenário de riscos, e enfim, incertezas
não-mensuráveis. Partindo desse pressuposto, a sociedade de risco representa uma
era de descontrole, pelo fato de não ser possível a civilização perceber os riscos que a
envolvem, como afirma Beck: “na esfera das fórmulas físico-químicas (por exemplo,
toxinas nos alimentos ou a ameaça nuclear) ”.
Ao final do capítulo, o autor conclui apontando uma série de indagações de
introspecção e análise do indivíduo como parcela da sociedade de risco. Beck diz que a
preocupação maior dessa concepção, diferente da sociedade de classes, é definida
pela constante busca por segurança, ou “evitar o pior”. A meta dessa sociedade é
“todos devem ser poupados do veneno”, tragando uma ideia negativa e defensiva. Em
última instância, o autor observa que esse medo solidário emerge em uma força
política e, visto que chegou a esse patamar, ele indaga qual seria o limite que esse
fenômeno alcançaria numa sociedade de medrosos.

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